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Aula 11 - Arte Brasileira e a Semana de 22 1. Antes de 22
1.1.2 Mário de Andrade (1893-1945 / SP)
• Vida Rural, mais ênfase na questão econômica, pouca preocupação com o “objeto artístico”.
De família menos abastada exerceu diversas atividades na área da música, jornalismo e poesia também como forma de subsistência.
• Barões do café, famílias abastadas transitam entre o Brasil e a Europa. • Aumenta a valorização da arte e da cultura. • Quadros importados “enfeitavam” as salas, muitas vezes sem os proprietários perceberem neles algum significado.
Estes jovens pintores e escultores brasileiros, com seus mestres formados segundo os padrões rígidos da Academia implantada no Brasil pela Missão Lebreton, seguiam uma escola estrangeira cuja excelência não estimulava a criatividade, mas antes a imitação servil dos modelos importados. (AMARAL, 1998) 1.1 Encontro de Oswald e Mário de Andrade 1.1.1 Oswald de Andrade (1890-1954 / SP) Filho único de família muito rica, escritor e poeta de personalidade marcante esteve engajado em diversos movimentos entre eles a Semana de 22. Em 1911 fundou o jornal O Piralho, de conteúdo satírico e caricato, que foi publicado até 1918. No ano seguinte fez sua primeira viagem a Europa, onde conhece o Futurismo.
Casou-se diversas vezes, mas foi a união com Tarsila, de 1926 a 1929, que resultou na maior contribuição para as artes brasileiras.
Não pode presenciar as mudanças culturais européias, mas acompanhou tudo por revistas estrangeiras. Oswald e Mário tornaram-se amigos em 1917, conforme relata Paulo Mendes de Almeida, crítico de arte e amigo comum.
(...) E foram eles, assim, o elemento de coesão do todo o grupo, ao qual transfundiam audácia, segurança e entusiasmo. (ALMEIDA apud AMARAL, 1998) A separação ocorreu em 1929 e o motivo nunca foi revelado publicamente.
1.2 A exposição de Anita Malfati (1896 – 1964 /SP) em 1917 Um dos acontecimentos mais marcantes que antecedem a semana de 22. Inaugurada no dia 12 de dezembro no centro de São Paulo a exposição apresentou obras de Anita e outros artistas que ela conheceu nos EUA entre 1915 e 1916. Sua obra tinha forte influência expressionista, fruto de seu aprendizado na Alemanha, berço desse estilo. A Boba, 1915/1916
óleo s/ tela
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Profª Mary Meürer - marymeurer@univali.br | Universidade do Vale do Itajaí | Curso de Design Gráfico A crítica em geral mostrou certa estranheza, considerando os quadros muito distantes dos “métodos clássicos”. Os ataques diretos ficaram por conta de Monteiro Lobato, que criticou a “deformação da realidade” que as obras apresentavam. O que era, na verdade, a maior contribuição de Anita para a nova configuração da arte brasileira.
(...) duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em conseqüência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. [...] a outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (LOBATO apud AMARAL, 1998) 1.2.1 Consequências Após as críticas 3 quadros (dos 8 vendidos no início da exposição) foram devolvidos. Anita foi estigmatizada por todos. Solidários a Anita, Oswald, Mário e Menotti Del Picchia uniram-se, em 1919, para “botar por terra toda a arte passadista e acadêmica, em verdadeira fúria destrutiva”.
1.3 Menotti Del Picchia (1892 – 1961 / SP) Respeitado redator do Correio Paulistano e escritor de livros de poemas como Juca Mulato, Moisés e As Máscaras. Trouxe a credibilidade perante a impressa que o grupo precisava.
1.4 Emiliano Di Cavalcanti (1887 – 1976 / RJ) Pintor carioca que estudava direito em São Paulo e dedicava-se a ilustrar revistas e jornais. Em 1923 foi para Paris e as influências européias marcaram a melhor fase de sua produção. Sua pintura, apesar da influência estrangeira, era dirigida a variedade cultural do Brasil, sendo a “mulata” uma das figuras mais retratadas e um ícone da obra do pintor.
Mulata com pássaro 73 x 100 cm óleo sobre tela - 1969
1.5 Victor Brecheret (1894 – 1955 / Itália - SP) Passa a fazer parte do “grupo modernista” em 1920, quando surpreende a todos com suas esculturas de influência Art Déco e cubista, fruto dos anos em que estudou na Europa.
Monumento às Bandeiras 1921 a 1953
Uma de suas obras mais conhecidas é o Monumento às Bandeiras, inaugurado em 1953, junto ao Parque Ibirapuera, como comemoração do quarto centenário de São Paulo.
1.6. Organização da Semana 1.6.1 Contribuições • A burguesia de São Paulo, tendo nomes como Paulo Prado, Armando Penteado e José Freitas Valle, e o governo de Whashington Luis.
• Intelectuais e artistas do Rio de Janeiro como Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, Villa-Lobos, Sergio Buarque de Holanda, entre outros. A11 - Arte Brasileira e a Semana de 22 25 site da disciplina: www.aulad.com.br | Se o material for reproduzido a fonte deve ser citada. Mais tarde outros artistas e intelectuais juntaram-se ao grupo, entre eles:
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2. Semana de Arte Moderna de 1922
3. Outros artistas importantes
Um dos marcos na história das artes no Brasil, a semana de Arte Moderna de 1922 aconteceu nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo.
3.1 Tarsila do Amaral (1886 – 1973 / SP)
Importante ressaltar que a semana não foi dedicada apenas as artes plásticas, havia também música, poesia, entre outras expressões artísticas. Porém o objetivo era comum, romper com o tradicionalismo e o internacionalismo.
Estudou em Paris, com Fernand Léger, a linguagem cubista e através dela expressava sua percepção dos contrastes de um Brasil ao mesmo tempo rural e industrial. Do casamento com Oswald de Andrade resultaram obras como a Abaporu (o homem que come), onde ela expressa em imagens as teses antropofágicas de Oswald, buscando uma identidade nacional formada a partir de outras culturas.
O público conteve-se apenas no primeiro dia, mas a partir do segundo as vaias e críticas tomaram conta do teatro municipal. O que já era “esperado” pelo grupo. A imprensa foi mais imparcial, pois muitos intelectuais envolvidos com a Semana eram redatores dos mais importantes jornais da época. Anita Malfatti participou da Semana como musa do Modernismo, apresentando o maior número de obras, entre elas “ A estudante Russa”, “O homem amarelo” e “O japonês”, ambas da exposição de 1917. O homem amarelo - 1915/1916
Com o tempo Anita perde essa posição de figura feminina do Modernismo para Tarsila do Amaral. Após a semana se inicia o processo de construção de uma nova estética e da emancipação artística do pais.
Abaporu, 1928
(...) se observa um fenômeno curioso e por assim dizer inédito em nossa história literária e artística: o da pintura influindo na literatura. São os escritores que seguem ao pintor e suas idéias literárias nascem da presença de uma invenção pictórica, do contato íntimo com ela. (MILLIET apud AMARAL, 1998) 3.2 Lasar Segall (1891 – 1957 / Rússia – SP) O artista russo muda-se para o Brasil em 1923, trazendo a experiência das transformações artísticas que aconteciam na Europa.
A gente se revolta, diz muito desaforo, abre caminho e se liberta. Está livre. E agora? Ora essa! Retoma o caminho descente da vida. (Mário de Andrade) O bananal, 1927
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3.3 José Pancetti (1902 - 1958) As marinas são uma marca de sua obra, geralmente melancólica e solitária, como o próprio pintor.
3.5 Alberto da Veiga Guignard (1896 – 1962) Obra diversificada, mas sempre com a mesma intensidade poética diante dos temas. Mudou-se para Belo Horizonte a convite do então prefeito Juscelino Kubitschek, para dirigir a Escola de Belas Artes, que significou um salto cultural para a cidade.
Marinha de Itanhaém 1945
3.4 Cândido Portinari (1903 -1962) Um dos mais conhecidos artistas brasileiros, tido como símbolo do Modernismo. Participou de diversos projetos arquitetônicos no Brasil como a Igreja da Pampulha, a convite de Oscar Niemeyer e Ministério da Educação e Cultura no Rio de Janeiro. No exterior criou o mural para a Sede da ONU em Nova York e fez diversas exposições internacionais. Sua obra passou por diversas temáticas, sendo a Social uma das conhecidas e impactantes.
Paisagem Imaginária - década de 1950
4. Conclusão Nesta apostila estão relacionados apenas parte dos artistas brasileiros, mas é evidente que existem muitos outros como Ismael Nery, Djanira, Aldemir Martins, Manabu Mabe e Tomie Ohtake, por exemplo. O importante é perceber que apesar das influências de outras culturas a arte brasileira tem valor e expressão próprias.
5. Referências Bibliográficas Os retirantes - 1944
Faleceu em 1962, vítima de uma intoxicação pelas tintas que usava.
AMARAL, Aracy A. Artes Plásticas na Semana de 22. São Paulo: Editora 34, 1998. REZENDE, Neide. A Semana de Arte Moderna. São Paulo: Ática, 2002. Veja também: www.portinari.org.br www.tarsiladoamaral.com.br www.institutotomieohtake.org.br
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