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Aula 2 - Movimentos precursores do design gráfico 1. Revoluções O final do século XVIII e o início do século XIX foram marcados por 3 revoluções que influenciaram diretamente o desenvolvimento do design gráfico, sendo a revolução industrial a de maior influência.
1.1 Revolução Americana Revolução ocorrida em 1776 que tem como fato importante a declaração da independência dos Estados Unidos da América, no dia 04 de julho. “Da Revolução Americana gerou-se um ideário marcado pelo racionalismo assentado no conceito de indivíduo e de sua liberdade. Simplificando, pode-se dizer que a idéia de self made man, assim como bem mais adiante no tempo, a de consumidor e de seu direito de livre escolha, são conseqüências de ideais contidos na Revolução Americana.” (SOUZA, 2000)
1.3 Revolução Industrial A revolução iniciou por volta de 1800 na Inglaterra. Sua principal característica foi o surgimento de máquinas que permitiam a fabricação de produtos em larga escala. Suas consequências principais foram o capitalismo e o aumento das cidades.
industrialização » progresso “A Revolução Industrial inglesa formou a economia do mundo no século XIX; a Revolução Francesa formulou seus conceitos políticos e ideológicos. A Inglaterra deu as ferrovias e as fábricas que romperam as estruturas econômicas tradicionais do mundo. A França transformou a sua revolução no centro da luta política mundial” (SOUZA, 2000)
O indivíduo pode ter mais e melhor
indivíduo » consumidor
2. O Design Gráfico passa a ser necessário
1.2 Revolução Francesa Revolução formada por diversos acontecimentos entre maio de 1789 e novembro de 1799 que mudaram a França política e socialmente. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana, discutindo principalmente a autoridade do clero e da nobreza. Dessa revolução nasceram os princípios universais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade (Liberté, Egalité, Fraternité) o que deu origem a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
2.1 Máquina plano cilíndrica a vapor
“Da Revolução Francesa decorreu um ideário político amplo e radical. Acima de tudo ela afirmou o conceito de cidadania.” (SOUZA, 2000)
cidadania » Declaração Universal dos Direitos Humanos
Lançada em 1814 por Friedrich Köening a impressora aliava boa qualidade de impressão, com custos e prazos menores, possibilitando maiores tiragens. Seu princípio de funcionamento é o mesmo do sistema Offset, usado até hoje e foi a primeira aplicação industrial da litografia (desenho em pedra).
O jornal inglês The Times foi o primeiro a usar a nova invenção “A imprensa vive um boom: em 1832, o Penny Magazine, publicado em Londres, chega a uma tiragem de 200 mil exemplares, e as classes médias passam a ser incluídas no mercado editorial inglês.” (SOUZA, 2000)
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2.2 Demanda por produtos gráficos
3.2 Nos produtos
Com o avanço do capitalismo e das inovações tecnológicas a demanda por cartazes, letreiros, panfletos, selos e produtos gráficos é cada vez maior.
Assim como na área dos impressos, a produção em larga escala e a mecanização dos processos interferiram diretamente na qualidade dos móveis, vestuário e outros produtos.
“Os novos recursos gráficos eram possibilitados pelas novas técnicas, mas se originavam da necessidade que a nascente sociedade de massa sentia por uma comunicação mais otimizada: mais imediata, chamativa, convincente e de aplicação rápida, barata e massiva.” (VILLAS-BOAS, 1998)
3. O caos estético 3.1 Nos impressos Os novos recursos de impressão permitem uma variação muito maior de ilustração e tipografia. Os profissionais que “criam” os layouts não possuem a formação rigorosa dos tipógrafos e artistas que produziam essas peças anteriormente.
Os novos impressos pecam pelo excesso de fontes e ornamentos
Surgem os chamados “críticos românticos da produção”, entre os quais destacam-se John Ruskin e William Morris. “A feira internacional de 1851, sediada no Crystal Palace na Inglaterra, havia mostrado toda a tecnologia e a produção industrial da época, no entanto, com uma grande probreza estética” (KOPP, 2004)
4. Movimentos de maior influência sobre o design gráfico Como observa Villas-Boas (1998) esses movimentos apresentam uma “preocupação em forjar uma nova estética que atenda as demandas da sociedade industrial - e dai seu ineditismo e a importância que têm para o que, mais tarde, se configuraria como Design Gráfico”.
4.1 Arts & Crafts (Artes e Ofícios)
Movimento social e estético surgido na Inglaterra na segunda metade do século XIX. Caracteriza-se pela valorização do artesanal e do processo artístico, opondo-se a desenfreada produção industrial que deixava de lado o rigor estético.
artesão = artísta
“Eles buscam uma dinâmica que chame a atenção das multidões que passam a trafegar pelas ruas das grandes cidades e que começam a ter diante de si a comunicação de massa trazida pelo capitalismo, que vive seu momento de afirmação até então mais agressivo.” (VILLAS-BOAS, 1998)
Desenho de papel de parede de John Henry Dearle para William Morris & Co., 1897
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Profª Mary Meürer • marymeurer@univali.br William Morris (1834-1896) é a figura central do movimento, e em 1851 criou a Morris and Company, juntamente com outros “designers” da época. O objetivo era oferecer um trabalho diferenciado, sem o que ele chamava de “estética da máquina”.
São características do Arts&Crafts o uso de iluminuras, ornamentos, figuras simplificadas e estilizadas 4.2 Art Nouveau (Arte Nova) O movimento teve origem na Bélgica e seus principais expoentes foram Victor Horta e Henry Van de Velde (1863-1957) Expandiu-se por toda a Europa consolidando-se como a grande tendência das artes decorativas do fim do século XIX.
Segundo alguns historiadores o Art Nouveau constitui o início do design moderno “Este era um novo princípio no design, unificando decoração, estrutura e planejamento funcional. O ornamento não é mais decorativo, está inserido nos propósitos funcionais da peça e tornou-se útil.” (KOPP, 2004)
A frase de Van de Velde resume bem as características desse movimento:
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4.3 Cubismo Estilo artístico que tem como marco histórico a obra Les Demoiselles D´Avignon, pintada por Pablo Picasso (1881-1973) em 1907. Além de Picasso são nomes importantes do Cubismo Georges Braque e Paul Cézanne (pintor impressionista, mas também considerado precursor do Cubismo) A principal característica é a bidimensionalidade, opondo-se a tradição clássica que impunha a perspectiva. O estilo divide-se basicamente em: • Cubismo analítico Decomposição total da figura em partes constitutivas.
Retrato de Daniel-Henry Kahnweiler - Picasso, 1910
• Cubismo sintético Uma reação ao cubismo analítico, busca tornar a figura novamente reconhecível, mas ainda bidimensional. Três Músicos - Picasso, 1921
“O poderoso jogo dos seus braços de ferro criará a beleza, desde que a beleza o guie.” (Van de Velde)
Alphonse Muscha -1898
Conforme observa o designer Allen Hulburt (1986), “ao recolocarem na pintura o plano bidimensional, os cubistas estabeleceram o design como principal elemento do processo criativo”. 4.3.1 Influências geradas pelo Cubismo Planos geométricos, que viriam a influenciar o trabalho de El Lissitsky, expoente do Construtivismo e o Art Déco. Desconstrução da letra, influencia no Futurismo e no Dadaismo. Fragmentação do objeto e uso de signos.
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4.4 Futurismo
4.5 Dadaismo
O movimento surgiu oficialmente em 1909 com a publicação do manifesto futurista, escrito pelo poeta italiano Filippo Marinetti (1876-1944) no jornal francês Le Figaro.
Movimento internacional mas que tem como local inicial o Cabaret Voltaire em Zurique (1916), embora as obras de Marcel Duchamp (1887-1968) a tela Nu Descendo a Escada (1912) e a escultura Roda de Bicicleta (1913), já antecipassem o movimento.
O Futurismo vê na máquina a realização máxima do homem e cria toda uma estética visual e verbal em cima disso. O Manifesto Futurista ... enaltece a velocidade, o rugido dos automóveis, a guerra e a vida moderna. (KOPP, 2004)
São nomes importantes do movimento Hugo Ball,
Trazendo novas idéias no campo da literatura e das artes plásticas o Futurismo influenciou diretamente a tipografia no design gráfico.
Jean Arp, Tristan Tzara, Francis Picabia e André Breton.
“(...) Seus ultrajes e provocações tinham como objetivo chocar o público de modo a fazer com que este refletisse sobre o que estava sendo feito a ele e imaginasse o que poderia oferecer de resposta” (BERMANN, 1988 apud SOUZA, 2000) Capa de livro sobre poesia futurista
Trecho do Manifesto Futurista:
Estou contra o que se conhece como a harmonia de uma composição. Quando necessário, usaremos três ou quatro colunas [de texto] numa mesma página e vinte tipos de letras diferentes. (Marinetti, 1909)
Assim como no futurismo, a 1ª guerra mundial é um tema abordado pelos dadaistas, mas aqui a posição é de protesto. Escultura Roda de Bicicleta (1913) - Marcel Duchamp
São características do Dadaismo a casualidade, a incoerência, a desordem e a ênfase na tipografia “A busca dada pela irracionalidade como resposta à mecanização imposta pela Revolução Industrial desembocará no Surrealismo (Salvador Dali), lançado já na década de 1920 pela vertente francesa do Dadaismo.” (VILLAS-BOAS, 1998)
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4.6 Construtivismo
4.7 De Stijl (Neoplasticismo)
Movimento russo iniciado em 1913, que misturava a desconstrução cubista e a sobreposição e sensação de velocidade do Futurismo.
Movimento originado por artistas holandeses que leva o nome da revista publicada a partir de 1917 por Theo van Doesburg (1883-1931). Além de Doesburg destaca-se no movimento a participação do pintor Piet Mondrian (1872 -1944) e do designer de produto Gerrit Rietveld (1888-1964).
A repressão cultural de Stalin dissipou o movimento mas não impediu sua influência. Os principais nomes do movimento são Alexander Rodchenko (1891-1956) e El Lissistzky (1890 -1941), que não se consideravam artistas, mas sim construtores. Richard Hollis (2001) destaca o slogan da época: “Abaixo a manutenção das tradições da arte! Viva o técnico construtivista!”
São características do movimento a geometrização e abstração absoluta, as cores primárias, a harmonia e a organização.
Ambos desenvolvem trabalhos fundamentais para história do design, criando padronizações gráficas e inovando na tipografia e no uso de fotomontagens. O trabalho de Lissistzky, por exemplo, influenciou o De Stijl e a Bauhaus.
Composição com vermelho, amarelo e azul Mondrian, 1921
El Lissitzky - Capa de livro Cadeira Red and Blue - Rietveld, 1918
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4.8 Art Déco Movimento que envolve artes plásticas, design, publicidade, moda e arquitetura nas décadas de 1920 e 1930. Embora seja visto por muitos historiadores como uma manifestação paralela de pouca influência sobre o estilo contemporâneo ou simplesmente um modismo, sua relevância deve ser considerada. Apesar de ter origem nas mesmas raízes do Art Nouveau, o Art Déco não valorizava as linhas orgânicas e sim as formas geométricas, tendo o Cubismo como inspiração. Suas características principais são as formas geométricas, escalonadas e o uso de cores marcantes (vermelhos, azuis e metálicos) aliadas as tonalidades neutras.
(...) a Art Déco celebrava o luxo, as viagens e a velocidade com cores vívidas e estilo geométrico. (RAIMES e BHASKARAN, 2007)
Embalagem com características do Art Déco
A era Art Déco foi um período de elegantes embalagens, extravagantes cenários cinematográficos, tipos de letras cheios de filigramas, com extremidades e cantos de complicado desenho. (HULBURT, 1986) 5. Referências Bibliográficas HOLLIS, Richard. Design gráfico: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. HURLBURT, Allen. Layout: o design da página impressa. 2.ed. Sao Paulo: Nobel, 1986. SOUZA, Pedro L. P. Notas para uma história do design. 2. ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2000. RAIMES, Jonathan; BHASKARAN, Lakshimi. Design Retrô: 100 anos de design gráfico. São Paulo: Editora Senac, 2007. VILLAS-BOAS, André. Utopia e disciplina. Rio de Janeiro: 2AB, 1998.
O Empire State Building, construido nos anos 1930 em Nova York, é um exemplo da arquitetura Art Déco.
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