Talè Magazine #3

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Í N D I C E

Expediente:

Orientação:

Costa e Esp Ana Paula Pirani Follis

Professora

Editora Chefe: Paula Orling

Chefe de Reportagem Bruna Moledo

Secretária de Redação: Melissa Maciel

Revisão Paula Orling Bruna Moledo e Melissa Maciel

Repórteres: André Felippe Teodósio, Bruna Moledo, Bruna Schaun, Camilly Inacio, Camylla Silva, Diogo Cruz, Eduardo Reymond, Ester Leite, Francine de Castro Helena Cardoso, Juliete Caetano, Laura

Rezzuto Lucas Pazzaglini, Maria Fernanda de la Cruz Chire, Melissa Maciel e Sara Helane

Diagramação: André Felippe Teodósio, Bruna Moledo, Camilly Inacio, Camylla Silva, Diogo Cruz, Ester Leite, Helena Cardoso, Juliete Caetano, Maria Fernanda de la Cruz Chire Melissa Maciel e Sara Helane

Projeto Gráfico: Helena Cardoso

Arte finalista: Esp Ana Paula Pirani Follis

Infografia: Camylla Silva, Helena Cardoso Lucas Pazzaglini e Maria Fernanda de la Cruz Chire

Ilustrações: Bruna Schaun

Imagens: Shutterstock, Unsplash, Canva, acervos pessoais e imagens de divulgação.

9 6 1 4 1 5 1 8 2 0 2 2

R o b ó t i c a s u s t e n t á v e l : R b ó t c s s e n t v e l : c s : c r i a t i v i d a d e a l i a d a à c i a i v d d e a i d à à e d u c a ç ã o a m b i e n t a l e u c ç o b i e n l o n P o r q u e c o n h e c e m o s m a i s o e s p a ç o d o q u e o s o c e a n o s ? L i x o e s p a c i a l , u n i v e r s o e t u d o m a i s G e r a ç ã o s i l e n c i o s a : u m r e t r a t o A l e x a : a j u n ç ã o p e r f e i t a e n t r e t e c n o l o g i a e c o t i d i a n o V a p e : a t e c n o l o g i a a p l i c a d a a o v í c i o P a r c e i r o s d e s q u a d e d e v i d a

2 4 2 6 3 1 3 2 3 5 4 0

V í t i m a s d i g i t a i s

U m a g u e r r a a s s i s t i d a p e l a s r e d e s s o c i a i s A c e s s i b i l i d a d e e s e g u r a n ç a d i g i t a l : u m p r o b l e m a n o B r a s i l

N o r d e s t e c r e s c e n a e d u c a ç ã o b r a s i l e i r a

T e c n o l o g i a s a u x i l i a m n o d e s e m p e n h o d e a t l e t a s p a r a l í m p i c o s

D i f e r e n c i a i s d a C o p a d o C a t a r

O n o v o p r o t a g o n i s t a d a a r b i t r a g e m n a C o p a d o M u n d o 2 0 2 2

EXPEDIENTE 4 TALÈ MAG • DEZEMBRO 2022 TALÈ MAG DEZEMBRO 2022
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Coordenação Editorial: Ma Thamires Mattos Dra Lizbeth Kanyat Ma Thamires Mattos, Ma Jenifer supervisora: Esp Ana Paula Pirani Follis
INFOGRÁFICO 7 INFOGRÁFICO TALÈ MAG DEZEMBRO 2022

Robótica Sustentável: criatividade aliada à educação ambiental

Na era da tecnologia e inovação, a robótica educativa tem conquistado espaço como meio para educar no protagonismo e no estilo de vida sustentável.

O que vem a sua mente quando se depara com a pauta de educação ambiental nas escolas? Para muitos, isso remete a aulas lúdicas sobre separação de lixo, reduzir, reutilizar e reciclar, fechar a torneira ao escovar os dentes e tantas outras iniciativas que são relevantes, mas que já caíram na banalização do cotidiano. Diante disso, observou-se a necessidade de abordar a educação ambiental por outro viés, e instituições têm aderido à robótica como alternativa para despertar a curiosidade e a consciência ambiental desde a infância.

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)1 , há muitas orientações com relação a processos de aprendizagem que formem

alunos protagonistas na resolução de problemas. No que tange à área de ciência, desde o Ensino Fundamental o aluno deve ter contato com um olhar articulado de diversos campos do saber.

Desse modo, “espera-se possibilitar que esses alunos tenham um novo olhar sobre o mundo que os cerca, como também façam escolhas e intervenções conscientes e

CAPA TALÈ MAG DEZEMBRO 2022
Crianças na aula de pensamento computacional / Fonte: Arquivo de Patrícia Rodrigues

pautadas nos princípios da sustentabilidade e do bem comum.”

Conforme o documento, isso pressupõe propor atividades educativas que possibilitem definir problemas e propor intervenções.

Mais que alunos, cidadãos conscientes

Sendo assim, ainda de acordo com a BNCC, o ensino de Ciências deve possibilitar ao aluno, entre outras coisas, desenvolver ações de interferência para melhorar a qualidade de vida individual, coletiva e socioambiental. Tendo isso em vista, a prática da robótica desde os anos iniciais da educação escolar é, aparentemente, ideal para colocar o aluno em uma posição protagonista e estimular o pensamento crítico dire-

cionado à identificação e satisfação de necessidades.

Conforme salienta o Porvir, que é a principal plataforma de conteúdos e mobilização sobre inovações educacionais do Brasil, promover abordagens interdisciplinares por meio da robótica, é uma estratégia “particularmente útil em sala de aula na hora de discutir temas como sustentabilidade, que até outro dia eram restritos à teoria e memorização de processos de reciclagem ou dos biomas.”

Educação maker e o ensino sustentável

Esta abordagem é amplamente explorada pelo Instituto Robótica Sustentável, uma iniciativa que se vale de materiais recicláveis para o ensino através da robótica. O empreendimento nasceu como um projeto na

Escola Estadual Dom Helder Câmara em Fortaleza, uma vez que a escola não dispunha de materiais para a produção de robótica. Então, com os resíduos eletrônicos e materiais recicláveis que havia na escola e na comunidade, o projeto nasceu e cresceu. Ao adquirir muita adesão e valorização, tornou-se instituto.

Atualmente, o Instituto trabalha com campanhas de E-lixo zero para empresas. Dessa forma, conseguem doações de materiais eletroeletrônicos e incentivam o descarte consciente e a educação ambiental.

De acordo com o artigo acadêmico Articulações entre práticas de educação ambiental, robótica e cultura maker no contexto das aulas de laboratório de ciências, de Aline Alvares Machado e Márcia Regina Rodrigues, tem sido fre-

Segundo o Porvir, além de estimular a resolução de problemas no contexto real, a prática da robótica também desenvolve competências e habilidades importantes para a cidadania.

quente, na educação atual, a ideia de introdução de novas metodologias de ensino que permitam ao estudante desenvolver mais responsabilidade sobre sua aprendizagem.

Mas, no Brasil, essa ideia por muito tempo, e até hoje, tem se limitado à

construção de laboratórios de informática onde as práticas pedagógicas inovadoras e digitais deveriam ser desenvolvidas.

Enquanto isso, outras práticas educacionais que não se adequam a esse ambiente, ficam alheias a uma possível inovação meto-

dológica relacionada às novas tecnologias digitais.

Por isso, segundo o artigo, BNCC e a Cultura Maker: uma aproximação na área da matemática para o ensino fundamental, “a educação maker é uma abordagem que pode ser a alternativa para essa mudança de visão no contexto escolar. Baseada na Cultura Maker, ela promove no território escolar espaços e tempos de aprendizagem em que o fazer é privilegiado no lugar da passividade.”

Diante disso, André Cardoso, professor e fundador do Instituto Robótica Sustentável, expõe: “um educador maker procura muitas atividades práticas para o aluno desenvolver a iniciativa mão na massa e isso tem muito a ver com a robótica, porque quem vai construir o robô em si, vai ser o aluno”. Nessa ló-

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O conceito principal do movimento Cultura Maker é que qualquer pessoa, dotada das ferramentas e do conhecimento necessários, pode criar suas próprias soluções para problemas do cotidiano. O que tem impulsionado o movimento é o surgimento de novas tecnologias, como as impressoras 3D, máquinas de corte à laser, kits de robótica e o próprio acesso massivo à internet de banda larga. A proposta da Cultura Maker é que as pessoas desenvolvam as próprias tecnologias, dispositivos e ferramentas, em projetos que reforcem suas leituras da sociedade. Por isso, o movimento está diretamente relacionado aos temas inovação, sustentabilidade e tecnologia. Crianças na aula de robótica. / Fonte: Arquivo de Patrícia Rodrigues

gica, ele conclui que “um professor de robótica é um educador maker.”

Patrícia Rodrigues Papa é professora e trabalha com aprendizagem criativa, robótica e pensamento computacional. Sobre a introdução da Cultura Maker no processo de aprendizagem, ela esclarece: “Atualmente, com tantas informações, a nova geração sente necessidade de colocar a mão na massa para aprender. Não faz mais sentido ouvir falar, ou seja, apenas reproduzir teorias. Mesmo com tantas mídias audiovisuais disponíveis, a melhor metodologia ou mais moderna e inovadora, é aprender fazendo.”

No entanto, para proporcionar aos alunos essa experiência ativa de aprendizagem, é preciso que os professores es-

tejam bem preparados. Sobre isso, Patrícia, que também lida com mentoria digital para educadores, destaca que as instituições devem proporcionar capacitação aos profissionais da educação.

Interdisciplinaridade e inovação educacional

As abordagens de aprendizagem ativa permitem a associação de conceitos vistos em sala de aula, ou seja, proporcionam aos alunos oportunidades de fazer conexões interdisciplinares. Segundo o embaixador da inovação e educador maker, Rennan Aquino Neri, dentro da robótica há inúmeras formas de ensinar e aprender, e a robótica sustentável, além de abordar variados objetivos de conhecimento e aprendizagem, promove a descoberta de novas habilidades e a conscientização das causas sociais e ambientais.

“Essas experiências de aprendizagem mão na massa revelam talentos e promovem habilidades dos alunos em imaginar, explorar, construir e compartilhar suas ideias. Com

experiências como essa, é possível trabalhar diversas práticas pedagógicas, sendo a principal a utilização de materiais recicláveis, podendo ainda trabalhar a metodologia STEAM, as ciências e as tecnologias por trás dos projetos montados, o item artes em produzir o seu projeto e podendo também associar as disciplinas curriculares como a matemática, trabalhando medidas e formatos”, explicita o educador.

O precursor do Instituto Robótica Sustentável

Sigla para Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics (STEAM).

Trata-se de um método de ensino que busca integrar conhecimentos de Artes, Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática para formar alunos mais preparados para os desafios futuros como cidadãos.

Nem todas as disciplinas do STEAM são ensinadas na escola. Mas, para seus idealizadores, todas as crianças deveriam participar de projetos envolvendo as áreas citadas para criarem valores e se tornaram adultos mais interpretativos e críticos.

Esta metodologia é baseada em projetos e o aprendizado é estimulado por meio da prática.

destaca que esta metodologia de ensino oferece ao aluno abordagens educacionais não engessadas e livres de vícios.

Robótica e o

aprendizado pós pandemia

A prática de uma aprendizagem dinâmica e colaborativa se faz ainda mais relevante após um longo período de distanciamento das salas de aula e da interação com outros alunos, uma vez que, segundo o professor Rennan Aquino, no retorno às aulas presenciais foi notado um grande déficit nos alunos em todos os sentidos.

Diante disso, ele explica que as habilidades sócio emocionais foram suprimidas durante o período de aulas remotas, e a

robótica é uma ferramenta para instigá-las, uma vez que promove a interação entre colegas.

Patrícia Rodrigues também salienta a relevância da aprendizagem maker no desenvolvimento de habilidades sociais.

“Quando trabalhamos um projeto de robótica, há muita troca de experiências com o grupo e o incentivo ao acerto. Isto faz com que o trabalho em equipe, a colaboração e a resiliência sejam desenvolvidas”, aponta a professora.

A partir de iniciativas como essa, a educação ambiental, tópico em alta dentro de um ecossistema mundial em iminente colapso, tem a oportunidade de crescer e se fortalecer no aprendizado crítico e consciente das próximas gera-

ções. Mais que montagem de protótipos, a prática da robótica sustentável, como evidenciado acima, é um instrumento educacional para a formação de estudantes responsáveis com o ambiente que os cerca e protagonistas na resolução de problemas. Além de estimular o desenvolvimento de potencialidades de diversas áreas do conhecimento, de maneira a contribuir para um processo de ensino-aprendizagem mais completo e inovador.

1 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que norteia os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Básica em todo o Brasil.

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“O que realmente faz o diferencial na robótica é ela ser inovadora e a proposta de fazer o aluno protagonista do processo de aprendizado”, conclui André Cardoso.

Geração silenciosa: um

retrato

Os avanços tecnológicos já não são mais novidade na sociedade atual, mas qual é a perspectativa da terceira idade a respeito dessas mudanças?

Sarah Araújo Lima é uma doce senhora de 83 anos que não conseguiu acompanhar a rápida evolução da tecnologia. “É como um burro olhando para o palácio, não entende nada’’, desabafa. Dona Sarah tem tudo que é tecnológico em casa: SmartTV , celular e Alexa, mas pouco sabe usar. Todas as vezes que vai mexer no seu celular de última geração, tem que pedir ajuda aos filhos e aos netos. De um jeito quase desengonçado, pega o celular com uma mão e digita com a ponta do dedo de outra. “Meu filho, que tanto de opção é essa aqui? Como faço para mandar uma mensagem para sua mãe?”, murmura aos netos, pois não sabe como usá-lo. “Como faço para sair dessa coisa?”, per-

gunta, após clicar em uma janela no celular e não sabe como voltar. A mesma coisa acontece quando quer assistir algum vídeo no Youtube pela SmartTV , não sabe selecionar os botões certos no controle.

Mesmo percebendo “atraso’’ em relação ao restante de sua família, se encontra conformada. Afinal, “nada disso fez parte da minha vida’’, reflete. Perguntei se algum dia ela imaginou que a tecnologia fosse estar tão avançada como está hoje. Ela pensou um pouco e respondeu que não. Muitas vezes, quando somos questionados sobre algo semelhante, pensamos em carros voadores, robôs com inteligência própria, cidades flutuantes e equipamentos digitais

futurísticos. Mas esse não é o caso da fofa, dona Sarah. Nunca passou pelo pensamento dela que um dia ela conversaria com uma caixinha que se chama Alexa e responde sempre que ela a chama. Dona Sarah se sente até agoniada quando vê seus netos de fones de ouvido. “Meu filho, isso aí vai queimar seus ouvidos, você não tira isso da orelha”, reclama.

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Fonte: Arquivo de Sarah Araújo Lima

burros.

nha improvisada, perto do mato. WhatsApp? SmartTV? Smartphone? Carro Automático? Nem se existisse na época, dona Sarah teria condições de ter.

Olhando para a vida da dona Sarah, é compreensível entender a dificuldade de adaptação. Por volta da década de 50, quando ainda era nova, vivia em uma família muito humilde. Todos em casa deveriam trabalhar para ajudar a trazer o sustento. Sarah é a filha mais velha de mais dois irmãos, Selma e Salatiel. Ela comenta que sua casa era quase sem paredes, não tinha chuveiro e o banheiro era uma casi-

Tudo acontecia no presencial, ou seja, coisas que costumamos resolver hoje pela internet eram resolvidas antigamente na cara e na coragem. Pagar contas, mandar mensagens, emitir documentos, assistir um filme, ou seja lá o que for que é tão comum hoje em dia, não era tão simples assim no passado. Quando alguém tem vergonha de se declarar para o pretendente, é muito simples: é só mandar uma mensagem, afinal, nem é preciso estar frente a frente para fazer isso. Mas o que de fato é melhor é o jeito “raiz”, cara a cara, olho no olho. E dá para se dizer com categoria, que a vida de Sarah foi no estilo raiz. Ela cumpriu fielmente suas obrigações como uma profissional competente, mesmo sem as mais modernas tecnologias.

Ela pontua que por mais que seja “meio leiga com a tecnologia”, isso não significa que seja boba ou

idiota. A despeito da criação humilde, ela se mostra muito grata a Deus, pois a virada em sua vida aconteceu graças às portas que Deus abriu. Em toda sua vida ela foi uma pessoa fiel e dedicada, vendeu livros para pagar a faculdade e era a melhor aluna do colégio (tanto em notas como em disciplina). Mas não parou por aí: fez também um mestrado em Educação na USP. Falta de entendimento tecnológico não significa que a dona Sarah é qualquer “senhorinha bobinha”. Sempre foi indispensável para a família. Seu espírito de liderança, disciplina e fidelidade a Deus é um exemplo para filhos e netos.

Perguntei a ela sobre o que espera do futuro. Seria possível ver carros voadores, cidades flutuantes e máquinas super inteligentes? “Do jeito que as coisas estão, meu filho, eu não duvido mais de nada”, respondeu. Ela compreende que do jeito que as coisas estão evoluindo, não vai demorar muito para vermos coisas semelhantes ao que vemos nos filmes. Séculos atrás, poucos imagi-

nariam que hoje existiriam carros, celulares, computadores e aviões, e agora são tão comuns que até parece que sempre existiram.

Os filmes de ficção científica fazem parte do mundo cinematográfico e, de certa forma, nos dão um vislumbre do futuro. Seria possível uma futura guerra contra as máquinas? Sarah não acredita em uma possível guerra contra robôs de inteligência artificial. Isso se dá porque eles são programados, não tem sentimentos e vontades, não possuem uma mente criada a imagem e semelhança do Criador, e por isso é muito ilógico pensar em uma rebelião de robôs.

Atualmente, vivemos no meio de seis gerações: Geração Silenciosa (19251945), Baby Boomers (1946–1964), Geração X (1965–1980), Geração Y

(1981–1996), Geração Z (1997–2010) e Geração Alfa (2010-). Dona Sarah pertence à geração dos Baby Boomers. Muitas coisas comuns que existem nos dias de hoje só passaram a existir por volta do final da geração Y e início da geração Z. Assim, é certo que muitos que vivem hoje em dia, se encontram na mesma situação de dona Sarah. O futuro evolui muito rápido. Às vezes, passa despercebido por nossos olhos. Como num passe de mágica, somos surpreendidos pelas inovações e avanços que acontecem frequentemente. Por mais que não entendamos o funcionamento das máquinas e como utilizar essas inovações, não significa que somos atrasados, ultrapassados ou até mesmo burros. Significa que somos bombardeados de informações

em todos os momentos, e é impossível saber de tudo e de todas as coisas.

Sempre haverá um ciclo sem fim, onde ficamos mais velhos e não conseguimos mais acompanhar as constantes evoluções. Em certo período no tempo, os próprios Baby Boomers foram os inovadores, e tudo parecia ser revolucionário à época. Um dia nos tornaremos a dona Sarah do futuro. No entanto, sempre haverá algo muito mais importante do que entender de tecnologia. Sarah deixa registrado em sua vida um legado de esforço, dedicação, integridade, disciplina e fé. Acima do conhecimento tecnológico devem ficar os atributos virtuosos, para que sejam uma inspiração para as próximas gerações.

De acordo com estudos da Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto: os idosos têm uma propensão a ter um certa rejeição da tecnologia. Isso se dá por que ela passou a fazer parte do seu cotidiano em uma época tardia em suas vidas. Assim, a aceitação e o aprendizado, por parte dessa classe idosa, são influenciados negativamente.

PERFIL PERFIL 16 17 TALÈ MAG • DEZEMBRO 2022 TALÈ MAG DEZEMBRO 2022
Por mais que não entendamos o funcionamento das máquinas e como utilizar essas inovações, não significa que somos atrasados, ultrapassados ou, até mesmo,
Fonte: Universidade de São Paulo, Noticias Especiais. Pesquisa tenta entender a complicada relação entre idosos e tecnologia (https://bit.ly/3h5y8fC)
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INFOGRÁFICO 20 TALÈ MAG • DEZEMBRO 2022 HEBERT A GILBERT FOI O PR MEIRO IDEALIZADOR DOS CIGARROS ELETRÔNICOS EM 1963 FUMAR CIGARROS ELETRÔNICOS EM LUGARES PÚBLICOS NÃO É PROIBIDO J O V E N S UM A CADA C NCO JOVENS DE 18 A 24 ANOS USAM VAPE Isso equivale a 19,7% dos jovens brasileiros B R A S I L EM MAIO, ASSOCIAÇÕES COMO AMB, ABEAD, ABRASCO, SBPT SBC SBP E MAIS DE 40 ENTIDADES LANÇARAM UM MANIFESTO, POSICIONANDO-SE VEEMENTE CONTRA A LIBERAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO IMPORTAÇÃO E PROPAGANDAS DE QUAISQUER DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS PARA FUMAR D E F S ( D I S P O S I T I V O S E L E T R Ô N I C O S P A R A F U M A R ) C O N S E Q U Ê N C I A S V A P E - V A P O R I Z A D O R C U R I O S I D A D E S A T E C N O L O G I A A P L I C A D A A O v í c i o . O A P A R E L H O C O N T É M U M L Í Q U I D O C O M P O S T O P O R N I C O T I N A P U R A E S S A S O L U Ç Ã O É A Q U E C I D A P O R U M C I R C U I T O E L É T R I C O E S E T R A N S F O R M A E M V A P O R , Q U E É T R A G A D O P E L O F U M A N T E COMO FUNC ONA? O INVENTOR DA PRIMEIRA GERAÇÃO DE C GARROS É RECONHECIDAMENTE
FARMACÊUTICO CHINÊS
EM 2000 OS
S
COMO "FUMANTES" MAS COMO "VAPERS". A NICOTINA MATOU 100 MILHÕES DE PESSOAS NO SÉCULO 20 PODERÁ MATAR 1 BILHÃO NO SÉCULO 21 COM GRANDE PARTICIPAÇÃO DOS DEFs PODE CAUSAR: EVAL (LESÃO PULMONAR), FIBROSE PULMONAR, PNEUMONIA E CHEGAR À INSUFICIÊNC A RESPIRATÓRIA, ALÉM DE RISCO DE EXPLOSÃO DO APARELHO v a p e 9.940,319 4.824,000 C O N S U M O A MAIOR PREVALÊNCIA DE CONSUMO DO VAPE NO BRASIL ESTÁ ENTRE HOMENS EM TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS. 10,1% HOMENS 4,8% MULHERES AMB, VAPE BLOG, BET 365 E SBPT
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HON LIK,
USUÁRIOS NÃO SE REFEREM MA
A SI MESMOS
Juliete Caetano

Parceiros de squad e de vida

Com

Existem muitos estereótipos de como um relacionamento deve começar, mas com o mundo do jeito que está, as paixões não estão surgindo apenas nas salas de aula ou em barzinhos na sexta-feira à noite. A verdade é que o amor expandiu suas fronteiras e o virtual virou um ponto de encontro muito usado e recomendado.

Foi em 2020, em meio ao caos de uma pandemia que Fred e Carol se conheceram pela internet. Pasmem, não foi pelo Tinder , muito menos pelo Instagram . Não começou com uma curtida na foto Tumblr dele, nem com um “oi” nas DM’s do Twitter dela. Tudo começou com uma partida de FreeFire e por isso, vocês, caros leitores, merecem uma explicação de como esse jogo funciona.

O Freefire é um jogo de sobrevivência no qual, em uma batalha pela vida, são colocados até 50 jogadores

numa ilha. Quando o jogador desce do avião, ele precisa rapidamente encontrar armas para se defender dos outros avatares que também estão buscando o mesmo objetivo: vencer!

O jogo foi liberado no Brasil em 2017. Desde o início, Carol já estava presente. Em setembro de 2020, um usuário desconhecido carregava o mesmo nome de seu gato: Fred. Isso chamou sua atenção. Do outro lado da tela, estava Fred, o humano, curioso por conhecer melhor uma ótima jogadora. A conversa surgiu, e o jogo, que era um hobby, se transformou em ansiedade diária. Afinal, ele era a desculpa de ambos para se conectarem e serem eles mesmos. Nenhum dos dois jogadores estava à procura de um amor, mas a vida é feita de surpresas. O Freefire foi o meio pelo qual os dois puderam encontrar aquilo que nem estavam procurando.

Um detalhe importante é que, no Freefire , é possível conversar em tempo real, mas não consegue-se ver como o usuário se parece. Já imaginou se apaixonar por um rosto nunca visto antes?

Pois é, foi assim que Fred e Carol se apaixonaram.

Fred adicionou a Carol e logo de cara já mandou mensagem. Depois de um longo tempo de conversa, a menina percebeu que ele estava demorando para pedir seu Whatsapp e cheia de coragem teve a iniciativa de pedir. Pronto, primeira vez vendo a foto um do outro.

Você deve estar pensando: “Como eles se imaginavam antes de se conheceram?”. Isso não foi um problema, já que durante o período de conversa pelo jogo não omitiram como eram fisicamente, o que fez com que o que fez com que não tivessem surpresas ao se verem pela primeira vez. Carol sempre teve complexos

com a sua aparência física, mesmo assim, não mentiu para Fred sobre como se enxergava. O que ela via como um problema, ele sempre viu como mais uma característica apaixonante. Além disso, há mais um fator surpreendente: na época, Fred tinha apenas 20 anos. Carol, 25. Se a diferença de idade entre eles faz você duvidar do futuro do casal, trago novidades: eles estão juntos há dois anos. No momento, estão construindo sua casinha. Encontraram um no outro refúgio, companheirismo e muito amor. No entanto, as coisas não foram tão fáceis. Esse relacionamento também teve seus altos e baixos. Logo após se conhecerem virtualmente e começarem a conversar sobre algo mais sério, Fred deu a ideia dos dois se encontrarem pessoalmente. O problema era que eles moravam em cidades diferentes. Carol era de Artur Nogueira, uma cidade no interior de São Paulo, e Fred era da capital do estado.

O que poderia ser uma desculpa para Carol não era empecilho nenhum para Fred. O garoto colocou umas roupas na mochila, uma

dose de coragem no coração e partiu para conhecer a mulher que ele queria dividir squad do Freefire pelo resto da vida.

Chegando em Artur, Fred se hospedou na casa da Carol. Os momentos vividos foram ótimos e fizeram que o amor crescesse ainda mais.

Fred voltou para São Paulo decidido a morar em Artur Nogueira. Ele só queria ficar perto de quem fazia o coração dele bater mais forte.

O que deixava Fred feliz despertava o mesmo em Carol. No entanto, ela também sentia insegurança. Será que iria dar certo? Eles teriam que morar na casa de seus pais, e ele deixaria o emprego, a família e os amigos, tudo para ficar perto dela. Além desses pontos importantes, também havia o problema da autoestima de Carol, que não se sentia bonita o suficiente para esse tipo de prova de amor. Ah! Se ela conseguisse se enxergar com as lentes que Fred a vê, saberia como é linda e merecedora de todo esse amor.

Foram três meses de “enrolação” até que ela permitiu que ele fosse morar com ela. Fred foi persistente e, graças a isso, vitorioso.

Hoje, a dupla do Freefire não joga com a mesma frequência que jogava na época em que tudo começou, mas sempre que podem jogam juntos ou com mais dois amigos. São felizes e têm uma forma original de se amarem.

Juntos há dois anos, os dois estão construindo seu lar e até pensando nos pequenos jogadores de freefire que ainda virão. Calma! Eles não vão permitir que crianças joguem joguinhos de arma, mas vão sim contar para eles onde a família começou.

De uma forma leve, descontraída e que permitiu que se conhecessem de verdade, foi assim que o “mundo virtual” os uniu.

PERFIL PERFIL 22 TALÈ MAG • DEZEMBRO 2022 TALÈ MAG DEZEMBRO 2022
E se o amor estiver no seu jogo favorito?
o Fred e a Carol, foi no Freefire que o amor apareceu.
Francine de Castro e Bruna Schaun

Vítimas Digitais (2019)

Quanto pesa o mundo digital¹ ? Cheio de possibilidades, caminhos, sonhos, trabalhos, interações, fonte de esperança para muitos e a destruição psicológica para outros. Essa carga emocional não se pode aferir e muito menos se banalizar, como se não fosse real. O peso das plataformas digitais é enorme e cai sobre toda a sociedade. Será que a Terra teve suas toneladas aumentadas nesta nova era?

Esse docudrama de uma temporada, dirigido por João Jardim, conta sete histórias reais e nacionais divididas no mesmo número de episódios, de pessoas que tiveram suas vidas

completamente interferidas pela violação da confiança e exposição da privacidade. O elenco conta com Débora Falabella, Mariana Nunes, Rocco Pitanga, entre outros atores brasileiros.

A obra destaca pontos importantes a se considerar, como: a violência digital² é tão prejudicial como a física; as mulheres são a maioria agredida; o registro e exposição íntima sem consentimento é crime; a justiça ainda é muito falha nestes casos e muitas vezes suscita ódio, repulsa e preconceito à vítima, enquanto o agressor sai ileso e muitas vezes como inexistente.

Uma característica explícita em cada episódio

Com o mundo digital, os relacionamentos já não se restringem a quatro paredes, podem alcançar lugares mais distantes e sem barreiras por meio das redes sociais.

é a troca de intimidade entre pares (relacionamento afetivo), seja por vídeos, fotos ou mensagens íntimas, por haver total confiança no parceiro. Porém, quando os relacionamentos se rompem, o sentimento de posse e rancor toma conta, e o portador

do conteúdo se torna um criminoso digital ao divulgar e importunar sua vítima. Uma vez na rede, não há como resgatar por completo o conteúdo.

A trama retrata bem os acontecimentos e como a confiança é preciosa e a privacidade roubada em cada caso. A estrutura do docudrama tem seu diferencial ao relatar cada crime na reconstituição dos fatos com pausas, quando especialistas e profissionais relacionados à temática tem espaço para analisar cada caso e apresentar suas opiniões sobre. Desde um parabéns em família por meio de

uma vídeo chamada até gravações de conteúdo pornográfico, são infinitas as possibilidades que as ferramentas atuais da mídia digital proporcionam para o mundo. A questão é que a lei que rege a sociedade e seus crimes têm sido amena quando a cena do crime é cibernética, e a trama deixa isso bem evidente em cada caso apresentado. Um desses casos é o de Renata, no primeiro episódio. Seu agressor paga uma multa, doa cestas básicas e é liberado. Muito frisado pelos especialistas, é o fato de que esta realidade só reforça a violência contra a mulher, perpetuando

a discriminação nas redes e a perspectiva de que ela é quem deveria ter agido diferente, impedindo tal crime. Dessa forma, tira-se a responsabilidade do agressor, e de todos os que possuem uma visão distorcida da feminilidade, de respeitarem a mulher e a vida.

O docudrama é uma denúncia, dá voz à temática e às vítimas que em muitos casos são julgadas pelos amigos, familiares e até mesmo por desconhecidos nas redes sociais³, após o crime do qual elas deveriam ser protegidas e defendidas. Pode causar efeitos negativos a telespectadores mais sensíveis, tanto pela temática quanto pelas fortes cenas repletas de drama.

Neste mundo, basta a quebra da confiança e milhões de vidas são destruídas pela exposição da intimidade construída em um relacionamento e destruída ao término deste.

Este docudrama está disponível na Globoplay.

No terceiro episódio, Luiz Sperry, um dos especialistas, fala sobre a “recusa”, onde o agressor não aceita a rejeição. – Foto: Divulgação/Globoplay

¹ Fonte sem fim de informação e comunicação mundial. ² Ofensas, informações falsas, e vazamentos de dados por meio de um eletrônico ligado à rede. ³ Meios por onde a informação e produzida e distribuída.

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“Vítimas Digitais” foi lançado em 2019. - Foto: Divulgação/Globoplay

Uma guerra assistida pelas redes sociais

O que muda quando um conflito bélico se torna assunto nas redes sociais?

Camilly Inacio

As guerras estão presentes nas histórias desde que o mundo é mundo. Os registros dos mais diversos povos e culturas são prova disso. No entanto, a cada ano que passa, esses conflitos vão mudando suas formas de combate. Batalhas que antes eram disputadas com espadas, lanças e flechas, começaram a possuir armas, bombas, tanques de guerra e aviões de combate a seu favor.

Com a ajuda da tecnologia, esses avanços têm se tornado cada vez mais intensos. Consequentemente, as guerras passam por mudanças, tanto nos próprios combates, com as armas e recursos disponíveis, quanto para quem acompanha a guerra de fora, seja na televisão ou nas redes sociais.

As redes sociais

Entre os avanços tecnológicos atuais estão as redes sociais, que surgiram com a necessidade de conexão entre as pessoas nos mais diversos lugares do mundo. Elas são estruturas que permitem essa conexão e relacionamento, com o compartilhamento de informações, normalmente, de acordo com suas preferências.

Nessas redes sociais, cada uma com objetivos próprios, mas muitas vezes interligadas, as pessoas podem compartilhar mensagens de texto, fotos e vídeos de diversos tipos.

Com isso, as pessoas passaram a ter acesso a conteúdos de curiosidades de forma divertida, músicas, dancinhas e também o

próprio cotidiano de outras pessoas.

O Relatório Global Statshot Digital, realizado em julho de 2022 pela DataReportal, demonstrou que estamos vivendo um “crescimento sólido na adoção e atividade digital em todo o mundo”. Os dados mostram que a adesão às mídias sociais e à própria internet têm marcado recordes de novos usuários.

Entre os resultados, vemos que existem 4,7 bilhões de usuários ativos nas redes sociais, o que representa 59% da população mundial. Sobre a média de uso, no mundo, a população passa em média 2 horas e 29 minutos por dia navegando nas redes sociais. Isso represen-

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A primeira rede social surgiu em 1995 nos Estados Unidos e Canadá, com o objetivo de conectar estudantes de uma faculdade, chamada de “classmates”. Com o passar do tempo e redes sociais de diferentes tipos foram surgindo, e atualmente existem milhares de redes. Entre as mais conhecidas estão o Twitter, Facebook, Instagram, WhatsApp, Telegram, Snapchat, entre tantos outros.

e suporte militar a movimentos separatistas no leste do país.”

ta 36,4% do tempo diário que as pessoas ficam conectadas à internet.

Guerra da Ucrânia Agora vamos falar sobre a Guerra Russo-Ucraniana. Para saber sobre como se originou o conflito entre esses países, o mestre em Ciência Política pela Higher School of Economics (2015) de Moscou, Vicente Ferraro explica que: “Em 2014, após a derrubada do presidente pró-Rússia em protestos políticos na Ucrânia, a Rússia incorporou a península da Crimeia e conferiu estímulo

Ferraro continua expondo que “o conflito perdura desde então e a Ucrânia acredita que aproximar-se do Ocidente e eventualmente ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN; aliança militar por vezes chamada de Aliança Atlântica) poderá reforçar a sua segurança frente a novas investidas russas. A Rússia, por sua vez, considera o atual suporte militar da OTAN e a perspectiva de ingresso da Ucrânia uma afronta a sua segurança nacional”. De acordo com ele, os outros países europeus temem que a crise prejudique o abastecimento de gás ao continente e que a Rússia possa se engajar em ações expansionistas.

O mestre em Relações Internacionais, com enfoque na reestruturação militar russa pós-soviética, Getúlio Neto fala sobre a Guerra da Ucrânia e seu contexto. Segundo ele, apesar do episódio da Crimeia e da situação atual fazerem parte do

mesmo contexto histórico-político de reivindicação russa, as particularidades dos episódios se diferem.

Getúlio diz que “em 2014, não houve um conflito armado propriamente dito e, mesmo que não reconhecido oficialmente, houve um movimento que apoiou o processo de anexação de uma região com maioria étnica russa e que já possuía uma base naval (Sebastopol)”.

Ele continua dizendo que, na ocasião, as tensões entre Rússia e Estados Unidos/Europa não estavam no mesmo nível que o atual.

Além disso, para o mestre em Relações Internacionais “um eventual conflito teria consequências muito mais desastrosas, uma vez que o leste ucraniano já se vê em meio a um conflito armado desde 2014, e a resposta ucraniana possivelmente seria muito mais assertiva.” Para ele, desde o episódio da Crimeia o país recebeu grande quantidade de armamento e modernizou suas Forças Armadas.

Impacto das redes sociais na Guerra Mas, afinal, de que forma os dados sobre as redes sociais e a Guerra Russo-Ucraniana e relacionam?

A conhecida Guerra da Ucrânia é o primeiro grande confronto mundial transmitido pelas redes sociais. Para um conflito armado deste tamanho, essa nova realidade tecnológica acabou por impactar de diversas formas.

Felipe Bogéa é professor da pós-graduação em Marketing da ESPM e explica em seu texto de opinião publicado no site da Propmark, que, “nessa arena digital, tem sido travada uma batalha de comunicação, narrativas e opinião pública.”

No texto, Bogéa cita que, para Singer e Brooking, especialistas em segurança e autores de Like War, “as mídias sociais se tornaram um novo espaço de batalha onde tecnologia, política e comunicação se misturam. Um ambiente no qual diferentes agentes com objetivos concretos no mundo real tentam influenciar a opinião pública.”

Ao observarmos, então, a Guerra da Ucrânia, vemos que desde seu início temos uma grande quantidade de conteúdos sendo compartilhados, principalmente no Instagram e TikTok, que são redes sociais de compartilhamento de fotos e vídeos. Entre os usuários que divulgam conteúdos, existem pessoas de diversos países compartilhando notícias e trazendo ao público informações sobre os que estão sofrendo as consequências da guerra como forma de ajuda.

Já a população tem usado as redes sociais para mostrar a sua nova rotina pesada vivendo no meio de uma guerra com diversos bombardeios no dia a dia. Para essas pessoas, as redes sociais se tornaram um tipo de refúgio, de acordo com o texto publicado pela Money Times, em que se fala sobre essa forma de manifestação di-

gital. No texto é declarado que, “mesmo diante das tensões, a população tenta diluir um pouco da dureza da situação.”

Ademais, o próprio presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem utilizado as redes sociais para compartilhar informações e fazer apelos. Alex Webb, em uma entrevista para QuickTake Charge, fala sobre a estratégia da Ucrânia de utilizar as redes sociais nessa guerra.

“Os políticos e as figuras públicas estão gravando vídeos de qualidade muito boa que parecem genuínos. São uma propaganda, mas não significa que seja falsa. Eles estão mostrando uma mensagem e o presidente Zelensky está fazendo isso muito bem”, afirma Webb.

Conforme o que foi dito na entrevista, “com as redes sociais eles chamam a atenção de empresas públicas que ainda fazem

REPORTAGEM 29 TALÈ MAG DEZEMBRO 2022 28 TALÈ MAG • DEZEMBRO 2022 REPORTAGEM
“A conhecida Guerra da Ucrânia é o primeiro grande confronto mundial transmitido pelas redes sociais”

negócios na Rússia e parece estar funcionando ao incentivar que elas retirem os negócios do país.”

E por fim, ele cita que os soldados e cidadãos na linha de frente são livres para postar o que quiserem. “Eles compartilham alguns dos tiroteios, batalhas, ou experiências na linha de frente. Os russos não estão fazendo nada disso, e apesar de não sabermos bem o contexto completo, a imagem que estamos recebendo parece favorecer o lado ucraniano”.

Em consequência dos apelos da Ucrânia, empresas como as gi-

gantes de tecnologia Dell Technologies e Apple, as montadoras Volkswagen, Ford e BMW, além do McDonald’s e Coca-Cola, fecharam diversas filiais espalhadas pela Rússia. Uma matéria publicada pela revista Veja, sobre a Guerra da Ucrânia vista pelo TikTok, afirma que o próprio algoritmo do TikTok impulsiona vídeos que estão bombando até para quem não segue o autor da postagem, o que faz com que o conteúdo se dissemine de forma rápida, e com um alcance enorme. Essas ações tem influenciado grandemente no conflito bélico.

Fake news

Apesar das vantagens, assim como em outras situações, os registros verdadeiros podem acabar se misturando com as fake news. Em entrevista a Reuters, um porta-voz do TikTok afirmou que está trabalhando com agências de checagem para separar as postagens verdadeiras das falsas. Nesse caso, é extremamente importante que essas informações sejam bem monitoradas para que apenas a verdade seja compartilhada. Tendo em vista o impacto das redes sociais na opinião das pessoas e no desenrolar desta guerra, bem como a importância desses meios.

DESCO HECIMENTO

30 TALÈ MAG • DEZEMBRO 2022 APESAR DE TODA A FACILIDADE QUE AS FERR MENTAS DIGITAIS DA ATUAL DADE NOS PROPORC ONAM, MU TAS PESSOAS NÃO AS USAM CORRETAMENTE OU NÃO AS TEM A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U PRE ARO SEGU ANÇA POLÍTICAS E INCENTIVO DIREI O 14% 1 14% 4% 0 25 50 75 100 Publica de tudo Toma cuidado 0 20 40 60 Deram a senha para um estranho Deixaram o celular desbloqueado Deixaram o celular com outros Tomam precauções ACESSIBILIDADE E SEGURANÇA DIGITAL: UM PROBLEMA NO BRASIL O NOSSO PAÍS APARECE NA 31ª POSIÇÃO NO RANKING DE 100 PAÍSES, QUE AVALIA PREPARO E FACILIDADE DE ACESSO EM NÍVEL GLOBAL. INFELIZMENTE OS DADOS REVELAM TAMBÉM QUE O BRASIL AINDA TEM SEU PROGRESSO BARRADO PELO NÍVEL DE PREPARO E EDUCAÇÃO DIGITAL, PRINCIPALMENTE QUANDO O ASSUNTO É EDUCAÇÃO PÚBLICA CON IANÇA INOVAÇÕES TECNO ÓGICAS 1 EM CADA 5 BRASILEIROS NÃO POSSUI INTERNET UMA PESQUISA FEITA REVELOU QUE 96% DOS BRASILEIROS PUBL CAM 'DE TUDO' NA NTERNET DESDE FOTOS, ENDEREÇOS E DOCUMENTOS ATÉ SENHAS 6% DOS BRASILE ROS JÁ REVELARAM A SENHA DE UM DISPOS TIVO PARA UM ESTRANHO, 22% ADM TEM JÁ TEREM DEIXADO SEUS DISPOSITIVOS DESBLOQUEADOS PERTO DE UM GRUPO DE PESSOAS E 21% JÁ DEIXARAM OUTROS USAREM UM APARELHO PESSOAL POR ALGUM TEMPO
IGNORÂNC A REDULIDADE
Fonte: Correio Braziliense
E S C O L A S P Ú B L C A S Q U E D S P O N B L Z A M O A C E S S O À N T E R N E T
LAURA REZZUTO

Nordeste cresce na educação brasileira

O Nordeste atualmente carrega uma grande parcela da educação em ascensão no Brasil.

Com o fim das eleições para a presidência da república que teve como resultado a vitória do candidato Luis Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Messias Bolsonaro (PL), vários relatos de xenofobia e racismo foram vistos em redes sociais como Instagram, Twitter e Facebook, contra a população nordestina. Isso acontece porque, em sua maioria, o povo nordestino concentrou seus votos no candidato Lula. O

Nordeste como um todo é frequentemente relacionado à pobreza, ignorância, e a seca que é realidade no sertão. Porém, a região tem sido destaque em todo o Brasil na área da educação.

Um exemplo disso é o fato de que as maiores notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), são costumeiramente de estudantes da região nordestina. Entre eles, a jovem Julia Vieira, que mora no Maranhão.

“O resultado veio ao longo dos meus três anos do ensino médio dedicados ao aprendizado da redação dissertativa como o ENEM pede, além de toda uma vida como apreciadora da leitura. Sem dúvida, esse hábito pregresso me ajudou a desenvolver a habilidade da escrita”, afirma ela. Cássia Caroline, do Ceará, também se encaixa nesse exemplo. “Foquei bastante na parte de humanas, linguagens e redação. Tentava sempre fazer uma redação por semana”, comenta. As duas alunas obtiveram a nota 1000 na redação do ENEM.

A inteligência artificial

A consultora jurídica formada em direito pela UCSal, Mariane Carolina, que atualmente trabalha com Inteligência Artificial (IA) para o poder jurídico,

ressalta uma temática interessante sobre o centro de pesquisa PRAIA1, que presenciou na Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Chamo a atenção para tal iniciativa, pois por mais que não haja apoio financeiro ainda, é significativa a reunião de tantas instituições federais de ensino em prol de um centro de pesquisa em inteligência artificial”. Ainda sobre a IA, existem projetos finalizados como o Elis, desenvolvido em Recife para ser usado no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

O projeto Elis utiliza inteligência artificial para agilizar processos no meio dos executivos fiscais. O sistema aprendeu a realizar triagem a partir de experiências humanas, que faz parte do primeiro processo que é a conferência inicial. Depois a IA analisa a confirmação da criação para que possa ter a parte final chamada de BACENJUD, que seria os bloqueios judiciais. Além do Elis, existem outros projetos como o POTI (Programa de Orientação Tutorial Integrado para o Trabalho em Saúde) e o SACI (Saúde e Cidadania).

Pernambuco: líder IDEP

A educação no Nordeste também demonstra bastante crescimento quando o assunto é o ensino básico. Crianças e adolescentes podem ter uma oportunidade incrível para ter uma vida melhor economicamente e socialmente.

O Estado de Pernambuco há mais de 20 anos vem se intensificando na educação e em 2022 ficou no topo da análise do Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (IDEP), na qual o Colégio de Aplicação do Recife foi o responsável por essa decisão.

Em conversa com Vitória Samara, (11) uma jovem que estuda no colégio citado, ela comenta sobre a diferença que percebeu em relação a outras escolas que frequentou e o crescimento que teve desde que entrou na instituição. “A qualidade de ensino dessa escola é muito boa, as matérias são diferentes e os tipos de ensino de cada professor, tive muito crescimento lá e além das matérias normais eu tenho aula de teatro, dança, educação musical e orientação educacional”, revela.

Cuidados que geram prêmios

Estudantes da escola SESI em Feira de Santana na Bahia conquistaram dois prêmios na olimpíada de robótica brasileira. O evento consiste em uma competição de escolas em toda região do país que vão de etapas e etapas apresentando seus projetos até a grande final. A maioria desses trabalhos são realizados por alunos do ensino básico com orientações de professores, ainda assim esses projetos visam ter um ensinamento para os discentes sobre meio ambiente, tecnologia e educação.

Os grupos responsáveis por apresentar e garantir a vitória no campeonato foram as equipes Ellegtics e Cronos, direcionadas pelo professor José Augusto Júnior que comenta sobre a finalidade dos robôs produzidos pelos alunos: “o robô deve ser ágil para superar períodos difíceis (redutores de velocidade), transpor caminhos onde a linha não pode ser reconhecida (gaps na linha), desviar de elementos desconhecidos (obstáculos) e subir níveis (rampas) para

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conseguir salvar as vítimas.” Esses projetos, como explica o professor, simulam um ambiente onde socorristas não podem entrar para ajudar as vítimas. Diante disso entram em ação os robôs que auxiliam os primeiros socorros. É interessante entender que esse trabalho foi desenvolvido por crianças de 10 a 16 anos.

Jonathas Kaique, (14) da equipe Cronos explica sobre sua experiência de participar de um projeto e a emoção de receber conhecimento nesse meio acadêmico. O jovem participou de 3 campeonatos na Olimpíada Brasileira de Robótica, OBR 2021 no qual foi Campeão

estadual Bahia, Fll cargo Connect Design do robô regional e OBR 2022 Campeão estadual. Comenta sobre sua desenvoltura no campeonato e diz o quanto foi interessante sair do seu cotidiano “A experiência em si foi incrível, onde foi minha primeira viagem pra fora do estado, o mais importante foi a experiência obtida ao decorrer do campeonato, no qual conhecemos pessoas de diferentes lugares, onde vimos coisas nunca vista no nosso dia dia, principalmente sobre, engenharia e programação”, afirma.

Além de Jonathas Kaique, alguns alunos da mesma escola também

venceram premiações de robótica em outras modalidades, como o grupo Ellegtics, que levou o segundo lugar no nacional e terceiro lugar na classificação geral. Essa é a realidade que o Nordeste apresenta para a educação de todo o país, os prêmios que conquistaram relatam a história de um povo guerreiro, o passado dos grandes poetas e músicos refletem na vida dos que hoje são o futuro.

1 PRAIA é um centro de pesquisa em inteligência artificial, ainda sem apoio, iniciado em 2020 que visa a interação entre as faculdades e o mercado com o intuito de promover uma competividade de empresas.

São diversas instituições federais de ensino no nordeste, tais como UFBA, UFPE, UFPB, UFAL, UFCG, UFRN, UFRPE, que estão nesse projeto.

Tecnologias auxiliam no desempenho de atletas paralímpicos

Desde cadeiras de rodas esportivas até equipamentos de academia de alto rendimento, a tecnologia está presente no dia a dia e nas competições dos paratletas de várias modalidades.

O Brasil é uma das principais potências quando se trata de esporte paralímpico. Nas Paralimpíadas de Tóquio em 2021, o país encerrou sua participação na sétima colocação do ranking mundial com 72 medalhas, sendo a modalidade de atletismo a que mais conquistou prêmios, com 28 no total.

Por falar em atletismo paralímpico, a modalidade vem crescendo no Brasil, trazendo um aumento também na procura por cadeiras de rodas. O artigo científico “A Tecnologia No Esporte Paralímpico”, publicado em 2018 na Revista Pensar a Prática da Universidade Federal de Goiás, afirma: “alguns

estudos têm demonstrado a influência das inovações tecnológicas no esporte paralímpico. A cadeira de rodas esportiva é o principal equipamento que recebe as inovações da tecnologia.” Ainda segundo o estudo, as cadeiras esportivas podem ser utilizadas em várias modalidades, como basquete, tênis e tênis de mesa, esgrima, rugby e atletismo.

Cadeiras únicas Cada modalidade paradesportiva precisa de um tipo específico de cadeira de rodas, assim como a ferramenta também é pensada de forma única para cada paratleta. Ariosvaldo Fernandes é atleta

paralímpico de atletismo e trabalha na construção de cadeiras de rodas de alto rendimento, tanto na modalidade de atletismo como nas modalidades de tênis e basquete para cadeirantes.

Diferente das convencionais, utilizadas no dia a dia de pessoas com deficiência, as cadeiras de rodas para paradesporto são feitas propriamente para os paratletas, com materiais como carbono e alumínio, que são resistentes o suficiente para aguentar a rotina intensa e garantir a alta performance dos paratletas.

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Sara Helane e Camylla Silva Kaique e Equipe Cronos na Olimpíada de Robótica OBR 2022. Fonte: Arquivo pessoal

Segundo Fernandes, não há como as cadeiras esportivas serem fabricadas em escala, mas sim individualmente, analisando a deficiência de cada atleta. Identificar a altura do joelho do atleta e onde ele estará bem posicionado sob o centro de gravidade, por exemplo, são pontos de suma importância analisados na pré-fabricação de uma cadeira de rodas esportiva: você não pode construir uma cadeira para um amputado que seja a mesma cadeira para um tetraplégico ou um lesado

medular, pois a necessidade de cada atleta muda muito”, explica.

Fabricação no Brasil

As cadeiras de rodas esportivas produzidas por Fernandes têm parceria com a empresa Alphamix1 Apesar de serem fabricadas no Brasil, parte dos materiais essenciais para esta fabricação, como as rodas de carbono, é importada. Sobre isso, Fernandes enfatiza que os países que são as maiores potências de atletismo paralímpico são

assim porque desenvolveram equipamentos próprios com seus materiais. “Infelizmente ainda não temos a mesma tecnologia que outros grandes países”, lamenta. Ele ainda usa o exemplo do time de atletismo da Suíça, que teve uma cadeira de rodas construída pela escuderia de fórmula 1 Sauber. Hoje essa cadeira é considerada a mais rápida e mais leve do mundo, fabricada quase totalmente em carbono, com pouco material de metal.

O atleta ainda ressalta que o próprio Comi-

tê Paralímpico Brasileiro (CPB), órgão responsável por reger o esporte paralímpico no Brasil, adquire as cadeiras que ele produz e as distribui para vários paratletas do país.

Tecnologias no dia a dia

Durante os treinos diários o uso da tecnologia no esporte paralímpico se torna comum. Jhonathan Junior é cadeirante e faz parte de uma equipe de natação. Ele conta que a tecnologia das academias é essencial, não só para os treinos, mas também em caso de

alguma fisioterapia. Apesar disso, Junior diz que são necessárias melhorias em alguns equipamentos: “ainda temos que pensar em maneiras que tragam conforto para nós, que somos cadeirantes, podermos treinar de forma tranquila. Isso nos ajuda bastante.”, explica.

O nadador comenta que muitas vezes os paratletas precisam se adaptar aos aparelhos da academia em que treinam, já que eles não são feitos para atender suas necessidades. Ele utiliza o exemplo de que, em algumas situações, atletas com mobilidade reduzida precisam usar algo para prender o corpo no banco do aparelho, de forma a mantê-lo fixo. “Às vezes a gente nem passa para o aparelho, mas fazemos os exercícios sentados na nossa cadeira, procurando apenas fazer o movimento que o aparelho exige”, relata.

Segurança no paradesporto

Na rotina dos paratletas, a segurança é um item muito importante, e

com os intensos e rigorosos exercícios diários, é um elemento que se torna indispensável. Quando se trata de tecnologias utilizadas pelos paratletas, o fator segurança é também um dos primeiros a serem pensados no momento da fabricação dos equipamentos que farão parte de seu dia a dia.

Daniel Rangel, paratleta de natação e de classificação S72, conta que “todos os equipamentos que utilizo são revisados antes por meu técnico. Logo, quando chega até mim, já está adaptado e pronto para uso sem que isso me atrapalhe.” Rangel também ressalta a importância do técnico nesse processo, pois para ele, é graças a esse profissional que o paratleta tem a segurança de quais materiais usar para ter um alto rendimento e quais evitar para não perder performance.

Sobre a segurança na fabricação das cadeiras esportivas, Fernandes explica que a cadeira que fabrica no Brasil é feita em 85% de alumínio. O outro material utilizado são as rodas de carbono, que são

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“Você não pode construir uma cadeira para um amputado que seja a mesma cadeira para um tetraplégico ou um lesado medular, pois a necessidade de cada atleta muda muito.”
Atleta paralímpico Ariosvasldo Fernandes em treino de atletismo com cadeira de rodas esportiva / foto: Arquivo Pessoal

“Ainda temos que pensar em maneiras que tragam conforto para nós, que somos cadeirantes, podermos treinar de forma tranquila. Isso nos ajuda bastante.”

colocada em uma espécie de forno para juntar todas as partes do objeto. Com este processo, a cadeira não corre risco de quebra quando for utilizada, além de se tornar mais resistente. O processo é necessário já que os atletas usam esse equipamento todos os dias para treinar, algo que traz o seu desgaste mais rapidamente.

de rodas e as próteses, por exemplo”. Com estudos que, na teoria, mostram como a tecnologia paralímpica tem avançado, é no dia a dia dos paratletas que se percebe a evolução dessas ferramentas na prática.

importadas por não estarem disponíveis no Brasil.

Para manter a segurança, no momento da fabricação do quadro de alumínio da cadeira a grande peça é

Da teoria para a prática O artigo “A Tecnologia No Esporte Paralímpico” conclui: “é perceptível o avanço que as inovações tecnológicas proporcionam em equipamentos que são indispensáveis para o esporte, como a cadeira

Por utilizar suas cadeiras de rodas esportivas no cotidiano, Fernandes vê com otimismo a sua trajetória nessa produção, ainda mais por serem fabricadas no Brasil. “Hoje eu corro e treino com as cadeiras que produzo e até já consegui alcançar a mesma marca que conseguia com as cadeiras importadas, então pra mim isso quer dizer que a gente acertou”, comemora.

1 Empresa Alphamix: Localizada no Complexo Industrial do Município de Aparecida de Goiânia, é especializada na fabricação de cadeiras de rodas. Atualmente é a a maior fornecedora do Comitê Paraolímpico Brasileiro, produzindo equipamentos para diversas modalidades de paradesporto.

2 A Classificação S7 é para nadadores com transtorno do movimento de baixo grau a grau moderado nos braços, no tronco e nas pernas, de grau moderado em um dos lados do corpo, com baixa estatura ou com ausência de membros.

Cadeira esportiva Fabricada no Brasil por Ariosvaldo Fernades/ Foto: Arquivo Pessoal

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TALÈ MAG DEZEMBRO 2022 REPORTAGEM TALÈ MAG • DEZEMBRO 2022

Principais inovações da copa no Catar

Tecnologia e mudanças fazem a copa do mundo de 2022 ser a mais diferente de todos os tempos

Diogo Cruz

Desde 2010, quando o Catar já era mencionado como o anfitrião da copa, muitas especulações já eram pontuadas. Desde especulações de como o país reage aos direitos humanos até a indagação de como uma cidade tão pequena do Oriente Médio teria como acolher milhares de pessoas para o grande evento esportivo, que é a Copa do Mundo.

Para conhecer sobre os diferenciais da copa

no Catar, é preciso voltar a 1971. Foi nesse ano que o país obteve a sua independência da Inglaterra. Desde então, o Catar tem se tornado uma superpotência na economia mundial. Sua principal fonte de renda é a exportação de petróleo para países como: China, Índia, Coreia do Sul e Japão.

Com toda essa riqueza, o Catar, que desde antes da copa tinha apenas um estádio, reformou o mes mo e construiu outros sete

para sediar o mundial. O engenheiro civil Nicolas de Carvalho enfatiza: “o Catar tem grande propriedade para as construções, mas é necessário muito planejamento e organização.”

Mudanças foram feitas para receber o Mundial.

Cidades foram planejadas e uma cidade, construída do zero

A cidade de Doha, onde acontece a abertura e a final da Copa, foi totalmente modificada e reformada.

Uma das principais inovações para o mundial do Catar é o sistema de resfriamento. Segundo o Engenheiro Saud Ghani, o sistema “cria bolhas frias”. A tecnologia é usada nas arquibancadas utilizando dutos de ar frio embaixo de cada assento. A ideia não é que o vento bata na pessoa, mas que passe entre ela, criando um clima agradável. Ameta, segundo Ghani, é deixar as temperaturas entre 18°C e 24°

Estádios modernos e tecnológicos

Sete grandes estádios foram construídos e um foi reformado, para receber milhares de torcedores na copa do mundo de 2022. Toda essa infraestrutura começou bem antes: dezenas de trabalhadores imigrantes principalmente da Índia e Bangladesh foram contratados para a construção dos estádios.

Estádios de lego

Uma das maneiras de preservar a natureza é não deixar os elefantes brancos no deserto, e uma das maneiras é utilizar estádios que se desmontam após a copa.

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Cidade de Doha, no Catar. Fonte: Pexels
“Cidades foram planejadas e uma foi construída totalmente do zero”

O Catar é um país conservador. Suas ideias e sua liberdade vão contra muitos ideais da sociedade ocidental.

Em uma coletiva de imprensa, o Secretário de Esportes do Catar, Hassan AL Thawadi, afirmou que “todos são bem-vindos”, porém, esse é o mesmo país tem em sua constituição uma lei de apedrejamento aos membros da comunidade LGBTQIAP+.

O assunto foi tão comentado que a Seleção da Dinamarca fez um protesto com a sua camisa e disse que não mostraria a bandeira do seu país para não ter sua imagem associada ao país sede.

Catar e sua relação com os direitos humanos

O advogado Lucas Martins, especializado em Direito Constitucional, afirma: “cada pessoa precisa respeitar as leis do país que visita”. Para Martins, é de suma importância que, visando o cenário político de cada país, é necessário que as pessoas que forem visitar cumpram o seu papel. Outros veículos de imprensa repudiaram veementemente os atos de preconceito e homofobia no país.

E no cenário artístico, diversos cantores como: Dua Lipa, Shakira e Rod Stewart recusaram o convite da Federação Internacional

de Futebol Associado (FIFA) para comparecerem à abertura da Copa. Os artistas tomaram esta decisão por conta das polêmicas envolvendo as leis do país sede.

O Catar foi extremamente criticado porque o país é um dos que mais é contra em relação aos direitos humanos.

É claro que com toda essa tecnologia e desenvolvimento do Catar não se pode negar que é o futebol que arde mais forte no coração das pessoas ao redor do mundo.

Tecnologia e rapidez são pontos importantes para o sucesso de uma copa, mas a sensação de ver um torcedor vibrando com um país inteiro é única.

Artistas presentes na foto: Dua lipa e Rod Sterwart

TALÈ MAG DEZEMBRO 2022 TALÈ MAG • DEZEMBRO 2022 REPORTAGEM 42
FUTEBOL E O MUNDO

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