DESCOBRINDO O
VALONGO Ana Luiza Ribeiro Garcia Cristiane Alves de Lemos Raquel Brayner da Silva
DESCOBRINDO O
VALONGO
ÍNDICE 2 4 8 8 14 20 24 27
Apresentação Introdução Roteiro Parte I Cais do Valongo e suas transformações Parte II Memorial dos Pretos Novos Parte III Pedra do Sal – Imagem da Resistência
Atividades para sala de aula
Atividade do Roteiro
APRE SENTA ÇAO
A elaboração da cartilha se originou como parte da conclusão da disciplina Ensino de História da África e Cultura Afro-Brasileira ministrada pelos professores Mônica Lima e Amílcar Pereira no curso de Mestrado profissional em Ensino de Historia no programa PGGEUFRJ. O tema abordado no material pretende estar em consonância com a lei 10.639/2003 que instituiu como obrigatório temas de História da África e dos afrodescendentes nos currículos escolares. No que se refere à história do trafico transatlântico, que envolveu milhares de pessoas escravizadas, esta se faça com narrativas que ressaltem as trajetórias de resistências ao sistema do cativeiro e que expressem o individuo escravizado como agente de sua própria história. Caro professor, o presente material foi elaborado com o intuito de oferecer uma contribuição para o estudo sobre memória e resistências da escravidão. A nossa ideia surgiu ao perceber o espaço do Cais do Valongo e locais próximos, como elementos de nossa cidade ainda pouco debatidos em sala de aula. Com a “descoberta” do Cais do Valongo nas obras realizadas atualmente pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, o espaço estudado entrou no roteiro turístico. A ideia de se construir uma cartilha roteiro partiu, portanto, da própria existência dos espaços que compõe o patrimônio histórico da região da Saúde e da Gamboa através dos seus sítios arqueológicos e monumentos que, juntos fornecem pistas que nos auxiliam na construção de uma parte da história da escravidão ocorrida no Rio de Janeiro. Assim como estão presentes também as formas de resistências das pessoas escravizadas que viveram nestes espaços construindo estratégias de sobrevivência e de resistência cultural num sistema opressor.
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As informações foram fundamentadas em pesquisas de historiadores, bem como trechos de fontes primárias e imagens que se articulam numa narrativa sobre o passado que revela tanto a escravidão quanto às lutas dos viventes sob diversas formas de resistências. Professor, organizamos o roteiro em três partes para que você possa percorrer com seus alunos. Também sugerimos algumas atividades para serem feitas durante e após o roteiro. A primeira parte se inicia com a descoberta recente do Cais do Valongo que, provavelmente foi o maior centro de recepção de escravizados do mundo onde se utilizou mão de obra escrava. Ali se discute que interrogativas e respostas se podem elaborar sobre a dimensão do tempo histórico? Na segunda parte, que não poderíamos deixar de abordar, a presença do cemitério dos Pretos Novos. Para além das tristezas que se remetem a historia, os vestígios ali encontrados produzem indícios e possibilidades de respostas sobre essas pessoas que ali foram deixadas. Neste momento também ressaltamos a presença das irmandades e a adesão das pessoas escravizadas que se mantiveram unidas mesmo numa religião estranha para ter direito a um ritual de passagem menos desrespeitoso como era realizado no cemitério dos pretos novos.
formas, pois que, ora tal percepção se dá quando se identifica a construção de um cais cujo intuito foi o de atender o tráfico de escravos, já em outro dado momento tal identificação se dá por meio de um projeto cujo objetivo seria a modernização da cidade, modernização esta que determina o desaparecimento do aludido cais. No tempo presente, o novo projeto de modernização pelo qual a cidade passa ainda é incipiente por parte do poder estatal um projeto de modernização de lugares históricos que contemple a permanência da história local. Enfim, e o espaço estudado constitui-se num lugar de lembranças de resistências, não só na época em que era local de chegada de escravos, mas como espaço de memória de muitos anos de embate com os poderes instituídos. As fontes estão lá. As peças encontradas e o local podem tecer muitas histórias. E, caros professores e alunos que desejam agregar novos conhecimentos sobre um tempo da escravidão e a memória de nossos antepassados devem caminhar na direção delas...
Finalmente na terceira parte chegamos ao final do roteiro com a Pedra do Sal, lugar de trabalho de escravos, libertos e livres, de refugio e resistência .E, no tempo presente espaço de expressão da cultura afro brasileira. Para concluir, ao chamarmos atenção para este espaço, percebemos a dimensão do tempo histórico por meio da observação das reformas que foram realizadas, de diferentes (diversas)
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INTRO DUÇAO
Cais do Valongo O estudo do Cais do Valongo, do Cemitério dos Pretos Novos e da Pedra do Sal nos remetem para um tempo em que a sociedade brasileira, de poucos séculos atrás, lutava para se inserir no mundo da modernidade e tentava esconder suas mazelas. A principal delas era a escravidão. Na segunda metade do século XVIII o Vice-Rei Marquês do Lavradio ordenou que o mercado de venda dos negros vindos da África, para serem aqui escravizados, fosse mudado da Rua Direita, hoje 1º de março, para o Valongo, área mais afastada naquela época.
“Minha decisão foi a de que quando os escravos fossem desembarcados na alfândega deveriam ser enviados de botes ao lugar chamado Valongo, que fica em um subúrbio da cidade, separado de todo o contato, e que as muitas lojas e armazéns deveriam ser utilizadas para alojá-los”. (Carta do Marquês de Lavradio) Essa mudança transformou toda aquela área em um movimentado ambiente de compra e venda de pessoas, nos “mercados de carne” e com isso aumentou o movimento na região gerando inclusive o crescimento de outros comércios. O Vice-Rei não só quis a transferência do mercado de escravizados, mas também a mudança do Cais do Terreiro do Paço, hoje Praça XV, para o Valongo. No entanto o Cais do Valongo só começou a funcionar, de fato, em 1811, já com a estadia de
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D. João VI no Rio de Janeiro. Também o Príncipe Regente se incomodava com a entrada de negros vindos da África, seminus, próximos ao Paço na Rua Direita. O Cais do Valongo recebeu em mais ou menos 20 anos de funcionamento, entre 500 mil e um milhão de pessoas vindas de alguns diferentes lugares do Continente africano para serem comercializadas e escravizadas em partes do Brasil, mas principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, graças às produções de café e ouro. Todo o entorno estava preparado para a chegada desses escravizados. Como o Valongo era um lugar mais isolado do centro e não tinha a visibilidade que tanto temia classes sociais mais abastadas da época, o interesse era esconder a entrada dessas pessoas vindas da África, mas manter a escravidão a todo custo. Esse Cais deixa de ser usado oficialmente em 1831, após a proibição do tráfico negreiro transatlântico. Sabemos que clandestinamente, à noite, ele ainda recebeu por um tempo os navios vindos da África. Com o tempo entrou em desuso e em 1843 começa outra história desse espaço. Neste ano, foi inaugurado o Cais da Imperatriz feito por cima do Cais do Valongo e recebeu a futura esposa de D. Pedro II, Teresa Cristina. Sendo esta mais uma tentativa de apagar da memória o período de comércio ativo de escravizados naquele local. E mais uma vez o que se tentava esconder continuava pulsando em nossa sociedade, a escravidão. No início do século XX, obras de modernização da cidade do Rio de Janeiro apagaram, literalmente, da história os Cais do Valongo e da Imperatriz. Nessas obras eles foram cobertos e parte do Local foi aterrado a partir das reformas do Prefeito Pereira Passos. Durante muito tempo historiadores sabiam da existência dos dois cais, mas não de sua localização exata. Um século depois, em
mais uma reforma que também trabalha com o conceito de modernização, se redescobriu o local onde o Cais do Valongo existiu e também o da Imperatriz. Ao trabalharmos sobre o Cais do Valongo e seu ressurgimento histórico, estamos reconstruindo as camadas escondidas dessa história. Como já foi mencionado, pesquisas indicam que talvez tenha chegado a um milhão o número de pessoas vindas da África para serem vendidas e escravizadas aqui. Essas pessoas tiveram seu primeiro contato com o Brasil pisando nas pedras daquele cais. E é na direção delas que nosso trabalho caminha. Como seriam suas vidas a partir daquele momento? Sabemos que, apesar de todo o contexto de escravidão, essas pessoas resistiam de maneira recorrente contra esta imposição de várias formas. Através de adaptações ao seu novo cotidiano, através da religiosidade e também, sobretudo, através do uso da fuga e da violência. Pretendemos discutir o espaço de chegada de indivíduos que se tornariam escravos e, sobretudo como estes indivíduos resistiram e encontraram estratégias no sistema escravista para amenizar a sua condição de cativos. O Valongo e suas proximidades como locais de resistência e desconstrução de uma cidade escondida que, naquele período não interessava ao Estado revelar um comércio de pessoas em pleno processo civilizatório e de modernização, pelo qual passava a cidade do Rio de Janeiro.
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introduç ã o
Cemitério dos Pretos Novos Uma das marcas dessa época era a incrível realidade da morte prematura, principalmente das pessoas escravizadas. A forma de ser sepultado era uma preocupação constante não só dos mais abastados, mas também dos que viviam de maneira pobre ou eram escravizados, por ser uma passagem cuja importância é dada por diversas culturas. O Cemitério dos Pretos Novos foi criado para enterrar os negros trazidos da África que não resistiam à viagem ou morriam logo após a sua chegada. Foi criado em 1722 em frente à Igreja de Santa Rita, na Freguesia de mesmo nome. Ficou por lá até 1769 quando foi transferido junto com o comércio escravista para local bem próximo ao Valongo. O descuido com que os corpos eram enterrados fez com que as pessoas escravizadas não quisessem um sepultamento desrespeitoso como os que tinham os pretos novos, e estima-se que seja este um dos motivos que as levaram a aderir às Irmandades
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religiosas como forma de obter um sepultamento digno, mesmo que diferente de seus ancestrais. Além de ser uma oportunidade de socializar numa sociedade estruturalmente excludente. Precisamos lembrar que a morte em vários lugares do continente africano daquela época era considerada um rito de passagem, e um enterro de acordo com suas crenças seria primordial para essas pessoas. A adaptação de africanos originários de diversas culturas a uma nova religião estava intimamente ligada a expectativa de um rito de passagem de acordo com suas crenças. Mais uma vez fica provado o poder de adaptação desses escravizados tentando tocar a vida e se preocupando, apesar de todo mal sofrido, em “(...) trazer consigo um cabedal cultural próprio e imprescindível para a nova vida no Brasil.” (Júlio César Medeiros da Silva Pereira. À flor da terra: o cemitério dos pretos novos no Rio de Janeiro. 2007. p.20).
introduç ã o
Pedra do Sal A Pedra do Sal situada ao pé do morro da Conceição, próxima a Praça Mauá, também é e foi lugar de resistência, abrigando, inclusive, o Quilombo da Pedra do Sal que é formado por descendentes de africanos escravizados e de baianos que se estabeleceram lá desde o século XVII. A Pedra do sal era onde os escravizados desembarcavam o sal. Local também de negros libertos na época da escravidão, que ali residiam e procuravam trabalho no porto como estivadores. E hoje, constitui-se num Patrimônio Histórico considerado um marco da presença africana no Rio de Janeiro. A colônia baiana se impôs no local durante bastante tempo. Terreiros de candomblé eram comuns no local, entre eles o mais famoso era a casa do candomblé de João Alabá, situada na Saúde, bem próxima da Pedra do Sal e ponto de encontro dos baianos influentes culturalmente na época. Isso permitia a permanência de tradições africanas e uma interação com o que havia na cidade Rio de Janeiro. Nesse diálogo surge o samba.
Mas nada disso ocorreu com tranquilidade e aceitação da “Boa Sociedade”, costumeiramente havia perseguições da polícia e a grande resistência dos moradores e frequentadores do local. Durante muito tempo o bairro da Saúde foi degradado e abandonado pelo poder público, mesmo assim houve um renascimento cultural do local com rodas de samba e blocos carnavalescos que surgiram no entorno. Hoje todo o local passa por uma grande reforma urbana, já amplamente debatida nessa cartilha, e é visitada por pessoas da cidade e turistas para conhecer um dos “berços do samba” de nossa cidade. Atualmente, as comunidades que ali residem alegam descendência de escravos e resistem para permanecer no local reivindicando a sua propriedade. Vemos a Pedra do Sal, com tudo o que ela envolve e todos que dela se apropriam, como um símbolo da resistência da africanidade na cidade do Rio de Janeiro. E é nesse sentido que o roteiro e o estudo do local será feito.
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Parte I
Cais do Valongo e suas transformações O roteiro será iniciado no Cais do Valongo, onde o professor fará aos alunos perguntas que remetem à história do local – abordada previamente em sala de aula. Em seguida, o professor deve apresentar a proposta de atividade a ser desenvolvida no roteiro pelos grupos de alunos. Lembramos que deve ser constantemente estimulado nos alunos questionamentos sobre os objetos e os locais estudados, estando assim o discurso do professor em consonância com as atividades.
Imagem 1: Cais do Valongo. Fonte: Google. Acesso em 26/12/14.
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Diversas mudanças urbanísticas foram realizadas no Cais do Valongo e seu entorno ao longo dos anos. Tais mudanças fazem parte de um apagamento da memória escravista que marca a história do país. A seguir alguns textos e imagens podem contribuir para o enriquecimento da compreensão dessas transformações, e poderão ser usados para auxílio das atividades a serem realizadas em sala de aula, e que demarcam o discurso escolhido para o trajeto.
“Rua do Valongo, tirou o seu nome da zona em que se originava, isto é, o Valongo, que compreendia trecho entre Saúde e a Gamboa. A partir de 1779, por ordem do Vice-Rei Marques do Lavradio, nela se localizou o mercado de compra e venda de negros - depósitos e armazéns de escravos - tendo em vista evitar que os escravos desembarcados transitassem pelas ruas nus, doentes, com aspectos de bichos, de ‘tal maneira que as pessoas honestas não se atreviam a chegar às janelas e os inocentes, vendo-os, aprendiam o que ignoravam’” (depoimento do Marquês do Lavradio)
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Fonte: http://www.areliquia.com.br/artigos%20 anteriores/41escrav.htm. Acesso em 16/12/14
‘Desembarque’ (1835), pintura do artista J. M. Rugendas.
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“Modernidade e escravismo vão estar presentes na cidade do Rio de Janeiro, e como numa ironia vão conviver durante boa parte do século XIX. Gerando uma contradição, pois numa cidade que busca o desenvolvimento baseado em ideias capitalistas que começavam a chegar da Europa não abre mão do trabalho escravo. Essa questão reafirma porque a transferência do mercado para o Valongo não tirou do espaço urbano a presença do negro, ao contrário, como vimos em algumas freguesias essa população chegou a ser maior que a branca, fato pelo qual insistimos em reiterar mais uma vez como a cidade necessitava tanto da mão de obra do negro” (HONORATO, 2008, p.143)
para ‘da Imperatriz’. Quase dois séculos depois, os arqueólogos encontrariam as pedras sobrepostas de ambos os cais.” (JORDÃO, 2013, p.7,8) “Havia um totem no local informando que ali existira o Cais da Imperatriz, também enterrado no início do século 20, dessa vez para a reforma de toda a região central do Rio. E nenhuma referência ao Valongo, que recebeu o maior número de africanos na Américas.” (Flávia Ribeiro, do Rio de Janeiro, 2013, Revista Aventuras da História)
“(...) da chegada da futura imperatriz do Brasil, Teresa Cristina Maria de Bourbon, em 1843, que casar-se-ia com D.Pedro II. A princesa desembarcou no antigo cais dos escravos do Valongo, que naquela ocasião foi reformado e mudou de nome
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Fonte: http://salacristinageo.blogspot.com.br/2013/11/cais-dovalongo-patrimonio-da-humanidade.htm Acesso em 29/12/14)
Fonte: http://www.semprerio.com/ area9. Acesso em 15/12/14)
Imagem 6 Fonte: http://www.cidadeolimpica.com.br/antesedepois/ cais-do-valongo-3/. Acesso em 29/12/14)
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Imagem 9 Fonte http://static.panoramio.com/ photos/large/73303947.jpg. Acesso em 29/12/14) Imagem 7 Fonte http://oglobo.globo.com/ rio/cais-do-valongo-buscareconhecimento-da-unesco14076598#ixzz3NBwnBXzi. Acesso em 29/12/2014)
Agência O Globo / Paula Giolit “Já declarado patrimônio carioca e nacional, o Cais do Valongo, na Zona Portuária, está prestes a obter mais um reconhecimento. Nesta terça-feira, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a prefeitura começarão a elaborar o dossiê técnico para a candidatura do Cais do Valongo ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O primeiro passo ocorreu em janeiro, quando a proposta de candidatura foi aceita pela entidade. Revelado em 2011 durante as obras de revitalização da Zona Portuária, o Valongo tornou-se monumento emblemático da cultura negra no país.” (Fonte: http: //oglobo.globo.com/rio/cais-do-valongo-bureconhecimento-da-unesco-14076598#ixzz3NBwnBXzi. Acesso em 29/12/2014)
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O Globo / Ana Branco “O vaivém de operários é intenso na Zona Portuária, onde os primeiros arranha-céus começam a transformar a paisagem. Ali, o futuro parece já dar as caras para os mercados comercial e corporativo, porém, no que diz respeito a empreendimentos residenciais, a região ainda é um deserto. A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) informa que há 65 projetos para moradia licenciados. Desses, um é o Porto Vida, cujas obras estão paradas. Os 64 restantes são de interesse social, inseridos no programa Minha Casa Minha Vida, mas apenas um conjunto, na Rua Nabuco de Freitas, foi entregue... Diante da quantidade de grandes obras que seguem a pleno vapor no Porto (são pelo menos oito em andamento), resta a espera pela guinada de construções habitacionais, já que a essência da requalificação do Porto Maravilha está justamente na mistura de gente morando com empresas e serviços funcionando.” (Fonte: http://oglobo.globo.com/ rio/em-obras-de-revitalizacao-zona-portuaria-ainda-nao-atrai-empreendimentos-residenciais-14909397. Acesso em 29/12/14)
Imagem 11 Foto capturada em 29 de dezembro de 2014
Imagem 12 Foto capturada em 15 de dezembro de 2014
Imagem 10 Foto capturada em 29 de dezembro de 2014
“Para o fotógrafo Maurício Hora, que nasceu e cresceu no Morro da Providência, os projetos de renovação, acompanhados do aumento exponencial do custo de vida, têm construído uma região portuária que vem progressivamente excluindo a população pobre e negra da região e de seus projetos: “Eles falam do ‘Circuito de Herança Africana’, mas cadê as pessoas? Cadê os negros que moram aqui? (…) Estão sendo removidos – de uma forma muito sutil, mas estão sendo” (Fonte: https://www.brasil247.com/pt/247/favela247/161487/ A-Hist% C3%B3ria-da-Zona-Portu%C3%A1ria-do-RioParte-1.htm. Acesso em 28/12/14)
Saindo do Cais do Valongo, seguimos em direção ao Memorial dos Pretos Novos. O professor pode destacar a arquitetura local, as diferenças entre os estilos de épocas diversas, apontar a primeira residência construída no local, mostrar a rua em que morou o Machado de Assis (Travessa do Livramento). Também no caminho, já bem Próximo do Instituto dos Pretos Novos, mostrar a Praça da Harmonia e lembrar a Revolta da Vacina e destacar que esses espaços foram locais de resistência.
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Parte II
Memorial dos Pretos Novos Ao chegar no Memorial dos Pretos Novos, devemos estimular nos alunos uma atitude de respeito, demonstrando o caráter sacro do local. Atitude esta que teriam em qualquer cemitério ou igreja que visitassem. Portanto, orientamos a visitarem o Memorial com a máxima atenção, principalmente na execução da atividade “Treinando o Olhar”.
Imagem 13 Do Cais do Valongo ao Memorial dos Pretos Novos. Fonte: Google. Acesso em 23/12/14)
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“A gente mais pobre, ou pelo menos os pretos, é tratada com muito menos cerimônia nestes ritos supremos. Logo em seguida ao falecimento, costura-se o corpo dentro de uma roupa grosseira e envia-se uma intimação a um dos dois cemitérios a eles destinados para que enterre o corpo. Aparecem dois homens na casa, colocam o defunto numa espécie de rede, dependuram-na num pau e, carregando-o pelas extremidades, levam-no através das ruas tal como se estivesse a carregar qualquer coisa.” (John Luccok. Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil tomadas durante uma estada de dez anos nesse país de 1808 a 1818. Citado por Júlio César Medeiros da Silva Pereira. À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. Pg. 58) “Do ponto de vista dos pretos novos, batizados ou não, o dano moral causado pelas práticas usadas no cemitério [dos pretos
novos] era irreparável. Dos barracões do Valongo, eles podiam avistar as práticas dos enterros. Os que morriam talvez não tivessem tempo de tomar conhecimento do que aconteceria a seus corpos após a morte. Mas sabiam-no seus parentes, amigos e outros companheiros de infortúnio. Na cultura banto, esclarece Júlio César, a morte era assunto muito sério para os indivíduos e, mais ainda, para a comunidade. Ela constituía um elo entre o mundo dos vivos e o sobrenatural. O morto, desde que inumado de acordo com os rituais, incorporava-se à comunhão dos antepassados, passava a integrar a cadeia que unia vivos e mortos. Sem o acompanhamento dos rituais fúnebres, ele se tornava um desgarrado, um sem lugar, ocupado permanentemente em atormentar seus parentes vivos.” (José Murilo de Carvalho, Introdução do livro de Júlio César Medeiros da Silva Pereira. À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. Pg.11) “Esta sociedade bantófone exterioriza a perda – morte – através do som, da dança, do festejo e de certo regozijo. A ocasião da crise social, que para eles é o momento no qual há a diminuição da força vital, ou seja, o tempo forte da ‘morte que suspende todas as atividades cotidianas’, é ultrapassado através de ritos simbólicos que reequilibram as forças que regem o mundo.” (Júlio César Medeiros da Silva Pereira. À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. Pg.178)
Imagem 14 Detalhe do terreno vazio onde se localizava o Cemitério dos Pretos Novos. Fonte: Dissertação de Mestrado de Reinaldo Bernardes Tavares. Cemitério dos Pretos Novos, Rio de Janeiro, século XIX: Uma Tentativa de Delimitação Espacial. Rio de Janeiro)
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Imagens 15, 16 e 17 Fotos capturadas em 29/12/14
“Em janeiro de 1996, na casa situada na Rua Pedro Ernesto... os pedreiros perceberam que algo mais do que o chão era quebrado, pois apareciam ossos humanos juntos à terra revolvida cada vez que uma pá atingia o solo. A prefeitura foi acionada e chegaram à conclusão sobre o motivo de várias ossadas terem sido descobertas naquele local: aquele era o Cemitério dos Pretos Novos, do qual há muito se havia perdido a localização. Tratava-se do único cemitério de escravos recém chegados ao porto do Rio de Janeiro e que fora mencionado pelos viajantes do século XIX como um local onde se praticavam sepultamentos precariamente. Assim, o Cemitério dos Pretos Novos se revela como um testemunho histórico da forma pela qual os escravos morriam nos barracões do
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Valongo, onde se situava o maior mercado de escravos durante os séculos XVII e XIX.” (Catálogo IPN - Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos. Secretaria de Cultura, 5ª edição, 2013, pg. 5) “Os que mais sofriam a mortalidade eram justamente os escravos. Porém, para os mesmos, o acesso à sepultura eclesiástica era algo difícil de ser conseguido e praticamente impossível fora dos laços das irmandades. Neste sentido os escravos buscaram no poder leigo a fuga das valas comuns da Santa Casa de Misericórdia, amenizando os horrores de terem os seus, ou a eles próprios, deixados à flor da terra.” (Júlio César Medeiros da Silva Pereira. À Flor da Terra: O Cemitério
dos Pretos Novos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. Pg. 59-60)
Imagem 18 Ossos de escravos encontrados no Cemitério dos Pretos Novos, Rio de Janeiro. Fonte: http://www.geledes.org.br/novos-ossos-deescravos-sao-descobertos-no-centro-rio-dejaneiro/#axzz3NLUDnOTI. Acesso em 30/12/14
“Não é possível pensar que as irmandades ‘escamoteavam o permanente conflito de classes’. Pensar desta forma seria não levar em conta as necessidades mais prementes do homem, desde a necessidade de aceitação até o convívio no meio dos seus, retirando a capacidade de que vejam as irmandades como um espaço de sociabilidade, permeada pela ação dos leigos num momento em que a própria Igreja se mostra impotente para, sozinha, levar a termo a obra evangelizadora.” (Júlio César Medeiros da Silva Pereira. À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. Pg.43)
“[...] depois que se estabeleceram as ditas Irmandades animaram-se do espírito de intriga, revestiram-se de arrogância, e mudaram a humildade e abatimento que lhes é próprio em soberba e desaforo. Insultam os Brancos, desprezam os Párocos; arrogam-se isenções e privilégios, tem da sua parte as justiças, porque todos os escrivães e oficiais das Auditorias são senhores de uns e apaniguados de outros... As Irmandades dos pretos e pardos são as mais arrogantes, soberbas e descomedidas, já porque muitos dos pardos são abundantes
Imagem 19 Restos humanos misturados a restos de material construtivo (fragmento de telha colonial). Fonte: Dissertação de Mestrado de Reinaldo Bernardes Tavares. Cemitério dos Pretos Novos, Rio de Janeiro, século XIX: Uma Tentativa de Delimitação Espacial. Rio de Janeiro)
e dotados de préstimos com que adquirem a benevolência e proteção de pessoas poderosas, já porque muitos dos pretos tem a proteção e assistência de seus senhores que fazem timbre e ponto de honra de sustentar e defender as pretensões das irmandades em que os seus escravos são irmãos, de sorte que estes indivíduos destituídos por sua condição de figurarem ou terem autoridade alguma, se consideram em uma grande figura quando se alinham...” (Trecho da Representação dos vigários das Igrejas Coladas de Minas Gerais. AHU. 05/03/1794. Citado por Professora Doutora Antonia Aparecida Quintão dos Santos Cezerilo. Irmandades Negras: estratégias de resistência e solidariedade.)
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“Essas associações, além das atividades religiosas que se manifestavam na organização de procissões, festas, coroação de reis e rainhas, também exerciam atribuições de caráter social como: ajuda aos necessitados, assistência aos doentes, visita aos prisioneiros, concessão de dotes, proteção contra os maltratos de seus senhores e ajuda para a compra da carta de alforria.” (Professora Doutora Antonia Aparecida Quintão dos Santos Cezerilo. Irmandades Negras: estratégias de resistência e solidariedade.)
“Nenhuma outra classe se entregava com maior devotamento a tais demonstrações religiosas que os negros, particularmente lisonjeados com o aparecimento, de vez em quando, de um santo de cor ou de uma Nossa Senhora preta. “Lá vem o meu parente”, exclamou certa vez um negro velho que se achava perto de nós quando viu surgir em meio à procissão a imagem de um santo de cabelo encarapinhado e lábios grossos; e, no seu transporte de alegria, o velho exprimiu exatamente os sentimentos visados com tais expedientes.” (Daniel Parish Kidder citado por Júlio César Medeiros da Silva Pereira. À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. Pg. 43)
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Imagem 20 Capa do compromisso da Irmandade de Virgem Senhora do Rosário dos Pretos, Sabará, Minas Gerais, século XVIII. Fonte http://people.ufpr. br/~lgeraldo/ upoimagens2.htmlsuas. Acesso em 29/12/2014
Imagem 21 Fonte http://bndigital. bn.br/acervo-digital. Acesso em 29/12/2014
“Com efeito, a outra faceta de nossa religiosidade foi, com certeza, a auto-identificação da população que, ainda por vias de interesses diferenciados, pôde unir esforços que amalgamaram a vida religiosa, formando antes de tudo um espaço possível de sociabilidade.” (Júlio César Medeiros da Silva Pereira. À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2007. Pg.43)
Imagem 22 N. S. do Rosário: Irmandade de N. S. do Rosario e S. Benedito dos Homens Pretos fundada em 1640. Fonte http://bndigital. bn.br/acervo-digital. Acesso em 29/12/14
Imagem 23 Jean Baptiste Debret. ‘Enterro de uma negra’. Viagem Pitoresca ao Brasil. Fonte: https://ferreiragomes.wordpress.com/. Acesso em 30/12/14
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Parte III
Pedra do Sal Saindo do Memorial dos Pretos Novos caminhamos em direção à Pedra do Sal, símbolo da resistência negra desde a época da escravidão aos dias atuais. Neste espaço abordaremos questões relativas às lutas, fugas, conspirações, e também à resistência e adaptação cultural.
Imagem 24 Do Memorial dos Pretos Novos à Pedra do Sal. Fonte: Google. Acesso em 23/12/14
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“Evidenciando ainda mais de perto a legitimidade da reivindicação do Quilombo da Pedra do Sal sobre o território negro em torno da Pedra, a imagem de Rugendas é emblemática. Segundo dois grandes memorialistas da cidade do Rio de Janeiro, Vivaldo Coaracy e Gastão Cruls, o desenho de Rugendas indica ser a torre que se avista ao fundo a Igreja de São Francisco da Penitência local sede da Venerável Ordem Terceira de São Francisco. O barracão desenhado por Rugendas estaria exatamente no território hoje pleiteado pela comunidade, na base da Pedra do Sal. (COARACY, 1965:360, CRULS, 1965, citados por Hebe Mattos e Marta Abreu em Relatório HistóricoAmtropológico sobre o Quilombo da Pedra do Sal: em torno do samba, do santo e porto)
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Eles chegavam e eram vendidos. Mas isso não era o final da história, pois eles resistiam.
“Fugiu no dia 29 de junho passado uma preta de nação mina, ladina, bem falante, com os sinais seguintes: alta, magra, proporcionada, bonita, bem feita, e com bons dentes, levou camisa de algodão americano, vestido de riscadinho escuro, um lenço no pescoço e outro amarrado na cabeça, à maneira das pretas da Bahia, e um pano de riscado a costa com que se costuma embrulhar; ela anda pela cidade porque foi encontrada na rua do Ouvidor e no largo do Capim em companhia de uma outra preta mina que vende galinhas no largo do Capim e tem casa no Valongo, onde mora.” (Diário do Rio de Janeiro, 16/07/1836.) Fonte http://novahistorianet.blogspot.com.br/2009/01/ escravido-e-resistncia-no-brasil.html
Ilustração de J.M.Rugendas. Fonte: RUGENDAS, J.M. Viagem Pitoresca Através do Brasil. Prancha 83. Mercado de escravos
Imagem 26 Fonte: Escravos à venda no mercado do Valongo, junto ao porto do Rio de Janeiro. Gravura de W. Read, século XIX
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“A fuga. O escravo sempre tentou escapar da escravidão. Era um efeito lógico do sistema. Um fato corriqueiro, ao longo de toda a história da escravidão nas Américas. E os escravos desenvolveram uma verdadeira arte da fuga. Alencastro fala, por exemplo, de ‘um escravo, crioulo carioca, cujo método de fuga era o de fingir que não estava fugindo: ficava andando nas ruas do centro como de estivesse fazendo compras para o seu senhor’. Durante muito tempo, antes que entornasse o caldo da campanha abolicionista, nossos jornais apresentaram, em suas páginas ineditoriais, anúncios e mais anúncios de escravos fugidos.”A utopia brasileira e os movimentos negros - Página 330 Antonio Risério São Paulo, Ed. 34, 2007
Imagem 27 Fuga de escravos. Óleo sobre tela. Birard, 1859 http://www.anpuh.org/conteudo/ view?ID_CONTEUDO=59&impressao tirado da internet em 29 de dezembro de 2014
Leis eram feitas para coibir a resistência dos escravizados.
“Serão punidos com pena de morte os escravos ou escravas, que matarem por qualquer maneira que seja, propinarem veneno, ferirem gravemente ou fizerem qualquer outra grave ofensa física, a seu senhor, a sua mulher, a descendentes ou ascendentes que em sua companhia morar, a administrador, feitor, e as suas mulheres que com eles viverem. Se o ferimento ou ofensa física forem leves, a pena será de açoites, a proporção das circunstâncias , mais ou menos agravantes.” (Artigo 1°, da lei de 10 de junho de 1835, Governo Regencial.)Fonte http:// novahistorianet. blogspot.com.br/2009/01/ escravido-eresistncia-no-brasil.html acesso dia 29 de dezembro de2014 Imagem 28
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Escravos matam senhor. Desenho do século XIX, de Arago.Fonte:http://novahistorianet.blogspot. com.br/2009/01/escravido-e-resistncia-no-brasil.html tirado da internet em 29 de dezembro de 2014
Imagem 29 Fonte: feijoadascariocas.blogspot.com1600 x 1200 acesso dia 29 de dezembro de 201
Imagem 30
Imagem 31
Fonte: Dia do samba, Pedra do Sal, Morro da Conceição, http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/ 11.129/3842 acesso dia 29 de dezembro de 2014
Fonte kilombocultural.blogspot. com350 × 234 acesso dia 29 de dezembro de 2014
A resistência vem através de várias formas. Ela também é cultural. “Pedra do Sal e ao mercado de escravos do Valongo, de triste memória. Ferveu na Saúde, na Gamboa, no Santo Cristo, no Morro da Providência, na Praça Mauá, áreas de enorme turbulência política e grandes insurreições populares no inicio do século, da Revolta da Vacina a Revolta da Chibata do almirante negro João Cândido(...) A relação direta entre o samba carioca e as eletrizantes rebeliões e demais fatos ocorridos no Vale do Paraíba no século XIX pode ser, alias, perfeitamente comprovadoCruzando-se dados existentes sobre os dois assuntos(...)”
Mas sempre no segundo sábado do mês, quando três mil pessoas, cheias de atitude, comparecem à festa de black music promovida lá. Virou compromisso. Leia mais: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/baile-charme-na-pedra-do-sal-na-gamboa-da-cara-nova-zona-portuaria-convida-publico-visitar-regiao-13524122.html#ixzz3Ka4Pjdx7 acesso a internet dia 29 de dezembro de 2014.
O SAMBA AO FUNK DO JORJÃO Ritmos, mitos e ledos enganos no enredo de um samba chamado Brasil Ed Petrópolis, Rio de Janeiro, 2011 A boa da Gamboa já não é mais a mesma de sempre. Depois de cair nas graças da famosa malandragem do samba, na Pedra do Sal, a queridinha da Zona Portuária mudou e também passou a dar um baile de charme no mesmo local. Baile Charme na Pedra do Sal, na Gamboa, dá cara nova à Zona Portuária e convida o público a visitar a região
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ATIVI DADES PARA SALA
DE AULA
Atividade das Reformas PROBLEMÁTICA Os bairros da região portuária sofrem atualmente um processo de modernização em função das Olimpíadas, que serão realizadas na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2016. Tal processo contribui para o encarecimento de imóveis e torna difícil a permanência dos remanescentes dos quilombolas na região. Vimos durante o roteiro que a região, em especial o Cais do Valongo, passou por diversas transformações ao longo de sua história, e em todas elas a população local foi afetada. Pesquise nas fontes apresentadas no roteiro e busque entender: • De que maneira essas reformas contribuíram para o esquecimento/lembrança da história da escravidão? • Como as reformas impactaram e impactam atualmente a vida dos moradores? Dica: Busque nas fontes vestígios das reformas sofridas em diferentes temporalidades.
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Atividade das Irmandades FONTES
PROBLEMÁTICA
Utilizar imagens e textos do roteiro Parte I – Cais do Valongo e suas transformações.
A Igreja Católica, sustentáculo dos governos colonial e imperial brasileiros, trabalhou enfaticamente na conversão de africanos ao catolicismo, sendo o instrumento cultural de maior peso no contexto escravocrata. Apesar da sua posição de aliada e instrumento ideológico dos colonizadores, a Igreja absorvia pessoas negras no clero e em irmandades religiosas.
PRODUÇÃO DISCENTE Após analisar as fontes, os alunos devem ser estimulados a produzir um material para explicar suas conclusões. Sugestão de trabalho: Monte um cartaz com uma linha do tempo, mostrando as diferentes fases de reforma e o que cada reforma escondeu ou mostrou dos vestígios históricos do local, podendo fazer desenhos ou colagem de imagens da região.
Com base nas fontes apresentadas, crie hipóteses para as seguintes questões: • Por que a Igreja Católica aceitava os negros no clero? • Qual motivação as pessoas negras teriam para querer ingressar em Irmandades católicas? E quais seus objetivos com essa associação?
FONTES Utilizar imagens e textos do roteiro Parte II – Memorial dos Pretos Novos.
PRODUÇÃO DISCENTE Sugestão de trabalho: Após sua pesquisa nas fontes sugeridas, redija um texto explicando suas hipóteses e compartilhe (por uma página no Facebook ou em um blog) com sua turma.
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Atividade da Resistência – a cultura e as lutas PROBLEMÁTICA
FONTES
Quando a escravidão moderna é estudada em História do Brasil geralmente, até os dias de hoje, se dá mais importância às questões econômicas do período estudado. E quando se toca na escravidão negra, a parte mais salientada é a questão da escravidão em si e suas mazelas. Quase nunca as pessoas que foram escravizadas são os sujeitos da história, assim como são as figuras das classes mais altas da época. Que são relembradas, não só em sala de aula, mas também viraram nome de rua ou têm datas comemorativas em nossa sociedade. A memória desses sujeitos históricos não caiu no esquecimento. E a memória dos escravizados? Suas lutas, suas adaptações, religiões, enfim suas resistências de várias formas, inclusive culturais, são debatidas no ensino de História?
Utilizar as imagens e texto do roteiro Parte III – Pedra do Sal.
• Por que será que apesar da Lei 10.639/2003 há tanta resistência ao ensino da História da África e da cultura afro-brasileira? • Sabemos que a sociedade brasileira tem muita dificuldade em aceitar as manifestações culturais vindas das classes mais pobres. Será uma questão racial?
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PRODUÇÃO DISCENTE Os alunos se reuniriam em dupla e elaborariam um pequeno texto, em sala de aula, lembrando suas aulas, nos anos anteriores, sobre escravidão. A outra atividade seria um debate sobre as manifestações culturais atuais onde os alunos acreditam sofrer preconceito de boa parte da sociedade. Esse debate seria organizado pela professora e poderia ser em forma de júri, cada um defendendo um lado. A outra atividade seria dividir a turma em grupo e cada grupo se manifestaria através da leitura de um texto elaborado por eles ou cartazes que manifestassem suas opiniões sobre o assunto.
ATIVI DADE
DO ROTEIRO
Treinando o olhar Nessa atividade, os alunos devem ser divididos em 3 grupos e a cada grupo serão entregues cartões com zoom de objetos, imagens ou parte de construções para que sejam identificados no decorrer do roteiro. Além das imagens, cada grupo receberá um enigma que deverá desvendar ao longo do percurso. O grupo que conseguir identificar todas as imagens e desvendar o enigma será o vencedor (poderá haver premiação ou não, a critério do professor). Caso todos os grupos alcancem os objetivos, o desempate pode ser feito com o 4º enigma – o primeiro grupo que desvendar será o vencedor – ou com um jogo de perguntas sobre a história da região, que um grupo pode formular para o outro com auxílio do professor.
Guarde aqui os cartões-zoom depois de recortá-los
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ENIGMAS 1º ENIGMA: “Tristeza, luta, labor. Quanto sal o mar tem em seu sabor. Três tempos distinguem minha dor.” R = Cais do Valongo
2º ENIGMA: “Fortaleza despedaçada, Encontra com a criançada, Musa limpa e salgada.” R = Pedra do Sal
3º ENIGMA: “De restos, sou feito gente. De baixo, eu era indiferente. De mim se lembrava pouca gente.” R= Os Pretos Novos
4º ENIGMA: “Veja cultura, veja objetos, Lembro de ti, guardo memória. Faço história, te levo após a vida. Clandestinos que eram, Protagonistas te torno.” R= Memorial dos Pretos Novos
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Cart천es-zoom Recorte na linha tracejada.
Referências bibliográficas Almeida Abreu, Mauricio. Evolução urbana do Rio de Janeiro. Iplanrio, 1987. ANTONIO Risério. A utopia brasileira e os movimentos negros, São Paulo, Ed. 34, 2007 APARECIDA Quintão dos S. Cezerilo Antonia. Irmandades Negras: estratégias de resistência e solidariedade. DA SILVA PEREIRA, Júlio César Medeiros. À flor da terra: o cemitério dos pretos novos no Rio de Janeiro. Editora Garamond, 2007. Florentino, Manolo. Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX. Editora Record, 2005. HONORATO, Claudio de Paula. “Valongo o Mercado Escravo do Rio de Janeiro, 1758-1835.” Niterói: EdUFF (2008). Ribeiro Flávia, do Rio de Janeiro, 2013, Revista Aventuras da História. TAVARES, REINALDO BERNARDES . Cemitério dos Pretos Novos, Rio de Janeiro, século XIX: Uma tentativa de delimitação espacial da cidade do Rio de Janeiro , UFRJ . RIO DE JANEIRO, 2012.
DESCOBRINDO O
VALONGO