Revista Longevidade em foco

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ano 4 n.8 2016

Larissa,

musa do vôlei

Boa forma física e muita determinação em quadra para brigar pelo pódio e garantir o ouro nas areias de Copacabana

Vem aí o V Congresso WOSAAM Evento, entre 28 e 30 de outubro, reunirá em São Paulo 700 médicos

Vitamina D na gestação

Substância no organismo da mãe garante força muscular das crianças



editorial Caros amigos, Nossa revista Longevidade em Foco completa quatro anos e está de cara nova! Preparamos um novo projeto gráfico, que confere mais sofisticação e leveza visual às páginas, sem deixar de lado a profundidade do conteúdo editorial. E, para celebrar o aniversário da nossa publicação, abrimos esta edição com uma entrevista exclusiva com a jogadora de vôlei de praia Larissa França, uma das principais apostas do Brasil ao ouro nas Olimpíadas Rio 2016. A atleta, que vive uma das melhores fases de sua carreira, fala sobre a rotina diária de treinamentos, os cuidados com a saúde e os projetos para a vida profissional e pessoal. Outro importante tema desta edição comemorativa, que circula com 88 páginas, é a realização do V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) e do Grupo Longevidade Saudável. O evento, um dos maiores do mundo nas áreas de fisiologia humana e medicina preventiva e integrativa, contará com palestrantes de altíssimo nível, e vai ocorrer entre os dias 28 e 30 de outubro, em São Paulo. Esperamos um público formado por 700 médicos, entre brasileiros e estrangeiros. Paralelamente, no dia 28, teremos o V Workshop de Nutrição Bioquímica Fisiológica, que contará com palestras de profissionais de diferentes áreas da Saúde. Entre os demais assuntos abordados nas próximas páginas está a importância da vitamina D na gestação, como mostrou estudo recente de cientistas ingleses. A Longevidade em Foco foi ouvir um dos maiores especialistas no assunto, o endocrinologista, doutor em bioquímica e professor Dr. Michael Holick, que aponta: a atenção aos níveis da substância no organismo deve ser redobrada durante a gravidez. Boa leitura!

Dr. Ítalo Rachid Diretor científico do Grupo Longevidade Saudável


sumário 06 Dieta mediterrânea reduz risco de derrame em pacientes cardíacos 09 Resposta para longevidade saudável dos franceses está no consumo de queijo 10 Inflamograma e sua utilização na prática clínica

12 Pesquisa científica comprova benefícios da meditação para a saúde 14

Suplementação de vitamina D na gestação aumenta força dos bebês

18 Os benefícios dos alimentos orgânicos 20 Curso de Ciências da Longevidade Humana e Fisiologia Hormonal Aplicada 22 A Síndrome de Burnout e as deficiências hormonal e nutricional 24 Beleza e Saúde: o homem moderno que se cuida 28 Pais não percebem sobrepeso dos filhos 30 Terapias no tratamento da fibromialgia, fadiga crônica e Alzheimer 32 O intestino e suas implicações na saúde física e mental

34 Turismo | conheça Jericoacoara 38 Como a alimentação pode ajudar no combate à ansiedade 40 Saúde, coração e a atuação da testosterona 42 Uso excessivo de tecnologias móveis pode trazer danos à saúde

Revista Longevidade em Foco – Publicação oficial do Grupo Longevidade Saudável Produção: SB Comunicação (www.sbcomunicacao.com.br) • Jornalista Responsável: Simone Beja • Editora: Silvana Caminiti • DESIGN GRÁFICO: Maurício Santos • Impressão: Gráfica Cearense Grupo Longevidade Saudável – Av. José Moraes de Almeida, 783, Coaçu, CEP: 61760-000, Eusébio/CE. Tels.: 0800 0011223 / (55) (85) 3246 2126 Diretor Científico: Dr. Ítalo Rachid • Diretora de Marketing: Polliana Rachid • Diretor Executivo: Carlos Avellar Contato Comercial e Assinaturas: Christianne Estrela – christianneestrela@longevidadesaudavel.com.br, (85) 9988-0839 • Executiva Comercial: Ives Regina – ivesregina@longevidadesaudavel.com.br, (85) 9121-6246 • Relacionamento com o cliente e Marketing: Polliana Rachid – pollianarachid@longevidadesaudavel.com.br, (85) 9670-4344 o conteúdo dos anunciantes é de inteira responsabilidade dos mesmos.


Conheça um pouco mais sobre uma das maiores jogadoras de vôlei de praia da atualidade e suas expectativas na briga pelo ouro olímpico

44 Capa | Larissa, a atleta nota 10 47 Os benefícios do vôlei de praia como atividade física 48 Andropausa atinge 20% dos homens acima dos 50 anos 50 V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da WOSAAM e do Grupo Longevidade Saudável 54 Fitness | Crossfit ganha espaço nas academias 58 Dieta MIND reduz pela metade risco de Alzheimer 60 Envelhecimento e Arte

62 Apoio emocional e afeto dos pais ajudam cérebro do filho a se desenvolver 66 Reposição hormonal no tratamento de doenças neurológicas degenerativas 68 Benefícios e segurança na terapia de reposição de estrogênio em mulheres 70 5º Annual Pro-Aging Europe Congress WOSAAM 72 Quantas horas seu filho precisa dormir? 74 Atividades culturais de lazer podem ser importantes para a saúde

76 Os nossos olhos mostram o que vai na mente 78 Artigo | Gestão e mercado para consultórios e clínicas 80 Caminhada rápida ajuda a garantir a longevidade 82 Artigo | Perfil de genotipagem em obesidade 84 Uso do lítio para distúrbios do humor pode levar a diversas doenças 86 Mudanças bruscas na temperatura podem trazer riscos para a saúde


Dieta mediterrânea reduz risco de derrame em pacientes cardíacos Pesquisa da University of Auckland, na Nova Zelândia, mostrou que o estilo alimentar comum em países como Grécia, Espanha, Itália e Portugal resulta em menores taxas de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais

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m estudo científico internacional que acaba de ser publicado no European Heart Journal reforça a importância da chamada Dieta Mediterrânea na prevenção de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais em pacientes com doenças cardíacas. A pesquisa reuniu mais de 15 mil pessoas, com idade média de 67 anos, em 39 países, e durou três anos e meio. Este é o trabalho mais recente a exaltar os potenciais benefícios deste tipo de dieta, comum em países como Grécia, Espanha, Itália

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e Portugal. O cardápio contempla porções de frutas, legumes, peixes, vegetais, azeitonas, azeite de oliva e alimentos não–refinados – e apenas pequenas quantidades de carne vermelha, açúcar e produtos lácteos. Segundo a pesquisa, coordenada pelo cardiologista e professor da University of Auckland, na Nova Zelândia, Dr. Ralph Stewart, em cada grupo de 100 pessoas com doenças cardíacas que consumiam regularmente porções de alimentos da dieta, foram registrados menos três casos de ataques cardíacos e derrames, em

comparação com os grupos que consumiam carboidratos refinados, alimentos fritos ou industrializados, e refrigerantes e bebidas artificiais açucaradas (como sucos em pó). Os cientistas explicaram que os resultados obtidos foram similares em todas as regiões geográficas envolvidas no estudo, mas, por se tratar de um trabalho observacional, não foi possível estabelecer relações causais. A especialista em Nutrição Clínica Funcional Renata Carvalho (CRN SP 2.187) explica que o novo estudo reforça a ideia cada vez mais difundida de que a dieta representa um padrão alimentar saudável. “As pessoas que vivem nesta região do Mediterrâneo quase não consomem açúcar, mas ingerem regularmente quantidades moderadas de vinho tinto. E diversos estudos já mostraram que o índice de mortalidade por doenças cardiovasculares é menor nestes países, em relação ao Norte da Europa ou dos Estados Unidos”, explica.


Diretriz da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) aconselha a dieta de estilo mediterrâneo para prevenir problemas cardíacos. Neste novo estudo, os pesquisadores tinham como objetivo descobrir especificamente quais os efeitos deste tipo de alimentação em pessoas que já têm doenças cardiovasculares.

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Estilo ocidental O consumo de alimentos como frutas, Por outro lado, pesquisas anteriores mostraram que o hábito alimentar verduras, legumes, ocidental, que inclui o consumo de peixes, azeite alimentos fritos e processados, docarne vermelha e pão branco, extravirgem (que tem ces, pode aumentar o risco de doenças menor grau de acidez) crônicas e levar à morte prematura. Um destes estudos foi feito pelo Inse nozes, amêndoas tituto Nacional de Saúde e Pesquisa ou avelãs pode reduzir Médica da França, publicado no American Journal of Medicine. o risco de ataques cardíacos e acidentes “A pesquisa reuniu informações de cinco mil pessoas, com idade média de vasculares cerebrais 50 anos, atendidas em hospitais britânicos. Foram comparados os resultados dos exames realizados a cada cinco anos pelos pacientes, a fim de acompanhar a taxa de mortalidade e de aparecimento de doenças crônicas. E o resultado mostrou que apenas 4% do grupo alcançou a velhice livre de doenças crônicas e com alto desempenho em testes de agilidade física e mental”, comenta a nutricionista.

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A especialista ressalta ainda que o impacto do tipo de dieta alimentar sobre doenças específicas tem sido estudado por cientistas de diferentes partes do mundo. Pesquisadores espanhóis, por exemplo, apresentaram um estudo no New England Journal of Medicine, que mostrou que manter uma alimentação no estilo mediterrâneo, consumindo frutas, verduras, legumes, peixes e mais azeite extravirgem (que tem menor grau de acidez), nozes, amêndoas ou avelãs pode reduzir o risco de ataques cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais, mesmo que as pessoas tenham, por exemplo, diabetes tipo 2. O levantamento foi realizado entre 2003 e 2009, envolvendo cerca de 7,5 mil homens e mulheres de 55 a 80 anos. Ao final do estudo, os pesquisadores perceberam que o número de casos de ataques cardíacos e derrames naquelas pessoas que consumiam a dieta mediterrânea foi 30% menor do que o total de casos entre os pacientes que seguiram outras dietas com baixo teor de gordura.


O queijo e a longevidade dos franceses

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m mistério, há séculos, intriga cientistas de todo o mundo: por que os franceses são mais saudáveis e têm maior expectativa média de vida, em relação aos demais europeus, apesar de uma alimentação tão rica em gordura saturada, carboidratos, glúten e açúcar? O “Paradoxo Francês”, como é chamada a questão, foi percebido inicialmente em 1819, pelo médico irlandês Dr. Samuel Black. Após anos de pesquisas, na década de 1990, cientistas da Universidade de Bordeaux, na França, apontaram os compostos fenólicos do vinho tinto – nutrientes com poder antioxidante – como resposta para tal paradoxo. No entanto, recentemente, cientistas da Dinamarca chegaram a outra conclusão: o segredo da longevidade dos franceses pode estar no queijo! O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Pública de Aarhus, na Dinamarca, foi publicado no periódico científico norte-americano Journal of Agricultural and Food Chemistry.

De acordo com os resultados, comer queijo torna o metabolismo mais rápido, reduzindo o risco de desenvolver obesidade. Os pesquisadores chegaram à conclusão após observarem que os franceses, que apresentam baixa incidência de doença cardíaca e expectativa de vida média de 82 anos, consomem até 23,9 quilos de queijo por ano. Já os britânicos, que comem apenas 11,6 quilos do produto anualmente, têm duas vezes mais doenças cardiovasculares e esperança de vida de 81 anos. Segundo o cientista de alimentos Hanne Bertram, que conduziu a pesquisa, os participantes do estudo que comeram mais queijo tinham níveis mais elevados de ácido butírico, composto que, após absorvido pelo organismo, melhora a maneira como o corpo metaboliza a glicose e as gorduras.

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Silenciosa e assintomática Inflamação subclínica é a causa primária das doenças crônicas que mais matam

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e, há algum tempo, doenças como artrite, infarto, diabetes, hipertensão, depressão, aterosclerose, câncer e mal de Alzheimer eram consideradas patologias resultantes do envelhecimento ou da genética, hoje se sabe que a inflamação crônica subclínica, condição totalmente assintomática, está por trás destes e de outros males crônicos. O processo natural de proteção do organismo, deflagrado para restabelecer a ordem que, por algum motivo, foi alterada, como no caso de um corte ou de uma forte pancada, tem um outro lado. A longo prazo, a ação interna de defesa do organismo pode prejudicar os mesmos tecidos que a inflamação pretende curar.

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No caso do excesso de tecido adiposo acumulado na área do abdômen, por exemplo, ocorre um prejuízo para as funções dos adipócitos (células que armazenam gorduras e regulam a temperatura corporal). Em resposta à oferta exagerada de nutrientes, as células passam a produzir quantidades anormais de citocinas pró-inflamatórias, moléculas que têm como função mediar e regular a resposta inflamatória e imunitária no organismo. Já o diabetes tipo 2, segundo estudos, ocorre quando as citoquinas, proteínas relacionadas à inflamação, interferem na habilidade do corpo em usar a insulina, o hormônio que regula a entrada de açúcar nas células, levando à elevação do nível de glicose no sangue. Na osteoporose, a mesma proteína acelera o enfraquecimento dos ossos, enquanto que na doença de Alzheimer, ela ajuda a criar os depósitos de proteínas (placas) que se acumulam no cérebro.


Marcadores sanguíneos Com tantas informações, o que a classe médica busca, hoje, é avaliar a intensidade, a velocidade e a agressividade deste processo inflamatório. E a resposta a esta demanda é o uso do Inflamograma, conjunto de marcadores sanguíneos criado a partir de uma tecnologia desenvolvida no país, com o apoio da Biominas Brasil e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “O recurso é imprescindível para a prática de uma medicina preventiva e personalizada. Com o Inflamograma, é possível definir uma proposta terapêutica de acordo com a necessidade fisiológica do paciente, prever e tratar várias doenças, mesmo antes do aparecimento de seus sintomas, promovendo qualidade de vida e reduzindo riscos de patologias”, explica o diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, Dr. Ítalo Rachid (CREMESP 114612). O médico também alerta: a primeira manifestação clínica da infllamação crônica é a morte súbita. “A estimativa é que em 55% dos casos de morte súbita, em diferentes faixas etárias, a condição está presente”, alerta Dr. Rachid, que é vice-presidente da WOSAAM para a América Central e América do Sul, e vice-presidente da International Hormone Society (IHS) para a América do Sul. Dr. Rachid esclarece que foram necessários cinco anos de pesquisas para chegar aos parâmetros dos marcadores sanguíneos, mas, por outro lado, a atual disponibilidade do recurso coloca a classe médica uma década e meia à frente do que vem sendo feito hoje, em termos de Medicina preventiva.

Tema de palestra no Congresso da WOSAAM Durante o V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) e do Grupo Longevidade Saudável, Dr. Ítalo Rachid apresentará o uso do Inflamograma na prática clínica, explicando métodos de análise e interpretação do conjunto de marcadores, em conferência voltada para médicos de diferentes especialidades. O evento acontece de 28 a 30 de outubro deste ano, no Centro de Convenções do Maksoud Plaza Hotel, em São Paulo.

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pesquisa científica

Os benefícios da meditação para a saúde Mindfulness, técnica que propõe “parar de pensar” e se concentrar no momento presente, é associada ao combate de sintomas da ansiedade, depressão e dores crônicas

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prática da meditação já há alguns anos ganhou o aval da Ciência, após inúmeros estudos demonstrarem que a atividade, mais do que apenas relaxar, traz benefícios para a saúde do corpo. Uma das pesquisas que tratam do assunto foi desenvolvida na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. De acordo com o trabalho, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), 30 minutos diários da meditação mindfulness (técnica budista que consiste, basicamente, em “parar de pensar”, para se concentrar exclusivamente no momento presente) ajudam a aliviar os sintomas da ansiedade, da depressão e das dores crônicas. Os cientistas chegaram a esta conclusão após revisarem 47 estudos clínicos feitos anteriormente sobre os benefícios da meditação. Eles avaliaram o impacto de duas diferentes práticas – mantra e mindfulness – no tratamento da ansiedade, insônia, diabetes, câncer e fibromialgia.

No caso do diabetes e do câncer, entretanto, não foram encontradas evidências suficientes de melhora dos pacientes.

Hospitais brasileiros adotam a prática

O líder do estudo, o doutor Madhav Goyal, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, diz que o objetivo do trabalho era saber se a meditação realmente ajuda o paciente, ou se age como um tipo de “efeito placebo”, já que a atividade pode resultar na mudança do estilo de vida do praticante.

No Brasil, a meditação já vem sendo usada como terapia complementar no tratamento de diferentes doenças. Para se ter uma ideia, só em São Paulo (SP), cinco hospitais de alta complexidade, dois deles vinculados a universidades, usam ou recomendam para os pacientes técnicas de meditação. Entre eles está o Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo o Dr. Goyal, a pesquisa mostrou que a meditação mindfulness alivia os sintomas da ansiedade e da depressão tanto quanto medicamentos antidepressivos usados em outros estudos. “Os médicos devem estar cientes de que a meditação pode resultar na redução das consequências negativas do estresse psicológico, e devem falar com seus pacientes sobre a possibilidade da adoção de um programa de meditação como parte do tratamento”, escreveram os autores do estudo no artigo publicado no JAMA.

Na instituição, a meditação faz parte de um núcleo de terapias integrativas oferecidas pelos serviços de Oncologia e Hematologia. As terapias integrativas incluem, além de meditação mindfulness, técnicas de relaxamento e de yoga. Vale lembrar que a meditação não altera o programa de tratamento traçado para cada paciente. Neste caso, o objetivo é ajudar o paciente a lidar melhor com as emoções e diminuir o estresse, fatores que podem vir a modificar o desfecho de alguns quadros.

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Vitamina D na gestação garante a força muscular das crianças Segundo cientistas, efeito da substância no organismo da gestante tem também impactos na saúde dos filhos na vida adulta

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Endocrinology and Metabolism, diz, ainda, que essa relação entre a vitamina D e força muscular pode ter efeitos na saúde futura dos filhos.

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o longo da última década, as sociedades médica e científica têm reconhecido que a deficiência de vitamina D tornou-se uma verdadeira pandemia, que vem ocorrendo em praticamente todos os países. E um dos principais motivos para o problema é a completa falta de percepção de que a quantidade de vitamina D presente na natureza e nos alimentos é insuficiente para atender às múltiplas e complexas demandas metabólicas do organismo humano. Vários estudos comprovam e reiteram a importância da substância para o organismo, nas diferentes fases da vida de homens e mulheres. Um trabalho recente sobre o tema foi apresentado por pesquisadores da Universidade de Southampton, na Inglaterra. De acordo com os cientistas, a força muscular das crianças está diretamente relacionada ao nível de vitamina D no organismo da mãe durante a gravidez. A pesquisa, publicada no jornal científico The Journal of Clinical

O estudo envolveu cerca de 700 mulheres, que tiveram os níveis de vitamina D medidos na 34ª semana de gestação. Depois, os pesquisadores mediram a massa e a força muscular das crianças aos quatro anos de idade, quando pegavam um objeto com as mãos. Os resultados mostraram que mães com níveis mais altos de vitamina D no organismo geraram filhos mais fortes. Segundo o doutor em Reumatologia Nicholas Harvey, professor de Reumatologia e Epidemiologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de Southampton e líder do estudo, é provável que a maior força muscular observada nas crianças aos quatro anos se reflita em benefícios para a vida adulta do indivíduo, como, por exemplo, na prevenção de diabetes, quedas e fraturas. O novo trabalho se soma a vários outros que reiteram a importância da suplementação de vitamina D durante a gestação. Já se sabe, por exemplo, que a deficiência da substância na gravidez pode resultar em distúrbios respiratórios no bebê, como asma, alergias e infecções recorrentes.

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Atenção redobrada Um dos maiores defensores da suplementação de vitamina D, o endocrinologista e doutor em Bioquímica Dr. Michael Holick também defende que a atenção aos níveis da substância no organismo deve ser redobrada durante a gravidez. Segundo o médico norte-americano, a deficiência intrauterina da vitamina está diretamente relacionada à doença hipertensiva específica da gravidez, a pré-eclâmpsia; ao diabetes gestacional; ao trabalho de parto prolongado; e ao aumento da incidência de cesáreas. “A vitamina D é criticamente importante para a manutenção da saúde do osso ao longo da vida. As mulheres com deficiência do hormônio podem perder, anualmente, entre 3% e 4% da massa óssea. E muitas mulheres que sofrem de dores nos ossos e músculos são muitas vezes diagnosticadas como tendo fibromialgia ou síndrome de fadiga crônica, quando, na verdade, elas sofrem de osteomalacia, que é o enfraquecimento e desmineralização de ossos na fase adulta e tem como causa a deficiência de Vitamina D”, explica Dr. Holik, que também é professor de Medicina, Fisiologia e Biofísica da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston.

Os resultados da pesquisa na Inglaterra mostraram que mães com níveis mais altos de vitamina D no organismo geraram filhos mais fortes

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Tema de palestra em Congresso “A aplicação clínica da vitamina D na prevenção e tratamento de doenças e os benefícios na gestação” será o tema da palestra que o professor e doutor Cícero Galli Coimbra fará no V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da WOSAAM e do Grupo Longevidade Saudável. O evento acontece entre 28 e 30 de outubro próximo, em São Paulo. Dr. Cícero Coimbra é neurologista e professor do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).



Os antioxidantes dos alimentos orgânicos

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m estudo apresentado pela Universidade de Newcastle, no Reino Unido, confirmou que os alimentos orgânicos contêm mais substâncias antioxidantes, em relação aos produtos agrícolas convencionais. Além disso, frutas, verduras e legumes orgânicos apresentam níveis menores de resíduos de metais e pesticidas. A pesquisa, feita com a participação de especialistas do Reino Unido, Estados Unidos, França, Itália, Suíça e Polônia, foi publicada no British Journal of Nutrition. A equipe de cientistas revisou mais de 340 estudos anteriores, feitos em diferentes partes do mundo. De acordo com o líder do trabalho, o cientista e professor de Agricultura Ecológica da Universidade de Newcastle Carlo Leifert, incluir alimentos orgânicos na dieta, em lugar de produtos convencionais, representa um aumento de até 60% no consumo de antioxidantes. O professor lembra,

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ainda, que os resultados do estudo mostraram que o nível de flavonoides era 69% mais alto nos orgânicos testados, enquanto que, nos alimentos convencionais, foi encontrado um nível 40% maior do metal pesado cádmio. No Brasil, tanto a produção quanto o consumo de alimentos orgânicos vêm crescendo a uma taxa de 20% ao ano. Atualmente, existem 13.644 unidades de produção registradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Segundo o coordenador de Agroecologia da pasta, Rogério Dias, o produto orgânico não é apenas aquele que é produzido sem agrotóxico. Ele está relacionado a um trabalho que contempla a natureza, os recursos naturais, a relação com os empregados nas áreas rurais e a biodiversidade.


Os resultados da pesquisa mostraram que o nível de flavonoides era 69% mais alto nos orgânicos testados, enquanto que nos alimentos convencionais foi encontrado um nível 40% maior do metal pesado cádmio Além de verduras, legumes e frutas, estão entre os principais produtos orgânicos produzidos no Brasil a cana e o açúcar; grãos, como soja, cacau, arroz e café; gengibre; néctares e sucos de frutas, geleias e cosméticos, assim como insumos para o solo.

Onde encontrar Custo X benefício Quem já comprou produtos orgânicos em supermercados sabe que o preço é superior, em relação aos alimentos produzidos de forma convencional. Mas, de acordo com o engenheiro agrônomo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/RJ), Roberto Mattar, essa diferença no preço é compensada pela vantagem de se ter na mesa um alimento muito mais saudável. “Além da vantagem nutricional, os orgânicos são importantes para o equilíbrio ambiental, a proteção dos ecossistemas, a manutenção do solo e a redução da poluição”, lembra.

Para consumir alimentos orgânicos sem ter que gastar muito mais, a melhor dica é comprar nas feiras, diretamente dos produtores. E a boa notícia é que o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lançou, há poucos meses, um aplicativo de celular para mapear as feiras orgânicas existentes no País, tornando assim os produtos mais acessíveis. O aplicativo permite encontrar todas as feiras especializadas e grupos de consumo responsável, bem como informações de horários de funcionamento e tipos de produtos encontrados nesses locais. O mapa pode ser acessado no endereço: http://feirasorganicas.idec.org.br/.

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agende-se

Curso Ciências da Longevidade Humana e Fisiologia Hormonal Aplicada

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Grupo Longevidade Saudável realiza, em outubro, mais uma edição do curso Ciências da Longevidade Humana e Fisiologia Hormonal Aplicada. Introdução à proposta de Medicina que privilegia o aperfeiçoamento da saúde e a qualidade de vida, o curso permite aos alunos acesso a conhecimentos fundamentais sobre a epidemiologia, os mecanismos e a fisiologia do envelhecimento hormonal humano, incluindo o modelo das pausas hormonais em homens e mulheres. O curso acontece entre os dias 05 e 09/10, no Hotel Meliá Jardim Europa, no Itaim Bibi, Zona Sul da capital paulista. Esta será a 83ª turma a ser formada pelo curso, que tem carga horária de 75 horas/aula e oferece sólido conteúdo teórico e prático, fundamentado em conhecimento científico e evidências clínicas comprovadas. A edição anterior, realizada em abril, contou com 130 alunos. Desde sua criação, em 2002, o treinamento já formou mais de quatro mil médicos de diversos Estados brasileiros, com atuação em mais de 30 especialidades.

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Para participar é preciso ser médico e ter CRM ativo. Os interessados podem obter outras informações pelo e-mail contato@longevidadesaudavel.com.br ou pelo telefone 0800-0011223.

Novos horizontes De acordo com médicos que participaram de edições anteriores, o curso Ciências da Longevidade Humana e Fisiologia Hormonal Aplicada permite absorver um conhecimento que abre novos horizontes em termos de Medicina Funcional Integrativa. É consenso entre todos que a capacitação lhes permitiu introduzir com segurança, na prática clínica diária, novas e eficientes terapias que se traduzem em benefício direto para os pacientes. Formado há 12 anos, o médico Dr. Ellysson Abinader (CRM 5796), que atua em Manaus, conta que fez residência em Cirurgia Geral e decidiu participar do curso, há cerca de quatro


anos. Em seguida, fez também a Pós-graduação lato sensu - Master em Ciências da Fisiologia Humana, oferecida pelo Grupo Longevidade Saudável, porque se sentia insatisfeito com a forma como vinha atuando como médico. “Os resultados que vinha obtendo com meus pacientes não eram o que eu almejava, quando optei pela Medicina. Conheci o grupo após alguma pesquisa e quando fiz o curso introdutório soube que estava no caminho certo. Hoje, posso dizer que mudei minha concepção de vida, minha concepção de Medicina e estou muito satisfeito”, comenta. Já o clínico e cirurgião geral Dr. Guilherme Tomasetti (CRM: 34040-PR) conta que começou a pensar em fazer um curso de modulação hormonal e fisiologia humana a partir do momento em que percebeu que existe um “gap” com relação ao tema na formação médica acadêmica. “Isso fez surgir um interesse que nunca havia sido despertado em mim antes. Falando com amigos que já tinham feito o curso, percebi que havia essa necessidade de preencher a lacuna na formação acadêmica”, conta. O médico lembra, ainda, que o curso do Grupo LS é multidisciplinar, permitindo aos alunos estarem em contato com médicos de outras especialidades, o que proporciona uma excelente troca de experiências. “Do ponto de vista de conhecimento, é ótimo, pois permite a discussão clínica com cardiologistas, ginecologistas, endrocrinologistas e outras especialidades”, diz o Dr. Tomasetti, que ressalta a importância da educação médica continuada, que é a base da medicina de hoje, e a qualidade dos cursos oferecidos pelo LS.

Médicos que participaram de edições anteriores afirmam que o curso lhes permitiu absorver um conhecimento que abriu novos horizontes em termos de Medicina Funcional Integrativa

Educação médica continuada Há 16 anos, o Grupo Longevidade Saudável tem cumprido com sua proposta de gerar e disseminar conhecimento baseado em estudos científicos e evidências clínicas comprovadas. Referência em Ciência da Longevidade e Educação Médica Continuada no mercado, o Grupo LS tem como missão difundir um modelo de saúde e bem-estar, promovendo assim a cultura de um envelhecimento saudável para pacientes hoje atendidos pelos médicos que já incorporaram em sua prática diária esses novos conceitos. Além do Ciências da Longevidade Humana e Fisiologia Hormonal Aplicada, o grupo oferece em sua grade de cursos outros programas de treinamento e atualização científica, como o Fórum Clínico Intensivo em Fisiologia Humana, e o curso de Pós-graduação lato sensu - Master em Ciências da Fisiologia Humana, que possui chancela do Ministério da Educação (MEC).

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Burnout Síndrome de

Um transtorno que leva à baixa produtividade Doença afeta adultos e jovens em idade escolar, e tem como características a falta de energia, a sensação de sobrecarga emocional constante e de esgotamento físico e mental

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ma sensação de esgotamento físico e emocional, que progride e pode provocar irritação, baixa satisfação profissional, cefaleia, insônia, ansiedade, sudorese, palpitação, pressão alta e dores musculares. Estamos falando da Síndrome de Burnout, distúrbio psíquico que atinge milhares de brasileiros, entre homens e mulheres. Descrito inicialmente na década de 1970, pelo psicanalista alemão radicado nos Estados Unidos, Dr. Herbert Freudenberger, o transtorno tem predominância entre profissionais das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, entre outras. Segundo especialistas, a síndrome pode ser resultado da combinação de vários fatores, como vulnerabilidade a transtornos mentais, personalidade muito rígida (com alto grau de cobrança em relação à realização de suas atividades e de sucesso profissional), sedentarismo e relações pessoais pouco gratificantes. Questões ligadas ao ambiente de trabalho, como excesso de tarefas e prazos apertados para cumpri-las, também podem contribuir para o desenvolvimento do quadro.


Para o médico especialista em Saúde Pública e em Medicina do Trabalho Dr. Renato Gama (CRM RJ 607301), nos últimos anos, com a globalização, boa parte das empresas passou a cobrar dos funcionários metas mais difíceis de serem alcançadas. “Muitas vezes, o empregado deixa de ter tempo livre porque, com o uso de tecnologias e aplicativos, como o WhatsApp, ele pode ser controlado virtualmente e receber ordens de trabalho, inclusive nos momentos de descanso, como finais de semana. Em tempos de crise econômica como a que vivemos hoje no País, o medo de perder o emprego pode contribuir para o funcionário assumir mais tarefas do que é capaz, abrindo mão do tempo de lazer e descanso”, explica o especialista.

Comum entre estudantes Mas o Burnout não ocorre apenas como resultado de situações ligadas ao trabalho. Estudo conduzido por cientistas da Universität Basel, na Suíça, mostrou que jovens estudantes, quando sob estresse, podem apresentar sintomas do distúrbio. O objetivo da pesquisa, que envolveu 54 alunos, com cerca de 18 anos, foi testar se a capacidade de resiliência pode proteger o indivíduo jovem do esgotamento, um dos sinais clássicos da síndrome. De acordo com o resultado, publicado no jornal Psychological Reports, os alunos que se mostraram mais estressados e com menos resistência mental também apresentavam mais sintomas de Burnout, ao longo do tempo. Seja o paciente um trabalhador ou um estudante, de acordo com Dr. Gama, o diagnóstico do Burnout deve ser feito por um especialista e o tratamento pode incluir o uso de antidepressivos e ansiolíticos, além de psicoterapia. “Fazer atividades físicas regularmente, ter tempo para o lazer e para si mesmo ajudam a controlar os sintomas”, lembra o médico.

Deficiência hormonal A deficiência de hormônios, como o cortisol, a aldosterona, o DHEA, a melatonina, a testosterona, o estrogênio, o hormônio do crescimento e o TSH, também pode ser o fator causal da doença. A relação – que será tema da palestra do médico belga Dr. Thierry Hertoghe, no V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da WOSAAM e do Grupo Longevidade Saudável – já foi demonstrada em vários estudos científicos. “A psicoterapia parece ajudar apenas uma parte de pacientes com Burnout. E a razão é que ela não trata fundamentalmente a causa provável do problema: o esgotamento hormonal”, explica, ainda, o Dr. Gama.

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beleza e saúde

Mais bonitos e com muito charme

Do uso de cremes e tratamentos estéticos a cirurgias plásticas, os homens estão se cuidando cada vez mais e já se tornaram público cativo de salões de beleza e clínicas

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mbora as mulheres continuem sendo a grande maioria em salões de beleza e centros de estética, o público masculino está cada vez mais bem informado e interessado em novos tratamentos para pele, cabelos e corpo. Entre os tratamentos mais procurados por eles estão as massagens faciais e o uso de cremes anti-idade. Segundo o dermatologista Dr. Carlos Toledo (Cremerj 52761326), professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), embora os produtos usados pelo público feminino possam ser indicados também para os homens, o ideal é optar pelos cremes especiais.

“São produtos com uma concentração maior de ativos, como os ácidos retinoicos e a vitamina C, por exemplo. Isso é necessário para que a absorção seja mais eficaz, uma vez que a pele do homem é em torno de 20% mais espessa do que a pele da mulher”, comenta o especialista. E se o tema é rejuvenescimento, a aplicação da toxina botulínica também já faz parte da rotina dos mais vaidosos, assim como o peeling químico. No caso deste último, ainda de acordo com o Dr. Toledo, a frequência do tratamento é definida pelo profissional especializado, de acordo com a necessidade de cada indivíduo.

Gordura localizada Em relação ao corpo, as principais preocupações do homem moderno são o combate à gordura localizada, às estrias e à flacidez. “A chamada barriga de chope, gordura abdominal que antes não incomodava tanto, agora aflige a muitos. Fazer alterações na dieta, evitando o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, açúcar e alimentos gordurosos, e praticar exercícios físicos são medidas que ajudam bastante”, orienta.

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Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, nos últimos anos, a porcentagem de homens que se submetem a cirurgias estéticas subiu de 5% para 30%

Outra saída cada vez mais procurada para combater a gordura localizada é a mesoterapia. “Este tratamento pode ser usado para outras finalidades também, como eliminar aquelas estrias brancas e a flacidez, e promover a estimulação capilar”, explica o dermatologista. O público masculino também já se rendeu à depilação. Aqueles que não gostam de usar barba, por exemplo, preferem a depilação a laser, por ser um método mais definitivo e prático. A técnica também ajuda quem busca se livrar de pelos nas orelhas, pescoço, tórax, abdômen, braços, ombros e costas.

Procedimentos cirúrgicos É bem verdade que, ao contrário das mulheres, o homem não está habituado a longos rituais de beleza, mas isto não quer dizer que eles não estejam dispostos, por exemplo, a investir em procedimentos estéticos para rejuvenescer. Prova é que, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, nos últimos anos, a porcentagem de homens que se submetem a cirurgias estéticas subiu de 5% para 30%. Entre os procedimentos

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mais procurados por eles estão a rinoplastia (correção do nariz), a ginecomastia (para eliminar glândulas mamárias), a blefaroplastia (cirurgia de pálpebras), a lipoaspiração e a otoplastia (cirurgia de orelhas). No caso da cirurgia para eliminar o excesso de pele, bolsas de gordura, rugas e flacidez na região em torno dos olhos, a procura é maior entre homens por volta dos 40 anos de idade, como explica o médico Dr. Laercio Garcia (CRM-SP 101.095), especialista em Cirurgia Plástica. De acordo com ele, o procedimento melhora a aparência e a autoconfiança. “O ranking de procedimentos mais procurados pelos homens é basicamente definido pela faixa etária. Os mais jovens procuram por cirurgias de correção de nariz, de abdome e lipoaspiração. Já os procedimentos para rejuvenescimento começam a ser feitos a partir dos 40 anos”, diz o cirurgião plástico.



Pais não percebem quando os filhos estão acima do peso

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o longo das últimas décadas, os hábitos de vida e de alimentação das crianças brasileiras mudaram drasticamente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que uma em cada três crianças de cinco a nove anos está acima do peso recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na comparação com pesquisas anteriores, o excesso de peso entre as crianças mais do que triplicou nos últimos 40 anos, passando de 9,7% para 33,5%, atualmente. Pernas e braços roliços, a barriguinha e bochechas redondas podem ser o sinal de alerta do excesso de peso.

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Ainda assim, estudo publicado no jornal Childhood Obesity mostra que os pais subestimam o sobrepeso e a obesidade nos filhos. A pesquisa foi feita por cientistas do Departamento de Saúde Populacional da Universidade de Nova York, que analisaram os dados epidemiológicos dos institutos de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos coletados entre 1988 e 1994, e de 2007 a 2012. O resultado constatou que quase 95% das famílias avaliam erroneamente o peso das crianças em idade pré-escolar (2 a 5 anos), afirmando que estão no peso normal quando, na verdade, se encaixam nos padrões de sobrepeso e obesidade.

Segundo o líder da pesquisa, o professor e doutor Dustin Duncan, o erro de julgamento é muito grave, principalmente nesta fase da vida, quando as atitudes e os comportamentos, como preferências e hábitos alimentares, além do gosto pela atividade física, são moldados. “Essa é uma idade crítica para a adoção de um estilo de vida saudável, que depois será mantido pela criança para o resto da vida. A percepção que os pais têm do peso do filho pode ser um importante fator de prevenção da obesidade ou de facilitação dessa condição, no caso de a percepção ser errada”, escreveu Duncan.


Adultos obesos No Brasil, de acordo com a endocrinologista Dra. Cristina Teixeira (CRM 27061-SP), geralmente são os pais obesos que costumam enxergar os filhos como estando em forma e, algumas vezes, até abaixo do peso. E a especialista, que é professora da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alerta: o problema ocorre inclusive nos consultórios médicos. “Algumas vezes, o profissional de saúde, como o pediatra, por exemplo, pode estar acima do peso e também acabar subestimando a obesidade da criança”, comenta a médica. Outra questão que levaria alguns pais a não perceberem a obesidade dos filhos, de acordo com a especialista, é a preocupação em serem julgados. “Para alguns pais, reconhecer que os filhos estão com um peso acima do recomendável é o mesmo que admitir que eles não estão cuidando bem de suas crianças. Por isso, é importante que o especialista converse francamente com os pais na visita ao consultório”, diz Dra. Cristina.

Excesso de peso entre as crianças

9,7%

Há 40 anos

33,5%

Atualmente

Apesar de muitas vezes acharmos “fofo”, pernas e braços roliços, e barriguinha e bochechas redondas podem ser um sinal de alerta de excesso de peso nas crianças em idade pré-escolar

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Fadiga crônica e fibromialgia: como combatê-las?

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quela sensação de cansaço que não passa, nem mesmo quando se está em casa, em um feriado ou fim de semana, com pouco para fazer, e que pode vir acompanhada de outros sintomas, como dificuldades para dormir e dor, por exemplo, pode ser sinal da Síndrome da Fadiga Crônica. A doença, que atinge pessoas em diferentes faixas etárias, incluindo crianças na pré-escola, afeta milhares de brasileiros, mas nem sempre é diagnosticada. Uma das razões é que o cansaço persistente é um sintoma comum em outras doenças, como a anemia, a fadiga adrenal, a fibromialgia e o hipotireoidismo.

sem sinais inflamatórios, dor de cabeça, dor de garganta, gânglios inflamados e doloridos, alteração da concentração e da memória recente, febre baixa, alterações no sono e fraqueza intensa que persiste por 24 horas após a atividade física.

De acordo com o International Chronic Fatique Syndrome Study Group, grupo de especialistas que definiu critérios que caracterizam a fadiga crônica e diretrizes para o tratamento, para obter o diagnóstico, o paciente deve apresentar, além do cansaço, pelo menos quatro outros sintomas, como dores musculares, dores nas articulações

O médico Dr. Antônio de Freitas (CRM/PR 1228), especialista em dor e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que a síndrome afeta principalmente mulheres. “O diagnóstico é feito por exclusão e o tratamento pode incluir atividade física leve e mudança no estilo de vida”, explica.

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síndrome da fadiga crônica, o principal sintoma é o cansaço profundo por tempo superior a seis meses, em companhia de outras manifestações”, comenta Dr. Freitas.

A estimativa, segundo dados da Sociedade Brasileira de Fibromialgia, é que até 3% da população sofra com a patologia, que é crônica e pode se tornar debilitante

De acordo com o médico, a causa da fibromialgia ainda não foi completamente determinada, mas uma das hipóteses é que ela esteja relacionada ao déficit da serotonina, neurotransmissor que atua no cérebro regulando a sensibilidade a dor, entre outras funções. “Além disso, já se sabe que a doença ocorre em várias pessoas da mesma família, o que pode ser um indicador de que existem algumas mutações genéticas capazes de causar a síndrome”, comenta.

Tratamentos naturais Fibromialgia atinge até 3% da população Já a fibromialgia é uma doença crônica que provoca dores e sensibilidade nas articulações, nos músculos e outros tecidos moles do corpo. A estimativa, segundo dados da Sociedade Brasileira de Fibromialgia, é que entre 2% e 3% dos brasileiros sofram com a patologia. Além da dor no corpo, a doença tem outros sintomas iguais aos da fadiga crônica, como cansaço, distúrbios do sono, dor de cabeça, alteração da memória e dificuldade de concentração. Mas, apesar da similaridade dos sintomas, existem diversos critérios que permitem ao médico fazer a diferenciação entre as doenças. “Nos pacientes com fibromialgia, a dor é crônica e difusa, atingindo a região cervical, o peito, a nuca, as pernas e a região pélvica. Em geral, esta dor está associada à rigidez muscular. Já no caso da

Tanto no caso da fadiga crônica quanto no da fibromialgia cuidados não medicamentosos podem ser indicados como terapêutica, com foco em evitar a incapacidade física do paciente, minimizar os sintomas e melhorar a saúde de um modo geral. Uma das opções de abordagem foi criada pelo médico norte-americano Dr. Jacob Teitelbaum, que virá ao Brasil para participar do V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) e do Grupo Longevidade Saudável, em outubro deste ano. Ele irá apresentar a terapêutica denominada Shine, a sigla para Sleep (dormir), Hormonal Support (suplementação hormonal), Infections (infecções), Nutrition (nutrição) e Exercise (exercícios). Dr. Teitelbaum criou o tratamento após mais de três décadas pesquisando e acompanhando pacientes com ambas as doenças. O V Congresso Internacional de Fisiologia Humana será realizado no Centro de Convenções do Maksoud Plaza Hotel, em São Paulo, entre os dias 28 e 30 de outubro.

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O intestino e suas implicações na saúde física e mental

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á algum tempo, a classe médica conhece a íntima relação entre o cérebro e o intestino. Extremamente complexo, com mais de 100 milhões de neurônios, o órgão produz 90% da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar em nosso organismo. A cada dia, entretanto, os cientistas têm obtido mais e mais evidências de que o bom funcionamento da microbiota intestinal influencia a qualidade da saúde física e mental.

Um estudo recente, de pesquisadores das universidades de Genebra, na Suíça, e Yale, nos Estados Unidos, mostrou que a obesidade, a resistência à insulina e a síndrome metabólica podem estar associadas a alterações na flora intestinal. De acordo com o trabalho, publicado na revista Nature, a forma como os micro-organismos agem no intestino pode influenciar o sistema nervoso e ser a causa destas doenças. Durante a pesquisa, feita com roedores, os especialistas perceberam que a produção de acetato pela microbiota intestinal, durante o processo digestivo, ativa o sistema nervoso parassimpático, para que ele aumente a produção de insulina e grelina – conhecida como o “hormônio da fome”. Segundo os cientistas, os animais que recebiam

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uma dieta rica em gordura produziam acetato em maior quantidade, levando ao aumento da ingestão de alimentos e consequente ganho de peso, doença hepática gordurosa e resistência à insulina.

Flora intestinal e depressão O médico Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612), diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, lembra que o intestino tem seu próprio sistema nervoso autônomo e que estudos anteriores ligaram problemas intestinais à depressão. “Um dos fatores envolvidos na doença é o intenso desequilíbrio da flora intestinal. Isso ocorre porque o paciente que sofre de disbiose apresenta uma queda na produção da serotonina”, explica. O médico ressalta, ainda, que a ciência já demonstrou que o intestino produz 80% do potencial de imunidade do corpo humano, além de ser um grande produtor do hormônio do crescimento. “O sistema imunológico do intestino é o maior e o mais importante de todo o organismo. E a microbiota auxilia ainda no desenvolvimento de tecidos, na extração de nutrientes dos alimentos, além da produção de células de defesa”, conclui.



turismo

Jericoa CenĂĄrio paradisĂ­aco para quem quer relaxar

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acoara U m dos cenários mais belos do Brasil, a praia de Jericoacoara, no Ceará, encanta brasileiros e estrangeiros. O paraíso, que fica a cerca de 300 quilômetros de Fortaleza, é o lugar ideal para se deliciar com a paisagem e deixar para trás as preocupações do dia a dia. O lugar é perfeito também para os amantes de ecoturismo, já que a praia está localizada dentro de uma reserva ambiental: o Parque Nacional de Jericoacara. Tudo isto rendeu a Jeri, como é carinhosamente chamada pelos moradores e turistas, o título de segunda praia mais bonita do país, pela revista especializada em turismo Condé Nast Traveller. A antiga vila de pescadores, com mar calmo, lagoas de águas cristalinas, praias de enseada e oceano, foi, ainda, citada como uma das 10 praias mais bonitas do planeta pelo jornal norte-americano Washington Post, e como a quarta melhor praia em todo o mundo, segundo o jornal Huffington Post.

Pedra Furada

Tanta badalação tem sua razão de ser. Para quem ainda não conhece o lugar, basta imaginar ruas cobertas de areia e praias deslumbrantes que se estendem por quilômetros. Tudo faz com que o tempo pareça passar mais devagar e com mais leveza. As vilas pitorescas no entorno, o contraste do branco das dunas de areia recortando o azul intenso do céu e o fantástico e famoso pôr-do-sol fascinam os turistas. Outra atração imperdível é a Pedra Furada, uma belíssima formação rochosa à beira-mar. A praia é muito procurada, também, por amantes de esportes radicais, como windsurf, kitesurf, wakeboard e voo livre, graças à intensidade dos ventos na região. O local é considerado um dos melhores para a prática das modalidades. O surfe, o rally e o trekking, além de outros esportes de aventura, também têm espaço garantido na região. Vale lembrar que o Parque Nacional de Jericoacara é composto por praias de águas límpidas, falésias, dunas, manguezais e uma vegetação praticamente intocada.

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Divulgação

Comer em Jeri é uma experiência única e requintada. Há restaurantes para todos os gostos e bolsos. Claro que os frutos do mar são a grande vedete do cardápio local, mas, seja à beira-mar ou nas ruas de areia, charmosos estabelecimentos mesclam receitas internacionais com ingredientes típicos. E o resultado não poderia ser mais saboroso. Para os amantes da boa gastronomia, a variedade de opções é farta, indo da cozinha tailandesa, à espanhola e à argentina. Uma dica é o The Lab Restaurante Fusion, cujo cardápio harmoniza frutos do mar com ingredientes exóticos. Para privilegiar os produtos frescos, o menu é alterado diariamente. Jericoacoara também conta com ótimas opções para hospedagem. Entre os hotéis mais charmosos está o Hurricane Jeri, que acaba de receber a chancela Traveller´s Choice 2016 do TripAdvisor, maior site de viagens do mundo. Com uma vista espetacular da Praia da Malhada, uma das mais famosas da região, o hotel tem como destaque a piscina temática em forma de lagoa. Mesclando conforto e rusticidade com o que existe de melhor e mais moderno em hotelaria, sem perder o charme natural, típico da região, o hotel promove atividades esportivas, culturais e de lazer, dentro das dependências do empreendimento, e também no Parque Nacional. Para quem quer relaxar ainda mais, as opções incluem aulas de yoga, pilates e hidroginástica, além de massagens e outros serviços. Mais informações sobre o hotel podem ser obtidas no site: http://www.hotel-hurricane-jericoacoara.com/pt.

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Gastronomia e hospedagem



Quanto o estresse impacta seu organismo?

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uitos já ouviram falar que o corpo e o cérebro funcionam de forma interligada, e que o estresse e a ansiedade em excesso geram reações fisiológicas que podem levar ao desequilíbrio do organismo. Um dos achados mais recentes sobre esta relação foi publicado na revista Nature Medicine e serve de alerta para quem vive estressado e não avalia corretamente sua alimentação. Segundo pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, o neuropeptídeo Y (NPY), um neurotransmissor que induz à sensação de saciedade, também regula a obesidade abdominal induzida pelo estresse, ou seja, quando estimulada pelo estresse, a atividade do neurotransmissor resulta no acúmulo de

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gorduras na região do abdômen, o que pode levar à obesidade e à doença cardiovascular. Outro efeito negativo do estresse já comprovado é o aumento da produção de cortisol e adrenalina pelas glândulas suprarrenais. Quando em excesso no organismo, estes hormônios levam à redução do calibre dos vasos sanguíneos, potencializando, a longo prazo, o risco de hipertensão e de arritmias cardíacas. O excesso de tensão também gera a queda do desempenho cognitivo, disfunções da tireoide e erétil (em homens), problemas de pele, rigidez muscular, ossos enfraquecidos e problemas gastrointestinais – estes também ligados à depressão e à ansiedade , já que as bactérias intestinais são parte ativa e integrada na produção e regulação da serotonina no organismo.

Nutrição no combate ao estresse e ansiedade A boa notícia, segundo a nutricionista Priscila Machado (CRN-SP 26984), mestra em Bioquímica Nutricional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é que a alimentação pode ajudar a combater o estresse e a ansiedade. A vitamina C, por exemplo, encontrada em frutas cítricas, diminui a secreção do cortisol, ajudando no bom funcionamento do sistema nervoso e aumentando a sensação de bem-estar. Já o leite, a banana e os ovos são fontes do aminoácido triptofano, que é um precursor essencial

para a formação de serotonina, neurotransmissor que facilita a comunicação entre os neurônios, regulando o humor, a sensação de fome e o sono, e é responsável pelo bem-estar e relaxamento. “O magnésio, especialmente quando associado ao cálcio, também pode ser usado no combate ao estado de tensão crônica. Isso porque o estresse crônico provoca, a longo prazo, a degeneração do sistema nervoso, e alimentos que contêm magnésio combatem essa degeneração”, explica Priscila.

Alimentos como o leite, a banana e os ovos são fontes do aminoácido triptofano, precursor essencial para a formação de serotonina, o hormônio do bem-estar

E a especialista dá outra dica: frutas coloridas com casca escura têm fitoquímicos e antioxidantes, que ajudam a controlar a glicemia, graças à rápida liberação de insulina, o que faz com que os níveis de cortisol e adrenalina gerados pelo estresse agudo sejam reduzidos drasticamente. “O estresse emocional vem do mal funcionamento da química do corpo e do cérebro, por isso é importante manter um bom equilíbrio, para boa produção de neurotransmissores e hormônios”, esclarece Priscila, que será uma das palestrantes do V Workshop de Nutrição Bioquímica Fisiológica, que acontece no dia 28 de outubro, dentro da programação do V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da WOSAAM e do Grupo Longevidade Saudável, em São Paulo.

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Testosterona reduz risco de infarto e derrame em homens mais velhos Pesquisadores da University of Kansas Medical Center, nos EUA, fizeram a descoberta após estudarem os desfechos cardiovasculares em mais de 83 mil homens, ao longo de 15 anos

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mbora a deficiência de testosterona seja muito comum em homens com mais de 50 anos, muitas vezes o diagnóstico é negligenciado por médicos de diferentes especialidades. Felizmente, contudo, este quadro começa a mudar graças, em grande parte, à preocupação com a saúde do coração. Estudo realizado por pesquisadores da University of Kansas Medical Center, nos Estados Unidos, mostrou que a terapia de suplementação de testosterona pode reduzir o risco de infarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral em homens mais velhos.

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A equipe de cientistas, liderada pelo cardiologista, professor e doutor Dr. Rajat Barua, examinou os desfechos cardiovasculares ocorridos ao longo de 15 anos, em mais de 83 mil homens, comparando as incidências de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral entre eles. Os pacientes tinham mais de 65 anos e nenhum apresentava histórico de infarto ou de derrame. A pesquisa foi feita entre 1999 e 2014. Os indivíduos estudados foram divididos em três grupos: um em que os homens foram tratados até o nível de testosterona total voltar ao normal; outro em que os pacientes fizeram reposição, mas não chegaram a atingir o nível normal novamente; e o terceiro formado por homens que não receberam a terapia e mantiveram níveis baixos do hormônio. Os resultados da pesquisa mostraram que no grupo com níveis normais de testosterona houve 24% menos casos de infarto do miocárdio e 36% menos casos de derrames, durante o período do estudo. Já no grupo que recebeu a reposição hormonal, mas sem alcançar os níveis normais, houve 18% menos eventos cardiovasculares e 30% menos casos de acidentes vasculares cerebrais.


Relação do hormônio com taxa de mortalidade

Palestra em congresso brasileiro

O grupo que não recebeu a terapia hormonal apresentou um número maior de eventos cardiovasculares e morte por todas as causas em comparação com os demais pacientes que receberam o hormônio. Esse foi o maior estudo observacional sobre o tema e também o primeiro a evidenciar a relação entre a normalização dos níveis de testosterona total com a redução da mortalidade, infartos agudos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais.

“A saúde cardiovascular e a atuação dos hormônios endócrinos na proteção do coração contra males como o infarto agudo do miocárdio, a insuficiência cardíaca e a arritmia” é um dos temas que serão apresentados pelo médico e professor norte-americano Dr. Ron Rothenberg, no V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) e do Grupo Longevidade Saudável.

O trabalho foi publicado no European Heart Journal, da Sociedade Europeia de Cardiologia, em agosto do ano passado. Segundo Dr. Rajat Barua, a ideia de realizar a pesquisa nasceu da necessidade dos próprios médicos em saber o que dizer aos seus pacientes sobre a terapia de reposição hormonal, uma vez que ainda existe relutância entre a classe médica com relação à prescrição do tratamento.

Um dos maiores eventos mundiais nas áreas de fisiologia hormonal e medicina integrativa, o congresso acontece entre os dias 28 e 30 de outubro deste ano, em São Paulo. Autor de diversos livros, Dr. Ron Rothenberg vai apresentar estudos que comprovam que a insuficiência de testosterona está relacionada às taxas de mortalidade por problemas cardiovasculares e aterosclerose, entre outros males.

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Tecnologias móveis podem trazer prejuízos à saúde Uso excessivo de dispositivos como celulares e tablets está relacionado a danos no corpo, além de estresse

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uso das novas tecnologias móveis, como tablets e smartphones, invadiu, nas últimas décadas, a vida cotidiana de homens e mulheres em todas as faixas etárias. O que muitas pessoas não percebem, contudo, é que a exposição excessiva aos aparelhos pode causar danos ao corpo, além de estresse. Um estudo publicado pela Chartered Society of Physiotherapy, associação que representa os fisioterapeutas do Reino Unido, mostra que são cada vez mais comuns os casos de text neck (“pescoço de texto”, em livre tradução), que se caracterizam por dores ligadas a tensões na nuca e no pescoço, graças à inclinação constante da cabeça para olhar a tela do computador ou celular.

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De acordo com a pesquisa, que envolveu mais de dois mil funcionários de escritórios, quase dois terços das pessoas entrevistadas utilizavam as tecnologias móveis para continuar trabalhando no trajeto de volta para casa, ou depois de já terem chegado. O estudo mostrou, ainda, que as pessoas trabalham, em média, duas horas extras diárias com o uso smartphones e tablets.


Mas a síndrome de pescoço de texto não afeta apenas os britânicos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o text neck já é considerado uma epidemia mundial. Estima-se que 75% das pessoas passem diariamente horas usando seus dispositivos portáteis, com a cabeça flexionada para a frente, o que resulta numa pressão intensa nas partes frontal e traseira do pescoço. De acordo com a fisioterapeuta especializada em Osteopatia Elizabeth Chagas, o mau posicionamento constante também pode levar a dores nos braços e no ombro. “Na cabeça, a dor proveniente da má postura concen-

E, para quem não tem muita disciplina com o uso do telefone, vale lembrar que ficar teclando o tempo todo pode trazer prejuízo também aos relacionamentos pessoais. Afinal, a área do cérebro encarregada da concentração necessária para escrever, o lobo frontal, é a mesma responsável por manter a atenção a alguém que está conosco. “A tecnologia prende a atenção de algumas pessoas de tal forma que elas acabam se desconectando do mundo a sua volta. Enquanto elas acompanham a vida dos amigos e informam aos outros o que está acontecendo nas redes sociais, praticamente esquecem a pessoa que está a sua frente”, comenta a psicóloga Amanda Cristina (CRP-RJ 440796), especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.

tra-se na parte da frente ou na lateral, mas também na região interna dos olhos. A flexão anterior do pescoço frequente provoca alterações na coluna cervical, em ligamentos, tendões e musculatura”, comenta. Ainda segundo a fisioterapeuta, outras queixas associadas ao text neck são dores nos dedos, nas mãos, nos pulsos e nos cotovelos. Algumas pessoas também apresentam dormência e formigamento nas extremidades superiores.

Mudança na postura Elizabeth explica que para evitar o problema o ideal é mudar a postura na hora de usar o dispositivo, além, é claro, de evitar o uso excessivo dele. “Usar o aparelho na altura dos olhos evita permanecer com a cabeça flexionada. Outra dica é apoiar o braço sobre uma mesa, quando estiver manuseando o aparelho. Isso ajuda a reduzir a tensão dos músculos, tendões, ligamentos e discos articulares”, orienta a especialista, que ressalta que os tratamentos para text neck incluem massagem e uso de medicamentos, como relaxantes musculares e anti-inflamatórios.

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Larissa, atleta nota 10

Fotos: Divulgação

A jogadora, que, junto com Talita, forma a atual dupla campeã brasileira da modalidade, fala da preparação para brigar nas areias de Copacabana pelo ouro olímpico

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la sempre foi apaixonada por esportes e chegou a praticar basquete e handebol, antes do voleibol. Aos 20 anos, trocou as quadras pela areia da praia. Hoje, Larissa França vive uma das melhores fases de sua carreira e é uma das grandes apostas do Brasil para o ouro nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Maior vencedora de etapas do Circuito Mundial de Vôlei de Praia na história, com 58 medalhas de ouro, a atleta forma, com a jogadora Talita, a atual dupla campeã brasileira da modalidade. E dentro do trabalho de preparação para o pódio olímpico, Larissa tem se dedicado às disputas nos torneios do Circuito Mundial. “As melhores duplas do mundo estão nestes torneios. Todas as equipes que estarão nas Olimpíadas disputam constantemente as etapas do Circuito Mundial. E o alto nível dos jogos nos ajuda a aprimorar a preparação técnica, tática e psicológica, pois sempre somos exigidas ao máximo”, conta.

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a aparência da pele mais saudável, mais limpa e menos ressecada”, diz a jogadora.

A jogadora lembra que no Centro de Treinamento, montado na reserva ecológica da Sapiranga, em Fortaleza, a rotina de treinos da dupla para brigar pelo ouro nas areias de Copacabana tem sido intensa. “Nossa equipe conta com 11 profissionais de diferentes áreas, como estatístico, psicólogo, preparador físico, fisioterapeuta, técnico, auxiliares técnicos, nutricionista, fisiologista e também um mental coach. Entendemos que sem uma equipe técnica não teríamos condições de estarmos onde estamos. Nossa comissão técnica está diretamente ligada aos nossos resultados”, explica a atleta, eleita pela Federação Internacional de Vôlei a melhor jogadora e melhor jogadora ofensiva de 2015. Segundo Larissa, quando não estão disputando torneios, ela e Talita se

dedicam, no período da manhã, à preparação física, e, à tarde, trabalham a parte tática. Após o treino, as atletas fazem massagem e fisioterapia. Já durante os torneios, a programação é elaborada pela comissão técnica de acordo com os jogos de cada etapa.

Outro cuidado importante para ela envolve a dieta e a suplementação. “Temos uma nutricionista na nossa equipe e sabemos da importância que a alimentação tem na nossa profissão. Assim, seguimos um cardápio balanceado, elaborado para atender às necessidades físicas em

Vaidade sempre E será que, com tamanha dedicação, ainda sobra tempo para a vaidade? A resposta é: sim. Sempre com o visual impecável, Larissa lembra que, na modalidade, as atletas ficam muito expostas ao sol e precisam se cuidar, não só por causa da aparência, mas para estarem bem fisicamente. “Cuido principalmente da pele e dos cabelos. Além de bastante hidratação, uso protetor solar, para deixar

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“Voleibol é um vício, acho que quando parar, vou sentir muita saudade da adrenalina, dos jogos e da rotina diária” Larissa França

períodos de treinamento e competições. Como gastamos muita energia, temos que nos alimentar muito bem e com muita qualidade, evitando frituras e doces, entre outros alimentos”, comenta.

Planos futuros Sobre a vida profissional, a jogadora – que foi campeã mundial, em 2011, na sua modalidade – diz que ainda não decidiu se vai continuar em quadra nos próximos anos. “Nesse momento, estou 200% focada nas Olímpiadas”, reforça. Quanto ao sonho de ser mãe, Larissa, que havia parado de jogar no final de 2012 para engravidar – mas acabou voltando às quadras dois anos depois, após sofrer dois abortos – adianta que não desistiu. O plano vem apenas sendo adiado, por conta da maratona de treinos e jogos.

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Para o futuro, quando decidir parar de jogar, a atleta pretende continuar praticando atividades físicas para manter o corpo e a saúde, e se dedicar a um negócio próprio. “Voleibol é um vício, acho que vou sentir muita saudade da adrenalina, dos jogos e

da rotina diária. Mas penso em investir em outra atividade, no ramo infantil. Tenho um buffet e pretendo me envolver nisso”, conclui.

Carreira premiada Em maio, em evento realizado pela confederação Brasileira de Voleibol (CBV) para premiar os melhores atletas do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia na temporada 2015/16, Larissa levou seis prêmios: melhor jogadora, craque da galera, melhor levantamento, melhor saque, melhor recepção e melhor defesa. A atleta também foi medalha de bronze nas Olímpiadas de Londres, em 2012, e levou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, disputados no Rio de Janeiro, e de 2011, em Guadalajara, no México.


Vôlei de praia melhora o condicionamento físico Além de melhorar a definição muscular, a atividade ajuda a queimar calorias e aumenta o condicionamento físico

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realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro vem estimulando o interesse pela prática de algumas modalidades ao ar livre, como o vôlei de praia. Segundo o educador físico e fisiologista Júlio César Fernandes, os maiores benefícios dos exercícios praticados à beira-mar, na areia, estão relacionados aos níveis de propriocepção articular: a capacidade de percepção de movimento, peso, resistência e posição do corpo. Fernandes, que é treinador da dupla de jogadoras de vôlei de praia Rebecca e Neide e fisiologista da jogadora Lili Maestrini, ressalta, ainda, que a prática do vôlei de praia garante um excelente condicionamento físico. Além disso, a atividade trabalha bastante os músculos das coxas, glúteos e abdômen.

ataque e bloqueios durante o jogo resultam numa excelente definição muscular”, comenta. Com relação ao gasto calórico, o fisiologista lembra que a queima de calorias varia, de acordo com a intensidade do treinamento, podendo ir de 500 a 600 calorias, em treinos menos intensos, a até 800 calorias em uma sessão de exercícios mais “puxados”. Para quem quiser praticar a atividade, um cuidado essencial é com o sol. Além de protetor solar, é fundamental usar boné e óculos escuros. Fazer alongamentos, antes e depois da partida, também é importante. Outro cuidado deve ser a hidratação, como lembra Fernandes. ”Além da hidratação da pele, o ideal é a ingestão de líquidos, para repor os sais minerais e eletrólitos”, orienta.

“A exigência primária dos movimentos curtos e explosivos, de deslocamentos e saltos, e a necessidade de equilíbrio dinâmico nas ações de defesa,

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Andropausa Uma condição clínica ainda negligenciada

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ais da metade dos homens brasileiros desconhecem o fato de que, com o passar dos anos, ocorre uma queda na produção do hormônio masculino testosterona, levando a sintomas como sensação de cansaço, depressão, alterações no humor, perda de massa muscular, aumento da gordura corporal – principalmente no abdômen –, além de disfunções sexuais. A constatação foi feita por meio de estudo da Sociedade Brasileira de Urologia em parceria com a Bayer. Na pesquisa, foram ouvidos 3,2 mil homens em oito capitais. Entre os entrevistados, 51% disseram nunca ter ido ao urologista, 30% atribuíram os sintomas da andropausa ao excesso de trabalho e ao estresse do dia a dia, e 68% disseram não saber a diferença entre terapia de reposição hormonal e uso de estimulante sexual. O fenômeno da desinformação sobre a deficiência androgênica e seu tratamento por meio da modulação hormonal não ocorre apenas no Brasil. Apesar de inúmeros estudos científicos e ensaios clínicos já terem demonstrado que a andropausa é uma condição clínica e que a reposição de testosterona é uma terapêutica segura e eficaz, ainda há

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Deficiência de testosterona é comum em homens com mais de 50 anos, mas, na maioria das vezes, não é identificada pelo médico

uma certa resistência dentro da comunidade médica quanto à prescrição da terapia. Por isso, um grande número de homens acaba sofrendo desnecessariamente, pois muitos especialistas veem o declínio dos níveis do hormônio como uma consequência natural do avanço da idade, não havendo, portanto, nada que se possa ou deva fazer sobre isso. No Reino Unido, por exemplo, pesquisa publicada na revista The Ageing Male mostrou que 20% dos homens com idade acima dos 50 anos têm deficiência de testosterona. O estudo durou 25 anos e analisou quase 2,5 mil homens, que tiveram o nível de testosterona medido ao longo do tempo, usando diferentes métodos de avaliação.


Falta de tratamento De acordo com o professor e doutor inglês Dr. Malcolm Carruthers, um dos autores da pesquisa, um dos motivos para muitos pacientes com deficiência androgênica estarem sem tratamento é a metodologia usada para medir os níveis de testosterona (exame laboratorial feito com a amostra de sangue), que está desatualizada. Além disso, os resultados encontrados são comparados apenas com os de outros homens da mesma idade. “Assim, muitos homens na andropausa podem ter sofrido uma redução hormonal grave, desde seus 30 anos, mas a análise de seu sangue não mostra nada fora do comum, uma vez que o resultado atual está dentro dos padrões para esta faixa etária”, explica. O especialista diz que, no Reino Unido, cerca de dois milhões de homens na meia-idade, o que equivale a um em cada cinco britânicos, poderiam se beneficiar do tratamento, mas este tipo de exame ultrapassado, somado às preocupações desnecessárias com a segurança da terapia de reposição, impede que a vasta maioria dos pacientes receba o tratamento.

Conferência em evento no Brasil Autor de vários livros e de diversos estudos indexados a diferentes periódicos acadêmicos, Dr. Malcolm Carruthers é um dos destaques da programação do V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da WOSAAM e do Grupo Longevidade Saudável. O evento acontece entre os dias 28 e 30 de outubro deste ano, na cidade de São Paulo. Além de apresentar uma teoria inovadora que explica por que o corpo se torna resistente à testosterona, Dr. Carruthers vai expor também porque boa parte da classe médica e órgãos reguladores ainda resistem em adotar a reposição, apesar da eficácia da terapia.

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Conhecimento científico para suavizar o envelhecimento e reduzir a mortalidade Palestrantes do V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da WOSAAM vão expor como tratamentos hormonais e terapias nutricionais podem otimizar a saúde e promover a qualidade de vida

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otimização da saúde e a promoção da qualidade de vida são os temas centrais das palestras que serão apresentadas no V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) e do Grupo Longevidade Saudável. O evento, um dos maiores do mundo nas áreas de fisiologia humana e medicina preventiva, será realizado entre os dias 28 e 30 de outubro deste ano, no Centro de Convenções do Maksoud Plaza Hotel, em São Paulo. O público estimado é de cerca de 700 médicos, entre brasileiros e estrangeiros. Paralelamente, no dia 28, acontece o V Workshop de Nutrição Bioquímica Fisiológica, voltado para nutricionistas, e contará com palestras de profissionais de diferentes áreas da saúde. Assim como em anos anteriores, a programação científica vai contemplar temas de grande importância e relevância

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científica, com conferências de alguns dos mais importantes nomes que representam o modelo de medicina no contexto mundial. “Teremos um conjunto de palestrantes de alto nível, de diferentes especialidades médicas, que vão abordar temas abrangentes, o que certamente irá contribuir para a polarização do conceito do modelo de medicina que praticamos. Durante os três dias do Congresso, serão apresentadas literaturas científicas que sustentam os temas fundamentais


Alguns dos palestrantes com presença confirmada

que propomos”, comenta o médico Ítalo Rachid (Cremesp 114612), diretor científico do Grupo Longevidade Saudável e vice-presidente da WOSAAM para a América Central e América do Sul. Um dos conferencistas presentes no evento será o ginecologista e obstetra Dr. Uzzi Reiss, que vai falar sobre os benefícios e a segurança da terapia de reposição de estrogênio em mulheres em diferentes faixas etárias, incluindo mulheres com

Dr. Thierry Hertoghe

câncer de mama. Em sua palestra, o médico israelense radicado nos Estados Unidos também apresentará estudos e evidências científicas que comprovam que a insuficiência estrogênica deteriora a saúde da mulher. Outro destaque do Congresso será a entrega do prêmio Longevidade Saudável 2016. Criado no ano passado, o prêmio é um reconhecimento aos médicos que mais têm contribuído para a polarização do modelo de medicina praticado por mais de 5 mil médicos brasileiros e mais de 200 mil no mundo inteiro. Em 2015, foram agraciados com o troféu o médico italiano Dr. Walter Pierpaoli, uma das maiores autoridades mundiais sobre o uso da melatonina; o belga Dr. Thierry Hertoghe; e o diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, Dr. Ítalo Rachid.

Dr. ´Italo Rachid

Dr. Uzzi Reiss

Dr. Anoop Chaturvedi

Hormônios e rejuvenescimento do aspecto físico

Dr. Malcolm Carruthers

A programação científica contará, ainda, com o seminário “Estratégicas Terapêuticas no Envelhecimento Masculino e Feminino”, ministrado pelo Dr. Thierry Hertoghe, presidente da WOSAAM e da International Hormone Society (IHS). O médico vai falar sobre a intervenção hormonal no tratamento do envelhecimento de homens e mulheres para a face, cabeça, pescoço e cabelos. Dr. Hertoghe fará ainda palestra sobre a terapêutica hormonal e a suplementação de pacientes com a Síndrome de Burnout. Outros palestrantes internacionais

Dr. Ron Rothenberg

Dr. Jacob Teitelbaum

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Dr. Cícero Galli Coimbra

Dr. Jorge Hallack

Prof. Dr. Hugo Maia

V Workshop de Nutrição Bioquímica Fisiológica já confirmados para o evento são os doutores Anoop Chaturvedi, Malcolm Carruthers, Ron Rothenberg e Jacob Teitelbaum. Já o médico Ítalo Rachid vai falar sobre o uso na prática clínica do Inflamograma, conjunto de marcadores sanguíneos criado a partir de uma tecnologia totalmente desenvolvida no Brasil, com o apoio da Biominas Brasil e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Priscila Machado

Demais palestrantes brasileiros Dr. Artur Lemos

Dr. Luís Carlos Marques

Sandra Matta

A programação traz, também, outros três palestrantes brasileiros: Dr. Cícero Galli Coimbra, que vai falar sobre aplicações da vitamina D na prevenção e tratamento de doenças, além de seus benefícios na gestação; Dr. Jorge Hallack, que vai apresentar aspectos clínicos, fisiológicos, metabólicos e ambientais em homens com hipogonadismo; e o Professor Dr. Hugo Maia, que irá abordar o tema: “Associação da Gestrinona Vaginal em Pentravan com a testosterona na Modulacão Hormonal no Climatério”.

A palestra de abertura do V Workshop de Nutrição Bioquímica Fisiológica caberá à nutricionista Priscila Machado, mestre em Nutrição Bioquímica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do evento. Sob o tema “Nutrição e Transtornos de Ansiedade”, Priscila vai explicar os aspectos gerais a serem equilibrados no organismo a fim de se obter uma boa produção de neurotransmissores e hormônios, prevenindo a doença. “O estresse emocional vem do mal funcionamento da química do corpo e do cérebro”, lembra a especialista. O Workshop terá, também, palestra com médico cardiologista Dr. Artur Lemos, que falará sobre a interpretação de exames laboratoriais convencionais para traçar a estratégia terapêutica dentro da prática clínica Ortomolecular. Já o especialista em Fitoterapia, Mestre em Botânica e professor de Farmacognosia (segmento que trabalha com drogas e substâncias medicinais em seu estado natural) Dr. Luís Carlos Marques vai apresentar aos nutricionistas os benefícios das raízes da Pfaffia glomerata para a saúde física, mental e sexual. O evento tem ainda como palestrantes a nutricionista Sandra Matta, que vai falar sobre dietas da moda na visão da Medicina Integrativa; o Dr. Ítalo Rachid, que apresentará a conferência “Modulação Hormonal e as Pausas hormonais. O que o nutricionista precisa saber?”; e o nutricionista e educador físico Marcelo Carvalho, que abordará o tema “Mecanismo de Ação dos Neurotransmissores”.

Mais informações sobre o evento em: www.longevidadesaudavel.com.br/vcongresso/inscricoes 52

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fitness

Crossfit ganha espaço nas academias Saiba mais sobre a modalidade de exercícios que aposta na superação dos limites e na competição entre participantes para melhorar a capacidade cardiorrespiratória, o tônus muscular e a flexibilidade

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resente em milhares de academias em todo o mundo, inclusive no Brasil, e escolha de muitas celebridades para manter a forma, o Crossfit vem ganhando cada vez mais adeptos no mundo fitness. A atividade mescla uma série de exercícios funcionais de forma dinâmica, trocando os aparelhos tradicionais das salas de musculação por itens inusitados, como barras e anilhas olímpicas, kettlebells (bolas de ferro fundido com uma alça), correntes, cordas, caixas de madeira e até pneus de trator.

algum condicionamento básico. Para pessoas sedentárias, que estão começando a se exercitar, a prática pode ter potencial lesivo, por sua grande intensidade. Mais do que uma atividade física, o Crossfit é uma competição. A disputa entre os participantes é estimulada, com a utilização de placares, onde são registradas realizações e pontuações obtidas em cada exercício. Segundo Eduardo Netto, diretor técnico da rede de academias Bodytech, a disputa não só serve como meio de motivação, mas também como indicador

Entretanto, o principal elemento para a prática da modalidade é o peso do próprio corpo. “As maiores vantagens para quem pratica o Crossfit são o estímulo e a grande quantidade de músculos envolvida em cada série. A modalidade permite obter, de forma rápida, ganho de força e de potência muscular, além de melhorar a capacidade aeróbica”, comenta o ortopedista Marcelo Serrão (CRM RJ 557540). Outros benefícios do exercício são o aumento da flexibilidade, da agilidade, da coordenação motora e do equilíbrio. O especialista alerta, no entanto, que o treino é interessante principalmente para quem acha a musculação monótona, mas já tem

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Mais do que outras modalidades, o Crossfit demanda um alto grau de supervisão de profissionais especializados, principalmente em relação aos iniciantes, que ainda não desenvolveram qualidades físicas mínimas para realizar os exercícios

da evolução dos resultados. “Como trata-se de uma plataforma de performance online, os próprios alunos conseguem fazer comparações entre eles”, explica Netto.

Cuidados para evitar lesões

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Mais do que outras modalidades de fitness, o Crossfit demanda um alto grau de supervisão de profissionais especializados, principalmente em relação aos iniciantes, que ainda não desenvolveram qualidades físicas mínimas para suportar os complexos exercícios.

Na Bodytech, por exemplo, o primeiro passo para ingressar nos treinos de alta intensidade é conhecer os movimentos e as técnicas. O aluno realiza aulas em pequenos grupos de conhecimento, para então dar continuidade ao programa.

A orientação profissional vai garantir ao praticante que ele tenha o padrão motor necessário para executar os movimentos da forma correta, evitando assim, possíveis lesões. Vale lembrar que cada participante tem um limite a ser respeitado e que deve ser percebido e respeitado pelo profissional responsável.

“Dessa forma viabilizamos a segurança da aula e a certeza de que o aluno irá executar os movimentos básicos com eficácia, uma vez que eles já foram ensinados e os possíveis erros, corrigidos. É muito importante que os movimentos sejam bem executados. E, somente após um período com bastantes repetições, é possível utilizar carga, de acordo com a instrução do profissional”, explica Eduardo Netto.

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O Dieta pode reduzir pela metade o risco de Alzheimer 58

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mal de Alzheimer, que atinge cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo e é uma das doenças mais pesquisadas por cientistas de diferentes países, ainda esconde muitos mistérios quando o assunto é prevenção. Porém, uma dieta apresentada por cientistas norte-americanos pode ser a chave para ajudar a evitar o desenvolvimento do problema. O estudo foi publicado do periódico Alzheimer’s & Dementia, e durou uma década, tendo acompanhado cerca de mil pessoas, com idades entre 58 e 95 anos. O nome da dieta é MIND (palavra em inglês que significa “mente”) e a escolha não foi por acaso. Ela também é a sigla para Mediterranean-DASH Intervention for Neurodegenerative Delay, algo como Intervenção da Mediterrânea-DASH para Atraso Neurodegenerativo. De acordo com os resultados do trabalho, aqueles que aderiram 100% à dieta tiveram o risco de desenvolver o Alzheimer reduzido em 53%, em relação as pessoas que seguiram padrões convencionais de alimentação. Já os participantes que seguiram a nova estratégia de forma moderada tiveram o risco diminuído em 35%. Ainda segundo os responsáveis


pelo estudo, quanto mais tempo uma pessoa seguir a MIND, menor será o risco de desenvolver a doença. O programa alimentar é uma mistura de dois tipos de dietas, a Mediterrânea e a DASH (Dietary Approaches for Stop Hypertension, ou Abordagem Dietética para Hipertensão, em tradução livre). O trabalho foi desenvolvido por cientistas da Universidade Rush, em Chicago, que investigam a incidência da doença e formas de retardar ou evitar seu aparecimento. Vale lembrar que tanto a dieta Mediterrânea quanto a DASH são recomendadas pela classe médica de vários países, para reduzir o risco de doenças cardiovasculares, como a hipertensão, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral. Porém,

agora, os pesquisadores descobriram que, juntos, os programas alimentares fornecem proteção também contra a demência.

Programa alimentar fácil de ser seguido Segundo a líder do estudo, a doutora Martha Clare Morris, que é professora de Epidemiologia e diretora do Departamento de Nutrição e Epidemiologia Nutricional da Universidade Rush, a dieta MIND é mais fácil de ser seguida do que outros padrões alimentares, como a dieta mediterrânea, por exemplo, que inclui o consumo diário de peixes e entre três e quatro porções diárias de diferentes tipos de frutas e de legumes.

Redução do risco de desenvolver o Alzheimer

53% Redução do risco para os participantes que seguiram a dieta de forma completa.

35% Redução do risco para os participantes que seguiram a dieta de forma moderada.

Dieta MIND inclui 15 grupos de alimentos, como vegetais de folhas verdes, nozes, grãos, azeite, frutas silvestres, feijão, cereais integrais, carne branca (peixes e aves) e sementes oleaginosas A MIND inclui 15 grupos de alimentos, entre eles vegetais de folhas verdes, nozes, grãos, azeite, frutas silvestres, feijão, cereais integrais, carne branca (peixes e aves) e sementes oleaginosas. Também inclui a ingestão de uma taça diária de vinho. Por outro lado, evita alimentos como carnes vermelhas, manteiga, margarina, queijo, bolos, doces e alimentos fritos ou industrializados. Para chegar ao novo padrão alimentar, os cientistas usaram informações de pesquisas anteriores, sobre os efeitos de alimentos e nutrientes no funcionamento do cérebro ao longo do tempo. “Existe uma quantidade crescente de estudos e metanálises mostrando que o consumo alimentar pode retardar ou reduzir o declínio cognitivo. E esta pesquisa veio reforçar estas indicações”, comenta a especialista em Nutrição Clínica Funcional, Renata Carvalho (CRN SP 2.187).

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O envelhecimento na sétima arte

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ais do que nunca, o envelhecimento vem sendo tratado de forma criativa pelas artes, especialmente o cinema. O documentário Alive Inside: A Story Of Music and Memory (Vivo Por Dentro: Uma História de Música e Memória, em livre tradução), dirigido e produzido pelo norte-americano Michael Rossato-Bennett, por exemplo, mostra os muitos benefícios que a música pode trazer para os mais velhos, especialmente para aqueles que sofrem com o Alzheimer. O longa começa com uma mulher de 90 anos, em uma casa de repouso, que tenta responder perguntas sobre a vida no país na época em que ela era criança. E ela repete: “Desculpe, não me lembro”. Em outra cena, quando alguém lhe dá um iPod com músicas que ela costumava ouvir quando jovem, a personagem abre um sorriso enorme e seus olhos brilham. Ela, então, é capaz de descrever canções e fatos ocorridos em bailes a que ia com as amigas. O filme, vencedor do Sundance Festival Film, na categoria escolha popular, foi baseado no trabalho da instituição Music & Memory (Música e Memória), criada pelo norte-americano Dan Cohen. A entidade treina enfermeiros e outros profissionais que trabalham em casas de repouso e clínicas para idosos para configurarem playlists personalizadas de músicas para seus pacientes.

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Mostra e filme italiano Outro projeto criado para estimular a reflexão sobre temas diversos que afetam a pessoa idosa foi o projeto “Mostra + 60 Envelhecer é uma Arte!”, trabalho realizado com o apoio da Prefeitura de Salvador. A mostra temática reuniu filmes dedicados ao público da terceira idade, que foram exibidos em sala de cinema, abrigos e universidade. E ainda nas telonas, o filme Youth (A Juventude), do cineasta e roteirista italiano Paolo Sorrentino, também trata do tema de forma lúdica. O longa, que tem no elenco principal os atores Michael Caine, de 83 anos, Jane Fonda, de 78, e Harvey Keitel, de 77, conta a história de aposentados ricos em um resort na Suíça. E mostra como lidar com a chegada da velhice, sem perder a energia. Para quem ainda não viu, vale a pena conferir!



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Afeto dos pais ajuda no desenvolvimento cerebral dos filhos Segundo cientistas, o hipocampo cresce duas vezes mais rápido em crianças que recebem mais carinho e apoio emocional da mãe e do pai

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amor e o apoio emocional dos pais são importantes para que as crianças cresçam saudáveis; não há dúvidas quanto a isso. Uma pesquisa, entretanto, foi mais longe nessa relação. Segundo o estudo, realizado por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, o afeto recebido na idade pré-escolar está diretamente ligado ao desenvolvimento cerebral. De acordo com a líder do estudo, a psiquiatra infantil e professora Dra. Joan Luby, o hipocampo cresce duas vezes mais rápido em crianças com até seis anos de idade cujos pais ou cuidadores demonstram carinho e apoio

emocional. Essa é a área do cérebro responsável por habilidades como a formação da memória, a aprendizagem e o controle das emoções. O estudo foi feito com 127 crianças, ao longo de cerca de seis anos, sendo que todas foram acompanhadas desde a fase pré-escolar até o início da adolescência. Durante o período, foram realizados vários testes comportamentais (atividades envolvendo mãe e filho) e exames periódicos de ressonância magnética nas crianças, para observar o desenvolvimento cerebral. As imagens obtidas comprovaram os impactos do comportamento materno / paterno no hipocampo dos pequenos. O resultado do trabalho foi publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. De acordo com os cientistas, a boa relação entre a criança e os pais durante a primeira infância é vital,

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As imagens do cérebro mostraram que, mesmo que a mãe ou o pai se tornem mais afetuosos quando o filho já está um pouco mais velho, não é possível compensar os anos em que o amor foi negligenciado

pois este é um período sensível em que o cérebro responde mais ativamente. Em entrevista ao site Science Daily News, a Dra. Joan Luby disse que isso ocorre devido à maior plasticidade do cérebro quando as crianças são mais novas. Os pesquisadores puderam observar, nas imagens do cérebro de algumas crianças, que, mesmo que os pais se tornem mais afetuosos mais tarde, quando o filho já está um pouco mais velho, não é possível compensar os anos em que esse amor foi negligenciado.

Interações entre mães e filhos Ao longo do estudo, mães e filhos foram submetidos a experiências moderadamente estressantes. Enquanto a mãe tinha que completar uma tarefa, por exemplo, era dado à criança um presente – mas não a autorização para abri-lo. Situação similar pode ser vivida no dia a dia familiar,

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como quando a mãe está cozinhando e o filho quer atenção. As interações entre mães e filhos foram gravadas, para que os pesquisadores pudessem avaliar se elas eram afetuosas ou não com os pequenos. De acordo com os cientistas, este tipo de teste pode desafiar as habilidades maternas. As mães que conseguiram manter a calma e completar sua tarefa, enquanto ofereciam algum tipo de apoio emocional ao filho (como, por exemplo, reconhecer sua impaciência e dizer que às vezes é preciso esperar para fazer alguma coisa), foram classificadas como mais afetuosas e mais acolhedoras. Já as que ignoravam a criança ou agiam de maneira punitiva recebiam notas menores em termos de apoio emocional. Os resultados mostraram, ainda, que o crescimento maior do hipocampo estava associado ao desenvolvimento emocional mais saudável na transição entre infância e adolescência. Outra observação feita pelos pesquisadores foi que crianças que receberam afeto e atenção de cuidadores, como um dos avós, por exemplo, também apresentaram resultados positivos, o que significa que o apoio pode vir de outras pessoas próximas, em lugar dos pais.



Hormônios: amigos do cérebro

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á algum tempo, a sociedade científica sabe que o uso de terapias de reposição hormonal pode ajudar a prevenir e retardar doenças neurológicas degenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson. O hormônio ouabaína, liberado naturalmente pelo organismo durante exercícios físicos, por exemplo, ativa substâncias que apresentam um efeito neuroprotetor no sistema nervoso central (SNC), como demonstrou estudo feito por cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP). Já a deficiência do hormônio feminino estrogênio, como demonstrou o pesquisador e professor de Epidemiologia e Neurologia Dr. Walter Rocca, pode representar um aumento de 140% no risco de Alzheimer em mulheres na menopausa ou que tenham sido submetidas a histerectomia total (retirada cirúrgica do útero e ovários). Segundo o especialista, que é professor da Faculdade de Medicina Clínica Mayo, nos Estados Unidos, a

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terapêutica de reposição hormonal tem grande impacto na saúde mental feminina, incluindo o humor, a memória e a intelectualidade. O neurologista Dr. Leonardo de Almeida (Cremesp 14.0011) explica que o estrogênio, assim como a progesterona, atua no sistema nervoso central, exercendo ação protetora contra o estresse oxidativo e os danos causados pela proteína amiloide. “Várias pesquisas já mostraram que as mulheres têm duas vezes mais chances de ter Alzheimer, devido à queda de produção hormonal. Um destes estudos, publicado na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, mostrou que há uma redução de 30% no risco desse tipo de demência em mulheres que começam a fazer reposição hormonal em até cinco anos após a menopausa”, explica o especialista.


Encefalopatia traumática crônica

Traumatismo cranioencefálico Embora seja um tema pouco abordado na literatura científica, vítimas de traumatismo cranioencefálico (TCE) podem apresentar queda na produção de hormônios, o que acaba agravando a condição de saúde. “O TCE pode ocasionar traumas no hipotálamo e na glândula pituitária, ocasionando perturbações na homeostase dos hormônios gonadotróficos FSH e LH, que atuam no sistema reprodutivo, interferindo na função sexual, por exemplo”, comenta Dr. Almeida. De acordo com o especialista, vítimas de TCE podem apresentar sintomas crônicos, que às vezes surgem décadas após a lesão inicial. E a reposição hormonal pode reduzir os déficits funcionais destes pacientes, em relação à atenção, à memória, o funcionamento motor e à insônia.

Você já ouviu falar de encefalopatia traumática crônica (ETC)? Este é o nome de uma doença neurodegenerativa progressiva, decorrente de traumas repetitivos na cabeça, mesmo que leves. O problema afeta principalmente atletas que praticam esportes de contato físico, como boxe, futebol americano, hóquei e rugby, por exemplo. Segundo os especialistas, os golpes repetidos provocam o acúmulo de uma proteína que causa o processo degenerativo no cérebro. O neuropatologista forense Dr. Bennet Omalu foi o primeiro a descobrir, em 2002, a doença em um jogador da liga de Futebol Americano. A descoberta do Dr. Omalu é o tema do filme “Um homem entre Gigantes”, que tem como título original Concussion. Escrito e dirigido por Peter Landesman, o longa é estrelado por Will Smith, que interpreta o médico.

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Reposição de estrogênio: uma terapia segura

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ocê sabia que o estrogênio protege a saúde feminina? Durante o período de vida hormonal mais ativa, a substância atua principalmente nos vasos sanguíneos, exercendo um efeito protetor vascular. Mas, com a queda de produção do hormônio, que se acentua por volta dos 50 anos, as paredes dos vasos podem ficar menos elásticas e mais vulneráveis. Vários estudos científicos já comprovaram a eficácia e a segurança da terapia de modulação hormonal para mulheres na menopausa ou que foram submetidas à cirurgia de histerectomia (retirada do útero). Uma destas pesquisas foi feita por especialistas da North American Menopause Society, que acompanharam mais de 7,5 mil mulheres por cerca de seis anos. O resultado do trabalho mostrou uma diminuição de 20% no risco de câncer de mama, além de redução do risco de morte por outras doenças, como as cardiovasculares. O estudo, publicado no periódico The Lancet Oncology, incluiu mulheres que fizeram reposição hormonal apenas com estrogênio.

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Outro benefício da terapia é a prevenção da osteoporose e das fraturas em mulheres acima de 60 anos, ou nos dez primeiros anos após o começo da menopausa.

Especialista norte-americano A segurança e eficácia da terapia hormonal com estrogênio em mulheres com diferentes faixas etárias, incluindo pacientes com histórico de câncer de mama, será tema de palestra no V Congresso Internacional de Fisiologia Humana da WOSAAM e do Grupo Longevidade Saudável. O evento será realizado entre os dias 28 e 30 de outubro, em São Paulo. Convidado para falar sobre o assunto, o ginecologista e obstetra Dr. Uzzi Reiss vai abordar, ainda, como a insuficiência estrogênica deteriora a saúde da mulher, e como fatores de riscos genéticos e individuais para o câncer de mama podem ser revertidos a partir da terapia nutricional.



Médico brasileiro

foi um dos destaques no

5º Annual Pro-Aging Europe Congress WOSAAM

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ais importante evento no calendário anual da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) na Europa, o 5º Annual Pro-Aging Europe Congress reuniu palestrantes de diferentes países, inclusive do Brasil. O médico Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612) representou o Brasil na seleção formada por 15 conferencistas internacionais. Diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, o médico fez sua apresentação abordando o tema “O Papel da Melatonina na Regulação do Envelhecimento Humano”.

Palestra do Dr. ´Italo Rachid abordou o papel do hormônio melatonina na regulação do envelhecimento humano

O Congresso contou com a participação de cerca de 700 médicos de 17 países, com atuação em diversas especialidades como Oncologia, Endocrinologia, Obstetrícia e Ginecologia, Geriatria, Psiquiatria e Clínica Geral, entre outras. Além disso, especialistas em Farmacologia e Nutrição também participaram do evento, que ocorreu em novembro do último ano, na cidade de Bruxelas, na Bélgica. “Foi um enorme prazer participar deste grupo seleto de palestrantes, que lá estiveram para partilhar com os demais colegas médicos as últimas descobertas em seus campos de atuação”, comenta Dr. Rachid, que é vice-presidente da WOSAAM para a América Central e América do Sul, e vice-presidente da International Hormone Society (IHS) para a América do Sul. A melatonina é um hormônio cuja principal função é induzir o sono, mas a substância também participa de outros processos fisiológicos, como auxiliar o sistema imunológico. Com o envelhecimento, há uma queda na produção do hormônio, e nos idosos, o ritmo de síntese é uma pequena fração, em comparação ao observado em indivíduos com idade entre 20 e 30 anos.

Sobre a WOSAAM A WOSAAM é uma sociedade mundial que hoje reúne mais de sete mil médicos de diferentes especialidades, em todo o mundo. O objetivo principal da instituição é promover a prática de medicina preditiva e preventiva, por meio de pesquisas e eventos voltados para a educação médica continuada. A WOSAAM tem como presidente o médico belga Dr. Thierry Hertoghe, considerado uma das grandes autoridades mundiais sobre o assunto.

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Quantas horas seu filho precisa dormir para crescer saudável?

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ocê sabe quantas horas seu filho precisa dormir para crescer saudável e ter uma vida longeva? Não? Tudo bem, não precisa perder o sono se preocupando com isso. A Academia Americana de Medicina do Sono (American Academy of Sleep Medicine) acaba de divulgar um trabalho com diretrizes que definem quanto tempo devem dormir de bebês a adolescentes. O consenso, que alerta que o sono adequado está relacionado à melhoria da atenção, do comportamento, da aprendizagem e da saúde física e mental, foi publicado na edição de junho do Journal of Clinical Sleep Medicine. Segundo os especialistas, bebês de quatro a 12 meses devem dormir entre 12 e 16 horas por dia, o que inclui cochilos. Para crianças com um a dois anos, a recomendação é entre 11 e

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14 horas de sono por dia, enquanto que os pequenos com três a cinco anos devem dormir de 10 a 13 horas. Para os maiores, com idades entre seis e 12 anos, é recomendado dormir de 9 a 12 horas, em uma base regular, dentro das 24 horas. Para adolescentes a partir dos 13 anos, o ideal são entre 8 e 10 horas de sono. Para chegarem ao consenso, os especialistas revisaram evidências científicas anteriores sobre a duração do sono e saúde, e usaram recomendações da Academia Americana de Pediatria feitas em diferentes momentos, para diferentes faixas

etárias. De acordo com os especialistas, lactentes com menos de quatro meses não foram incluídos porque eles têm uma ampla gama de padrões normais de sono. “O sono é essencial para uma vida saudável e é importante que as crianças cheguem à adolescência e à vida adulta dormindo horas suficientes”, confirma a médica Dra. Magda Nunes (CRM 12713 RS), especialista em Neurologia Pediátrica. Segundo ela, o sono insuficiente aumenta os riscos futuros para doenças como a obesidade e o diabetes, além de acidentes e depressão entre adolescentes.



Cultura e lazer A

tividades de cultura e lazer estão diretamente relacionadas ao estado de bem-estar e de saúde. A conclusão é de cientistas noruegueses e suecos, que realizaram uma pesquisa com mais de 51 mil pessoas, a maioria delas com idades entre 40 e 69 anos. De acordo com o trabalho, publicado no periódico científico inglês Journal of Epidemiology and Community Health, indivíduos que frequentam museus e vão a exposições de artes, além de praticarem outras atividades culturais, como ir ao cinema, ao teatro ou a shows musicais, tendem a possuir melhor forma física e mental, e sofrem menos de depressão e ansiedade. Para chegarem à conclusão, os pesquisadores pediram aos voluntários que respondessem dois questionários. O primeiro era uma avaliação da própria saúde física e mental: hábitos de vida – como tabagismo, consumo de álcool e prática de atividades físicas. Já o segundo, abordava a frequência das atividades culturais inseridas no dia a dia, de forma criativa, como tocar um instrumento musical, por exemplo, ou de forma receptiva, como

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melhoram indicadores de saúde

ir a uma exposição artística. Os voluntários também foram submetidos a perguntas para identificar sintomas de ansiedade e depressão. Segundo os cientistas, aqueles que participavam mais de atividades culturais, tanto criativas quanto receptivas, revelaram-se mais satisfeitos com a vida, demonstraram melhores indicadores de saúde e menos sintomas de ansiedade e depressão. No caso dos homens, especificamente, o lazer receptivo, como assistir a um evento esportivo, também foi associado com os indicadores de saúde. Já entre as mulheres, o lazer criativo foi o que teve ligação mais forte com esses indicadores.

Serotonina e ocitocina “Este estudo reforça que vivenciar momentos de lazer é essencial para alcançar qualidade de vida. Fazer um programa com amigos, ir ao cinema,


O médico lembra que, quando praticamos atividades culturais e de entretenimento, também são estimulados os centros cerebrais de recompensa. “Ativar estes centros garante a sensação de bem-estar e de prazer, e a cultura e o lazer podem ser importantes estimulantes. O lazer aumenta nossa rede de relacionamentos sociais, podendo atuar, ainda, no combate ao estresse”, comenta.

assistir a uma peça de teatro ou ir a um museu são atividades que podem ajudar a aumentar o nível do neurotransmissor serotonina e do hormônio ocitocina no organismo. Estas substâncias estão associadas ao bem-estar e, consequentemente, à saúde física”, explica o clínico geral Dr. Daniel Lopes Marques (CRM SP 43752), professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ainda de acordo com Dr. Marques, participar de atividades culturais também serve para exercitar o cérebro, pois permite desenvolver o aprendizado e a inteligência. O médico ressalta que a arte nos ajuda a não nos sentirmos sozinhos, pois podemos perceber a existência de outras pessoas que compartilham os mesmos sentimentos que nós, como quando assistimos a show musical, por exemplo.

Outras atividades de lazer, como caminhar no parque, passear de bicicleta ou praticar um esporte amador também podem contribuir com a longevidade

“Aproveitar as horas de folga para a prática de atividades físicas também pode ajudar a prevenir doenças”, lembra, ainda, Dr. Marques, que explica: “não se trata daquela prática de exercícios com periodicidade com data e hora marcada, por obrigação. Mas atividades físicas de lazer, como caminhar no parque ou na praia e andar de bicicleta.”

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Olhos: uma ‘janela’ para o cérebro

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s olhos são capazes de revelar muito sobre nós. Eles podem refletir nosso estado emocional, nossas lembranças e até fornecer pistas sobre o modo como pensamos. Esta “janela” para o cérebro pode, inclusive, ser usada como um detector de mentiras! É o caso da tecnologia EyeDetect, que permite, em poucos minutos, identificar se a pessoa submetida ao teste está mentindo. O sistema, lançado no mercado no ano passado pela empresa norte-americana Converus, já foi adquirido por várias empresas e alguns departamentos de polícia, como o de Salt Lake City.

Alterações na pupila

Mas, como ele funciona? Ao contrário do polígrafo, cujo teste se baseia no sistema nervoso, o EyeDetect usa um computador equipado com webcam. Por meio dos raios infravermelhos da câmera é possível perceber alterações na pupila. E o equipamento ainda capta reações involuntárias dos olhos, como quando ficam demasiadamente parados ou fazem movimentos bruscos. Essas reações servem de teste para pegar os mentirosos. A ideia de criar a tecnologia foi do especialista em polígrafos e cientista da Universidade de Utah, John Kircher, e de seu amigo psicólogo Doug Hacker.

Uma terceira pesquisa, esta desenvolvida na Universidade de Leiden, na Holanda, descobriu também que a variação está relacionada ao grau de incerteza de uma pessoa, num momento de tomada de decisão. Quando estamos inseguros quanto à uma escolha, acabamos nos agitando, e as pupilas se dilatam.

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Diversos estudos já comprovaram a relação entre os olhos e a mente. Um deles, feito por especialistas da Arizona State University, nos Estados Unidos, mostrou que a dilatação das pupilas reflete a criação e a retenção de lembranças. Outro levantamento apontou, ainda, que, quanto mais o cérebro precisa trabalhar para elaborar uma resposta a alguém, mais as pupilas se dilatam.



artigo

Gestão e Mercado para consultórios e clínicas Seis passos para você ganhar tempo, dinheiro, qualidade de vida e prestígio social

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uais são os resultados que você pretende em seu consultório ou em sua clínica? Qualidade de vida e prestígio social? Para isso, você precisa ganhar dinheiro. A maioria dos profissionais da saúde tem uma carga de trabalho extenuante porque troca o seu tempo por dinheiro, perdendo qualidade de vida. Como reverter isso? Aplique os seis passos de Gestão e Mercado!

Passo 1 – Gestão de Produto Fazendo três perguntas, diagnosticamos o problema do seu consultório ou da sua clínica: 1. Onde você trabalha? 2. Quais são as suas especialidades? 3. O atendimento é particular ou por meio de plano de saúde? A partir daí, identificamos onde você deve focar seus esforços para ter os resultados desejados. Esse é um importante ponto de partida.

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Passo 2 – Gestão de Pessoas A gestão de pessoas tem por objetivo formar uma equipe altamente eficaz, tendo as pessoas certas nas funções certas.

Passo 3 – Gestão do Ponto O Ponto define o tipo de cliente que você tem. O tipo de cliente que você tem define o futuro do seu consultório ou da sua clínica.

Passo 4 – Gestão de Preço Como cobrar preços justos pelos seus serviços?

Passo 5 – Gestão da Promoção Comunicação não é o que você diz. Comunicação é o que o outro entende. É através da comunicação certa que você se conecta com o mercado.

Passo 6 – Mercado O que fazer para ter os clientes certos no mercado?

Dr. Roberto Caproni Graduado em Odontologia e em Administração de Empresas. Pós-graduado em Marketing e Psicologia. Especialista em franquias pela Franchising University.

O sucesso de um profissional da saúde depende da interação sinérgica e coerente entre os seis passos, isso é: Produto, Pessoas, Ponto, Preço e Promoção em função do Mercado. Fila de espera, ociosidade. Excesso de trabalho, baixa qualidade de vida. Estresse, baixa rentabilidade. Esses são sintomas que evidenciam que o seu consultório ou a sua clínica não estão indo bem, que se encontram em desequilíbrio. Receba gratuitamente o “Manual de Gestão e Mercado para Consultórios e Clínicas” e conheça com detalhes os seis passos para você ganhar tempo, dinheiro, qualidade de vida e prestígio social através das modernas ferramentas de Gestão e Mercado. O manual está disponível na versão impressa, no formato e-book, em vídeo ou em podcast. Solicite o seu exemplar pelo site www.grupocaproni.com ou pelo telefone 0800 283 8765.



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minutos para cuidar do corpo

Estudo realizado por pesquisadores franceses mostra que atividades físicas de curta duração reduzem o risco de morte em pessoas com mais de 65 anos

prática de 15 minutos diários de exercícios por homens e mulheres com mais de 65 anos pode ser suficiente para reduzir em mais de 20% o risco de morte nessa faixa etária. A afirmativa é de pesquisadores franceses, que apresentaram um estudo sobre o tema no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, realizado em junho, na cidade de Sophia Antipolis, na França. A ideia do estudo nasceu da constatação de que boa parte dos idosos tem dificuldade em cumprir com o mínimo recomendado de 150 minutos de atividades de intensidade moderada ou 75 minutos de exercícios aeróbicos por semana. “A idade não é uma desculpa para não fazer exercícios. E está bem estabelecido que a atividade física regular tem um efeito global melhor sobre a saúde, em relação a qualquer

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tratamento médico. Porém, menos de metade dos adultos mais velhos consegue atingir o mínimo recomendado. E nós descobrimos que um nível mais baixo de atividade, como 15 minutos diários de caminhada em velocidade rápida, por exemplo, também trouxe benefícios, em comparação com idosos inativos”, explicou o médico especialista em Medicina do Esporte, Dr. David Hupin, líder do estudo, que atua no Departamento de Clínica e Fisiologia do Exercício do Hospital Universitário de Saint-Etienne, na França. O estudo também foi publicado no jornal científico Science Daily online, e parte do acompanhamento de dois grupos de participantes. Um deles, formado por mais de mil franceses com 65 anos (à época do início da pesquisa, em 2001) foi monitorado por 12 anos. O outro grupo, com


de 35% no risco de morte. Aqueles que realizaram exercícios dentro dos níveis preconizados apresentaram uma redução de 28% no risco, em comparação aos sedentários. Entre as pessoas que realizaram apenas metade da quantidade recomendada de exercícios físicos, foi constatado uma redução de 22% no risco de morte.

pessoas de diferentes nacionalidades, tinha aproximadamente 122 mil indivíduos, com idade de cerca de 60 anos, e foi acompanhado por 10 anos.

quantidade de energia gasta apenas sentado. Já os níveis preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) equivalem a entre 500 e 1.000 MET/minutos por semana.

Níveis de atividade física

Durante o estudo, ocorreram 88 mortes no grupo de franceses e 122 óbitos no segundo grupo. De acordo com Dr. Hupin, os resultados reforçaram que, quanto mais atividade física, menor o risco de morte. Entre os indivíduos que fizeram atividades acima da quantidade recomendada, foi possível perceber uma redução

O nível da atividade física foi medido usando uma equação chamada Metabolic Equivalent of Task (MET), referente à quantidade de energia (calorias) despendida por minuto de atividade física. Para se ter uma ideia, um MET/minuto por semana equivale a

O cardiologista Dr. Ricardo Peixoto (CRM RJ 717339), que atua no Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), concorda com o resultado da pesquisa. Segundo ele, idosos que sentem dificuldades em realizar mais exercícios podem começar com níveis mais baixos, e depois ir aumentando progressivamente a intensidade da atividade física. “Isto é melhor do que tentar mudar radicalmente hábitos já existentes. Quinze minutos por dia é algo razoável para que estas pessoas possam, com o tempo, se aproximar dos níveis recomendados de 150 minutos por semana”, explica.

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Perfil de genotipagem em obesidade

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or que com a mesma dieta e o mesmo nível de atividade física algumas pessoas engordam e outras não? A ciência tem pesquisado muito para entender a fisiopatologia da obesidade e produziu algumas respostas interessantes. Voltemos no tempo: vamos conhecer a hipótese dos “genes parcimoniosos”, desenvolvida por Neel, em 1962. Há milhares de anos, o estilo de vida da espécie humana era muito diferente. Havia períodos de disponibilidade e outros de escassez de alimentos. Nesse contexto, os indivíduos que apresentavam variantes genéticas (alelos) que permitiam menor gasto energético tinham uma grande vantagem. Durante o período de disponibilidade de alimentos, eles acumulavam mais energia, na forma de gordura, e depois a utilizavam no peDr. Marcelo Ladeira ríodo de escassez de alimentos – o Geneticista e diretor científico que facilitou sua sobrevivência. da Multigene. Tem pós-doutorado na área de Genética, e foi responsável pelas disciplinas de Nutrigenômica e Farmacogenômica no programa de Pós-graduação em Patologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp).

Assim, fomos selecionados ao longo da evolução para ganharmos peso com facilidade e perdermos com dificuldade. Entretanto, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, nosso estilo de vida mudou radicalmente. Passamos a gastar menos energia no trabalho e no lazer, adotamos uma dieta rica em carboidratos e alimentos altamente energéticos, o que criou um constante balanço positivo de energia.

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Estima-se que 57% dos brasileiros estejam com sobrepeso ou obesos. A dieta rica em carboidratos e produtos químicos presentes em alimentos industrializados é pró-inflamatória, e inflamação favorece ganho de peso. Mesmo assim, há uma grande heterogeneidade na resposta frente à dieta, a qual está relacionada à microbiota e fatores epigenéticos e genéticos. Em virtude disto, começou-se a busca pelo “gene da obesidade”. Estima-se que 40 a 70% da variação na suscetibilidade à obesidade seja determinada pelos genes. Portanto, é vital a utilização de um perfil de genotipagem que ajude a apontar porquê um paciente emagrece 8 kg com uma dieta hipocalórica, enquanto o outro não; se o paciente responderá melhor ou não a dieta “low carb”, mediterrânea ou balanceada; qual percentual de gordura, carboidratos e proteínas otimiza a perda de peso; qual percentual de gordura monoinsaturada e ômega 3 acelera a perda de peso; se o uso de melatonina ou fitoterápicos pode melhorar a sensação de saciedade; se há tendência a consumir doces ou compulsão alimentar; se atividade física levará à boa perda de peso etc. Resumindo, um perfil de genotipagem em obesidade pode fornecer ao profissional ferramentas importantíssimas para montar o melhor tratamento para perda peso, ou, melhor ainda, prevenir o ganho de peso. Sem milagres, só ciência aplicada.



Os perigos do uso contínuo do

lítio

Estudo da Universidade de Oxford alerta: tratamento prolongado com a substância pode causar insuficiência renal, hipotiroidismo e hipercalcemia

U

sado há décadas no tratamento de pacientes com transtorno bipolar, distúrbio psiquiátrico caracterizado por oscilações de humor, entre períodos de depressão e de grande euforia (mania), o lítio pode também trazer grandes prejuízos à saúde. É o que aponta estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Publicado no periódico The Lancet, o trabalho mostrou que a terapia com a substância está associada a um declínio na função renal, ao hipotiroidismo e à hipercalcemia (nível elevado de cálcio no sangue). O médico inglês Dr. Brian Shine, patologista químico que liderou o estudo, diz que o uso prolongado do lítio causa várias doenças renais,

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entre elas o diabetes insipidus nefrôgenico, distúrbio no metabolismo da água e do sódio, caracterizado por sintomas como sede intensa e aumento no volume de urina. Outros efeitos adversos são os riscos de acidose tubular renal, acúmulo de ácido no corpo, nefrite tubulointersticial, inflamação renal e disfunção renal crônica. Segundo o especialista, mulheres jovens que fazem uso prolongado do medicamento estão mais suscetíveis a apresentarem problemas renais e o hipotireoidismo, em relação aos homens. O resultado da pesquisa, realizada entre 1982 e 2014, com


pacientes de diferentes faixas etárias, mostrou ainda que a terapêutica com o lítio causa problemas nos sistemas endócrino e neurológico. O neurologista Dr. Paulo Bertolucci (CRM SP 40309) explica que o lítio passou a ser usado na terapia do transtorno bipolar na década de 1970, quando foi aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA), responsável pelo controle dos alimentos, suplementos alimentares, medicamentos e outros produtos nos Estados Unidos. Hoje, seu uso é considerado eficaz por conseguir reduzir entre 70% a 80% dos episódios de oscilações da bipolaridade, e também na prevenção de novas ocorrências. O médico ressalta que estudos comprovaram que a substância proporciona um efeito antioxidante que diminui o estresse oxidativo, que é danoso às proteínas, lipídios e DNA das células. Porém, já há algum tempo sabe-se que o uso prolongado provoca diversos efeitos colaterais.

Riscos adversos cumulativos “Embora os benefícios sejam comprovados, os pacientes apresentam efeitos como aumento de peso, retenção de líquidos, hipotireoidismo e outros problemas no sistema neurológico”, comenta o especialista, que ressalta que os riscos adversos podem ser cumulativos. Por isso, é preciso acompanhar o estado de saúde do paciente constantemente.

Segundo o médico, o mecanismo de ação do lítio com relação ao distúrbio bipolar, assim como sua toxidade no organismo, não estão totalmente estabelecidos, embora várias pesquisas tenham sido realizadas nos últimos anos. “A interrupção do uso muitas vezes pode se tornar um dilema, pois há o aumento no risco de recorrência de episódios de alterações do humor. O ideal é que o médico fique atento ao monitoramento dos efeitos adversos, pois uma identificação precoce reduz o impacto dos efeitos colaterais na saúde”, orienta. No caso de crianças e adolescentes diagnosticados com transtorno bipolar, segundo o médico, os cuidados ao prescrever a terapêutica com a substância devem ser redobrados. “Esta é, sem dúvida, a primeira opção para pacientes adultos, mas, mesmo com este público, é preciso cautela, fazer muitas avaliações, manter o peso do paciente com dietas etc. É um tratamento complexo para evitar os efeitos colaterais”, conclui.

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Clima instável Entenda como mudanças bruscas na temperatura podem afetar a saúde

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ocê sai de casa de manhã usando roupas leves. Mas, no meio da tarde, uma mudança na temperatura te surpreende; o tempo esfria e você não está preparado. Mais do que desconforto, situações como essa podem trazer prejuízos para a sua saúde. Quando os termômetros apresentam grandes variações de forma repentina, um dos primeiros problemas pode ocorrer no nariz. Os cílios nasais, pelos microscópicos que têm como função filtrar as partículas inspiradas, ficam com dificuldade para se movimentar, prejudicando a limpeza do ar antes que ele atinja os pulmões.

Segundo especialistas, a mudança brusca do clima pode levar, ainda, a quadros de alergia respiratória e resfriados. “Podemos ter em um mesmo dia calor, umidade da chuva e frio. E esta instabilidade é sentida pelo organismo. Os sistemas mais exigidos são o respiratório e o cardiovascular”, comenta o pneumologista Dr. Jorge Carvalho (CRM 254230). Entrar e sair de ambientes climatizados, principalmente no verão, também é uma ameaça ao bem-estar.

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“Se você está em casa ou no trabalho, com ar-condicionado, e sai à rua e está muito quente lá fora, ocorre um choque térmico, o que exige que o organismo faça adaptações para se adequar ao novo meio. Neste caso, por exemplo, quando você passa do quente para o frio, em função de mecanismos de circulação em vasos periféricos e centrais, a pressão sanguínea tende a cair. Quem tem hipotensão pode ter a condição acentuada e apresentar sintomas como vertigem”, afirma o médico, que é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Carvalho explica que o choque térmico é interpretado pelo corpo como um estresse sofrido pelo organismo, por isso há uma série de alterações na cadeia metabólica como, por exemplo, a liberação de citocinas, o que pode provocar a queda da imunidade. Ainda segundo o especialista, os mais vulneráveis aos problemas causados pela mudança de temperatura são as crianças e os idosos.




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