Boletim Informativo Clube Niteroiense de Montanhismo Ano X – número 24 Niterói, Março de 2014
Expedição ao Aconcágua A maior montanha das Américas
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Croqui: Conquista da Via Golpe do Cartão • Vistoria na Trilha do Santo Inácio • Chapeletas: Instalação correta • Uma brasileira no Everest • Carboidrato e Escalada •
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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 24
mensagem do presidente
sugestão de leitura
Que venha 2014!
Tenha uma boa leitura!
Por Alex Figueiredo
Por Vinicius Araújo
Finalmente! Estamos chegando ao Equinócio de Outono, um pré-inverno!
Morte e Vida no K2 de Graham Bowley O autor relata a temporada de 2008 no K2, na qual varias expedições de diversos países se uniram num esforço conjunto de subir a montanha considerada por muitos como a mais difícil do mundo, mas que após uma sucessão de erros e fatalidades, 11 pessoas morreram num dos maiores desastres da história do montanhismo. A história é muito bem contada de uma forma que te faz prender ao livro, seja pela riqueza de informação dos montanhistas envolvidos na tragédia ou pelos momentos apreensivos ao longo do relato.
Mas o mais importante ..., o sol finalmente se afastou de nós! Tendo a sua proximidade maior com o Equador e não o Trópico de Capricórnio, que fica em nossa faixa latitudinal! Bom, o que significa isso¿ Significa que finalmente o sol está nos dando uma trégua, e estamos novamente chegando a alta temporada de montanhas! Olhem pela janela e se questionem do “por que” estão em suas casas! Dessa forma ... vamos para a floresta e para as rochas! Dêem uma geral nos seus equipamentos e releiam e pratiquem procedimentos e, depois ... À FLORESTA! E A VANTE! Grande abraço a todos, e lembrem que a Abertura da Temporada de Montanhismo na Urca está chegando! fotos de atividades
MUTIRÃO NOS COLIBRIS
Em Busca da Alma de Meu Pai de JamlingTenzingNorgay com BroughtonCoburn Uma boa leitura sobre uma ótica diferente da subida ao cume do Everest. O livro relata a tentativa do filho do primeiro homem (SardarTenzingNorgay) a chegar ao cume do ponto mais alto do mundo na temporada de 1996, na qual 19 pessoas morreram, numa visão sherpa de como subir o Everest. Sozinho no Polo Norte – uma aventura na terra dos esquimós de Thomaz Brandolin O livro relata a preparação e a viagem de Thomaz e seu amigo cão Bruno ao polo norte da Terra, numa expedição solo. A história é contada como um diário de viagem com os detalhes do diaa-dia, contando os problemas e as alegrias encontrados ao longo do caminho, mas a interação entre Thomaz e Bruno é um capitulo a parte e que emociona. Vale a pena ler o livro, pois a história te prende com o rumo que as coisas vão acontecendo.
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história
Uma brasileira no ponto mais alto do mundo Por Eny Hertz e Leandro do Carmo
o Medicina da Aventura e em 2012 foi eleita a presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Áreas Remotas e Esportes de Aventura, que tem como principal objetivo divulgar e fortalecer este novo conceito de médico no Brasil.
Passaram-se 42 anos desde a conquista do Everest até que o primeiro brasileiro colocasse os pés no cume da montanha mais alta do mundo, em 1995. De lá para cá, 13 pessoas levando a bandeira verde e amarela já conseguiram tal feito, número que só cresce a cada ano, e em 2013 foi a vez de Karina Oliani. Karina iniciou sua maior e mais difícil missão no dia 29 de março de 2013. Após dias de aclimatação e enfrentando nevascas, Karina Oliani e Pemba Sherpa chegaram ao cume do Everest às 7h38 da manhã, no horário do Nepal. Com o feito, ela se tornou a mulher brasileira mais jovem a chegar ao topo do mundo, com 31 anos. Depois de uma escalada difícil e por causa dos fortes ventos, Karina foi obrigada a dormir uma noite na Zona da Morte, a 8.000 metros de altitude, no acampamento C4, local onde normalmente um alpinista fica apenas algumas horas. Karina foi obrigada a passar mais de 30 horas no C4, aguardando a melhora no clima. A estratégia deu certo, mesmo sabendo que nessa altitude o corpo se desgasta muito mais. A espera angustiante deu a ela a chance de um ataque ao cume com ventos moderados. Karina formou-se na Fundação Medicina do ABC, em 2007 e tem pós em Nutrologia pela Faculdade de Ciências médicas da Santa Casa de São Paulo. Em 2008 viajou pros Estados Unidos para se especializar em uma área médica até então desconhecida no Brasil, Wilderness Medicine e é a 1ª médica da América Latina a ter esse diploma. Juntamente com outro colega médico, Karina fundou
Como médica voluntária, Karina navegou durante semanas a bordo de um barco-hospital chamado ABARÉ nos afluentes do Rio Amazonas, foi para uma das regiões mais áridas do sertão do Piauí e trabalhou na Ruanda, na África Central, em um projeto chamado Cure Blindness, entre outras áreas remotas do mundo. Apaixonada por montanhas, Karina já esteve três vezes nos Himalaias . E desde sua primeira visita ao Nepal, ela se encantou com a simplicidade e a hospitalidade do povo local chamado Sherpas. Um povo que fala sua própria língua, que se assemelha a um dialeto tibetano, vivem nas regiões próximas ao Monte Everest. Grata ao Nepal e aos Sherpas por sua amizade e pelas inesquecíveis experiências que Karina viveu neste país, ela quis retribuir um pouquinho a esse povo por todo seu trabalho de décadas ajudando escaladores, do mundo inteiro, a conquistarem seus objetivos e realizarem seus sonhos. Percorrendo a trilha a caminho do acampamento base do Everest, Karina conheceu de perto a dificuldade básica deles como conseguir água para tomar banho ou cozinhar. Os Sherpas percorrem grandes distâncias, em terrenos irregulares, enfrentando temperaturas congelantes, apenas para conseguir água. Essa situação fez com que a escaladora buscasse alternativas para realizar a instalação de um sistema de água encanada para os moradores de Bomdoka, próximo ao vilarejo onde nasceu seu companheiro de escalada. A obra do sistema de água foi idealizada por Karina juntamente com Pemba. Mas o trabalho foi 100% mérito dos moradores locais e a obra foi coordenada por Pemba. Karina e sua família financiaram o projeto. Os Sherpas do vilarejo trabalharam duro para que fosse concluído o mais rápido possível. “Não basta querer, você também precisa lutar. Sonhos só se tornam realidade se você batalhar.
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SEGURANÇA/TÉCNICA
Instalação e utilização correta das chapeletas Por Leonardo Aranha
Muito se pode falar dos diferentes tipos de proteção na escalada, suas variações, cuidados e peculiaridades. Por se tratar de um assunto vasto, neste artigo, me limitarei a falar somente das chapeletas. Seja pelos elevados preços, pelas dificuldades em fixálas ou mesmo pela cultura local, este tipo de proteção fixa ainda é pouco utilizado nas montanhas do Brasil. Por outro lado, já há algum tempo que são cada vez mais comuns em nossas paredes, em especial nas escaladas esportivas. Com a presença cada vez mais frequente das “chapas”, também são mais frequentes os erros de instalação e uso destas proteções. Abaixo cito alguns dos pontos que devem ser observados. Na instalação: Alguns cuidado devem ser tomados logo na instalação. • Antes mesmo de iniciar a conquista precisamos observar o local e a rocha parta definir o tipo de proteção adequado. As chapeletas não devem ser utilizadas em ambientes salinos, assim como também não é aconselhado o uso em arenito ou quartzito. • Uma vez definida a utilização das chapeletas para a nova via, deve-se ter atenção à fixação (chumbadores). Dois tipos de chumbadores são encontrados, os tipo parabolt e os tipo UR (ou spit). Atualmente os UR’s não são mais utilizados na escalada, restando os parabolts para a colocação. Normalmente são utilizados os de 10mm (3/8”). • O ideal é que a chapeleta fique apoiada na parte lisa do parabolt após apertada a porca (sem que fique solta). Isso demanda um pouco de prática. • As arruelas são, em geral, as iniciadoras de ferrugem. É recomendado a utilização da arruela durante a expansão do parabolt (evitando arranhar a chapeleta), mas esta deve ser retirada para a colocação final. • Ao dar o aperto final, deve-se observar a posição da peça. O correto é que o parafuso esteja alinhado com a tração (parte inferior do olhal). Normalmente indicado na chapeleta. • Assim como os grampos, as chapeletas devem respeitas uma distância mínima de bordas ou de outras chapeletas de, no mínimo, 30cm.
No uso: Não diferente dos grampos, devemos sempre observar a colocação e a condição das chapeletas antes de confiar 100% nelas. Além disto, outros cuidados devem ser respeitados em sua utilização. • Não é porque as chapeletas são fáceis de remover que elas podem ser removidas. Retirar chapeletas de uma via sem a autorização do conquistador (ou responsável) e sem avisar a comunidade escaladora, além de ser considerado roubo, pode gerar um grande problema pra quem escala a via e acredita que vai encontrar uma proteção acima. • Na montagem do rapel NUNCA passar a corda direto na chapeleta como é feito com os grampos (exceto na chapeleta dupla da bonier, própria para isso), isso pode danificar seriamente sua corda e colocar sua vida em risco. Prefira abandonar um cordelete (mínimo 5mm) que arriscar-se. o No caso de uma parada dupla (sem corrente ou elos), deve-se passar um cordelete por dentro dos dois olhais e fechá-lo com um pescador duplo. A partir daí equalizar e preparar uma parada convencional. Passar a corda pela parada. o Para o rapel em uma única chapeleta, passe um anel de cordelete pelo olhal e meie a corda nas duas alças do anel. o Confira este artigo que explica bem os procedimentos de rapel em chapeletas: http://www. marski.org/artigos/121-artigos-tecnicos/427-comomontar-um-rapel-em-chapeleta Recomendo a leitura para mais informação: • http://www.marski.org/artigos/121-artigostecnicos/428-protecoes-fixas • http://espn.uol.com.br/post/357913_ protecoes-fixas-de-escalada-identificando-instalacoesperigosas
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Relato
Aconcágua – A maior montanha das Américas Por Vinícius Araújo
No início do ano de 2013, eu decidi que queria ir ao Monte Aconcágua e logo em seguida fiz o convite ao meu tio Leandro Nobre (que atualmente é o presidente do CET – Centro Excursionista Teresopolitano e que já tinha feito uma tentativa no ponto mais alto das Américas em 1992) para me fazer companhia nesta empreitada. Portanto, no dia 30/11/2013, partimos do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro e chegamos a Mendoza, na Argentina, que é uma cidade que fica perto da fronteira com o Chile e se encontra a cerca de 700m de altitude. Em Mendoza ficamos 2 dias para resolver as burocracias necessárias para conseguir as autorizações (“permiso”) para subir o Cerro Aconcágua, contratação de serviço de apoio e conseguir as últimas provisões que não valia a pena, ou não dava, trazer do Brasil. No 3º dia de viagem pegamos um ônibus para Penitentes, que é a região onde se encontra o Aconcágua, numa viagem de 4 horas. Lá despachamos as coisas que as mulas iriam levar (sim, mulas que levaram mais de 70 kg de material nosso), além de termos feito uma visita ao cemitério dos montanhistas que por lá pereceram e pudemos encontrar uma placa em homenagem ao Mozart Catão (1º brasileiro a subir o Monte Everest) que por lá morreu ao tentar a subida pela face sul da montanha junto com Alexandre Oliveira e Othon Leonardos. 1º Dia na montanha:
No dia seguinte, finalmente colocaríamos nossas mochilas nas costas (a minha tinha 28kg e a do meu tio tinha 23kg, estava bem pesado...) e entraríamos no parque aonde apresentamos o “permiso”. Com pouco mais de 10-15 minutos de caminhada já é possível ver o Cerro Aconcágua e admirar a sua imponência com seu topo nevado. No meio da tarde chegaríamos ao primeiro acampamento-base, chamado Confluencia (cerca de 3.400m de altitude). Neste acampamento passaríamos mais um dia nos aclimatando com a altitude fazendo um trekking até o mirante da face sul do Aconcágua, perto de um local chamado Plaza Francia, com o objetivo de subir até 4.200m de altitude e depois dormir mais baixo no acampamento-base (essa é boa uma técnica de aclimatação na altitude). Porém, ao chegar de volta no acampamento tivemos que fazer um exame médico para ver a pressão sanguínea, nível de oxigênio no sangue e batimento cardíaco; mas por alguma razão os meus batimentos cardíacos estavam altos demais (acima de 120 batimentos por minuto em repouso), apesar de estar me sentindo muito bem, e com isso fomos obrigados pela médica a ficar mais um dia em Confluencia para melhorar a aclimatação. 4º Dia na montanha: Liberados para continuar, acordamos cedo para fazer a travessia mais longa da jornada, que normalmente dura um pouco mais de 8 horas, mas como estávamos muito pesados levamos quase 12 horas de caminhada por um deserto chamado Playa Ancha e para finalizar a trilha ainda
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passamos pela Costa Brava, que um trecho bem vertical e cansativo, até chegarmos a Plaza de Mulas, que é o último acampamento-base e fica a 4.300m de altitude. Chegamos tarde e muito cansados, o suficiente para tomar uma bebida quente oferecida a nós, montar a barraca e dormir até o dia seguinte. O dia seguinte foi de descanso, pegar as coisas trazidas pelas mulas e de tomar as últimas decisões sobre o roteiro a seguir para chegar ao cume. Como tínhamos acesso à previsão do tempo dos próximos dias, resolvemos que faríamos uma aclimatação de mais 3 dias nas imediações de Plaza de Mulas e em seguida subiríamos em direção ao cume. Além disso, foi o primeiro dia que conseguimos entrar em contato com os familiares através da internet que tinha ali. Passamos mais um dia de descanso e justo no dia que mais nevou, deixando tudo ao redor branco. Aproveitamos para repor as energias, se alimentando bem para o que viria pela frente, mas ao mesmo tempo um pouco tedioso essa espera para poder continuar. Nos dois dias seguintes aproveitamos para fazer trekkings e melhorar a nossa aclimatação na altitude. O primeiro foi uma ida até o 1º acampamento avançado (Plaza Canadá – 4.900m de altitude), aonde aproveitamos para levar algumas coisas e deixar por lá para usar na subida definitiva, e o segundo foi uma ida até um hotel que está abandonado e que fica a cerca de meia hora de onde estávamos. 9º Dia na montanha: A partir de agora começaremos a subir a última parte da montanha em direção ao cume, com os trechos mais
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inclinados e contato direto com a parte nevada do Aconcágua (sendo necessária a utilização de bota plástica, crampon e roupa para neve – sem a necessidade de usar o piolet), no qual dormiremos uma noite em cada acampamento avançado. Com a mochila ainda bem pesada, subimos o primeiro dia em 5 horas até chegar a Plaza Canadá. Lá foi a primeira vez que foi necessário derreter neve para obter água e sem ter estrutura de banheiro. Ao final deste dia ocorreu o momento mais tenso da viagem, quando pedras bem grandes começaram a rolar num trecho logo ao lado de onde estávamos acampados. No dia seguinte, partimos em direção a Nido de Condores com a mochila mais pesada na viagem (já que adicionamos aquilo que havíamos deixado em Plaza Canadá no período de aclimatação), que pelas minhas contas devia ter mais de 30 kg. Depois de 6 horas de subida, chegamos ao destino do dia com 5.400m de altitude. A subida foi bem desgastante, com água congelada no início e sem muita disposição para fazer fotos e filmagem ao longo da caminhada. A essa altura, poucos movimentos já começam a cansar bastante, como montar uma barraca que não leva nem 10 minutos para ficar pronta. Neste ponto começamos a receber notícias de pessoas de outros grupos que foram obrigadas a voltar por estarem passando bem mal, provavelmente, por não terem se aclimatado o suficiente. O outro dia seria o últimos antes da tentativa ao cume e depois de 2 dias bem cansativos, resolvemos largar um pouco do peso excessivo, já que o tempo estava ajudando e provavelmente conseguiríamos fazer tudo na quantidade mínima de dias estipulado para subir. Após outras 6 horas de subida, chegamos a Cólera, com 6.000m de altitude e cada vez mais no cansamos com maior facilidade. Para completar, assim que chegamos tivemos que armar
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a barraca com o tempo nevando e foi só terminar que a neve parou de cair (brincadeira, né?). Agora, bastava se alimentar, se hidratar e esperar o dia seguinte para acordar ainda de madrugada para fazermos a última subida. 12º Dia na montanha: Hoje é o grande dia! Para fazer a tentativa ao cume é necessário acordar de madrugada para começar a subir antes do sol nascer para dar tempo de ir e voltar em segurança. Após estarmos prontos, começamos a nossa última subida por volta de 5:30h e a partir desse momento o frio estava nos castigando, porém, castigou mais ainda o meu tio, já que após insistirmos em avançar por 2 horas e fazer algumas paradas para tentar nos aquecer, ele tomou a difícil decisão de voltar para a barraca, uma vez que estava sentindo suas mão congelarem. Foi duro para eu aceitar que ele voltasse, masnos despedimos, desejamos sorte um ao outro e resolvi continuar sozinho, já que me sentia bem. A essa altura, vários grupos nos passaram, já que havíamos feitos algumas paradas, então foi aí que dei um esticão ao próximo grupo de pessoas e perguntei se podia acompanhá-los já que estava sozinho (pois podia acontecer alguma coisa e seria bom ter alguém perto para qualquer emergência). Foram dois americanos que me fizeram companhia ao longo de todo o resto da subida. Ainda pela manhã comecei a ter as primeiras dificuldades, como o fato das minhas 3 garrafas de água terem congelado e a partir daí beber só o pouco de derretia. Depois de uma parada para descansar e comer, por volta de 13:30h da tarde, começamos a subir a parte mais inclinada da subida e mais desgastante, mas após passar por esta parte já eram mais de 15h da tarde (horário limite estipulado pelos responsáveis pelo parque para estar no cume a tempo de voltar em segurança) e após passar por um dos guias que conheci por lá, perguntei quanto tempo faltava e após me indicar que eu levaria cerca de mais uma hora para o cume (ou seja, chegaria lá em cima as 16:15h da tarde) tomei a triste decisão de retornar sem conquistar o objetivo final que havia traçado desde o início (e pelo que pude constatar depois, provavelmente, cheguei a cerca de 6.800m de altitude, faltando menos de 200m), impulsionado também pelo grande cansaço que tomava conta do meu corpo, após cerca de 10 horas subindo em grande altitude e do tempo que havia fechado bastante na última meia hora, após um dia inteiro de sol aberto.
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Com isso comecei a descer junto com uns resgatadores de montanha que já estavam descendo com outras pessoas que precisavam de auxílio para descer. Porém, como eu estava cansado e desidratado (alias, eles acabaram me dando água para beber e me ajudou bastante), o ritmo que eles estavam impondo a todos que estavam juntos na descida estava acelerado para mim e por algumas vezes eu acabei caindo tropeçando nas próprias pernas. Após descer até uma altitude de segurança, decidi descansar um pouco e me despedi de todos que me ajudaram na descida, porém, logo depois da pausa, desci o último trecho sozinho até chegar na barraca aonde meu tio me esperava ansioso. Assim que cheguei só deu tempo de contar que tinha ficado perto do cume, beber agua e dormir, não queria saber de comer, apesar de terem insistido. No dia seguinte, acordamos tarde e após arrumar tudo devagar, por conta da altitude, saímos por volta do meio dia e descemos de uma vez só tudo que havíamos subido em 3 dias (percebemos que a descida levava, em média, 4 vezes menos do que a subida) e assim que chegamos em Plaza de Mulas no final do dia fui me consultar com a médica, já que as pontas do meus 10 dedos da mão estavam dormentes e ela me passou aspirina para tomar (que afina o sangue) e me garantiu que não era não era nada grave. Além disso, também fiquei com o pouco do rosto que ficou exposto ao sol e ao frio bastante queimado. No dia seguinte, depois de 14 dias dentro da montanha, só queríamos saber de sair dela e voltar para a cidade. Após mais 9 horas de descida estávamos de volta à entrada do parque com a sensação o de sonho realizado, mas com um gostinho de quero voltar aqui para concluir o que ficou faltando.
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saúde
Fatos sobre carboidrato e escalada Pesquisado por Eny Hertz
“Escalada é um esporte que requer um nível de energia bem alto. Para cada hora de escalada (subida) a pessoa queima 800 calorias. Problemas podem acontecer em longas escaladas já que o glicogênio (polissacarídeo) no corpo esgotará em torno de 2 horas e meia, a menos que um suplemento de carboidrato seja providenciado. Quando o glicogênio se esgota, os sintomas são: fadiga, desorientação e sono. O que não é nada seguro quando se está num paredão com ainda mais duas horas para chegar ao carro/barraca. É importante que uma dieta seja bem planejada para evitar esta situação. Nutricionistas recomendam que caso sua escalada dure mais que duas horas, você inicie seus planos de alimentação uma semana antes. Um método que tem sido bem sucedido com maratonistas e ciclistas de longa distância por décadas é a dieta com carboidratos. Nos três primeiros dias faz-se exercícios intensos seguindo uma alimentação com baixo teor de carboidratos. Esta etapa irá esgotar o glicogênio no corpo. Nos outros quatro dias (os que precedem a escalada) os exercícios devem ser mais leves e a dieta deve ser rica em carboidratos. Esta estratégia faz que o glicogênio do corpo duplique ou até triplique o nível normal. O dejejum do dia da escalada deve ser de 700 a 1000 calorias, das quais de 500 a 600 calorias de carboidratos. Essa refeição proporcionará carbo-hidrato suficiente para que a pessoa escale longas vias antes de atingir o ponto de fadiga, além de fornecer outras fontes de energia como proteína e gordura. Durante a escalada, deve-se consumir 50 gramas de carboidrato por hora (= 1 1/2 barra energética). É importante que isto seja visto como um procedimento de segurança na escalada. Nela não há espaço para erros ou negligências, inclusive com a alimentação. Além do carbo-hidrato, inclua também vitaminas, proteína, gordura e phytonutrientes (suco fresco de aloe vera por exemplo). Como regra, carboidratos fornecem energia nos 20 primeiros minutos, depois disto, a gordura passa a fornecer energia e após 2 horas, a proteína é utilizada para energia. Caso a dieta não tenha proteína suficiente, o corpo
continuará utilizando a proteína, só que agora através da queima de tecido muscular, como combustível, coisa que sem dúvida devemos evitar. A atenção com a alimentação deve continuar após a atividade. Existe um janela de 2 horas quando os carboidratos são facilmente absorvidos. Consumir somente 100 gr de carbo-hidrato neste período, fará com que os níveis de glicogênio voltem ao normal. Caso não o faça, seu corpo necessitará de vários dias para se recuperar, não importando o que você coma ou beba. Para as vias curtas (menos que 2 horas) não é preciso se preocupar tanto. É aconselhável que se leve um suplemento extra de comida para o caso da atividade demorar mais que o esperado.” Dentre as diversas funções atribuídas aos carboidratos, a principal é a energética. O glicogênio muscular é usado pelo próprio músculo, como fonte de energia na contração muscular. A refeição deve conter os dois tipos de carboidratos: • Os alimentos ricos em carboidratos simples são: cereais (arroz branco, trigo - pães, macarrão), mel, geleia de frutas, melancia, uva passa. Estes são rapidamente absorvidos pelo corpo. • Os com carboidratos complexos: maçã, pera, banana pouco madura (quanto mais madura, mais rica em carboidratos simples), leite, iogurte, lentilhas, grão de bico, centeio. Estes são lentamente absorvidos pelo corpo, saciando por um tempo maior. Cada grama de carboidrato fornece ao corpo 4 Kcal e, uma alimentação equilibrada, deve conter entre 50 e 55% de carboidratos. Phytonutrientes são os componentes básicos de uma planta, que oferecem múltiplos benefícios para a saúde, através de seus antioxidantes, anti-inflamatórios e outras propriedades. Grande parte das cores claras ou vibrantes, sabores e aromas nas frutas e legumes, são atribuídos aos phytonutrientes: manga, batata doce; tomates, goiaba, melancia; repolho, uva roxa e vermelha, framboesa, maçã vermelha, açaí etc.
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fique de olho
Ao se alimentar procure deixar seu prato bem colorido para obter uma variedade de nutrientes. Como nada tem somente um lado da moeda, evite: •
excesso de carboidratos no dia a dia, pois se consumido em altas doses pode pode levar ao aumento de colesterol, lipoproteínas de baixa densidade (LDL), triglicérides, aumento da glicemia e consequentemente da liberação da insulina, maior ocorrência de cáries dentárias, aumento da glicemia em diabéticos e aquela gordurinha acumulada no corpo.
Boa nutrição e boa escalada! Fonte: http://www.abc-of-rockclimbing.com http://pt.wikipedia.org/wiki/Carboidrato http://globoesporte.globo.com/atletismo/corrida-derua/noticia/2011/09/glicogenio-muscular.html http://www.tabelanutricional.com.br/alimentos/ contem/carboidratos http://www.infoescola.com/nutricao/carboidrato/ http://www.tuasaude.com/alimentos-ricos-emcarboidratos/ http://www.poliquingroup.com/ArticlesMultimedia/ A r t i c l e s / A r t i c l e / 4 8 7 / Re v i g o r e _ s u a _ D i e t a . aspx?lang=PT fique de olho
ATM DO PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS - Sábado dia 17/05/2014 ESPAÇO CASA DO MONTANHISTA 06h - Invasão dos Cumes: Escalavrado, Dedinho N. Senhora, Dedo de Deus, Cabeça de Peixe, São Pedro, São João, Agulha do Diabo, Pedra da Cruz, Verruga do Frade, Mirante do inferno. Público Alvo Montanhistas de Centros Excursionistas. 15h – Oficina de Montagem de Slackline Atleta Gideão Melo 16h - Oficina de Escalada. 19h – Recepção dos Montanhistas na Casa do Montanhista Solenidade de abertura • Exposição Fotográfica dos Clubes • Slides com Fotos da Invasão dos Cumes 20h às 22h– Show música ao vivo
fotos de atividades Eny e Alexandre Paredão Jardim
na manutenção da via
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croqui
Via Golpe do Cartão Por Leandro do Carmo
Conquista da Via Golpe do Cartão Depois de ter conquistado a via Bruno Silva, existia ainda mais um local, bem à direita da via, após uma linha de vegetação que vai da base até um grande diedro, em forma de teto. Talvez um novo setor... Não tinha nenhuma informação, somente que era um setor verde, denominado de “Aderências da Serrinha”, dentro do plano de setorização do PESET. Tinha que ir lá para conferir. A Eny havia me falado sobre a vontade de começar uma conquista só com as mulheres do CNM, mas ela ainda não tinha nenhum local em vista. Sugeri que fôssemos nesse lugar para darmos uma explorada. Quem sabe não seria ali... Aproveitei que estava de férias e marcamos uma investida durante a semana. Não tínhamos a mínima ideia de como chegaríamos e se chegaríamos a algum lugar!!! Conquistar não é só bater um grampo ou escolher a melhor linha na parede... Nesse caso tínhamos, também, que encontrar o melhor caminho, na verdade, abrir uma trilha. A nossa preocupação era que fizéssemos uma trilha que ficasse acessível e causasse o mínimo impacto. Paramos o carro num recuo, na subida da serrinha de Itaipuaçú e descemos até um gruta. Ali, vimos muito lixo e vestígios de que alguém frequentava o lugar. Fiquei até meio preocupado, pois ali, não tínhamos mais contato com a estrada. Seguimos caminho. Achei um passagem entre os blocos, subindo para a esquerda, onde saímos numa área mais aberta. Dali fomos seguindo até que bem a ao fundo avistei a parede, estávamos no caminho certo. A base era relativamente limpa, identificada por uma palmeira baixa com bastante espinho. Dali, conseguimos identificar a linha de possíveis vias. Um grande achado!!!! Principalmente por se tratar de um local com acesso relativamente fácil... Aproveitei para dar mais uma marcada na trilha e fazer alguns totens para orientar a próxima investida. Voltamos e conseguimos fazer o mesmo caminho da ida. Alguns dias depois a Eny voltou lá com a Alessandra e limparam um pouco mais a trilha, deixando o caminho bem consolidado e sem dúvidas. Foi feita uma terceira investida pela Eny e Alessandra
para baterem o primeiro grampo de um projeto que começaram. Na quarta investida ao novo setor, fomos bem mais preparados e com um pelotão maior!!!!! Fomos eu, Leonardo Carmo, Marcelo, Alessandra, Eny, Ary e Alexandre. Eu e Leonardo, encontramos o Marcelo no posto de gasolina no Largo da Batalha e quando o Leonardo foi pagar a gasolina que ele colocou no carro, seu cartão não passou, ele me falou que eu tinha que passar o meu... Pronto! Levei o golpe do cartão novamente!!!!! Ainda reclamei, mas não teve jeito.... fiz o pagamento!!! Rs Seguimos e paramos o carro no mesmo local da outra e refizemos a trilha. Chegamos até a base rapidamente, nos arrumamos e conversamos um pouco sobre o local. O Ary e o Alexandre ficaram dando um suporte à Alessandra e a Eny na conquista delas. Aproveitei para dar uma subida e dar uma reconhecida na área. Vi uma linha interessante bem a esquerda e sugeri que começássemos uma conquista ali. Deixei para o Leonardo Carmo iniciar a batida do primeiro grampo. O Marcelo foi acompanhando da base. Batido o primeiro grampo, o Leonardo desceu e foi a vez do Marcelo subir e iniciar a batida do segundo. Seria a primeira vez dele e passei algumas orientações. Ele seguiu subindo e achou um lugar um bom lugar para se apoiar para bater o grampo. Na marreta é diferente. Demora mais. Com o sol forte que está em cima do Rio de Janeiro nesses últimas semanas, qualquer cinco minutos é uma eternidade. Até que foi bem para uma primeira vez. Depois de um tempo marretando, ele desescalou e eu subi para terminar o furo. Mais alguns minutos e coloquei o segundo grampo. Observei a possível linha dali para cima, mas teria que ficar para uma próxima... O calor estava forte!!!!! Descemos e na base via que a Alessandra já estava colocando o terceiro grampo. As vias já estavam tomando forma e o local ganhado sua identidade! Bonito ver a galera marretando os grampos!!!!! Outros com a furadeira.... Muito bom!!!! Bem a direita, o Ary iniciou um projeto na linha que imaginei no primeiro dia que vim na parede. Essa vai ficar boa! Mas ficará para a próxima... Na quarta investida, agora só eu, Leonardo e o Marcelo estávamos presente. O resto do pessoal não pode
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comparecer. Decidimos continuar a conquista daquela via a esquerda. Marcamos no posto de gasolina no largo da Batalha, já cheguei avisando que tinha esquecido meu cartão em casa!!! Não iria cair novamente no golpe do cartão!!!! rs. Na trilha, percebi que já estava bem consolidada e não tinha como errar o caminho. Rapidamente, chegamos à base e já nos preparamos, coloquei todo o equipamento no baudrier, separei alguns grampos e deixei a mochila num canto. Comecei a subir. Fui primeiro para terminar a primeira enfiada. Costurei os dois primeiros grampos e segui mais para cima. Parei coloquei o terceiro grampo, subi mais um pouco e coloquei o quarto. Numa saída para a esquerda, acima de um buraco, no melhor lance até agora. O calor começou a apertar e rapidamente subi deixando o lance bem exposto, coloquei dois grampos para uma parada dupla. Já queria deixar a via pronta. O Leonardo veio e quando o Marcelo ia começar a escalar, lembrei que tinha deixado o resto dos grampos lá em baixo. Pedi para ele descer e pegá-los na mochila. Com todos na parada, perguntei quem gostaria de continuar a conquista. Como ninguém se manifestou, falei: “Já que ninguém vai, deixa comigo!” Comecei a subir. Já tinha visualizado o local onde gostaria de colocar os próximos grampos. Nesse começo da segunda enfiada, a via perde um pouco de inclinação, coloquei os grampos um pouco mais espaçados. Fui subindo e aproveitei para colocar um grampo, antecedendo um lance com boas agarras, um pouco sujo mas bem bacana, acho que o ponto mais vertical da via. Logo acima, o final da via. Da para seguir numa diagonal para a direita, mas não valia a pena. Escolhi o melhor lugar para furar e quando comecei, a furadeira foi perdendo rotação. A bateria tinha acabado! Fiz a parada numa árvore, na qual fazia uma sombra bem agradável. O Leonardo e o Marcelo subiram em seguida. Pensei até em fazer o furo na marreta, mas o calor estava tão forte que deixei para uma próxima investida. Agora ficaria faltando a parada dupla do fim da via e intermediar um lance na primeira enfiada. O que faltava para fechar a via, fiz com a Eny nesse último sábado. Duplicamos as paradas e os pontos de rapel. Aprovitamos o tempo bom, com um sol não muito forte. Abraço!
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Via Golpe do Cartão 2° III E2 D1 105 m Conquistadores: Leandro do Carmo, Leoncardo Carmo, Marcelo Sá e Eny Hertz Material: 6 costuras
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Ambiente
Relatório de vistoria na trilha do Santo Inácio Por Alex Figueiredo e Marcelo Sá
O morro do Santo Inácio, situado entre os bairros de São Francisco e Maceió (Largo da Batalha) é o ponto culminante de uma pequena serra que se inicia no Bairro de (Morro do Morcego) e é o limite natural entre a Região Oceânica e a Zona Sul de Niterói. Faz parte do grande anfiteatro de montanhas que embelezam a entrada da Baia da Guanabara, em sua feição leste. Devido a sua proximidade com o meio urbano, já foi a montanha mais frequentada no município de Niterói, até o fim da década de 90, quando a violência urbana “expulsou” os frequentadores através da ocorrência de assaltos e mesmo espancamentos de frequentadores. Somado a isso (e por esse motivo Tb) o acesso pela rua Manuel Duarte, pelo bairro de são Francisco, foi fechado pelos moradores (um portão fechando a rua, com cerca eletrificada e um portão com cadeado fechando a trilha). A partir de então, essa montanha e as trilhas a sua volta saíram dos roteiros dos montanhistas. A cerca e 5 anos o Clube Niteroiense de Montanhismo voltou a realizar atividades na região, e detectou que o problema se não deixou de existir, pelo menos reduziu-se enormemente, pois nenhuma ocorrência foi relatada. Mas nesse hiato de 10 anos, as trilhas antes frequentadas intensamente foram retomadas pela floresta. Tendo apenas algumas ainda abertas. Neste contexto, a trilha do Morro do Santo Inácio é uma trilha prioritária para o manejo em vista de sua recuperação e de fiscalização preventiva, a ser realizada, talvez, pela Guarda Municipal Ambiental. Visita de campo: A vistoria teve início as 14:10h. Paramos o caro, como de praxe, junto a guarda municipal ambiental, para informar o a trilha que pegaríamos e o horário de retorno provável. Começamos a caminhada de 800 metros aproximadamente pela estrada do Maceió, até a entrada da trilha propriamente dita. A estrada está em péssimo estado de conservação, sendo necessário o recapeamento do asfalto (no trecho que é asfaltado), precisando também de limpeza do acostamento (incluindo o manejo dos eucaliptos novos
que ali crescem) e a recuperação do estacionamento(ou mirante) que existe 50 metros depois da sede da Guarda Municipal Ambiental. O trecho que não possui asfalto, até o inicio da trilha, se encontra em bom estado de conservação. Cabe destacar que esta estrada é utilizada por moradores de São Francisco e Charitas para passeios e corridas pela manhã. A trilha propriamente dita possui aproximadamente 1.400 metros de extensão (deverá ser realizada uma medição mais exata após o manejo da trilha) tendo o seu início bem fechado atualmente, conforme fotos abaixo.
A trilha se encontra bem fechada, com sinais de queimada em seu início, mas ao entrar na mata, os sinais de queimada desaparecem. E o capim com eucaliptos de seu início (a vegetação ali é deste tipo, pois os solos são extremamente rasos, praticamente no saibro infelizmente, logo, a recuperação desta entrada terá que: ou começar com uma recuperação do solo, ou um trabalho paisagístico). Ocorre também uma quantidade enorme de restos de “despachos” de ritos de Candomblé, assim como em diversas outras áreas. Fica a sugestão de se tentar imitar o que foi feito no Parque Nacional da Tijuca, que foi a demarcação de áreas para os ritos (mediante contato com os centros de Candomblé e outras religiões que usem espaços naturais) com o intento de reduzir o risco de incêndios associados a essas práticas). Após este trecho inicial de cerca de 40 metros, a mata toma forma a volta, bem preservada em se levando
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seu histórico (a área sofre desmatamentos e plantios desde o século XVI praticamente, tendo o declínio da agricultura das últimas décadas dado uma trégua para os desmatamentos, mas além disso, diversos loteamentos, cerca de 5, foram aprovados no século passado, mas não implantados). Na floresta propriamente dita, não havia sinais de incêncios (exceto pela foto abaixo e o topo da montanha), apenas danos decorrentes da atual seca, que gera uma enorme queda de folhas das arvores, o que infelizmente permite uma condição perigosa para a propagação de incêndios futuros, se o veranico atual continuar ...
De forma curiosa, no meio da trilha havia o que aparentemente é um resto de fogueira, um espaço de 40 X 40 cm queimado, que foi gerado provavelmente ou por restos de uma bucha de balão ou pelo incêndio que ocorrei no topo do morro do Santo Inácio (fagulhas levadas pelo vento). A trilha possui necessidade de sinalização atualmente, pois foram abertas variantes. Com 20 minutos de caminhada é vista uma encruzilhada com duas opções óbvias e uma menos óbvia a esquerda, sendo a trilha para o topo exatamente a trilha da esquerda. Ocorrem uma quantidade enorme de arvores caídas na trilha, assim como grande quantidade de cipós, arbustos e a presença de Tucuns (palmeira espinhosa) junto a trilha, o que dificulta a passagem. Para o montanhista, é uma trilha agradável, mas se for pensado em potencial ecoturístico, a trilha precisa de manejo, para poder ser divulgada e usada. Uma primeira incursão apenas para a retirada dos troncos e cipós já seria de grande valia, e o manejo para evitar processos erosivos e um melhor traçado pode ser
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feito em um segundo momento. Próximo ao topo, começamos a avistar sinais do incêndio que foi divulgado nas redes sociais, conforme foto abaixo:
Neste ponto, o incêndio atingiu a floresta, mas principalmente a área com solos rasos e grande concentração de serrapilheira. Felizmente na floresta mais “estruturada” o fogo não acessou. O trágico dos danos em áreas de solos rasos é que os solos litólicos são extremamente suscetíveis a erosão pluvial (quando da volta das chuvas). Logo, são danos irreparáveis... Às 14:59h, chegamos ao topo, que infelizmente estava inteiramente incendiado, conforme fotos abaixo:
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fique de olho
Sábado, 26 de abril – Montanhismo Social A partir das 06:00 – Escalar! 08:00 – Workshops de Segurança com a AGUIPERJ * Em breve estarão abertas as inscrições A partir das 09:00 – Oficinas do Montanhismo Social 09:00 - 18:00 – Festival da Montanha - Exposição dos stands da FEMERJ, Lojistas, Patrocinadores e Parceiros, Filiação à FEMERJ, Arrecadação de alimentos no stand da FEMERJ, Stand Cultural com produtos da montanha no stand da FEMERJ 10:00 - 17:00 - Desafio ATM de Boulder 18:30 – Palestra - Convidados a confirmar. 19:30 -21:30 - Cine Montanha na Praça Filme: Der zerfallene Berg – Die Petit Dru-Nordwand – A montanha dilapidada - A Face Norte do Petit Dru, de Gerald Samina
Após circular pela área atingida pelo incêndio, estimamos m cerca de 10.000 metros quadrados de área atingida pelo fogo, que sofrerão intenso processo erosivo quando do retorno das chuvas (estimado para inicio de março, segundo o INPE) Conclusões e recomendações: A caminhada pode ser realizada em um tempo total de 50 minutos, o que torna um atrativo de fácil acessibilidade. Logo, é um roteiro de duração de 3 horas (ida, descanso e volta), que somado a mais duas trilhas da região, podem manter um turista o dia inteiro nesta região. Alex Faria de Figueiredo - Presidente Marcelo Sá - Coordenador de Meio Ambiente
Domingo, 27 de abril – Festival da Montanha A partir das 06:00 – Escalar! 09:00 - 18:00 – Festival da Montanha - Exposição dos stands da FEMERJ, Clubes, Lojistas, Patrocinadores e Parceiros e Filiação à FEMERJ Arrecadação de alimentos no stand da FEMERJ até às 16:00 Stand Cultural com produtos da montanha no stand da FEMERJ 11:00 – Demonstração de Resgate pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1o GSFMA. 15:30 – Foto oficial dos presidentes das entidades que compõe a FEMERJ. Oficinas de Segurança – (R$5,00 para Federados e R$20,00 para não federados) Inscrições no stand da FEMERJ até às 12:00 do dia 28/04. Temas à confirmar 10:00-17:00 - Desafio ATM de Boulder 17:00 - Sorteio de brindes 18:00 - Encerramento
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aconteceu Mutirão no Córrego dos Colibris
O mutirão do dia 25 de janeiro de 2014 foi excelente. Tivemos umas 39 pessoas (crianças, adultos; sócios do CNM, convidados, funcionários do PESET). Formamos pequenos grupos para as diferentes trilhas do Setor Colibris, Bairro Peixoto - Morro do telégrafo, Serra da Tiririca. Encontramos sinais de armadilha e de fogueira. Retiramos, além destes itens, garrafas de vidro, embalagem de biscoito, cigarros, sacos plásticos, oferendas etc. Colocamos identificação em algumas árvores nativas, retiramos plantas rasteiras exóticas e plantamos várias mudas nativas. O CNM agradece a todos que participaram direta ou indiretamente. A Natureza agradece! Outros presentes: Bruna Galassi, Julia Botelho, Luiz G Manhães, Fabio Devillart, Felipe L Queiroz, Ezequiel Gongorra (ZIKI), Ricardo Pilla, Laura França, Sergio França, Maria Vellasco, Ilda Cristina, Raphael Avellar, Liz A Souza, Ellen Vogas, Eduardo Teixeira, Mariana Alonso, Marcia tavares, Gehard Sardo. Crianças: Mel Andrade, Amanda Botelho, Anna Clara, Miguel Miller, Alice Miller e Laura Terra ali passava, informações sobre o clube, tirando, também, muitas dúvidas sobre o montanhismo e a escalada em específico.
Curso de Primeiros Socorros
NEPUR-UFF 15 e 16/02/2014 Do Clube, participaram: Eny Hertz, Leandro do Carmo, Luiz Alexandre Valadão, Marcelo Sá e Mariana Silva Abunahman. Além da presença dos associados do clube, tivemos a participação de: Elvira Alvim (CERJ), Molica (CEG), Admilson Dimi (GEAN), Angelo Juliano (PESET), Sergio Santos (PESET), Rodrigo Mauro, Amadeus Coutinho, Suzana Hinds, Bernardo Lessa, Erick Maranhão. Instrutores: Ian Will e Rodrigo Mota, ambos da NEPUr
Bloco Carnavalesco Só o Cume Interessa
Já virou tradição!!!! Mais uma vez o CNManguaça marcou presença no único bloco criado por montanhistas no Rio de Janeiro. A festa foi bonita, com direito a camisa personalizada e bumbum mais autografado que a foto do Neymar!!!! Parabéns Pessoal!
Novo Diretor Ambiental do CNM
No mês de janeiro, nosso sócio Marcelo Sá assumiu a o Departamento Ambiental do Clube e após a primeira reunião no dia 20/02, já foi colocada em prática a sua primeira ação: Mutirão na trilha de acesso a via Bruno Silva, no setor do Mirante do Carmo. Seja bem vindo Marcelo Sá!!!!!!
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Avisos Reuniões sociais
CURSO BÁSICO DE ESCALDA
As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ímpar e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado. Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os sócios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, relatando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna. Periodicamente acontecem reuniões e seminários técnicos com o intuito de possibilitar miores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados. Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: http://www.niteroiense.org.br. Compareçam e sejam muito bem vindos!!!
O CBE 2014 está programado para começar em maio/2014. Em breve divulgaremos o calendário bem
Corpo de guias
Adriano Paz Alan Marra Alessandra Neves Alex Figueiredo Alfredo Castinheiras Andrea Rezede Ary Carlos Carlos Penedo Diogo Grumser
Eny Hertz Leandro do Carmo Leandro Collares Leandro Pestana Leonardo Carmo Luiz Alexandre Mauro de Mello Neuza Ebecken Vinicius Ribeiro
aniversariantes
A todos muita saude e felicidade! Leonardo Aranha Neuza Ebecken Maria de Lourdes Alfredo Castinheiras Vinicius Ribeiro Gustavo Muniz Ary Carlos Leandro Pestana Patricia Gregory
14/jan 23/jan 24/jan 18/fev 27/fev 10/mar 11/mar 12/mar 19/mar
como valores e período de inscrição. Expediente
CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMO Início das Atividades em 26 de Março de 2003 Fundado em 20 de Novembro de 2004 Website: www.niteroiense.org.br e-mail: cnm@niteroiense.org.br Contato: 8621-5631(Alex Figueiredo) Presidente: Alex de Faria Figueiredo Vice: Eny Hertz Bittencourt Tesoureiro: Leandro Guimarães Collares Conselho Fiscal Efetivos Adriano de Souza Abelaria Paz Alan Renê Marra Junior Neuza Maria Ebecken de Araújo Suplente Mariana Silva Abunahman Diretoria Tecnica Caminhada - Alex Figuereiredo Escalada - Eny Hertz Leandro do Carmo Ary Carlos Carlos Penedo Ciclistmo - Adriano Paz Diretoria Social - Andrea Vivas Diretoria Ambiental - Neuza Ebecken Coordenador Ambiental - Marcelo Sá Representante do CNM no PESET Alex Figueiredo e Eny Hertz Informativo Nº 24: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição oficial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Ressaltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para cnm@niteroiense.org.br. Participe!!! Edição e Diagramação: - Leandro Collares - Leandro do Carmo