Julho-Agosto

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Publicidade

ESPECIAL IMPLANTOLOGIA


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EDITORIAL

Editorial

Editorial_Maquetación 1 02/07/14 14:18 Página 8

Implantes dentários: mais do que um tratamento Como habitualmente, o mês de julho é sinónimo de implantologia na MAXILLARIS. O número especial que dedicamos à temática dos implantes já se tornou um clássico nesta época do ano. Tal como o calor ou as férias escolares das camadas mais novas, esta publicação é aguardada com expetativa pela maioria dos nossos leitores, que conhecem este produto e desejam recebê-lo e lê-lo para reforçarem os seus conhecimentos em matéria de tratamentos implantológicos e conhecerem as opiniões de alguns colegas especializados nesta disciplina.

Aspetos como o tipo de conexão, a superfície, o comprimento, a prótese que incorporará ou a carga imediata não se decidem de ânimo leve, muito menos nestes tempos em que se conhece bem o perigo da temida periimplantite. Para nos elucidar sobre algumas destas questões, que dominam a atualidade no campo da implantologia, o leitor encontrará nas páginas desta edição as opiniões de médicos dentistas com experiência na matéria, tais como Helena Rebelo, que nos revela os principais contornos da periimplantite e a atual dimensão deste problema, e João Pimenta, que nos traça os principais motivos que estão associados aos casos de insucesso em implantologia. E ainda Francisco Brandão de Brito, que nos descreve (ao abrigo da nossa habitual secção “Ponto de vista”) os atuais desafios que se colocam na área da implantologia oral. Em matéria de artigos científicos, neste número especial contamos com as colaborações de três profissionais do setor, nomeadamente Margarida Malta, Gonçalo Gomes Sanches e André Macedo. As suas explicações e os casos clínicos expostos permitem-nos abordar a implantología sob diferentes pontos de vista, tais como o tratamento da doença periimplantar, a preservação alveolar no setor anterior ou os implantes dentários curtos como alternativa na reabilitação oral. Os implantes dentários devolveram o sorriso a muitos portugueses e, graças aos seus resultados terapêuticos e estéticos, tornaram-se um tratamento muito popular entre os pacientes, que aceitam e procuram cada vez mais as soluções implantológicas disponíveis no mercado. Perante este cenário, os profissionais da Medicina Dentária lidam diariamente com a procura da melhor solução para os seus pacientes; elaboram tratamentos individualizados porque reconhecem que cada caso é diferente do anterior. Nesta mesma linha trabalham as empresas do setor, incrementando e aperfeiçoando o seu catálogo de soluções para não deixar de lado nenhuma solução. O seu permanente empenho permitiu o desenvolvimento de um segmento do mercado que não só mudou radicalmente o setor dentário, como também – e acima de tudo – a vida de milhões de pessoas.

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Índice de anunciantes

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Acteon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Bredent . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Carestream Health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Ceodont. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 DM Ceosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Dürr Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Fedesa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Implant Direct . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Instituto Casan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Ivoclar Vivadent. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 e 83

Proprietário: Cyan Editores. Coordenador Edição Portuguesa: João Drago. portugal@maxillaris.com Publicidade: comercialportugal@maxillaris.com Colaboradores: Gilberto Ferreira. João dos Santos. Maria Inês de Matos. Nuria Mauleón. Valéria Baptista Ferreira. Comissão Científica: Jaime Guimarães (diretor científico). Ana Cristina Mano Azul. Francisco Brandão de Brito. Gil Alcoforado. Isabel Poiares Baptista. José Pedro Figueiredo. Paulo Ribeiro de Melo. Susana Noronha. REDAÇÃO: Av. Almirante Reis, 18, 3º Dto. Rtg. 1150-017 Lisboa. Tel./Fax: 218 874 085.

Ledosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Edição online: www.maxillaris.com.pt

OMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 e 67 Depósito Legal: M-44.552-2005.

Oral B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Impressão: MONTERREINA.

Procoven . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Quintessence. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Assinatura anual: Portugal 35 €, resto 80 €. ISENTO DE REGISTO AO ABRIGO DO DECRETO REGULAMENTAR 8/99 de 9/6 art 12º nº 1ª

Ravagnani Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Tiragem: 6.100 exemplares

Simesp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Sinusmax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

• Periodicidade bimestral. • MAXILLARIS não se responsabiliza pelas opiniões manifestadas pelos seus colaboradores.

SPEMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

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• Proibida a sua reprodução total ou parcial em outras publicações sem a autorização expressa e por escrito de CYAN EDITORES.


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Sumário

ND sumario julioPT_Maquetación 1 01/07/14 16:14 Página 6

Administradores: - Marisol Martín. marisol.martin@maxillaris.com - José Antonio Moyano. moyano@maxillaris.com

Crónica 9

Congresso anual da SPED reforça interação entre médicos dentistas e técnicos de prótese.

Falamos com... Diretor: Miguel Ángel Cañizares. canizares@maxillaris.com Subdiretor: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com Diretora Comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com

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Helena Rebelo, especialista em periodontologia e cirurgia de implantes: “Hoje em dia seria absolutamente incorreto ensinar seja o quer for sobre implantes sem falar nas doenças periimplantárias”.

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João Pimenta, fundador da Associação Portuguesa de Implantologia Oral e Biomateriais: “A diferença entre um bom e um mau implantologista pode residir na forma como gere os seus próprios fracassos”.

Ponto de vista 34

Chefe Divisão Multimédia: Roberto San Miguel. webmaster@maxillaris.com Chefe Departamento Gráfico: M. Ángeles Barrero. maquetacion@maxillaris.com Redatores: María Santos e Diego Ibáñez. redaccion@maxillaris.com Serviços Administrativos: Marta Esquinas. administracion@maxillaris.com REDAÇÃO ESPANHA: C/ Clara del Rey, 30, bajo. E-28002 Madrid Tel.: (0034) 917 25 52 45 Fax: (0034) 917 25 01 80 Edição online espanhola: www.maxillaris.com Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández (diretor científico). Armando Badet de Mena. Blas Noguerol Rodríguez. Emilio Serena Rincón. Germán Esparza Gómez. Héctor Tafalla Pastor. Jaime Jiménez García. Jaume Janer Suñé. Juan López Palafox. Luis Calatrava Larragán. Manuel Cueto Suárez. Marcela Bisheimer Chémez. Rafael Martín-Granizo López. Ramón Palomero Rodríguez.

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Francisco Brandão de Brito, médico dentista e professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa: “Desafios atuais da implantologia oral”.

Ciência e prática 36 42

Margarida Malta: “Tratamento da doença periimplantar: relato de um caso clínico”. Gonçalo Gomes Sanches: “Preservação alveolar no setor anterior: a propósito de um caso clínico”.

Cadernos formativos 52

André Macedo: “Implantes dentários curtos: alternativa na reabilitação oral”.

Missão Voluntária 58

José Abel Rodrigues, médico dentista: “A vontade de participar numa missão deve ser espontânea e genuína”.

O meu sorriso 64

Ana Catarina, atriz: “Sorrir é comunicar”.

Calendário de cursos 68

Agenda de cursos para os profissionais do setor.

Congressos e reuniões 70

Calendário de congressos, simpósios, jornadas, encontros e exposições industriais nacionais e estrangeiras.

Novidades da indústria 72

Produtos e equipamentos.

Página empresarial 74

Notícias de empresas.

Retratos de um viajante 76

Tana Toraja, as celebrações da morte.


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Crónica

Crónica Ok_Maquetación 1 01/07/14 15:18 Página 8

Reunião anual da SPPI assinala evolução da periodontologia nos últimos 30 anos A reunião anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI), que decorreu no passado dia 10 de maio num hotel de Lisboa, visou assinalar, de modo particular, a evolução da periodontologia nos últimos 30 anos. Para dar corpo ao programa científico deste ano, a comissão organizadora do encontro, presidida pela médica dentista Susana Noronha, juntou quatro oradores nacionais e internacionais de reconhecido prestígio, nomeadamente os portugueses Gil Alcoforado e Paulo Mascarenhas, o espanhol Mariano Sanz e o iraniano (radicado nos EUA) Hessam Nowzari. Perante uma plateia composta por cerca de 120 congressistas, coube a A reunião anual da SPPI reuniu em Lisboa cerca de 120 congressistas. Gil Alcoforado inaugurar o programa com uma apresentação sobre “Protocolos de colocação e carga imediata de implantes endósseos”. Seguiu-se a intervenção de Mariano Sanz, que resumiu “O que aprendemos nos últimos 30 anos sobre a etiologia e a progressão da periodontite”. Paulo Mascarenhas centrou-se na temática “Tratamento periodontal: compromisso ou solução estética”, ao passo que Hessam Nowzari estreou-se em Portugal com uma palestra subordinada ao tema “O que sabemos e não sabemos sobre implantes”. Susana Noronha considera o balanço da reunião da SPPI “extremamente positivo”, designadamente no que respeita à “capacidade de atrair os congressistas para esta área, que nem sempre é muito bem sucedida porque envolve muitos aspetos da biologia e implica a parte dos fundamentos”. Este congresso foi especialmente desenhado para isso, isto é, “com o fim de explicar, de alguma forma, os últimos 30 anos da evolução da periodontologia”, esclarece a presidente da comissão organizadora, que apostou este ano num programa científico mais vocacionado para apresentações de fundamento e menos centrado em casos clínicos de sucesso. “Foi um risco que corremos e que nos compensou na totalidade, porque a verdade é que tivemos a sala cheia, com mais de 120 participantes”. O resultado é, de resto, superior ao registado na edição do ano passado, embora Susana Noronha ressalve que “mais importante do que o número de congressistas, é o crescente interesse que as pessoas têm por esta área e por este tipo de apresentações, com uma base científica tremenda”. Com efeito, a SPPI reuniu em Lisboa um conjunto de oradores com uma “excelente capacidade para transmitir conhecimentos e com muita experiência clínica”.

Tony Rolo, vencedor do prémio patrocinado pela MAXILLARIS.

A SPPI já está concentrada no próximo evento científico, que vai ter lugar no dia 28 de setembro, em Coimbra. Trata-se da segunda reunião da SPPI Jovem, “desenhada com um objetivo mais interativo e vocacionado para os cursos práticos”, a pensar nas camadas mais jovens do setor. A MAXILLARIS associou-se, uma vez mais, à reunião anual desta sociedade científica, através da atribuição do prémio –composto por três DVD’s da nossa biblioteca multimédia – ao melhor póster de investigação clínica. Desta vez, o prémio recaiu no trabalho (da Universidade de Coimbra) intitulado “Posicionador radiográfico individualizado em acrí lico para análise do nível ósseo em ensaios clínicos de periodontologia”, assinado pelos médicos dentistas Tony Rolo, Filipe Marques, Ana Messias, Isabel Poiares Baptista e Sérgio Matos. Este póster será publicado numa próxima edição desta revista, ao abrigo da nossa secção “Ciência e prática”. A partir da esquerda, Paulo Mascarenhas, Gil Alcoforado, Susana Noronha, Mariano Sanz e Hessam Nowzari, protagonistas do encontro deste ano.

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Congresso anual da SPED reforça interação entre médicos dentistas e técnicos de prótese A sétima edição do congresso anual da Sociedade Portuguesa de Estética Mais de três centenas de médicos dentistas e técnicos de prótese aderiram à sétima edição do congresso anual da SPED. Dentária (SPED) reuniu nos dias 27 e 28 do passado mês de junho, nas instalações da Exponor (Porto), cerca de 350 profissionais do setor dentário, em particular médicos dentistas e técnicos de prótese, bem como mais de duas dezenas de representantes da indústria. A primeira jornada do programa ficou marcada pela grande diversificação de oradores nacionais e do país vizinho, que abordaram os principais temas da atualidade, designadamente a comunicação e o planeamento (Maria Carlos Quaresma), a estética rosa (Sérgio Matos), a reabilitação total com implantes na perspetiva do prostodontista (Filipe Melo), as complicações com implantes na zona estética (Carlos Aparicio), o impacto da endodontia na estética dentária (Rui Pereira da Costa), a estética dentária minimamente invasiva com compósitos (Fernando Autrán), a inovação em biomimética (Pedro Brito), a implantologia estética e a digitalização de protocolos (Francisco Barbosa) e o processo criativo em implantologia estética (Javier Alonso Sola). Ao todo, foram nove as intervenções que preencheram o primeiro dia do congresso da SPED, cuja principal característica é a junção entre os médicos dentistas e os técnicos de prótese. “Este é um aspeto fundamental para nós, uma vez que para conseguirmos bons resultados estéticos é necessário um trabalho de equipa multidisciplinar”, observa à MAXILLARIS o médico dentista Jorge André Cardoso, presidente da comissão organizadora do evento, que exerce a sua prática clínica em Espinho. O segundo dia de trabalhos foi, de resto, totalmente preenchido com a intervenção do técnico de prótese suíço Michel Magne, que é considerado um dos melhores ceramistas da atualidade. “Provavelmente, esta é a primeira vez que um técnico de prótese assume o papel de orador principal num congresso de dentistas em Portugal”, constata Jorge André Cardoso, sublinhando a vocação aglutinadora da iniciativa anual da SPED, “tendo em vista que a estética dentária é uma especialidade que vai ‘beber’ a muitas outras especialidades da Medicina Dentária, em particular à parte dos técnicos de prótese que está relativamente esquecida”.

Jorge André Cardoso, presidente da comissão organizadora do congresso.

O presidente da comissão organizadora destaca, por outro lado, o esforço da organização no sentido de garantir os melhores meios audiovisuais, outro aspeto que, no contexto da estética dentária, “é essencial para assegurar um programa científico de qualidade e nas melhores condições”. Acrescenta, a propósito, que “qualquer pessoa que venha assistir a um congresso da SPED, terá a oportunidade de acompanhar, garantidamente, o que melhor se faz no mundo”. Após as dificuldades sentidas nas primeiras edições, Jorge André Cardoso considera que o congresso da SPED, nos anos mais recentes e em particular nesta sétima edição, “atingiu um ponto de maturidade e assume hoje uma posição de relevo” junto da comunidade dentária, que se reflete no crescente número de participantes e de entidades comerciais envolvidas. “Temos um cuidado especial no sentido de garantir a interação de todos os intervenientes neste evento, consideramos fundamental manter este tipo de sinergias com todas as entidades que nos apoiam”, sustenta Jorge André Cardoso, concluindo que “só assim uma sociedade pequena como a nossa poderá obter resultados desta dimensão”. A oitava edição do congresso da SPED deverá ter como cenário a cidade de Aveiro, em data ainda por determinar. A MAXILLARIS já é uma presença habitual no encontro anual da SPED, na qualidade de patrocinador.

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Jornadas de Prótese Dentária regressam à Escola Superior de Saúde Egas Moniz A segunda edição das Jornadas de Prótese Dentária da Escola Superior de Saúde Egas Moniz (ESSEM) reuniu, no passados dias 30 e 31 de maio, cerca de 170 participantes no grande auditório da instituição de ensino com sede no Monte da Caparica. O encontro, que incluiu uma área de exposição para empresas do setor dentário, contou com a presença de oradores especializados nas áreas da implantologia, da estética dentária e da cerâmica, nomeadamente Luís Macieira, António José de Sousa, Ernesto Tocantins, Tomás Amorim, Pedro Brito, Noémia Fernandes, Luís Costa, João Fonseca e Luís Pinela. A reabilitação de maxilas atróficas, a comunicação em implantologia, os desafios da cimentação de facetas e os novos materiais Cad-Cam de reabilitação oral, foram alguns dos temas em destaque nas jornadas, cujo objetivo, de acordo com a respetiva comissão organizadora, passou por apresentar aos congressistas propostas científicas sobre a moderna reabilitação oral, permitir fóruns de discussão de temas pertinentes e estabelecer contactos e colaboração com profissionais de outros países.

A iniciativa da Escola Superior de Saúde Egas Moniz acolheu cerca de 170 participantes.

“Tentámos abranger várias áreas da prótese dentária, bem como outros temas relacionados, optando pelo que seria mais interessante e pertinente para o nosso público alvo”, refere Daniela Reis, membro da organização das jornadas, destacando as reações positivas manifestadas pelos participantes. “Fomos muito elogiados pela organização e pelo teor científicos das palestras apresentadas, o que deixa toda a organização muitíssimo satisfeita, bem como a própria Escola Superior de Saúde Egas Moniz”. Daniela Reis esclarece que há vários anos que estas jornadas não se realizavam, mas este ano o coordenador da licenciatura de Prótese Dentária, Pedro Oliveira, “incentivou bastante os alunos nesse sentido, e ainda bem que o fez”. A comissão organizadora dirige, de resto, ao coordenador da licenciatura “um agradecimento muito especial”, bem como aos restantes membros da comissão científica das jornadas: os professores Eduardo Damásio e Maria João Barreto. Na opinião da comissão organizadora, o sucesso da licenciatura em Prótese Dentária passa, entre outros fatores, pela aposta em iniciativas de carácter formativo, como as jornadas que tiveram lugar em maio. “São tudo formas de nos enriquecermos enquanto pessoas, mas sobretudo enquanto técnicos de prótese dentária”, conclui Daniela Reis. As jornadas de prótese dentária da ESSEM serão retomadas em 2016.

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Membros das comissões organizadora e científica das jornadas.


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Jornadas de Medicina Oral da FMDUL adotam novo formato A 28ª edição das Jornadas de Medicina Oral da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL) realizaram-se entre os dias 26 e 29 do passado mês de maio. O encontro deste ano adotou um formato diferente do habitual, constituído por um conjunto de atividades científicas, desportivas e culturais, em que participaram todos os elementos da comunidade académica da FMDUL (docentes, estudantes, funcionários e antigos alunos). Como habitualmente, as sessões científicas abordaram alguns dos temas que dominam a atualidade do setor, tais como a prostodontia, a implantologia, a endodontia, a periodontologia e a odontopediatria. O programa científico, composto por conferências de alunos e ex-alunos dos cursos de especialização da faculdade lisboeta, foi aberto a todos os docentes, alunos e ex-alunos da FMDUL e de outras faculdades de Medicina Dentária, a médicos dentistas e estomatologistas, a técnicos de prótese e a higienistas orais. Contou com as intervenções de Tomás Albergaria, João Mello, António Ferreira de Carvalho, António Roma Torres, Elsa Domingues, Filipa Maria Roque e Joana Marinhas. O programa das jornadas incluiu ainda uma série de cursos teórico-práticos, destinados a alunos pré-graduados, um concurso de fotografia e uma série de eventos desportivos. No âmbito do concurso de pósteres sobre casos clínicos, trabalhos de investigação e de revisão realizados por alunos da FMDUL, a MAXILLARIs voltou a patrocinar o prémio ao melhor caso clínico, através da oferta de exemplares da nossa biblioteca multimédia, designadamente três DVD’s sobre periodontia, implantologia e cirurgia oral. O prémio recaiu no trabalho intitulado “Recobrimento radicular com enxerto de tecido conjuntivo autólogo”, que é assinado por Sara Palmares, Joana Costa, Gonçalo Assis e Paulo Coelho. Este caso clínico será publicado numa próxima edição desta revista.

Sara Palmares, primeira autora do trabalho premiado pela MAXILLARIS.

OMD promove sessões de esclarecimento com finalistas de Medicina Dentária Elementos da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) deslocaram-se, no final de maio e ao longo do último mês de junho, às instalações das sete instituições de ensino nacionais, com o fim de realizar sessões de esclarecimento junto dos alunos finalistas dos cursos de Medicina Dentária, quando estes se encontravam prestes a concluírem os estudos e poderem exercer a profissão (após prévia inscrição na OMD). Nestas sessões, que se realizam anualmente desde há cinco anos, é explicado o âmbito de competências da OMD, a estrutura interna e o processo de inscrição. Os futuros médicos dentistas tiveram a oportunidade de conhecer algumas das medidas de apoio prestadas pela sua ordem profissional, a começar pela isenção de pagamento de quotas durante 12 meses após a conclusão do curso.

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OMD promove papel da Medicina Dentária nos Açores O presidente do governo regional dos Açores, Vasco Cordeiro, garantiu à direção da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) o empenho do seu executivo na implementação de medidas que continuem a assegurar os melhores indicadores possíveis de saúde oral naquela região. “Nós não damos por concluída a nossa intervenção nesse domínio e contamos com a OMD para esse trabalho de parceria naquelas matérias que podem conduzir a uma resposta mais eficaz e eficiente em benefício dos açorianos”, afirmou Vasco Cordeiro no final de uma audiência com o bastonário Orlando Monteiro da Silva e o representante da Região Autónoma dos Açores no conselho diretivo da Ordem, Artur Lima, que decorreu no passado dia 12 de junho. Vasco Cordeiro reiterou o apoio do governo açoreano à Medicina Dentária no setor público, através da intenção de reforçar a aposta nesta área médica e do seu papel nos centros de saúde das diversas ilhas, bem como no setor privado, pelo mecanismo de reembolsos existente. A este propósito, foram partilhadas as dificuldades orçamentais que condicionam o mecanismo de revisão da tabela de comparticipações em curso. A OMD salientou, como aspeto positivo, a adoção da tabela de nomenclatura de atos médicos da OMD para este efeito. Relativamente aos valores, manifestou que os mesmos não são compatíveis com a melhoria da acessibilidade da população aos cuidados de Medicina Dentária. Ainda na ilha de São Miguel, a OMD foi recebida pelo presidente da câmara municipal de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro, e pela vereadora da Ação Social, Fátima Rego Ponte. Foram abordadas diversas possibilidades de cooperação institucional com vista à promoção da saúde oral no concelho e uma parceria institucional da autarquia a propósito da esfera de regulação da ordem profissional.

A partir da esquerda, Artur Lima, representante dos Açores no conselho diretivo da OMD, Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem, e Vasco Cordeiro, presidente do governo regional dos Açores.

Já na ilha Terceira, a 13 de junho, a delegação da OMD reuniu com o secretário regional da Saúde, Luís Mendes Cabral. Desta reunião saiu o compromisso de colocar de parte a ideia do estabelecimento de uma convenção com a Medicina Dentária para com o setor privado na região. O secretário regional e a OMD consideram que tal conceito, nos moldes em que foi proposto e que mereceu frontal oposição dos representantes dos médicos dentistas, nada acrescentaria à abordagem que tem vindo a ser feita da inserção de profissionais do setor nos centros de saúde em complementaridade com o setor privado, apoiando-se a população, neste último caso, através do mecanismo de reembolsos. A OMD disponibilizou-se para integrar um grupo de trabalho no sentido da revisão da tabela de reembolsos. Luís Mendes Cabral comprometeu-se, uma vez mais, com o Serviço Regional de Saúde, a aplicar o sistema público de apoio à população na promoção da saúde e da doença, incluída a Medicina Dentária. Foram ainda abordados vários aspetos relativos ao estatuto dos médicos dentistas no setor público, bem como sobre a necessidade e a pertinência da inserção dos médicos dentistas no sistema hospitalar açoriano. A OMD congratula-se com a atitude construtiva do presidente do governo e do secretário regional, na expetativa de que os compromissos assumidos por estes resultem em ganhos de saúde para a população da região. Num tempo em que a profissão sofre, como a generalidade da sociedade, dos efeitos da crise económica, financeira e social, a OMD espera ter contribuído, com estas iniciativas, para cerrar ainda mais fileiras em torno da defesa da saúde pública, da profissão, e dos médicos dentistas.

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Crónica Ok_Maquetación 1 01/07/14 15:46 Página 16

Mundo a Sorrir vence prémio INSEAD na qualidade de empreendedor social A associação Mundo a Sorrir (MAS) foi distinguida com o prémio INSEAD 2013-2014, na qualidade de empreendedor social, com o projeto Clínica de Apoio à Saúde Oral (CASO), numa cerimónia realizada no Museu da Eletricidade, em Lisboa. A escola de gestão INSEAD lançou pela primeira vez o prémio INSEAD Social Entrepreneurship, com o objetivo de reconhecer iniciativas de empreendedorismo social que abordem de forma inovadora, sustentável e eficaz um problema negligenciado da sociedade portuguesa. Este galardão visa homenagear empreendedores na área social e empresarial que se dedicam a melhorar diretamente a vida dos portugueses através de novas soluções.

Miguel Pavão, presidente da Mundo a Sorrir, durante a entrega do prémio.

O júri, composto por personalidades e empresários portugueses de destaque, teve como base, entre outros critérios de avaliação, a missão social explícita, o impacto na sociedade, o nível de inovação, o potencial de crescimento e sustentabilidade, que foram fatores determinantes na decisão final. O projeto CASO foi lançado em 2009 com o objetivo de utilizar a saúde oral como instrumento de reinserção social. Com a colaboração de 39 dentistas voluntários e dando apoio a 24 instituições na área social, este projeto já abrange mais de 5.000 beneficiários. Conta com o apoio da Santa Casa da Misericórdia do Porto e da Fundação Manuel António da Mota, estando ainda registado na Bolsa de Valores Sociais.

MOMS divulga saúde oral junto da população escolar No passado dia 28 de maio realizou-se a primeira gala da Associação Miúdos Optimistas, Miúdos Saudáveis (MOMS), que teve como objetivo o reconhecimento desta instituição por toda a mobilização em torno do “ciclo de vida” da escova de dentes, através dos projetos “Sorrir é bom e dá saúde” e “EcoEscovinha”. Estes projetos visam a promoção da saúde oral, mediante a realização de ações junto da população escolar, e a recolha de escovas de dentes usadas, que são posteriormente encaminhadas para reciclagem, contribuindo desta forma para um ambiente mais saudável. Esta gala teve como convidados cerca de 350 crianças do primeiro ciclo e de jardins de infância de três agrupamentos escolares do concelho de Sintra, e realizou-se no auditório da Fundação Montepio, em Lisboa, que foi gentilmente cedido. Contou na assistência com representantes da Direção Geral da Saúde, da Divisão de Educação da Câmara Municipal de Sintra, da Sociedade Portuguesa de Estoma tologia e Medicina Dentária, da Quercus, da empresa ferroviária CP e da Extruplás.

Cerca de 350 crianças assistiram à primeira gala da MOMS.

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Presidida pela higienista oral Lídia Veludo, a MOMS é uma associação sem fins lucrativos, cuja missão passa pela promoção de estilos de vida saudáveis através de iniciativas de educação para a saúde e educação ambiental. No último ano letivo realizou centenas de ações de promoção da saúde oral em escolas de vários concelhos do país, para a recolha de escovas de dentes usadas, as quais irão ser encaminhadas para reciclagem.


Crónica

Crónica Ok_Maquetación 1 02/07/14 14:04 Página 17

Nova publicação vem reforçar programa sobre prevenção do cancro oral O livro “Intervenção Precoce no Cancro Oral”, criado pela Ordem dos Médicos Dentistas e pela Direção-Geral da Saúde, no âmbito do Programa de Intervenção Precoce do Cancro Oral (PIPCO), está a ser distribuído por 8.200 médicos dentistas e mais de 6.200 médicos de medicina geral e familiar do continente, dos Açores e da Madeira. O cancro oral é o sexto cancro mais prevalente do mundo e está associado a fatores de risco e estilos de vida modificáveis, pelo que se considera que é uma doença prevenível. O PIPCO é um projeto criado de raiz com um conceito inovador que integra médicos de família, médicos dentistas, médicos estomatologistas, médicos hospitalares, hospitais e um laboratório de referência. Este projeto vai de encontro às recomendações internacionais sobre a matéria, nomeadamente ao plano de ação global da Organização Mundial da Saúde (OMS), para a prevenção e controlo de doenças crónicas (2013-2020), que contém menções específicas às doenças orais. O plano foi adotado pela OMS durante a 66ª Assembleia Mundial da Saúde.

O novo livro está a ser distribuído por 8.200 médicos dentistas e mais de 6.200 médicos de medicina geral e familiar.

No PIPCO, o papel do médico de família, promovendo estilos de vida saudáveis, identificando potenciais lesões na cavidade oral e encaminhando-as para o médico dentista, é fundamental no despiste de novas lesões e na intervenção precoce em lesões malignas.

Equipa do novo reitor da Universidade do Porto inclui ex-bastonário da OMD O atual diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Sebastião Feyo Azevedo, de 62 anos, foi eleito para o cargo de reitor desta instituição de ensino superior. Entre os membros da nova equipa reitoral da Universidade do Porto, que tomou posse no passado mês de junho, inclui-se Manuel Fontes de Carvalho, o primeiro bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Manuel Fontes de Carvalho assume o pelouro da ação social dos estudantes, o observatório do emprego, as residências universitárias e a supervisão dos Serviços Sociais. O ex-bastonário da OMD será ainda responsável pela coordenação política da reitoria.

Sebastião Feyo Azevedo é o novo reitor da Universidade do Porto.

Sebastião Feyo Azevedo, que dirigia a Faculdade de Engenharia desde julho de 2010, é o 18º reitor da Universidade do Porto e sucede a José Marques dos Santos, que ocupou o lugar nos últimos oito anos. Foi eleito à segunda volta, por sufrágio secreto, com 13 dos 22 votos dos membros do Conselho Geral da Universidade do Porto. Esta instituição de ensino, fundada há 103 anos, conta atualmente com cerca de 32 mil alunos e 14 faculdades.

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Conselho Europeu dos Médicos Dentistas realiza Assembleia Geral em Atenas O Conselho Europeu dos Médicos Dentistas (CED na sigla em inglês) realizou no passado dia 23 de maio a sua Assembleia Geral, em Atenas (Grécia), onde o secretário geral da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Paulo Ribeiro de Melo, foi eleito para o cargo de presidente do grupo de trabalho sobre educação e qualificações profissionais (WG Education and Professional Qualifications). Trata-se de um dos grupos de trabalho mais importantes do CED, com relação direta com a Comissão Europeia, mais especificamente com a Direção Geral do Internal Market. Tem como objetivos o acompanhamento de vários assuntos relacionados com o exercício da profissão, tais como a Diretiva de Qualificações Profissionais, o reconhecimento de títulos profissionais, especialidades, formação contínua, estágio, qualificação dos outros profissionais de saúde oral, entre outros. Além de Paulo Ribeiro de Melo, integram o grupo de trabalho Alfonso Villa Vigil (Espanha), Alfred Butner e Peter Engel (Alemanha), Doniphan Hammer (França), Edoardo Cavallé e Marco Landi (Itália), Piret Vali (Estónia), Roland Svenson (Suécia) e Stefaan Henson (Bélgica).

A Assembleia Geral do CED contou com a participação de representantes das associações dentárias de 28 países.

Também em representação da OMD, assistiram à reunião de Atenas o bastonário, Orlando Monteiro da Silva, o presidente do Conselho Deontológico e de Disciplina, Luís Filipe Correia, e a diretora do Departamento Jurídico, Filipa Carvalho Marques. O CED é uma associação sem fins lucrativos que representa mais de 340.000 médicos dentistas na Europa. É composta pelas associações dentárias de 30 países europeus. Tem como objetivo promover elevados padrões de cuidados de saúde oral e a respetiva segurança para os pacientes, centrada na prática dos profissionais, nomeadamente através de contactos regulares com outras organizações europeias e instituições da União Europeia. Durante a Assembleia Geral, que acolheu propostas de revisão do código de ética europeu, Filipa Carvalho Marques fez uma intervenção sobre o processo de revisão dos estatutos da OMD, sublinhando que o facto da OMD, “ao contrário de muitos membros aqui presentes, ser autoridade pública do Estado – uma ordem profissional – permitiu-lhe poder trabalhar uma lei que, pela primeira vez, poderá regular e impedir alguns flagelos de publicidade sem que seja acossada por autoridades nacionais da concorrência”. A diretora do Departamento Jurídico da OMD considera que a publicidade não deve ser encarada “como assunto meramente económico, mas sim como uma questão-chave na defesa da saúde pública e na lógica de segurança do paciente. (…) Sabemos que nesta Assembleia Geral de 28 membros representativos da profissão, em 28 países europeus, existirão abordagens mais liberalizadoras e outras mais conservadoras, mas acima de tudo esta é uma questão de valorização e dignificação da profissão”. Para Filipa Carvalho Marques, “não bastam leis generalizantes nem regulamentos internos sob a censura de autoridades nacionais da concorrência, há que legislar”. Embora o código de ética e demais produções do CED não sejam legalmente vinculativas para os Estados membros, os seus governos e as suas associações profissionais, “trata-se, no fundamental, de uma posição de pressão para que a informação sobre este assunto seja corretamente interpretada pelos agentes nacionais e europeus, no sentido de legislar corretamente", conclui a representante portuguesa. A OMD lançou assim, em Atenas, um desafio ao CED: a produção de uma declaração política a curto prazo, o que foi aceite por unanimidade após a intervenção.

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Fósseis da cavidade oral lançam novas pistas sobre a evolução do homem de Neandertal A caverna Sima de los Huesos, situada na província de Burgos, no norte de Espanha, guarda um dos maiores registos da evolução dos hominídeos. Esse importante sítio arqueológico, um dos mais ricos do mundo em fósseis, permitiu que uma equipa liderada por Juan Luis Arsuaga, professor de paleontologia da Universidade Complutense de Madrid, acrescentasse mais uma peça ao “puzzle” que representa o desenvolvimento dos neandertais. Num estudo recentemente publicado na revista Science, o investigador espanhol descreve fósseis que misturam características do homo neanderthalense e de hominídeos mais primitivos. A descoberta pode levar mesmo à identificação de uma nova subespécie. Os cientistas investigaram 17 esqueletos de indivíduos que viveram na Europa há mais de 430 mil anos, sendo sete deles inéditos. O mais curioso é que estes apresentam características dos neandertais no maxilar e nos dentes. Porém, o homo neanderthalense só existiu na forma descrita pela ciência cerca de 130 mil anos mais tarde. “Diversas técnicas permitiram verificar a idade dos fósseis. Esta nova cronologia revela que esses são os hominídeos mais antigos a apresentar feições do homem de Neandertal, mostrando claramente as divergências evolucionárias do Pleistoceno”, revela o autor do estudo. A descoberta dá nova consistência à teoria da acreção. O modelo defende que as raízes mais profundas do neandertal datam de há 400 mil anos, no Pleistoceno Médio. A hipótese sustenta que a fisionomia da espécie não teve origem num “pacote único”, mas surgiu em etapas e ritmos diferentes. “As alterações faciais ocorreram primeiro e foram seguidas pelas do neurocrânio”, adianta Juan Luis Arsuaga. As evidências sugerem, portanto, que os primeiros representantes da linhagem neandertal misturavam traços modernos e primitivos. Embora neandertais, homens modernos e denisovanos sejam considerados espécies distintas, alguns investigadores defendem que os frutos dos cruzamentos entre eles mantiveram o potencial reprodutivo. Dois estudos publicados no início deste ano, nas revistas Nature e Science, indicam que o homem de Neandertal deixou uma herança de até 20 por cento no DNA de populações europeias e asiáticas.

Tudo indica que os primeiros representantes da linhagem neandertal misturavam traços modernos e primitivos.

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Falamos coM... Helena Rebelo

médica dentista, especialista em periodontologia e cirurgia de implantes

Hoje em dia seria absolutamente incorreto ensinar seja o que for sobre implantes sem falar nas doenças periimplantárias

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Falamos com... Os mais recentes dados científicos revelam que a periimplantite afetará entre 27 a 77% dos indivíduos reabilitados com implantes. Numa altura em que a doença assume particular preponderância na consulta dentária, a médica dentista Helena Rebelo explica à MAXILLARIS a atual dimensão do problema, que exige reforçadas medidas de prevenção e requer um amplo compromisso a longo prazo entre os clínicos e os doentes. A professora da Pós-Graduação e Mestrado de Periodontologia e Implantes da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa considera fundamental, entre outras recomendações, que qualquer reabilitação implantosuportada possa assegurar o controlo do biofilme bacteriano na zona transmucosa de cada implante colocado.

Partilha da opinião de que a periimplantite constitui um dos principais obstáculos no processo da reabilitação com implantes? Essa não é a minha opinião, pois sempre se soube – ou, pelo menos, desde a década de 1990 – que o risco da periimplantite existia. O facto da periimplantite ser hoje, felizmente, reconhecida como uma doença – que afeta, ao fim de cinco a dez anos, uma percentagem muito elevada de implantes – leva a que as medidas destinadas à sua prevenção sejam obrigatórias. Não creio que a periimplantite seja um obstáculo à reabilitação com implantes, desde que se faça uma correta avaliação prévia dos fatores de risco envolvidos ao planificar a reabilitação em cada doente, esclarecendo-o para os riscos e cuidados a ter e definindo, à partida, um programa de suporte adequado. A avaliação custo-benefício tem que ser efetuada, e caso os riscos superem as vantagens, aí sim, deverá optar-se por outra solução. Quais são os principais contornos e a atual dimensão deste problema? A periimplantite é uma complicação biológica tardia que se desenvolve, geralmente, tal como referi antes, apenas entre cinco a dez anos após a reabilitação estar funcional. De acordo com a evidência científica atual, a periimplantite afetará entre 27 a 77 por cento dos indivíduos reabilitados com implantes, num total de entre 12 a 43 por cento dos implantes colocados. Perante estes números, variáveis em função das diferentes revisões sistemáticas publicadas recentemente, não creio que sejam necessários mais comentários. Portugal acompanha a tendência europeia ou internacional neste campo? Seguramente que sim. A partir de meados da década de 90 começou um verdadeiro boom em termos de colocação de implantes em Portugal, tal como no resto da Europa. Os implantes começaram quase a ser vistos como sendo tão bons como os dentes, não havendo, muitas vezes, grande hesitação em extrair dentes por “motivos de reabilitação” ou como alternativa a tratamentos,

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Falamos com... nomeadamente periodontais. Faltava a tal avaliação custo-benefício. Hoje em dia, penso ser claro que essa decisão é perigosa. Por outro lado, não me parece que houvesse, por parte dos dentistas, o cuidado suficiente para promover com eficácia a prevenção desta doença que – repito – já se sabia que existia. Quais são os prós e os contras dos diferentes tratamentos com implantes? Do ponto de vista da prevenção das complicações biológicas, é fundamental que qualquer reabilitação implantosuportada permita o acesso para o controlo do biofilme bacteriano na zona transmucosa de cada implante colocado. Assim, as reabilitações da arcada completa com gengiva artificial, por exemplo, podem, por si só, constituir um risco para a periimplantite, pois muitas vezes o acesso para limpeza da emergência dos implantes por parte do doente é quase impossível. Por outro lado, do ponto de vista de lidar com a doença estabelecida, é sempre mais favorável quando a reabilitação é segmentada. Como se pode tratar e evitar as doenças periimplantárias? A única forma de prevenir as doenças periimplantárias é ter e transmitir aos nossos doentes plena consciência de que a cavidade oral é um meio aquoso contaminado e, nestas circunstâncias, sobre qualquer superfície que não descame, como é o caso dos dentes e dos implantes, há formação de um biofilme bacteriano. Assim, a prevenção é semelhante, em termos de conceito, para as doenças periodontais e para as doenças periimplantárias. Na prática, é tecnicamente mais difícil manter limpa a superfície dos implantes do que a dos dentes: na sua emergência, os implantes são cilíndricos, pelo que apenas com fio (idealmente implant floss) é possível aceder a toda a sua circunferência. Quanto ao tratamento, o cenário é muito pior do que nos dentes: se existe, relativamente à periodontite, uma evidência sólida de que a perda de suporte pode ser detida com eficácia a longo prazo e até de que a regeneração periodontal funciona, essa evidência não

A professora universitária adianta que vários tratamentos foram testados, mas lembra que ainda não está comprovada a eficácia real de nenhum deles.

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Não creio que a periimplantite seja um obstáculo à reabilitação com implantes, desde que se faça uma correta avaliação prévia dos fatores de risco envolvidos ao planificar a reabilitação em cada doente

existe para a periimplantite. Vários tratamentos foram testados – cirúrgicos, não cirúrgicos, ressectivos e regenerativos –, mas não está ainda comprovada a eficácia real de nenhum deles. Mais, na última atualização da revisão sistemática sobre tratamento de periimplantite, em 2012, Marco Esposito afirma que, para além de não haver nenhum tratamento que demonstre claramente eficácia superior aos outros, nos estudos com follow-up superior a um ano, o nível de recidiva aproxima-se de 100 por cento. Alguns pacientes apresentam situações especiais que merecem atenção antes de iniciar o tratamento com implantes. Quais são os casos mais recorrentes e que tipo de cuidados especiais exigem? Existem muitos fatores de risco que podem estar associados ao desenvolvimento desta complicação biológica e seguramente que muitos mais virão ainda a ser encontrados. Atualmente, os fatores de risco comprovados pela literatura centram-se no doente e são de dois tipos: fatores sistémicos e ambienciais. A periodontite é simultaneamente um fator sistémico, pelo traço de suscetibilidade à destruição periodontal, e ambiencial, pois os dentes presentes podem funcionar como reservatório de bactérias patogénicas. Os outros fatores sistémicos comprovados são os hábitos tabágicos e a diabetes, e o outro fator ambiencial é a má higiene oral. Assim, relativamente aos fatores de risco do tipo sistémico os cuidados serão, claramente, incentivar a cessação tabágica alertando o doente para os riscos associados e chamar a atenção para a importância – também para os


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Falamos com... efetuar o polimento da porção transmucosa dos implantes. Caso exista já início de doença periimplantária, poderá proceder-se ao seu tratamento precoce.

Helena Rebelo considera que os doentes estão preparados para cuidar dos seus implantes da mesma forma que cuidam dos seus dentes.

implantes – do controlo da diabetes. Quanto ao traço genético que confere suscetibilidade à destruição periodontal, este não pode ser apagado, nem mesmo com a extração de todos os dentes presentes (este era um argumento insensato utilizado pelos defensores da extração dos dentes nos doentes com periodontite para a colocação de implantes). Desta forma, antes de programar a reabilitação com implantes, há que tratar corretamente a periodontite e conseguir que os doentes tenham uma ótima higiene oral. Estes doentes estão preparados para cuidar dos seus implantes da mesma forma que cuidam dos seus dentes. O controlo do biofilme bacteriano é fundamental. A colaboração do paciente durante e após o tratamento é, portanto, determinante para minimizar os riscos da periimplantite. A reabilitação com implantes, tal como o tratamento periodontal, requer claramente um compromisso a longo prazo entre o médico dentista e os doentes, nomeadamente no cumprimento dos cuidados de higiene ensinados e reforçados, e do programa definido de consultas de suporte. Na minha opinião, estas consultas deverão ser trimestrais no primeiro ano e depois adaptadas a cada doente, isto é, ao tipo de reabilitação e às características do paciente. Nas consultas de suporte há que registar, para cada implante, os parâmetros fundamentais dos tecidos periimplantários: profundidade do sulco e presença ou não de placa bacteriana e hemorragia; depois há que reinstruir o doente em termos de eficácia no controlo de placa e, caso os tecidos periimplantários estejam saudáveis,

Agora, mais do que nunca, está claro que os dentes estão sempre melhor preparados para enfrentar as múltiplas agressões da vida do que qualquer implante até hoje existente

De uma maneira geral, acha que os médicos dentistas portugueses estão suficientemente sensibilizados para todas estas questões associadas à periimplantite? Penso que não existe uma diferença muito grande entre a comunidade de dentistas portugueses e estrangeiros quanto a este problema: a evidência existe e está acessível a todos na literatura. No entanto, tenho receio relativamente a dois aspetos. Por um lado, que o nível de exigência dos dentistas para com os doentes em termos de colaboração não seja ainda suficiente. Por outro lado, que se caia ainda na tentação de extrair alguns dentes para colocar implantes. Agora, mais do que nunca, está claro que os dentes estão sempre melhor preparados para enfrentar as múltiplas agressões da vida do que qualquer implante até hoje existente. No plano académico, está contemplada alguma formação específica – ou seria recomendável fazê-lo – com vista a preparar para este tema os futuros profissionais de Medicina Dentária? Hoje em dia seria absolutamente incorreto ensinar seja o que for sobre implantes sem falar das doenças periimplantárias. Já não estou a falar apenas em ensino universitário: mesmo os cursos mais curtos e práticos, de fins-de-semana, têm obrigatoriamente que dedicar uma parte importante a este tema. Perante este cenário, quais são as suas expetativas quanto a uma eventual redução, a curto ou médio prazo, do número de casos de periimplantite? Neste momento as periimplantites estão em franco crescimento. Como dizia Mario Roccuzo, “todo o implante é uma bomba-relógio: ao colocá-lo nunca sabemos como e quando vai explodir. Está na hora dos dentistas regressarem às suas origens, fazer tudo o que seja possível para salvar os dentes e manter os doentes sob controlo adequado, especialmente os doentes periodontais com implantes“. Dentro de uma década, creio que nenhum colega colocará implantes sem fazer a correta avaliação custo-benefício e sem ter os cuidados preventivos adequados. Por outro lado, creio que a indústria irá ajudar. Estou certa que surgirão implantes com superfícies, na zona transmucosa, se não bactericidas, pelo menos que desfavoreçam a formação do biofilme bacteriano.

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João Pimenta, médico dentista, fundador da Associação Portuguesa de Implantologia Oral e Biomateriais

A diferença entre um bom e um mau implantologista pode residir na forma como gere os seus próprios fracassos

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Falamos com... O médico dentista João Pimenta, que organizou recentemente um encontro sobre insucessos em implantologia, alerta para duas realidades “muitas vezes esquecidas” pelos profissionais que trabalham nesta área. “A primeira é que os implantes não são a panaceia; a segunda é que os fracassos acontecem”. Em entrevista à MAXILLARIS, este especialista com larga experiência nas áreas da implantologia e da estética – foi fundador da Associação Portuguesa de Implantologia Oral e Biomateriais e da Sociedade Portuguesa de Estética Dentária – defende, entre outros pontos de vista, a necessidade das faculdades do setor introduzirem a implantologia (como disciplina) nos seus currículos.

Qual é o atual ponto da situação em matéria de casos de insucesso em implantologia? O panorama português e internacional neste domínio tem vindo a agravar-se nos últimos anos ou, pelo contrário, tem vindo a melhorar? Os médicos dentistas que praticam a implantologia têm que conhecer duas realidades muitas vezes esquecidas: a primeira é que os implantes não são a panaceia; a segunda é que os fracassos acontecem. E se noventa e cinco por cento de sucesso pode parecer uma percentagem excelente, esse número representa cinco por cento de fracassos… e para os pacientes isso quer dizer cem por cento. Por isso – e tenho-o afirmado muitas vezes –, a diferença entre um bom e um mau implantologista pode residir na forma como gere os seus próprios fracassos. Os pacientes compreendem-nos se tivermos com eles uma relação amiga e de confiança, porque algumas vezes nem mesmo nós compreendemos os fracassos, já que múltiplos fatores podem estar envolvidos. Se continuarmos a assistir à proliferação de cursos, em que é dada uma imagem de facilitismo, podem crer que os fracassos vão aumentar. Na minha opinião, a Ordem dos Médicos Dentistas já devia ter criado a especialidade de implantologia e as faculdades deviam adotar essa disciplina no seu currículo, mesmo no ensino pré-graduado. É preciso compreender que os jovens médicos dentistas devem saber tanto de prótese fixa como de implantes. A situação nacional, em matéria de casos de insucesso, acompanha a tendência europeia ou internacional? Não sei se acompanha ou não. Sei é que não acredito naqueles que nunca falham. O problema é que, por vezes, não temos a oportunidade de observar os fracassos que temos, porque os pacientes, entretanto, recorrem a outros colegas. Todos nós, que trabalhamos há muitos anos, já vimos fracassos uns dos outros. Portanto, é melhor evitar comentários, porque desconhecemos em que condições os tratamentos foram feitos e até a forma como o paciente fez a manutenção do trabalho realizado. Em todo o caso, pediria a alguns médicos dentistas que tivessem mais cuidado e mais princípios éticos em todo este processo.

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Falamos com...

Todos nós, que trabalhamos há muitos anos, já vimos fracassos uns dos outros, portanto, é melhor evitar comentários, porque desconhecemos em que condições os tratamentos foram feitos e até a forma como o paciente fez a manutenção do trabalho realizado

Quais são os principais fatores que influenciam ou comprometem os resultados no tratamento com implantes? Em primeiro lugar, a preparação académica e clínica do implantologista. Essa preparação, na minha opinião, deve ser universitária e com uma forte componente clínica cirúrgica e protética. Os anos de experiência e o estudo dos nossos próprios fracassos também são importantes. Em segundo lugar, a escolha do implante e da companhia com quem trabalhamos. Um implante caro ou muito caro não é necessariamente sinónimo de um bom implante. Há já alguns anos que assistimos a uma sobreposição do marketing relativamente à investigação. Temos que ter muito cuidado com isso, para não corrermos o risco de usarmos soluções não suficientemente testadas. Presentemente, prefiro usar soluções e superfícies suficientemente testadas. Tornei-me um implantologista “clássico” e estou satisfeito com esta opção, porque reduzi o número de fracassos. Planificar é também fundamental, isto é, pensar no que se vai fazer e porque se vai fazer. Depois, há aspetos múltiplos ligados ao fator hospedeiro e à sua saúde.

implantes. Em suma, devemos ter uma visão crítica e dizer que somos parte integrante na área dos implantes e não revendedores. Eu recuso ser “parceiro de negócio” de quem quer que seja. Quero ser médico dentista e que cada um desempenhe as suas funções.

A estrutura óssea do paciente é frequentemente considerada uma questão-chave no contexto dos riscos de insucesso. Qual é o seu ponto de vista relativamente às dificuldades da osseointegração? Andre Benhamou, que concebeu os primeiros implantes a entrar em Portugal na era da “moderna implantologia”, dizia-me – a mim e ao meu colega de profissão Manuel Neves – quando estudámos implantologia em França, na Universidade de Bordéus: “saibam dizer não, porque isso pode ser uma das bases principais do vosso êxito”. Eu acho que ele tinha (e tem) razão. É evidente que há superfícies que se integram melhor que outras. Por outro lado, questiono se não deve existir um pequeno colo polido nos

Acha que os profissionais portugueses de Medicina Dentária estão suficientemente sensibilizados e preparados para enfrentar ou contornar o problema do insucesso em implantologia? Podem estar sensibilizados, mas não estão genericamente preparados, porque lhes foi dito, por vezes, que uma determinada marca era premium e, portanto, não tera problemas. Bastaria um fim de semana para aprenderem que a realidade é outra. Não é preciso ser “extra-terrestre” para ser implantologista, mas a banalização é muito perigosa. Na sua opinião, é recomendável algum tipo de formação específica dirigida aos atuais/futuros profissionais que lidam com implantes? Quando eu e o Manuel Neves, no final da década de 80, fomos estudar implantologia para a Universidade de Bordéus, fizemo-lo porque achámos que precisavamos de formação. Entendo que essa formação compete, em primeira mão, às universidades. Mas a implantologia aprende-se fazendo, e com bons mestres, bons clínicos e experientes. As faculdades devem perceber isso, mas às vezes não dão sinais dessa perceção.

João Pimenta considera fundamental planificar bem os tratamentos com implantes.

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Na sua qualidade de promotor da inédita reunião sobre insucessos em implantologia, que decorreu em Barcelos com a participação de mais de 200 profissionais, que conclusões vale a pena destacar desse encontro? Vale a pena concluir que “exorcizámos” muitas coisas. Falámos abertamente de problemas, que são mais


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Falamos com...

João Pimenta foi o mentor da reunião sobre insucessos em implantologia, realizada em Barcelos, que poderá transformar-se num evento anual.

comuns do que imaginamos, e demos à indústria a oportunidade de participar no debate, uma vez que convidámos todas as marcas. Tratou-se de uma iniciativa pontual ou existe a intenção de a retomar a médio ou longo prazo, tendo em vista o crescente interesse por este tema? Face à adesão que tivemos e ao interesse que esta temática tem vindo a despertar junto dos profissionais do setor, prevemos fazer um evento anual. À margem do tema central desta entrevista, que análise global faz do atual panorama da Medicina Dentária em Portugal? O panorama é péssimo por várias razões. Para começar, continuamos a assistir a uma saída exagerada de profissionais, sem qualquer regulação. E quando questiono alguns dirigentes profissionais e académicos sobre esta matéria, a maioria responde-me com o “chavão” de que o mercado se encarregará do assunto. A OMD tem a obrigação de ser mais interventiva e ativa. À exceção de uns comunicados e umas tomadas de posição avulsas, não vejo nada concretizado. Certo é que, para bem de todos, é urgente que seja “estancada a corrente”. Quando iniciámos a profissão, sempre lutámos pela integração dos médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde, mas eramos poucos e com pouca força. Quando chegou a hora de impor a nossa posição, de uma forma “barulhenta” sob o ponto de vista político, a OMD aceitou aquela que é, para mim, uma das maiores farsas da saúde pública em Portugal pós-25 de abril: o famoso cheque-dentista.

Há muito desemprego e subemprego, alguns colegas associados ou não a grandes grupos aproveitaram-se das fragilidades dos médicos dentistas e ofereceram salários desprestigiantes. Há também uma enorme emigração. Penso que chegou a hora de pôr a OMD ao serviço de todos os médicos dentistas. Deve ser mais interventiva politicamente, mais presente e, sobretudo, mais eficaz. A publicidade, muitas vezes de cariz enganoso, a participação em grupos de desconto, a distribuição de vouchers e de panfletos, e toda uma panóplia de publicidade tomou conta da profissão. Ora, tudo isto é altamente descredibilizante. Mais uma vez, pergunto: porque não se cumpre a lei portuguesa que proibe a publicidade a tratamentos médicos? Se a Ordem se assume como Estado, deve sê-lo em todos os aspetos. Há muitos outros assuntos, como o problema dos seguros, das especialidades, da formação contínua e da deficiente formação profissional – que resultou do processo de Bolonha – que deveriam ter merecido outra atenção. Está a chegar a hora de mudar muita coisa e de dar mais voz aos médicos dentistas; às “bases”. É preciso organizar assembleias extraordinárias para ouvir os profissionais do setor que têm coisas a dizer e a discutir, por muito incómodas que possam ser para o sistema. Há que mudar a forma de atuar e, insisto, dar voz aos médicos dentistas, e até referendar algumas decisões mais importantes.

A preparação académica e clínica do implantologista influencia os resultados. Essa preparação, na minha opinião, deve ser universitária e com uma forte componente clínica cirúrgica e protética

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Ponto de vista

Francisco Brandão de Brito Médico dentista. Prática exclusiva em periodontologia e implantes. Docente da Especialização em Periodontologia da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa.

Desafios atuais da implantologia oral Desde os estudos de Bränemark, na década de 60, que culminaram com a descoberta da osteointegração, tem-se vindo a assistir a um grande boom na implantologia oral. Não há qualquer tipo de dúvida de que se tratou de uma descoberta fundamental para o avanço da ciência e em particular da área da reabilitação oral. Até aqui tudo parece muito positivo. O problema começou com a utilização exagerada dos implantes endósseos.

gem. Com efeito, verifica-se, com uma certa frequência, que não é dada a devida importância a este ponto, o que tem contribuído para as cada vez mais prevalentes doenças periimplantares, que apesar de serem abordadas terapeuticamente com os protocolos utilizados para o tratamento das doenças periodontais, apresentam, na maioria dos casos, resultados bastante mais insatisfatórios.

É também importante salientar que a par do desenvolvimenA falta de informação dos pacientes e mesmo de alguns clínito da área da reabilitação oral, existem ainda outras áreas, cos, associada a uma visão muito economicista, tem levado como a endodontia, a dentisteria e a prótese fixa, que sofreao seu uso indiscriminado, com ideias subjacentes tais como ram uma enorme evolução, possibilitando manter de forma “é melhor extrair os dentes e colocar previsível, nos dias de hoje, dentes implantes” ou que “os implantes são que outrora estariam condenados. Parece fundamental para toda a vida”. Na base deste desconhecimento está, muitas vezes, Parece, pois, fundamental sensibilizar sensibilizar os clínicos uma informação incompleta e mal os clínicos para a importância da prepara a importância veiculada pelos media, que passam servação de dentes passíveis de serem uma mensagem de obtenção de uma mantidos, sublinhando que o recurso da preservação saúde e estética fáceis e imediatas. aos implantes deve ser guardado para de dentes passíveis os casos em que se torna impossível a Além disto, vivemos numa era em que manutenção dos dentes naturais ou pade serem mantidos queremos “tudo para ontem”, em que ra quando estes estão ausentes. os implantes se colocam imediata mente após a extração dos dentes, recorrendo-se a protocolos Por outro lado, é também essencial estar alerta para os pade carga/função/estética imediatas, e utilizando superfícies cientes de risco, tais como os fumadores, diabéticos ou implantares muito rugosas, com vista a diminuir o período de pacientes com história de periodontite, nos quais as compliosteointegração. Todos estes fatores têm vindo a contribuir cações biológicas são mais comuns. para uma diminuição da previsibilidade dos resultados da reabilitação oral com implantes, traduzida, muitas vezes, por um Em suma, nos pacientes em geral e sobretudo nos pacientes decréscimo das taxas de sucesso. de risco, há que tentar manter o mais possível os dentes naturais, evitando as “extrações estratégicas”, fazer um conOutro ponto fundamental, e que muitas vezes escapa tanto aos trolo regular e exaustivo dos dentes e dos implantes, e exepacientes como aos “implantologistas”, tem a ver com a necutar reabilitações onde a remoção da placa bacteriana estecessidade de manutenção que os implantes endósseos exija facilitada.

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Ciência e prática

Tratamento da doença periimplantar: relato de um caso clínico

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: Margarida Malta Médica dentista. Licenciada no Instituto Superior de Ciencias da Saúde Egas Moniz. Pós-graduada em Ortodontia (pela UNICSUL Brasil) e em Implantologia e Reabilitação Oral (pelo Centro de Formação FA). Prática clínica na Clínica Dentária Infante Sagres. Fernando Almeida Médico dentista. PhD pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Administrador da Clínica Dentária Infante Sagres, da Clínica Dentária dos Carvalhos, do Laboratório de Prótese Dentária (Labdent) e do Centro de Formação FA. Coordenador do Curso Privado em Implantologia no Porto e Lisboa. Consultor científico de vários produtos de Implantologia. Porto.

Margarida Malta Introdução A reabilitação oral utilizando implantes dentários endoósseos é atualmente uma técnica com resultados altamente previsíveis, sendo esta utilizada em pacientes parcialmente e totalmente edêntulos com elevada taxa de sucesso. Contudo, podem ocorrer complicações ao nível dos implantes envolvendo o tecido mole periimplantar (mucosite) ou estendendo-se aos tecidos duros ocasionando perda óssea (periimplantite) ou mesmo perda efetiva do implante.

As doenças periimplantares classificam-se como sendo um processo inflamatório nos tecidos ao redor dos implantes osteointegrados1. A mucosite periimplantar definiu-se como processo inflamatório reversível no tecido mole ao redor de um implante em função, enquanto que a periimplantite é um processo inflamatório caracterizado pela perda óssea adicional2.

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Clinicamente, a mucosite caracteriza-se pela presença de biofilme bacteriano na superfície do implante levando à tumefacção da mucosa, sangramento à sondagem, exsudado ou microabrasão, e ausência radiográfica de reabsorção óssea3. Por sua vez, a periimplantite pode ser diagnosticada clinicamente pela presença de sangramento, exsudado, profundidade clínica de sondagem aumentada (bolsas maiores que 5 mm) e edema4. Radiograficamente, esta caracteriza-se pela presença de perda óssea. Os dois maiores fatores etiológicos associados à reabsorção do tecido da crista óssea periimplantar são a infeção bacteriana e os factores biomecânicos associados a uma sobrecarga no local do implante. Dependendo da severidade da perda óssea periimplantar, morfologia do defeito ósseo e superfície do implante, há ou não a possibilidade de reter a progressão da doença e regenerar o tecido ósseo perdido.

Este artigo visa relatar um caso clínico de periimplantite e o seu respetivo tratamento.

Descrição do caso A.A, sexo feminino, 44 anos, saudável e não fumadora surgiu na consulta em março de 2004 apresentando fratura vertical do dente 46, tendo-lhe sido proposto efetuar exodontia do mesmo e reabilitação imediata com implante Nobel Biocare Replace Groovy® (fig. 1). Após seis meses de osteointegração do implante, colocou-se o pilar de impressão sobre a plataforma e procedeu-se à respetiva moldagem. A coroa definitiva metalo-cerâmica cimentou-se em outubro de 2004 (figs. 2 a 5).

O tratamento da periimplantite envolve procedimentos mecânicos e químicos que podem ser executados isoladamente, ou associados, dependendo da extensão do defeito periimplantar5. O recurso a tratamentos cirúrgicos visa a exposição da superfície do implante para auxiliar o desbridamento mecânico dos tecidos infetados e a descontaminação mecânica e química da superfície do implante com agentes abrasivos, ácidos, antisépticos, antimicrobianos e recentemente com o uso de laser. Além disso, os procedimentos cirúrgicos podem envolver manobras regenerativas utilizando enxertos ósseos autógenos ou substitutos ósseos associados ou não a membranas reabsorvíveis/não reabsorvíveis. Após a adequada descontaminação da superfície do implante, a utilização dos biomateriais visa o preenchimento e regeneração dos tecidos perdidos pela progressão da doença periimplantar6. Os não cirúrgicos envolvem a descontaminação da superfície dos implantes sem a abertura de retalho, recorrendo à ação mecânica (desbridamento manual com curetas de carbono e pontas de teflon) e química com uso de antibióticos tópicos e sistémicos e antisépticos (cloroexidina, iodopovidona e ácido cítrico).

Fig. 2. Coroa.

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Fig. 1. Implante colocado após exodontia.

Fig. 3. Pilar.


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Fig. 4. Cabeça do implante.

Fig. 5. Coroa cimentada.

A paciente não compareceu às consultas de revisão e higiene oral com a periodicidade que lhe foi solicitada, tendo aparecido de novo no consultório em outubro de 2011.

de granulação em redor do implante e descontaminar a zona seguiu-se o seguinte protocolo clínico: 1. Desbridamento mecânico com curetas de teflon para implantes. 2. Aplicação de jato de bicarbonato de baixa abrasividade. 3. Irrigação com cloroexidina 0,12%. 4. Aplicação local de comprimido de doxiciclina triturado colocado em soro fisiológico durante cinco minutos. 5. Remoção de excessos com cloroexidina 0,12%. 6. Aplicação de ácido cítrico 25% com bola de algodão. 7. Lavagem com soro fisiológico. 8. Irrigação com cloroexidina 0,12%. 9. Irrigação com soro fisiológico. 10. Irrigação com iodopovidona. 11. Irrigação com soro fisiológico.

No exame clínico identificou-se a presença de tecido inflamado com edema e exsudado purulento em redor do implante do 46. A sondagem revelou sangramento e presença de bolsa distal de 8 mm e mesial de 4 mm, embora sem mobilidade. Radiograficamente, identifica-se uma perda óssea significativa em redor do implante (figs. 6 e 7). Efetuou-se a remoção da coroa definitiva e medicou-se a paciente com Amoxicilina 500 mg e Metronidazol 250 mg, e bochecho com cloroexidina a 0,12%, durante oito dias. Realizou-se então uma incisão ao nível dos 45 e 47 com rebatimento do retalho vestibular para facilitar o acesso à área do implante. Com o objetivo de promover a remoção de tecido

Após descontaminação completa da zona, colocou-se o enxerto de osso mineral bovino (Bio-Oss®), a membrana de colagénio reabsorvível (Bio-Guide®) e procedeu-se ao encerramento com sutura 5/0 monofilamento. Submeteu-se a paciente a uma avaliação mensal e, ao fim de seis meses, recolocou-se a coroa definitiva (figs. 8 e 9).

Fig. 6. Rx periapical evidenciando perda óssea em torno do implante.

Fig. 7. Ortopantomografia em outubro de 2011.

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Fig. 8. Rx periapical seis meses após a regeneração.

Após um ano, a paciente realizou uma nova radiografia panorâmica e periapical confirmando-se a estabilidade do tecido ósseo regenerado (figs. 10 e 11). No entanto, considera-se adequada a execução de um enxerto de tecido gengival livre para potenciar o ganho de gengiva queratinizada.

Discussão O objetivo primário no tratamento da periimplantite é a estabilização do processo patológico. Secundariamente, procura-se a recuperação dos tecidos visando a manutenção do implante em função7,8. O sucesso do tratamento da periimplantite está

Fig. 10. Rx periapical um ano após a regeneração.

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Fig. 9. Coroa sobre implante após seis meses.

relacionado com vários fatores: prevenção da infeção aguda, estabilidade mecânica da ferida com a manutenção de um coágulo sanguíneo preenchendo o defeito ósseo, criação de uma superfície de implante condutiva à formação óssea e criação de uma barreira que impeça o crescimento de tecido conjuntivo no interior do defeito ósseo9. A terapia anti-infecciosa inclui técnicas de desbridamento da lesão, descontaminação do implante, aplicação de anti-sépticos locais e antibioterapia sistémica. No entanto, não existem evidências cientificas suficientes que defendam um protocolo específico de tratamento antimicrobiano10.

Fig. 11. Ortopantomografia um ano após a regeneração.


Propõem-se diferentes técnicas para tratar a superfície dos implantes contaminados. Estas incluem: aplicação de produtos químicos, como ácido cítrico e peróxido de hidrogénio 10%, soluções salinas e/ou cloroexidina 0,12%; a utilização de jatos pouco abrasivos e limpeza mecânica com curetas de teflon ou ultra-som, bem como utilização de laser10. A efetividade destes métodos tem sido baseada no potencial de descontaminação sem alterar, contudo, as propriedades osteocondutivas da superfície dos implantes7,8. Após o controlo efetivo da infeção, inicia-se a terapia cirúrgica corretiva, podendo esta ser de dois tipos: ressectiva ou regenerativa10,11. A cirurgia ressectiva visa reduzir a profundi-

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dade de sondagem e obter uma morfologia tecidual favorável à higiene e à saúde periimplantar4. A terapia regenerativa visa a recuperação do osso de suporte perdido com o aumento vertical da crista óssea, recorrendo a técnicas de enxerto e regeneração óssea guiada. A quantidade de osso formado pela terapia regenerativa depende de: morfologia do defeito ósseo, capacidade de manutenção do espaço e tempo de permanência da membrana7,8. A literatura para o tratamento das doenças periimplantares descreve diferentes técnicas e protocolos. No entanto, não se descreve nenhum protocolo específico utilizando estudos a longo prazo12.

Conclusão Embora nenhum protocolo esteja definido para o tratamento da doença periimplantar, sabe-se que: 1) O diagnóstico precoce das doenças periimplantares e o tratamento imediato devem ser feitos de forma a prevenir a necessidade de remoção do implante. 2) A condição fundamental para o tratamento da periimplantite é a descontaminação da superfície do implante de bactérias e toxinas. 3) A terapia cirúrgico-regenerativa é indicada no tratamento das periimplantites.

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Preservação alveolar no setor anterior. A propósito de um caso clínico

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Ciência e prática Gonçalo Gomes Sanches Médico dentista. Aluno do Curso de Especialização em Periodontologia da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). gsperio@gmail.com Elsa Domingues Médica dentista. Aluna do Curso de Especialização em Periodontologia da FMDUL. Diana Valente Médica dentista. Aluna do Curso de Especialização em Periodontologia da FMDUL. Nuno Serra Médico dentista. Aluno do Curso de Especialização em Periodontologia da FMDUL. Fábio Santos Médico dentista. Aluno do Curso de Especialização em Periodontologia da FMDUL. Francisco Brandão de Brito Médico dentista. Assistente Convidado da Especialização em Periodontologia da FMDUL. Susana Noronha Médica dentista Assistente Convidada da Especialização em Periodontologia da FMDUL. Paulo Mascarenhas Médico dentista. Assistente Convidado da Especialização em Periodontologia da FMDUL. Lisboa.

Gonçalo Gomes Sanches

Introdução Os ossos maxilar e mandibular são compostos por diversas estruturas anatómicas com uma função, composição e fisiologia próprias: o osso basal, que forma o corpo da mandíbula e da maxila, o processo alveolar, que dá forma ao alvéolo dentário, e o bundle bond ou osso fascicular, que circunda o

alvéolo e se estende coronalmente, formando a crista alveolar vestibular. Esta porção óssea faz parte do compartimento inferior do periodonto e permite a ancoragem das terminações externas das fibras de Sharpey do ligamento periodontal. O alvéolo é assim uma estrutura dente-dependente sendo certo

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que a extração dentária resultará na perda óssea alveolar, acompanhada de colapso dos tecidos moles a ela associados (Van der Weijden e cols., 2009; Araújo e Lindhe, 2005; Tan e cols., 2012). Após a extração dentária, surge o desafio de reabilitar em harmonia com a restante dentição natural adjacente. Para que isso seja possível, é necessária a existência de uma arquitetura favorável da crista alveolar, tanto em termos de tecidos duros como moles, pelo que a otimização e manutenção dos mesmos é de extrema importância. Assim, este artigo tem como objetivo, a propósito de um caso clínico, rever os eventos fisiológicos que sucedem após a extração dentária, assim como demonstrar o procedimento de preservação alveolar aplicado com o objetivo de minimizar o prejuízo causado por alterações morfológicas no alvéolo.

Cicatrização pós-extração Amler, em 1969, descreveu os eventos que compõem a cicatrização alveolar pós-extração, dividindo-os em cinco fases: 1. Formação de um coágulo. 2. O coágulo é substituído por tecido de granulação, num processo que decorre ao longo de quatro/cinco dias. 3. Até aos 14 a 16 dias, o tecido conjuntivo substitui, gradualmente, o tecido de granulação. Este tecido conjuntivo caracteriza-se pela presença de fibroblastos fusiformes, fibras de colagénio e de uma matriz. 4. Posteriormente dá-se a calcificação de tecido osteóide, iniciando-se na base e periferia do alvéolo. Às seis semanas, o osso trabecular preenche quase por completo o alvéolo. 5. O encerramento epitelial completo ocorre entre 24 e 35 dias. De acordo com Cardaropoli e cols. (2003), o processo de remodelação óssea inicia-se aos 30 dias, com o início da reabsorção do osso imaturo, estendendo-se até aos 180 dias com a substituição por osso lamelar e medular. É certo que, desde que o coágulo inicial seja mantido, o alvéolo cicatrizará sem problemas, na maioria dos casos. No estudo de Kim e cols. (2014) os episódios de cicatrização

errática limitam-se a 4,24% dos alvéolos, sendo mais frequente em molares do que em incisivos e caninos. No entanto, o processo de cicatrização e remodelação não é isento de alterações morfológicas.

Alterações dimensionais pós-extração A extração dentária resulta, geralmente, na perda das dimensões alveolares, sendo expectável mudanças dimensionais, tanto horizontais como verticais (Van der Weijden e cols., 2009; Araújo e Lindhe, 2005) demonstraram que as alterações do rebordo alveolar ocorrem nos primeiros dois a três meses após a extração, com mudanças mais pronunciadas na parede vestibular. Schroop e cols. (2003) reportaram uma perda de 50% da largura total do alvéolo nos 12 meses que sucedem a extração dentária, sendo que dois terços dessa perda ocorre nos primeiros três meses. De acordo com a revisão sistemática de Tan e cols. (2012), o rebordo alveolar em humanos sofre uma redução horizontal de 3,8 mm (29-63%) e uma redução vertical de 1,24 mm (1122%) nos primeiros seis meses após a extração.

Preservação alveolar Darby e cols. (2008) definiram a preservação da crista alveolar como qualquer procedimento realizado na altura da extração dentária com o intuito de minimizar a reabsorção externa da crista e maximizar a formação óssea dentro do alvéolo. Hämmerle e cols. (2012) determinaram o fundamento para a sua realização, que tem por base: • Manutenção do envelope de tecido mole e duro existente. • Manutenção de um volume de crista estável, de modo a otimizar os resultados estéticos e funcionais. • Simplificação dos tratamentos subsequentes à preservação alveolar (minimização da necessidade adicional de técnicas de regeneração óssea). • Criação de um volume adequado de tecidos moles e duros para a reabilitação com implantes.

Figs. 1 e 2. Alterações dimensionais da crista alveolar após a extração sem preservação.

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Segundo o mesmo autor, a preservação alveolar está indicada quando: • A colocação do implante planeia-se para mais tarde, isto é: 1. A colocação imediata ou precoce do implante não é recomendável. 2. Os pacientes não estão disponíveis para a colocação imediata ou precoce do implante (gravidez, férias, etc.). 3. A estabilidade primária do implante não é expectável. 4. Os pacientes estão ainda em crescimento. • É necessário o melhoramento do contorno da crista com vista a um tratamento de prótese convencional. • O rácio custo/benefício é positivo. • Se pretende reduzir a necessidade de elevação do seio maxilar. Elian e cols. (2007) propõem uma classificação simplificada da morfologia alveolar que se encontra comummente após extração dentária. De acordo com estes autores, os alvéolos dividem-se em três categorias: • Tipo 1. Os tecidos duros e moles encontram-se intactos. • Tipo 2. Os tecidos moles encontram-se intactos, mas existe uma deficiência parcial dos tecidos duros. • Tipo 3. Deficiência conjunta de tecidos moles e duros. Existência de recessão gengival associada a perda da tábua óssea vestibular. Segundo os autores, a preservação alveolar estará indicada, principalmente, nos alvéolos do tipo 2 ou quando não é possível a colocação imediata de implantes nos alvéolos do tipo 1.

Já a abordagem indicada para o terceiro tipo de alvéolos será a regeneração óssea guiada após cicatrização do mesmo e prévia à colocação do implante dentário. Existe um consenso generalizado de que as técnicas de preservação alveolar são benéficas na minimização da contração decorrente da extração dentária. Este procedimento envolve a utilização de biomateriais (autólogos, xenógenos, alógenos ou aloplásticos) com ou sem a utilização de membranas (reabsorvíveis ou não reabsorvíveis). Várias têm sido as técnicas descritas em diversos estudos (Becker e cols. 1994, Lang e cols. 1994, Lekovic e cols. 1998, Misch e Slic 2008). No entanto, a evidência científica ainda não conseguiu estabelecer um gold standard em relação aos biomateriais e ao uso ou não de membrana (Ten Heggeler e cols. 2011). Elian e cols. (2007) descreveram uma técnica cirúrgica de preservação alveolar, denominada “cone de gelado”, indicada para alvéolos do tipo 2. De acordo com esta técnica, após a extração atraumática e a curetagem alveolar minuciosa, é introduzida na superfície vestibular do alvéolo, uma membrana reabsorvível recortada em forma de “cone de gelado” e posteriormente colocado o material de enxerto. A porção coronal da membrana é então suturada à margem gengival palatina, permitindo a estabilização do coágulo e impedindo a migração de tecido epitelial indesejado. Um estudo recente de Tan-Chu e cols. (2014) avaliou a eficácia desta técnica na minimização das alterações dimensionais pós-extração, tendo verificado que a sua utilização resultou numa perda média de apenas 1,28 mm no sentido vestíbulo-lingual, perda essa avaliada com recurso a imagens de CBCT.

Fig. 3. Adaptado de Elian e cols., 2007.

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Caso clínico Paciente do sexo masculino, 25 anos, saudável, não fumador, observado na clínica de Especialização em Periodontologia da FMDUL devido a queixas na zona do dente 11. A história dentária inclui tratamento endodôntico convencional e cirúrgico, na sequência de traumatismo dentário anterior. O exame radiológico evidencia presença de lesão apical associada a este dente, com presença de fístula vestibular, sem drenagem ativa. O plano de tratamento incluiu a extração atraumática do dente em questão, e realização de preservação alveolar de acordo com a técnica descrita por Elian e cols. (2007) para uma futura reabilitação implanto-suportada.

Material utilizado: • Membrana de colagénio: Osseoguard®, 15 x 20 mm (Biomet 3i®). • Xenoenxerto: Endobon®, 500-1000 µm (Biomet 3i®). • Sutura: Monofilamento, 6-0 (Dafilon®, B-Braun®). Cuidados pós-operatórios: • Antibioterapia: Amoxicilina 1 g, 12-12h/oito dias. • AINE: Ibuprofeno 600 mg, 12-12h/três dias. • Analgésico: Paracetamol 1 g em caso de necessidade. • Antissético oral: Clorhexidina 0,12%, 2 por dia/10 dias (um minuto). • Dieta mole durante dez dias.

Descrição da técnica

Fig. 4. Imagem pré-operatória.

Fig. 6. Fístula sem drenagem ativa.

Fig. 5. Raio-X apical inicial.

Fig. 7. Exodontia atraumática.

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Fig. 8. Defeito alveolar de três paredes. Alvéolo do tipo 2 (Elian e cols., 2007).

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Fig. 9. Curetagem minuciosa do alvéolo.

Fig. 10. Membrana reabsorvível cortada em forma de “cone de gelado”.

Fig. 11. Posicionamento da membrana no alvéolo: porção apical mais estreita, porção coronal mais larga, de modo a cobrir a entrada do alvéolo.

Fig. 12. Preenchimento do alvéolo com xenoenxerto e sutura palatina com pontos simples interrompidos.

Fig. 13. Dez dias de cicatrização, remoção de sutura.

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Figs. 14 e 15. Estabilidade dimensional aos seis meses de cicatrização.

Figs. 16 e 17. Corte sagital axial de CBCT aos seis meses de cicatrização.

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Conclusão É indiscutível a importância que a preservação alveolar tem na abordagem do setor anterior. Ainda que não seja capaz de prevenir as alterações dimensionais decorrentes da extração dentária, este tipo de procedimentos é capaz de minimizar o prejuízo morfológico, facilitando os procedimentos que compõem uma reabilitação implanto-suportada. A técnica descrita neste artigo apresenta uma excelente relação custo-benefício, assim como uma baixa complexidade, tornando-a acessível até a operadores menos experientes. Permitiu, de forma eficaz, preservar as dimensões alveolares necessárias à posterior colocação do implante numa posição tridimensional adequada para a restauração protética.

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Implantes dentários curtos: alternativa na reabilitação oral

André Macedo Médico dentista licenciado pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde do Norte em 2008. Pós-graduado em Cirurgia Oral e em Implantologia. Prática em medicina dentária generalista e implantologia em diversas clínicas e centros médico-dentários na zona norte. Porto.

Nas situações clínicas em que ocorre uma severa reabsorção óssea, após a perda de órgãos dentários, as opções de tratamentos com implantes incluem a necessidade de reconstrução óssea prévia e a instalação de implantes convencionais ou instalação de implantes curtos. Por definição, entenda-se implante curto com tamanho abaixo de 10 mm1. Outros autores classificam estes implantes abaixo de 8,5 mm e outros ainda consideram um implante curto abaixo de 8 mm1.

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mandibular. Muitas vezes os pacientes rejeitam as elevações do pavimento do seio maxilar ou a lateralização do nervo alveolar inferior devido aos custos, maior sensibilidade pós-cirúrgica e maior duração de tratamento. Um estudo revelou que estaria disponível uma altura óssea nas regiões posteriores, maior que 6 mm em 38% das maxilas e 50% das mandíbulas2.

Reabilitações orais com sucesso recorrendo aos implantes dentários deixaram de ser apenas a manutenção dos implantes no arco dentário, mas sim todo o funcionamento harmónico do elemento protético artificial resultante de um ótimo planeamento cirúrgico sendo que, nos casos em que se recorre aos implantes curtos, é fundamental perceber a biomecânica de uma prótese implantosuportada sobre estes implantes1.

Nos implantes curtos o seu comprimento pode ser compensado pela incorporação de mais roscas o que aumenta a área de contacto osso-implante3-6. O tratamento de superfície é outro recurso fundamental, sendo que os implantes jateados com hidroxiapatita apresentam uma taxa de sucesso muito elevada diminuindo consideravelmente o stress na interface osso-implante. É de notar também que a me lhoria no desenvolvimento de superfícies rugososas e microrugosas apresentam resultados superiores a superfícies maquinadas3,7.

A instalação de implantes pode ser limitada devido à reduzida altura óssea ou acidentes anatómicos, como a extensa pneumatização do seio maxilar e a proximidade ao canal

O aumento do diâmetro é relevante, sendo hoje em dia cada vez mais consensual que o diâmetro é o mais influente dos fatores devido ao esforço transmitido ao implante na zona

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Cadernos f o r m a t i v o s crestal (zona que recebe maior carga), sendo que a região apical recebe pouco stress2-4.

aquando dos procedimentos de regeneração óssea é sempre imprevisível a reabsorção que normalmente acontece2.

Sabe-se ainda que os implantes curtos muitas vezes não cumprem a regra da proporção coroa-implante, excedendo os parâmetros protéticos regulares. Esta situação é aceitável desde que a orientação da força e a distribuição da carga sejam favoráveis e a parafunção controlada. É consensual e imperativa a splintagem dos implantes. A ausência de cantilever, a oclusão em guia canina ou mutuamente protegida e a diminuição da mesa oclusal são recursos que aperfeiçoam o trabalho dos impantes curtos1,2.

O estudo de Hassan et al., de 2013, afirma que os implantes inferiores a 7 mm, ao fim de dois anos em carga, apresentam uma taxa de sobrevivência de 94% a 95%, mas ao longo dos anos (entre o terceiro e o sexto ano de carga) essa taxa baixa para cerca de 80% para reabilitações unitárias. O mesmo estudo demonstra valores a rondar os 98,9% nos implantes abaixo de 7 mm em dois anos na reabilitação de pontes parciais4.

A perda óssea marginal nos implantes curtos é comparável com a dos implantes convencionais na maioria dos estudos revisados8-10. A maioria dos autores defende a realização de dois estágios cirúrgicos na instalação de implantes curtos. O tempo de espera para colocá-los em função deve ser de quatro a seis meses para a maxila e de dois a quatro meses para a mandíbula. Poucos casos estão descritos de cargas imediatas sobre implantes curtos. Nestes casos opta-se sempre por colocar entre seis a oito implantes curtos em ambos os maxilares1,2. No entanto, nos casos de protocolos totais é consensual a preferência ao recurso a implantes mais longos1,2.

No entanto, é consensual que em média os implantes curtos apresentam uma taxa relativamente mais baixa (92%-95%) que os implantes mais longos11-13. A contrariar estes resultados está o trabalho de Melhado e colaboradores, que acompanharam, ao longo de 14 anos, implantes em carga com 7 mm e obtiveram uma taxa de sucesso desses mesmos implantes de 96,46% (vale a pena notar que este estudo só incluiu implantes colocados na mandíbula)3.

A revisão de El-Helow e colaboradores afirma que o uso de implantes curtos é mais previsível quer para o paciente, quer para o clínico, comparativamente com os procedimentos de aumento vertical de crista para a colocação de implantes mais longos5. Misch reitera no seu estudo de 2005 esta vertente científica, afirmando ainda que a angulação do implante será melhor e mais previsível a nível crestal, e que o osso basal da crista alveolar para implantes convencionais nem sempre será igual ao eixo do dente que existia, após o procedimento de regeneração óssea. O sobreaquecimento do osso é inferior, as osteotomias são menos invasivas e a irrigação é mais direta. Além disso,

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Cadernos formativos

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Para rematar, todos os autores defendem a necessidade de mais estudos, sendo geral o bom comportamento dos implantes curtos. Em jeito de conclusão: • O diâmetro dos implantes mostra-se mais eficiente do que o comprimento dos implantes na dissipação de tensões, pois a região que sofre mais esforço é a que está mais junto à crista. • Apesar do seu maior índice de perda, apresentam taxas de sobrevida muito semelhantes aos implantes mais longos. Medidas como a splintagem dos implantes, a

diminuição da mesa oclusal, a não utilização de cantileveres e a eliminação de contactos oclusais horizontais favorecem a biomecânica e aumentam a previsibilidade do tratamento. • O protocolo cirúrgico com duas etapas é mais seguro para o procedimento com implantes curtos. • A taxa de sucesso dos implantes curtos é muito semelhante á dos implantes mais longos sendo uma alternativa perfeitamente viável e segura a considerar no dia a dia dos clínicos.

Bibliografia 1. Fábio Galvão, António Almeida-Júnior, Norberto Batista Júnior, Sérgio Rabelo Caldas, José Nuno Reis, Rogério Margonar. Predictability of short dental implants: a literature review. RSBO. 2011 Jan-Mar; 8 (1): 81-8. 2. Carl E Misch, Jennifer Steiganga, Eliane Barboza, Francine MischDietsh, Louis Cianciola. Short dental implants in posterior partial edentulism: a multicentre retrospective 6-year case series study. Journal of Periodontology. 2006 Aug ; Vol.77, No.8. 3. Melhado, Rachel Mançano Dias, Vasconcelos, Laércio Wonhrath, Francischone, Carlos Eduardo, Quinto, Carolina, Petrilli, Gustavo. Avaliação clínica de implantes curtos (7 mm) em mandíbulas. Acompanhamento de dois a 14 anos. ImplantNews;4 (2): 147-51, mar.-abr. 2007. tab, graf. 4. Hasan I, Bourauel C, Mundt T, Heinemann F. Biomechanics and load resistance of short dental implants: a review of the literature. ISRN Dent. 2013 May 8; 2013: 424592. 5. Kariem El-Helow, Ashraf Abdel Monaem. Evaluation of short implants in the rehabilitation of the severely resorbed mandibular edentulous ridges. Cairo Dental Journal (25) Number (2), 227: 233 May, 2009. 6. Srinivasan M, Vazquez L, Rieder P, Moraguez O, Bernard JP, Belser UC. Efficacy and predictability of short dental implants (<8 mm): a critical appraisal of the recent literature. Int J Oral Maxillofac Implants. 2012 Nov-Dec; 27 (6): 1429-37. 7. Sun HL, Huang C, Wu YR, Shi B. Failure rates of short ( ≤ 10 mm) dental implants and factors influencing their failure: a systematic review. Int J Oral Maxillofac Implants. 2011 Jul-Aug; 26 (4): 816-25.

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8. Balevi B. In selected sites, short, rough-surfaced dental implants are as successful as long dental implants: a critical summary of Pommer B, Frantal S, Willer J, Posch M, Watzek G, Tepper G. Impact of dental implant length on early failure rates: a meta-analysis of observational studies. J Clin Periodontol. 2011; 38 (9): 856-863. 9. Al-Hashedi AA, Taiyeb Ali TB, Yunus N. Short dental implants: an emerging concept in implant treatment. Quintessence Int. 2014 Jun; 45 (6): 499-514. 10. Lops D, Bressan E, Pisoni G, Cea N, Corazza B, Romeo E. Short implants in partially edentuolous maxillae and mandibles: a 10 to 20 years retrospective evaluation. Int J Dent. 2012; 2012: 351793. 11. Monje A, Suárez F, Galindo-Moreno P, García-Nogales A, Fu JH, Wang HL. A systematic review on marginal bone loss around short dental implants (<10 mm) for implant-supported fixed prostheses. Clin Oral Implants Res. 2013 Aug 13. 12. Tutak M, Smektała T, Schneider K, Goł biewska E, Sporniak-Tutak K. Short dental implants in reduced alveolar bone height: a review of the literature. Med Sci Monit. 2013 Nov 21. 13. Carr AB. Survival of short implants is improved with greater implant length, placement in the mandible compared with the maxilla, and in nonsmokers. J Evid Based Dent Pract. 2012 Sep;12.


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A nossa secção de “Ciência e Prática” está à disposição dos profissionais do setor…

Ciência e prática

Ciência e prática

Otimização do branqueamento dentário não vital

AUTORES: Benjamín Martín Biedma Médico estomatologista. Professor titular de Patologia e Terapêutica Dentária e coordenador do mestrado de Endodontia Avançada da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). Natália Barciela Castro Médica estomatologista. Professora do mestrado de Endodontia Avançada da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). José Amengual Lorenzo Professor associado de Patologia e Terapêutica Dental, codiretor do Diploma em Técnicas de Branqueamento Dentário e professor do mestrado de Endodontia da Universidade de Valência (Espanha). Liliana Castro Professora associada de Endodontia e da pós-graduação em Endodontia do ISCS-Norte (Porto). Rui Madureira Professor titular de Endodontia e coordenador científico e pedagógico da pós-graduação em Endodontia do ISCS-Norte (Porto).

Benjamín Martín Biedma

Resumo: Os dentes não vitais, quando são submetidos ao tratamento endodôntico, podem apresentar diversos tipos de alterações de cor. Neste artigo clínico apresentam-se duas modalidades de branqueamento não vital indicadas na resolução deste tipo de situações. Também se analisam as suas características e particularida-

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des, os seus inconvenientes e a sua capacidade de produzir resultados.

Palavras chave: Branqueamento dentário não vital, perborato de sódio, peróxido de hidrogénio.

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Ciência e prática

Reabilitação oral em doentes oncológicos Ciência e prática

caso clínico

AUTORES: Nuno Braz de Oliveira Médico Dentista. Pós-graduado em Ortodontia pela Universidade de Nova Iorque (NYU). Residência de dois anos em Cirurgia Oral na NYU. Prática exclusiva em Ortodontia e Cirurgia Oral. Diretor clínico da Clínica Dental Face em Lisboa. José Nuno Ramos Licenciatura em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa. Especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética C.H.L.O. Guilherme Guerra Médico Dentista. Bacharelato em Prótese Dentária. Prática exclusiva em Prostodontia e Oclusão. Clínica Dental Face em Lisboa. Duarte Braz de Oliveira Médico Dentista. Clínica Dental Face em Lisboa. Francisco Brandão de Brito Médico Dentista. Especialização em Periodontologia pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Mestrado em Periodontologia pela FMDUL. Docente da Especialização em Periodontologia da FMDUL. Tesoureiro da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI). Prática exclusiva em Periodontologia e Implantes. Clínica Dental Face em Lisboa. Lisboa.

Nuno Braz de Oliveira Introdução O cancro oral refere-se ao conjunto de tumores localizados na região dos lábios, cavidade oral e/ou orofaringe, sendo o quinto tumor mais comum do mundo e com valores de incidência que rondam os 500.000/ano2. Durante as cinco últimas décadas, a taxa de sobrevivência a cinco anos não tem sofrido alterações, verificando-se que aproximadamen-

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te 47% dos pacientes com carcinoma na cavidade oral ou faringe e 44% na laringe morrem cinco anos após terem sido diagnosticados1. 95% dos cancros orais são detetados em pacientes com mais de 40 anos, apresentando uma média de 65 anos na

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Missão voluntária José Abel Rodrigues

médico dentista

Natural de: Amarante. • Idade: 25 anos. Formação: Mestrado Integrado em Medicina Dentária pela Universidade Fernando Pessoa (Porto). Prática clínica: Consultório próprio em Amarante desde julho de 2013. Clínica Caso (Mundo a Sorrir).

A vontade de participar numa missão deve ser espontânea e genuína José Abel Rodrigues concretizou em 2013 o sonho de participar numa missão de voluntariado. O destino foi Cabo Verde, onde mais de 700 crianças e jovens foram abrangidas pelo projeto “Santiago a Sorrir”, organizado pela Mundo a Sorrir com o objetivo de promover a saúde oral da população mais carenciada daquele país africano de expressão portuguesa. Embora tenha sido uma missão de curta duração, “foi sem dúvida muito enriquecedora a nível humano”, revela o jovem médico dentista. “Regressamos muito mais ricos de alma, com a sensação de dever cumprido e cheios de vontade de repetir a experiência”.

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Missão voluntária Como surgiu a sua ligação ao universo do voluntariado? Desde sempre tive vontade de participar numa missão de voluntariado. Como fui escuteiro durante 12 anos, nessa vivência houve uma frase do fundador do escutismo, Lord Baden Powell, que sempre me marcou: "quem não vive para servir não serve para viver". Talvez por isso, a vontade de fazer voluntariado e ajudar o próximo sempre esteve presente em mim e na minha vida. Assim que comecei o meu curso em Medicina Dentária, tive a forte convicção de um dia participar numa missão de voluntariado ligada à saúde, nomeadamente à saúde oral. Por achar que no curso de Medicina Dentária o tema não estava devidamente esclarecido, tanto a nível dos programas curriculares do curso como das mais diversas publicações, decidi defender a minha monografia com base neste tema, contando com a orientação do professor doutor José Frias Bulhosa, que, para além de médico dentista e docente e investigador na área da Medicina Dentária preventiva e comunitária, faz parte da equipa de coordenação do Centro de Estudos da Mundo a Sorrir. Mais de 700 crianças e jovens cabo-verdianos beneficiaram da missão da Mundo a Sorrir.

Em que projectos esteve ou está envolvido? Logo após a defesa da monografia, o doutor Miguel Pavão, presidente da Mundo a Sorrir, convidou-me a participar numa missão em Cabo Verde, o que me deixou bastante entusiasmado e motivado. Além disso, colaboro regularmente com a clínica Caso, outro projeto da Mundo a Sorrir que visa a promoção e a realização de cuidados de saúde oral, com todas as condições básicas e adequadas às populações mais frágeis residentes no distrito do Porto. Quais são os contornos da missão de Cabo Verde? A prevalência de patologias do foro oral é, sem dúvida, um problema grave de saúde pública com necessidade extrema de inter-

A Mundo a Sorrir aspira à construção, num futuro próximo, de uma clínica social na cidade da Praia, o que, com a participação de dentistas locais e voluntários de Portugal, tornará o projeto de Cabo Verde auto-sustentável

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venção. Desta forma, a Mundo a Sorrir iniciou o projeto “Santiago a Sorrir”, que visa a promoção da saúde oral da população mais carenciada de Cabo Verde. Em 2013, realizou-se um projeto piloto que, pelos seus excelentes resultados, terá continuidade em anos vindouros. Este projeto tem duas áreas de intervenção distintas: uma vertente preventiva, na qual se realizam palestras de promoção de saúde oral, rastreios, aplicações tópicas de flúor e oferta de kits de saúde oral, e uma vertente clínica, na qual as crianças previamente diagnosticadas com necessidade de tratamento são encaminhadas para uma clínica, onde recebem tratamento dentário gratuito. Neste projeto rastreámos 720 crianças e realizámos 150 tratamentos dentários. O público alvo são crianças e jovens pertencentes a instituições sociais. Pretende-se assim realizar ações contínuas, de modo a criar novas rotinas e hábitos saudáveis na vida destas crianças, na tentativa de mudar uma realidade que, neste momento, tem muitas falhas a nível da saúde oral. A Mundo a Sorrir aspira, num futuro próximo, à construção de uma clínica social na cidade da Praia, o que, com a participação de dentistas locais e voluntários de Portugal, tornará o projeto de Cabo Verde auto-sustentável. Que recordações e ensinamentos guarda do período em que esteve no terreno? Existe uma diferença gritante em relação à forma como os cabo-verdianos encaram a vida, comparativamente com as


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Missão voluntária populações europeias. A verdade é que com muito menos do que nós, eles conseguem ser mais felizes. Com pouco... fazem muito.

petiva, a ação de um voluntário deve ter um grande enfoque na promoção da saúde oral.

Há algum episódio, particularmente marcante, que queira partilhar com os nossos leitores? O episódio que mais me marcou foi a maneira como os doentes, nomeadamente as crianças, reagiam à anestesia. Era uma sensação que lhes parceria impensável, deixando-lhes no rosto um ar de espanto tal, apenas comparável com as mais diversas formas de como se sentavam na cadeira de dentista: nunca sabiam qual a posição correta. São duas situações que, na próxima missão em que participar, vou querer documentar em vídeo.

Qual é a principal recompensa desse trabalho? Embora tenha sido uma missão curta, foi sem dúvida muito enriquecedora a nível humano. Por outro lado, também tivemos a sorte de conhecer pessoas com alguma influência e conhecimento a nível local, que tornaram a missão muito rica em termos culturais.

Quais são as principais dificuldades que sente no trabalho como voluntário? Nesta missão específica, a primeira dificuldade que encontramos foi na alfândega, uma vez que demoraram dois dias a libertar o material que trouxemos de Portugal para trabalhar. Outra dificuldade são os meios, normalmente muito escassos, que temos disponíveis. A própria mentalidade das populações em relação à saúde oral pode ser um obstáculo, pois as noções estéticas desta população não são tão acentuadas como nos países ditos desenvolvidos. Os tratamentos conservadores são pouco tolerados. A primeira opção é sempre a extração; nunca é o tratamento do dente. Cabe-nos mudar esta mentalidade, pelo que, na minha pers-

Para José Abel Rodrigues, “quem tiver a sorte de poder participar numa ação destas, com certeza, não se vai arrepender”.

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O que diria para motivar outros colegas de profissão a aderirem ao voluntariado? A vontade de participar numa missão deste género é algo que deve ser espontâneo e genuíno. O que posso dizer é que quem tiver a sorte de poder participar numa ação destas, com certeza, não se vai arrepender. A componente humana destas missões é imensa. Não há duvida que regressamos muito mais ricos de alma, com a sensação de dever cumprido e cheios de vontade de lá voltar. A Medicina Dentária foi a sua primeira escolha? Ser médico dentista sempre foi uma opção devido ao meu pai, doutor José Francisco Rodrigues. Foi algo com que lidei desde sempre e que fui aprendendo a gostar. Na realidade, o que sempre me encantou e continua a encantar é o meio aquático. Biologia Marinha foi o curso que, durante muito tempo, estive convencido que ia tirar, algo que agora desempenho como hobbie. Que apreciação faz da atual conjuntura do setor dentário? O excesso de profissionais está a fazer com que muita gente tenha de sair do país, e os que cá ficam, nomeadamente os recém-licenciados, têm de enfrentar condições muito precárias de trabalho, sobretudo a nível económico. Julgo que seria de ponderar uma redução do número de vagas anuais para os cursos de Medicina Dentária. O aparecimento massivo de grandes grupos de saúde, e dos mais variados seguros de saúde, está a tornar, cada vez mais, a Medicina Dentária num negócio. Por vezes, a parte humana é deixada de lado em nome de metas financeiras traçadas por gente não diretamente ligada à saúde oral. Talvez a solução passe pela aplicação, por parte da Ordem dos Médicos Dentistas, de uma tabela que deveria ser respeitada por todos os profissionais do setor. Apesar de tudo e como recém-licenciado que sou, tenho tido a sensação de que somos uma classe bastante unida. Espero não estar enganado, pois é algo essencial para ultrapassarmos esta fase menos boa.


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FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS POR CENTRAL MODELS

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FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS POR CENTRAL MODELS

ND O meu sorriso marzo PT_Maquetación 1 01/07/14 13:44 Página 65

O meu sorriso Ana Catarina atriz

Sorrir é comunicar Ana Catarina estreou-se na televisão em 2006, com a popular série juvenil “Floribella” (SIC), e desde então passou a marcar presença assídua nos elencos das telenovelas mais vistas pelos portugueses, incluindo a internacionalmente aclamada “Meu amor” (TVI) que venceu o prestigiado Emmy Award em 2010. A dança, o teatro o cinema e as dobragens são outras atividades que constam no currículo da versátil e jovem atriz, que sabe bem a importância que assume uma boa higiene oral na sua profissão como em qualquer outra. “O sorriso é, por si só, o poder mais cativante que podemos dar e receber”, sublinha Ana Catarina, que não dispensa a cadeira do dentista, pelo menos, duas vezes por ano.

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O meu sorriso Com que regularidade vai ao dentista? Ana Catarina. Visito o meu médico dentista duas vezes por ano. Que cuidados de higiene oral tem diariamente? Ana Catarina. Faço todos os dias a tradicional escovagem. Há tempos, optei por usar uma pasta farmacêutica e fez toda a diferença. Também uso a fita dental. Que tipo de escova de dentes usa? Ana Catarina. Prefiro a escova elétrica.

Quando me sento na cadeira do dentista, concentro-me bem e fico preparada para tudo, principalmente para evitar comportamentos menos corretos

Com qual (ou quais) das seguintes sensações se identifica mais quando se senta na cadeira do dentista: pavor, resignação ou determinação? Ana Catarina. Quando me sento na cadeira do dentista, concentro-me muito bem e fico preparada para tudo, principalmente para evitar comportamentos menos corretos. Já recorreu a tratamentos dentários específicos? Ana Catarina. Não. Evita fumar ou comer algum tipo de alimento ou bebida que escureça os dentes? Ana Catarina. Não sou fumadora. Sei que a teína e a cafeína alteram um pouco a cor do esmalte dos dentes, mas mesmo assim não diminuo o respetivo consumo. Reconheço, porém, que é impreterível não suprir nenhuma escovagem. Em criança ou adolescente usou aparelho nos dentes? Ana Catarina. Não. Felizmente, não foi preciso recorrer a esse tipo de tratamento. De que forma ter um sorriso bonito e uma boa higiene oral é importante na sua profissão? Ana Catarina. O sorriso é, por si só, o poder mais cativante que podemos dar e receber. É importantíssimo para todas as profissões: sorrir é comunicar. Qual foi o maior elogio que já ouviu ao seu sorriso? Ana Catarina. Alguém me disse uma vez: "Fiquei perplexo com o seu sorriso... Não consigo dizer mais nada!". Qual é o sorriso que não a deixa indiferente? Ana Catarina. Há dois tipos de sorrisos que não me deixam indiferente: o espontâneo e o sincero.

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Calendário de cursos

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ENDODONTIA

Pós-graduação em endodontia clínica

Título de especialista em estética dentária

O Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa (Pólo de Viseu) adiou para o próximo mês de outubro o início da pós-graduação em endodontia, com a duração de um ano, que tem por objetivo capacitar os médicos dentistas inscritos para executarem todo o tipo de tratamentos endodônticos, de modo a tornar mais previsível o seu modo de atuação nesta área clínica. As unidades curriculares que compõem esta formação são fundamentais para a execução das metodologias de trabalho mais recentes. O corpo docente integra destacados professores portugueses e espanhóis.

A CEOdont leva a cabo uma nova edição deste curso, orientado por Mariano Sanz Alonso, Ma nuel Antón Radigales e José A. de Rábago Vega. O objetivo é ensinar três das técnicas mais utilizadas em estética dentária. Eis os módulos do próximo programa: • 1. Compósitos I; 3 e 4 de outubro. • 2. Compósitos II; 14 e 15 de novembro. • 3. Capas de porcelana I; de 15 a 17 de janeiro de 2015. • 4. Capas de porcelana II; de 19 a 21 de fevereiro de 2015. • 5. Coroas de recobrimento total e incrustações; 20 e 21 de março de 2015. • 6. Curso teórico-prático na Universidade de Nova Iorque (opcional); data a combinar.

UCP. 232 419 504 (Rosa Martins) - rosamartins@crb.ucp.pt

CEOdont (Grupo Ceosa). (0034) 915 530 880 - cursos@ceodont.com - www.ceodont.com

IMPLANTOLOGIA

IMPLANTOLOGIA

Sessão formativa sobre doenças periimplantárias

Curso de implantologia

A Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) organiza no próximo dia 27 de novembro, em Coimbra, uma sessão formativa dedicada à temática “Doenças periimplantárias: como tratar e evitar uma pandemia”, sob a orientação da médica dentista Helena Rebelo. Nesta sessão serão apresentadas as diferentes técnicas de tratamento existentes, sendo discutidas as vantagens e limitações de cada uma, bem como o perfil de risco de cada candidato à reabilitação com implantes e aos procedimentos preventivos das doenças periimplantares.

A Neodent está a organizar um curso de implantologia, ministrado pelos médicos dentistas Miguel Braga Pinto e Reinaldo Siqueira. Nos dias 7 a 9 (Lisboa) e 10 a 12 (Porto) deste mês realiza-se o terceiro módulo, centrado nas temáticas: carga imediata, implantes imediatos, estética imediata, reabilitações totais e clínica (atendimento de pacientes). O último módulo do curso está agendado para setembro, de acordo com o seguinte calendário: dias 18 a 20 e 22 a 24, em Lisboa, e 25 a 27, no Porto. O programa deste módulo abordará os seguintes temas: cirurgia avançada, SinusLift, enxertos ósseos autógenos e exógenos, membranas reabsorvíveis e não reabsorvíveis, e clínica.

SPEMD. 217 520 056 - www.spemd.pt

Neodent. 210 134 400 - msoares@neodent.com.br - www.neodent.com.br

IMPLANTOLOGIA

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ESTÉTICA

IMPLANTOLOGIA

Título de especialista em cirurgia e prótese sobre implantes

Reabilitação sobre implantes: novas tendências

A CEOdont (Grupo Ceosa) prepara uma nova edição deste curso, orientado por Mariano Sanz Alonso e José de Rábago Vega, com a colaboração de Bertil Friberg. Eis os módulos do novo curso agendado para 2015: • 1. Diagnóstico e plano de tratamento; de 9 a 11 de abril.• 2. Cirurgia sobre implantes; de 14 a 16 de maio. • 3. Prótese sobre implantes; de 4 a 6 de junho. • 4. Curso sobre cadáveres e cirurgia e prótese em casos complexos; de 2 a 4 de julho. • 5. Curso clínico-prático com pacientes (opcional); data a combinar.

Ao abrigo do programa de formação contínua da Ordem dos Médicos Dentistas, vai ter lugar no dia 21 deste mês, em Leiria, um curso de fim de dia dedicado à temática “Reabilitação sobre implantes: novas tendências”, que será ministrado pelo médico dentista André Moreira. O orientador deste curso é mestre em Medicina Dentária e especialista em implantologia pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, à qual continua presentemente vinculado como aluno de doutoramento.

CEOdont (Grupo Ceosa). (0034) 915 530 880 - cursos@ceodont.com - www.ceodont.com

OMD. 226 197 690 - www.omd.pt

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ORTODONTIA

Calendário de cursos

ND Cal Cursos julioPT_Maquetación 1 01/07/14 13:12 Página 69

ORTODONTIA

Curso de ortodontia prática

Curso sobre goteiras oclusais

Ortocervera anuncia um novo programa dividido em dois cursos. Um deles centra-se no tema “Técnica de aparelho fixo de baixa fricção”, cujos módulos são: • 1. Diagnóstico e cefalometria; de 25 a 27 de setembro. • 2. Estudo da classe I; de 23 a 25 de outubro. • Cimentado e biomecânica; de 20 a 22 de novembro. • 4. Estudo da classe II; de 11 a 13 de dezembro. • 5. Estudo da classe III; de 15 a 17 de janeiro de 2015. O outro, sobre a “Técnica de autoligado e ortodontia multidisciplinar”, com os seguintes módulos: • 1. Diagnóstico atual e introdução ao autoligado estético; de 12 a 14 de fevereiro de 2015. • 2. Biomecânica avançada e autoligado; de 12 a 14 de março de 2015. • 3. Ortodontia multidisciplinar; de 9 a 11 de abril de 2015.

No âmbito do programa de formação contínua que delineou para este ano, a Ordem dos Médicos Dentistas vai realizar no próximo dia 15 de setembro, num hotel do Porto, um curso de fim de dia subordinado ao tema “Goteiras oclusais: do diagnóstico à clínica”. Esta sessão formativa será orientada pelo médico dentista Júlio Fonseca, pós-graduado em reabilitação oral protética e mestre em patologia experimental pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde é também assistente convidado das disciplinas de anatomia dentária, fisiologia do aparelho estomatognático e reabilitação oclusal do mestrado integrado em Medicina Dentária.

Ortocervera. (0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

OMD. 226 197 690 - www.omd.pt

VÁRIOS

VÁRIOS

Curso de sono em odontoestomatologia

Aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento do SAHS

A segunda edição do curso de sono em odontoestomatologia, organizado pela Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono (APCMS), é especialmente dirigido a profissionais de saúde oral. O evento, que envolve a medicina do sono de adultos e pediátrica, contará com a presença de Marc Braem e Marijke Dieljens (Universidade de Antuérpia), Marta Drummond (Faculdade de Medicina do Porto), Alcinda David (Hospitais da Universidade de Coimbra), Helena Loureiro (Hospital Fernando da Fonseca e APCMS) e Paula Rosa (Hospital de Vila Franca de Xira), entre outros oradores reconhecidos nesta área.

A Ortocervera organiza este curso, ministrado por Mónica Simón Pardell em Madrid (Espanha), que transmite formação personalizada para o correto enfoque terapêutico dos transtornos respiratórios obstrutivos do sono. O curso obedece ao seguinte programa: introdução ao SAHS, protocolo diagnóstico odontológico do SAHS, tratamento do SAHS, algorritmo do tratamento do SAHS, toma de registos e individualização de parâmetros para a confeção de um dispositivo de avanço mandibular (DAM), aplicação com casos práticos e curso personalizado.

APCMS. 219 668 753 - www.apcsm.pt

Ortocervera. (0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com MAXILLARIS JULHO 2014

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Congressos e reuniões

ND Congresos julho_Maquetación 1 01/07/14 13:49 Página 70

XXI Congresso da SPO celebra-se em Braga

VIII Congresso de Ortodontia agendado para setembro

34º Congresso da SPEMD vai decorrer em Coimbra

O XXI Congresso da Sociedade Portuguesa de Ortodontia (SPO) vai ter lugar em Braga, entre os dias 2 e 5 de outubro. As comissões organizadora e científica do evento estão a elaborar um atrativo programa científico que irá proporcionar interessantes atualizações em torno desta especialidade, com o objetivo de partilhar experiências e fortalecer ainda mais a ortodontia portuguesa.

O VIII Congresso de Ortodontia vai decorrer, nos próximos dias 12 e 13 de setembro, no Centro de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. A associação entre a cirurgia e a ortodontia é o tema deste congresso, que contará com a intervenção de vários oradores de renome, designadamente Álvaro Larriu, Carlos Mota, David Suárez Quintanilla, Eloy García Diez, Ertty Silva, Fernando Peres, Filipe Pina, Francisco González-Dans, Juan Carlos Pérez Varela, João Pedro Marcelino, Nuno Gil, Rui Balhau, Sérgio Pinho e Teresa Alonso.

A 34º edição do congresso anual da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) vai decorrer nos dias 10 e 11 de outubro, em Coimbra. O encontro da SPEMD, que conta habitualmente com a participação de centenas de profissionais dos vários quadrantes do setor dentário, vai ter como cenário os auditórios do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra. Além das tradicionais conferências e cursos, a organização do congresso deste ano antecipa, uma vez mais, uma forte aposta na área da investigação científica.

www.sportodontia.pt/2014/

www.spemd.pt www.congressoortodontiafmup.med.up.pt

Coimbra acolhe em setembro II Reunião SPPI Jovem

Congresso anual da OMD realiza-se na Exponor

CIOSP regressa a São Paulo em janeiro de 2015

A segunda reunião anual da SPPI Jovem, organizada pela Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes, vai ter lugar no próximo dia 28 de setembro no emblemático cenário da Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Trata-se de uma iniciativa vocacionada para as camadas mais jovens do setor dentário, com um programa particularmente prático e interativo. Entre os oradores desta reunião, cuja primeira edição reuniu (no Porto) cerca de 150 participantes, destaca-se o especialista espanhol Dino Calzavara.

A 23ª edição do congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas vai ter lugar, entre os dias 6 e 8 de novembro, no Centro de Congressos da Exponor, em Matosinhos. Entre os médicos dentistas de renome que já confirmaram a sua presença no congresso, contam-se os suíços Pascal Magne (prótese fixa), Ueli Grunder (implantologia) e Klaus Lang (periodontologia), os espanhóis Javier Gil Mur e Pedro Peña (ambos especializados em implantologia), o húngaro Istvan Urban (regeneração óssea) e o brasileiro Leopoldino Capelozza (ortodontia).

A 33ª edição do congresso internacional de odontologia de São Paulo (CIOSP) vai decorrer entre os dias 22 e 25 de janeiro de 2015. O Centro de Convenções e Exposições (Expo Center Norte) da referida cidade brasileira voltará a ser o cenário do mais concorrido evento dentário da América Latina, cuja última edição (realizada em janeiro deste ano) registou cerca de 110 mil visitantes. Organizado pela Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, o CIOSP é o principal ponto de encontro de todos os setores da Medicina Dentária brasileira e internacional, bem como um espaço privilegiado para o lançamento de produtos e a realização de cursos e parcerias do setor.

www.omd.pt www.facebook.com/sppi.pt

www.ciosp.com.br

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Congressos e reuniões ANÚNCIOS CLASSIFICADOS

Índia acolhe próxima edição do congresso da FDI

Barcelona organizará em 2015 congresso europeu de endodontia

A próxima edição do congresso mundial da Federação Dentária Internacional (FDI) vai ter lugar em Nova Deli (Índia), de 11 a 14 de setembro. Depois de ter sido a cidade anfitriã da reunião de 2004, a capital da Índia volta a acolher o principal evento do setor dentário mundial, cuja organização estará a cargo da FDI e da Associação Dentária da Índia. O presidente desta associação, Pramov Gurav, congratula-se com o regresso do congresso anual da FDI ao país asiático, destacando o crescente potencial da Índia no setor dentário.

No seguimento da recente 16ª edição do congresso bienal da Sociedade Europeia de Endodontia (ESE na sua sigla em inglês), já é conhecida a cidade anfitriã do próximo encontro desta sociedade científica. A reunião de 2015 vai realizar-se em Barcelona (Espanha), entre os dias 16 e 19 de setembro, sob o lema “Endodontia: onde a biologia e a tecnologia se cruzam”. A organização espanhola espera acolher cerca de 2.000 congressistas de vários pontos do mundo, bem como dezenas de destacados conferencistas internacionais especializados na área da endodontia.

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BioHorizons Global Symposium 2015

Colónia prepara próxima edição da IDS

A BioHorizons celebrará o seu Global Symposium 2015 de 16 a 18 de abril do próximo ano, en Los Angeles (EUA). Serão abordados todos os temas mais recentes sobre implantes dentários, incluindo a odontologia digital, a carga imediata, a estética, a recuperação de tecidos e as complicações dos implantes. Os participantes poderão desfrutar de um ambiente de aprendizagem que os manterá atualizados e lhes proporcionará um espaço dinâmico para trocarem im pressões com outros profissionais do setor e partilharem ideias e experiências.

A 36ª edição da exposição dentária internacional (IDS) de Colónia (Alemanha) vai realizar-se entre os dias 10 e 14 de março do próximo ano. Os participantes daquele que é considerado o maior evento mundial da indústria dentária poderão conhecer os últimos progressos e as principais novidades dos mais variados segmentos da Medicina Dentária. A última edição da IDS, celebrada em 2013, contou com a presença de mais de 2.000 expositores oriundos de 56 países e cerca de 125.000 visitantes de 149 nacionalidades.

www.biohorizons.com

www.ids-cologne.de

Prazo próxima edição: dia 20 de agosto (número de setembro/outubro 2014)

Escolha o seu espaço e envie-nos por: •

fax: 218 874 085

correio: Av. Almirante Reis, 18 3º Dto. Rtg. 1150-017 Lisboa

email: portugal@maxillaris.com

Dados:

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Texto do anúncio a publicar e tamanho pretendido.

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Novidades da indústria

ND Novidades julhoPT_Maquetación 1 01/07/14 12:29 Página 72

Linha de pilares Kerator

Adhese Universal (0034) 913 757 820 www.ivoclarvivadent.es

212 217 160 - 912 591 567 - www.integra-lda.com

A Integra, distribuidor exclusivo da marca Kerator em Portugal, lançou a sua nova linha de pilares Kerator para fixação de sobredentaduras sobre raízes. Esta solução permite alargar as opções de reabilitação mesmo sem a colocação de implantes, diretamente sobre dentes. Os pilares sobre raízes mantêm as mesmas vantagens da utilização das soluções da Kerator sobre implantes, tanto ao nível estético como funcional. O kit de raízes Kerator é composto por quatro pilares rectos e os respetivos conjuntos de retentores e três brocas. Estão também disponíveis pilares angulados a 10° e 20°.

A Ivoclar Vivadent apresenta Adhese Universal, o novo adesivo monocomponente, fotopolimerizável para os procedimentos de adesão diretos e indiretos. Este produto caracteriza-se pela compatibilidade com todas as técnicas de gravação. O formato de aplicação em VivaPen garante uma rápida e simples utilização do adesivo diretamente na boca do paciente. A aplicação de Adhese Universal estabelece uma forte adesão a vários tipos de restaurações dentárias. A fina capa em que se aplica o material minimiza o risco de desajuste após a cimentação. Não requere um ativador de dupla polimerização para a cimentação de restaurações indiretas. Adhese Universal é tolerante e versátil. A solução hidrofílica e livre de acetona que contém, assegura um ótimo humedecimento da dentina e do esmalte. Isto traduz-se numa maior infiltração e selado dos túbulos da dentina para evitar a microfiltração e a sensibilidade pós-operatória.

Multilink Hybrid Abutment Starter Kit

Novo Prettau Anterior

(0034) 913 757 820 www.ivoclarvivadent.es

No seguimento do bem sucedido lançamento de Multilink Hybrid Abutment, a Ivoclar Vivadent coloca à disposição dos seus clientes um kit completo, com o fim de assegurar os melhores resultados em matéria de cimentações de cerâmica sobre metal. O kit é composto por uma seringa de Multilink Hybrid Abutment, uma reposição de Monobond Plus, pontas de mistura, bem como as instruções de uso de ambos os produtos e vários acessórios de trabalho. Multilink Hybrid Abutment é um compósito de cimentação auto-polimerizável, indicado para a cimentação permanente e extraoral de estruturas cerâmicas sobre bases metálicas na produção de pilares híbridos e coroas-pilar híbridas. Em combinação com Monobond Plus, Multilink Hybrid Abutment estabelece uma adesão estável e resistente entre as estruturas cerâmicas de dissilicato de lítio (IPS e.max Abutment Solutions) ou de óxido de zircónio e a base de titânio.

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217 586 269 - www.zirkonzhan.com

Após o lançamento de Prettau Bridge e Prettau Zirkon, a Zirkonzahn apresenta mais um desenvolvimento técnico: Prettau Anterior. O novo material é tão translúcido como o dissilicato de lítio, mas muito mais resistente à flexão. Prettau Anterior é particularmente indicado para a utilização no maxilar anterior e permite a realização de coroas únicas altamente estéticas, inlays, onlays e pontes com um máximo de três unidades, totalmente anatómicas ou reduzidas. As restaurações são sinterizadas a 1.450°C e podem ser individualizadas com Colour Liquids Prettau Anterior Aquarell, ICE Zirkon Keramik, assim como ICE Zirkon Malfarben Prettau e ICE Zirkon Malfarben 3D (de Enrico Steger). Prettau Anterior, assim como os correspondentes líquidos para colorir (Colour Liquid Prettau Anterior Aquarell) estão disponíveis no mercado desde junho.


Esparza Maxillaris PT_Maquetación 1 02/07/14 14:25 Página 3

DVD interativo

DO

PROF. DR. GERMÁN ESPARZA GÓMEZ

Faça o seu pedido pelo telefone

218 874 085

ou através do site

www.maxillaris.com

(EM ESPANHOL) Recompilação de artigos que Germán Esparza publicou na edição espanhola da MAXILLARIS, com imagens de casos clínicos representativos, onde se oferece uma série de variáveis que possibilitam determinar a que tipologia corresponde cada lesão. O objetivo deste DVD interativo e as suas aplicações é ajudar o profissional a identificar as alterações que podem surgir na mucosa oral.


Página empresarial

ND Empresa julioPT_Maquetación 1 01/07/14 12:32 Página 74

Sinusmax retoma formação na capital francesa

Integra associa-se às jornadas de prótese dentária

A Académie Internationale d’Implantologie Orale (AIIO), com sede em Paris, acolheu no passado mês de junho mais um curso intensivo de implantologia oral, com a colaboração da Sinusmax e a intervenção de 11 formadores. O programa desta formação, que decorreu durante quatro dias no International Medical Center e na Faculdade de Medicina de Paris, incluiu a colocação de implantes em cadáver e em pacientes, sessões práticas pré-curso, apoio e acompanhamento pós-formação. Uma nova edição deste curso intensivo está programada para o final do próximo mês de outubro.

A Integra esteve presente na segunda edição das jornadas de prótese dentária da Escola Superior de Saúde Egas Moniz, como patrocinador do evento. A empresa faz um balanço muito positivo deste evento, que se realizou no final do passado mês de maio, destacando o seu contributo inequívoco para Stand da Integra nas jornadas a discussão de diversos temas, quer do foro técnide prótese dentária. co como da atualidade da profissão. A Integra agradece a todos os organizadores do evento, nomeadamente à comissão organizadora e ao corpo docente do curso de Prótese Dentária, o convite e a possibilidade de ter contribuído para o sucesso das jornadas.

229 377 749 - formacao@sinusmax.com

212 217 160 - 912 591 567 - www.integra-lda.com

Ivoclar Vivadent dispõe de vasta oferta digital

DENTSPLY Implants organiza simpósio em Madrid

A Ivoclar Vivadent tem à disposição do setor uma variada oferta digital, desde aplicações que ajudam a selecionar a cor mais adequada para a restauração com IPS. e.max (Shade Selector) até um manual de cimentado que orientará e aconselhará em todos os trabalhos (Cementation Navigation Ivoclar Vivadent reforça aposta na internet. System), passando por uma completa aplicação para ligas, a fim de facilitar a sua seleção (Alloy App). Os profissionais que pretendam informação sobre as últimas novidades e os casos clínicos mais interessantes poderão aceder às aplicações da revista Reflect ou à app News & Hightlights. A marca também conta com uma forte presença nas redes sociais (Facebook, Twitter e Youtube).

A DENTSPLY Implants organizou recentemente um simpósio na capital espanhola, durante o qual os participantes tiveram a oportunidade de assistir ao lançamento do Astra Tech Implant System EV, além de conferências sobre temas de interesse no Madrid acollheu evento da DENTSPLY Implants. campo da implantologia. O programa científico foi moderado pelo professor Pablo Galindo e contou com um quadro de oradores nacionais e internacionais de reconhecido prestigio, que apresentaram diversas técnicas de diagnóstico e tratamento. Os participantes puderam ainda deleitar-se com um requintado espetáculo de dança e acrobacias.

(0034) 913 757 820 - www.ivoclarvivadent.es

(0034) 901 100 111 - www.dentsplyimplants.es

Malo Clinic anuncia investimento em Paris

Ravagnani Dental lança nova secção na sua loja online

A nova ferramenta permite consultar todos os produtos disponíveis para venda.

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A Ravagnani Dental mantém a sua aposta nas novas tecnologias. Desta vez, a empresa criou um novo separador na sua loja online, designado por stock-off. Nesta secção, os profissionais do setor poderão consultar todos os equipamentos e consumíveis disponíveis para venda. Estes produtos são completamente novos e com a respetiva garantia.

No passado mês de maio decorreu em Paris a cerimónia de lançamento da primeira pedra do centro de negócios “Paris-Asia Business Cen ter”, onde a Malo Clinic estará presente com instaAspeto do futuro centro de negócios de Paris. lações próprias. Loca li zado próximo do aeroporto parisiense de Charles de Gaulle, este parque empresarial tem como objetivo tornar-se a maior área de trocas comerciais entre o Ocidente e Oriente em território europeu.

229 773 040 - www.ravagnanidental-portugal.com

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Pag Biblio multimedia ok_Maquetación 1 02/07/14 14:40 Página 1

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Retratos

de um viajante

Ignacio Izquierdo Fotógrafo e criador do blog “Crónicas de una cámara” (http://www.ignacioizquierdo.com/)

Tana Toraja, as celebrações da morte Em Tana Toraja, uma região montanhosa do interior da Indonésia, entende-se a morte de uma forma totalmente distinta aos padrões ocidentais convencionais. Neste remoto lugar, a morte celebra-se com grandes banquetes, sacrifícios de animais e diferentes expressões de ostentação. O funeral reflete o nível social da família do defunto: quando se pode, não se olha a gastos.

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Retratos

de um viajante Mediante um golpe certeiro, com o frio sabor da morte, o jovem búfalo apercebeu-se, tarde demais, que a vida terminava ali. Não seria o único animal sacrificado em Tana Toraja (Indonésia) no contexto de um funeral. Outros búfalos, assim como porcos e galinhas, esperavam o seu “último suspiro”. Na aldeia, a atividade era intensa: as fogueiras e as cozinhas não davam tréguas, os convidados às celebrações acorriam com ar festivo e os sons dos animais, antes da sua execução, eram ensurdecedores. Os sacrifícios de animais são constantes durante os rituais fúnebres.

O meu avô já me tinha contado como era, na sua terra, a matança do porco, mas a ironia do destino fez-me cruzar o mundo para assistir a uma. Assim somos os “meninos da cidade”. Os animais sacrificados despedaçavam-se sobre folhas de bananeira. Com recurso a machados e facas, partiam-se bocados de carne, limpavam-se e repartiam-se entre as cozinhas e os habitantes da aldeia. Após esta intensa carnificina, alguns cães davam conta dos restos espalhados pelo chão, inundado de sangue. Havia demasiados convivas para alimentar. Milhares de pessoas aderiam aos dias das celebrações. Em Tana Toraja os funerais assumem especial relevância. Tudo gira à volta da morte. As honras por um falecimento são extremamente importantes, mas também têm custos elevados. Por vezes, passam-se vários anos até que a família do defunto reúna o dinheiro necessário para poder levar a cabo a cerimónia fúnebre. Entretanto, o corpo sem vida guarda-se entre panos e telas debaixo da casa.

Muitos convidados aparecem nos funerais com porcos para oferecer à família do defunto.

Nem todos os habitantes deste remoto lugar das terras altas da ilha de Sulawesi, também conhecida como Célebres, têm direito a tão “pomposo” funeral. Apenas os mais ricos e poderosos o podem assegurar. Quanto mais rico e poderoso for o defunto, maior será o funeral, mais dias se prolongará e mais longa será a lista de convidados e, portanto, maior será a quantidade de animais sacrificados com a ajuda de “armas brancas”. Após as cerimónias, os restos mortais que repousam num caixão – que requere alguns meses para completar-se – têm diferentes destinos finais: ou são guardados numa cova ou pendurados numa parede rochosa, ou depositados nas profundezas de uma rocha. Assim são os cemitérios nesta parte do mundo.

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No mercado de Buntu abundam as frutas, as verduras e os animais.


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Retratos

de um viajante Os esqueletos aparecem quando as madeiras apodrecem ou as cordas que os suportam se rompem com o desgaste dos anos. Deste modo, a vida decorre entre caveiras humanas, muitas delas visitadas frequentemente pelas famílias enlutadas, que nunca deixam de fazer ofertas aos seus entes queridos. À entrada destes invulgares panteões, uma esfinge dos mortos, talhada em madeira, vigia a rotina diária. A região de Tana Toraja é um mundo particular, apenas mais um dos múltiplos que podemos encontrar na Indonésia. Os espetáculos funerários, por serem diferentes do que é habitual, atraem uma grande quantidade de visitantes.

A mentalidade ocidental desaconselharia, em virtude da intimidade familiar, assistir a um ritual funerário de uma pessoa com a qual não houvesse uma relação. Mas em Tana Toraja trata-se de um evento aberto a todos os interessados, que se anuncia ao público em geral. Os guias turísticos sabem em que dias haverá funeral. De resto, as celebrações costumam concentrar-se nos meses mais solarengos.

As caveiras podem ser contempladas nas covas-cemitério da região.

Quanto mais rico e poderoso for o defunto, maior será o funeral, mais dias se prolongará e mais longa será a lista de convidados As ossadas humanas ficam expostas ao público, após a deterioração dos caixões.

Naturalmente que este contraste com os nossos costumes faz com que os ocidentais se sintam perdidos em matéria de atos protocolares. No meu caso concreto, perguntava-me: que devo fazer e que devo levar? Para comportar-me como um bom convidado, o meu guia aconselhou-me que o normal seria oferecer algo (geralmente um volume de tabaco) à família enlutada. Foi assim, com o sugerido presente debaixo do braço, que me apresentei no funeral. "Não vais tirar fotografias?”, perguntava-me o guia. Não me parecia apropriado, já que, embora se tratasse de uma celebração, não deixava de ser um funeral. O guia insistia: “Tira fotos à vontade; isso é normal, até os habitantes da ilha o fazem”. Acabei por constatar que os principais alvos das objetivas eram precisamente o defunto e o caixão. Seguindo as

À entrada dos invulgares panteões exibem-se esfinges dos mortos, talhadas em madeira.

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Retratos

de um viajante instruções do meu guia, sentei-me ao lado da viúva, rigorosamente vestida de negro, que conversava animadamente com outras convidadas. Senti-me tímido e desfasado daquele cenário. Não sabia que expressão facial deveria adotar nem se o mais adequado seria dar-lhe os pêsames ou simplesmente sorrir, como o resto dos convidados. “Não vais tirar uma fotografia à viúva? Sei que ela iria gostar”, dizia-me o guia. Quando me viu de câmara em punho, a mulher assentiu e pousou para a objetiva com uma expressão muito séria. Assim que tirei a foto, ela voltou aos seus afazeres, mas não sem deixar de me oferecer um café. Nesse momento, ninguém dava sinais de tristeza.

A víuva posou para a foto com expressão pesarosa.

As “tongkonan” são casas de madeira em formato de barco.

A receção aos convidados e a organização das matanças mal deixavam tempo para o luto

Após nova troca de impressões com o guia, percebi que aquela morte tinha ocorrido há algum tempo e, portanto, a dor da família não era recente. A receção aos convidados e a organização das matanças mal deixavam tempo para o luto, que só se manifestou de forma mais evidente durante o enterro. Em Tana Toraja, o búfalo faz parte dos rituais fúnebres. Aliás, quem quiser ser visto como um cavalheiro, poderá oferecê-lo como presente, embora isso possa despertar um sentimento de dívida na família que o recebe. Se não se puder oferecer tanto, a alternativa é levar um porco, que também é visto como um presente elegante.

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Tana Toraja estende-se entre os arrozais e a selva.


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Retratos

de um viajante

Após o funeral, assisti com o meu guia a uma luta de búfalos, que fazia parte do programa das celebrações. Este espetáculo não é nada turístico. Pelo contrário, em concordância com o resto da região, trata-se de um ritual banal naquelas paragens. Dois búfalos, especialmente criados com este objetivo, enfrentam-se em campo aberto. Dão cabeçadas e cornadas até que um dos animais fuja derrotado. Não há barreiras que separem os espetadores dos animais, razão pela qual, quando o búfalo perdedor se afasta em passo de corrida, uma parte do respeitável público vê-se forçado a abrir caminho para facilitar a fuga. Mas nem só a morte é motivo de atração neste recanto asiático. Outro ponto de interesse são as “tongkonan”, casas de madeira em forma de barco que se destacam entre a selva e os arrozais. Estas vivendas estão talhadas e decoradas com chifres de búfalos.

As lutas de galos, embora ilegais, são frequentes nesta região da Indonésia.

A visita turística não pode deixar de lado o mercado de Buntu, que se realiza de seis em seis dias. Ali abundam frutas, verduras e animais. O percurso por esta singular praça permite-nos ver como se selecionam os galos mais fortes para as lutas ilegais ou como se examinam os porcos antes de os adquirir. Não deixará de surpreender a habilidade que têm estes cidadãos para imobilizar um leitão e carregá-lo tranquilamente na parte traseira de uma motorizada. Também se destaca neste mercado o comércio de búfalos. Numa gigantesca esplanada encontram-se vendedores e compradores, que exibem orgulhosos os seus ruminantes. Podem valer o mesmo que um carro e a concorrência é enorme.

Os combates de búfalos são outra tradição muito popular entre os habitantes da ilha de Sulawesi.

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Publirr Ivoclar_Maquetación 1 02/07/14 14:30 Página 1

Ivoclar Vivadent reúne em Londres mais de 700 profissionais do setor

O programa científico decorreu no Queen Elizabeth II Conference Centre, em pleno centro de Londres.

O programa incluiu um jantar no emblemático Museu de História Natural da capital inglesa.

Após o sucesso da primeira edição realizada em 2012, em Berlin, a Ivoclar Vivadent levou a cabo nos passados dias 13 e 14 de junho o seu segundo simpósio internacional, desta vez em Londres. Este evento contou com a presença de mais de 700 profissionais do setor, entre médicos dentistas, académicos e representantes da indústria de vários pontos do mundo, incluindo uma delegação da Península Ibérica composta por cerca de uma centena de pessoas. Os participantes tiveram a oportunidade de assistir a conferências de alto nível e partilhar um variado programa científico e de lazer. Subordinado ao tema “Novas tendências nas restaurações monolíticas e avançadas”, o simpósio internacional da Ivoclar Vivadent decorreu no Queen Elizabeth II Conference Centre com o apoio do King’s College London Dental Institut, que esteve representado no encontro por Dianne Rekow, decana desta prestigiada instituição de ensino. Durante o discurso de boas-vindas aos congressistas, Robert Ganley, diretor executivo da Ivoclar Vivadent, começou por destacar a presença em Londres de alguns dos “melhores oradores da atualidade”, assinalando, por outro lado, os sinais de recuperação do setor dentário internacional. O dirigente norte-americano sublinhou o compromisso da empresa sedeada no Liechtenstein perante as atuais tendências do mercado, tais como a consolidação da indústria, a inovação e a integração digital, a crescente consciencialização do paciente sobre os cuidados de saúde oral e os avanços nos processos e materiais, entre outras, assegurando que a marca “continuará a fazer um forte investimento na tecnologia”. O programa de conferências foi assegurado por Markus Lenhard (Suíça), James Russell (Reino Unido), Georges Eliades (Grécia), Nelson Silva e Murilo Calgaro (Brasil), Armin Ospelt e Daniel Edelhoff (Alemanha), Bart van Meerbeek e Eric van Dooren (Bélgica), Michele Temperani (Itália), Van P. Thompson (EUA), Stefen Koubi (França) e Rafael Piñeiro (Espanha).

Centenas de profissionais do setor de todo o mundo assistiram ao encontro.

Madrid vai ser a cidade anfitriã da terceira edição do simpósio internacional da Ivoclar Vivadent, que terá lugar em 2016.

Robert Ganley, diretor executivo da Ivoclar Vivadent, foi o anfitrião do simpósio.

Publirreportagem

A partir da esquerda, Paulo Júlio Almeida, José Paulo Figueiredo, Fernando Nascimento Ferreira, Paulo Freitas e José Bonvalot foram alguns dos membros da delegação portuguesa que assistiu ao simpósio.

No âmbito desta jornada internacional, a organização realizou um serão (“Ivoclar Vivadent & Amigos”) no emblemático Museu de História Natural de Londres, onde várias centenas de convidados puderam apreciar parte do magnífico espólio do museu, antes de jantarem no salão principal e assistirem a um concerto de música pop ao vivo.


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