REVISTA MAXILLARIS Nº 118

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PORTUGAL

ciência e atualidade do setor dentário

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ano xvi

Julho/Agosto 2021 |

no 1 1 8

O SONO EM MEDICINA ORAL

Controlo dos distúrbios respiratórios no sono com um dispositivo de avanço mandibular num caso raro de hipoventilação/hipoxia Izabella Paola Manetta

PONTO DE VISTA

A Via Sacra do médico dentista profissional liberal Eunice Carrilho

Estética e prótese dentária Artigo técnico de João Borges, especialista em estética dentária

Casos de sucesso de João Mouzinho e Luciano Bonatelli Bispo

Opinião especializada de Alexandre Cavalheiro, experto em Dentisteria Operatória

CRÓNICA

Consórcio português desenvolve dispositivo inovador de proteção para cuidados médicos em contexto de pandemia



Editorial ciência e atualidade do setor dentário

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ano xvi

J u l h o / A g o s t o 2 0 2 1 | no 1 1 8

Pausa de verão

P

elo segundo ano consecutivo, a sempre tão esperada temporada estival iniciou-se sob o signo do persistente SARS-CoV-2 e, para mal dos nossos pecados, coincidiu mesmo com uma

involução nesta já longa marcha global contra a pandemia. A agressiva variante Delta do coronavírus, que é mais transmissível e infecciosa do que todas as estirpes que foram observadas até à data, veio baralhar as contas deste resiliente combate pelo regresso a uma certa normalidade. Em Portugal, voltou-se a experimentar, pelo menos parcialmente, as temidas regras do confinamento, ao abrigo do estatuto oficial de Calamidade, com o fim de evitar uma quarta vaga de infeções em massa. No entanto, esta adversa conjuntura não impediu que vida siga o seu ritmo em muitos ramos de atividade socioeconómica, no plano da saúde – é o caso das consultas de Medicina Dentária, que prosseguem em pleno a sua rotina diária – e até no âmbito cultural. Apesar das incógnitas que a segunda metade do ano ainda nos possa reservar – os especialistas prevêem que a variante Delta vai ser muito difícil de conter – certo é que o processo de vacinação avança a bom ritmo, rumo à ultra desejada imunidade de grupo. À medida que a população vai somando as duas tomas da vacina (ou toma única), redobra-se a esperança de alcançarmos a tal luz que se avista ao fundo do túnel desta inédita crise de saúde pública. A MAXILLARIS encerra a primeiro semestre do ano com uma edição (parcialmente) centrada no universo da estética dentária, uma das disciplinas mais versáteis de uma profissão que, por si só, é particularmente dinâmica e está em constante evolução. Neste contexto, publicamos uma entrevista com o médico dentista Alexandre Cavalheiro, especializado em dentisteria operatória e professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, que partilha com esta revista os critérios e opções em matéria de tratamentos de alta exigência estética e as suas previsões sobre a promissora era da Inteligência Artificial. O tema de capa inclui também uma reflexão do médico dentista João Borges, especialista em estética dentária e reabilitação oral, sobre o presente e futuro desta vertente da Medicina Dentária. A completar o assunto em destaque nesta edição, publicamos ainda dois casos clínicos de autoria dos médicos dentistas João Mouzinho (“Protocolos digitais para facetas cerâmicas”) e Luciano Bispo (“A filosofia de preparo para onlays estéticas”). Aos nossos leitores desejamos “bom proveito” deste número da MAXILLARIS, que aborda naturalmente outros temas que marcam a atualidade do setor, aproveitando esta ocasião, que coincide com a nossa habitual pausa de verão, para deixar a todos votos de uma excelente (e revigorante) época estival, na expectativa de um regresso, em setembro, mais sereno e, na medida do possível, mais (re)ajustado à vida normal.

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MAXILLARIS PORTUGAL

João Drago - coordenador portugal@maxillaris.com Maria João Miranda - comercial comercialportugal@maxillaris.com

índice ciência e atualidade do setor dentário

Redação Portugal:

Rua Francisco Sanches, nº 122, 2º andar 1170-144 Lisboa Tel./Fax: +351 218 874 085

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ano xvi

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Comissão Científica: 3Shape........................................................................................................................................................ 2 Acteon.......................................................................................................................................................... 7 Align Technology........................................................................................................................... 43 e 64 Bial............................................................................................................................................................. 53 BTI................................................................................................................................................................. 5 IDS 2021..................................................................................................................................................... 61 Ledosa....................................................................................................................................................... 57 Miele.......................................................................................................................................................... 27 OMD............................................................................................................................................................ 51 Orisline....................................................................................................................................................... 15 Sinusmax.................................................................................................................................................. 33 UCAM.......................................................................................................................................................... 31 VOCO.......................................................................................................................................................... 63 Zhermack.................................................................................................................................................. 45

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Sumário

Julho/Agosto 2021 |

no 1 1 8

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10

48 Quiz de medicina oral

TEMA DE CAPA

(ESTÉTICA E PRÓTESE DENTÁRIA)

Q Demonstre os seus conhecimentos no teste elaborado para a Maxillaris por Germán Esparza Gómez................................................ 46

Artigo técnico

Q João Borges, médico dentista especializado em estética dentária e reabilitação oral: “Presente e futuro da estética dentária”.........................8

PROTAGONISTAS

Opinião especializada

Ponto de vista

Q Alexandre Cavalheiro, médico dentista especializado em dentisteria operatória e professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa: “Devemos apenas introduzir na nossa prática clínica aquilo que mostra garantia de eficácia”...............................................10

Q Eunice Carrilho, médica dentista e vice-presidente da Associação Nacional de Profissionais Liberais (ANPL): “A Via Sacra do médico dentista profissional liberal”................................... 48

Casos de sucesso

Q João Mouzinho: “Protocolos digitais para facetas cerâmicas”.....................16 Q Luciano Bonatelli Bispo: “A filosofia de preparo para onlays estéticas”.....22

ATUALIDADE DO SETOR Crónica

Q Notícias do foro da Medicina Dentária............................................................ 50 Calendário

CIÊNCIA O sono em medicina oral

Q Izabella Paola Manetta: “Controlo dos distúrbios respiratórios no sono com um dispositivo de avanço mandibular num caso raro de hipoventilação/hipoxia”................................................................................ 36 Boas Práticas

Q “Diagnóstico e tratamento da maloclusão – declaração de boas práticas (2)”.......................................................................................... 40

Setembro/outubro: PRÓXIMO “TEMA DE CAPA”

Ortodontia

A MAXILLARIS é uma marca registada a nível europeu pelo Departamento de Harmonização do Mercado Interior Europeu de Marcas e Desenhos com o Nº 003098449. Membro da Federação Internacional da Imprensa Periódica.

Q Agenda de cursos para os profissionais e calendário de congressos, simpósios, jornadas, encontros e exposições da índústria.......................................................................................................... 56 Novidades

Q Produtos e equipamentos.................................................................................. 60 Indústria

Q Notícias de empresas..........................................................................................62

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Presente e futuro da estética dentária A expressão “estética dentária” ganhou um peso muito signifi-

generalista para um novo dia a dia clínico, com novos proces-

cativo na opinião pública ao longo dos últimos 20 anos e, ao

sos e protocolos de trabalho que resultaram numa crescente

dia de hoje, tornou-se naturalmente indissociável de qualquer

necessidade de equipas mais especializadas e multidisciplina-

que seja o tratamento realizado na nossa área. Houve uma ge-

res. Essa interação entre as várias especialidades procurou res-

neralização dessa expectativa por parte dos pacientes, em

ponder às exigências crescentes de um resultado estético na-

muito consequência da evolução das técnicas, dos materiais,

tural e harmonioso, com equilíbrio tanto da parte dentária

da maior formação pós-graduada dos médicos dentistas e, so-

como da parte dos tecidos mucogengivais. Por outro lado,

bretudo, do acesso global à informação e aos exemplos que

houve ainda uma grande evolução nas formas de comunica-

foram chegando de outros países mais orientados a essa “preo-

ção do médico com o paciente e nas soluções técnicas dos la-

cupação”.

boratórios e dos técnicos de prótese dentária.

A introdução que acabo de escrever parece ser uma verdade

Tendo isto como certo, cresce a curiosidade sobre o futuro des-

de La Palice mas, na minha opinião, importa relembrar, já que

ta área e com ela surgem algumas questões. O que nos espera

foi essa realidade que conduziu, há alguns anos, a uma primei-

nos próximos anos? Que dificuldades temos hoje que even-

ra grande mudança na Medicina Dentária nacional e interna-

tualmente não teremos no futuro? Como nos podemos adap-

cional. Passámos de uma Medicina Dentária tradicionalmente

tar às exigências das novas gerações de pacientes e aumentar

Ovcharenko/shutterstock.com

Estética e prótese TEMA DE CAPA

Artigo técnico

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Estética e prótese

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TEMA DE CAPA

João Borges Médico dentista. Especialista em estética dentária e reabilitação oral. Diretor clínico da International Advanced Dentistry.

a previsibilidade e longevidade dos nossos casos? Mais do que

Em primeiro lugar, na parte do diagnóstico, passaremos a in-

curiosidade, eu diria que estas são efetivas preocupações dos

corporar protocolos de avaliação da dinâmica mastigatória

médicos dentistas, em especial daqueles que se dedicam à es-

através de sistemas digitais 4D. Estes sistemas, integrados

tética. Mas pensar o futuro corresponde, na verdade, à reflexão

com os scanners intraorais e os CBCTs, permitem verificar a

demorada sobre o presente e é hoje que se encontram as res-

presença de desequilíbrios ou interferências nos contactos

postas para o que aí vem, a tal segunda grande mudança de

oclusais, a existência de alterações nos trajetos dos côndilos,

paradigma nesta área. Mas de que forma e porquê?

avaliando assim a saúde das ATM, e mais uma série de dados

Mudança de paradigma

dinâmicos do sistema estomatognático. Podemos então dizer que o diagnóstico passará a envolver sistematicamente a biomecânica e, assim, a permitir encaminhar todo o proces-

As primeiras grandes transformações descritas no segundo

so de tratamento a uma esfera mais global e não tão restrin-

parágrafo deste artigo permitiram-nos atingir uma segurança

gida aos requisitos estéticos. Desta forma, melhoraremos a

técnica no imediato momento do tratamento, dado que todo

integração das reabilitações estéticas na dinâmica mastiga-

o fluxo de trabalho se foi encaminhando para uma maior pre-

tória e, como tal, teremos influência direta na longevidade

visibilidade do resultado final, ainda que este aspeto não este-

dos tratamentos.

ja controlado com toda a precisão. Mas e no que toca à longe-

Em segundo lugar, agrupando o planeamento, o desenho e o

vidade e reprodutibilidade do tratamento? Não estaremos

fabrico digitais, é de esperar que as possibilidades associadas

ainda com potencial para uma melhoria dos processos e pro-

ao CAD-CAM contribuam para se chegar rapidamente às pre-

tocolos de diagnóstico e tratamento, com claro benefício para

parações dentárias guiadas por computador, contribuam para

o paciente? Na minha opinião, é neste ponto que devemos

se atingir uma maior precisão na adaptação das peças protéti-

estar preparados para uma mudança de paradigma. A rebo-

cas, ter acesso a uma maior diversificação e mimetização das

que de todo o desenvolvimento tecnológico, nomeadamente

formas dos dentes naturais graças às “bibliotecas de dentes” e

das ferramentas de diagnóstico, planeamento, desenho e fa-

a uma redução significativa dos tempos de laboratório, sem

brico digitais, iremos melhorar muitos aspetos da nossa práti-

qualquer compromisso na qualidade do trabalho final, antes

ca clínica, em particular no tratamento de casos de estética

pelo contrário. Este conjunto de fatores contribuirá para uma

dentária.

maior previsibilidade do resultado dos tratamentos. Se o presente nos tem exposto a mudanças muito rápidas nos

Se o presente nos tem exposto a mudanças muito rápidas nos aspetos técnicos dos tratamentos em estética dentária, importa referir que o futuro trará a afirmação absoluta dos fluxos digitais em prol do binómio dentista-técnico e em claro benefício para o paciente

aspetos técnicos dos tratamentos em estética dentária, importa referir que o futuro trará a afirmação absoluta dos fluxos digitais em prol do binómio dentista-técnico e em claro benefício para o paciente. É de esperar que, depois desta segunda mudança de paradigma, chegue ainda uma terceira e que, daqui a uns anos, com a incorporação da inteligência artificial e da robótica clínica, o papel do médico dentista possa vir a ser mais médico e menos técnico. Será esse o nosso futuro?

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Estética e prótese TEMA DE CAPA

Opinião especializada

Alexandre Cavalheiro Médico dentista especializado em Dentisteria Operatória e professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa

“Devemos apenas introduzir na nossa prática clínica aquilo que mostra garantia de eficácia”

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a relação entre médico dentista e paciente “deve haver uma escolha consciente do doente após a explicação dos riscos-benefícios. Temos de explicar de forma clara que as técnicas e os materiais têm os seus limites”. Quem o afirma é Alexandre Cavalheiro, médico dentista especializado em Dentisteria Operatória, que exerce a sua prática clínica exclusiva em Dentisteria Estética, Prostodontia e Implantologia no Instituto de Reabilitação Oral (Lisboa). Em entrevista à MAXILLARIS, o também professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL) reflete sobre os critérios e opções em matéria de tratamentos de alta exigência estética, antecipa uma crescente procura de formação no plano da educação contínua e prevê para a profissão uma promissora era da Inteligência Artificial, com maior “automatismo, rapidez, simplicidade e precisão”, entre outros temas que marcam a atualidade da estética (e prótese) dentária.

No campo da estética dentária as ino-

nico menos informado pode pensar

De facto, os estudos clínicos mais re-

vações são uma constante no merca-

que os melhores adesivos correspon-

centes indicam que ainda não pode-

do. Que critérios devem ditar a esco-

dem aos das gerações mais recentes,

mos abdicar totalmente da retenção

lha do sistema/ferramenta a adotar

quando na verdade, sabemos que os

mecânica.

pelo profissional, tendo em mente o

das gerações mais antigas continuam a

Por isso, considero que ainda devemos

objetivo de garantir o melhor resulta-

ser a referência em termos de longevi-

combinar as duas formas, seguindo o

do estético?

dade.

conceito: as adhesive as possible, as re-

A certeza de durabilidade, longevidade

Com isto não quero dizer que devamos

tentive as necessary.

e segurança desses tratamentos. Certe-

desvalorizar a novidade. Devemos ter o

za essa baseada na evidência científica

espírito aberto. No entanto, devemos

Qual seria a sua eleição para um tra-

de alto nível.

apenas introduzir na nossa prática clí-

tamento reabilitador completo de

As novas soluções carecem de validade

nica aquilo que mostra garantia de efi-

alta exigência estética?

temporal, e quando não a têm, por ve-

cácia. Os nossos doentes não devem

Para cada caso clínico estabelecemos

zes, vêm a mostrar-se desastrosas na

ser sujeitos a tratamentos de eficácia

um objetivo e delineamos um plano de

sua eficácia clínica.

incerta, a não ser no contexto de en-

tratamento. Não existe uma forma úni-

Posso dar-lhe dois exemplos. As pri-

saios clínicos.

ca e correta porque existem uma série

meiras coroas em zircónia, que surgi-

de parâmetros importantes que temos

ram em força em meados da primeira

Que ponderação é necessário fazer

de ter em conta, como por exemplo: o

década deste século, tinham que ser

previamente à tomada de decisão

tipo de oclusão, possíveis hábitos para-

obrigatoriamente estratificadas com

sobre um determinado tipo de res-

funcionais ou a existência de implantes.

cerâmica de revestimento para masca-

tauração (adesiva, retentiva…)?

Procuro sempre fazer tratamentos mi-

rar a cor branco opaco da zircónia. Essa

Temos caminhado na direção das técni-

nimamente invasivos. Na reabilitação

cerâmica de revestimento veio a reve-

cas totalmente adesivas. Estas permi-

total, sem ausência de peças dentárias,

lar-se muito frágil à fadiga originando,

tem tratamentos menos invasivos e

opto para o setor anterior, por resinas

muito frequentemente, o fenómeno de

com maior preservação do dente.

compostas diretas ou facetas feldspáti-

chipping. Esse problema foi contorna-

Mas os adesivos dentários, mesmo os

cas estratificadas convencionais, por-

do mais tarde com a introdução de zir-

ditos “universais”, têm limitações de du-

que se trata de uma zona de exigência

cónia mais translúcida e estratificada

rabilidade. A degradação inexorável da

estética máxima, com uma necessida-

com diferentes cores, o que permitiu

camada híbrida a médio/longo prazo

de de resistência mecânica baixa. Por

fazer coroas de zircónia com forma

dá origem a perda de retenção e/ou cá-

outro lado, para o setor posterior, onde

completa. Só que, entretanto, houve

rie secundária quando o substrato de

a resistência mecânica tem de prevale-

necessidade de substituir muitas das

adesão é quase só dentina.

cer face à estética, não descurando es-

coroas em zircónia originais com chipping. Outro exemplo é o dos adesivos dentinários frequentemente descritos pelos fabricantes em gerações. Um clí-

“As novas soluções carecem de validade temporal, e quando não a têm, por vezes, vêm a mostrar-se desastrosas na sua eficácia clínica”

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Estética e prótese

N

TEMA DE CAPA

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Estética e prótese TEMA DE CAPA

Opinião especializada |

S Alexandre Cavalheiro é professor da FMDUL, nomeadamente regente das unidades curriculares de Dentisteria Operatória, Dentisteria Conservadora e Clínica Integrada de Diagnóstico e Plano de Tratamento. É membro da American Academy of Operative Dentistry e membro fundador da Sociedade Portuguesa de Estética Dentária, entre outras sociedades científicas.

ta, seleciono as restaurações diretas em

mento e a cor dos dentes adaptados às

de executar restaurações estéticas indi-

resina composta e as restaurações indi-

características de cada doente.

retas de forma não só rápida e confor-

retas em cerâmica vítrea reforçada com

Poderemos também, em breve, mostrar

tável para os doentes, mas também

dissilicato de lítio ou resina composta

aos doentes a pré-visualização do resul-

com uma qualidade extraordinária do

CAD-CAM.

tado final do tratamento com uma qua-

ponto de vista estético, precisão e

lidade com qual hoje apenas sonha-

adaptação. Aliados aos novos materiais

Que novas técnicas ou soluções

mos. Isto porque a realidade aumentada

como resinas compostas e cerâmicas

(eventualmente revolucionárias) se

vai permitir sobrepor imagens de ence-

com propriedades de estéticas e de re-

anteveem no mercado a curto ou

ramentos de diagnóstico virtuais às

sistência melhoradas, estes sistemas já

médio prazo?

imagens reais do sorriso do doente (fil-

têm, na maioria dos casos, uma quali-

Cada vez mais os avanços nas ciências

tros do tipo Snapchat).

dade superior à das técnicas conven-

médicas estão dependentes dos avan-

cionais.

ços tecnológicos.

Na sua opinião quais são os prós e

A tecnologia digital tem ainda algumas

Estamos na era da Inteligência Artificial

contras da nova tecnologia digital

limitações, mas estou certo de que irão

que já está a ser usada no desenvolvi-

na prática clínica com fins estéticos?

sendo eliminadas à medida que a tec-

mento de hardware e software que nos

Não vejo que a nova tecnologia digital

nologia for evoluindo. Um exemplo são

irá ajudar no processo de smile design.

traga desvantagens. Pelo contrário, es-

as facetas cerâmicas feldspáticas fresa-

Utilizando os conceitos básicos de esté-

tá a revolucionar a estética dentária.

das que ainda são menos estéticas e na-

tica, que têm sido definidos nos últimos

Embora os sistemas impressão digital

turais comparadas com as convencio-

anos, conseguiremos com muito maior

intraoral e os sistemas CAD-CAM já

nais quando executadas por técnicos

automatismo, rapidez, simplicidade e

existam há muitos anos, só recente-

de prótese competentes, como nós te-

precisão, decidir a forma, o posiciona-

mente é que adquiriram a capacidade

mos muitos.

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Estética e prótese

Mas é claro que a maior limitação ainda é o custo do investimento inicial de toda esta tecnologia, que é muito elevado.

“Os estudos clínicos mais recentes indicam que ainda não podemos abdicar totalmente da retenção mecânica”

Que peso tem o perfil do paciente no processo de decisão do tratamento,

plano de tratamento deve respeitar a

Numa fase em que o fator estético

nomeadamente no que respeita à

melhor opção clínica possível, pautada

assume cada vez maior relevância na

respetiva duração, manutenção e

pela qualidade do trabalho.

consulta, como se deve adaptar a

gestão de expectativas?

odontologia restauradora às dife-

É fundamental. O perfil do doente, ou

Qual é a margem (ou o limite) que o

rentes disciplinas da Medicina Den-

modificadores do doente para usar a

paciente tem para “impor” um trata-

tária: implantologia, ortodontia, en-

expressão técnica correta, é o ponto de

mento minimamente invasivo?

dodontia, etc.?

partida. O que o doente procura, as

Na relação entre médico e doente não

Não colocaria a questão em termos de

suas expectativas, a sua motivação, a

há espaço para “imposições”. Antes de-

adaptação, mas sim em termos de inte-

sua capacidade financeira, a sua dispo-

ve haver uma escolha consciente do

gração multidisciplinar. E aqui, a dentis-

nibilidade financeira e de tempo são

doente após a explicação dos riscos-be-

teria estética assume um papel charnei-

determinantes. Há doentes que valori-

nefícios. Temos de explicar de forma

ra no delinear e executar um plano de

zam a durabilidade acima de tudo, ou-

clara que as técnicas e os materiais têm

tratamento estético.

tros valorizam a estética. Outros têm li-

os seus limites. Que nem sempre é pos-

Ao caber-lhe a fase final da execução de

mitações económicas. E, outros há, que

sível executar um tratamento minima-

um plano de tratamento, possui não só

sonham com um sorriso de Hollywood.

mente invasivo. Por vezes a única op-

uma visão mais exata do resultado final,

O sonho de qualquer médico dentista

ção é a coroa ou a extração, que trarão

mas também a capacidade de aborda-

ligado à estética é receber no seu con-

vantagens na durabilidade. A aderência

gem reverse pathway. Desta forma, tem

sultório uma estrela de cinema sem res-

ao plano de tratamento tem de ser por

grande vantagem na definição dos pas-

trições orçamentais. Infelizmente são

vontade recíproca e baseada numa re-

sos a dar, bem como uma posição privi-

casos raros. Para todos os casos, o nosso

lação de confiança mútua.

legiada para monitorizar a integração

R Para o médico dentista, os pacientes não devem ser sujeitos a tratamentos de eficácia incerta, a não ser no contexto de ensaios clínicos.

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TEMA DE CAPA

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Estética e prótese TEMA DE CAPA

Opinião especializada |

dos mesmos à medida que estes vão sendo executados. Tendo em mente a sua experiência no plano académico, que balanço faz do ensino superior e da formação pós-graduada em Portugal, no âmbito da estética dentária? A oferta de formação pós-graduada na área da estética dentária em Portugal tem tido progressos com o surgimento de cursos de qualidade. Mas há lugar para mais. Penso que a procura de formação para educação contínua irá aumentar muito, uma vez que o rápido desenvolvimento da digitalização chairside irá exigir um esforço de atualização muito superior ao habitual por parte dos médicos dentistas. Como perspetiva em termos gerais o futuro (próximo) da classe dos médicos dentistas no periodo pós-pandemia?

S Alexandre Cavalheiro constata que a classe dos médicos dentistas “cresceu de forma desregulada e esse crescimento tem o seu preço... que será o desemprego de profissionais altamente qualificados”.

A classe de médicos dentistas mostrou estar à altura do desafio que foi a pandemia. Fomos rápidos na adaptação e na implementação das medidas de proteção individual. Fomos capazes de manter a resposta às necessidades de saúde oral e, mesmo durante o periodo de encerramento obrigatório das clínicas, nunca comprometemos os cuidados urgentes. Os doentes sentiram confiança e não abandonaram os tratamentos. Num futuro próximo, voltaremos à normalidade. Alguns dos cuidados que temos serão abandonados, como o uso de fatos, mas outros provavelmente irão manter-se. A crise económica, essa sim, poderá ter um impacto relevante na classe, levando ao encerramento de clínicas e ao desemprego profissional. Somos uma classe que cresceu de forma desregulada e esse crescimento tem o seu preço...

S

que será o desemprego de profissionais

A era digital tem ainda algumas limitações, mas o nosso interlocutor acredita que “irão sendo eliminadas à medida que a tecnologia for evoluindo”.

altamente qualificados.

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Estética e prótese TEMA DE CAPA

Casos de sucesso Protocolos digitais para facetas cerâmicas Introdução A filosofia atual das facetas cerâmicas insere-se num conceito de Medicina Dentária Biomimética, ou seja, uma filosofia minimamente invasiva. Durante muitos anos o gold standard das facetas eram as facetas feldspáticas sobre refratário ou folha de platina. A evolução de novas técnicas e novos materiais com os CAD-CAM permite produzir peças cerâmicas ultra conservadoras. Os meios de planeamento digitais vieram ajudar na produção de facetas baseadas em formas de dentes muito aproximadas do natural, devido às bibliotecas de dentes naturais que os programas associados ao CAD-CAM contêm. Neste artigo iremos apresentar um caso clínico onde foram efectuadas quatro facetas cerâmicas, com impressão com escáner intraoral + modelos digitais.

Caso clínico Paciente de 25 anos, do sexo feminino, sem nenhum problema de saúde relevante, procurava um tratamento conservador para melhorar a estética dos dentes anteriores. Após avaliação

A utilização de processos 100% digitais evita a utilização de impressões clássicas com silicones, o que diminui a probabilidade de erros cumulativos, assim como evita que o paciente passe por um processo que muitos consideram desconfortável 16


Estética e prótese

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TEMA DE CAPA

João Mouzinho Médico dentista. mouzinhojoao@gmail.com Mestre em Periodontologia pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde - Norte (CESPU). Docente da Pós-graduação de Reabilitação Oral Biomimética Avançada (CESPU). Curso de Capacitação em Implantologia e Enxertos ósseos pela Faculdade de São Leopoldo Mandic (Brasil). Pós-graduado em Reabilitação Intra e Extra Oral com Implantes Osteointegrados, pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP), e em Reabilitação Oral Biomimética Avançada, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde - Sul (Egas Moniz). Responsável pelo Departamento de Reabilitação Oral e Implantologia da Molar Clinic.

Hugo Costa Técnico de prótese dentária. Diretor do laboratório Corus Sorriso e responsável pelo Departamento de Cerâmica.

Miguel Gonçalves Médico dentista. Responsável pelo Departamento Digital do laboratório Corus Sorriso.

inicial, entendemos que podia ser um caso feito com facetas cerâmicas a partir de um processo 100% digital, sem recurso a impressões convencionais. Após avaliação clínica e radiográfica, efetuaram-se fotografias e vídeos iniciais para poder fazer um planeamento digital. Realizou-se um enceramento virtual que permitiu fazer um mock-up ao paciente, que foi aprovado. A escolha de uma técnica 100% digital permite fazer uma leitura dos preparos e da sua cor com um scanner intraoral, e a sua reprodução em laboratório. A criação de um modelo digital permitiu imprimir um modelo físico para a criação de quatro facetas feldspáticas. Na primeira consulta após aprovação do planeamento digital pela paciente, foram preparados os dentes 11, 12 e 21 para facetas e o dente 22 para jacket, devido à extrema destruição dentária.

Q FIG. 1. Fotografia extraoral inicial.

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FIG. 2. Fotografia de sorriso.

FIG. 3. Fotografia intraoral.

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FIG. 4. Aspeto do maxilar superior.

FIG. 5. Leitura dos preparos com scanner intraoral Trios da 3shape.

S FIG. 6. Aspeto da leitura dos preparos no scanner.

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FIG. 7. Mapeamento cromático no laboratório.

FIG. 8. Criação de modelo 3D e troqueis.

S FIG. 9. Aspeto da preparação do modelo para imprimir.

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FIG. 10. Modelo tipo geller impresso.

FIG. 11. Facetas + jacket feldspáticas no modelo.

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FIG. 12. Adaptação das peças cerâmicas no modelo.

FIG. 13. Aspeto de sorriso final.

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R FIG. 14. Fotografia intraoral final.

R FIG. 15. Aspeto final das quatro peças cerâmicas nos dentes 12, 11, 21 e 22.

Discussão/conclusão A utilização de processos 100% digitais evita a utilização de im-

co do preparo dentário. Em termos laboratoriais, a criação de mo-

pressões clássicas com silicones, o que diminui a probabilidade de

delos físicos, permite criar modelos master e modelos tipo geller,

erros cumulativos, assim como evita que o paciente passe por um

para verificação do assentamento das facetas nos preparos, e os

processo que muitos consideram desconfortável. A visualização

pontos de contacto entre as facetas.

imediata dos preparos, permite a sua correção, e uma nova leitura

A utilização de princípios biomiméticos permite obter resulta-

imediata com o scanner. Neste caso, o scanner utilizado foi o Trios

dos biológicos, estéticos e funcionais nos procedimentos mé-

da 3shape, que permite também fazer um mapeamento cromáti-

dico-dentários.

Bibliografia 1. Layton DM. A systematic review and metaanalysis of the survival of non-fedspathic porcelain veneers over 5 and 10 years. Int J Prosthodont. 2103, vol. 26 Issue 2, p111-124. 2. Peumans B. Porcelain veeners: a review of the literature. Int J Phrosthodont. Dentistry, 28 (2000) 163-177. 3. Magne P, Belser U. Bonded porcelain restorations in the anterior dentition: a biomimetic approach. 2003, quintpub.com.

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Casos de sucesso A filosofia de preparo para onlays estéticas

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TEMA DE CAPA

Luciano Bonatelli Bispo Médico dentista. Licenciado, Mestre e Doutorado em Dentística pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Brasil). lbbispo2@gmail.com

RESUMO Existe muita discussão sobre a indicação de uma restauração indireta do tipo onlay. Tais restaurações são confecionadas maioritariamente de forma laboratorial e procuram corrigir problemas estéticos e funcionais em dentes posteriores. Esses problemas são provenientes de destruições coronárias extensas e perda de cúspides funcionais. A literatura consultada mostra a regularização e arredondamento da estrutura dentária remanescente, como forma de preparar o elemento para receber a restauração indireta cimentada. Contudo, o ato de “moldar buracos” com ângulos arredondados não leva em conta a fragilidade biomecânica do dente. Este trabalho tem o objetivo de ilustrar um preparo cavitário para uma onlay (overlay) de forma padronizada, com respeito aos aspetos biomecânicos. Essa padronização e sua consequente doutrina, pode ser indicada e reproduzida para todas as restaurações do tipo overlay. Palavras-chave: prótese dentária, restaurações intracoronárias, estética, materiais dentários.

Introdução

riam uma abordagem menos conservadora quando comparada a uma simples confeção de uma restauração direta.

Onlays são restaurações feitas de forma indireta ou semidireta,

O planeamento biomecânico de uma onlay requer uma expul-

que recobrem pelo menos uma cúspide, cimentadas em den-

sividade das suas paredes circundantes, uma regularização das

tes posteriores. Podem ser manufaturadas em diversos mate-

paredes pulpar e gengivais, bem como um arredondamento

riais: metal, cerâmica, resina ou cerómero. Quando são intraco-

dos ângulos internos, mantendo a margem cavosuperficial re-

ronárias, envolvendo várias faces do dente, porém sem

ta, com a intenção de dissipar tensões e potencializar a resis-

recobrirem o vértice ou ponta de uma cúspide, são chamadas

tência intrínseca do material restaurador escolhido.

de inlays.

O objetivo deste trabalho foi o de demonstrar características

O termo overlay é dado quando há o recobrimento de todas as

do preparo cavitário de overlays de forma padronizada e repro-

cúspides de um elemento dentário, sem que necessariamente

dutiva.

envolvam todas as suas faces. Logo, toda a coroa total é uma overlay, porém nem toda a overlay é uma coroa total (fig. 1).

Relato de caso

Existe muita discussão, na literatura consultada, sobre as reais indicações de uma onlay. Todavia, uma destruição dentária

Elemento dentário de número 27, segundo molar superior es-

com grande largura de istmo de mais de metade da distância

querdo, com duas cavidades de classe I, pela classificação arti-

intercuspídea, bem como a perda de uma cúspide funcional ou

ficial de Black, distintas e separadas por mínima “ponte” (dente

de trabalho, são critérios que, biomecanicamente, já justifica-

de manequim odontológico laboratorial). A indicação para

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Estética e prótese TEMA DE CAPA

Casos de sucesso |

uma restauração do tipo overlay seria uma destruição coronária

Anteriormente ao preparo, executou-se um núcleo de preen-

maior do que a metade da largura intercuspídea vestíbulo-lin-

chimento ou munhão com compósito com a finalidade de re-

gual. Além disso, cúspides remanescentes com menos de

construção morfológica da coroa (fig. 4). A partir daqui, pode-

1,5 mm de vertente triturante interna, tanto funcionais como

-se efetuar um molde com silicone de reação por adição para

não funcionais, deveriam ser recobertas com restauração indi-

servir como guia que deverá ser cortado em fatias com uma

reta estética. As pontas diamantadas e brocas multilaminadas

lâmina de bisturi 15c, como uma “cebola”, para controle da

foram devidamente selecionadas (fig. 2). Nesse caso em parti-

quantidade de desgaste que será feito. Outra forma de contro-

cular, restaurações diretas de resina composta estariam indica-

le da quantidade de desgaste pode ser com molde de resina

das (fig. 3). Entretanto, com finalidade didática, executou-se o

acrílica ou bisacrílica, conhecimento do diâmetro da ponta uti-

preparo para uma overlay, com cobertura total das cúspides.

lizada (técnica da silhueta), silicone para registo de mordida, cera rosa 7 ou utilidade e mesmo sonda periodontal milimetrada. Iniciou-se o preparo com ponta diamantada tronco-cónica número 4138, movimentada no sentido mésio-distal sobre as vertentes triturantes internas das cúspides, que promovem uma redução oclusal, que deve, idealmente, ser de 2,0 mm para cúspides funcionais e de 1,5 mm para cúspides não funcionais ou de balanceio (fig. 5). Após a redução da face oclusal, foi feito o esboço da caixa oclusal com ponta diamantada 3131, a sua extremidade já consegue planificar a parede pulpar. A parede pulpar pode ser ligeiramente côncava no sentido vestíbulo-lingual para permitir espessura suficiente do material restaurador, principalmente cerâmico, quando em oclusão com a cúspide do dente antago-

S FIG. 1. Esquema mostrando em 1) restauração intracoronária do tipo inlay; 2) restauração extracoronária envolvendo algumas pontas de cúspide do tipo onlay; 3) restauração recobrindo todas as cúspides do tipo overlay; e 4) coroa total que envolve todas as faces da coroa clínica do elemento dentário.

nista. Aqui, a parede pulpar foi mantida plana. A profundidade da caixa oclusal deve ser de 2,0 mm. A largura da caixa oclusal também foi confecionada com 2,0 mm. As caixas proximais foram feitas com a mesma ponta 3131, lembrando-se, sempre, de proteger o dente vizinho com matriz metálica 5 ou 7 mm de largura, evitando-se o toque inadvertido, o qual promoveria desgaste indesejável do elemento

R FIG. 2. A partir da esquerda: ponta diamantada tronco-cónica de extremo plano número 3131, ponta diamantada tronco-cónica com extremo ogival número 4138, ponta diamantada tronco-cónica com maior diâmetro com extremo também ogival número 4137, ponta diamantada cilíndrica com cantos ou arestas arredondadas e extremo plano número MF3099, broca multilaminada de 12 lâminas número H283 para acabamento; e broca 9406 com forma ogival multilaminada com 30 lâminas para acabamento do preparo.

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FIG. 3. Dente 27, primeiro molar superior esquerdo com

FIG. 4. Núcleo de preenchimento ou munhão de resina composta

cavidades de classe I. Tal cavidade tem indicação somente de uma restauração direta de resina composta. Entretanto, para fins didáticos, realizou-se um preenchimento com resina, anteriormente ao preparo, para uma overlay.

prévio ao preparo para overlay.

adjacente (fig. 6). Uma separação de 0,8 mm deve ser consegui-

mal, ou seja, a extremidade apical da parede axial deve ser de

da com os dentes vizinhos pela confeção das suas paredes. A

1,5 mm, contatos a partir da prévia definição da parede pulpar

parede gengival na medida próximo-axial deve ter 1,5 mm. As

da caixa oclusal. Os ângulos internos já ficaram arredondados,

paredes devem ser divergentes no sentido gengivo-oclusal em

tendo em vista que a ponta 3131 já possui as arestas em ângu-

10º graus (técnicas extrabucais semi-diretas – modelos de sili-

los não vivos (figs. 7 e 8). A parede axial deve ser plana e diver-

cone; assim como técnicas intrabucais semidiretas requerem

gente no sentido gengivo-oclusal, podendo ser ligeiramente

maior expulsividade, até 15º). A profundidade da caixa proxi-

côncava no sentido vestíbulo-lingual.

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FIG. 5. Ponta diamantada tronco-cónica 4138 movimentada no

FIG. 6. Esboço das caixas oclusal e proximais efetuado

sentido mésio-distal, apoiada nas vertentes internas das cúspides vestibulares, promovendo o desgaste para espaço suficiente para a restauração com material cerâmico.

com ponta diamantada 3131.

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FIG. 7. A própria convergência da ponta

FIG. 8. Vista proximal mesial após remoção do primeiro molar superior,

diamantada 3131 já fornece uma planificação das paredes gengivais e pulpar, além da angulação adequada das paredes laterais circundantes e axiais do preparo.

ilustrando o contacto da ponta diamantada 3131 na caixa mesial. É importante proteger o dente adjacente com tira de matriz metálica 5 ou 7, evitando-se injúria acidental e desgaste indesejável.

Um chanfrado (biselado) foi executado pela inclinação da pon-

extremidade plana e arestas ou cantos arredondados (não vi-

ta diamantada 4137, paralela à superfície externa lisa das cús-

vos), permitindo maior controle de desgaste por profissionais

pides vestibulares e palatinas, com profundidade de 1,5 mm,

menos experientes (fig. 2, novamente).

estabelecendo-se um término em chanfrado, ou ainda, em om-

O acabamento do preparo cavitário pode ser executado com

bro com a junção com a parede axial arredondada, ou seja, um

instrumento cortante manual do tipo recortadores de margem

“chanfrombro”. A altura axial da ponta da cúspide até o chanfra-

gengival números 28-29 (10-95-7-14 e 10-80-7-14), para arre-

do tem 2,0 mm (figs. 7 e 9). Outra opção para essa redução axial

dondamento dos ângulos áxio-pulpares, também, dos ângulos

das vertentes lisas das cúspides e caixas oclusal e proximais é o

vestíbulo-gengivais e palato-gengivais das caixas proximais

uso da ponta diamantada MF 3099 que é cilíndrica, possuindo

(fig. 10). Todo o ângulo cavossuperficial deve ser em 90 graus

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FIG. 9. Ponta diamantada 4138 promovendo o arredondamento

FIG. 10. Instrumento cortante manual, tipo recortador

dos ângulos internos da cavidade. Exceção feita ao ângulo cavosuperficial que deve ser nítido e com 90 graus (reto) com a superfície externa do dente.

de margem gengival, efetuando o arredondamento do ângulo áxio-pulpar da caixa proximal mesial. Alternativa negligenciada nos dias atuais pela maior divulgação dos instrumentos cortantes rotatórios.

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Estética e prótese TEMA DE CAPA

Casos de sucesso |

com a superfície externa do dente, facilitando a adaptação da

A distância de oclusão foi avaliada, podendo-se utilizar cera ou

cerâmica e linha de cimentação regular e contínua.

silicone para registo de mordida, assim como um espessímetro

O acabamento de todo o preparo foi feito com broca multila-

ou paquímetro digital e sonda milimetrada para mensuração

minada 12 lâminas de número H283 (fig. 11), assim como, bro-

(figs. 13 e 14).

ca multilaminada com 30 lâminas, número 9406, que propor-

Depois de preparado, o dente foi lubrificado com vaselina sóli-

cionou uma lisura ao preparo.

da, uma matriz metálica foi adaptada (verificar a necessidade

Borrachas para polimento de resinas compostas foram adapta-

do uso de cunhas de madeira nas proximais); e resina compos-

das com discos de lixa e de carburundum para serem usados

ta foi inserida em incremento único, devidamente adaptada

dentro da cavidade (fig. 12).

nos ângulos internos da cavidade e fotopolimerizada (fig. 15).

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FIG. 11. Broca multilaminada 12 lâminas número H283

FIG. 12. Ponta convencional para polimento de resinas

executando o acabamento do preparo, promovendo maior definição e lisura.

compostas que pode ser adaptada da sua forma original para melhor adentrar nas paredes internas do preparo. Tal adaptação é feita com desgastes com discos de carburundum, com discos diamantados ou com discos de lixa abrasivos.

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FIG. 13. Verificação da distância obtida em oclusão para

FIG. 14. Vista oclusal do preparo concluído.

averiguação do espaço existente entre o dente preparado e o dente antagonista. Tal distância adequada permitirá uma espessura uniforme do material restaurador cerâmico, bem como uma oclusão sem interferências nos movimentos laterais e protrusivos.

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de borrachas abrasivas específicas e sequenciais para resina

alguma solução de continuidade. Caso houvesse, mais resina

acrílica autopolimerizável.

seria acrescentada e fotopolimerizada, corrigindo-a (fig. 16).

Vista vestibular em oclusão e vista oclusal da coroa provisó-

Fez-se verificação dos pontos de contato oclusal com papel

ria em posição, antes da cimentação temporária, notando-

carbono nos movimentos cêntricos e excêntricos, com a coroa

-se o ajuste e a anatomia (figs. 19 e 20). As demais etapas

provisória em posição (fig. 17). A adaptação e as superfícies de

(moldagem, ajuste, cimentação, entre outras) do material

contacto proximal careciam de ajustes (fig. 18).

definitivo escolhido não foram demonstradas (longe de su-

Deu-se acabamento e polimento na coroa provisória com as

bestimar sua importância), pois fogem do escopo desse tra-

mesmas pontas diamantadas utilizadas anteriormente, além

balho.

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FIG. 15. Lubrificante, como vaselina sólida, é colocado

FIG. 16. Avaliação da superfície interna da coroa provisória.

em todas as paredes do preparo, matriz metálica e resina composta fotopolimerizável em incremento único. A resina foi adaptada, reproduzindo-se a anatomia da coroa do dente 27. Tais passos são importantes para correta confeção de uma coroa provisória, que também pode ser feita em resina acrílica autopolimerizável.

Todos os detalhes do preparo foram convenientemente copiados. Também aqui, resina pode ser acrescentada na parte interna da coroa provisória e novamente fotopolimerizada para correção de defeitos.

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FIG. 17. Lápis com grafite, ou de cera, foi utilizado para desenho

FIG. 18. Verificação dos pontos de contacto proximais

da superfície oclusal antes dos desgastes da coroa provisória. A verificação dos contactos oclusais com o dente antagonista é importante nesta fase.

e remoção de excessos promovem uma adaptação que deve ser feita diversas vezes.

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Estética e prótese

Um provisório foi obtido e verificado internamente se houve

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FIG. 19. Vista vestibular da coroa provisória de resina

FIG. 20. Vista oclusal após polimento da coroa provisória.

composta do 27 em oclusão.

Discussão

tente triturante interna, menor do que 1,5 mm. Um envolvimento das superfícies proximais, em uma antiga restauração

Os preparos cavitários podem ser classificados, quanto à finali-

de resina ou amálgama, com fragilização de cúspides, princi-

dade, em patológicos, terapêuticos e protéticos. Os patológi-

palmente de suporte, recomendaria um recobrimento com

cos são os restritos à remoção do tecido cariado, sem que haja

uma restauração metálica ou estética5. Assim, as maiores indi-

preocupação com a forma morfológica da estrutura remanes-

cações para onlays estéticas seriam: obviamente a estética, ca-

cente. Os terapêuticos são preparos que tentam adequar-se a

vidades amplas, dentes tratados endodonticamente; e, mar-

uma forma geométrica mais definida, com um preenchimento

gens supragengivais preferencialmente em esmalte sadio.

de resina composta, por exemplo, para adequar o remanescen-

Como maiores contraindicações, podemos citar: cavidades

te a uma restauração, direta ou indireta, que exija forma e es-

conservadoras, pacientes jovens com menos de 14 anos de

pessura condizentes com as propriedades biomecânicas do

idade, coroas clínicas muito curtas, inadequada higiene oral,

dente e do material a ser escolhido. Já a cavidade protética,

presença de hábitos parafuncionais (como bruxismo); e inter-

como o nome indica, é apropriada geometricamente para apo-

cuspidação profunda5.

sição de um retentor de prótese fixa, ou mesmo a execução de

Os aspetos que têm sido mais avaliados nos acompanhamentos

um apoio para uma prótese parcial removível, classificação

clínicos de curto e longo prazos são: a forma anatómica da res-

modificada de alguns autores . Muitos profissionais têm negli-

tauração, a adaptação marginal, a discrepância de cor ao longo

genciado a cavidade terapêutica, usando apenas a patológica.

do tempo, a descoloração marginal promovida pela linha de ci-

Tal argumento é baseado na simples remoção do tecido caria-

mento, a descoloração superficial da textura da restauração (per-

do e direta colocação do material adesivo. Entretanto, para res-

da de glaze ou polimento), a sensibilidade pós-operatória, a re-

taurações indiretas, o ato de arredondar ângulos e tornar pare-

tenção, a adaptação em nível gengival e a sua saúde, as fraturas

des expulsivas, isenta o profissional de uma filosofia estratégica

marginais e catastróficas e as cáries secundárias6.

biomecânica e corrobora com ausência de padronização. Isso

Em virtude do advento da cimentação adesiva e dos modernos

traduz-se em falta de acompanhamento clínico a longo prazo,

recursos estéticos com os materais resinosos e cerâmicas de

diferentes tipos de doutrina nas universidades, escolha aleató-

última geração, associados à tecnologia CAD-CAM, as ligas me-

ria ou a esmo do material restaurador a ser empregado e des-

tálicas têm um acentuado desuso7. Portanto, com o passar dos

cobertas empíricas sem base científica com excessivo viés e

anos, concluiu-se que o material restaurador a ser escolhido

carência de documentação. Contrariamente, ao que aconteceu

para onlays deveria ser rígido e resistente ao desgaste, entre-

com as restaurações metálicas fundidas (RMF) cujo planea-

tanto, também resiliente, resistindo às deformações microscó-

mento e execução nortearam a prática académica e profissio-

picas a que os elemenos dentários estão sujeitos devido às im-

nal por muitos e muitos anos .

tempéries do meio oral. Assim, busca-se um material, que

Torna-se premente a regularização das paredes internas das

quando exposto à pressão da mastigação da oclusão, possua

cavidades com destruição maior do que a metade da largura

uma deformação semelhante ou muito próxima do dente, mi-

intercuspídea, bem como, possuindo uma estreita área de ver-

nimizando-se as fraturas. Consequentemente, propriedades

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dos materiais, como: módulo de elasticidade, coeficiente de ex-

na de faca (ou término em zero) com o chanfrado, usado em

pansão e contração térmica lineares, resistência à fratura, resis-

coroas de zircónia. A redução oclusal foi de 1,5 mm, como a do

tência ao desgaste, dureza, estabilidade de cor, resistência à

preparo apresentado neste trabalho. Após quatro anos de uso

compressão e estabilidade dimensional, devem ser próximos

clínico, não houve diferença estatisticamente significante entre

também às da dentina . As resinas indiretas, em comparação às

os dois tipos de término. Apesar do término em lâmina de faca

de uso direto, permitem um controle da anatomia dentária,

ser menos invasivo quando comparado ao chanfro (bisel), uma

com melhora das suas convexidades, além de restituição apu-

distância da crista óssea menor do que 3 mm com o término

rada dos pontos de contacto proximais. Além de estética maxi-

em zero, teve uma alta probabilidade de inflamação com san-

mizada pela técnica de estratificação inerente, permitem poli-

gramento à sondagem, principalmente nas faces proximais.

mento e reparo. Apresentam reduzida contração de

Assim, os autores deram preferência ao término tipo chanfra-

polimerização, melhor adaptação e como consequência, me-

do. O que está de acordo com o tipo de término adotado no

nor microinfiltração e potencial de cárie secundária, somado à

nosso relato (chanfro), apesar da difícil comparação por variá-

minimização da sensibilidade pós-operatória . Independente-

veis como acumulação de placa, trauma durante o ato opera-

mente do material escolhido, restaurações parciais indiretas do

tório ou uma combinação de fatores, difíceis de serem mensu-

tipo inlay/onlay são indicadas quando da substituição de traba-

rados. Assim, fica claro que o maior problema do design

lhos diretos com deficiência ou com impossibilidade de poten-

apresentado no relato de preparo deste trabalho está nas cai-

cial execução, com a finalidade principal de conservar o rema-

xas proximais em íntima relação com o tecido gengival. Logo,

nescente dentário, protegendo-o de um preparo mais invasivo,

pelo exposto, desenhos de témino proximal, como: flares, bi-

como o de uma coroa total, como também, protelando um tra-

séis ou lâminas de faca, estariam contraindicados. Também,

tamento endodôntico cuja finalidade seja a protética8, em con-

modificações de preparo cavitário MOD (mésio-ocluso-distal)

cordância com outros autores .

com contorno proximal chanfrado2, executados com pontas

Edelhoff et al. , em 2019, em estudo clínico, acompanharam

diamantadas em forma de lápis ou pera, como a de número

onlays oclusais (overlays) cimentadas adesivamente, confecio-

1111, deveriam ser evitados.

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nadas com dissilicato de lítio, por 11 anos. Sucesso, foi definido como a percentagem de restaurações que permaneceram in situ sem qualquer modificação. Sobrevivência, foi definida como a percentagem de restaurações que se mantiveram in situ com possíveis modificações, mas ainda clinicamente aceitáveis. Falha, foi definida como a percentagem de restaurações que necessitaram de reposição (troca). Nesse estudo, a taxa de so-

Assim, fica claro que o maior problema do design apresentado no relato de preparo deste trabalho está nas caixas proximais em íntima relação com o tecido gengival

brevivência foi de 100%. As mínimas complicações deveram-se a descoloração marginal da linha de cimentação (não do dente e nem da cerâmica) e uma peça com pequena trinca. Como

Adicionalmente, preparos com rebaixamento ou calçamento

maior limitação desses estudos clínicos, estão as diferentes

de cúspides1, principalmente em pré-molares superiores

geometrias de preparo com seus inúmeros designs. Entretanto,

(fig. 21), por ser esta a cúspide de não-contenção, são preteri-

os parâmetros clínicos demonstrados, como: profundidade de

dos em detrimento da execução do término em chanfrado nas

sondagem, qualidade superficial, estética e integridade margi-

duas cúspides, vestibular e lingual. Tal facto é plenamente jus-

nal, tidas como ótimas, são consequência das margens supra-

tificável pela biomecânica da mastigação que gera tensões na

gengivais localizadas em esmalte, como também, a mínima

linha de cimentação da cúspide calçada, o que compromete a

invasividade de preparo, recobrindo toda a face oclusal, em

longevidade e torna a peça inteiramente dependente de uma

conformidade com outros estudos , inclusive com este relato.

borda mal apoiada1. Isso torna-se mais prevalente, principal-

Conforme Cagidiaco et al. (2019), em termos de saúde perio-

mente com o uso de materiais iguais em arcadas opostas e em

dontal, claramente uma margem supragengival é preferível na

oclusão, principalmente se os conceitos oclusais de proteção

confeção de restaurações. Tal margem foi definida por esses

mútua não forem reproduzidos11.

autores, como o limite compreendido entre a superfície axial

Na fig. 22 há um desenho esquemático, que mostra um preparo

preparada do dente com a superfície adjacente não preparada.

MOD, com um cano metálico que conecta os preparos proxi-

Todavia, não existe um consenso sobre a superioridade de um

mais com a caixa oclusal. Note-se que o arredondamento dos

desenho específico de término. Comparam o término em lâmi-

ângulos áxio-pulpares e gengivo-axiais das caixas proximais

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FIG. 21. Desenho esquemático do calçamento da cúspide

FIG. 22. Desenho esquemático de corte mésio-distal de um

vestibular (não-funcional ou de balanceio) de um preparo em pré-molar superior. Note que o término em chanfro largo ou ombro arredondado foi executado apenas na cúspide palatina (funcional ou de trabalho).

molar inferior, demonstrando que as concavidades na parede pulpar e nas paredes axiais das caixas proximais promovem um reforço estrutural do material restaurador. Assemelha-se a um cano ou viga de sustentação interna. Os círculos em amarelo representam os ângulos gengivo-axiais e áxio-pulpares arredondados das caixas proximais. Note-se a semelhança com um “Sistema de Polias” que dissipam as forças e reforçam o remanescente dentário após correta execução do preparo.

dissipam tensões angulares tanto no dente preparado como no

mesma, quando em oclusão com a cúspide do dente antago-

material restaurador de eleição. Biomecanicamente, assemelha-

nista, que “entra” na oclusal.

-se assim, o desenho, com uma viga, com todos os cantos arre-

Apesar da cúspide do molar superior da fig. 23 apresentar um pre-

dondados que reforça o plano restaurador. Outra modificação

paro em calçamento (já comentado e não recomendado), a caixa

sugerida, não nova, já citada na literatura por Garber & Golds-

mesial apresenta uma discreta concavidade da sua parede axial.

tein5, em 1996, é a confeção de uma ligeira concavidade ou in-

Intencionalmente desenvolvida e introduzida nesse relato para dis-

dentação no assoalho pulpar, para desenvolver uma espessura

sipar tensões à semelhança do esquema do cano mostrado na fig.

uniforme da cerâmica restauradora e permitir espaço para a

22. Constitui uma forma de conveniência dependente das proprie-

S

S

FIG. 23. Primeiro molar superior (26). Note-se o não

FIG. 24. Elemento 15, segundo pré-molar superior direito,

recomendado calçamento da cúspide mésio-vestibular. O preparo da parede axial da caixa proximal mesial é um dissipador de tensões pela discreta concavidade.

preparado para uma inlay estética. Note-se a planificação da parede pulpar e acentuada concavidade das paredes axiais das caixas proximais. Apesar de não consistir numa forma de conveniência biológica (há maior proximidade com a polpa), fica clara a sua função na forma de resistência, tanto do material restaurador como do remanescente dentário.

34


Conclusão

do um modo de preparo que leva em conta a localização e extensão da lesão. Apesar de não constituir uma conveniência biológica

Os estudantes de Medicina Dentária e clínicos deixaram de se-

pela maior proximidade com a polpa dentária, sabe-se que o tecido

guir os preceitos e doutrinas de preparos cavitários clássicos

cariado acomete sobremaneira tal parede, necessitando sempre de

apresentados em livros texto1,2,3,5. Passaram a adotar preparos

um preenchimento com resina ou ionómero para adequação. As-

calcados em cavidades meramente patológicas, sem levar em

sim, na fig. 24 pode ser visualizado um pré-molar em que uma inlay

conta princípios biomecânicos que potencializam o sucesso a

estética foi planeada, seguindo-se a remoção do tecido cariado,

longo prazo das restaurações indiretas. Como a velha frase de

mas com tal adequação, que permitiu paredes axiais proximais

que as restaurações diretas são sempre melhores do que pare-

côncavas no sentido vestíbulo-lingual que permitirão uma restau-

cem; e, as restaurações indiretas são sempre piores do que pa-

ração com “colunas proximais” que aumentam a resistência intrín-

recem18, alguns aspetos têm sido negligenciados. O ato de

seca do material escolhido e promovem dissipação de tensões.

moldar “buracos” não deve guiar os profissionais e delegar aos

Pretendeu-se apresentar uma nova sugestão de preparo, obje-

técnicos de laboratório a missão de planear criteriosamente o

tivando-se uma padronização, tendo em vista o uso frequente

diagnóstico, a indicação, a execução e o acompanhamento a

e alta prevalência de indicação das restaurações do tipo inlay,

longo prazo desses trabalhos, considerados verdadeiras “obras

onlay e overlay nos consultórios dentários15,16,17. O intuito foi es-

de arte”. A responsabilidade é do médico dentista, que deve

tabelecer o passo a passo de uma overlay, sugerindo aspetos

adotar uma postura filosófica coerente e com bases evidenciá-

biomecânicos respaldados na literatura consultada.

veis cientificamente.

Bibliografia 1. Mondelli J, et al. Dentística procedimentos pré-clínicos. 1ª ed. São Paulo: Editorial Premier; 1998. Capítulo 28. p. 227-32. 2. Mondelli J et al. Fundamentos de dentística operatória. 2ª ed. São Paulo: Editora Santos; 2017. Capítulo 34. p. 311-17. 3. Shillingburg Jr HT, Hobo S, Whitsett LD, Jacobi R. Fundamentos esenciales en prótesis fija (edição espanhola). 3rd Ed. Illinois: Quintessence Pub. Co.; 2006. 582 p. 4. Heymann HO, Swift Jr EJ, Ritter AV. Sturdevant arte e ciência da dentística operatória. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013. Capítulo 16. p. 436-98. 5. Garber DA, Goldstein RE. Porcelain and composite inlays and onlays. 1ª ed. São Paulo: Quintessence; 1996. Capítulo 4. p. 38-55. 6. Angeletaki F, Gkogkos A, Papazoglou E, Kloukos D. Direct frente a indirect inlay/onlay composite restorations in posterior teeth. A systematic review and meta-analysis. J Dent 2016 Oct.; 53: 12-21. 7. Shibayama R, Araujo CAM, Barros KV. Restaurações indiretas inlay-onlay em resina nanocerâmica com a tecnologia CAD/CAM: relato de caso. Rev Odontol Araçatuba 2017 set./dez.; 38(3): 15-20. 8. Montemezzo SE, Silva FB, Martin JMH, Bondarczuk AB, Vaz MAK. Onlay em cerómero – uma revisão aplicada à clínica. Rev Ibero-Am Prót Clin Lab 2004; 6(32): 396-408. 9. Monteiro RV, Taguchi CMC, Junior SM, Bernardon JK. Técnica semidireta: abordagem prática e eficaz para restauração em dentes posteriores. Rev Ciência Plural 2017 jul.; 3(1): 12-21. 10. Goyatá FR, Siqueira VV, Novaes IC, Arruda JAA, Barreiros ID, Novaes Júnior JB, Lanza CRM, Moreno A. Técnicas alternativas de restauração indireta em resina composta: relato de casos clínicos. Arch Health Invest 2018 Aug.; 7(7): 274-80.

11. Edelhoff D, Güth JF, Erdelt K, Brix O, Liebermann A. Clinical performance of occlusal onlays made of lithium disilicate ceramic in patients with severe tooth wear up to 11 years. Dental Mater 2019 Sep.; 35(9): 1319-30. 12. Lorenzoni FC, Lorenzoni AF, Basan D. Onlays de resina composta para uso direto: acompanhamento clínico de 3 anos. Clínica – Int J Braz Dent 2019 jan./mar.; 15(1): 78-87. 13. Gilson JGR, Brum SC, Oliveira RS, Goyatá FR. Restauração indireta do tipo onlay em Empress 2 – relato de caso clínico. Int J Dent, Recife 2007 abr./jun.; 6(2): 67-70. 14. Cagidiaco EF, Discepoli N, Goracci C, Carboncini F, Vigolo P, Ferrari M. Randomized clinical trial on single zircônia crowns with feather-edge vs chamfer finish lines: four-year results. Int J Periodontics Restorative Dent 2019 nov./dec.; 39(6): 817-26. 15. Maior JRS, Lima ACS, Souza FB, Silva CHV, Filho PFM, Beatrice LCS. Aplicação clínica de cimento resinoso autocondicionante em restauração inlay. Odontol Clín-Cient Recife 2010 jan./mar.; 9(1): 77-81. 16. Ribeiro CO, Vilanova LSR, Vaz LS, Cardoso PC. Restauração indireta onlay: seleção do sistema cerâmico e cimentação com cimento auto-adesivo – relato de caso clínico. Rev Odontol Bras Central 2012 dez.; 21(58): 529-33. 17. Silva BP, Carrilho EV, Paula A. Inlays/onlays em resina composta. Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac 2005; 46(1): 21-8. 18. Dietschi D, Spreafico R. Restaurações adesivas: conceitos atuais para o tratamento estético de dentes posteriores. 1ª ed. São Paulo: Quintessence, 1997. 236 p.

35

Estética e prótese

dades do material restaurador (cerâmica, cerómero ou resina), sen-

TEMA DE CAPA

J u l h o / A g o s t o 2 0 2 1 | no 1 1 8


Ciência |

O sono em medicina oral Controlo dos distúrbios respiratórios no sono com um dispositivo de avanço mandibular num caso raro de hipoventilação/hipoxia

36


J u l h o / A g o s t o 2 0 2 1 | no 1 1 8

Izabella Paola Manetta Médica dentista. Especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial e certificada em Odontologia do Sono pela Associação Brasileira do Sono. Mestranda em Ciências da Saúde na Pontifica Universidade Católica de Campinas (Brasil).

Meir Kryger Médico especialista em Medicina do Sono, Pneumologia e Medicina Interna. Professor de Medicina do Sono, Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, Connecticut (Estados Unidos).

Miguel Meira e Cruz Médico dentista. Especialista Europeu em Medicina do Sono. Coordenador da Unidade de Sono do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina. Professor da Faculdade São Leopoldo Mandic, Campinas, e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador (Brasil). Diretor do Centro Europeu do Sono.

Introdução A respiração normal é fundamental para o sono adequado. Contudo, alterações respiratórias noturnas fazem parte de quadros frequentes na população geral. Algumas condições como a Apneia Obstrutiva do Sono ocorrem, com muita frequência,

Níveis baixos de dessaturação basal estão relacionados com doenças cardiorrespiratórias sintomáticas que podem afetar parâmetros respiratórios, quer durante a vigília, quer durante o sono

associadas a dessaturações da oxihemoglobina durante o sono. Por outro lado, níveis baixos de dessaturação basal estão relacionados com doenças cardiorrespiratórias sintomáticas

ta ao uso de Aparelho Intraoral de Avanço Mandibular (AIOAM).

que podem afetar parâmetros respiratórios, quer durante a vi-

Na consulta especializada em odontologia do sono, foi-lhe su-

gília, quer durante o sono. É, neste sentido, relevante ter aten-

gerido um dispositivo PM positioner do tipo 1 com lateralida-

ção ao estatus ventilatório basal por forma a otimizar o trata-

de, que foi fabricado, inserido e titulado a 12 mm de avanço

mento dos distúrbios respiratórios associados ao sono.

(80% da protusão máxima considerada).

Caso clínico

Avaliação clínica de seguimento

Paciente do sexo feminino, de 53 anos, normoponderal (IMC =

Após seis meses, na consulta de seguimento e após uma ava-

25,2), com queixas de sono não retemperador e cansaço fre-

liação clínica extensa, com registo de ausência de sintomas no-

quente, alterações de memória, sonolência diurna excessiva

turnos (ronco, sensação de asfixia ou pausas respiratórias teste-

(Escala de Sonolência de Epworth - ESS = 10) e quadro clínico

munhadas e bruxismo) e diurnos (sonolência diurna excessiva

de bruxismo, apresentou na PSG diagnóstica uma SAHOS mo-

– ESS = 5) foi pedida uma PSG que confirmou a normalização

derada (IAH = 17,4/h com IDO = 32,9/h, T90 = 34,7% do tempo

da condição em todos os parâmetros avaliáveis (IAH = 1,4/h;

total de sono), tendo sido referenciada para avaliação com vis-

IDO = 4/h; T90 = 0,1% do tempo total de sono).

37


Ciência | O sono em medicina oral

TRATAMENTO

Q Tipo de aparelho: Q Q Q

PM positioner tipo I com lateralidade Protrusão total: 15 mm Posição inicial AIO: 50% / 7 mm Garfo: 2 mm

S FIG. 1. Descrição posológica da terapêutica e AIOAM utilizado, posicionado sob vista frontal e laterais.

Durante o período de titulação, foram realizados dois exames de oximetria sem alterações ou oscilações significativas Apesar do sucesso, de acordo com critérios padrão, a paciente manteve no exame terapêutico uma saturação basal relativamente baixa (SatO2 basal = 94%), o que tinha sucedido também no exame diagnóstico (SatO2 basal = 93%), apesar de se ter descartado alterações metabólicas associadas ao pH (níveis normais de bicarbonato). Por isso, durante o período de titulação, foram realizados dois exames de oximetria sem alterações ou oscilações significativas.

Discussão/conclusão Este caso coloca em evidência uma situação curiosa que, apesar de eventualmente benigna, obriga a um seguimento mais apertado e a um diagnóstico diferencial atento com condições passíveis de associação com hipoxia noturna, mesmo em

S FIG. 2. Hipnogramas extraídos antes e depois da aplicação do dispositivo; permitem comparar a estrutura do sono.

38

vigília, e que se estende potencialmente ao período diurno e pode indiciar um risco que não deverá ser negligenciado. Consulte: http://doi.org/10.1093/sleep/zsaa056.1266


J u l h o / A g o s t o 2 0 2 1 | no 1 1 8

TABELA 1. Resumo de eventos na PSG diagnóstica. Eventos Apneia Obstrutiva Central Mista Hipopneia Total

Eventos

REM

Qtd

Índice (/hora)

Média (seg.)

Maior (seg.)

Com Micro Despertar

Com Dessat.

Com Micro Despertar e Dessat.

23 23 0 0 95 118

3,4 3,4 0,0 0,0 14,0 17,4

12,4 12,4 0,0 0,0 15,8 15,1

16,6 16,6 0,0 0,0 28,2 28,2

0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0

REM

NREM

NREM

Quantidade Índice (/hora) Quantidade Índice (/hora)

8 8 0 0 8 16

Apneia Obstrutiva Central Mista Hipopneia Total

9,4 9,4 0,0 0,0 9,4 18,8

15 15 0 0 87 102

2,5 2,5 0,0 0,0 14,6 17,2

DORSAL

Eventos Apneia Obstrutiva Central Mista Hipopneia Total

Resumo dos eventos

Quantidade

%

23 23 0 0 95 118

19,5 19,5 0,0 0,0 80,5 100,0

DORNÃO SAL DORSAL Índice (/hora)

Quantidade

3,4 3,4 0,0 0,0 14,0 17,4

0 0 0 0 0 0

%

NÃO DORSAL Índice (/hora)

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Qtd

Duração total

Duração média

Maior duração

Qtd/hora

23 95

04:46 24:57:00

00:12 00:16

00:17 00:28

3,4 14,0

61

06:02

00:06

00:10

9,0

181

56:43:00

00:19

00:59

26,7

Apneias e hipopneias Apneia obstrutiva Hipopneia Despertar e micro despertar Micro despertar Saturação da Oxihemoglobina Dessaturação

TABELA 2. Resumo de eventos na PSG terapêutica (com AIOAM). Eventos Apneia Obstrutiva Central Mista Hipopneia Total

Eventos

REM

Qtd

Índice (/hora)

Média (seg.)

Maior (seg.)

Com Micro Despertar

Com Dessat.

Com Micro Despertar e Dessat.

4 4 0 0 6 10

0,6 0,6 0,0 0,0 0,9 1,4

17,4 17,4 0,0 0,0 19,4 18,6

21,7 21,7 0,0 0,0 33,4 33,4

0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0

REM

NREM

NREM

Quantidade Índice (/hora) Quantidade Índice (/hora)

Apneia Obstrutiva Central Mista Hipopneia Total

0 0 0 0 0 0

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

4 4 0 0 6 10

0,7 0,7 0,0 0,0 1,0 1,6

Apneia Obstrutiva Central Mista Hipopneia Total

Resumo dos eventos

DORSAL

Eventos

Quantidade

%

4 4 0 0 6 10

40,0 40,0 0,0 0,0 60,0 100,0

DORSAL

NÃO DORSAL

Índice (/hora)

Quantidade

0,6 0,6 0,0 0,0 0,9 1,4

0 0 0 0 0 0

%

NÃO DORSAL Índice (/hora)

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

0,0 0,O 0,0 0,0 0,0 0,0

Qtd

Duração total

Duração média

Maior duração

Qtd/hora

4 6

01:10 01:56

00:17 00:19

00:22 00:33

0,6 0,9

30

02:25

00:05

00:07

4,3

30

12:07

00:24

00:39

4,3

Apneias e hipopneias Apneia obstrutiva Hipopneia Despertar e micro despertar Micro despertar Saturação da Oxihemoglobina Dessaturação

39


Ciência |

Boas práticas em maloclusão Diagnóstico e tratamento da maloclusão – declaração de boas práticas (2) Secção 2. Maloclusão

periodontal e a acumulação de bactérias, o que pode provocar outros problemas relacionados com a saúde; alguns textos

Segundo a Align Technology4, 75% da população mundial so-

sugerem um vínculo entre uma má saúde oral e doenças car-

fre de maloclusão e a sua prevalência está a aumentar a um

díacas7.

ritmo extraordinário.

Quando os dentes estão desalinhados, é mais difícil eliminar a

Há estudos que demonstram que há uma melhor qualidade de

placa e as bactérias que podem provocar gengivas inflamadas

vida relacionada com a saúde oral entre os jovens que se sub-

e retraídas, danos nos tecidos moles, bolsas periodontais8,9 e

metem a um tratamento ortodôntico .

perda dentária e óssea.

O grupo concordou em que muitos adultos apresentam malo-

Existe uma correlação positiva entre a ortodontia e a melhora

clusão e desconhecem o impacto desta na sua saúde geral e no

da higiene oral10. Quando os dentes estão alinhados é mais fá-

seu bem-estar. Em contrapartida, como se ilustra no quadro 1,

cil escová-los, o que reduz o risco de que se desenvolvam bol-

quando se trata a maloclusão, o paciente pode registar uma

sas periodontais, e mitiga a acumulação de placa e bactérias11.

5

melhoria significativa no que respeita à sua qualidade de vida6. Viver com uma maloclusão pode ter um impacto negativo sobre a saúde dentária e o bem-estar. A maloclusão está relacionada com o desgaste prematuro, a perda de dentes, a doença

Muitos adultos apresentam uma maloclusão e desconhecem o impacto desta na sua saúde e bem-estar em geral

QUADRO 1. Benefícios retrospectivos da ortodontia. Os benefícios da ortodontia frequentemente descobrem-se em retrospectiva. Os pacientes esperam um sorriso mais alinhado, mas o que não esperam é a melhora de algum outro aspeto da sua saúde física, dentária ou emocional, ou inclusive vários aspetos tais como:

Q Melhor higiene oral. Q Melhor oclusão. Q Redução da prevalência de úlceras. Q Redução do mal-estar na mandíbula. Q Melhor qualidade de vida e bem-estar. Q Maior confiança no aspeto físico. 40

Uma maloclusão, como uma mordida profunda ou uma mordida cruzada, pode provocar um desgaste excessivo e desigual de dentes individuais, o que a longo prazo pode gerar problemas estéticos e funcionais11. A nível funcional, pode fazer com que os dentes sofram danos provocados pelos dentes antagonistas. Uma mordida profunda, uma mordida cruzada o um prognatismo podem fazer com que os dentes ocluam de maneira desigual e provoquem desgaste. Ao alinhar os dentes, o médico dentista generalista pode criar um cenário de restauração ideal3. É possível nivelar as margens gengivais antes do tratamento ou, se o paciente necessita um implante, o médico dentista pode mover os dentes adjacentes para criar o espaço necessário.


J u l h o / A g o s t o 2 0 2 1 | no 1 1 8

Uma oclusão estável pode ter um impacto positivo a longo prazo no prognóstico do tratamento3,12 e proporciona a base para procedimentos como as facetas de compósito.

Papel da comunicação e tecnologia digital Os avanços na tecnologia digital são fundamentais para uma melhor comunicação sobre a saúde oral do paciente no que diz respeito a uma planificação mais eficiente, a redução dos Para os médicos dentistas generalistas, o scanner digital oferece um melhor diagnóstico, planeamento e seguimento do tratamento, menos tempo de consulta e um tempo de tratamento menor, tudo isto, junto com uma menor ansiedade relacionada com a dor, também beneficia o paciente13. Nas clínicas dotadas com um scanner, o paciente pode ver os

Goncharov_Artem/shutterstock.com

incómodos e a eficiência do tratamento.

seus dentes e facer perguntas baseadas na visualização. Como resultado, é mais provável que aceitem propostas sobre o seu tratamento a mais longo prazo. “Não subestimemos o poder

tas generalistas devem aprender a usar as competências da

que pode ter o facto de os pacientes verem os seus dentes ou

totalidade da sua equipa de maneira eficiente2,16.

os dentes ausentes” .

O grupo de trabalho recomendou que os médicos dentistas

Mediante um scanner intraoral, os profissionais podem comu-

generalistas que contam nas suas equipas com membros com

nicar ao paciente o impacto do desgaste contínuo que surge

boas competências de comunicação deveriam envolvê-los na

de uma maloclusão utilizando elementos visuais para ajudar

relação com os pacientes. A participação da totalidade da equi-

na explicação. É importante que o médico dentista explique

pa pode poupar tempo ao dentista para concentrar-se em ca-

que, apesar de neste momento a oclusão poder ser sã e funcio-

sos mais complexos, garantindo ao mesmo tempo o nível de

nal, esta é dinâmica e, portanto, os dentes continuam a mover-

informação adequado. Por exemplo, o profissional pode passar

-se durante toda a vida.

10 minutos com o paciente e a seguir convocar um coordena-

14

dor de tratamentos para encarregar-se do resto da visita. Outro enfoque que se propõe é introduzir uma visita de exame

O movimento dos dentes é a primeira etapa do tratamento restaurador e a terapia com aligners é a melhor opção para os pacientes em risco

inicial e depois programar a visita de seguimento para explicar os resultados e elaborar um plano de tratamento. Por outro lado, o grupo de trabalho coincide em que o codiagnóstico, ou seja, colaborar com o paciente para determinar os problemas, pode ser um recurso muito útil. Segundo o grupo de trabalho, é importante que os médicos

Os médicos dentistas que dedicam tempo a formar os seus pa-

dentistas estejam capacitados para fazer um seguimento da

cientes descobrirão que os seus pacientes querem voltar . No

oclusão e comunicar os seus resultados aos pacientes para ga-

entanto, dado que o tempo dedicado às consultas iniciais cos-

rantir que o estado da oclusão se comprova como parte de

tuma ser limitado, pode ser complicado informar os pacientes

uma avaliação de rotina.

com o tempo disponível.

Alguns médicos dentistas pensam que o trabalho ortodôntico

Os profissionais que investem tempo no exame inicial de um

corresponde principalmente aos ortodontistas e tendem a

paciente e proporcionam mais informação do que aquela que

centrar-se apenas nos demais problemas que apresenta o pa-

se esperava, têm a oportunidade de construir uma relação ba-

ciente2. É necessário introduzir alterações no comportamento

seada na confiança.

e na formação universitária em Medicina Dentária para garantir

A chave para melhorar a informação e a comunicação e cons-

que todos os clínicos adotem uma abordagem holística das ne-

truir uma relação é o trabalho em equipa, e os médicos dentis-

cessidades dos seus pacientes.

15

41


Ciência | Boas práticas em maloclusão

mais previsível e proporciona melhores resultados e opções mais económicas para o paciente.

Secção 3. Maloclusão e saúde oral A declaração oficial da FDI1 em matéria de saúde oral expõe as múltiplas implicações da maloclusão. Em relação à perspetiva da saúde dentária, viver com uma maloclusão pode ter um impacto negativo. A maloclusão nas crianças está relacionada com o desgaste Alex Mit/shutterstock.com

prematuro, a perda de dentes, a doença gengival e a acumulação de bactérias que, na idade adulta, podem aumentar o risco de desenvolver mais problemas de saúde, como doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, doenças pulmonares, problemas durante a gravidez, complicações relacionadas com a diabetes e a doença de Alzheimer8,9,18,19. Comer pode ser mais difícil para os pacientes cujos dentes não Segundo o grupo de trabalho, o avanço em direção a uma Me-

ocluem corretamente e apresentam maior risco de desgaste,

dicina Dentária responsável, em que os médicos dentistas ge-

para além de uma maior predisposição a disfunções da articu-

neralistas vejam o tratamento de maneira integral, incluindo a

lação temporomandibular (ATM)20. Uma mordida profunda po-

avaliação de qualquer movimento dentário, é chave para me-

de causar abrasão nos tecidos moles da boca e certos contac-

lhorar os resultados de saúde oral dos pacientes.

tos oclusais podem ser causantes de problemas dentários a

Deve-se sensibilizar sobre o dever ético de um médico dentista

longo prazo20.

de informar o paciente sobre os seus problemas de saúde oral e o que se pode fazer para tratar as áreas problemáticas. Se um paciente tem dificuldades em limpar os dentes, sente incómodo ao morder, apresenta um desgaste excessivo ou tem problemas estéticos, o profissional tem a responsabilidade de explicar as intervenções que poderiam solucionar estes problemas. O grupo de trabalho reconhece que alguns médicos dentistas tendem a diagnosticar dentro dos limites da sua própria base

O avanço para uma Medicina Dentária responsável, em que os médicos dentistas generalistas vejam o tratamento de uma forma integral, é chave para melhorar os resultados de saúde oral dos pacientes

de conhecimentos, conjunto de habilidades e conforme aquilo que lhes resulta mais conveniente. Por esta razão, o grupo reco-

As investigações mostram que as crianças e os jovens com

menda formar os médicos dentistas para que possam diagnos-

overjet aumentado têm mais probabilidades de sofrer trauma-

ticar e explicar todos os aspetos relacionados com a saúde oral

tismos21.

de um paciente, afirmando também que devem poder diag-

Há múltiplos estudos17,22 que sugerem uma relação entre a ma-

nosticar maloclusões.

loclusão e outros problemas de saúde oral, como a recessão

O tratamento da maloclusão é um aspeto da Medicina Dentária

gengival, doença gengival, fissuras na margem gengival, sensi-

preventiva17. No entanto, não se compreende bem nem se ex-

bilidade a frio, dentes fissurados ou fraturados e perda dentá-

plica bem aos pacientes. O grupo de trabalho recomenda que

ria9. Uma revisão sistemática23 descobriu uma correlação entre

a definição de maloclusão e a descrição dos tratamentos mini-

a presença de maloclusão e doença periodontal.

mamente invasivos, incluindo o uso de aligners transparentes,

O impacto da ortodontia na saúde oral deve considerar-se

sejam revistos e melhorem em todos os idiomas, especialmen-

sempre. Com um número significativo de pessoas que sofrem

te online.

de estrés e uma maior prevalência de maloclusão, e segundo

Devido ao impacto prejudicial que pode ter a maloclusão1 de-

o grupo de trabalho, o trastorno da articulação temporoman-

veria ser abordada com os pacientes que necessitem conhecer

dibular é uma questão que se deveria explicar nas visitas. De-

esta condição. O grupo de trabalho afirma que é preferível a

ve-se informar os pacientes quando padecem de uma oclu-

correção precoce de uma maloclusão, já que o tratamento é

são traumática ou parafunção e oferecer-lhes soluções.

42



Ciência | Boas práticas em maloclusão

O tratamento da maloclusão é um tratamento preventivo que

Dado que os pacientes podem ter fatores de predisposição à

pode melhorar a longevidade dos dentes e facilitar a higiene

doença periodontal, deve-se ter sempre cuidado com esta classe

oral . Ainda que seja possível proporcionar tratamento endo-

de pacientes. Além disso, o grupo afirmou que se bem que o tra-

dôntico a pacientes com maloclusão severa, o acesso é mais

tamento ortodôntico é possível nestes casos, primeiro deve-se es-

fácil, especialmente nos molares posteriores, se a maloclusão

tabilizar a boca do paciente. É possível que o tratamento ortodôn-

for abordada antes do tratamento24.

tico possa ajudar a reduzir a recessão e melhorar a higiene oral. Por

O grupo de trabalho considera que o movimento dentário

outro lado, o grupo também afirmou que o seguimento da oclu-

constitui a primeira etapa do tratamento restaurador e que a

são deve fazer parte do conjunto de cuidados de longa duração.

17

terapia com aligners é a melhor opção para os pacientes com risco de cáries ou doença periodontal.

Continua na próxima edição.

Material facilitado por Align Technology.

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Ciência |

UIZ de Medicina Oral Dr. Germán Esparza Gómez

19

Médico estomatologista • Doutorado em Medicina e Cirurgia • Professor titular de Medicina Oral Departamento de Medicina e Cirurgia Bucofacial • Faculdade de Odontologia, Universidade Complutense de Madrid (Espanha) • medoral@infomed.es

Uma de 66 anos desloca-se à consulta referindo que Quizmulher pregunta desde há sete ou oito meses nota a presença de úlceras em ambos os lados da cavidade oral, que lhe provocam muita dor e que a impedem de comer normalmente. Face à presença das lesões decide-se realizar uma biópsia das mesmas em que se observam ampolas intraepiteliais. O diagnóstico do caso é: A A B B C C D D

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Quiz respuesta Úlceras inespecíficas. Quiz respuesta Pênfigo vulgar. Quiz respuesta Penfigoide das mucosas. Quiz respuesta Eritema multiforme.

Responda a esta pergunta em: www.maxillaris.com/ foro-20210607-Quiz-deMedicina-Oral-(19).aspx

A solução publicar-se-á de forma imediata no site e em formato impresso no próximo número.


J u l h o / A g o s t o 2 0 2 1 | no 1 1 8

SOLUÇÃO DO QUIZ

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janeiro/fevereiro 2021 A RESPOSTA CORRETA É:

C

Varizes linguais

As varizes ou varicosidades linguais são dilatações tortuosas das veias sublinguais. Do ponto de vista clínico apresentam-se como nódulos ou cordões, ligeiramente elevados, de cor azulada escura ou enegrecida, apreciáveis no lado ventral ou nos bordos laterais da língua. Costuma ser uma descoberta ocasional já que as varizes são assintomáticas. Observam-se em adultos mais velhos, geralmente acima dos 60 anos, sendo muito pouco frequentes em crianças e jovens. São inconsequentes e, em princípio, não requerem tratamento.

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Protagonistas |

Ponto

de vista

A Via Sacra do médico dentista profissional liberal

P

rofissionais liberais são prestadores de serviços sob a sua responsabilidade e em total independência, detentores de qualificações de natureza intelectual, incluindo aquelas

de índole artística e cultural. Serão os médicos dentistas, profissionais liberais? A resposta parece óbvia. São prestadores de serviços sob a sua responsabilidade e detentores de qualificações de natureza intelectual. Mas agirão em total independência? Supostamente deveriam, mas nem sempre assim é, desvirtuando um dos princípios ativos desta classe profissional. Terminada a formação pré-graduada que cumpre os mínimos de um perfil europeu para a profissão, entram no mercado por sua própria “conta e risco”. As formações contínuas futuras ficam a cargo individual e, a procura de trabalho, resume-se a um “bater de porta em porta”, carregando um curriculum de competências fortemente oneradas por cursos e pós-

S Eunice Carrilho Médica dentista. Vice-presidente da Associação Nacional de Profissionais Liberais (ANPL) e Professora Catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

-graduações de milhares de euros. A afirmação de um estatuto do profissional liberal e independente tarda em chegar, a dependência instaura-se nos limites impostos à completa atuação clínica de generalista, dificultando a afirmação do nome, assumindo, cada um, todos os riscos no mercado de trabalho. Senão vejamos: enquanto esta realidade perdura, o médico dentista tem de zelar pela sua segurança social: ausência de apoio na doença; ausência de apoio na aposentação; e a desproteção na paternidade, só para dar estes exemplos de tristes realidades, não compensadas com uma remuneração que permita segurar esta desproteção. A braços, ainda, com o investimento permanente na formação contínua cada vez mais especializada e exigente, deve acompanhar o desenvolvimento científico e tecnológico contemplando novas terapêuticas e novas técnicas. Esta realidade acentua-se quando se consideram outras novas exigências: a disponibilidade e os horários de trabalho contínuos e a prestação de atos médico dentários relativamente indiferenciados, em detrimento da qualidade. Na verdade, poucos são os profissionais que, atualmente, conseguem abrir a sua própria clínica/consultório – a sua empresa. Estes clínicos, empresários, gestores, agem teoricamente em total independência, mas serão verdadeiramente independentes? Na realidade são escravos de “taxas e taxinhas” de uma imaginação pérfida sem limites… Se não, vejamos: a braços com rigorosos regulamentos, têm de zelar pelo licenciamento do seu consultório/clínica e, aí, começa o calvário. A burocracia é asfixiante.

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Natali_Mis/shutterstock.com

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A afirmação de um estatuto do profissional liberal e independente tarda em chegar, a dependência instaura-se nos limites impostos à completa atuação clínica de generalista, dificultando a afirmação do nome, assumindo, cada um, todos os riscos no mercado de trabalho

Fazem-se grandes investimentos na adaptação de espaços físicos para albergar aparelhos de tecnologia avançada, materiais específicos e consumíveis de avultado custo e, ainda, criar as condições que assegurem que a atividade clínica decorra em segurança sanitária. Finalmente, criam-se postos de trabalho – contribuem de forma relevante para a economia nacional. Mas, se pensávamos que as dificuldades e obstáculos tinham sido ultrapassados, inicia-se o verdadeiro calvário das taxas e contratos obrigatórios inconsequentes, a maior parte das vezes sem qualquer proveito regulador ou protetor da profissão: taxa à Entidade Reguladora da Saúde; contrato à entidade que presta serviços de gestão de resíduos perigosos (registo no Sirapa); contrato à entidade que presta serviços de higiene, segurança e medicina no trabalho; contrato à entidade que presta serviços no âmbito da proteção radiológica (controlo anual de radiação); licença de funcionamento da Agência do Ambiente (APA) no âmbito da segurança radiológica; contrato com entidade certificada para o fornecimento de artigos esterilizados; e muitos outros. Nesta burocracia asfixiante, corre-se de licença em licença, municipais e nacionais, preenchendo dísticos e avisos que enchem uma parede inteira de uma sala de espera! No final, todos cumprem as suas obrigações de bons contribuintes suportando taxas que podem atingir 45% tratando-se de IRS e 21% tratando-se de IRC. Urge defender e representar os profissionais liberais na sua vertente económica, junto dos órgãos de soberania; do poder politico; das associações profissionais, empresariais e comerciais; dos organismos públicos e privados e das organizações representativas nacionais e internacionais. Os médicos dentistas são profissionais liberais? Sem dúvida, mas com a independência cada vez mais comprometida por um aparelho estatal pesado e penalizador! E não somos os únicos nesta situação. A recém-constituída Associação Nacional de Profissionais Liberais (ANPL), que integro, terá com certeza um papel relevante nestas questões.

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Atualidade do setor |

Crónica Consórcio português desenvolve dispositivo inovador de proteção para cuidados médicos em contexto de pandemia

U

m consórcio que reúne investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e do Politécnico de Leiria e a SETsa, Socie-

dade de Engenharia e Transformação SA, do Grupo IBEROMOLDES, desenvolveu um equipamento de proteção individual (EPI) inovador, especialmente pensado para a prestação de cuidados médicos em ambientes em que existe um risco acrescido de contaminação biológica, eficaz em contexto de pandemia como a atual Covid-19. O dispositivo, já com pedido de patente submetido junto do

SEste equipamento é especialmente vocacionado para profissionais de saúde que exercem a sua atividade em ambientes onde o risco de contágio é elevado, como, por exemplo, os médicos dentistas.

Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), foi desenvolvido no âmbito do projeto “MASK4MC – Mask for Medical Care”, liderado pela SETsa e financiado pelo Fundo Europeu de

ção através de qualquer um desses modos», explica Manuel

Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa

Gameiro da Silva, coordenador da equipa da UC.

Operacional Competitividade e Internacionalização do Portugal 2020.

Índice de proteção acrescido

A grande inovação deste equipamento está na capacidade de

Este novo equipamento, clarifica o consórcio, foi pensado para

reduzir significativamente, para a pessoa que o usa, o «risco de

ser usado «em conjunto com uma máscara facial garantindo

inalação de gotículas e aerossóis contaminados que tenham

um índice de proteção acrescido e um melhor conforto em

sido exalados por uma outra pessoa infetada que esteja na pro-

termos térmicos e visuais, porque o escoamento da cortina de

ximidade. Trata-se de uma viseira com um sistema de ventila-

ar contribui para o fornecimento de ar novo e fresco e para o

ção que cria uma cortina de ar, de forma a promover a vedação

desembaciamento da superfície interior da viseira».

aerodinâmica da zona de inalação relativamente às zonas cir-

Por isso, concluem os autores do projeto, foram utilizadas abor-

cundantes e impede o embaciamento da viseira (condensação

dagens complementares no processo de desenvolvimento do

devida à respiração)», afirma o coordenador do projeto, Leonel

produto, «tendo-se recorrido a simulações numéricas dos es-

de Jesus.

coamentos, em que foram usados modelos virtuais do EPI e do

Este equipamento é especialmente vocacionado para profis-

seu utilizador, e a ensaios experimentais realizados com mane-

sionais de saúde que exercem a sua atividade, durante perio-

quins térmicos e acústicos. No projeto e construção dos protó-

dos alargados, em ambientes onde o risco de contágio é ele-

tipos recorreu-se ao desenho assistido por computador e a

vado, como, por exemplo, os médicos dentistas. «Havendo três

técnicas de prototipagem rápida por métodos aditivos».

modos de transmissão por elementos patogénicos exalados a

Na Universidade de Coimbra, o projeto envolveu a Associa-

partir de um paciente infetado (por contacto, por gotas e por

ção para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial

aerossóis), a situação de grande proximidade entre as vias res-

(ADAI) e a Faculdade de Medicina (FMUC). Na equipa de in-

piratórias superiores do médico dentista e do seu assistente da

vestigação da ADAI, participam docentes e investigadores

zona de exalação de um paciente, eventualmente infetado e

dos departamentos de Engenharia Mecânica da UC e do Po-

sentado na cadeira do consultório, pode permitir a contamina-

litécnico de Leiria.

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Atualidade do setor | Crónica

Reunião anual da SPODF atraiu a Braga profissionais e especialistas de renome da área da ortodontia

E

xpertos de renome da área da ortodontia reuniram-se na cidade de Braga, provenientes de várias coordenadas geo-

gráficas, para partilhar conhecimentos e experiências, ao abrigo da XXXII Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF). O encontro científico celebrou-se nos passados dias 8 a 10 de julho, no Altice Fórum Braga, sob o tema central “Conceitos atuais do tratamento da maloclusão de classe I” e contou com a presença destacada de especialistas espanhóis nos cursos pré-congresso. Ao todo foram organizados, neste contexto, três cursos, um dos quais focado no tema “Ortodontia pré-cirúrgica – cirurgia ortognática”, sob a orientação dos médicos dentistas Alfaro Hernàndez e Juan Carlos Pérez Varela, e outras duas formações patrocinadas por marcas,

SO encontro científico celebrou-se no Altice Fórum Braga, sob o tema central “Conceitos atuais do tratamento da maloclusão de classe I”.

orientadas respetivamente por Iván Malagón (“Casos muito completos tratados com alinhadores Spark) e Arturo Vela (“Chaves para o sucesso no tratamento de classe II com alinhadores Invisalign”).

Ortodontia reforçada O presidente da comissão organizadora, Armandino Alves, fez à MAXILLARIS um balanço muito positivo do encontro anual da SPODF. “A partilha de conhecimentos entre os métodos mais tradicionais e os mais modernos, entre a nova e a velha escola, resultam numa complementariedade que permite aprofundar conhecimento”. O médico dentista e professor universitário acrescentou que, apesar da situação pandémica ter obrigado a inúmeros constrangimentos e inclusive à substituição de alguns oradores, “foi possível organizar um evento que

SO programa da reunião da SPODF englobou palestras e intervenções dirigidas por especialistas de renome.

contribui para o reforço da ortodontia e, ao mesmo tempo, do posicionamiento da cidade de Braga como referência a nível científico e académico”. Além das palestras e intervenções dirigidas por especialistas de renome na área, houve também um espaço comercial, destinado à promoção de produtos inovadores que os ortodontistas procuram para solucionar alguns problemas dos pacientes. A escolha de Braga como cidade anfitriã do evento não foi ao acaso, já que o presidente da comissão organizadora desta edição é bracarense. Com uma vasta experiência em ortodontia, Armandino Alves já integrou o conselho-geral da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), foi docente na Universidade Católica e fez parte do júri do exame de ortodontia no acesso à especialidade.

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SArmandino Alves, presidente da comissão organizadora, considera que, apesar da situação pandémica, “foi possível organizar um evento que contribui para o reforço da ortodontia”.



Atualidade do setor | Crónica

Organização do XXVII congresso da SPO antecipa “programa muito preenchido e diversificado”

O

XXVII congresso da Sociedade Por-

programa científico muito preenchido e

tuguesa de Ortodontia (SPO) vai

diversificado. Do painel de oradores

decorrer de 16 a 18 de setembro próxi-

constam prestigiados nomes e grandes

mo, no Edifício Porto Inova da “Cidade

referências da ortodontia nacional e in-

Invicta”, sob o mote “Ortodontia XXI”. Es-

ternacional, tais como: Juan Carlos Rivero

ta edição do congresso da SPO adotou

Lemes e Fara Yeste Ojeda, que assegura-

um formato adaptado à atual conjuntu-

rão o curso pré-congresso; Patrícia Verga-

ra de pandemia. “Teremos um formato

ra, Alberto Albaladejo, Hélder Nunes da

híbrido, unindo a participação online e

Costa, Martin Baxmann e Ivan Malagón,

presencial, cumprindo, assim, todas as

que irão abordar os problemas sagitais;

normas de segurança estabelecidas pe-

Federico Alfaro, João Pedro Marcelino,

empresas a investirem, pela primeira

las autoridades de saúde”, revela à MA-

abordando o TOCO; Armando Dias da Sil-

vez, na especialidade e que escolheram

XILLARIS a médica dentista Primavera de

va, Juan Carlos Perez Varela e Won Moon,

esta edição para antecipar as suas ino-

Sousa Santos, que lidera a comissão or-

vão debruçar-se sobre os problemas

vações e tendências para o setor da or-

ganizadora do encontro.

transversais; para os problemas verticais

todontia”.

Sob o mote “Ortodontia XXI”, o XXVII

serão convocados Antonio Ortoneda Pe-

A comissão organizadora tem, de resto,

congresso divide-se em três subte-

reyra, Ertty Silva, Arturo Vela-Hernandez,

a “firme convicção” de que a excelência

mas: problemas transversais, problemas

Daniel Aragón, Jorge Gonzalez Villaum-

desta edição está garantida com um

sagitais, e problemas verticais. Estão pre-

brosia e Manuel Pesqueira Labarta.

programa de elevado nível científico,

vistas conferências que irão abordar es-

Quanto à vertente comercial do con-

“sendo, aliás, um dos fortes motivos que

tes temas, nas mais variadas vertentes.

gresso, Primavera de Sousa Santos con-

justificam uma adesão expressiva ao

A comissão organizadora antecipa um

gratula-se por “poder contar com novas

evento”.

SPrimavera de Sousa Santos lidera a comissão organizadora do XXVII congresso da SPO.

Reabilitação oral e endodontia vão estar em destaque no XLI congresso da SPEMD

O

XLI congresso anual da Sociedade

Quanto ao programa científico, que ain-

Portuguesa de Estomatologia e

da está a ser ultimado, embora não haja

Medicina Dentária (SPEMD) celebra-se

um tema privilegiado, o presidente da

de 7 a 9 de outubro em formato misto.

comissão organizadora adianta desde já

João Bravo, presidente da comissão or-

que a vertente minimamente invasiva

ganizadora, antecipa à MAXILLARIS que

da reabilitação oral e da endodontia

esta edição volta a decorrer em versão

“irão ter um peso significativo”. Neste

webinar, devido à situação pandémica.

âmbito, está prevista a participação de

Durante dois dias, “realizaremos um

Tommy Rocca, na reabilitação oral, e de

fórum de investigação e apresentare-

Emmanuel Silva, na endodontia.

poníveis para lá dos dois dias de con-

mos diversas palestras abordando te-

Para além dos temas clássicos da Medi-

gresso, quer através da divulgação das

mas atuais e transversais à Medicina

cina Dentária, “iremos abordar temas de

empresas e dos seus produtos através

Dentária e Estomatologia”, revela João

interseção com outras áreas médicas e

das redes sociais da SPEMD, “procurando

Bravo, acrescentando que, tal como já é

na área das novas tecnologias”, refere.

aumentar a sua visibilidade e ir de en-

tradição, irá manter-se a apresentação

Nesta difícil conjuntura de pandemia, os

contro aos interesses comerciais das em-

oral dos melhores trabalhos científicos

esforços recaem na tentativa de aproxi-

presas que também vivem tempos difí-

submetidos por sócios e candidatos ao

mar congressistas e expositores, quer

ceis por ausência de realização de

Prémio Congresso 2021.

através da criação de stands virtuais dis-

eventos presenciais”, conclui João Bravo.

54

SJoão Bravo, presidente da comissão organizadora do XLI congresso anual da SPEMD.


J u l h o / A g o s t o 2 0 2 1 | no 1 1 8

Consultora de saúde Luzán 5 junta-se ao grupo EDRA

L

uzán 5 Health Consulting e o grupo EDRA (ao qual pertence

como a nossa que, a beira de cumprir 40 anos de história, que-

a revista MAXILLARIS) chegaram a um acordo de integração

remos que assente no mercado espanhol ainda com mais pu-

mediante o qual a consultora de saúde passa a fazer parte da

jança e sirva, ao mesmo tempo, como estímulo para a nossa

companhia editorial líder em Itália na área da Saúde. Deste mo-

atividade fora de Espanha. Estes passos serão muito mais sóli-

do, EDRA consolida a sua posição no setor científico em Espanha

dos com o apoio de um grupo referente no âmbito sanitário a

e na América Latina ao passo que Luzán 5 reforça a sua lideran-

nível internacional”.

ça como consultora de saúde e referente de formação médica

Por seu lado, Giorgio Albonetti, presidente do grupo EDRA,

no país vizinho e impulsiona o seu plano de internacionalização.

declarou que “esta aliança estratégica representa para o nosso

A operação consumou-se no passado dia 1 de julho, com a

grupo uma nova peça chave no seu processo de expansão e

assinatura de um contrato através do qual EDRA adquire 51%

permite-nos ampliar o nosso posicionamento no setor da saú-

das ações da consultora, com o compromisso por parte desta

de humana, consolidando a lideranço científica no mercado

de seguir em frente com o seu plano estratégico. Esta estraté-

de língua espanhola, um dos mercados estratégicos do gru-

gia centra-se em eixos como o desenvolvimento de uma pro-

po”, já que esta operação soma-se às que a empresa italiana

posta de valor própria em formação centrada no profissional

realizou em 2017 e 2019 com a integração na sua estrutura do

de saúde, na ampliação do foco em novas especialidades e na

Grupo Asís Biomedia (setor veterinário) e Cyan Editores (setor

internacionalização das Soluções Luzán em mercados como o

dentário).

latino-americano ou o asiático.

Presentemente, o grupo EDRA tem mais de 400 trabalhadores

Para levar a cabo este ambicioso plano, Luzán 5 está a apostar no

e dezenas de colaboradores diretos, todos eles profissionais

investimento em tecnologia e no capital humano, tendo amplia-

altamente qualificados e especializados na transmissão de co-

do o seu quadro de pessoal desde janeiro de 2020 em 43%, al-

nhecimento e comunicação nos setores da saúde. Publica cer-

cançando um total de 63 trabalhadores. Vale a pena destacar que

ca de 100 revistas impressas e 50 digitais, edita mais de 400

nos últimos cinco anos Luzán 5 formou mais de 20.000 profissio-

livros por ano, dispõe de um catálogo editorial com mais de

nais de saúde em Espanha e na América Latina, realizou mais de

4.500 títulos, realiza centenas de ações formativas e leva a cabo

450 projetos e elaborou mais de 50 publicações científicas.

inovadores projetos para a indústria e as principais instituições

Para Antonio Franco, CEO da Luzán 5, “esta união representa

destes setores. Possui sedes em diferentes países europeus e

uma oportunidade de crescimento para uma empresa familiar

desenvolve a sua atividade em mais de 60 países.

RA partir da esquerda, Giorgio Albonetti, presidente do grupo EDRA, e Antonio Franco, CEO da consultora Luzán 5, celebrando a assinatura do contrato.

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Atualidade do setor |

ENDODONTIA Curso clínico sobre obturação endodôntica

Calendário

“Obturação de A-Z” é o título de um curso clínico do Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), ministrado pelo médico dentista Carlos Morais, com transmissão online, em direto, a partir das 21.30 horas do próximo dia 13 de setembro. A obturação endodôntica tem como objetivo evitar a proliferação de microrganismos no interior do sistema de canais radiculares, promovendo condições para a manutenção dos tecidos periapicais e, é sem dúvida, uma das fases onde mais se tem evidenciado o progresso. O objetivo desta apresentação é destacar a importância da obturação, perceber qual a sua evolução e apresentar técnicas e os materiais utilizados com o devido enquadramento na bibliografia atual. www.omd.pt

ORTODONTIA

ORTODONTIA

Pós-graduação “Experto em ortodontia digital”

SPO realiza no Porto XXVII congresso anual

A Ortocervera, líder em ortodontia digital, celebra a partir de 30 de setembro próximo e até dia 2 de outubro, em Madrid (Espanha), a 92ª edição da pós-graduação “Experto em ortodontia digital”, sob a orientação do especialista espanhol Alberto Cervera. O programa desta formação divide-se em nove módulos presenciais e complementa-se com sessões clínicas online. Abrange as seguintes áreas: protocolo de diagnóstico e tratamento, estudos de sindromas clínicos, práticas em simuladores com brackets metálicos, estéticos e alinhadores, e práticas clínicas tutorizadas.

O XXVII Congresso da Sociedade Portuguesa de Ortodontia (SPO), que foi adiado o ano passado devido à pandemia de Covid-19, vai ter lugar de 16 a 18 de setembro próximo, no Porto. Todo o formato do evento inicialmente previsto manter-se-á inalterável, nomeadamente em relação ao local (Superbock Arena Pavilhão Rosa Mota) e oradores que integram o programa científico. Confirma-se assim a presença dos seguintes oradores: Ertty Silva, Teresa Pinho, Armando Dias da Silva, Manuel Pesqueira, João Pedro Marcelino, Hélder Costa, Alberto Albaladejo e Cesare Luzi.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

www.congressospo.com

ORTODONTIA

PRÓTESE DENTÁRIA

Formação em desenho e desenvolvimento de alinhadores

Coimbra acolhe curso sobre a técnica BOPT

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, vai realizar de 7 a 9 de outubro próximo, em Madrid (Espanha), uma nova edição do curso “Desenho e desenvolvimento de alinhadores”, desta vez orientado por Isabel Cervera. Esta formação complementa o programa “Experto em ortodontia”, também com a chancela da ORTOCERVERA, e tem como finalidade transmitir conhecimentos na área do desenho e desenvolvimento das distintas fases de tratamento com alinhadores. Inclui práticas com simulador de alinhadores.

Nos dias 28 a 30 de outubro próximo, Coimbra acolhe mais uma edição do curso intitulado “Mudança de paradigma”, centrado na técnica BOPT e destinado a clínicos e técnicos de laboratório. Lucas Pedrosa, Filipe Franco de Sousa e João Neto vão aprofundar com os participantes temas como a “Compreensão da biologia associada à técnica BOPT”, “Conhecimentos das vantagens e o motivo da eleição da técnica tanto em dentes como em implantes, “Execução de provisórios com as particularidades requeridas para a correta cicatrização dos tecidos”, “Conhecimentos de diversas técnicas de laboratório para a realização de provisórios” ou “Capacidade de aplicar os conhecimentos adquiridos na sua prática privada”, entre outros.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

educational@sweden-martina.com

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Atualidade do setor | Calendário

PRÓTESE DENTÁRIA

VÁRIOS

APTPD realiza congresso em maio do próximo ano

Evento EAO Digital Days regressa em outubro

A direção da Associação Portuguesa de Técnicos de Prótese Dentária (APTPD) e a comissão organizadora do congresso da APTPD anunciaram, na sequência do atual contexto de pandemia, a decisão de voltar a cancelar a data do congresso e remarcá-lo para 2022, tendo em vista que todas as expectativas dos peritos não apontam para um regresso à normalidade antes do final do verão. A APTPD lamenta os constrangimentos que esta decisão possa trazer, esperando manter o programa desenhado para este evento na perspetiva de o realizar na primeira quinzena de maio próximo.

A Associação Europeia de Osteointegração (EAO, na sigla em inglês) agendou para os dias 12 a 14 de outubro mais uma edição do encontro virtual Digital Days. Os participantes terão a possibilidade de desfrutar de apresentações interativas ao vivo num innovador formato TV durante as três jornadas deste evento. Além disso, a organização disponibiliza aos interessados a plataforma digital, durante o periodo de um mês (de 8 de outubro a 8 de novembro), para assistirem aos vídeos do programa científico e visitarem os stands virtuais dos expositores que marcam presença no Digital Days.

www.aptpd.pt

https://digitaldays.eao.org/en/

VÁRIOS

VÁRIOS

Congresso da APHO adiado para outubro

Congresso da FDI será cem por cento virtual

De acordo com os recentes desenvolvimentos no nosso país relacionados com a pandemia de COVID-19, a Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) foi forçada a adiar novamente a realização do XX Congresso, que estava prevista para o primeiro trimestre deste ano, indo de encontro às recomendações gerais que pautam a atual conjuntura e com o objetivo de assegurar as melhores condições de segurança e a saúde de todos os intervenientes. A cimeira anual da classe dos higienistas orais tem agora data prevista para 22 e 23 de outubro próximo, mantendo-se o local da sua realização (Lisboa) e programa científico.

De 26 a 29 de setembro próximo, a Associação Dentária Australiana (ADA) e a Federação Dentária Internacional (FDI) vão levar a cabo uma edição completamente virtual do principal congresso mundial do setor, devido às restrições de viagens associadas à Covid-19. Este congresso online, a partir do Centro Internacional de Convenções de Sidney, terá a opção de transmitir sessões ao vivo, assim como apresentações pré-gravadas, disponíveis durante 60 dias após o certame. Os participantes do congresso terão mais de 200 sessões científicas para eleger, com oradores oriundos de África, América, Ásia, Austrália, Europa, Médio Oriente e Nova Zelândia. www.fdiwoelddental.org

www.apho.pt

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Congresso da SPEMD realiza-se em outubro

Aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento do SAHS

O XLI congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) vai ter lugar de 7 a 9 de outubro próximo em formato online. No dia 7, se a situação pandémica o permitir, a organização realizará cursos práticos presenciais. Serão abordadas as áreas de maior importância da Medicina Dentária e Estomatologia. Não sendo possível ainda a realização de uma exposição presencial, foi decidido apresentar um leque de ferramentas e possibilidades digitais capazes de potenciar, na maior escala possível, o contacto com os congressistas e a visualizadão/divulgação das marcas.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza este curso personalizado, ministrado por Mónica Simón Pardell, em Madrid (Espanha), para o correto enfoque terapêutico dos transtornos respiratórios obstrutivos do sono. Este curso obedece ao seguinte programa: introdução ao SAHS (conceitos básicos e definições), protocolo diagnóstico odontológico do SAHS, tratamento do SAHS, algoritmo do tratamento do SAHS, toma de registos e individualização de parâmetros para a confeção de um dispositivo de avanço mandibular (DAM), aplicação com casos práticos e curso personalizado e “a la carta”.

www.spemd.pt

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

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Barcelona Dental Show celebra-se em dezembro

OMD retoma em Braga congresso presencial

Nos próximos dias 2 a 4 de dezembro, milhares de profissionais de Medicina Dentária vão participar em mais uma edição do Barcelona Dental Show. Durante três dias, a emblemática cidade espanhola será o centro das últimas soluções e tecnologias e das melhores ideias de gestão empresarial. Tudo com o propósito de transformar as clínicas e os laboratórios do setor numa experiências exclusiva para os pacientes. Estão previstos cursos hands-on e outras atividades/demonstrações práticas ao longo do certame de Barcelona. Em destaque estarão também os últimos contornos da digitalização.

A 30ª edição do congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) vai ter como cenário o Altice Fórum Braga. O principal encontro da classe dos médicos dentistas ruma à capital do Minho, em mais uma manifestação da sua “capacidade de se reinventar sem perder o norte”, segundo palavras do médico dentista Paulo Miller, que preside a comissão organizadora do congresso agendado para os dias 4 a 6 do próximo mês de novembro. O programa deste ano procura explorar os conhecimentos aplicáveis ao dia a dia e apresenta-se sob o lema “Problemas e soluções clínicas em Medicina Dentária”.

www.dentalshowbcn.com/

www.omd.pt

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Curso de redução de stress baseado em mindfulness

Curso sobre o isolamento em Medicina Dentária

Estão abertas as inscrições para a quarta edição do curso de redução de stress baseado em mindfulness para médicos dentistas, em formato online, que vai decorrer nos meses de setembro e outubro, sob a orientação da médica dentista Manuela Rodrigues. Entre outros conhecimentos, este curso fornece equilíbrio ao profissional durante momentos de estrés, proporciona as ferramentas de gestão de stress que evitam os problemas físicos, psicológicos e sociais, e desenvolve as aptidões que levam a prática clínica a um nível mais elevado.

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) agendou para o próximo dia 27 de setembro um curso clínico subordinado ao tema “Porquê e como. O isolamento absoluto em Medicina Dentária”, ministrado por Diogo Gonçalves Pinto, com transmissão online em direto, a partir das 21.30 horas. O isolamento absoluto é uma ferramenta muito útil e disponível para o médico dentista que, muitas vezes, não é bem ou mesmo utilizada, por desconhecimento da importância e dos benefícios. Esta sessão destina-se a quem quiser saber como melhorar a sua prática diária, tanto em qualidade como em conforto.

Manuela Rodrigues.

www.mindfuldentistrytraining.com/portugal/

www.omd.pt

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Atualização em radiologia intraoral

WCDT Lisboa reagendado paramaio de 2022

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) leva a cabo no próximo dia 11 de outubro um curso clínico intitulado “Atualização em radiologia intraoral: radiografia com colimadores retangulares”, com transmissão online, em direto, a partir das 21.30 horas. O curso será ministrado por ministrado por Ana Paula Reis, coordenadora do Grupo de Trabalho da OMD sobre Proteção Radiológica na Medicina Dentária e professora auxiliar de Imagiologia e Radiologia Odontológica na Universidade Fernando Pessoa (Porto).

O 21º World Congress in Dental Traumatology (WCDT), que tinha realização prevista para junho do ano passado, no Centro de Congressos de Lisboa, voltou a ser adiado devido à crise de saúde pública mundial provocada pela Covid-19. A celebração deste evento foi reagendada para os dias 11 a 14 de maio de 2022, no mesmo recinto da capital. A organização deste evento internacional está a cargo da Sociedade Portuguesa de Endodontologia (SPE), em parceria com a International Association of Dental Traumatology (IADT) e a European Society of Endodontology (ESE)

www.omd.pt

www.wcdt2022.com

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Novo software de gestão para técnicos de prótese

Novidades

O Grupo OrisLine lança no mercado www.orislabq.com o mais novo software para a gestão do laboratório dentário OrisLab Q. Nascido da evolução original do OrisLab, utilizado em Itália há mais de 20 anos, o novo OrisLab Q foi concebido especificamente para ajudar o técnico a gerir o MDR 2017/745, o novo regulamento sobre dispositivos médicos. As principais inovações e requisitos para o técnico de prótese dentária são: a definição do responsável, encarregado pelo cumprimento da lei; a nova declaração de conformidade e não conformidade e a documentação para a renovação ou recondicionamento dos dispositivos. Uma atenção particular merece a introdução do novo relatório de atualização de segurança periódica (PSUR), um documento resumido que relata os resultados da análise dos dados coletados como parte da vigilância pós-comercialização. A nova função de importação de imagens 3D em formato stl permite que imagens exportadas de sistemas CAD-CAM sejam importadas diretamente para a folha do trabalho. O novo Orislab Q já inclui os novos requisitos fiscais, tais com o QR Code e o ATCUD, nos documentos fiscalmente relevantes, para além da já possivel exportação do Saft-G e a criação do ficheiro para a comunicação do inventário.

Contratos de serviço para o scanner TRIOS

Miele apresenta novos purificadores de ar

https://www.3shape.com/ A 3Shape, no seu contínuo desejo de es/services/trios-care melhorar o atendimento ao cliente, lançou no início de junho, uma nova linha de contratos de serviços para o scanner TRIOS: TRIOS Care e TRIOS Only. O novo contrato do TRIOS Care substituirá o atual modelo de assinatura do CliniCare e tem como objetivo garantir a total tranquilidade tão exigida pelos usuários de scanners intraorais. Este serviço é dirigido, sobretudo, às clínicas dentárias que estão a pensar investir pela primeira vez num sistema de moldagem digital. A cobertura do TRIOS Care está incluída gratuitamente durante o primeiro ano após a compra do TRIOS e é a partir desse momento que os clientes podem optar por continuar a desfrutar dos benefícios da cobertura total do TRIOS Care pagando taxas anuais ou mensais à escolha do cliente, ou mudar para TRIOS Only, um contrato de serviço com benefícios básicos, sem taxas.

Sabe-se que o risco de infeção por Cowww.miele.pt vid-19 é especialmente elevado nos espaços fechados onde se encontram muitas pessoas. Por isso, é necessária uma ventilação regular e profunda de salas de aula, instituições, clínicas, lojas e escritórios, o que nem sempre é possível. O novo purificador de ar portátil AirControl, da Miele, vem colmatar essa lacuna. Trata-se de um aparelho altamente eficiente, que dispõe de tecnologia de UImAIR. Existem três modelos diferentes que se adaptam a espaços de até 45, 80 ou 200 m² e que também podem ser combinados entre si, em função do uso previsto. Com um rendimento de até 3.000 m³ de ar por hora, dependendo do modelo, o ar ambiente pode ser circulado e filtrado seis vezes durante este periodo de tempo. Um pré-filtro da classe G4 e um filtro fino retêm inicialmente as partículas maiores do ar. Em seguida, um filtro HEPA H14 de elevado desempenho capta as partículas mais finas, fazendo com que mais de 99,995% de todas as matérias suspensas, vírus, bactérias se tornem inofensivos. As três variantes do AirControl da Miele ocupam pouco espaço: o modelo intermédio, por exemplo, precisa de um espaço de 50 por 50 a uma altura de 127 centímetros. Com rodas, é possível colocar as unidades facilmente noutro lugar com acesso a uma tomada.

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Amann Girrbach lança plataforma AG.Live O principal objetivo da Amann www.amanngirrbach.com/ag-live Girrbach é apoiar laboratórios na organização de fluxos de trabalho odontológicos digitais. Com a plataforma digital AG.Live, esse propósito atinge uma nova dimensão. A AG.Live ajuda técnicos dentários a administrar localmente todas as atividades digitais e a integrar-se com uma rede global cada vez maior de profissionais odontológicos que trabalham digitalmente. No centro da plataforma, que substitui o portal de clientes C3 existente até agora, está a gestão de casos de pacientes – nela, cada caso de paciente é criado, administrado e processado digitalmente. Os casos de pacientes podem ser compartilhados com laboratórios parceiros para dar continuidade ao processamento e, num futuro próximo, também intercambiados entre médicos dentistas e laboratórios. Além disso, a integração envolverá também máquinas e materiais, assim tornando acessíveis, por exemplo, informações sobre a disponibilidade de materiais ou, futuramente, também modos de operação de fresadoras e muitos outros fatores relevantes de um processo de fabricação dentária. Em uma etapa posterior, a Amann Girrbach implementará o acesso à “AG Academy”, um portal da empresa com inúmeros recursos formativos, para além de um abrangente arquivo de webinários e tutoriais.

exocad lança módulo de estruturas PartialCAD 3.0 Galway exocad.com/partialcad exocad, uma companhia do grupo Align Technology, anunciou o lançamento de PartialCAD 3.0 Galway, o seu módulo para estruturas de próteses parciais removíveis dotado de funções novas e avançadas para o desenho de próteses parciais de alta qualidade. Este novo lançamento melhora as possibilidades de CAD-CAM digital para utilizadores de exocad e técnicos de prótese dentária, oferecendo soluções de desenho mais simples para casos complexos. PartialCAD 3.0 Galway proporciona a expertos e novos utilizadores uma integração fluída e melhorada com DentalCAD, o software líder de exocad para laboratórios dentários. “Com PartialCAD 3.0 Galway oferecemos aos expertos dentários uma maior flexibilidade no seu fluxo de trabalho de desenho”, assinala Tillmann Steinbrecher, CEO e cofundador da exocad.


Atualidade do setor |

Henry Schein doa a Brasil e Índia EPI e artigos para controlo de infeção

Indústria

A Henry Schein, em colaboração com C.H. Robinson e a C.H. Robinson Foundation, anunciou o seu compromiso de doar mais de 2,5 milhões de equipamentos de proteção individual (EPI) e artigos para o controlo de infeções através de Henry Schein Cares, o programa de responsabilidade social corporativa da companhia, com o fim de melhorar a segurança dos profissionais de saúde de primeira linha no Brasil e na Índia na sua luta contra a Covid-19. O donativo inclui máscaras N95, máscaras de nível 1 e 2, desinfetante de mãos, oxímetros de pulso, batas de isolamento e ecrans faciais. Os destinatários da Índia incluem atualmente o Hospital Bautista de Bangalore, o Hospital LNJP de Nova Delhi, entre outros. No Brasil, os artigos serão distribuidos entre profissionais de saúde do Rio de Janeiro e do estado de Sergipe. www.henryschein.pt

SIN Implant System reforça aposta no mercado português

GSK elimina plástico das novas embalagens de escovas de dentes

O fabricante brasileiro de implantes dentários, SIN Implant System vive uma intensa fase de internacionalização dos seus negócios. Um dos maiores alvos da empresa é Portugal, país considerado pela companhia a porta de entrada para a Europa. Pela importância geográfica e estratégica do país, a marca constituiu dois centros de formação científica no Porto e em Lisboa que, nos últimos anos, têm recebido médicos dentistas de toda a Europa e de outros pontos do mundo. Presente em Portugal desde 2006, foi a partir de 2020 que a matriz brasileira passou a ter controle total da operação no país. Além do portfólio completo de implantes e componentes protéticos, a aceleração dos negócios da SIN em Portugal responde pelo nome Epikut, novidade da marca que está a ser muito bem recebida.

A GSK Consumer Healthcare deu um passo mais no seu objetivo de sustentabilidade. A partir de julho, já se poderá encontrar nas lojas as novas embalagens de escovas de dentes das marcas de cuidado oral Sensodyne e Binaca. Os novos packs são 100% recicláveis, livres de plásticos e feitos de cartão reciclado e uma película de celulose que permite aos consumidores continuar a ver o interior do produto. Esta notícia soma-se ao compromisso da empresa, anunciado recentemente, de que mais de mil milhões de tubos de pasta dentífrica serão totalmente recicláveis até 2025, graças à colaboração da GSK com Albéa e EPL Global, fornecedores mundiais de embalagens.

www.sinimplantsystem.com

apoio.consumidor@gsk.com

II Congresso Arena Implantat atraiu mais de 12.000 pessoas

Henry Schein compromete-se com metas em várias frentes

Com mais de 12.000 visualizações e participantes de vários países, a segunda edição da Arena Implantat, congresso online da área de implantologia, promovido pela S.I.N. Implant System, realizou-se em meados de junho em clima de sucesso absoluto. Foram mais de 15 horas de conteúdo de O ponto alto foi a cirurgia cursos, que puderam ser vistos gratuita- ao vivo com recurso aos mente por mais de 3.000 pessoas, após ins- implantes Epikut. crição no site da empresa. O evento reuniu profissionais da implantologia que ministraram aulas focadas nas mais recentes tendências da área. O ponto alto da II Arena Implantat foi a cirurgia ao vivo conduzida por Luiz Nantes, que utilizou os implantes Epikut, o mais recente lançamento da S.I.N. Implant System.

Henry Schein, o maior fornecedor mundial de soluções de saúde para dentistas e médicos em consultórios, anunciou uma série de esforços para avançar ainda mais o seu desempenho ambiental, social e de governação (ASG) e para reafirmar o seu compromisso com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. Conforme descrito no Relatório de Sustentabilidade e Responsabilidade Social Empresarial (RSE) de 2020 da empresa, intitulado “Resiliência para um mundo mais saudável”, a estratégia inclui melhorar a igualdade na saúde e no acesso a cuidados, expandir as divulgações ASG e tomar medidas para resolver a crise climática. Até ao final de 2022, a Henry Schein planeia anunciar progressos de acordo com as normas da Global Reporting Initiative e da Sustainability Accounting Standards Board.

www.sinimplantsystem.com.br

www.henryschein.com

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