TGI I - Espaço do Coletivo

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sobre coletividades urbanas em lugares à margem

ESPAÇO DO COLETIVO



sobre coletividades urbanas em lugares à margem

ESPAÇO DO COLETIVO

TGI I - Mayra Bianconi Instituto de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo Junho de 2018, São Carlos


01. semana do natal em sĂŁo rafael, 2017


02. piscinaço na marÊ, rio de janeiro, 2018


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questões conceituais

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escala do território região metropolitana de são paulo

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bordas da metrópole distrito de são rafael

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texturas da malha urbana e histórico de ocupação

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aproximação projetual

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bibliografia

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índice

resumo

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sobre coletividades urbanas em lugares à margem

resumo

O trabalho aqui apresentado configura uma investigação que parte da relação entre as noções de direito à cidade e espaço urbano como articulador social e local de visibilidade, resistência e disputa, colocando o desafio de compreender como essas noções se verificam em situações à margem, onde o direito à cidade e à vida urbana são negados à seus cidadãos cotidianamente, seja quando uma ampla parcela dos cidadãos gastam uma grande fração de tempo de suas vidas no deslocamento moradia-trabalho, seja quando a juventude, parcela representativa da população das periferias, cresce sem alternativas de lazer, esporte, cultura e educação de qualidade. Provocada pela maneira como as situações de precariedade motivam respostas (improvisadas) dos cidadãos às demandas e necessidades do cotidiano, respostas essas que se colocam também, por vezes, como atos de resistência à uma circunstância dada, coloco aqui a preocupação de não tomar essas respostas como suficientes às ausências, destacando a importância de se pensar alternativas e das políticas públicas na construção de um caminho mais sólido na busca pelo direito à cidade em seu sentido pleno. Frente a precariedade, quais são as possibilidades de inventar que estão colocadas?

“A vida urbana pressupõe encontros, confronto das diferenças, conhecimento e reconhecimento recíprocos” HENRI LÉFÈBVRE, O DIREITO À CIDADE


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es·pa·ço

co·le·ti·vo

2. Lugar vazio que pode ser ocupado. = VAGA

2. Que pertence a ou é utilizado por muitos (ex.: obra coletiva; transporte coletivo).

substantivo 1. Área que está no intervalo entre limites.

adjetivo 1. Que forma coletividade ou provém dela.

3. Ponto em que não há ou rareia aquilo que existe à volta. = CLAREIRA, CLARO, VÃO

substantivo 3. Conjunto de indivíduos que formam uma unidade em relação a interesses, sentimentos ou ideais comuns (ex.: .coletivo de artistas). = .COLETIVIDADE, COMUNIDADE

4. Capacidade ou lotação de uma área. = LUGAR, SÍTIO 5. Tempo de duração ou tempo que medeia duas operações ou dois atos.

adjetivo e substantivo masculino 4. [Gramática] Diz-se de ou substantivo que, mesmo no singular, representa pluralidade (ex.: as palavras bosque, dúzia, multidão e rebanho são .coletivos).

6. Extensão total do céu ou do universo. 7. Região para além da atmosfera terrestre. 8. Conjunto de circunstâncias. = AMBIENTE

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centralizada

descentralizada

distribuída

questões conceituais

parte 1

03. diagrama de redes, Paul Baran

Entender a complexidade das cidades brasileiras e os mecanismos envolvidos na produção e desenvolvimento de seu espaço urbano é uma tarefa complexa. Para nortear a investigação, busco partir de um contexto amplo, que abranja conceitos do campo da geografia, política, urbanismo e que se faz necessário e parece adequado para que seja possível entender o local no qual se inserem as cidades brasileiras, e suas periferias, dentro da lógica neoliberal global. A partir destes conceitos é possível construir um entendimento da relação centro-periferia, que justifica a escolha do recorte da intervenção e colocará diretrizes para o exercício projetual. O LUGAR GEOGRÁFICO O E O NÃO-CIDADÃO Milton Santos, em «O Espaço do Cidadão», nos contempla com uma visão bem atual sobre conceitos que nos ajudam a pensar a realidade das cidades brasileiras, num viés que discute não apenas a questão sócio-econômica, mas também a questão do «lugar geográfico» e a sua interferência na distribuição desigual dos homens no espaço, assim como dos bens e serviços básicos (SANTOS, 1993). A questão do lugar geográfico é representativa da relação centro-periferia que observamos na metrópole paulistana, que resulta na distribuição desigual da oferta de emprego, da mobilidade via transporte público, dos equipamentos públicos de educação, saúde, assistência social, lazer, cultura e esporte, e, consequentemente, tem interferência na construção da cidade e 03. sua sociabilidade urbana. O diagrama de redes de Paul Baran 01. 12


ilustra muito bem essa dinâmica centro-periferia e suas problemáticas, e nos propõe maneiras distintas de pensar distribuição, seja ela dos cidadãos ou das infraestruturas e bens básicos essenciais à vida. É desta noção que surge, nesse trabalho, o interesse por trabalhar nas bordas e fronteiras da região metropolitana de são paulo, pensar espaços limítrofes onde as questões que serão aqui colocadas talvez sejam ainda mais tensionadas e escancaradas.

tica, cultural e moralmente, espaços humanos que são cada vez mais reduzidos à sua função e valor econômico. Neste sentido, Milton Santos reconhece o espaço físico como um local de agravação das condições criadas pelo capital, e ainda, quando aproxima as noções de espaço e classes sociais, conclui que o espaço, na maioria das vezes, funciona em semelhança à estrutura social, na medida em que distribui espacialmente e hierarquicamente a pobreza (SANTOS, 1993). Harvey reconhece, ainda, a cidade e o espaço urbano como locais históricos de absorção do excedente de capital (HARVEY, 2012) e a urbanização não só como um mero reflexo da atitude capitalista, mas como parte integrante e impulsionadora dessa dinâmica. Dentro deste cenário, é importante entender como as grandes operações urbanas atuam, então, principalmente como forma de absorver e girar o excedente de capital ocioso (HARVEY, 2012), no sentido, também, de manter um certo status na estrutura social, e não como forma real de resolução de demandas de questões quantitativas ou até mesmo qualitativas.

Da noção de lugar geográfico, surge a figura do cidadão, e o geógrafo discorre sobre sua figura contrária, o «não-cidadão do terceiro mundo», aquele que, na medida em que vive em áreas desprovidas destes bens e serviços essenciais à vida social coletiva e à vida individual, vive desprovido de seus próprios direitos como cidadão (SANTOS, 1993). Milton Santos, inclusive, tensiona essa noção, colocando a possibilidade de ser ou não um cidadão dependente, em larga escala, do ponto do território em que este se localiza (SANTOS, 1993). DIREITO À CIDADE Sobre quais direitosestá se falando? Henri Lefebvre, ao escrever sobre questões que norteiam o que ele chama de «direito à cidade», nos traz a noção da necessidade de se redefinir não só as formas, funções e estruturas da cidade, pautadas notadamente, no momento presente, pela lógica do capital, mas também, e principalmente, as necessidades sociais inerentes à sociedade urbana, em detrimento das necessidades individuais pautadas pela sociedade de consumo (LEFEBVRE, 2001), ou seja, redefinir o que realmente é pertinente que se entenda como direito à cidade e direito do cidadão, para que assim seja possível que estes se realizem de maneira plena .

Assim, a escala das intervenções urbanas é algo questionável quando se busca contrapor-se à lógica dada, à padronização, homogeneização e hierarquia presentes nas relações e processos de produção, questões estas que, na maioria das vezes, são também responsáveis por estabelecer novos estilos de vida associados ao consumismo e à individualidade, uma experiência urbana contemporânea que quase sempre está relacionada ao consumo (HARVEY, 2012) e que é passível de problematização no sentido das consequências sociais pelas quais são responsáveis. 04. A CIDADE E O URBANO COMO CAMPOS DE DISPUTA Dado que a produção urbanística se insere não como uma consequência, mas como parte da dinâmica da produção capitalista, é pertinente se utilizar da concepção de Lefebvre, em defesa de que não pode existir o urbanismo como uma ciência da cidade autorreferenciada, que se baste em si mesma, apontando para os limites que isso pode representar. É necessário um suporte social, forças políticas atuantes e a participação de diversos agentes como possibilitadores de uma construção mais democrática da cidade, destacando aqui, novamente, a figura do «cidadão», de Milton Santos. Para Lefebvre, «Apenas a força social capaz de se investir a si mesma no urbano, no decorrer de uma longa experiência política, pode se encarregar da realização do programa referente à sociedade urbana.» (LEFEBVRE, 2001), ou seja, pode verdadeiramente contribuir para que se possa caminhar para a construção e concepção de uma cidade mais justa, democrática e anticapitalista. A cidade se coloca, então, como campo conflito e disputa, na qual os valores de identidade urbana, cidadania e pertencimento estão constantemente ameaçados, e os movimentos sociais urbanos têm verdadeira importância no modo como irá se proceder na produção da cidade (HARVEY, 2012). 05.

“as necessidades urbanas específicas não seriam necessidades de lugares qualificados, lugares de simultaneidade e de encontro, lugares onde a troca não seria tomada pelo valor de troca, pelo comércio e pelo lucro? não seria também a necessidade de um tempo desses encontros, dessas trocas?” (LEFEBVRE, 2001). Tal como Lefebvre, David Harvey entende o direito à cidade, antes de tudo, como um «direito coletivo», e, apesar de realizar uma nova leitura, a constatação em torno do tema é semelhante, a de que, invariavelmente, a lógica neoliberal, do lucro e da propriedade privada, se sobrepõe, de maneira evidente, a todo e qualquer direito humano (HARVEY, 2012). ESPACIALIZAÇÃO DA POBREZA E A PADRONIZAÇÃO DA VIDA Ao falar-se de direitos, observa-se que o direito de morar, o direito aos espaços públicos e o direito ao espaço urbano são, por exemplo, noções cada vez mais esvaziadas de sentido e impregnadas por um viés mercadológico e de privatização da lógica neoliberal, resultando em espaços empobrecidos material, social, polí-

URBANIDADE OU A QUALIDADE DO URBANO Urbanidade é a característica típica da cidade e o modo como a 13


cidade acolhe as pessoas. Espaços com urbanidade são espaços acolhedores, o oposto de espaços inóspitos. Atualmente, o espaço público é cada vez mais marcado por grades e portões, muros, e áridas rodovias, que cortam cidades ao meio, em uma tendência ao desurbano e à segregação em guetos residenciais, comerciais, viários, produzindo uma cidade monofuncional, oposta ao lugar do coletivo, do convívio da diferença, da troca.

va de criar, de forma radical, o novo, que, segundo Harvey, se caracteriza esse movimento revolucionário (HARVEY, 2014), ainda mais quando se imagina que esses espaços limítrofes são locais de composição social diversa, concentrando inúmeras histórias de vida e aspectos culturais unidos, até então, por uma desigualdade econômica e situação informal, o que pode impulsionar a ação coletiva e participativa num sentido de uma «elaboração criativa».

O que significa a palavra urbanidade nas situações urbanas e arquitetônicas onde resulta uma falta absoluta de urbanidade? Nas situações em que a cidade abandona o corpo e a escala do pedestre, ao mesmo tempo surgem respostas inesperadas para retomada desse lugar, a urbanindade resiste por meio da aporpriação da cidade por meio do corpo, do individual e do coletivo. Urbanidade não é somente vitalidade, no sentido de presença de pessoas, mas sim sobre comportamento espacial, sobre como a apropriação do espaço acontece, como a relação corpo-espaço se materializa. E a urbanidade se faz presente em diferentes escalas, desde o desenho do corrimão e da calçada, passando para o desenho de ruas e bairros inteiros.

Nesse sentido, Paola Berenstein, em «Corpografias Urbanas», nos traz uma visão de Milton Santos de que os mais pobres, ainda que de maneira não voluntária, experimentam e vivenciam mais a cidade do que os habitantes mais abastados, pois, obrigatoriamente, possuem o hábito da prática urbana no cotidiano, e assim desenvolvem uma relação física mais profunda com o espaço ur06. No mesmo sentido, o pensamento bano (BERENSTEIN, 2008) 06.. de Milton Santos reaparece em Sobarzo, no artigo A produção do espaço público: da dominação à apropriação», na medida em que este tenta entender quais grupos sociais se colocam a disposição da subversão nas atuais condições da reprodução capitalista, encontrando que «O pobre convive com o lugar, apropria-se do espaço público, interage com outros – mesmo que numa prática de sociabilidade segmentada – e ao criar laços de reconhecimento e identidade pode adquirir a consciência que o leve à transformação. No lado oposto, a “apropriação limitada” das classes altas e médias alimenta o seu conformismo e “cria uma mecânica rotineira, um sistema de gestos sem surpresa” nas suas áreas de modernidade que ficam reduzidas a espaços “fechados, racionalizados e racionalizadores».» (SANTOS, 1997 apud SOBARZO, 2006).

Pensar a urbanidade das cidades recoloca, então, a necessidade de pensar a arquitetura como arte social e coletiva, e não apenas como ferramenta para suprir demandas quantitativas. ESPAÇOS HETEROTÓPICOS E A AÇÃO COLETIVA Com o poder do capital respaldado pelo Estado, algumas situações começam a se repetir nos grandes centros urbanos como parte do processo de produção das cidades, tais como a criminalização da pobreza, pobres sendo considerados ocupantes ilegais das cidades, destituídos dos direitos humanos básicos, e o consequente deslocamento e expulsão dessa população para as periferias da cidade (HARVEY, 2012).

Assim, a figura do espaço urbano se coloca como cenário principal da disputa e do conflito, reitera Harvey ao constatar que é nas cidades que podemos ver acontecer os mais importantes movimentos de resistência, articulação e rebeliões em busca de uma mudança política e social, e, em um momento em que a crise do capital coloca em evidência os seus processos, «A ideia do direito à cidade [...] surge basicamente das ruas, dos bairros, como um grito de socorro e amparo de pessoas oprimidas em tempos de desespero.» (HARVEY, 2014). 07. 08.

Uma conceituação que Harvey retoma de Lefebvre, no livro que «Cidades Rebeldes», nos ajuda no entendimento de como o cidadão e os movimentos sociais se colocam como elementos de resistência aos processos decorrentes da produção capitalista do espaço: “O conceito de heterotopia defendido por Lefebvre [...] delineia espaços sociais limítrofes de possibilidades onde “algo diferente” é não apenas possível, mas fundamental para a definição de trajetórias revolucionárias. Esse “algo diferente” não decorre necessariamente de um projeto consciente, mas simplesmente daquilo que as pessoas fazem, sentem, percebem e terminam por articular à medida que procuram significados para sua vida cotidiana. Essas práticas criam espaços heterotópicos por toda parte [...]» (HARVEY, 2014).

O ESPAÇO PÚBLICO E URBANO COMO LOCAL DE ARTICULAÇÃO Otília Arantes, em entrevista dada à Vera Pallamin sobre as «Formas urbanas em mutação», tensiona o conceito da expressão «espaço público» nos dias de hoje, expressando sua convicção sobre a «falsidade de um tal conceito de «espaço público», quando todo o espaço é avaliado simplesmente pelo seu potencial de produção de mais valia» (ARANTES, 2014), dada a lógica do capital dominante na produção de nossos espaços urbanos. Mas, ao mesmo tempo, entende que a série de experiências de apropriação do espaço ur-

É, então, da tomada de consciência da capacidade da ação coleti14


bano observadas em nossas cidades se colocam como forma de resistência, reiterando a visão de Harvey sobre a importância da cidade e do espaço urbano como locais militantes nos movimentos de subversão e confronto com a ideologia dada. Em «Cidades Rebeldes», entendendo os espaços público e urbano como alvos constantes na lógica capitalista, coloca a necessidade de apropriação desses espaços, utilizando-os como locais de efetivação de práticas sociais e políticas coletivas, como locais de articulação e reivindicação do direito à cidade na luta contra o capital (HARVEY, 2014). Retomando o conceito de heterotopia de Lefebvre ao aproximar as noções e espaço público e urbano à atuação dos movimentos sociais e do cidadão, coloca a ideia de heterotopia em estado de tensão com a isotopia, ou seja, as práticas urbanas em estado de tensão, e não como alternativa, à ordem espacial dada e racionalizada do capitalismo (HARVEY, 2014). Otília atenta, na mesma direção de Harvey e Lefebvre, para a dimensão política que o espaço urbano representa (ARANTES, 2014).

porânea e no urbanismo (BERENSTEIN, 2008). A apropriação do espaço público coloca-se então como experiência coletiva criadora de pertencimento, de uma nova consciência que pode significar a mobilização social, primeiro estágio da articulação com vista à mudança, em busca da alternativa (SOBARZO, 2006). Harvey, ao escrever sobre suas «Cidades Rebeldes», estabelece a importância dos movimentos sociais locais no contexto global e com isso a possibilidade de esperança na construção de uma vida urbana que não seja regida exclusivamente pela lógica do capital (HARVEY, 2014), no mesmo sentido em que considera Lefebvre, quando afirma que a transformação da “totalidade” também depende do “nível micro” ou da esfera da vida cotidiana (LEFEBVRE, 1992, apud SOBARZO, 2006). A PRÁTICA ARTÍSTICA Segundo Pallamin, as práticas artísticas são representações dos imaginários sociais, podendo assim criar situações de visibilidade e presença inéditas, apontar ausências no domínio público e urbano ou resistências às exclusões promovidas por esse espaço, abrindo espaço para novas possibilidades e sociabilidades e criando questionamentos e interrogações sobre a cidade tal como está, no presente, socialmente construída, representada e experienciada, com todas as suas contradições, conflitos e relações de poder (PALLAMIN, 2002).

APROPRIAÇÃO E A INVENÇÃO DO COTIDIANO Pensando em apropriação do espaço, Oscar Sobarzo, em seu artigo «A produção do espaço público: da dominação à apropriação» realiza uma análise da construção dos espaços públicos na lógica de produção capitalista, relacionando-os aos conceitos de dominação e apropriação que giram em torno dessa produção (SOBARZO, 2006) e nos apresentando três noções importantes e características do espaço público nas cidades contemporâneas: a dominação política e econômica na produção desse espaço; a lógica mercadológica que coloca em constante questionamento a relação entre o público e o privado; e a realização da vida materializada nos espaços públicos, ou seja, por meio da sociabilidade e apropriação urbanas (SOBARZO, 2006). Quando se trata das relações de apropriação do espaço, fala-se, então, de uma esfera de “realização da vida humana” (SOBARZO, 2006), e realização de relações socioespaciais ligadas à conceitos de identidade, pertencimento e conceitos subjetivos, que se colocam em resistência à racionalidade e padronização dominantes do sistema. 09. 10.

«Potencializada pela ideia de tornar a cidade disponível para todos os grupos, essa prática crítica inclui dentre seus propósitos estéticos o desafio a certos códigos de representação dominantes, a introdução de novas falas e a redefinição de valores como abertura de outras possibilidades de apropriação e usufruto dos espaços urbanos físicos e simbólicos» (PALLAMIN, 2002). Assim, entendendo que a arte e a prática artística crítica permeiam transversalmente a diversidade dos temas que até aqui foram desenvolvidos, ela aparece, na cidade como maneira ativa de construção de sentidos e modos distintos de inteligibilidade dos domínios urbanos (PALLAMIN, 1998), e também como colaboradora social com os estratos marginalizados e minorias, com práticas que fortalecem-nas em seus espaços de pertencimento (PALLAMIN, 2006), participante constante dos movimentos de resistência, visibilidade e legitimidade na busca pelo direito à cidade. Como Lefebvre coloca, acima de tudo, a arte é importante para a realização da vida urbana (LEFEBVRE, 2001). 12.

De Michel Certeau, em «A invenção do cotidiano», extraímos a noção fundamental da capacidade do cidadão de superar sua condição passiva e alienada, por meio da apropriação do espaço, entendendo ainda que o “espaço é um lugar praticado” (DE CERTEAU, 2003 apud SOBARZO, 2006). 11. Nesse sentido, Paola Berenstein nos apresenta a questão do espaço público e urbano pela perspectiva do corpo do cidadão, em que a experiência urbana e corporal da cidade se coloca como um processo de micro-resistência dentro das cidades contemporâneas, resistência ao que ela chama de «espetacularização da sociedade contemporânea», de espaços cada vez mais privatizados e não apropriados, consciente de que a relação do corpo do cidadão com o corpo urbano é capaz de desenvolver novas formas de apreensão urbana, reflexão e intervenção na cidade contem15


06. parangolé, hélio oiticica. “incorporo a revolta”.

04. série fotográfica paraísos sinistros, de jorge taboada

05. cartogra

10. post-it city, ciudades ocasionales

09. post-it city, ciudades ocasionales

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07. superstudio

afia afetival na comunidade do banhado, sĂŁo josĂŠ dos campos, 2017.

08. superstudio

11.francis alys

12.christo

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“Espaço como ente abstrato, que não existe se não o definirmos. Para que exista precisamos quantifica-lo e qualifica-lo, ele sempre vem acompanhado de outra palavra o adjetivando.” JORGE BASSANI

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13. georges perec, espaรงo

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1881 - 1929 1930 - 1949 1950 - 1960 1961 - 1974 1975 - 1980

escala do território região metropolitana de são paulo

parte 2

1981 - 1997 fonte: centro de estudos da metrópole e embraes

Partindo de uma noção histórica da constituição da região metropolitana de São Paulo, é possível compreender o processo de constituição de suas bordas e regiões periféricas, que representam o recorte de interesse deste trabalho. Ao observar o mapa da expansão urbana da metrópole, é visível a expansão expressiva que ocorre em direção as bordas do município, entre 1950-1960, e para municípios vizinhos entre 1961-1974, decorrentes do deslocamento e descentralização das indústrias de São Paulo, dadas as alterações no processo produtivo e condição de competitividade e modernização que opera entre a década de 50 e 70. Aliado à este fator, está a questão do preço do solo, impostos e incentivos fiscais das terras periféricas frente as centrais. Assim, ocorre uma visível expansão do processo de ocupação e descentralização do setor produtivo, porém com centralização do capital, com o capitalismo financeiro, o que se reflete espacialmente na questão do lugar geográfico e territorialização da pobreza nas bordas e limites do município. Enquanto este processo ocorre na periferia, a acumulação do capital impera nos setores imobiliário e de serviços no centro (CARLOS, 2004). A dinâmica urbana evidencia esse processo de reprodução tanto no plano espacial, em sua dimensão econômica, política e estratégica, quanto no plano social, da vida cotidiana. A ampliação da rede viária e rodoviária se vê motivada basicamente

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sp.

As áreas a norte e a sul, consolidaram-se como mancha urbana, bairros diretamente associados aos principais eixos de transporte, devido aos deslocamentos de grandes distâncias percorridos diariamente pela população para trabalhar. O uso do solo configurou-se majoritariamente residencial, ou seja, monofuncional na maior parte desse território, composto, essencialmente, por bairros-dormitórios, intensificando a dinâmica dos deslocamentos pendulares.

por relações de trabalho, educação, moradia e consumo (BÓGUS & PASTERNAK, 2009), reforçando um modelo de dependência centro-periferia extremamente problemático. Com a redução da taxa de crescimento populacional da cidade de São Paulo, dado que os custos das moradias nas cidades periféricas são mais acessíveis (BÓGUS & PASTERNAK, 2009), se refletem na cidade de São Paulo e, por extensão, na sua região metropolitana, como uma cidade dos anéis. E de acordo com Pasternak (2003), quanto mais periférico for o anel, mais exclusão social e territorial. Contraditóriamente, a partir dos anos 1970 é que surgem nos anéis periféricos os grandes condomínios fechados, principalmente à sudoeste, destinados às classes altas, e em 1990, os condomínios horizontais fechados, se espalhando por toda a região. Assim, o anel periférico foi responsável por 55% do incremento populacional nos anos 1970; 97% do incremento populacional entre 1980 e 1991; e 127% nos anos 1990 (PASTERNAK E BÓGUS, 2003).

A partir da década de 1970, com a chegada da Linha-3 Vermelha do Metrô até Itaquera e a produção em massa de conjuntos habitacionais em Itaquera e, principalmente, em Cidade Tiradentes, o perfil de bairro dormitório consolidou-se definitivamente. Em suma, a Macrorregião Leste 2 apresenta vulnerabilidade social, urbana e ambiental significativas, tem baixa taxa de emprego formal da região, carência pelo acesso a serviços, em especial aos de saúde e educação, precariedade habitacional e graves problemas de mobilidade, com sistemas de transportes públicos sobrecarregados. As dificuldades de deslocamento são reflexo direto das desigualdades socioterritoriais e da conformação do tecido urbano, onde há altíssima concentração de emprego e infraestrutura na área central da cidade e carência nas áreas periféricas.

Como as condições de acessibilidade ao mercado de trabalho e ao consumo são profundamente desiguais, a distância casa/trabalho/ estudo e o tempo gasto nesse percurso são indicadores relevantes na compreensão dos mecanismos reprodutores das desigualdades socioespaciais (FRANCISCONI, 2004; BÓGUS & PASTERNAK, 2009). O que se observa hoje é uma crise decorrente do modo de reprodução da metrópole, mas com cenários de risco e paisagens contraditoriamente ocupadas com perspectivas de continuidade da reprodução desse processo de apropriação do território, rumo ao colapso ou paralisação do sistema como um todo.

A maior parte do território da Macrorregião Leste 2 está inserida na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, que tem objetivos como: promoção da convivência mais equilibrada entre a urbanização e a conservação ambiental; oferta de sistemas de transporte coletivo e de infraestrutura para os serviços públicos; redução de situações de vulnerabilidades urbana; desconcentração de trabalho, emprego e renda. No sentido de ampliar a oferta de emprego e diminuir deslocamento casa-trabalho, o PDE criou áreas estratégicas, sendo uma delas denominada Perímetro de Incentivo ao Desenvolvimento Econômico Jacu-Pêssego, para implantação de usos não-residenciais na região leste.

É nesse contexto que me interessa analisar as bordas do município, os lugares à margem, decorrêntes desse modo de produção da cidade e do território. Um aspecto extremamente relevante é o fato de que na Região Metropolitana de São Paulo não existe uma agência metropolitana ou órgão específico capaz de fornecer subsídios para cooperação intermunicipal através de ações e instrumentos de gestão integrada. Assim, nesses lugares limítrofes é interessante observar a junção de bordas, ou seja, nos municípios vizinhos é possível observar características de ocupação do território e deficiências urbanas semelhantes, além da depêndencia centro-periferia já colocada anteriormente.

PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO - PDE 2014 A leitura do plano diretor estratégico de São Paulo, elaborado em 2014, auxiliou no direcionamento das questões de interesse e, consequentemente, na escolha de um recorte. Alguns termos levantados no plano nos ajudam a entender o território tal como ele existe, mas também quais rumos e diretrizes estão colocadas para a região.

ZONA LESTE O eixo ferroviário da Zona Leste surge em meados do século XIX. Em 1930 passa a existir na região alguns bairros loteados, com sistema viário desenhado, mas ainda não urbanizados, espraiados ao longo de eixos de transporte. Os vetores de expansão no sentido Leste, ao longo das ferrovias e vias principais, associados às poucas conexões viárias na direção Norte-Sul refletem a crescente dependência das áreas centrais da cidade. O Complexo Viário Jacu Pêssego/Nova Trabalhadores, de vias expressas e semi-expressas, foi construído ao final da década de 1990 para suprir parte das demandas por deslocamento na direção Norte-Sul. 21


N


14. google earth, 2018


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leituras regiĂŁo metropolitana de sĂŁo paulo


CONCENTRAÇÃO DE EMPREGO E INFRAESTRUTRA X ÁREAS DE MAIOR VULNERABILIDADE SOCIAL EMPREGOS FORMAIS ÍNDICE PAULISTA DE VULNERABILIDADE SOCIAL VULNERABILIDADE MUITO ALTA VULNERABILIDADE ALTA VULNERABILIDADE MÉDIA VULNERABILIDADE BAIXA fonte: SMDU, 2014.

N 0

1km

2,5km

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10km

ESCALA GRÁFICA

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MACROÁREAS DE INTERESSE MACROÁREA DE ESTRUTURAÇÃO METROPOLITANA MACROÁREA DE REDUÇÃO DE VULNERABILIDADE MACROÁREA DE REDUÇÃO DE VULNERABILIDADE E RECUPEAÇÃO AMBIENTAL fonte: plano diretor estratégico de são paulo, 2014.

a macrozona de estruturação e qualificação urbana é caracterizada pelo grande potencial de transformação, que precisa ser planejado e equilibrado. macroárea de estruturação metropolitana caracterizada por áreas muito povoadas, porém com carência de empregos, ao longo de importantes eixos de transporte. macroárea de redução da vulnerabilidade caracterizada por elevados índices de vulnerabilidade social, com áreas precárias, irregulares e de risco e déficit na oferta de serviços, equipamentos e infraestrutura urbana. macroárea de redução da vulnerabilidade e recuperação ambiental caracterizada por elevados índices de vulnerabilidade socioambiental, com áreas precárias, irregulares e de risco e déficit na oferta de serviços, equipamentos, infraestrutura urbana e segurança ambiental.

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ESCALA GRÁFICA

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ZONAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL ZEIS 1 ZEIS 2 ZONA RURAL fonte: plano diretor estratégico de são paulo, 2014.

as zonas especiais de interesse social são porções do território destinadas, predominantemente, à promoção de moradia digna para a população de baixa renda. apesar da questão da habitação ser central, melhorias urbanísticas são imprescindíveis, prevendo, portanto, equipamentos sociais, infraestruturas, áreas verdes, comércios e serviços locais. zeis 1 - áreas caracterizadas pela presença de favelas e loteamentos irregulares e habitadas predominantemente por população de baixa renda zeis 2 - áreas caracterizadas por glebas ou lotes não edificados ou subutilizados, adequados à urbanização

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ESCALA GRÁFICA

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TRANSPORTE PÚBLICO EXISTENTE LINHA E ESTAÇÕES DE TREM LINHAS E ESTAÇÕES DE METRÔ CORREDOR DE ÔNIBUS MUNICIPAL CORREDOR DE ÔNIBUS INTERMUNICIPAL fonte: plano diretor estratégico de são paulo, 2014.

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TRANSPORTE PÚBLICO PLANEJADO LINHA E ESTAÇÕES DE TREM LINHAS E ESTAÇÕES DE METRÔ CORREDOR DE ÔNIBUS MUNICIPAL CORREDOR DE ÔNIBUS INTERMUNICIPAL LINHA DE MONOTRILHO MODAL A SER DEFINIDO fonte: plano diretor estratégico de são paulo, 2014.

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N

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ESCALA GRÁFICA

ESCALA GRÁFICA

EQUIPAMENTOS DE CULTURA EM SÃO PAUL0

EQUIPAMENTOS DE EDUCAÇÃO EM SÃO PAUL0 CEUS

BIBLIOTECAS

ENSINO TÉCNICO

MUSEUS

SESI/SENAI/SENAC

TEATROS/CINEMAS/SJOWS

REDE PÚBLICA INFANTIL

ESPAÇOS CULTURAIS OUTROS fonte: mapa digital da cidade de são paulo, 2011.

REDE PÚBLICA FUNDAMENTAL REDE PRIVADA fonte: mapa digital da cidade de são paulo, 2011.

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DISTRIBUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS

N

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ESCALA GRÁFICA

EQUIPAMENTOS DE CULTURA EM SÃO PAUL0 ESTÁDIO CLUBE CLUBE DA COMUNIDADE CENTRO ESPORTIVO fonte: mapa digital da cidade de são paulo, 2011.

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subprefeitura de são rafael zona leste

+

proporção da população sem acesso próxim (1km) à equip mentos públic de cultura

bordas da metrópole distrito de são rafael

35,60%

percentual de participação das faixas etárias de até 14 anos e 60 e mais

parte 3

distrito de são mateus

região metropolitana de são paulo

área: 13,2 km²

cia: n â n omi pred nças e s e cria escent l ado

57,04%

leste 2

população: 151.017 hab

percentual de trabalhadores que gastam mais de uma hora no deslocamento casa - trabalho

pre d res ominâ idê n nci cia: al

32

São Rafael é distrito integrante da subprefeitura de São Mateus, fazendo divisa com os distritos de São Mateus e Iguatemi, e os municípios de Mauá e Santo André, pertencente à zona leste 2 da Região Metropolitana de São Paulo. A escolha do distrito explica-se pelas leituras anteriormente apresentadas, nas quais se mostra o evidente interesse em estudar as bordas e fronteiras da RMSP. O distrito de São Rafael destaca-se por ser uma importante junção de Zonas de Especial Interesse Social, concentrando em grande parte de sua área ZEIS 01 (favelas e loteamentos precários e irregulares) e ZEIS 02 (vazios urbanos com pressão por urbanização). A questão da escolha pela zona leste explicasse pelo interesse em como os distritos desta borda da RMSP apresentam características semelhantes à características encontradas nos municípios vizinhos - bordas que se encontram, o que reflete em certa homogeneidade na paisagem, ocupação do território além de características de mobilidade. Como moradora do ABC por 23 anos, a forte relação de depêndencia centro-periferia, a não-variedade de modais, a distância moradia-trabalho, a questão das cidade-dormitório e cidades industriais e como isso se reflete na sociabilidade urbana e construção da cidade são questões que sempre me instigaram, assim, a escolha de São Rafael me coloca em proximidade com essas questões, porém se atendo ao município de São Paulo. As bordas da metrópole guardam locais com características muito discrepantes do imaginário que se tem da capital paulistana, e essa é uma questão para mim extre-


43,3%

da população é classificada nos grupos 5 e 6, grupos de alta vulnerabilidade segundo o IPVS - Índice Paulista de Vulnerabilidade Social

+

carência do sistema de mobilidade

proporção da população sem acesso próximo (1km) à equipamentos públicos de esporte e lazer

40,50% viajam a pé

+

36,70%

m mo pacos

11,30%

área de intervenção: setores censitários com densidade demográfica >400hab/ha e IPVS 5 e 6

proporção da população sem acesso próximo (1km) à parques

os residentes buscam serviços, equipamentos e comércio que se localizam nas proximidades, em outras subprefeituras

mamente instigante. A segregação social-econômica-espacial é clara e desenhada. Os mapas de transporte público existente e em expansão mostram como o distrito, mesmo nos planejamentos do plano diretor, continua(rá) isolado da malha urbana em se tratando de mobilidade urbana, variedade de modais e integração fácil ao centro, o que interfere diretamente na qualidade de vida da população.

dados, existe um enorme potêncial de transformação da região, que necessita ser planejado e controlado. Dos objetivos colocados pelo Plano Diretor Estratégico de 2014 estão: • Atender demanda por equipamentos e serviços públicos sociais; • Melhorar a acessibilidade e mobilidade local • Promover a regularização fundiária e urbanística • Melhorar a segurança pública local. Das diretrizes para a realização destes objetivos, estão: • Indicar diretrizes de parcelamento do solo, com implantação viária garantindo a continuidade dos logradouros e buscando tornar possível o atendimento futuro por linhas de ônibus, e boa localização das áreas para equipamentos e áreas verdes; • Realizar melhorias viárias, qualificação do espaço livre público e arborização urbana; • Estudar melhorias viárias na Estrada Santo André para possibilitar o atendimento por ônibus e na Rua Morro das Pedras; • Atender demanda por infraestrutura para deslocamento em bicicleta; • Incentivar a instalação de edifícios de uso misto, com térreo preferencialmente comercial ou de serviços, visando atender a população local e ofertar empregos; • Garantir total atendimento às infraestruturas básicas; • Avaliar a possibilidade de instalação de equipamentos públicos em terrenos vazios ou remanescentes, ou ainda nos térreos • Incrementar iluminação e segurança pública. • Atender a demanda por espaços livres públicos de lazer e esporte.

De todo esse contexto, ainda é necessário se aproximar da escala do território para a escala do bairro. Deste recorte, chega-se ao Parque São Rafael, um dos bairros mais antigos do distrito, situado à sudoeste, próximo ao Pólo Industrial de Capuava e divisa com o município de Mauá, ao sul, cujo tecido urbano tem dois vetores de conurbação com esta área do município, um sobre as bordas do Ribeirão do Oratório, com o Distrito de São Rafael; o outro estende-se a leste da Av. Jacu Pêssego/ Nova Trabalhadores. Abrange importantes vias como a Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores (anel leste do rodoanel), Bandeira de Aracambi, Morro das Pedras e Rodolfo Pirani. A área é caracterizada por grandes varios urbanos, glebas não parceladas com pressão por urbanização (ZEIS 02) e grande parcela de moradias precárias e irregulares e favelas (ZEIS 01), com, como já pontuado anteriormente, sistema viário e demais infraestruturas urbanas deficientes. Ao mesmo tempo, integra parte do perímetro de incentivo ao desenvolvimento econômico demarcado pelo Plano Diretor Estratégico do município de São Paulo, 2014. Desses

33


SÃO RAFAEL ITAQUERA

SAPOPEMBA

STO ANDRÉ

N

34


subprefeitura de são mateus zona leste de são paulo

IGUATEMI

MAUÁ 35

15. google earth, 2018.


CONSOLIDADO X EM CONSTANTE TRANSFORMAÇÃO

N

36


ÁREAS DE FRONTEIRA DENTRO DA PRÓPRIA FRONTEIRA rodovias, malhas urbanas, áreas de preservação, declividades, rios

O

37

16. google earth, 2018.


N

38


39

17. google earth, 2018.


DENSIDADE DEMOGRÁFICA QUANTIDADE DE HABITANTES/HA ATÉ 92 92 -146 146 - 207 207 - 351 351 - 30346 fonte: geosampa, 2018.

N

40


ÍNDICE PAULISTA DE VULNERABILIDADE SOCIAL VULNERABILIDADE MUITO ALTA VULNERABILIDADE ALTA VULNERABILIDADE MÉDIA VULNERABILIDADE BAIXA VULNERABILIDADE MUITO BAIXA SEM CLASSIFICAÇÃO fonte: geosampa, 2018.

N

o mapa da vulnerabilidade social indica que, nas áreas para onde cresce a população periférica, nas quais surgem ocupações irregulares, loteamentos precários e favelas, frequentemente associaidas à áreas de várzea e declividade, nas bordas da malha urbana consolidada, aparecem os maiores índices de vulnerabilidade do distrito. para além da questão da moradia, aparece a questão da deficiência do transporte público e dos equipamentos públicos sociais no raio de distância acessível para a população. além disso, a grande área livre demarcada no mapa índica o antigo aterro sanitário de sapopemba, desativado na década de 80, atual parque sapopemba.

41


PADRÃO HABITACIONAL LOTEAMENTO PRECÁRIO NÚCLEO FAVELA fonte: habita sampa, 2018.

N

42


ZONAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL ZEIS 1 ZEIS 2 fonte: plano diretor estratégico de são paulo, 2014.

N

43


EQUIPAMENTOS PÚBLICOS ESPORTE CULTURA EDUCAÇÃO fonte: centro de estudos da metrópole.

N

44


LINHAS DE ÔNIBUS LINHAS DE ÔNIBUS VIAS PRINCIPAIS fonte: sptrans.

N

45


46


47

18. satdrops.com, 2018.


parte 4

texturas da malha urbana e histórico de ocupação 48

A questão das texturas da malha urbana surge espontâneamente e de maneira muito visual: nas primeiras buscas no google earth, a questão das difentes malhas urbanas que se fazem vizinhas, próximas, ainda, à terrenos vazios em contraste à uma ocupação densamente consolidada na maior parte do distrito, chama atenção para a área selecionada como recorte a ser estudado. Realizando uma aproximação por meio do street view, foi evidente a mudança de paisagem, e consequentemente de sociabilidade ligada a cada uma das texturas da malha, revelando modos distintos de ocupação, planejada ou espontânea. Nas próximas páginas, faço uma tentativa de relacionar os diversos aspectos relacionados às texturas encontradas. Sobre as questões da apropriação e sociabilidade, observa-se que elas estão diretamente relacionadas com a tipologia da habitação em questão. No sobrado, por exemplo, o cidadão tem inúmeras possibilidades a serem exploradas: posso criar um andar a mais, colocar um portão alto ou baixo, transformar o térreo em comércio ou serviço, expandir esse comércio ou serviço para a calçada por falta de espaço, pintar a fachada da minha cor preferida, utilizar a garagem para meu automóvel próprio ou para a bicicleta e plantas. O contrário ocorre nos prédios de conjunto habitacional. A primeira palavra que vem em mente é padronização, e homogeneização dos modos de vida. Enquanto os apartamentos parecem não oferecer um espaço adequado às famílias, entre os prédios e


as grades que os separam da rua, estão reservados espaços livres, porém quase sempre inutilizados e desqualificados, que se tornam estacionamentos com coberturas improvisadas pelos moradores, e até mesmo uma extensão da lavanderia de casa para aproveitar o ar livre e o sol. Nas áreas de favela, o que se observa é uma precariedade na implantação das casas que, amontoadas, têm a iluminação e ventilação comprometidas, e estruturas precárias, normamente em áreas de risco ambiental (próximo à rios, àreas de preservação e declive). Porém, a qualidade da implantação está nos caminhos que se fazem por dentro do bairro - características das favelas são as vielas, caminhos pensados pelo e para o pedestre, que colocam para a malha urbana a dimensão dos «olhos da rua», a proximidade da casa com a rua, que promove uma situação urbana que, apesar de carecer de muita infraestrutura, é interessante do ponto de vista da sociabilidade. Nesse caso, é muito comum que parte da casa se torne um comércio ou serviço, que se esparrama pra fora da casa. Na página seguinte, na tentativa de entender como se conforma a malha urbana do recorte, uma sequencia de imagens de satélite da região, entre 2004-2018, ajuda a observar como a área se transformou e alterou intensamente, ano a ano, e também, como se dá essa dinâmica de produção do espaço urbano. É possível detectar um movimento cíclico de ocupação da terra vazia > adensamento da favela > construção de conjunto habitacional modelo cdhu > remoção da favela > ocupação da terra varia, e assim por diante. Entendendo que o processo tem se dado como cíclio nos útimos 15 anos, e que tente a continuar enquanto houver a demanda pela moradia, buscarei entender a aproximação projetual não apenas como intervenção pontual, que aceita o que está dado, mas como uma intervenção que indique diretrizes para a construção de espaços urbanos menos inóspitos.

49


favela

muitas áreas verdes

2006

2004

densificação da favela

novo connjunto

remoção da favela demarcação da rodovia

novo connjunto

formação de favela

2009

2008

?

2012

2012


espalhamento da favela

dermacação do caminho da rodovia

2007

ocupação da borda

remoção da favela

19. google earth, 2018.

densificação da favela

construção da rodovia

novo connjunto

densificação da favela

2011

? novo connjunto

?

formação de favela

recuperação da vegetação

densificação da favela

2016

consolidação da favela


hipóstese: cada textura da malha urbana influi diretamente na paisagem ao caminhar, na maneira como as pessoas se apropriam do espaço, nos tipos de interação e dinâmicas coletivas, na segurança pública e número de pessoas nas ruas, conformando tipos de cidade distintos dentro de um mesmo território. assim, cada textura colocaria as próprias diretrizes para intervenção projetual, criando maneiras distintas de intervir em cada uma delas?

3. 1.

2.


4. 5.

20. geosampa, 2018.


a r. b

apropriaçþes e acontecimentos nas ruas princiapais

av. ro dolfo pirani

mapa sensĂ­vel

nd

ad eir

ea

bi am rab

essa urbanidade entra pra dentro do bairro?

r. morro

das pedr as

N

grau de u

54


mapeamento sensível apropriações e acontecimentos

predominância de estruturas temporárias (barraquinha, o trailer) e uso misto com térreo comercial e de serviços

concentração de pessoas relacionada com uma estrutura física, que se estende para a calçada, provém sombra ou local para sentar

urbanidade

imagens: google street view, 2011.

55


mapa sensível

apropriações e acontecimentos nas ruas secundárias

utilização do térreo ou frente das casas com fins comerciais e de serviço

N

56


ausência de espaços físicos como suporte para o encontro, que acontecem principalmente no portão de casa e na rua

presença de muitas pessoas na rua

imagens: google street view, 2011.

57


12

a r. b

nd

ad eir

ea

bi am rab

av. ro dolfo pirani

04 02

03

05 06

espaรงos livres, residuais e potenciais

mapa possibilidades

01

r. morro

das pedr as

07

0

N

58


01 existente: estacionamento improvisado 02 existente: praça 03 existente: praça 04 existente:quadra, pista de skate 05 existente: quadra 06 existente: praça 07 existente: quadra 08 existente: terreno vago 09 existente: estacionamento improvisado 15

9 14

13

10 existente: terreno vago 11 existente: terminal de ônibus, praça 12 existente: terreno vago 13 existente: estacionamento improvisado 14 existente: estacionamento improvisado 15 existente: estacionamento improvisado

16

16 existente: terreno vago 17 existente: terreno vago 18 existente: quadras 19 existente: estacionamento improvisado 20 existente: centro comercial e de serviços, praça 21 existente: estacionamento improvisado

23

rod. jacu pêssego / nova

11

22 existente: estacionamento improvisado 23 existente: estacionamento improvisado

trabalhadores

10

22

18

17

09

21

19

08

20

os formatos em rosa representam espaços livres potênciais para a intervenção, caracterizados por similaridade de uso/ situação: pequenas praças, quadras/campinhos, estacionamentos improvisados, locais de relevo em declive acentuado, vazios inutilizados

59



20. google earth, 2018.


DI EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

CALÇ

TRANSPORTE PÚBLICO

INFRAESTRUTURA

MORADIA

S P

TRABALHO USO MISTO

aproximação projetual

parte 5

MULTIFUNCIONALIDADE CENTRALIDADE PÚBLICO X PRIVADO

RESÍDUO

TÉRREO COMERC

OCUPAÇ DA RUA

CALÇADA AUSÊNCIA

S

RUA COMO EXTENSÃO PASSAGEM

EST

PER

VAZIO ESTACIONAMENTO 62

DESNÍVEL


APROPRIAÇÃO

IREITO À CIDADE

COTIDIANO

ÇADA RUA

SEGURANÇA PÚBLICA

COLETIVO

URBANIDADE

CIDADÃO

SOCIABILIDADE AUTOCONSTRUÇÃO CONJUNTOS HABITACIONAIS

SERVIÇOS

O CIAL

ZEIS 01

PESSOAS

ZEIS 02 ESPAÇOS LIVRES VAZIOS URBANOS PRESSÃO POR URBANIZAÇÃO

ÇÃO PERMANÊNCIA

TAR

COBERTURA SOMBRA

demandas conceitos diretrizes

RCURSO

63


23. playground, aldo v

aproximação projetual

referências

21. parc de la villette, paris.

22. quadra em bangkok.

64


26. parque da juventude, sĂŁo paulo.

van eyck.

27. parque da juventude, sĂŁo paulo.

24. lab pro fab, caracas, venezuela.

25. lab pro fab, caracas, venezuela.

65


hipóstese: da hipótese anterior, confirma-se que cada textura reflete em situações urbanas difrentes entre si. mas a intervenção projetual não vai por este caminho. as texturas urbanas apresentam distintos níveis de qualidade da vida urbana, relacionados com os fatores de espaços livres existentes, inserção na malha urbana consolidada, condições de mobilidade.

áreas selecionadas

mapa intervenções

tal situação, de ordenação qualitativa, me leva a dar maior atenção para as texturas em condições críticas, dentro do recorte selecionado (2 e 3)

as 06 possibilidades de espaços selecionados, dentro dos propostos anteriormente, se justificam pela por características semelhantes, sendo elas: RELAÇÃO COM O ENTORNO inserção na junção entre uma ou mais texturas da malha urbana, nos limites ou mesmo na fronteira ÁREA ÚTIL E ESCALA da diversidade de escalas encontradas no mapa anterior, as selecionadas têm como característica maior área disponível, mesmo que com a interferência do relevo CENTRALIDADE as áreas propõe a criação de novas centralidades na malha urbana, na busca por uma melhor distribuição de equipamentos, comércios e serviços, fatores que dinamizam a vida urbana.

66

gradeado estacionamento desnível centralidade vazio

N


5. av. v rodo v. rod lfo pirani

rod. jacu pĂŞssego / nova

ores trabalhadores

2.

6. 3.

das pedra s r. morro

4. 1.

67


terminal de ônibus

área 1

rio

intervenção r. da prata

rua passagem

como é:

fluxo serviço/comércio av. rodo lfo pira ni rod. jacu pêssego / nova

equipamento

trabalhadores

lote vegetação

r. morro

muros lixo acumulado terrenos vazios área de preservação ameaçada

das pedra s

área de projeto área construida

a creche deixa de ser murada e divide uma parte com o espaço público

terreno baldio ganha um programa voltado às crianças: teatro, cinema

68


quitanda

bar

passagem lúdica entre o bairro e a praça

as crianças saem da creche e brincam na praça

passagem por escadaria até as quadras da várzea

área de preservação

quadras

creche

carrinhos de comida chegam depois da aula e ocupam a praça

os carros são parte importânte da paisagem, precisa ter um lugar pra estacionar

o

as pessoas estendem a casa para a calçada

o térreo e frente das casas se torna um pequeno comércio ou serviço

69


70

potĂŞncial para paisagem

barreira fĂ­sica/visual


1.

1.

área 1

intervenção r. da prata 71


área 2

rio

intervenção r. das flores

rua passagem

como é:

serviço/comércio

muros muitas grades lixo acumulado terreno vazio centralidade de equipamentos públicos

rod. jacu pêssego / nova

equipamento

av. rodo lfo pira ni

fluxo

trabalhadores

lote vegetação

r. morro

das pedra s

área de projeto área construida

quadra e pista de ska

72


serviço/comércio equipamento lote vegetação área de projeto estrutura física: banheiros + bebedouro + atelies + lanchonetes

área construida

importante ter vagas para estacionar as crianças saem da creche e da escola e fazem atividades na praça

programas e atividades para jovens e crianças

a escola faz eventos aqui todo mês, como se a praça fosse uma extensão

EMEI conjunto habitacional

EMEF josé carlos nicoleto

UBS jardim são francisco

CEI jardim são francisco

EMEF julio de grammont

ate

73


74

potĂŞncial para paisagem

barreira fĂ­sica/visual


2.

2.

área 2

intervenção r. das flores 75


área 3

rio rua passagem

intervenção coruja do campo

como é:

fluxo serviço/comércio av. rodo lfo pira ni rod. jacu pêssego / nova

equipamento

trabalhadores

lote vegetação

r. morro

barreiras muros de arrimo declividade acentuada mobilidade falha muita área livre

das pedra s

área de projeto área construida

EMEF josé carlos nicoleto

UBS jardim são francisco

EMEF julio de grammont

76


área de preservação

próximo à quadra, carrinhos de comida estacionam no fim da tarde, depois da aula

quadra

EMEI conjunto habitacional

os moradores tem uma estrutura coletiva de estacionamento e lavanderia

as crianças precisam de lugar para brincar

os jovens ganham um espaço para lazer: praça em patamares, teatro de arena e pista de skate, onde acontecem os slams e batalha de hip hop da comunidade

e uma estrutura para o mercadinho e a padaria se instaralem pertinho das casas CEI jardim são francisco

terminal de ônibus

77


78

potĂŞncial para paisagem

barreira fĂ­sica/visual


3.

3.

área 3

intervenção coruja do campo 79


área 4

rio rua passagem

intervenção r. morro das pedras

como é:

fluxo serviço/comércio av. rodo lfo pira ni rod. jacu pêssego / nova

equipamento

estacionamentos improvisados comércios e serviços no térreo trabalhadores

lote vegetação

r. morro

das pedra s

área de projeto área construida

80


pass

flux

serv

equ os moradores tem uma estrutura coletiva de estacionamento e lavanderia

lote

veg

área

área

praça do ônibus, com uma cobertura

mirante ligado aos bares que já existem

o teatro de arena aproveita o desnível e acolhe eventos culturais dos moradores

comércios e serviços próximos às residências facilitam o cotidiano dos coradores

81


82

potĂŞncial para paisagem

barreira fĂ­sica/visual


4.

área 4

4.

intervenção r. morro das pedras 83


área 5

rio rua

intervenção r. torelli

passagem

como é:

fluxo serviço/comércio av. rodo lfo pira ni

equipamento

rod. jacu pêssego / nova

vegetação

trabalhadores

lote r. morro

das pedra s

área de projeto área construida

84

estacionamentos improvisados muitas grades mobilidade reduzida espaços de estar inóspitos


quadras

escadaria facilita a mobilidade

área coberta para convívio dos moradores

comércio, serviços e bares

85


86

potĂŞncial para paisagem

barreira fĂ­sica/visual


5.

5.

área 5

intervenção r. torelli 87


área 6

rio rua

intervenção r. artot

passagem

como é:

fluxo serviço/comércio av. rodo lfo pira ni

equipamento

rod. jacu pêssego / nova

vegetação

trabalhadores

lote r. morro

estacionamentos improvisados muitas grades declividade acentuada mobilidade impossibilitada

das pedra s

área de projeto área construida

quadras

88


a passagem resolve a mobilidade do declive, aproximando os conjuntos habitacionais próximos à malha consolidada

nessa área, um equipamento dá vida ao cotidiano dos moradores

no nível mais alto, uma praça de convivência dos moradores

89


90

potĂŞncial para paisagem

barreira fĂ­sica/visual


6.

6.

área 6

intervenção r. artot 91


29. maquete de estudos.

92


30. maquete de estudos.

93



bibliografia

parte 6

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95


junho


2018


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