18º Revista Mazup - Geração "qual a senha do wi-fi?"

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Não recomendada < 18 anos.

eDIção 18 Ano 4 - Nov-dez/15 distribuiçÃO Free

gerAção “qual a sEnha do Wi-fi?”






ROLÉ PELA EDIÇÃO

LETRA DE QUEM LEU

NOSSA CAPA

eXPediente

8 Trash Net 10 Beer Session / Elas são “de família” 14 Sense8 e a genialidade de uma narrativa criativa 18 Quem nunca? / Abrindo a champa do Réveillon 19 Está provado: amor entre cães e donos é o mesmo de pais e filhos 20 Horóscopo maldito / Amigo secreto 22 #TemCuPaEu / Inferno são os outros 23 Falar mais de uma língua pode salvar você de um AVC 24 Nem oito, nem oitenta / Novela PL 5069 26 Capa / Internet: um potencial desperdiçado 34 Uma espiada no futuro 40 Troninho / Sobre amnésias históricas, Ano Novo, Carnaval e vadiagem

42 O amanhã não existe: hoje é apenas o amanhã de ontem 46 Retratação 15ª edição 48 Coluna do Lucas / Vivian Maier e o registro de seu tempo 50 Publieditorial / Mais de mil alunos embarcam no Tour da Felicidade 54 Estudo elege as 20 melhores músicas para acordar 56 Conversa Casual / A semente da discórdia 58 Desabafo / Ciclos

Entrevistas e artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Revista Mazup.

Kellvy Barth “Hoje em dia, é difícil falar sobre algo que tem uma enorme relevância na vida dos jovens. A revista é inovadora, sempre com temas atuais e que instigam os jovens leitores a tirarem parte do seu tempo para dedicarem-se à leitura. Só isso? Não! Para completar, ainda são potterhead’s: na edição 17 trouxeram a matéria J.K. Rowling revela detalhes sobre a família Potter. Isso é muita perfeição para uma revista só. Awesome! \o/“.

Ficou na dúvida, tem sugestões ou quer dar letrinha? revista@mazup.com.br

Direção Maico Eckert maico@mazup.com.br

Redação Bárbara Corrêa revista@mazup.com.br

editora Kelly Raquel Scheid kelly@mazup.com.br

Bárbara Scheibler Delazeri revista@mazup.com.br

leitura experimental Bárbara Scheibler Delazeri

João Timotheo Esmerio Machado revista@mazup.com.br Kelly Raquel Scheid kelly@mazup.com.br

Lucas George Wendt revista@mazup.com.br Márcio Grings revista@mazup.com.br Renan Silva revista@mazup.com.br Comercial Maico Eckert maico@mazup.com.br


Mateus da Silva “Gostei da matéria Conversar com estranhos nos deixa mais felizes, não só pelo estudo por trás, mas também porque creio que precisamos aprender a prestar mais atenção e a conversar mais com estranhos. A correria do dia a dia nos deixa parcialmente cegos e iniciar uma conversa em lugares públicos como ônibus, festas ou parques, aliada ao bom senso, pode, sim, fazer nosso dia mais feliz. Além de que demonstrar interesse pelos outros é um caminho para adquirir conhecimento e novas ideias. Parabéns à equipe Mazup!”.

Projeto gráfico Pedro Augusto Carlessi Diagramação Dobro Comunicação Felipe Johann Impressão e CTP Grafocem

Marco Gonçalves “Eu tenho o hábito de ler a revista, uma das poucas ferramentas de conteúdo jovem da nossa região. Na última edição, a matéria que mais me chamou a atenção foi a Conversar com estranhos nos deixa mais felizes. Morando na ‘cidade grande’ – Porto Alegre – há pouco tempo, percebo o quanto isso é verdade. Frequentemente conheço umas figuras muito diferentes na fila do pão, por exemplo. Como nem tudo são flores nesta vida e aí vai minha crítica: não curto o Horóscopo Maldito, pois acho sem graça. No mais tá tudo certo!”.

(51) 3748-2459 Rua Júlio May, 217/03 Lajeado/RS Mazup é um veículo multiplataforma de comunicação jovem.

Cristian Griesang “Sempre busco reservar um tempo para espiar o que rola na revista do Mazup. Geralmente, encontro ela na Loja Baiuka, em Arroio do Meio, e a partir de então vou até o sofá de casa usufruir um pouco mais dos diversos assuntos abordados. Todas as edições trazem matérias com temas atuais e de leitura leve, o que torna o material mais interessante e capaz de atingir pessoas de todas as idades. Parabéns pelo trabalho!”.

mazup.com.br revista@mazup.com.br tonomazup mazup tonomazup

Klaus Krein “Sempre com temas atuais, a revista mais maneira de todas se supera a cada edição. Nessa 17ª edição dou enfoque especial para matéria que trata do De Boas Way Of Life, que seria interessante se todo mundo lesse e tentasse praticar na sua vida, tornando o mundo um lugar com mais deboísmo! Continuem nesta incessante superação, sempre acompanhada de bom humor e com estilo jovem que contagia e cativa todos os leitores!”.


trash net

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UMA DÉCADA PARA O TELETRANSPORTE

PAPEL HIGIÊNICO, ADIÓS!

NINTENDO CHEGA AOS SMARTPHONES

100 ANOS EM UM MINUTO

Facebook e suas traquinagens! De acordo com o diretor técnico Mike Schroepfer, a rede social, até 2025, pretende “construir uma máquina que vai deixar você ir a qualquer lugar, com qualquer pessoa, independente de fronteiras geográficas”. Poderemos moldar objetos e cenas e até apertar a mão de alguém através do sensor de pressão que será desenvolvido pela Oculus — a empresa do Rift, gadgets de realidade virtual.

Em países europeus e da América do Norte, lixeiras já são dispensadas nos banheiros, já que o costume é colocar os papéis higiênicos usados no vaso sanitário. Apenas absorventes e fraldas não vão por água abaixo! A opção é mais higiênica, no entanto, nem todas as regiões possuem tubulações que suportam o descarte. Por isso, o empreendedor canadense Miki Agrawal propôs uma alternativa: o Tushy, que dispara um jato de água no bumbum. O aparelho é vendido em duas versões — com água fria (R$ 210) e quente (R$ 288).

Os fãs de Nintendo têm um belo motivo para comemorar! No fim de outubro, a fabricante de games anunciou seu primeiro jogo para smartphones: o Miitomo! Na plataforma, desenvolvida em parceria com a DeNA, os usuários poderão criar seu próprios Mii e interagir com outros avatares sobre diversos assuntos. A empresa anunciou que o lançamento ocorre em março de 2016 e que pretende lançar mais quatro apps até o primeiro semestre de 2017.

O site cut.com ganhou repercussão entre os brasileiros após a 100 Years of Beauty, série que resume em vídeos um centenário da evolução de cortes e penteados — tanto de homens como de mulheres. As produções de moda variam de país para país e foi a vez do Brasil ganhar episódio, estampado pela modelo Cintia Dicker: 100 Years of Beauty — Episode 11: Brazil (Cintia Dicker). A ruivalidade da gaúcha não agradou muito e o canal respondeu que ganharemos mais um vídeo da série.



elAs são “dE famÍlia” voCÊ já SaBe que PaRa TeRMoS uMa CeRveja São NeCeSSáRIoS quaTRo INGReDIeNTeS – áGua, lúPulo, MalTe e leveDuRaS. Na úlTIMa eDIção, eSMIuçaMoS o PaPel De CaDa CoMPoNeNTe Na ReCeITa e exPlICaMoS PoR que aS aRTeSaNaIS Se SoBReSSaeM àS MaSSIFICaDaS: ao INvéS De aPelaReM PaRa

CeReaIS Não MalTaDoS e aDITIvoS quíMICoS, CoMo FoRMa De BaRaTeaR oS CuSToS e aCeleRaR oS PRoCeSSoS De PRoDução, aS aRTeSaNaIS PRezaM Pelo CuMPRIMeNTo Da leI Da PuReza, NuTRIção Do líquIDo e qualIDaDe Da FaBRICação, ReSPeITaNDo o TeMPo que CaDa eTaPa exIGe.

Yeah, apenas um quarteto de componentes e chegamos a dezenas de aromas e sabores. Atualmente, 103 estilos de cervejas são avaliados pelo Beer Style Guidelines, do Beer Judge Certification Program (BJCP)! O guia é referência mundial – sua utilização vai desde campeonatos ao estabelecimento de padrões para produções – e recebeu atualização em 2015, passando a ter 23 estilos a mais do que a edição de 2008.


Além das adições, a revisão inclui extinções e modificações de nome. São notáveis os reagrupamentos, um reflexo da nova postura assumida pela edição: ao invés de aglomerar estilos com base na sua descendência ou família em comum, os mesmos foram reunidos conforme características compartilhadas. Logo, as 23 categorias anteriormente descritas, hoje são 34 categorias. A maior novidade do guia 2015 comemorada pelos cervejeiros foi a inclusão da categoria Historic Ales, responsável por incubar tanto estilos extintos como aqueles que antigamente eram superpopulares e hoje costumam aparecer no mercado através de recriações ou homenagens. Estilos que ainda não se solidificaram, mas que estão ganhando notoriedade, também foram considerados e são encontrados no Apêndice B. Lembra quando descrevemos na revista passada, Para onde vai seu tempo?, que as leveduras – fungos encarregados da fermentação do mosto – podem atuar na superfície ou no fundo do fermentador e, ainda, de forma espontânea? É nesse ponto que começam as diferenças entre as cervejas, distribuídas em três grandes famílias ou grupos denominados Ale, Lager e Lambic.

Ale | pronuncia-se “êile” produzidas entre 15 e 24°C, as ales são conhecidas por cervejas de alta fermentação ou a quente. Como têm o processo mais antigo de fabricação, as cervejas do tipo Ale eram as únicas disponíveis até o século Xv – quando foi inventada a baixa fermentação e, consequentemente, o grupo Lager. Justamente por terem mais “estrada”, a família engloba mais estilos e diferenças entre eles. As ales são notadas como bebidas mais encorpadas e vigorosas devido às características complexas que possuem,

assumindo aromas e sabores mais frutados, maltados e lupulados. A explicação está na maior adição de malte e lúpulo e, ainda, na exclusão do processo de filtragem que o líquido pode receber após a maturação. também prezam por um envelhecimento de maior duração. são ales os estilos típicos da bélgica e da inglaterra, além das cervejas produzidas com malte de trigo na Alemanha. A coloração escura predomina nesta família, que apresenta teores alcoólicos mais elevados.


lAger | pronuncia-se “láguêr” É a família mais consumida no mundo, graças ao estilo Pilsner/Pilsener/ Pilsen. No Brasil, por exemplo, o estilo representa cerca de 99% das vendas, valor que está diminuindo devido à ascensão das artesanais e o desenvolvimento de um paladar mais exigente e curioso do público brasileiro. Originárias da Europa Central entre os séculos XIV e XVI, as lagers têm baixa fermentação ou fermentação a frio – temperatura varia de 6 a 12ºC. O crédito pela invenção desta fermentação é dos alemães: até então, todas as

cervejas consumidas no mundo eram do grupo Ale. São bastante filtradas, logo, adquirem um aspecto mais brilhante e um maior drinkability, que em resumo significa que são mais fáceis de serem consumidas em quantidades maiores. Geralmente, possuem graduações alcoólicas menores ou médias e a maior parte dos atuais estilos alemães e checos se encaixam neste grupo. Costumam ser leves, moderadamente amargas e claras – diferentemente das ales –, mas nada impede que apresentem líquidos mais escuros.

lAmbic | pronuncia-se “lãmbic” Atípicas e pouco conhecidas no Brasil, as lambics lembram, em sua maioria, vinhos espumantes e formam este terceiro grupo as cervejas de fermentação espontânea, no qual o tanque fica aberto. Diferentemente dos processos controlados empregados nas famílias Ale e Lager, a Lambic expõe o mosto a leveduras selvagens encontradas apenas em regiões da Bélgica. A raridade dessa microflora não só culmina na dificuldade de encontrar labics, como no seu preço elevado. O grupo

é marcado por características ácidas e também frutadas, já que receitas podem incluir frutas como forma de ajudar a fermentação ou de amenizar o aroma e sabor cítricos das cervejas. A tradicional maturação em barris de madeira contribui para a complexidade das lambics. Assim como nas ales, a fermentação costuma acontecer no topo e, por isso, a família Lambic é tão antiga quanto a Ale. É comum as lambics necessitarem mais de uma fermentação, acarretando na demora.


Admirável mundo novo Agora que as devidas apresentações às famílias foram feitas, sinta-se em casa – com direito a abrir a geladeira – e estreite as relações. No entanto, tenha em mente que o universo cervejeiro vai além dessa breve introdução aos três grupos, então, nada de afundar no sofá. Cervejas sem famílias e com outras nomenclaturas circulam por aí, como as híbridas ou mistas, que não seguem temperaturas de fermentação das ales nem das lagers. Ou seja: tanto leveduras usada por uma família como por outra podem entrar na receita. Apesar da pouca divulgação e utilização do termo “híbridas”, essas cervejas provam que não há regras para se descobrir novos produtos: desde processos até ingredientes.

Kelly Raquel Scheid kelly@mazup.com.br Foto divulgação/Pixabay


Sense8 e a genialidade de uma narrativa criativa Produção da Netflix é um espetáculo de imaginação e inventividade.

“Como podemos saber se somos nós que fazemos a escolha ou se a escolha faz quem somos?”, questiona Capheus, um dos protagonistas da série Sense8. Criada por J. Michael Straczynski em parceria com os irmãos Wachowski – sim, aqueles que há mais de 15 anos haviam nos presenteado com Matrix e todas as suas camadas de entendimento –, Sense8 estreou em junho deste ano, é uma produção exclusiva da Netflix e já teve sua segunda temporada confirmada. Mas o mais importante de tudo é que Sense8 mostrou-se como a história mais imaginativa, inteligente e bem contada da última década. Em uma narrativa criativa, repleta de rimas visuais e composições que mesclam cenários e personagens dialogando cara a cara a partir de países diferentes (sério, isso é genial!), a obra conta a história de

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oito personagens espalhados em quatro continentes que “renascem” a partir da morte de Angélica (personagem que abre a série e cuja história envolve o mistério surreal que acompanha toda a trama). Em meio a alucinações e incertezas, Will (policial de Chicago, nos Estados Unidos), Capheus (motorista de Nairóbi, capital do Quênia), Kala (farmacêutica de Mumbai, na Índia), Nomi (blogueira e ativista da causa LGBT de São Francisco, nos Estados Unidos), Lito (astro do cinema, na Cidade do México), Sun (economista e lutadora de kickboxing de Seul, na Coreia do Sul), Wolfgang (arrombador de cofres de Berlim, na Alemanha) e Riley (deejay de Londres, na Inglaterra) vão se conhecendo, descobrindo detalhes de sua conexão e interagindo para criar cenas bem pensadas, diálogos fortes e uma trama muito bem estruturada.


Contando uma boa história Se Lost revolucionou a forma de se contar histórias na TV e Breaking Bad tornou-se referência ao levar para um seriado os recursos de fotografia e narrativa antes apenas vistos no cinema, Sense8 tem como mérito apresentar essas mesmas características e ainda ir além: em um exercício constante de empatia, os oito protagonistas dividem espaço ao vivenciarem momentos parecidos – e serem unidos por suas experiências –, ao buscarem entender esse elo mental ou mesmo ao auxiliar na resolução dos problemas uns dos outros. Além disso, sem medo de cair nos estereótipos, a trama aposta em personagens com características peculiares, do motorista de táxi de Nairóbi, que trabalha duro em meio a uma região pobre e violenta para conseguir os remédios de que sua mãe precisa, à economista coreana que assume um crime que não cometeu para salvar a empresa da família.

e pela igualdade de gênero. Ao mesmo tempo, a trama caminha por discussões complexas sobre homossexualidade, transexualidade, drogadição, desigualdades sociais, ética, além de todas as diferenças culturais vivenciadas pelos personagens centrais. Para quem trabalha com criatividade, Sense8 é também uma aula de como contar uma boa história. A transição dos personagens pelos diversos cenários, o uso sem exageros de flashbacks e, claro, os diálogos sensacionais, mostram a jornalistas, escritores, publicitários e criativos de forma geral o poder de uma boa narrativa ao se traduzir uma história complexa como a de Sense8 para o público geral.

Renan Silva revista@mazup.com.br Foto divulgação

E embora todos os personagens sejam fantásticos, o núcleo feminino mostra a força de personagens bem construídas e que lutam por suas crenças, pelos seus direitos

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Está provado: amor entre cães e donos é o mesmo de pais e filhos Não é novidade que os seres humanos fazem de seus animais de estimação membros da família. Em tais relações, além de muito amor envolvido, há uma boa dose de ocitocina. Ahhh, os cachorros! Quem não se emocionou ao assistir Sempre ao Seu Lado, Marley e Eu e afins? Pois bem, já se sabia que o sentimento que nos une a esses pequenos é amor, mas um estudo da universidade japonesa Azabu, publicado neste ano na revista Science, revelou algo a mais: o relacionamento homem-cachorro funciona parecido ao que se dá entre pais e filhos. O vínculo é construído em um processo hormonal que é ativado quando ambos se olham, momento em que os níveis de ocitocina – o famoso hormônio do amor – no cérebro de ambos disparam. A ocitocina também é essencial para estabelecer vínculos e formar relações de confiança.

Vamos ao “mãos à obra”: os cientistas colocaram vários cachorros e seus donos em um quarto e monitoraram as interações entre eles por 30 minutos. Feito isso, os caras mediram os níveis de ocitocina na urina dos cães e na de seus donos e pronto: sacaram que o contato visual entre eles elevou os níveis do hormônio em seus cérebros. “O mesmo mecanismo de conexão, baseado no aumento da ocitocina ao se olharem, que fortalece os laços emocionais entre mães e seus filhos, ajuda a regular também o vínculo entre os cachorros e seus donos”, concluiu ainda a pesquisa.

Bárbara Scheibler Delazeri revista@mazup.com.br Foto divulgação/Pexels


HORÓSCOPO MALDITO Fim de ano não é fim de ano sem o – amado por uns e odiado por outros – amigo secreto!

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ÁRIES (21 de março a 20 de abril) Cá entre nós: se todas estas revelações depois de extensos – e batidos – blablablás cansam qualquer um, imagina um ariano. Sem sombra de dúvidas, eles são os primeiros entediados da roda. Pelo menos, não ficam naquela lengalenga na hora de revelar seu amigo oculto!

GÊMEOS (21 de maio a 20 de junho) O maior discurso ever sempre é de um geminiano. Engenhosos, adoram confundir a galera sobre quem é seu amigo secreto. Quando o nome finalmente é anunciado, a pessoa solta aquele “eu?”. Até aí tudo certo: problema mesmo é se ele souber seus podres...

TOURO (21 de abril a 20 de maio) Se o combinado entre os participantes é de investir o valor de R$ 30 a R$ 50 no presente, chuta quanto um taurino vai gastar? De R$ 30 não passa, pode apostar! Boa sorte se você for o nome que ele irá pegar no sorteio! Ah, e prepare-se para ouvir: “O que vale é a intenção, né?”.

CÂNCER (21 de junho a 21 de julho) Duas opções: ou ficará soltando elogios sobre a pessoa, mas com muita cautela para não ficar na cara quem é ela, ou sua primeira frase já vai dedurar seu amigo oculto. Se for a segunda opção, pode esperar um discurso com mil e um agradecimentos – até pelo “bom dia” alegre que contagia a todos.


LEÃO (22 de julho a 22 de agosto) Provavelmente, a pessoa que irá se oferecer para iniciar as revelações é nativa deste signo, afinal, quem melhor, não é mesmo? Já que foi ela quem deu a ideia de fazer o amigo secreto, encontrou a data para a maioria das pessoas poderem ir, pesquisou o lugar mais apropriado... VIRGEM (23 de agosto a 22 de setembro) O amigo oculto que mais recebe vale-presentes na vida – pode observar. Por quê? Sabe aquele tipo que nem disfarça quando não curte um presente? Então... O exigente ainda se presta ao papel da pessoa mais cara amarrada da roda, pois, no fundo, acha um caos eventos barulhentos. LIBRA (23 de setembro a 22 de outubro) Presente? Não, um libriano sempre aparece com dinheiro, afinal, ele deixa tudo para a última hora e acaba sem tempo para comprar. Mesmo que tivesse, seria uma missão impossível para ele definir o presente ideal, que tem tudo a ver com o amigo oculto.

ESCORPIÃO (23 de outubro a 21 de novembro) Dica: se você pegou um escorpiano no sorteio nem pense em embrulhar o presente em várias caixas ou pacotes. Muito menos contar os defeitos dele durante a revelação. Os nativos deste signo não sabem brincar e ainda guardam rancor como ninguém. SAGITÁRIO (22 de novembro a 21 de dezembro) Amigo secreto não é amigo secreto sem alguma sacanagem, né? Para os sagitarianos a possibilidade de zoar alguém é levada a sério, ou seja: eles não medirão esforços! Presentes comprados em sex shop são nada perto do que eles são capazes de aprontar! CAPRICÓRNIO (22 de dezembro a 20 de janeiro) Provavelmente, tentará superar o discurso de todo mundo, afinal, adora se destacar. Caso você tenha pegado um capricorniano no sorteio, escolha presentes tradicionais: apesar de

eles divulgarem que adoram ideias, atitudes e coisas inovadoras, sempre tendem ao conservadorismo. AQUÁRIO (21 de janeiro a 19 de fevereiro) Você sempre fica com vergonha do seu presente clichê por causa de quem? Um aquariano, para variar! Criativos e donos de um gosto peculiar, os nativos deste signo sempre mandam muito bem na escolha – e todo mundo fica torcendo para ser o amigo secreto deles.

PEIXES (20 de fevereiro a 20 de março) Sensíveis, os presentes dos piscianos sempre tendem a deixar sua rotina mais feliz ou sua prateleira mais bonita. Pena que eles se esquecem da data do amigo secreto e não aparecem, perdem o papel com o nome da pessoa sorteada e compram um presente unissex...


#TEMCUPAEU

Inferno são os outros A desculpa “foi o cachorro” cresce com a gente. A resposta dada à pergunta da mãe enfurecida por ver seu vaso preferido quebrado em mil cacos evolui à medida que pelos e rugas sobressaem à nossa pele.

TPM 30 dias por mês, o sentimento de pena por ter que quebrar o porquinho, um almoço de última hora com clientes, o preço da gasolina ou o celular perdido juntamente com todos os seus contatos.

Vaso, prato, copo: tanto faz. São objetos tão fúteis diante do que vem pela frente. Insistiremos em contabilizar os erros alheios ou prioridades questionáveis para justificar nossas falhas – a vida inteira. É no mínimo curioso, para não dizer preocupante, o motivo que nos leva a esse comportamento defensivo e dissimulado. Seria uma tentativa de atendermos as expectativas da sociedade de sermos comprometidos, prestativos, dinâmicos e realizadores? Exemplares acima de qualquer suspeita? “Não voltamos à academia porque”, “não enviamos o relatório porque”, “não fomos àquele aniversário porque”, “não começamos o curso de inglês porque”, “não suportamos mais o clima pesado do escritório porque”, “não viajamos para a Europa porque”, “não almoçamos

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hoje com a família porque”, “não demos entrada naquele carro porque”, “não marcamos uma coisa qualquer dia desses porque”... Ai, ai: pode complementar o fim dessas frases comuns com “blablablá”. Não, não quero saber se suas respostas incluem uma antipatia por musculação, um computador com vírus, o ódio que tem por uma pessoa com a qual teria dividir algumas horas, a falta de espaço na agenda, um chefe de

Já está mais do que na hora de você avaliar a parcela de culpa que tem sobre as coisas que reclama estar indo de mal a pior! Vamos lá: vai ser libertador não precisar mais se preocupar com novas desculpas para os empecilhos de sempre. Aposto até que vai se apavorar com o quanto contribui negativamente para a piora dos problemas e passará a enxergar mais soluções – e otimizar seu tempo – assim que parar com as omissões. Aham, é simples: não adianta colocar mil objetivos na lista de metas para 2016 se você permitir que à frente deles imperem desculpas. Prosperamente, Terceirização da Culpa

Ilustração Felipe Johann


Falar mais de uma língua pode salvar você de um AVC Tá aí o empurrãozinho que faltava para você se matricular já em um cursinho, a fim de dominar outro idioma! #Olá #Hy #Hola #Bonjour #Hallo #Ciao #Hei #Hallå

Que falar outro idioma torna você mais culto, é elementar. Agora, por esta você não esperava: ser bilíngue também pode fazer bem à sua saúde! É o que revela um estudo recente feito na Universidade de Edimburgo, na Escócia, com 600 pessoas.

influências prejudiciais, como AVC ou demência, pois faz com que o mesmo se exercite. A pesquisa também levou em consideração a idade dos pacientes, se eram fumantes, se tinham pressão alta e se eram diabéticos. “A porcentagem de pacientes com funções cognitivas intactas depois de um AVC representava mais que o dobro em pessoas bilíngues em comparação com aquelas que só falam uma língua. Em contraste, pacientes com disfunções cognitivas eram muito mais comuns entre os que só falavam um idioma”, diz a pesquisa.

Eis os números, divulgados na publicação científica da American Heart Association: após um AVC, 40,5% das pessoas que falavam mais de uma língua ficaram sem sequelas mentais; já entre as que dominavam apenas uma língua, só 19,6% ficaram sem resquícios.

Um dos autores do estudo, Thomas Bak, ainda explicou que “o bilinguismo faz com que as pessoas mudem de uma língua para outra, então quando inativam um idioma, precisam ativar o outro para poderem se comunicar. Essa troca realiza um treinamento cerebral praticamente constante, o que pode ser um fator relevante para ajudar na recuperação de um paciente que teve um AVC”. #BeCalmAndStudyAnotherLanguage

Para os estudiosos, falar mais de um idioma pode aumentar nossa reserva cognitiva, isto é, a habilidade que o cérebro tem de lidar com

Bárbara Scheibler Delazeri revista@mazup.com.br

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Nem oito, nem oitenta

Novela PL 5069 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou, no dia 21 de outubro, uma proposta que torna crime induzir ou auxiliar uma gestante a abortar. A matéria, um Projeto de Lei de 2013, de autoria do Presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha, segue agora para votação no plenário da Casa e pode entrar para a Legislação.

Atualmente, o regulamento já prevê pena de prisão para a gestante e quem nela realizar as manobras abortivas. Com o projeto, passa a haver previsão de penas específicas para quem também induzir, instigar ou auxiliar a gestante a abortar. Tais medidas restringem mais ainda o aborto no Brasil, que é permitido em circunstâncias específicas, como em gravidez decorrente de estupro, em casos de doenças específicas do feto e risco de morte para a mãe. Esse movimento político da Câmara dos Deputados, que levará ou não à mudança da lei, gerou muita polêmica e manifestações. Grupos femininos – a favor da legalização do aborto – e grupos religiosos querendo o recrudescimento da lei entraram em conflito, trocando empurrões e ofensas.

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Realmente, o tema é polêmico. Principalmente pelo fato de ser um assunto que envolve ética, moral, justiça e transpassa pela discussão de “onde começa a vida e quem tem direito de ceifá-la”.


Eu, a princípio, sou contra o aborto, mas sou a favor da sua legalização. Deixe-me explicar: para mim, abortar sem um bom motivo – como gravidez de risco, doenças do feto ou gestação por estupro – não faz sentido. As pessoas,

atualmente, vivem na sociedade da informação e, assim, todo mundo sabe como se engravida e como não se engravida. Quanto a eu apoiar a legalização do aborto, também posso explicar. Além de todos os métodos contraceptivos apresentarem chances de falhas, os governos municipais, estaduais e federais sabem que, anualmente, aproximadamente um milhão de abortos acontecem no Brasil e que 250 mil mulheres acabam tendo de ser tratadas nos hospitais públicos do país por procedimentos abortivos mal feitos. Os dados, divulgados pelo Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA), ainda afirmam que entre 250 e 300 mulheres morrem por aborto no Brasil, a cada ano. Os grupos que defendem a legalização dizem que o número pode ser até dez vezes maior. Até quando vamos nos fazer de cegos? Esse é o grande paradigma. Ser contra o aborto não significa não entender que o país precisa de políticas públicas que protejam os cidadãos, sejam homens ou

mulheres, de qualquer faixa social, credo religioso ou etnia. Os dados oficiais mostram que existe um massacre de mulheres jovens acontecendo veladamente no nosso país. Precisamos tomar atitudes assertivas e duras, mas que de fato resolvam os problemas. A coisa deveria funcionar assim: se você é contra o aborto, não o faça. Mas se ele precisar ser feito, que seja com dignidade, amparado pelo Estado e com todas as garantias que ele pode nos dar. Precisamos de uma lei que seja a favor das mulheres e não contra. Aguardemos o desfecho da novela.

João Timotheo Esmerio Machado revista@mazup.com.br Ilustração Felipe Johann sobre foto de José Manuel Ríos Valiente/Flickr

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Internet: um potencial desperdiçado? A entrada dela no Brasil se deu para fomentar o setor educacional. Mas será que, atualmente, ainda a usamos para extrair conhecimento ou caímos nas armadilhas da futilidade? Talvez, esteja mais do que na hora de filtramos tanta informação.

No auge de seus dez anos, Alexandre Busnello é um menino cheio de estilo. Esbanjando personalidade, é determinado e decidido. Já sabe o que quer ser quando crescer e divaga muito bem sobre os problemas da atualidade. Pergunto onde ele aprendeu sobre tantos assuntos diferentes e a resposta surge sem hesitação: “Na internet”. Desde os sete anos, o pequeno lembra que passou a utilizar a tecnologia para pesquisar conteúdos da escola e, principalmente, jogar. Enquanto uso meu smartphone, ele

me explica algumas ferramentas que eu sequer sonhava que existiam: “Isso é algo básico do teu celular, Bárbara. Tu não sabias?”. A vergonha em perder para um menino de dez anos não é tão grande quanto o orgulho de saber que ele, com certeza, contribuirá para um mundo mais inteligente. Alexandre duvida que, em um futuro próximo, alguém deixe de utilizar a internet. Para ele, aqueles que já nasceram devem aprender, em algum momento da vida, a interagir com a nova tecnologia e aqueles que ainda vão nascer já estarão imersos – e dependentes – desse universo. Na era digital e touchscreen, Alexandre é mais um que está a um clique de descobrir o mundo. Ele não larga o tablet, que cresceu junto com o garoto – já que o primeiro iPad chegou com força total no ano de 2010, prometendo desbancar os notebooks (que já eram

extremamente portáteis na época). No entanto, em uma geração vidrada por tecnologia, ainda não descobrimos o limite de tempo e de espaço. Hoje, a saudade foi diminuída e, em contrapartida, aumentaram-se as distâncias. Alexandre chama a mãe pelo WhatsApp e pede o seu prato preferido para o jantar. Comigo, conversou pela mesma ferramenta e, em cinco minutos, havíamos terminado a entrevista – ele tinha que eliminar algumas fases do seu jogo preferido. Não tenho dúvidas de que perdemos o controle da internet. Aliás, até acredito que nunca o tivemos. O alcance da tecnologia online mudou o padrão de comportamento, de negócios e de relacionamentos. Se há alguns anos o telegrama e a carta redigida, enviadas pelos Correios, eram os meios mais emocionantes e rápidos de se conversar com alguém, hoje, a tecnologia se recicla para proporcionar melhores e maiores emoções. Agora falamos de mudanças em segundos.

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A entrada da internet em terras brasileiras No Brasil, a internet demorou a abrir caminho e se consolidar como tendência. Somente na década de 80 ela deu seus primeiros passos e, ah, o negócio era controlado. Naqueles anos foi criada a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, com o objetivo de implantar uma infraestrutura com abrangência federal para os serviços de internet. A tecnologia passou a ser usada em universidades e disponibilizada para pesquisas. A Bitnet proporcionou que tudo isso chegasse aqui, no Brasil. Ela formava uma rede de universidades, fundada em 1981, e que ligava Universidade

da Cidade de Nova York (CUNY) à Universidade Yale, em Connecticut. A empresa conectava a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) ao Fermilab, laboratório de física especializado no estudo de partículas atômicas, que ficava em Illinois, nos Estados Unidos. Foi a Fapesp que ficou encarregada do domínio “.br”, assim como distribuir IP’s pelo restante do país.

e Tecnologia, começou os trabalhos, disponibilizando internet para toda população brasileira.

Em 1994, a internet finalmente saiu do nicho acadêmico e passou a ser comercializada para o público em geral. No país, a Embratel lançou o Serviço Internet Comercial, em caráter experimental. Na época, cinco mil – sortudos – usuários foram escolhidos para testar a ferramenta. Um ano depois, o Ministério de Telecomunicações, em conjunto com o Ministério da Ciência

Cerca de uma década depois, em 2007, o Brasil movimentava em média 114 bilhões de dólares em comércio eletrônico e possuía uma base de 40 milhões de computadores instalados no país. Deste número, de acordo com o Ibope/NetRatings, cerca de 18 milhões eram acessados por internautas.

Anos 1980 Surgimento dos computadores nas empresas e nas universidades. Eram computadores de grande porte (mainframe) e, ligados a eles, vários terminais. Os monitores eram monocromáticos e não existia ainda o mouse. A interface, devido às limita-

Desde então ela disparou. Com incentivo do governo, várias instituições desenvolveram cursos de formação continuada, de longa duração e até mesmo de Ensino Superior. Tudo ficou mais acessível por meio da utilização da internet.

Cá estamos em 2015 e a atual destinação da internet caminhou para longas distâncias

Anos 1990 ções citadas anteriormente, era bem fraca. No fim dessa década, a internet começou a se fazer presente em algumas universidades. Nessa mesma época, surge o PC (Personal Computer), como conhecemos hoje. Começa a popularização da microinformática.

Com o barateamento dos microcomputadores, a popularização da informática acelera e ganha empresas – até mesmo as de pequeno porte –, bem como as demais universidades e residências das pessoas. O Windows, através de sua interface gráfica, também

impulsiona a microinformática, pois o grau de complexidade diminui muito na interação com os computadores, facilitando o manuseio para pessoas que não eram estudantes ou profissionais da área. O PC se populariza e começa a se fazer presente nos mais variados setores da


da pretensão inicial. Outras milhares de possibilidades foram agregadas e, nós, usuários, estamos conectados a ela dia e noite. Claro, ainda há quem se recuse a conhecer e se aproximar de tudo que a internet tem apresentado, no entanto, as opções que nos afastam da tecnologia estão cada vez mais escassas. Trocamos compras, passeios, jogos, cinema, livros físicos – e praticamente tudo – por conteúdo digitalizado. Em que sentido essa imersão tem nos tornado pessoas piores ou melhores? De acordo com o Marco Antônio Sandini Trentin, doutor em informática e professor da

Universidade de Passo Fundo, em uma sociedade tecnológica, as pessoas têm se afastado fisicamente. Porém, ele acredita que outros fatores contribuem para tal distanciamento presencial: “Não devemos atribuir isso somente à tecnologia. Se pararmos para pensar, o estilo de vida das pessoas, cada vez com menos tempo e mais compromissos, leva ao atual comportamento”. Complementando, Trentin observa que a tecnologia tem proporcionado uma nova alternativa de contato e diz acreditar na relevância das redes sociais e aplicativos, não apenas pela rapidez que proporcionam acesso à informação e pela facilidade de comunicação. “Se compararmos com décadas atrás, em especial quando a internet era ausente, o acesso à informação era muito,

muito mais restrito. Isso vale para alunos das séries iniciais até alunos de cursos superiores”. O professor aposta que, em um futuro próximo, todas as pessoas passem a estar mais conectadas. “Vejo duas frentes muito fortes em andamento. A primeira é a Internet das Coisas ou Internet of Things (IoT), que propõe que em um futuro próximo todas as coisas estarão conectadas, fazendo parte de uma grande rede – além de computadores tradicionais (desktops, notebooks e smartphones). Eletrodomésticos, veículos, máquinas, sensores, etc... Enfim, qualquer dispositivo ou coisa poderá estar em rede. Tanto é que este termo, IoT, está gradativamente migrando para IoE (Internet of Everything), ou seja, Internet de Todas as Coisas”, explica.

Anos 2000 economia. As redes locais (LANs) também se difundem dentro das empresas, oportunizando benefícios aos funcionários e à própria empresa. A internet ganha um forte impulso, sendo que em 1995 passa a ser explorada comercialmente, ou seja: se torna possível utilizar a internet

não só nas universidades, mas também em empresas e domicílios. Outro advento que contribuiu para essa propagação da tecnologia e da internet foi o surgimento do WWW, que possibilitou às pessoas leigas em microinformática a facilidade no uso da internet.

O surgimento da Web 2.0 foi um dos fenômenos mais impactantes dessa década, pois permitiu que qualquer pessoa deixasse de ser apenas consumidor de conteúdo na internet e pudesse passar a ser também produtor de conteúdo. O alastramento da

internet através dos dispositivos móveis e das redes sociais também foi a manifestação mais marcante até o presente momento.


Internet vs. educação Já para Luis Fernando Rabello Borges, professor de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a presença da internet é incontestável e para extrair o melhor dela, tornando-a uma ferramenta adicional para a educação, a solução é conhecer suas alternativas e como interagir com todas as ofertas, sem excluí-la do ambiente de trabalho. “Vamos ser francos: a internet é bem mais interessante do que aquele conteúdo trazido em sala de aula. É sem limites. No entanto, ainda precisamos aprender a usá-la a nosso favor”, menciona. Para o professor, as redes sociais não são um problema (afinal, elas proporcionaram esta entrevista), mas, desde a criação da internet, administrar o tempo e selecionar os sites é essencial para absorvermos o melhor dela. “Considerando a quantidade de possibilidades oferecidas pela internet, centralizar tempo em um único site é um desperdício e tanto!”.

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Contrapondo Trentin e Alexandre (o menino de dez anos), Luis defende que é possível, sim, que as pessoas vivam sem internet, até porque havia vida antes dela: “A primeira metade dos meus 40 anos que o diga. Também não estou dizendo que é necessário viver sem ela – mas, na real, seria um desperdício”, ressalta. Como um bom defensor dela, Borges ainda garante que “é uma maravilha e fundamental para a democracia. Se bem utilizada, possibilita, inclusive, a educação autodidata. Abrir mão dela seria um perigo para a educação formal – e, consequentemente, para os profissionais da área, os professores: para mim”, observa Borges.

“Considerando a quantidade de possibilidades oferecidas pela internet, centralizar tempo em um único site é um desperdício e tanto!” Luis Fernando Rabello Borges, professor de Jornalismo da UFSM


Ela amplia, mas engessa Letícia da Rocha Werle é mãe de uma adolescente de 14 anos e de outra menina, que está prestes a nascer. Atualmente ela atua como revisora, mas trabalhou, por anos, como professora em sala de aula. Para ela, a internet tem apresentado um mundo de possibilidades a esta geração. Em contrapartida, tem limitado, principalmente, a ala adolescente a instigar sua curiosidade. “Percebo que ao mesmo tempo em que a internet amplia, ela engessa: acaba limitando o conhecimento. O adolescente encontra a resposta e se conforma. Poucos encontram mais perguntas, aprofundam aquilo que buscam”, ressalta. Em sala de aula, Letícia percebeu que a galera passou a ser desatenta e este comportamento reflete na sociedade: “A gente passa a delegar a atenção de qualidade – o olho no olho – para a tela do nosso computador ou do nosso celular.

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Não é privilégio dos mais jovens, não, e já vi pessoas sentadas na mesma mesa, para um café, sem trocar uma palavra sequer”. A professora sentiu na pele os primórdios da internet. Ela tinha 15 anos quando a ferramenta começou a ser comercializada. “Foram outros tempos, tivemos computador lá por 1995, Windows 3.11. Era o que havia, mas sem internet. A maioria dos meus professores nem aceitava trabalho digitado: ou era datilografado ou à mão. Hoje em dia, no Ensino Fundamental, os professores quase não admitem trabalhos feitos à mão e, para a minha surpresa, nunca pedem que os alunos os façam assim”.

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Mãe de adolescente, ela sabe que a filha vive outros tempos. “A Ana nasceu com a internet, talvez tenha digitado seu nome antes de escrevêlo”. Para ela, a tecnologia passou a ser tão corriqueira, trivial, que é acessório comum. Como um eletrodoméstico. Como mãe e educadora, Letícia acredita que Marília – a filha que carrega ainda na barriga – deve viver em uma sociedade ainda mais solitária e sobrecarregada de tarefas, mas a chave ainda estará na educação – tanto a adquirida em instituições de ensino como, principalmente, a recebida casa. Para ela, os pais continuarão a ser responsáveis por impor os

limites e incentivar a busca por conhecimento através da internet e que nada superará o exemplo que eles transmitirão aos filhos. Não há dúvidas de que temos um arsenal de informação em nossas mãos, como uma faca e um queijo. Agora, determinar se a geração “qual a senha do Wi-Fi” está perdida e banalizada caberá apenas a nós.

Bárbara Corrêa revista@mazup.com.br Fotos divulgação/Pixabay e arquivos pessoais



Uma espiada no futuro Já dá até para ouvir a música “Então é Natal... e o que você fez? O ano termina e nasce outra vez”, acompanhada daquela nostalgia na cabeça e no coração. A gente traça planos para mais um ano que está chegando e tudo começa outra vez: são novas promessas, mudanças, propósitos e tendências. Opa, tendências são o que mais vão mover o novo ano! Entra mês e sai mês e as novidades aparecem.

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Nesta edição, queremos falar sobre essas tendências, deixar as nostalgias para outra hora e encher este fim de ano de inspiração, boas ideias e inovação. Para começar, nada mais justo do que focarmos nos inúmeros elementos tecnológicos que nos cercam. Comportamento e inovação andam juntos, a passos largos. É difícil imaginar os próximos anos vivendo longe da tecnologia e evolução das ideias.

É o que confirma o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e coordenador do HubNews, Paulo Pinheiro. Segundo ele, um estudo realizado pelo The Pew Research Center mostra que, em 2010, 76% das pessoas nos Estados Unidos usavam a internet. Em 2015, esse percentual subiu para 84%. “O crescimento parece relativamente pequeno, mas importante. O curioso é notar como as pessoas em uma faixa etária mais elevada passaram a utilizar a web com mais frequência. Dos 30 a 49 anos houve um aumento significativo. Ou seja, a internet não é tão jovem assim”, ressalta. Neste mesmo panorama vemos que o Facebook, por exemplo, começou a crescer no país em 2008. Em 2010 já tinha superado o então imbatível Orkut. Essa foi uma mudança importante. O mundo passou a adotar as redes sociais. Nesse ponto também houve um aumento na qualidade dos serviços de banda larga. Resultado? Mais gente online por mais tempo. Então se compararmos o ano de 2010 com 2015 chegaremos à conclusão de que nos tornamos ainda mais conectados e também mais móveis, graças aos aplicativos em celulares.


“Uma alteração importante (e essencial) foi o crescimento dos acessos mobile. Ou seja, hoje não é preciso mais ficar na frente de um computador para ter acesso à internet”, explica. E este boom das mídias sociais segue com força em 2016. Segundo Pinheiro, normalmente, uma rede social dura em torno de oito a dez anos (só para citar um exemplo, o Orkut foi criado em 24 de janeiro de 2004 e desativado em 30 de setembro de 2014). O Facebook pode estar chegando ao fim de seu ciclo. Porém, é uma rede que não para de evoluir e se reinventar. Isso tem garantido que ela se firme como “A” rede social. Porém, esse é um mundo em constante evolução. O Twitter, por exemplo, passa por dificuldades. Perdeu espaço. Mas não é uma rede social de um alcance semelhante ao Facebook. É uma ferramenta de nicho, que tem uma função muito importante. É uma rede social em tempo real. É um termômetro de audiência muito eficaz. Já o Instagram deve seguir firme e forte. É uma rede atrativa para os jovens e para as marcas. Inclusive, esse é um detalhe decisivo, é uma rede que já nasceu mobile. Isso é muito importante. Não se sabe qual rede irá

destronar o Facebook (se é que isso vai acontecer), mas me parece evidente que ela terá um caráter mobile. Assim como as redes sociais crescem, as suas ferramentas facilitadoras também se desenvolvem. Um exemplo disso são as compras online e o acesso ilimitado de conteúdos diversos. “Sem dúvida, compras online já são uma realidade. Para os próximos anos, a mudança deve ficar no uso de apps (como, por exemplo, iFood). Ou seja, muitas compras passarão a ser feitas pelo celular. É uma boa hora para investir no mobile”. De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Conversion, o comércio eletrônico no Brasil faturou R$ 43 bilhões e registrou crescimento de 26% nas vendas em 2014. É interessante notar que as categorias que mais rendem são: viagens e turismo, com 15% das vendas do setor, depois vem os eletrodomésticos com 14%, produtos de informática (11%), cosméticos, perfumaria e bem-estar (10%) e eletrônicos (10%). E, segundo a consultoria, os gaúchos são destaque na hora de comprar online: os cinco estados que mais realizaram compras foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

PARA APOSTAR EM TECNOLOGIA Em 2016, Pinheiro tem duas apostas relativamente tranquilas – apesar de que o universo da internet é muito dinâmico e costuma castigar sem piedade os profetas:

Aumento do uso de redes sociais e ampliação do tempo de navegação mobile; Apesar do aumento do dólar, os preços dos smartphones baixaram. Sim, comprar um modelo top de linha é caro. Mas já existem boas opções de modelos de entrada. Então é bem provável que estaremos cada vez mais conectados nas redes sociais – sem dependermos de um computador para isso; Uma hipótese interessante seria o crescimento das transmissões de streaming com a utilização de apps como Periscope e Meerkat.

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Originalidade é tendência

A moda é a tendência de consumo da atualidade, como explica a blogueira Ketherin Kaffka. Segundo ela, o cotidiano, desejos e personalidade ditam o comportamento das pessoas e são eles que influenciam a tendência de mercado. “Acredito que uma das maiores tendências de consumo globais é a originalidade e a conexão. As marcas precisam ser autênticas, não basta fazer o que os outros estão fazendo. As ações sociais ou de

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sustentabilidade devem ter credibilidade. A diferenciação virá do apelo emocional”, ressalta.

de consumo: quais produtos as pessoas devem consumir com mais intensidades nos próximos anos?

O relacionamento próximo e verdadeiro com o cliente também ganha espaço. As marcas passam a captar aquilo que realmente satisfaz os consumidores, apostando em interatividade. É ela que traz feedback a todos os segmentos de mercado.

O administrador Ricardo Gazzola, juntamente com o engenheiro de controle e automação Gustavo Moraes e o analista de software Rafael Schiavoni, criou o SuperCooler – eletrônico que gela cerveja rapidamente. O produto nasceu a partir do processo de convecção forçada, utilizado na indústria para resfriamento de líquidos e fluídos.

A blogueira ainda opina que “cada vez mais é preciso se posicionar no meio online. Design inteligente é outra trend, também chamada de fenômeno Pinterest. E parte de pequenas lojas a grandes comércios, novos visuais estão sendo adotados. A cara do produto ou da embalagem interessa mais”. No entanto, se há tecnologia e comportamento, há mercado

Com a velocidade tecnológica e o desenvolvimento do mercado, Gazzola aposta que o mundo pode mudar em pouco tempo, basta apostar em iniciativa empreendedora: “Uma realidade não muito distante da atual e que, em breve, será muito consumida são os serviços. Acreditamos que as tendências de consumo estarão ligadas a produtos que prestem serviços sob demanda do cliente. Um exemplo é a Netflix e o Google, que entregam o que o cliente precisa, na hora em que ele quer e na plataforma que lhe convém. Ainda há um longo caminho cultural a ser percorrido para que tornemse serviços as tarefas do dia a dia, como supermercado, lavanderia e afins. Porém, acreditamos que o mundo caminha para esse lado”.


Em entrevista ao portal de tecnologia Tecmundo, o diretor de Inovação e Novas Tecnologias da Microsoft, Paulo Iudicibus, e o vicepresidente de Produto e Procurement da Positivo Informática Isar Mazer, forneceram uma breve visão do que podemos esperar para os próximos anos. Espia alguns pontos cruciais:

PARA APOSTAR EM COMPORTAMENTO Seja original e mantenha sua credibilidade; Apoie a sustentabilidade e ações sociais; Interaja; Conheça lojas, produtos e materiais vendidos em e-commerce.

PARA APOSTAR EM MERCADO Seja empreendedor; Não se esqueça de prestar um bom serviço ao cliente; Esteja presente, use a tecnologia para isso; Aposte no que for simples, barato e facilite a vida das pessoas.

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Conexões Wi-Fi, Edge, 3G e 4G. Satélites, fibras óticas e redes adhoc. Laptops, notebooks, netbooks, smartphones, tablets, celulares, PDAs, pagers, televisões, desktops e muito mais podem ser resumidos em uma única palavra: conectividade. E as formas inventadas de se conectar a esse universo de dados que recobre o mundo ainda não acabaram.

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Mais sustentabilidade, menos desperdício Não é de hoje que a questão é levantada. Em 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – que ficou conhecida como ECO92 – já discutia conceitos ainda desconhecidos como desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e a conservação e reaproveitamento de recursos naturais.

Online o tempo todo e com todas as informações

Tecnologia mais presente e menos aparente É estranho pensar que, quanto mais a tecnologia avança, menos nós prestamos atenção em como ela nos cerca. Mas é exatamente isto que Paulo Iudicibus visualiza em um futuro próximo: donas de casa não precisarão fazer listas de compras, já que seus refrigeradores e dispensas farão encomendas automaticamente quando os produtos estiverem acabando. Pagamentos efetuados por meios eletrônicos superarão o uso de papel moeda e tornarão notas e cheques ultrapassados. Mas tudo isso será cotidiano. Ninguém pensará “uau, como é tecnológico”. Será tudo... banal!

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O fim do papel e o reinado do e-paper Pensando em todos os itens anteriores combinados, parece óbvio que o uso do papel cotidianamente desapareça. No seu lugar surgirão telas ultraflexíveis que imitarão a utilização dada para seus predecessores, expandindoas. Cadernos de notas se tornarão aparelhos celulares. Jornais serão atualizados instantaneamente. Cadernos carregarão informações de um terminal ao outro.

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Mescla entre realidade e digitalidade Filmes de ficção científica têm o costume de mostrar holografias e imagens em três dimensões interagindo com usuários como uma pessoa normal. Para todos os que achavam esse sonho muito distante, repensem: a Microsoft deu um grande salto na interação homem e máquina introduzindo no mercado o Milo, um jovem cibernético que interage com você e reconhece seus movimentos, expressões e fala.

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Armazenamento e colaboração nas nuvens Para Paulo Iudicibus, esse ponto já é realidade e tende a ser apenas aprofundado e melhorado. A computação em nuvem traz benefícios gigantescos, como a necessidade de espaços de armazenamento menores, edições colaborativas e menores requerimentos de hardware para aplicações, mas depende de uma conexão a internet constante e de alta velocidade para funcionar corretamente. Esse recurso ainda é subaproveitado, no entanto – com o barateamento da transmissão de dados, os equipamentos eletrônicos e a melhoria da qualidade dos serviços das operadoras de internet – a tendência é de que a maioria dos arquivos em um computador deixe de ser armazenada localmente e passe a ser pega diretamente da nuvem.

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Melhoramentos humanos: a bioengenharia Próteses biônicas perfeitamente integradas ao corpo humano, de forma que nem um observador atento consiga perceber a diferença. Já conseguimos fazer braços, pernas e olhos biônicos. A produção de um ser humano imortal ainda parece ser um sonho distante, mas a melhoria humana é um ponto mais real. Aliado a todas as tecnologias e tendências anteriores, o homem procura uma forma de melhorar suas capacidades e recobrar funções perdidas. Computadores que funcionem com o mesmo princípio dos neurônios (chamados de neurocomputadores) permitem a perfeita integração homem/máquina.

Bárbara Corrêa revista@mazup.com.br Fotos divulgação



Troninho

Sobre amnésias históricas, Ano Novo, Carnaval e vadiagem

Apesar do esquecimento coletivo de todos nós, a data é muito importante para toda a humanidade. Está relacionada à superação de uma grande crise de alimentos acontecida há 11 mil anos. Foi um momento difícil para toda a raça humana e que quase nos levou à extinção. Naquela distante época – chamada de Neolítico – vivíamos como caçadorescoletores. O problema é que as reservas de caça estavam terminando e, sem elas, a existência do ser humano no planeta estava comprometida. A saída foi desenvolver tecnologia para domesticar as plantas.

Encho-me de sentimentos estranhos no fim do ano. Sinto uma mistura de melancolia com euforia. Tenho uma forte sensação de finitude, mas de alívio. Depois da meia-noite do dia 31 de dezembro, a morte do velho ano nos parece bem-vinda. Daí todos bebem o morto, fazem orgias gastronômicas e dançam até se arrebentar. Verbalizamos promessas que jamais cumpriremos, pulamos ondas, colocamos roupas brancas e fazemos todos os tipos de mandinga, que varia entre dar cachaça para o santo ou recitar mantras indianos, tirados de algum site qualquer.

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E depois da grande festa chega o 1º de janeiro. O primeiro dia do ano é morto, letárgico e abafado. Então nós, brasileiros, entramos em uma espécie de surto catatônico que nos paralisa. Acordamos para a vida somente depois do Carnaval e partimos enlouquecidamente para o trabalho e estudos. Todos nós, brasileiros, já ouvimos falar que o ano, de fato, começa depois do Carnaval. Sim, existe um motivo para essa confusão: ela se chama amnésia histórica. Primeiro precisamos entender a festa do Ano Novo.

Sim, domesticar. Plantar é uma forma de domesticação. Essa nova e revolucionária tecnologia foi batizada de agricultura. A Revolução Agrícola trouxe a prosperidade. Agora não seria preciso depender exclusivamente da caça – ou seja, correr atrás da comida – e nem da coleta de frutos e raízes, situação em que dependemos exclusivamente da natureza, tendo que disputar o alimento com todos os outros animais da cadeia alimentar. O excedente de alimentos proporcionados pela agricultura permitiu que não passássemos todo o tempo pensando em como conseguir comida, abrindo a mente humana à abstração e ao pensamento tecnológico. Foi nessa época que foi


inventada a roda e começamos a forjar os metais, transformando os minerais em ferramentas.

A revolução No entanto, a grande revolução – de fato – foi aprender a plantar, compreendendo como funciona o metabolismo das plantas e a época certa de semear o solo. Para se conseguir boas safras é necessário conhecer as estações do ano. Os homens desconheciam a organização do tempo em ano, mês e dia. Foi então que os sábios se voltaram para o céu e construíram o zodíaco, relacionando os movimentos do sol e da lua. Aqueles que observavam o céu notaram que ele era dinâmico, pois as estrelas mudavam de lugar no decorrer do tempo, mas sempre retornavam à mesma posição. Foi assim que descobrimos os 12 signos, que foram a base do ano como conhecemos. Os agricultores sabiam, então, que existiam quatro estações – a primavera, o verão, o outono e o inverno – e que cada uma delas tinha três signos, sendo que cada signo ocupava um mês do ano.

A justificação da letargia Se existe uma ligação entre o Ano Novo e o Carnaval é a Revolução Agrícola.

O Carnaval, como conhecemos hoje, perdeu completamente seu significado original. Sua origem foi uma comemoração de origem pagã. Os mais antigos escritos sobre a festa popular são da Grécia e foram registrados em meados dos anos 600 a 520 a.C.. Tais documentos mostram que o Carnaval primitivo era uma festa dedicada aos deuses, na qual os mortais pediam pela fertilidade do solo e por grandes safras agrícolas. Quando observamos qual é a data atual do nosso Carnaval, veremos que, regularmente, ele ocorre entre fins de fevereiro e primeiros dias de março. Nessa mesma época do ano se encontra o signo de peixes (20 de fevereiro a 20 de março), que é o último mês do zodíaco, sendo o dia 21 de março – o primeiro dia de peixes – o primeiro dia do ano do primitivo calendário dos homens do Neolítico. Esse ano novo carnavalesco foi comemorado por povos de agricultores ao redor do planeta por, pelo menos, 10 mil anos. O mais incrível? Há um motivo histórico que justifica a letargia de muitos.

João Timotheo Esmerio Machado revista@mazup.com.br


O amanhã não existe: hoje é apenas o amanhã de ontem Quando falamos em doença mental, a primeira imagem que nos vem à mente é de loucos encarcerados em manicômios ou pessoas perigosas, diagnosticadas com psicoses e psicopatias.

Porém existem indivíduos que têm transtornos mentais e que transitam entre nós, elegante e desapercebidamente: é o caso dos compulsivos – seja por compras, limpeza, drogas, bebida, comida,

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sexo, etc... –, dos distímicos – aqueles que têm baixa autoestima e reclamam sem parar de tudo – e dos que têm transtornos fóbicoansiosos – pessoas com medos que as paralisam.

A doença da enrolação crônica Outra doença mental socialmente aceitável – mas que como todas as outras é muito mal vista – é a procrastinação. Essa enfermidade é o transtorno do adiamento. Quem sofre desse mal é chamado de amarrado, enrolado e – inapropriadamente – de preguiçoso.


Exatamente: existem diferenças entre ter preguiça e adiar o que se faz. A primeira é a falta de vontade de fazer uma tarefa. Já a procrastinação é um atraso irracional de uma ação pretendida. Estudos avançados do cérebro e da natureza humana mostram que o procrastinador quer cumprir as tarefas que lhe são exigidas, mas por algum motivo não consegue.

As pessoas que sofrem da “doença da enrolação crônica” possuem transtornos comportamentais e sintomas físicos devastadores, como o estresse, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com a suas responsabilidades e compromissos. Embora a procrastinação seja socialmente aceita e, portanto, considerada como um desvio de caráter ou conduta comum e inofensivo torna-se um problema, quando causa sofrimento ao indivíduo e impede o funcionamento normal da vida cotidiana. A procrastinação crônica pode ser um sinal de problemas psicológicos ou fisiológicos muito sérios.

Dividindo a culpa do mau comportamento Uma pesquisa inédita sobre procrastinação, feita na Faculdade de Psicologia da Universidade do Colorado, publicada em fevereiro de 2014, mostrou pela primeira vez que o hábito de adiar pode ter um componente genético. Isso foi um alívio para muitos. Os procrastinadores compulsivos agora podem dividir com os pais a culpa pelo mau comportamento. A descoberta bombástica do gene da amarração nos explica a procrastinação. Mas a explicação dessa atitude vil faz surgir outra questão perturbadora: se deixar para depois faz parte da natureza humana, como podemos enfrentar a enrolação e concluir nossos serviços no prazo? Os cientistas americanos descobriram que a procrastinação é um produto residual da impulsividade, pois identificaram que um mesmo gene define as duas coisas.

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Os enrolados e a aurora da humanidade Para os homens pré-históricos, fazer planejamentos para a vida de longos prazos não era importante. Vivia-se um dia por vez e resolviam-se as demandas que apareciam. Por esse motivo, desconheciam horas. O tempo era

dividido em dia e noite. Durante o dia se caçava, pescava, brincava, reproduzia, sociabilizava com os outros, guerreava; e a noite servia apenas para dormir. Comia-se quando tinha alimento. Quando não havia, simplesmente, não se comia. A tecnologia de preservação de alimento era pouco desenvolvida. As primeiras formas de conservar a comida – a salga, a defumação e a secagem, que possuem apenas milhares de anos – eram feitas toscamente, mantendo as carnes, os frutos e os grãos em condições de consumo por poucos meses. Assim, o presente imediato se fazia muito mais importante que o futuro.

O homem, a sobrevivência e a troca de foco Nos milhões de anos de evolução, que levaram o australopitecíneo a se desenvolver até chegar ao hominoide, esse comportamento foi repetido por centenas de milhares de gerações. Foi dessa forma que a humanidade desenvolveu o instinto de reagir a estímulos do meio e demandas imediatas de preservação da vida, trocando o foco de sua atenção do planejamento de médio e longo


prazo, para ações ditas urgentes e, que muitas vezes hoje em dia, são atos sem importância alguma.

no usufruto das ofertas e possibilidades infinitas criadas pelo mundo globalizado e tecnológico.

Incrível o poder de adaptação do Homo Sapiens

Assim nasceu o adiamento, que é a ação na qual uma pessoa perde a concentração na atividade que está fazendo para se preocupar com uma perturbação momentânea. É dessa forma que o urgente – a fome, a sede e o abrigo – supera o importante – que é o planejamento do futuro.

Somos bombardeados com dezenas de canais de televisão, centenas de notícias e milhares de imagens diariamente, que nos oferecem produtos, alimentos, formação, novos mundos e prazeres. Para a nova ordem que aí se apresenta necessitamos de tempo para entendê-la. Assim, precisamos perder diariamente um tempo com a televisão, o rádio e o jornal.

A procrastinação – ou a doença do adiamento das coisas – nasceu das demandas diárias de sobrevivência dos caçadores coletores. E hoje, passado milhões de anos, a vontade de deixar para última hora as obrigações apenas se imiscuiu e se misturou à cultura eletrônica. Se antes o adiamento tinha motivo para existir – a busca imediata de alimento – agora não tem mais: a procrastinação combinada com a tecnologia criou desculpas sem sentido de atraso das coisas, servindo principalmente para justificar a incompetência da nova sociedade e de um bando de preguiçosos voyeuristas e onanistas.

Os novos vadios e as novas desculpas Na atualidade, a sociedade capitalista e a vida moderna necessitam de planejamentos de longo prazo e pouquíssimos seres humanos precisam caçar o alimento diariamente. Mas as tendências impulsivas ainda estão presentes nas nossas mentes e o mundo é um lugar lotado de pessoas, eventos e aparelhos que drenam a atenção de qualquer profissional.

Após, mergulhamos no mundo da web, dos smartphones, dos computadores e dos videogames. O incrível desses espaços virtuais é que eles estão em todos os lugares e não estão em lugar algum. Assim, sentados e alienados em qualquer lugar, as novas gerações ficam até o último minuto na frente da tecnologia, adiando suas vidas práticas e produtivas.

João Timotheo Esmerio Machado revista@mazup.com.br Fotos divulgação

Mas a sociedade capitalista e a vida moderna também criaram novos procrastinadores. Agora a amarração não se deve à fome, à sede e ao abrigo. A desculpa do adiamento está embasada

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retratação

Hermes Magnus foi peça-chave na investigação que culminou na Lava Jato O empresário gaúcho foi responsável por repassar informações às autoridades sobre lavagens de dinheiro comandadas por José Janene, morto em 2010, e Alberto Youssef. Diferentemente das informações publicadas na matéria Vendados pelo modismo: impeachment, mostra a tua cara, publicada na 15ª revista Mazup e disponibilizada no site mazup.com.br, Hermes Freitas Magnus não foi preso ou acusado de lavagem de dinheiro. Pelo contrário: o empresário assumiu o papel de denunciante do maior esquema de corrupção do Brasil que, mais tarde, ganhou o nome de Lava Jato. Em 2008, o gaúcho buscava investidores para sua recém-criada empresa, a Dunel Indústria e Comércio. O ex-deputado José Janene, que não resistiu a um choque séptico em 2010, e o doleiro Alberto Youssef passaram a investir no negócio, através da CSA Project Finance. Estranhando depósitos realizados fora do horário comercial por contas de vários CNPJs e CPFs diferentes, Magnus entendeu que seu empreendimento

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estava sendo usado como laranja para lavar dinheiro. Salários também eram pagos em grana viva. Como um rompimento contratual com a CSA Project Finance acarretaria em uma pesada multa, o empresário não se afastou dos investidores. No entanto, naquele mesmo ano, Hermes passou a encaminhar, anonimamente, as irregularidades em forma de documentos e mensagens à

Estes escritos são uma carta de desculpas Eu errei e peço perdão a cada um dos leitores do Mazup, à direção da revista e, especialmente, ao Sr. Hermes Magnus. Minha produção textual tem mais de 25 anos. Pesquisei sobre os escândalos do Mensalão, do Petrolão e sobre a Operação Lava Jato. Estudei casos de impeachment em todas as estâncias do poder público. E no meio deste mar de informações, acabei me perdendo e no primeiro parágrafo do texto de capa cometi um

Polícia Federal e à Procuradoria da República em Londrina, no Paraná. Somente em 2009 - depois de um ano sob pressão de Janene e Youssef - que o gaúcho pode oficializar-se perante as autoridades, quando também se mudou para os Estados Unidos. Investigações persistiram e, finalmente, em 2014, estoura a Lava Jato. A direção

erro de informação devastador, colocando o Sr. Hermes Magnus como pertencente a uma quadrilha de corruptos, quando, de fato ele, foi uma das vítimas dos meliantes. Quando ele soube que seus sócios estavam envolvidos com lavagem de dinheiro, o empresário os denunciou aos órgãos investigadores e foi este movimento corajoso que deu início às investigações que levaram à descoberta de esquemas de corrupção estatal milionários e às prisões de dezenas de criminosos.

João Timotheo Esmerio Machado



coluna do lucas

Vivian Maier e o registro de seu tempo Muitas coisas intrigam e desacomodam em Vivian Maier. As capturas ricas em detalhes e toda a expressividade da artista, sua figura anônima e o seu trabalho tão completo de registro do cotidiano da forma como o via são alguns dos pontos paradoxais que envolvem a babá-fotógrafa. Maier nasceu em 1926 e viveu até 2009. Foram 83 anos, nos quais, por cerca de 40, ela fotografou. Ao analisar sua obra, parece que Vivian capturou tudo quanto pôde com o recurso que tinha e no tempo de que dispunha: sua Rolleiflex e folgas em viagens que fazia. Vivian Maier era uma figura absolutamente comum: não tinha filhos nem marido. Talvez até por isso fosse menos comum do que a maioria. Alguns a reconheciam, como

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bem indicam seus registros, como uma mulher liberal. Ela cresceu na França, mudou-se para os Estados Unidos e trabalhou na América como babá por quatro décadas. Além disso, fotografou. Fez dezenas de milhares de capturas pelas ruas de Nova Iorque em seus momentos de descanso e lazer, e por cidades como Los Angeles e Chicago. Também viajou para o exterior ao longo de seus dias e fotografou a rotina do Egito, Itália e Pequim, por exemplo. Guardou discretamente todo o produto de sua habilidade e olhar. Não se sabe se contou a alguém sobre as fotografias que tirava ou se alguém até, pelo menos 2007, demonstrou interesse em suas imagens. Esse é o ano em que John Maloof, um corretor e historiador de Chicago, tornou-se responsável por um trabalho iconográfico que trouxe à luz o conjunto de Vivian Maier.


Da existência anônima ao marco da fotografia moderna, Vivian Maier hoje é considerada uma das maiores artistas do movimento conhecido como “fotografia de rua”. Suas fotos e sua vida estão sendo tema de exposições em galerias ao redor do mundo e de documentários, como A Fotografia Oculta de Vivian Maier, de John Maloof e Charlie Siske, que concorreu na edição mais recente do Oscar à estatueta de melhor documentário.

Sua velhice não foi fácil e, no fim, morou em um apartamento comprado por alguns daqueles dos quais cuidou quando era babá, vivendo financeiramente auxiliada por eles. Vivian morreu em razão de uma queda na qual bateu a cabeça, dois anos após Maloof ter adquirido milhares de fotografias de seu acervo em um leilão. Durante esse tempo, o corretor tentou encontrar a responsável pelos negativos que agora detinha e descobriu de quem se tratava por meio de uma nota fúnebre no jornal.

Conforme demonstram seus registros, Vivian tinha a atenção atraída especialmente pelas pessoas e pelos detalhes. Há muito do elemento humano em seus registros, incluindo autorretratos e a rua. Aquilo que se desenrolava em frente aos seus olhos e nos reflexos e que ela capturava de forma despretensiosa. A humanidade singela das fotografias, que só é possível a quem adora o que faz, nos permite acreditar que Vivian Maier amava o que fazia. Mesmo sem reconhecimento algum pelo que produziu enquanto viva, optou por permanecer anônima. E também nos faz pensar que ela fotografou para saciar uma vontade própria, sendo hoje um ícone por uma feliz obra do acaso e do inegável talento que bem poderia nunca ter sido descoberto.

Conheça mais sobre Vivian Maier Documentário A Fotografia Oculta de Vivian Maier (Finding Vivian Maier), Estados Unidos/2013, direção de John Maloof e Charlie Siske; Livro Vivian Maier: Uma Fotógrafa de Rua (Vivian Maier: Street Photographer), John Maloof (organizador), Editora Autêntica.

Lucas George Wendt gosta do que está entre aspas e além das reticências, das batidas da música, das cores, do movimento e das letras. Colaboração Tuane Eggers Fotos Vivian Maier

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publieditorial

Mais de mil alunos embarcam no Tour da Felicidade ENTRE os meses de maio e novembro, o refrigerante mais famoso do mundo colocou na garupa centenas de estudantes para uma viagem à Fábrica da Felicidade, onde está escondida a fórmula secreta da Coca-Cola!

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No período, o Tour da Felicidade também mexeu com os sentimentos de gremistas e colorados, afinal, os alunos puderam visitar os estádios da dupla Gre-Nal, com direito a acessos exclusivos – do vestiário ao gramado dos clubes. O projeto, um modo da Coca-Cola presentear a galera que está com a formatura do Ensino Fundamental à vista, envolveu 23 instituições, localizadas em cinco regiões gaúchas: Grande Porto Alegre e Vales do Caí, do Paranhana, dos Sinos e do Taquari. Entre elas, uma escola da cidade de Tubarão, de Santa Catarina, também pegou carona no Tour da Felicidade. No total, foram 36 ações compartilhando alegria com 1120 alunos!

Rafael Klafke Coordenador de marketing da Vonpar “Todas as ações que realizamos tiveram por objetivo oportunizar experiências incríveis para os adolescentes, logo, o Tour da Felicidade foi a maneira encontrada de transformar um passeio tradicional de escolas para Porto Alegre em


um dia divertido e inesquecível. Conseguimos mesclar a magia da Fábrica da Felicidade da Coca-Cola com a paixão pela dupla Gre-Nal, oportunizando acessos que nem sempre estão disponíveis nos estádios. Para 2016 nosso objetivo é ampliar as visitas para que outras escolas tenham a mesma experiência”. O Mazup foi um dos veículos de comunicação do estado responsáveis por acompanhar o projeto. A multiplataforma jovem registrou os passeios realizados com o Instituto de Educação São José, de Montenegro; Colégio Sinodal Gustavo Adolfo e Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, ambos de Lajeado; e Escola Estadual de Ensino Médio Guararapes, de Arroio do Meio.

Cara a cara com um ídolo

No dia 28 de agosto, o Tour da Felicidade promoveu um encontro que marcou os estudantes do Castelo Branco: Marcelo Grohe os aguardava no vestiário do Grêmio! O goleiro titular do tricolor arrancou nada menos que sorrisos e lágrimas dos torcedores, que aproveitaram o momento para garantir mil e uma fotos com o jogador, além de autógrafos.

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Débora Vargas Diretora do São José Montenegro

Clara Darde Professora de história do Gustavo Adolfo • Lajeado

Evenize Pires Diretora do Castelo Branco • Lajeado

“Ficamos muito contentes e lisonjeados pela escolha da nossa escola, que ganhou uma visibilidade incrível pela participação no projeto. Além da vibração pelo convite, os alunos se sentiram valorizados. Poucos conheciam os estádios e durante as visitas souberam respeitar a casa do adversário. Também adoraram conhecer a fórmula da felicidade e a alegria que sentiram foi contagiante! Os registros e aprendizados obtidos no Tour da Felicidade foram apresentados para os pais e demais estudantes do instituto”.

“Fazer parte de um projeto de impacto estadual enriqueceu a proposta do colégio, que busca proporcionar espaços nos quais diferentes vivências e formas de aprendizados sejam oferecidas. Ansiosos e curiosos com o roteiro, os alunos curtiram muito o passeio, compartilhado entre parceiros e amigos – incluindo profes, alunos e todos que nos receberam com um sorriso que permaneceu até o fim do dia. Vários já conheciam o clube do seu time, mas acredito que o mais incrível das visitas foi estar no estádio do rival e perceber que o respeito é o segredo da harmonia. Após o Tour da Felicidade, algumas conversas foram levantadas, desde a forma de produção de uma grande indústria como a Vonpar até a importância da propaganda”.

“Encaramos como privilégio ser contemplados com este projeto: para o colégio foi muito importante viabilizar aos alunos esta visita à Fabrica da Coca-Cola, justamente por ser o refrigerante preferido da maioria dos jovens. A oportunidade ímpar, tanto para os alunos quanto para as professoras, foi recebida com surpresa e se tornou ainda mais emocionante pelo encontro com Marcelo Grohe, goleiro que gerou comentários por sua simplicidade, humildade e atenção exemplar. A maioria deles nunca havia visitado os estádios dos times do coração e sequer imaginavam a possibilidade de conhecer um jogador. O Tour da Felicidade rendeu trabalhos nas áreas de artes, língua portuguesa, ciência e história”.

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Fábrica da Felicidade Isolde Klauck Professora de geografia da Guararapes • Arroio do Meio “Ficamos surpresos com o convite e felizes por poder levar todos os alunos das turmas selecionadas o que geralmente não acontece, pois muitos não têm condições financeiras. A oportunidade foi muito bem acolhida pela comunidade escolar, principalmente por parte dos alunos, já que poucos conheciam Porto Alegre e muito menos os estádios da dupla GreNal. Estão maravilhados até hoje, tanto que o passeio ressurge em conversas nas aulas. Aproveitamos o gancho da viagem para trabalhar assuntos como globalização, marketing, modernização da indústria, história dos estádios, pontos turísticos e socialização”.

Inaugurada em 16 de setembro de 2014, a unidade da capital gaúcha foi a quinta Fábrica da Felicidade brasileira a abrir as portas no país e é a maior entre todas do Brasil. Localizado junto à Vonpar, o espaço é destinado à visitação e, costumeiramente, recebe três visitas diárias – de segunda a sexta-feira. No Rio Grande do Sul há, ainda, a Fábrica da Felicidade de Santa Maria, em funcionamento desde agosto. Para saber o que faz uma CocaCola ser uma Coca-Cola basta você agendar sua ida pelo site fabricadafelicidade.com.br e, quando o dia chegar, mergulhar

de corpo e alma no universo lúdico, nostálgico e interativo da bebida mais famosa do mundo. Os grupos são fechados conforme disponibilidade, sendo a preferência de escolas. Os pedidos devem ser feitos por adultos ou responsáveis maiores de 18 anos, nos casos de visitas particulares. Já em passeios escolares, quem fica encarregado é um professor, coordenador ou diretor.

Fotos Douglas Kerber, Gustavo Tomazi e divulgação

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Estudo ElEgE As 20 melhores mÚsicAs para acordar a uNIveRSIDaDe De CaMBRIDGe, eM ColaBoRação CoM a SPoTIFy, DeSCoBRIu que CeRTaS CaNçõeS ajuDaM a GaRaNTIR o BoM huMoR loGo ao aCoRDaR – ColDPlay Tá Na lISTa!

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Que existem músicas que são péssimas para levantar da cama, de manhã, a gente já sabia. A novidade é que a Universidade de Cambridge, em colaboração com a Spotify, divulgou uma lista com as 20 melhores músicas para garantir um despertar menos sofrido!


O psicólogo da instituição, David Greenberg, disse à imprensa britânica que as canções apontadas têm os ingredientes necessários para que comecemos o dia de bom humor: “Para a maioria de nós, é uma luta passar do mau humor para um estado de otimismo. Uma música energética como Viva la Vida, da Coldplay, pode ajudar alguém a obter energia para o resto do dia”. O cara ainda acrescentou que a terceira e a quarta estrofes do single da banda britânica têm influência especial no comportamento e que o segredo das músicas está nos arranjos crescentes, que aumentam progressivamente, sem arranques bruscos. O efeito motivador também sofre influência das letras: todos os singles, em inglês, apresentam mensagens animadoras e positivas. Confira a lista e se embale nas canções:

1

Coldplay Viva La Vida

2

St. Lucia Elevate

3

Macklemore & Ryan Lewis Downtown

4

Bill Withers Lovely Day

5

Avicii Wake Me Up

6

Pentatonix Can’t Sleep Love

7

Demi Lovato Confident

8

Arcade Fire Wake Up

9

Hailee Steinfeld Love Myself

10

Sam Smith Money On My Mind

11

Esperanza Spalding I Can’t Help It

12

John Newman Come and Get It

13

Felix Jaehn Ain’t Nobody (Loves Me Better)

14

Mark Ronson Feel Right

15

Clean Bandit Rather Be

16

Katrina & The Waves Walking on Sunshine

17

Imagine Dragons On Top of the World

18

MisterWives Reflections

19

Carly Rae Jepsen Warm Blood

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iLoveMemphis Hit The Quan

Bárbara Scheibler Delazeri revista@mazup.com.br Foto divulgação/Coldplay

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conversa casual A semente da discórdia “É bem verdade que eu podia ter resistido à força, com maior ou menor resultado, podia ter-me enfurecido contra a sociedade; mas preferi que a sociedade se enfurecesse contra mim, por ser ela a parte desesperada” – Henry David Thoreau

Olha para o terreno e fica observando o matagal tomando conta de tudo. Na verdade, sua visão revela um mar verde de capoeira com uma casa semi-abandonada no centro daquele isolamento. Não se importa. As janelas começam a se desfolhar, as juntas se soltam, frestas aumentam entre as venezianas e a tinta descascada pelo sol é um sinal de que a renovação já é necessária. Faz tempo. Ruídos sucedem todo e qualquer movimento.

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A casa geme pedindo socorro. De todo o modo, gosta dessa sensação de que aquela morada envelhece com estilo. Mas será que há algum tipo de charme na degradação? Ele acha que sim. O limo toma conta da área dos fundos. Uma manta esverdeada impossibilita que ele ande de pés descalços pela laje. Umidade escorrendo, insetos transitando, rastros de lesmas e as pitangas apodrecendo a poucos centímetros da porta da cozinha são uma espécie de recado aos visitantes: ali vive um homem que não mais se importa com as suas coisas. A roupa na cerca virou um painel imutável. Peças petrificadas. Quando está sem óculos, os fios de luz parecem teias de aranha. Musgos apontam entre os arames. O espelho do banheiro trincado, o chuveiro pingando, as lajotas incompletas como um quebra-cabeça com peças perdidas, as janelas fechadas e a estante ruindo pela

atividade dos cupins dizem tudo. A semente da discórdia dentro dele foi semeada por ventos passados. Não sabe bem que jogou a droga dos esporos. Na biologia, esporos são formas latentes de muitos animais ou embriões e de bactérias. Um esporo é basicamente uma célula envolvida por uma parede celular que a protege até as condições ambientais se mostrarem


favoráveis à sua germinação. Pois é. Quem sabe ele esteja à espera de alguma condição adequada e só assim volte a produzir algo rentável nos próximos dias. Sua cabeça é como uma Ferrari de última geração pronta pra deslizar pelo mundo afora. No entanto, algo acorrenta o motor de partida e o cara não sai do lugar. Olha para o painel, fica curtindo as luzes

azuis, vermelhas e amarelo-alaranjadas brilhando como vaga-lumes sintéticos. Quase sorri ao ouvir o maquinário roncando feito uma guitarra elétrica. Porém, aquele automóvel potente não sai do lugar. Nem a pau. Bateria semimorta? Se roncou, o bicho tá vivo. Sua alma é como um esporo. Também está pronta para voar. Mas a ambiência não parece combinar com aquilo que previu. Não sabe ler as cartas, as linhas de suas mãos não levam a lugar algum, está sem falar com Deus faz dias... Não quer ter por perto alguém ou algo que o lembre da raça humana, já chega ele mesmo. Só o bicharedo. O matagal tremula ao sabor do vento. Cheiro de mato é algo reconfortante na visão dele. Aspira fundo e no fundo ainda acredita que algo pode acontecer e mudar tudo. Bem no fundo sabe que tudo vai ficar onde está. Bem fundo. Profundo esse troço. Seis pássaros pretos se enfileiram no pinheiro morto. Há algo de bonito naquele bando.

Márcio Grings é escritor, jornalista e radialista. Esta e outras histórias leia no blog do cara: gringsmemorabilia. blogspot.com.br Foto divulgação/Pexels


DESABAFO CICLOS Quando nos procurar dobrando aquela esquina e não nos enxergar mais, por favor, jamais associe esse desaparecimento com “fim”: o fato de não estarmos onde esperava não tem a ver com “inexistência”. Já vasculhou na direção oposta? Não sei você, mas eu não tenho vontade de imaginar que graça teria a vida se permanecêssemos em uma perna só, abrindo mão das próximas explorações. Penso que não passaríamos de miseráveis vitrines, ostentando a superficialidade que o vaivém tanto busca como entorpecente. Reclamamos das 24 horas que temos por dia e dos 365 dias que nos são dados anualmente – com exceção do ano bissexto, claro. No entanto, você já pensou no que seria de nós sem o tempo para nos controlar? Se levássemos ao pé da letra o que Neil deGrasse Tyson explicou a um garoto de seis anos sobre qual era o sentido da vida, talvez não o encarássemos como empecilho e, sim, como uma máquina de oportunidades. A pergunta, feita por Jack ao astrofísico durante palestra no Wilbur Theatre, de

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Boston, ainda em janeiro de 2015, foi recebida com entusiasmo por Tyson que, com maestria, respondeu que erramos quando buscamos o sentido da vida como se ele fosse algo palpável e imposto ao coletivo: “As pessoas fazem essa pergunta achando que o significado é algo palpável, que possa ser encontrado (...) e não consideram a possibilidade de que o sentido da vida é algo que você pode criar. Para mim o significado da vida é aprender algo diferente hoje, algo que eu não sabia ontem. (...) Se eu não aprendo nada, o dia foi desperdiçado”.

Não me considere fria se não transbordam lágrimas das minhas palavras e eu insisto em preservar um tom de alegria. Sério, não estou disfarçando algo, apenas não enxergo esta página virando com tristeza.

A explicação, aplaudida com louvor, não é um chapéu que serve apenas para Jack ou para o público que assistia ao astrofísico. Ser uma versão melhorada de si próprio a cada rotação não só pode como deveria ser uma realidade unânime.

E lá vamos nós para 2016 jogar verde, novamente.

Pareço tão óbvia falando de mudanças, tempo e sentido da vida só porque 2015 está acabando? Hahaha! Desculpa a gargalhada, mas é porque escrevi alguns parágrafos e ainda não consegui dizer o que eu preciso. Lá vai: considerem a 18ª edição tanto como última do ano como a última revista Mazup.

Mudanças nada mais são do que adaptações. Uau, e quanta vida elas conservam! Como isso poderia ser ruim? Além daquele frio na barriga, escolhas sempre, sempre mesmo, partem de aprendizados – e foram três anos de incríveis entendimentos que nos levaram a essa decisão.

Experimentar novas ideias e, com elas, evoluir, novamente. Para nós o significado da vida é ser líquido, adaptável e mutável, sem medo de ser autêntico, mudar os planos e voltar atrás – caso contrário, ter medo, seria autossabotagem. Já entendemos que a vida é regida por ciclos. E você?

Kelly Raquel Scheid / kelly@mazup.com.br




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