Caderno Final TGI II _Paisagem e Identidade

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PAISAGEM E IDENTIDADE

SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES NO BAIRRO CIDADE ARACY

Trabalho de Graduação Integrado II Maria Cecilia Pedro Bom de Lima Universidade de São Paulo _ Instituto de Arquitetura e Urbanismo

São Carlos 2013


A todos que, de alguma forma, enriqueceram esse processo. À familia, amigos e mestres.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07 ESPAÇO E PAISAGEM 12 PAISAGEM E IDENTIDADE 13 UNIVERSO PROJETUAL 15 O LUGAR 23 UMA LEITURA 33 A RUA COMO PRAÇA 35 A CIDADE ILEGAL 39 DESVENDAR UMA IDENTIDADE 44 ESPAÇO E QUALIDADE 47 O PROJETO 49 O TODO 51 AS PARTES 57 CONCLUSÃO 129 BIBLIOGRAFIA 135


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Levantar questionamentos sobre a qualidade de vida urbana supõe considerar uma importante questão estritamente relacionada: o estudo de como são constituídos os espaços livres públicos, e como isso afeta o cotidiano das cidades, as relações da população em comunidade. Mostra-se complexo o ato de apontar quais são as características necessárias a um espaço, que conferem a ele o caráter de lugar de referência e significado para a população. Pensar o espaço livre público envolve abordar diversas variáveis, distintas racionalidades, cada qual com sua natureza complexa, o que torna ineficiente uma lista de procedimentos para se produzir um espaço público de qualidade. Seria necessário pensar a cidade em sua totalidade, inclusive, considerando suas particularidades. Não basta sistematizar o todo, resumindo a cidade a abstrações e banalizando suas características diversificadas. Do mesmo modo, a abordagem da parte isolada cria fragmentos desvinculados do contexto urbano. O propósito deste trabalho não é encontrar o método correto de se construir os espaços livres de uma cidade, mas sim, criar possibilidades, explorando os potenciais existentes nas distintas situações de sociabilidade presentes no meio urbano, encarando o espaço livre como elemento estruturador da forma urbana e lugar síntese das relações coletivas. Especificamente, trata-se de uma aproximação com o lugar de projeto, o Bairro Cidade Aracy na periferia sul de São Carlos, buscando desvendar as relações entre população e lugar habitado, para então, propor novas espacialidades que dialoguem com o cotidiano urbano e acrescentem novas percepções. 9


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Na disciplina de pré-TGI, buscou-se explorar o tema da percepção individual e coletiva na cidade, tendo em vista questões discutidas quanto à construção da forma urbana e da paisagem segundo a crítica ao urbanismo moderno, o qual considera o espaço em sua totalidade e intervém nele de maneira universal, transformando-o em máquina funcional. Com isso, os pequenos detalhes que se manifestam na cidade (aquela que não foi totalmente planejada pelo arquiteto) são ignorados, conferindo ao ambiente urbano um caráter estéril e monótono. No urbanismo ortodoxo moderno, ou até mesmo no urbanismo contemporâneo que se estrutura a partir das vias de tráfego e das conexões entre espaços privados, a cidade perde suas especificidades relacionadas à escala do caminhante e seu modo de apropriação do espaço. Identifica-se a necessidade de pensar a cidade como um espaço mutável, diversificado, imprevisível (apesar de possuir uma lógica), para possibilitar momentos singulares e relevantes para a vida coletiva. Pois, entende-se que a paisagem urbana é constituída a partir de processos complexos que envolvem diversas variáveis, não resumidas à forma e função. Para projetar em um espaço como esse e criar lugares com significados na cidade, seria preciso ter em mente as diversas escalas urbanas, desde a visão de cidade como um grande sistema, até a escala do habitante e seus diversos modos de apropriação do espaço em seu cotidiano. Essas questões expõem uma arquitetura e urbanismo baseados em situações específicas, mas também comprometidas com uma percepção geral da cidade. Seria , portanto, um projeto desenvolvido para as partes e para o todo. Porém, a construção da paisagem não é determinada por decisões de projeto apenas, mas pela própria vida na cidade, suas pré-existências e mutabilidade. Esse projeto criaria condições para adequações e possibilidades de leitura do espaço, que afirmam a cidade como um lugar da vida coletiva e da variedade de experiências. 11


Considera-se pertinente um esclarecimento inicial sobre o termo espaço, que norteou em diversos momentos o desenvolvimento deste trabalho, tanto na fase de leitura da área de projeto, como no momento de decisões projetuais. Milton Santos caracteriza o espaço como instância social; não se restringe às coisas dadas pela natureza, mas existe também nos processos que ocorrem nele. Sua essência está nos processos sociais, em instâncias que se inter-relacionam (política, econômica, cultural). O espaço é dotado de rugosidades, atribuídas por heranças físico-territoriais e sócio territoriais. Assim, Santos considera necessária a compreensão dos diversos fragmentos, em diálogo à totalidade do espaço, e elege suas categorias: forma, função, processo e estrutura. Isso não significa segmentar o espaço em diferentes esferas de análise isoladas, mas sim, considerar que as categorias e elementos do espaço atuam de maneira inter-relacionada, caracterizando sua complexidade. Segundo Milton Santos, o espaço, como instância social, contém e é contido por outras instâncias. O espaço deve ser entendido como forma-conteúdo, que compreende um sistema de ações e um sistema de objetos. É nele que ocorrem os processos sociais, econômicos, políticos e é onde atuam as razões sistêmica (referente à exploração e domínio do espaço, globalidades, normatividades) e comunicativa (que consiste no mundo vivido, considerando o espaço como campo de atuação). O autor atribui ao espaço um caráter de inércia dinâmica: ele contém o tempo passado cristalizado em formas. Estas são, ao mesmo tempo, resultados e condições 12

ESPAÇO E PAISAGEM


PAISAGEM E IDENTIDADE

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para os processos. Enquanto o espaço é o presente vivo, a paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos (SANTOS, 1982 apud QUEIROGA, 2001, p.43). Tem-se, então, um conceito estático de paisagem. Esta seria o acúmulo de diversos processos transcorridos, uma construção ao longo da história, que guarda momentos e memórias referentes às relações entre homem e natureza. Unindo a ideia de paisagem à dinamicidade das ações humanas, emerge a noção de espaço.

Compreender a paisagem como fixação do passado e presente em formas materializadas supõe a identificação de elementos referenciais no espaço habitado. A paisagem entendida como construção cultural é aquela que exibe testemunhos, heranças do tempo decorrido. Não se trata de uma construção concluída, mas um processo em desenvolvimento. Considerando a construção das cidades, Kevin Lynch discorre sobre a necessidade do indivíduo em reconhecer e se localizar no ambiente habitado. Ao longo do tempo, lugares da cidade se reafirmam como pontos referenciais, agregadores de significados reconhecidos pela população em geral. Mais do que a possibilidade de localização no meio habitado, a identificação da paisagem pelo indivíduo sugere relações de pertencimento entre população e espaço. Nesse ponto, o papel dos espaços livres públicos, lugares do convívio, do encontro, da comunicação, deveriam estar vinculados aos costumes da população para que fosse estabelecida tal relação de pertencimento. É aí que se encontra a principal dificuldade referente ao projeto de espaços livres públicos: reconhecer as qualidades necessárias ao espaço para que este adquira o caráter referencial dentro do contexto da cidade. Eugenio Queiroga explora o tema do projeto de espaços livres públicos, especificamente praças, destacando o cotidiano como categoria de análise e lugar da espontaneidade. Retomando as ideias de Milton Santos, tal análise deve estabelecer um diálogo entre as práticas locais e lógicas


globais. Devido ao caráter espontâneo que envolve o uso de espaços livres públicos, torna-se necessário um projeto aberto, suscetível às diversas formas de apropriação identificadas no cotidiano de uma população. Segundo Queiroga, um bom desenho de praça, por si só, não é suficiente para configurar um lugar de significado para a população. Do mesmo modo, um contexto urbano que suporta os costumes de vida em comunidade, frequentação de espaços livres públicos, pode não ser suficiente quando os espaços existentes não possuem qualidades projetuais. Portanto, o projeto de espaços livres públicos consiste em questão complexa, que envolve diversas variáveis e imprevisibilidades. O papel do arquiteto seria explorar essas variáveis de modo a buscar possibilidades de projeto que dialoguem com o cotidiano local, considerando que a construção de espaços livres públicos não depende apenas da ação do profissional, mas também do cidadão.

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Tendo em vista o que foi apresentado até aqui, buscou-se entender como esses questionamentos poderiam ser refletidos em projeto. Foram propostas, então, distintas camadas de percepção, relacionadas ao espaço projetado e ao espaço apropriado.

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O diálogo entre essas camadas se daria pela alternância entre momentos de pausa e caminhar, que envolvem diferentes tempos de percepção. Esses momentos estariam contidos em partes, fragmentos, os quais seriam conectados (fisicamente ou visualmente) constituindo a noção de conjunto que permite continuidade do espaço projetado, apesar da descontinuidade de propostas de percepção. É abordada a ideia de projeto aberto, mencionada por Eugênio Queiroga, buscando um diálogo entre percepções pretendidas pelo projeto e experiências que não são previstas e estão relacionadas às dinâmicas de cada lugar, comportando a imprevisibilidade do usuário.

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Pode-se dizer que o Parque da Juventude, projeto de Rosa Klias para o local da antiga penitenciária Carandiru, é um exemplo de projeto aberto. Toda a extensão do parque compreende uma sequência de experiências distintas, que envolvem espaços com funções definidas e lugares de pausa e contemplação. Essa variedade de experiências elimina a criação de percursos monótonos, construindo diferentes propostas de ambiências que permitem a pluralidade de usos. Por exemplo, existe um amplo espaço livre em uma parte do parque que estrutura a disposição de edificações funcionais (biblioteca, lanchonete, etc.). Esse espaço livre permite diversos tipos de apropriação, principalmente por skatistas, como pode ser observado ao frequentar o lugar. A região do parque onde foram mantidas ruínas da penitenciária é um espaço sombreado com vegetação densa que apresenta um ritmo mais lento, da pausa e contemplação. Em seguida, um espaço destinado a equipamentos esportivos retoma um ritmo acelerado, dessa vez, com funções claramente definidas. Ainda considerando a abordagem de Eugenio Queiroga sobre o projeto de espaços livres, são exploradas propostas que trabalham com as características espaciais pré-existentes (físicas e sociais) como fator que auxilia no direcionamento de decisões projetuais, para alcançar a relação de proximidade e pertencimento entre espaço projetado e população.¹

¹usa-se aqui o parque da juventude como referência projetual que cria distintas experiências ao longo de um espaço contínuo. Entretanto, no que diz respeito à inclusão das características pré-existentes nas diretrizes projetuais, as propostas para o parque seguem o caminho oposto, transformando praticamente por inteiro a estrutura do lugar.

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O projeto de Marcos Boldarini para o Parque Cantinho do Céu, na represa Billings (São Paulo), baseia-se em intervenções sutis, que buscam dar significado ao espaço livre às margens da represa, devolvendo-o aos moradores locais. O projeto não altera as relações já existentes no local, mas enriquece-as a partir da valorização de características paisagísticas e do fornecimento de infraestruturas necessárias. É uma proposta projetual que revela as qualidades latentes de um espaço, juntamente com a criação de novas percepções que dão abertura às distintas dinâmicas sociais do local.

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Em escala menor, a Praça Victor Civita (São Paulo), projetada por Ana Julia Dietzsch e Levisky Arquitetos tem em sua forma reflexos muito claros quanto às preexistências locais (um aterro sanitário). Toda a praça é construída sobre uma estrutura elevada que evita o contato direto com o solo contaminado. Para essa estrutura, é pensada uma linguagem marcante, continuada no desenho do mobiliário da praça. Sua implantação apresenta percursos evidentes e nichos de estar, que permitem a ocorrência de usos diversificados. ²

² Apesar da qualidade projetual, a praça se encontra cercada, interrompendo a continuidade do espaço urbano.

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Para abordagem projetual da temática apresentada, identificou-se o bairro Cidade Aracy, na periferia sul da cidade de São Carlos, como lugar pertinente ao desenvolvimento dessas questões. O bairro agrega diversos conflitos em sua constituição e apresenta ricas relações coletivas entre população e espaços livres, o que permite o esclarecimento e questionamento das referencias teóricas trabalhadas.

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Segundo o Plano Diretor da cidade de São Carlos, publicado em 25 de novembro de 2005 por meio da Lei nº 13.691, o bairro Cidade Aracy, na região sul do município, se enquadra na zona 3A, caracterizada pelos seguintes itens:

SÃO CARLOS E CIDADE ARACY

I - encostas com alta declividade; II - solo suscetível a erosões com córregos assoreados; III - infraestrutura precária; IV - parcelamentos irregulares localizados nas proximidades de encostas de alta declividade; V - parcelamentos irregulares localizados em áreas isoladas com precariedade de interligação viária com a malha urbana consolidada; VI - concentração da população de baixa renda. A ocupação do território de São Carlos se deu de maneira fragmentária, não apresentando uma política urbana ampla, o que contribuiu para a acentuação da diferença de distribuição de infraestrutura e segregação de partes da cidade. De um modo geral, as periferias de São Carlos surgiram de modo irregular e sem planejamento, e receberam posteriormente infraestrutura básica, favorecendo os interesses de empreendedores imobiliários. O bairro Cidade Aracy exemplifica o crescimento tentacular da cidade de São Carlos, marcado a partir da década de 70, quando a cidade passou a se expandir de maneira acelerada, ocupando áreas ambientalmente frágeis. 26

ZONA 1 - Ocupação induzida ZONA 2 - Ocupação Condicionada ZONA 3 - Recuperação e ocupação controlada ZONA 4 - Regulação e ocupação controlada ZONA 5 - Proteção e ocupação restrita


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Desse modo, apesar da abundancia em recursos hídricos constatada no território do município (700 nascentes e 20 corpos d’água dentro da área urbana), tais recursos passam por um crescente processo de contaminação e degradação. Juntamente com outros 17 bairros da região sul da cidade, além de pequenas propriedades rurais, o bairro Cidade Aracy está inserido na micro-bacia hidrográfica do Córrego Água Quente, a qual reúne cerca de 35 mil habitantes e abrange 12,5km². Sua importância do ponto de vista ambiental está no fato de estar localizada em área de recarga do Aquífero Guarani, além de possuir fragmentos da vegetação nativa característica do Cerrado com diversos portes. A micro-bacia tem como principal corpo d’água o córrego Água Quente, com extensão de 6km e foz no Córrego Monjolinho. A partir do trecho médio do córrego, este adquire uma sinuosidade acentuada, relacionada ao modo como se deu a ocupação da bacia. A formação de meandros consiste em processo natural para diminuir a velocidade de escoamento. Nota-se uma acentuada diferença de cotas altimétricas (685m – 866m acima do nível do mar). Já do trecho inferior da bacia, o relevo apresenta declividade menos acentuada. O trecho inferior da bacia apresenta solo do tipo Gleissolo ou hidromórficos; possui grande quantidade de matéria orgânica e está sujeito a inundações. A porção norte da bacia, nas cotas mais elevadas, apresenta solo do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo, bem estruturado, ideal para ocupações antrópicas; Abaixo da encosta, o solo é do tipo Latossolo eutroférrico, com maior fertilidade; 47,4% do tipo de solo da bacia corresponde ao neossolo quartzênico (areia quartzosa), friável, pouco resistente a processos erosivos, possui alta permeabilidade, baixa fertilidade, portanto não é ideal para atividades antrópicas. A bacia enfrenta problemas como lançamento de esgoto e erosão/assoreamento, devido aos modos de ocupação de seu território. Assim, o Córrego Água Quente está extremamente poluído, diante do lançamento de esgoto doméstico, resíduos sólidos e resíduos de construção civil. 28


Fonte: TEIA, 2005

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Fonte: TEIA, 2005

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Considerando o Decreto Estadual 10.755/77, o Córrego Água Quente se enquadra na Classe 2, categoria que define que o corpo d’água deve garantir “o abastecimento doméstico após tratamento convencional; a proteção das comunidades aquáticas; a recreação de contato primário; a irrigação de hortaliças e plantas frutíferas; a criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à alimentação humana”. Outro problema encontrado na bacia diz respeito à crescente supressão da mata nativa, principalmente nas áreas mais planas, onde a vegetação dá lugar a pastagens e áreas de cultivo agrícola. Além disso, nota-se uma proximidade entre loteamentos e as margens do córrego Água Quente, outro fator que dificulta a preservação da vegetação e qualidade da água. Nas áreas com maior declividade e baixo interesse imobiliário, são realizados processos de recuperação da vegetação nativa, sendo que existe uma área entre o bairro Cidade Aracy e o restante da cidade denominada pelo Plano Diretor como Parque Florestal Urbano. Quanto às porcentagens de ocupação do solo da bacia, as áreas urbanizadas totalizam 34% do território, 28% são áreas com vegetação nativa, 25% de áreas não urbanas, ocupadas por algum tipo de atividade antrópica (dos quais 18% correspondem a áreas de pastagens em uso ou abandonadas) e 4% são áreas degradadas, que compreendem processos erosivos, depósito de entulho, entre outros. Os bairros localizados na bacia do Córrego da Água Quente concentram os piores índices socioeconômicos da cidade de São Carlos, sendo marcante a falta de manutenção de infraestrutura local (tratamento de esgoto, pavimentação, drenagem de águas pluviais, etc). No bairro Cidade Aracy, as edificações se caracterizam por habitações populares, geralmente sem acabamento, algumas de origem espontânea. Existem equipamentos públicos que atendem às necessidades básicas da população no que tange à saúde, educação e segurança. Entretanto, é escassa a presença de espaços públicos de uso coletivo, de caráter recreativo e cultural, como praças e parques. Os poucos espaços existentes não apresentam manutenção suficiente ou se encontram em estado de abandono com ocupações irregulares. 31


Fonte: TEIA, 2005

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A partir de visitas feitas ao bairro, foi possível identificar algumas dinâmicas existentes no local, as quais atribuem a essa parte da cidade um caráter peculiar, uma identidade. A leitura em questão foi desenvolvida sob a ótica de alguns autores selecionados, considerados pertinentes à temática do espaço livre público e da vida em comunidade na cidade.

A RUA COMO PRAÇA Jane Jacobs, na década de 1960, discutia a importância das calçadas e ruas para a qualidade de vida urbana. A relação existente entre as características físicas desses espaços urbanos e o modo como são apropriados pelo usuário são questões abordadas pela autora, que mantém sua validade na cidade contemporânea. A rua e a calçada, principais lugares públicos da cidade, permitem a vitalidade característica do meio urbano, a vida em comunidade. Por vezes, a natureza coletiva desses espaços é sufocada diante da impessoalidade imposta ao espaço urbano por um pensamento funcionalista e estéril. Jacobs é incisiva quando observa que a rua e a calçada devem ser lugares frequentados, com diversidade de funções, possuindo constantemente olhos que as vigiam, que contribuem para a sensação de segurança de seus usuários. Ruas impessoais geram pessoas anônimas. (JACOBS, 1961, p. 61)

O Bairro Cidade Aracy representa uma relevante fonte de estudo das questões levantadas por Jacobs. Observa-se a existência de uma proximidade entre habitantes, que atribui aos espaços públicos livres uma vitalidade peculiar. Notam-se diversas situações nas quais a rua e a calçada se configuram como extensões da residência e lugar de comunicação, lazer e estar para a vizinhança local.

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Se por um lado, nas áreas mais consolidadas e com maior diversidade de funções, existe uma movimentação constante, outros locais predominantemente residenciais, em regiões ainda em processo de adensamento, não permitem essa riqueza de encontros coletivos. Muros extensos que ocultam toda a face de um quarteirão, terrenos baldios, distantes das áreas mais adensadas do bairro, criam um ambiente hostil, incompatível com a natureza coletiva que se estabelece em determinadas partes do bairro.

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A CIDADE ILEGAL

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A apropriação dos espaços livres no bairro pela população também pode ser estudada a partir de questões levantadas pelos autores Ermínia Maricato e Eugenio Queiroga. O bairro se consolidou através de um processo acelerado de ocupação irregular, em uma área considerada ambientalmente frágil e inadequada para expansão urbana. As fragilidades ambientais dessa região são evidenciadas pelos intensos processos de erosão e assoreamento, potencializados pela ocupação urbana em solo inapropriado para edificações. Desse processo, resultou uma forma urbana que ilustra a construção de cidades brasileiras contemporâneas segundo uma lógica fragmentária de expansão e surgimento de periferias desvinculadas dos centros das cidades, dotados de infraestrutura. A ligação entre o bairro Cidade Aracy e o restante da cidade de São Carlos é possível apenas por meio da Avenida Integração e pela rodovia Luiz Augusto de Oliveira. Além disso, o desenho regular das ruas do bairro não condiz com o relevo acidentado, característico da região da bacia onde se encontra o bairro. A segregação entre bairro e cidade não se limita a questões físicas, mas também a características socioeconômicas, tais como baixa renda familiar e baixos índices de escolaridade, um dos menores entre os dezoito bairros localizados na Bacia do Córrego Água Quente. Trata-se de um lugar fora das ideias, expressão usada por Ermínia Maricato, que se refere a lugares que não apresentam características observadas em partes excepcionais da cidade, com infraestrutura adequada e ocupação planejada.


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Situações urbanas semelhantes à encontrada no bairro Cidade Aracy não se enquadram no perfil de cidade considerado pela legislação urbana. Assim, parte da cidade toma o lugar do todo. A cidade da elite representa e encobre a cidade real (MARICATO, 2000, p. 162)

A partir do momento em que a parte ilegal da cidade emerge como lugar de interesse político e econômico, é iniciado um processo de adequação à legislação existente, de modo a incluir esse fragmento da cidade no jogo urbano. Submetido a um processo de regularização, o bairro Cidade Aracy recebeu um projeto de loteamento na década de 1980 que valorizava a estruturação do tecido urbano a partir de extensas faixas de áreas de uso comum destinadas ao lazer. A execução desse projeto teve modificações significativas que desfiguraram esse sistema de áreas livres públicas inicial. As faixas verdes foram fragmentadas em pequenas praças cujo desenho é resultado do traçado da malha viária.

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Projeto de loteamento do bairro Cidade Aracy (1982) Fonte: Cópia de planta original de propriedade da Agropecuária e Administração de Bens Cidade Aracy LTDA

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Bairro Cidade Aracy atualmente Fonte: Site da Prefeitura Municipal de S達o Carlos

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Apesar da quantidade reduzida de praças no bairro, a vida coletiva em espaços públicos é marcante. Principalmente em algumas ruas e calçadas, o bairro apresenta diversas situações de pracialidade, termo utilizado por Eugênio Queiroga para descrever a apropriação do espaço livre pela população, apresentando relações características de um lugar público como a praça, mas que ocorrem em diversos espaços, dependendo de suas características contextuais. A partir de um olhar próximo, possível através da frequentação do lugar e familiarização com seu cotidiano, torna-se clara a presença de uma identidade peculiar ao bairro de Cidade Aracy. Por trás de um cenário árido e monótono, composto por edificações precárias e espaços públicos sem qualidades e significados, revela-se uma rica vida coletiva, ilustrada por diversas formas de apropriação do espaço público. A partir dessas relações entre moradores e espaço urbano, é possível identificar um potencial paisagístico que é ignorado e suprimido no bairro de Cidade Aracy. Desvendar as qualidades de um lugar impregnado pela monotonia cotidiana compreende tarefa complexa, que exige um conhecimento da cidade que vai além de sua aparência superficial e imediata, aprofundando-se em suas diversas camadas de constituição. Lucrécia Ferrara, envolvida com o universo da semiótica, discute estratégias de leitura da cidade, tendo em vista a dificuldade de desvendar peculiaridades do ambiente urbano devido a um véu de opacidade criado pela rotina homogeneizante. O texto não verbal, que tem como exemplo a linguagem da cidade, pode ser decifrado a partir de uma série de estranhamentos que permitem enxergar elementos da paisagem, do contexto no qual a cidade está envolvida, que normalmente passam despercebidos. Trata-se de encarar a cidade segundo novos olhares. 44

DESVENDAR UMA IDENTIDADE


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A estratégia de contextualização auxilia na identificação de características que ultrapassam a percepção imediata do meio habitado. O complexo processo de constituição da cidade confere ao espaço urbano camadas referentes à sequência de processos que os configuram. Isso poderia permitir a compreensão das características atuais do lugar, os modos de apropriação do espaço, seu aspecto físico, etc. Outra estratégia consiste em eleger uma dominante, que compreende a escolha de um objetivo que direcionará a leitura do espaço urbano estudado. As interpretações da cidade não estão livres da influência do observador e suas intenções. A escolha de uma dominante permitiria o aprofundamento da leitura no aspecto estudado. No caso do trabalho aqui exposto, a leitura da cidade foi feita segundo a caracterização dos espaços livres públicos e as dinâmicas que contém.

Usos e hábitos, reunidos, constroem a imagem do lugar, mas sua característica de rotina cotidiana projeta, sobre ela, uma membrana de opacidade que impede sua percepção, tornando o lugar, tal como o espaço, homogêneo e ilegível, sem decodificação. Superar essa opacidade é condição de percepção ambiental. (FERRARA, 1993, p. 153)

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ESPAÇO E QUALIDADE

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Diante da leitura de cidade aqui exposta, levanta-se a questão de como se dá a construção de espaços livres na cidade contemporânea. Muitas vezes resultado de um desenho estruturado segundo a lógica do automóvel, diversas cidades brasileiras apresentam um conjunto de espaços livres sem significado ou qualidades que permitam uma relação de identidade entre indivíduo e meio habitado. A cidade construída segundo o objetivo de facilitar os fluxos mecânicos ignora as necessidades do caminhante. A partir disso, espaços residuais entre essa malha se transformam nas praças e áreas verdes da cidade, as quais não apresentam qualidades de lugar de encontro, estar e lazer. Observa-se que a distribuição de áreas livres públicas em algumas cidades brasileiras contemporâneas está pautada mais no cumprimento de porcentagens determinadas pela legislação de ocupação do solo e menos pelo conforto dos habitantes. A discussão colocada desperta a indagação de quais seriam as qualidades necessárias a um espaço livre, para que fosse incluído na identidade da cidade, na sua paisagem e como é possível elaborar o projeto aberto, identificado por Eugenio Queiroga. Levando em conta a diversidade característica dos lugares urbanos, talvez suas qualidades estejam mais ligadas às peculiaridades locais, aos costumes da população, seus modos de apropriação do espaço.


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O TODO

O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES

Tendo em vista as características do bairro Cidade Aracy, constata-se a possibilidade de retomar a lógica de sistema de espaços livres presente no projeto da década de 1980, buscando estruturar a forma urbana em questão a partir de espaços livres de edificação relevantes para o cotidiano típico da população do bairro. Considerando o contexto presente no Bairro Cidade Aracy, propõe-se um sistema de espaços livres que possibilite a construção de uma identidade local, em diálogo aos costumes já consolidados, além de aglutinar novas percepções e leituras da cidade. O sistema proposto agrega dois conjuntos de espaços livres: aqueles que já são utilizados pela população e fazem parte de seu cotidiano e espaços que não possuem nenhum tipo de uso, mas, tendo em vista seu contexto de inserção, apresentam potenciais paisagísticos que podem configurar qualidades para a vida coletiva do bairro. Destacam-se, então, duas estratégias: Intervir em espaços que já estão enraizados na memória da população, mas que não possuem qualidades que potencializem a vida coletiva presente no local. Incluir espaços “invisíveis” no cotidiano da população, recuperando-os, na tentativa de construir uma identidade marcante para espaços livres do bairro Cidade Aracy.

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Levantamento de áreas de interesse projetual

Para a identificação desses dois grupos de espaços livres, a hierarquização do sistema proposto se estrutura segundo a lógica de escalas de influência dentro do bairro. Considerando essas escalas, explora-se possibilidades projetuais para os diferentes tipos de espaços livres: a rua, a praça, o parque.

1. SAÚDE 2. EDUCAÇÃO 3. ESPORTE 4. CENTROS COMUNITÁRIOS 5. RESTAURANTE POPULAR 53

N


PROPOSTA DE ÁREAS DE ATRAÇÃO + PRAÇAS EXISTENTES

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CONEXÕES FÍSICAS

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CONEXÕES VISUAIS

Dentro do sistema proposto, foi definido um recorte, que inclui os seguintes espaços: 1. Trecho do Córrego Água Quente; 2. Rua Nelson Orlandi e terreno em quadra institucional; 3. Rua Luiz Ollay e praças em pontas de quadra; 4. Quadra institucional com Centro Comunitário e equipamentos esportivos. N

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As propostas de projeto estão baseadas na ideia de construir diferentes experiências em cada parte do sistema, destacando a peculiaridade de cada lugar escolhido e mantendo uma linguagem que permita a identificação de um todo, um conjunto. Em cada lugar de intervenção, propõe-se explorar a ideia de conflito entre opostos, em diálogo à lógica a partir da qual o bairro se consolidou, sempre apresentando colisões entre a cidade construída e as características pré-existentes. A partir disso, é proposta uma série de estranhamentos que permitem novas leituras do ambiente urbano.

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AS PARTES

PARQUE DO CÓRREGO ÁGUA QUENTE

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Um dos espaços integrantes do sistema consiste em um trecho do Córrego Água Quente, localizado próximo à região mais consolidada do bairro Cidade Aracy. O projeto para esse espaço pode ser considerado elemento chave para o desenvolvimento das propostas seguintes, pois se trata de uma área que sintetiza as questões e conflitos identificados na forma urbana do bairro. A proximidade entre os lotes e o córrego cria uma confusão entre área construída e área de preservação permanente. O limiar entre essas áreas se configura como lugar destituído de significado, ocultando a presença do principal corpo d’água da microbacia em questão. Esse corpo d’água está inserido em diversos problemas ambientais, tais como invasão da Área de Preservação Permanente, erosão do solo e assoreamento. Pode-se dizer que o córrego se configura como obstáculo invisível. Ele, juntamente com o relevo íngreme, demarca o “limite” entre a cidade de São Carlos e o bairro Cidade Aracy. Esse espaço foi escolhido como lugar de intervenção justamente devido às suas características frágeis, no sentido de que, apesar de sua importância ambiental e sua localização estreitamente ligada à relação que existe entre bairro e cidade, se mostra como lugar distante dos moradores, destituído de qualidades e significados. Trata-se de um espaço com potenciais de lugar de atração, mas que diante das atuais condições não faz parte do cotidiano da cidade. Com intuito de controlar o processo de degradação, este projeto busca incluir o córrego no cotidiano dos moradores do bairro, agregando-o à sua imagem.


VILA MONTE CARLO

VILA SANTA MADRE CABRINI

CIDADE ARACY

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RUA NELSON ORLANDI .1 RUA LUIZ OLLAY .2 RUA ARNOLDO ALMEIDA PIRES .3

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Travessia existente vista a partir da rua Nelson Orlandi

Trilha existente vista a partir da Av. Integração

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Vista a partir da rua Nelson Orlandi

Vista da Rua Nelson Orlandi a partir do córrego Água Quente

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Para isso, é proposta uma intervenção que dê usos ao local. Não se trata de atribuir funções, mas sim, atrativos para a frequentação das margens do córrego, sem que isso tenha repercussões ambientais negativas. Busca-se intervir nesse espaço de modo a revela-lo, não apenas à população do bairro Cidade Aracy, mas à cidade de São Carlos em geral. Surge então a necessidade de criar condições para que o lugar seja frequentado, configurando-se como referência espacial. A proposição de usos para esse espaço não consiste na definição de funções, mas na criação de novas possibilidades de olhar a paisagem. Para isso, é desenvolvido o desenho de percursos que permeiam o espaço, promovendo sua “abertura” para a cidade. É proposta a criação de diversas relações de proximidade entre indivíduo e córrego Água Quente, segundo um caminhar que revela surpresas e distintos olhares da paisagem. A legislação ambiental brasileira pode ser encarada como um obstáculo para essa proposta, pois, devido à rigidez de suas normas, elimina possibilidades de integração entre cidade e corpo d’água, diante das faixas impenetráveis de preservação permanente, as quais ocultam e isolam o córrego. Nota-se aí uma contradição. Se por um lado a legislação ambiental se mostra rígida, impedindo qualquer tipo de ocupação antrópica nas áreas próximas aos rios e córregos, a cidade ilegal, que cresce independentemente dessas normas, invade essa área de preservação, a qual, mesmo após a consolidação da área construída, não recebe ações que permitam a integração entre cidade e natureza. 62


Desse modo, o projeto para esse trecho do Córrego Água Quente envolve um questionamento dessa legislação, buscando explorar propostas que não sejam agressivas ao meio ambiente e que possibilitem a revelação desse elemento natural à população. O desenho do parque é desenvolvido segundo a ideia de percursos que permitem a contemplação do lugar e aproximação com o córrego de maneiras variadas. Os percursos se dividem em dois tipos: estruturas de passagem em aço patinável elevadas do solo, com formas ortogonais; e percursos sinuosos em contato direto com o solo, sem nenhum tipo de impermeabilização. Contrapõe-se, então, uma linguagem racional, controlada, que se relaciona com o desenho de loteamento do bairro e da cidade, a uma linguagem orgânica, irregular, que se modifica de acordo com as características do entorno, em diálogo aos elementos naturais. A interligação entre esses dois percursos busca instigar o usuário a percorrer o parque e “descobrir” suas partes, experimentando diferentes percepções ao longo desses percursos. Além de lugar do caminhar, são definidos lugares de pausa, para contemplação e fruição da paisagem. A escolha dos momentos de pausa envolvem a localização dos acessos ao parque, possível por três ruas que desempenham um papel importante no sistema proposto. Nesses locais trabalha-se com mobiliário que busca interagir com a paisagem. Esses objetos foram desenvolvidos a partir da linguagem dos percursos elevados, segundo o seguinte processo: 63


R. Luiz Ollay

64 B

Implantação

R. Nelson Orlandi

N

estrutura 2

estrutura 3

estrutura 1

Av. Integração

A

A

B


Foi selecionado um trecho síntese do percurso elevado, o qual resume a ideia de formas conflitantes, ou seja, um desenho ortogonal confinando a forma sinuosa, que se adequa segundo as condições que lhe são impostas. Este desenho expõe a ideia de conflito já mencionada: uma forma ortogonal, racionalizada, contento, ou tentando conter, uma forma orgânica, livre.

65


Partiu-se desse desenho para definir a modulação de 10x5m, que serviu de base para o desenho de diversos elementos que abrangem os projetos do sistema. Explorações formais com esses módulos, envolvendo subdivisões, reorganizações, extrusões, com intuito de criar distintas espacialidades, permitiram esclarecer melhor a linguagem que se desejava utilizar no projeto e encontrar uma lógica de desenho que diz respeito ao conflito de formas de naturezas opostas. Não significa que todos os elementos do projeto (plano de piso, mobiliário, etc) partiram estritamente desse módulo de 5x10m. Mas sim, houve a tentativa de conectar a linguagem de todos os espaços projetados, tendo como ponto de partida essa lógica.

66


67


N

A

A

corte AA

68

Estrutura 1


69


B

N

B

Estrutura 2

70


71 corte BB


N

B

Estrutura 3

72


73


As diretrizes de vegetação estão divididas em dois direcionamentos: a recuperação da mata ciliar e o uso da vegetação para criar distintas sensações. Quanto a iluminação, são propostos dois encaminhamentos. Para os percursos elevados, propõe-se iluminação acoplada às estruturas metálicas, acompanhando sua modulação (5x5m). Para os percursos em contato com o solo, é definida a disposição de totens de 1,00m de altura, distribuídos com distanciamentos variados. Iluminação do percurso elevado

Iluminação do percurso naturalizado

Espécies arbóreas utilizadas no projeto em geral

Triplaris brasiliensis h=18m

74

Guapuruvu h=12m

Sibipiruna h=12m

Mulungu h=8m

Amoreira/pitangueira h=5m


75


Considerando a fala de Jane Jacobs, sobre a necessidade de atrair olhos para criar a sensação de segurança no lugar, é proposto um espaço destinado à educação ambiental, localizado na entrada central do parque, junto à estrutura elevada. Essa ação reafirma a proposta de transformar esse lugar em centralidade, ao criar condições para que seja frequentado, levando em conta sua importância para o contexto o do cinema ao ar livre blocos de comércio da cidade. Essa seria uma edificação elevada do solo, dotada de um espaço para apresentações e reuniões, um ambiente para catalogação de materiais relacionados ao tema de educação ambiental, banheiros e bebedouros.³

espaço para educação ambiental Espaço destinado a educação ambiental

SALA DE APRESENTAÇÕES

suporte para equipamento de projeção

bebedouros RECEPÇÃO

SALA DE CATALOGAÇÃO E CONSULTA DE MATERIAIS

bebedouros

guarda-corpo grelha metálica expandida

suporte para equipamento de projeção

ntes

janelas basculantes

acabamento em chapa metálica paineis de correr

bebedouro banco em concreto

janelas basculantes paineis de correr

paineis de correr

bebedouros

pilar em perfil metálico paineis de correr

Detalhe do percurso elevado

76

³ A área destinada à catalogação de material relacionado ao tema de educação ambiental foi pensada considerando que já foram realizados trabalhos no bairro segundo essa temática. Um exemplo é o projeto Água Quente, organizado pelas ONGs Teia e Acquavit e patrocinado pelo programa Petrobrás Ambiental, que teve início em 2005 e término em 2009. Esse projeto envolvia a bacia do Córrego Água Quente como um todo e propunha uma reflexão, juntamente com a população local, sobre questões sócioambientais e sobre como seria possível modificar a realidade local.


AS PARTES

RUA NELSON ORLANDI E PRAÇA MIRANTE

77

Uma das ruas que culmina no parque do Córrego Água Quente, a Rua Nelson Orlandi, apresenta diversos terrenos desocupados e poucos estabelecimentos comerciais. Apesar da falta de atrativos para frequentação da rua, como praças e atividade comercial marcante, o local eventualmente é apropriado pelos moradores como lugar de passeio e lazer. O fluxo de automóveis não é frequente e parte das calçadas apresenta irregularidades que dificultam o percorrer. Tais características evidenciam a apropriação da rua pelos pedestres, que caracteriza a situação de pracialidade nesse espaço. A proposta de intervenção nessa via consiste em criar estranhamentos que permitem novos olhares para o lugar frequentado, considerando as qualidades já existentes. Assim, propõe-se o nivelamento entre rua e calçada, cujos limites passam a ser demarcados por canteiros. São definidas diretrizes para cada situação peculiar, cuja execução dependeria dos próprios moradores e proprietários de comércio existente ao longo da rua: em locais onde há garagem, o canteiro pode receber um piso diferenciado que permita o acesso do automóvel à edificação; áreas em frente a pontos de atração de pessoas, como bares e diversas formas de comércio, podem receber mobiliário que estimule a permanência de pessoas no local. As diretrizes de iluminação da via compreendem o enterramento da fiação e distribuição de postes de iluminação para a via e para a calçada.


A partir da qualificação do passeio, pelo alargamento e rebaixamento da calçada, redistribuição da vegetação e proposição de mobiliário, busca-se uma nova relação rua-calçada, de modo a potencializar os modos de apropriação já existentes no local, por meio de uma linguagem distinta do padrão do bairro. A delimitação entre rua e calçada não tem o intuito de impedir que os pedestres continuem utilizando a rua, mas que os veículos não invadam um espaço que é exclusivo para pedestres. Verificando as linhas de ônibus que percorrem o bairro, notou-se que a Rua Nelson Orlandi não faz parte das rotas, sendo necessária apenas sua travessia. Assim, define-se um único local para passagem de ônibus, que recebe piso de concreto para melhor resistir à carga que receberá. O local escolhido está próximo de uma quadra onde se concentram equipamentos institucionais de saúde e educação. Nessa mesma quadra existe outro espaço integrante do sistema proposto. Trata-se de um terreno desocupado, com processo de erosão do solo avançado, que se localiza em uma cota que permite a visualização de parte do bairro. Esse terreno foi escolhido devido à sua localização próxima a equipamentos institucionais, o que confere ao lugar um potencial de centralidade; outra característica relevante diz respeito às relações visuais que esse terreno cria com o restante do bairro: além de permitir a contemplação de parte do bairro Cidade Aracy, tal lugar se conecta visualmente com outro espaço incluso no sistema, a praça do Centro Comunitário, que será explicitada adiante. 78


79


80


Conexão visual com a praça do Centro Comunitário

1 - área de intervenção 2 - equipamentos institucionais Vista da cota mais alta do terreno

81


82


Vista do terreno a partir da Rua Nelson Orlandi

A proposta de projeto para esse espaço é construída segundo a ideia de lugar de permanência, contemplação. O desenho segue as características topográficas do local e cria três patamares interligados por um percurso d’água, repleto de perturbações em sua forma, que conduz o olhar por distintas experiências no sentido longitudinal da praça. A água, além de elemento que arremata o desenho da praça como um todo, serve como fator que remete ao córrego Água Quente e cria uma nova ambiência distinta da aridez recorrente no bairro. Cada um dos três patamares carrega em seu desenho diferentes propostas de percepção do espaço. Rua Nelson Orlandi

83


1

2

captação de água subterrânea

3

3

2

captação de água subterrânea

corte AA

84

1


N

804

803

802

801

800

799

798

7

79

79 6

79 5

=2M

OH

R MU

85 passagem de ônibus

793

792

791

790

789

788

787

786

Rua Nelson Orlandi

Rua 48

A

A equiamentos de saúde e educação

Rua Sebastião Lemos

implantação


No patamar mais alto, propõe-se um cinema ao ar livre, como modo de atrair a vida noturna para o local. A iluminação está acoplada ao mobiliário, conferindo ao ambiente uma claridade suave, que não interfere com o cinema ao ar livre. Nesse patamar, o percurso d’água se transforma rapidamente de uma forma retilínea para uma forma irregular conforme entra em conflito com os obstáculos colocados em seu caminho.

86


O patamar intermediário compreende dois tipos de ambiência: uma área com vegetação e sombra mais densa e uma área aberta, com chafarizes e alargamento do percurso d’água, que cria um espelho d’água aberto para o uso.

87


O patamar mais baixo, em contato direto com a Rua Nelson Orlandi, se configura como entrada para a praça. Nele, o percurso d’água se alarga de maneira acentuada, desde sua queda a partir do patamar intermediário. Assim, o patamar inferior adquire um caráter que busca despertar a curiosidade do usuário para explorar as outras partes da praça, parcialmente visíveis do nível da rua, mas cujas características apenas são reveladas com a aproximação.

88


Vista da Rua Nelson Orlandi a partir do segundo patamar da praรงa

89


Vista da Rua Nelson Orlandi a partir do primeiro patamar da praça

possibilidades de organização do canteiro que delimita rua e calçada

90


apoio do cinema ao ar livre

calçada

canteiro

captação de águas pluviais

blocos de comércio suporte para equipamento de projeção

janelas basculantes

bebedouro

areia concreto

banco em concreto

suporte para equipamento de projeção

detalhe da calçada paineis de correr

paineis de correr

apoio para o cinema ao ar livre

suporte para equipamento de projeção

janelas basculantes

bebedouros

janelas b

bebedouro bebedouros

banco em concreto

paineis de correr

iluminação da via + calçada

91

paineis de correr

iluminação da calçada

iluminação em locais com vegetação densa

iluminação embutida no mobiliário (cinema)


AS PARTES

RUA LUIZ OLLAY E PRAÇAS

A Rua Luiz Ollay, via que dá acesso à parte central do parque do Córrego Água Quente (onde se localiza a proposta de centro de educação ambiental), apresenta características bastante distintas com relação à Rua Nelson Orlandi. A presença de comércio é marcante e o fluxo de automóveis é mais frequente, fazendo parte, inclusive, de rotas de ônibus. Ao longo de sua extensão, distribuem-se cinco praças, das quais apenas duas apresentam projetos e são utilizadas. O restante se configura como terrenos baldios, alguns com plantações de iniciativa de moradores das proximidades. Nessa rua, a intervenção proposta está direcionada às praças já existentes. Primeiramente, recuando o olhar para o bairro como um todo, constata-se a recorrência de alguns tipos de uso presentes nessas praças, previstos em projeto ou não. São eles lazer infantil, jogos, hortas e bosques. A categoria de jogos é mais recorrente, e compreende as praças mais frequentadas. O foco deste projeto está nas outras três categorias, visto que não apresentam uma variedade de soluções projetuais dentro do bairro, limitando-se a espaços sem nenhum tipo de projeto, ou com desenhos padronizados. Diante disso, é proposta uma lógica de design dentro de cada categoria (lazer infantil, bosque e horta), de modo a permitir sua aplicação nas demais praças do bairro, de acordo com suas especificidades, reforçando a ideia de sistema e evitando uma simples reprodução padronizada.

92


93


LAZER INFANTIL

JOGOS

HORTAS

94

BOSQUES


1. LAZER INFANTIL 2. JOGOS 3. HORTAS 4. BOSQUES

N

95


RUA LUIZ OLLAY 96


São propostos dois bosques em duas praças localizadas na Rua Luiz Ollay. A diferenciação entre esses dois lugares são as espécies vegetais , sendo que um deles terá como foco espécies frutíferas. O desenho do bosque é criado a partir da ideia de lugar introspectivo, onde o usuário se encontra imerso em um espaço naturalizado, cuja vegetação densa dificulta a visualização do entorno. Pretende-se dialogar com experiências possíveis no projeto proposto para a área do Córrego Água Quente.

Este bosque localizado na microbacia Santa Maria do Leme, em São Carlos, ilustra a proposta de projeto em questão

97


corte AA

98


750

749

A

A 8

74

N

iluminação em totens de 1m

implantação

99


A distribuição de hortas pelo bairro tem como intenção diluir essa função, considerando que existe uma horta comunitária em local afastado, próximo aos limites do Cidade Aracy. O desenho da horta é pensado a partir de degraus que acompanham o declive do terreno, criando platôs onde são dispostos os volumes das hortas elevadas. No centro da praça há um pequeno apoio com torneiras, coberto por uma marquise de aço patinável, correspondente a um dos elementos estruturantes da praça do Centro Comunitário, exposta a seguir. Trata-se então, de uma local funcionalizado, com desenho controlado.

corte AA 100


A

A

N

iluminação alta

implantação

101


102


Em contrapartida, tem-se o desenho da praça de lazer infantil, cuja distribuição de linhas se dá de maneira livre e irregular, conferindo dinamicidade à linguagem utilizada. Na rua Luiz Ollay, a praça categorizada como Lazer Infantil é conhecida como Praça Ronald Golias, local identificado pela população como referência dentro do bairro. Tal caráter de referência pode ser compreendido pela ocupação do entorno da praça, que envolve um ponto de ônibus e diversos estabelecimentos comercias que atraem a população. Já o desenho da praça em si não apresenta atrativos, resumindo-se a mesas, bancos e playground padronizados, além de vegetação escassa. A proposta para esse espaço é desenvolver um desenho de playground escultórico e diverso do desenho monótono existente. Além disso, a organização da praça é pensada a partir das edificações e usos do entorno, como ponto de onibus, bar e barraca de caldo de cana. Chegou-se em um desenho de playground que se relaciona com o desenho do piso, cujas linhas orientam a distribuição de planos e volumes, criando alguns tipos de brinquedos: túnel, cama elástica e parede de escalada.

103


Praรงa Ronald Golias

104corte AA


A

iluminação alta

N

A

implantação

105


106


AS PARTES

PRAÇA DO CENTRO COMUNITÁRIO

107

Localizada na área menos consolidada do bairro Cidade Aracy e conectada ao parque do Córrego Água Quente pela Rua Arnoldo Almeida Pires, a quadra onde se encontra o Centro da Juventude e equipamentos esportivos (piscina, quadra e pista de skate) é, potencialmente, uma centralidade para o bairro. O projeto para a quadra tem como intuito criar uma área livre que possibilite a extensão de atividades que ocorrem no Centro Comunitário, além de eventos diversos, para a população em geral, como feiras e apresentações. São propostos blocos comerciais para conceder ao espaço um caráter de centralidade, local de atração de fluxos, sendo que atualmente essa região do bairro é predominantemente residencial. A configuração dessa quadra como local de atração é uma tentativa de prolongar a lógica e as qualidades de vida coletiva, presentes em outras regiões do bairro, para a região que ainda se encontra em processo de adensamento.


108


109


110


111


Centro Comunitรกrio

112


O desenho proposto para esse espaço busca integrar os diversos equipamentos pré existentes, eliminando barreiras e segmentações constatadas.

C

iluminação para lugares com vegetação densa

iluminação da marquise

Rua Arnoldo Almeida Pires

Rua Tetra Campeonato

iluminação alta para lugares amplos

B

blocos de comércio

marquise em aço patinável

blocos de comércio com banheiros públicos e bebedouro

piso cimentado cor natural

marquise em aço patinável

marquise em aço patinável

piso cimentado cor natural

PISCINA (existente)

APOIO PISCINA (existente)

PISTA DE SKATE (existente)

piso cimentado com pintura amarela

piso cimentado cor natural

CAMPO DE FUTEBOL (60m x 90m) (existente)

marquise em aço patinável

piso cimentado com pintura amarela

77

1,

50

2

marquise em aço patinável 3 77

773,50

774

marquise

QUADRA POLIESPORTIVA (19m x 32m)

marquise em aço patinável piso em pedra

A

piso em pedra

A

marquise em aço patinável

blocos de comércio com banheiros públicos e bebedouro

marquise em aço patinável

77

piso cimentado cor natural

caixa d'água (existente) caixa d'água (existente)

muro h=2m

B

N

C

113

Implantação


A praça se divide em 3 partes: A parte logo ao lado do centro comunitário concentra a função esportiva, que engloba o campo de futebol e a piscina pública já existentes. No projeto foi eliminado o fechamento que contorna o campo de futebol e a piscina, restringindo-o apenas ao entorno da área da piscina. Foi adicionada uma quadra poliesportiva tendo em vista a predominância de pequenas quadras de areia no bairro.

114


marquise em aço patinável piso cimentado cor natural

PISCINA (existente)

APOIO PISCINA (existente)

CAMPO DE FUTEBOL (60m x 90m) (existente)

piso em pedra

A

N

marquise em aço patinável

A

marquise em aço patinável

QUADRA POLIESPORTIVA (19m x 32m)

marquise em aço patinável

115


corte AA

116


117


A parte central, uma transição, envolve tanto locais funcionalizados como a pista de skate já existente, como lugares de permanência e contemplação, com vegetação densa, sem um uso definido. Para essa região da praça foram desenhados estares rebaixados em um metro, que podem ser usados como extensão da pista de skate ou apenas lugar de estar. O muro que cerca uma das caixas d’água localizadas nessa parte cetral da praça, foi abordado como plano de fundo vegetado para um jogo de volumes que se configuram como mobiliário da praça, desenvolvido a partir da lógica de módulos de 5x10m.

118


B

blocos de comércio

marquise em aço patinável

blocos de comércio

piso cimentado cor natural

PISTA DE SKATE (existente)

marquise em aço patinável

marquise em aço patinável

piso cimentado com pintura amarela

77

piso cimentado cor natural

1,

50

77

2

marquise em aço patinável 3 77

blocos de comércio

marquise em aço patinável piso em pedra

A

piso em pedra

773,50

774

caixa d'água (existente) caixa d'água (existente) muro h=2m

N

B

119


corte BB

120


121


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123


Por fim, a terceira parte consiste em lugar amplo, diretamente em contato com a Rua Tetra Campeonado, a qual termina em uma região próxima ao córrego Água Fria e pode se configurar como centralidade linear, de maneira semelhante à rua Luiz Ollay, conforme ocorrer o adensamento dessa região do bairro. Essa terceira parte da praça é desenhada de modo a comportar eventos maiores como apresentações e feiras.

124


125

corte CC


Essas três partes são conectadas por uma forma sinuosa que percorre a praça longitudinalmente e, ao mesmo tempo, segmentadas por caminhos retilíneos de largura de 10m, que cortam a praça transversalmente. Outro elemento recorrente é a mesma linguagem utilizada na praça Mirante, na rua Nelson Orlandi, que consiste no uso de degraus para adequar o desenho do espaço ao relevo do terreno. São distribuídos pela praça blocos de comércio com banheiros e bebedouros. Uma marquise em aço patinável percorre as três áreas da praça, criando lugares de estar e percursos sombreados de acordo com a disposição de sua cobertura, que é alternada entre chapas vazadas de aço patinável, inteiriças ou cortadas pela metade. blocoschapas de comércio

espaço para educação ambiental

SALA DE APRESENTAÇÕES

bebedouros RECEPÇÃO

SALA DE CATALOGAÇÃO E CONSULTA DE MATERIAIS

bebedouros

a equipamento de projeção

janelas basculantes

janelas basculantes

paineis de correr

paineis de correr bebedouros

concreto

Blocos de comércio

126

paineis de correr


preenchimento com lã de vidro

chapas de aço patinável

pórtico em perfil metálico "I"

assento em concreto perfil metálico "I" base em concreto com chapa metálica para fixação do pórtico

piso de pedra piso de pedra solo permeável

solo permeável projeção da viga

projeção da viga

pilar metálico iluminação base de concreto com chapa metálica

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Detalhes marquise


128


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130


DO BAIRRO PARA A CIDADE

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Este projeto teve como foco espaços dentro de um bairro da cidade de São Carlos, o Cidade Aracy. Porém, tendo em vista o caráter isolado desse pedaço da cidade, é importante destacar de que forma esse sistema de espaços livres se relaciona com o restante da cidade. Os projetos foram desenvolvidos segundo características específicas do bairro estudado, apreendidas segundo uma determinada maneira de ler a cidade. Assim, considera-se a metodologia de projeto desses espaços como estratégia de expansão desse sistema a partir de um bairro para a cidade como um todo. Concomitantemente, foram apresentados projetos que abrangem as diferentes escalas de espaços livres: a rua, a praça, o parque. Isso permite a adequação das lógicas propostas às distintas situações encontradas na cidade. Outro ponto importante a ser destacado diz respeito aos elementos que se encontram próximos ao bairro, que, juntamente com o projeto apresentado, permite uma percepção de conjunto, atenuando as barreiras constituídas entre Cidade Aracy e Cidade São Carlos. Destacam-se os espaços livres nos bairros acima da Avenida Integração, que foram alvos de intervenções dentro do programa Habitar Brasil. Além de obras de infraestrutura e habitação, foram construídas pequenas praças, as quais, como lugares de permanência, permitem conexões visuais com o bairro Cidade Aracy e aproximação com o entorno naturalizado existente no local. Por fim, o grande elemento que reúne os bairros da bacia do Córrego Água Quente e que se apresenta, potencialmente, como lugar de atração da população na


escala da cidade de São Carlos é o Parque Florestal Urbano. Essa região, encarada em conjunto com o parque do Córrego Água Quente proposto aqui, poderia constituir uma área de interesse da população em geral tendo em vista sua importância ambiental e suas qualidades paisagísticas. Desse modo, arremata-se a proposta de uma lógica de sistema de espaços livres que pode ser transposta para diferentes partes da cidade, explorando suas peculiaridades. Trata-se de um modo de pensar a forma urbana estruturada a partir do desenho dos espaços livres, evidenciando relações coletivas, típicas do ambiente urbano e responsáveis pela sua vitalidade.

1

2

132

3


2 3 PARQUE FLORESTAL URBANO

133

1


134


CULLEN, Gordon. Paisagem urbana. Lisboa: Edições 70, 1983. FERRARA, Lucrécia D’Alessio. Olhar Periférico. São Paulo: Edusp, 1999. FERRARA, Lucrécia D’Alessio. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática, 1986. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997. MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único... São Paulo: Editora Vozes, 2000. QUEIROGA, Eugenio Fernandes. A megalópole e a praça: o espaço entre a razão de dominação e a ação comunicativa. São Paulo, 2001. SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1992. SÃO CARLOS. Lei n. 13.691 de 25 de novembro de 2005. Institui o Plano Diretor do Município de São Carlos e dá outras providências. Disponível em <http://www.saocarlos.sp.gov. br/index.php/utilidade-publica/plano-diretor.html> Acesso em: 11 de janeiro de 2013. SILVA, V. F. Migrantes na periferia urbana: redes sociais e a construção do bairro. Disponível em <http://n-a-u.org/pontourbe01/FerreiradaSilva.html> Acesso em: 17 nov. 2013 TEIA - Casa de Criação e Acquavit. Bacia Hidrográfica do Córrego de Água Quente: informações socioambientais. São Carlos: Teia – Casa de Criação, 2005. 135


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