MECAJournal # 08 – Março/17

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gilda midani escolhe os itens que traduzem quem ela é — pág. 15

guga roselli, o nome por trás das incríveis festas mareh — pág. 17

as ideias visionárias de bernardo paz, o criador do inhotim — pág. 14

the biggest smallest cultural platform

mecajournal Distribuição g ratuita

Número #008 — Março, 2017

as inspirações de bob wolfenson O fotógrafo conta seu processo criativo e os temas da vida que o motivam por trás das lentes pág. 11

o futuro do trabalho especial — Como empresas jovens e companhias tradicionais estão moldando as novas formas de se trabalhar pelo mundo — pág. 12

belo horizonte — Um roteiro arquitetônico para conhecer a capital mineira com outros olhos pág. 19

tudo verde tendência — As iniciativas que estão fazendo cada vez mais pessoas a focarem sua dieta numa alimentação livre de proteínas animais — pág. 09

04 bandas novas que você precisa conhecer (e ouvir!) agora pág. 10

www.meca.love

family & friends marrakesh e holger maquiagem masculina agenda cultural


mECAgroup

MECACafe

MECAFestival

MECARoom

MECAGames

MECAInhotim

MECAShop

MiniMECAs

MECAPresents

MECAEvents

MECASpot

Arte, Conhecimento, Cinema, Esportes, Gastronomia, Moda & Música

Café, Coworking, Mini Eventos, Locação de Espaço & Loja

MECAPlatform the biggest smallest cultural platform

MECAMedia

MECAWorks

Audiência Proprietária, Canais de Mídia, Geração de Conteúdo & Informação

Plataforma de Influenciadores, Pesquisa, Planejamento, Produção de Conteúdo & Vídeos

MECAFuture

MECAJournal

MECASite

MECASocial

Cidade Planejada, Members Club, Publicação científica, Serviço de Curadoria

MECABox

MECAHouse

MECAFilm

MECAIdea

MECALink

MECAType

MECAPaper

MECATown

foto: [capa] Bob Wolfenson/autorretrato

MECACities

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welcome

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MECAGoods Para equilibrar as emoções, fortalecer o espírito ou apenas deixar um ambiente mais bonito e cheiroso, criamos uma linha de produtos que gostaríamos de ter em casa. São cristais, incensos, velas, canecas, isqueiros, cadernos e totebags, além de uma seleção de achados incríveis feita durante nossas viagens pelo mundo. Uma boa pedida se está na busca por mimos pra você ou pra alguém especial. Você encontra tudo no MECASpot. Quem quer? 1

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1 – Canecas para tomar café ou o que você preferir bem quentinho 2 – Vasos de plantas em cerâmica e cristais como os de ametista e turmalina negra para deixar a casa energizada ou mais simpática 3 – Velas feitas com cera de soja e aromas como o de sândalo 4 – Isqueiros pretos ou brancos customizados com a nossa carinha 5 – Tote bags para você carregar o que for para onde quiser 6 – Cadernos feitos em parceria com a marca Chocolate Notebooks 7 – Sálvia branca e outras plantas em forma de incensos

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fotos: mari caldas

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MECACrew

MECASpot

Ana de Souza Dantas, Brett Kincaid, Bruna Laruccia, Carol Althaller, Claudia Schneider, Diogo Narita, Eduardo Aga, Fernanda Grahl, Gabriela Valdanha, Guil Salles,Igor Cavalera, Juli Baldi, Kiko Hein, Laima Leyton, Luisa Martini, Maíra Miranda, Manuela Rahal, Marcela Zanon, Mariana Caldas, Marília Kodic, Matheus Barros, Matthew Rowean, Max Pollack, Natália Albertoni, Paula Englert, Pedro Valério, Peèle Lemos, Ricardo Moreno, Roberto Martini, Rodrigo Santanna, Rony Rodrigues, Seth Kallen, Taty Oliveira, Thiago Bordi, Yentl Delanhesi

Rua Artur de Azevedo, 499 – Pinheiros – São Paulo – Brasil, CEP 05404-011 +55 (11) 2538-3516

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taste the city (são paulo)

Festão e festinhas

lollapalooza – Tíquetes custam entre R$ 460 e R$ 920 Parties — as concorridas festas que acontecem no decorrer da semana fora do evento. Agendadas para os dias 24 e 27, no Audio Club e no Cine Joia, custam entre R$ 90 e R$ 280 e são boa pedida para quem não curte multidões. lollapalooza br.com [G]

Eis que, finalmente, o ano começou. E passado o Carnaval, uma seleção de onde a gente pretende desfrutar o mês de março em todo o Brasil Drink it

[A]

Comfort food

comida – Massas feitas à mão são foco no Campo Belo O Mesa3, da chef Ana Soares, recémaberto no Campo Belo, é para ir com tempo. Numa rua de paralelepípedos e semicercada por uma horta, a casa parece deslocada para uma cidade

interiorana. Lá dentro, as massas artesanais do pastifício da dona, em Pinheiros, são servidas em caixotes de madeira. Prove o agnolotti de burrata (R$ 34). R. da Prata, 546.

“O bourbon passa por um processo. Há um mestre, água pura, madeira, atmosfera ideal para o barril. São anos esperando para sair de lá. Por que querer mudar se ele já é perfeito? Gosto dele puro ou, no máximo, com gelo. On the rocks.” Receita • 50 ml bourbon • 3 pedras de gelo

Lá em casa

bar – Ipo tem menu a preço convidativo

Aberto na Vila Ipojuca, no Ipo é possível beber a preços justos. Parte disso se deve à ação “trash do dia”, que consiste em criar

versões de drinks clássicos com bebidas nacionais ou mais em conta, por R$ 15. O clima despojado agrada quem está com saudade de férias. Se é o seu caso, aproveite e jogue bilhar no fundo do bar. R. Mota Pais, 32.

Preparo Em um copo curto, coloque as pedras de gelo e cubra com a bebida. A ideia é reduzir a alta concentração do bourbon sem deixá-lo aguado. Só sirva.

Agora que eu cresci...

A Feira Plana cresceu. Tanto que ganhou casa, mudou de endereço e até de nome. Agora sob a alcunha Plana — Festival Internacio-

livro – Feira

Plana migra para Bienal

idealizador do Festival de Clipes e Bandas, a ser realizado no Audio Club, no dia 10/3.

[B]

nal de Publicações de São Paulo, a feira passa a ser realizada na Bienal. A quinta edição, de 17 a 19/3, tem como mote o “Fim do Mundo” e pretende também inspirar ideias políticas e sociais por meio de debates, oficinas e palestras que ocuparão todo o térreo e mezanino do icônico Pavilhão Ciccillo Matarazzo. A programação prevê 150 expositores de países diversos como Chile, França, Canadá, Portugal e Escócia. feiraplana.org

turn the music on

by Tché

— Vocalista da banda Holger, que comemora dez anos de carreira em 2017.

Gold Soundz – Pavement

“Ouvia muito com minhas espinhas na cara e aparelho nos dentes.”

Mistério do Planeta – Novos Baianos

[h]

“Presente num dos discos favoritos da minha vida.”

Harvest Moon – Neil Young “Gênio. E essa música é uma das mais bonitas que ele já fez.”

Encontro marcado

ques (Stop Play Moon). Também haverá um papo curafesta – MECA estreia evento do pelo Garotas no cultural mensal em São Paulo Poder e discotecaNo dia 4/3 estreia e conhecimento. De gem do Big in Japan o MiniMECA. Marolho no Dia Interna- (Michi Provensi e cado para no priJess Pauletto) e cional da Mulher, a meiro sábado de programação é girl das irmãs Tracie cada mês, o evento power. A atração e Tasha Okereke, será radar da cena principal é o show do Expensive $hit. independente, reu- da G T’Aime, projeto R. Artur de nindo música, arte Azevedo, 499. de Geanine Mar-

Mulheres em foco

MOSTRA – Laura Cardoso é tema

de exposição no Itaú Cultural Em cartaz até 30/4, a Ocupação Laura Cardoso inaugura a série de mostras do

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Itaú Cultural que, neste ano, será dedicada às mulheres. Além do aces-

Ponta de Areia – Wayne Shorter e Milton Nascimento

“Dois fenomênos da história da música se encontraram e o resultado ta aí.”

A Origem das Espécies – Séc. Apaixonados

“Molecada carioca, jovem, fanfarrona e talentosa.” so a materiais como trilhas e roteiros de novelas, estão programadas leituras dramáticas a partir de textos teatrais e roteiros de cinema. Av. Paulista, 149.

Qual a importância do videoclipe hoje? Ainda é o principal meio de inovação e experimentação da linguagem audiovisual. O que mudou é que hoje os clipes estão muito mais na internet do que na TV. Qual o papel do Festival? A inovação já está na veia dos novos talentos. Nosso objetivo é abrir esse canal de acesso. Temos muitíssimas bandas e realizadores talentosos e inovadores. E como é feita a seleção? Num primeiro momento, por meio de uma plataforma online, da qual participam seis curadores que trabalham durante todo o festival sob supervisão de Rodrigo Lariú, presidente do comitê de seleção. A plataforma conta com várias funcionalidades que permitem avaliar a performance e o alinhamento dos curadores com o curador-chefe. A que se deve a mudança de endereço do MIS para o Audio Club? Será um evento com mais cara de balada noturna, com atrações como os DJs da festa Pilantragi. Além disso, a cerimônia de premiação acontecerá separada dos shows, no dia 11/4, no Centro Cultural Rio Verde.

fotos: divulgação; [a] Lucas Sant’Ana; [b] clever cardoso; [c] Fil Giuriatti/divulgação; [d] layza vasconcelos; luis ventura/divulgação; [f] pino gomes/divulgação; [g] i hate flash; [h] mari caldas

A sexta edição brasileira do megafestival criado por Perry Farrell está marcada para os dias 25 e 26/3, no Autódromo de Interlagos. Entre os shows indies mais esperados estão Tove Lo (foto), The 1975, Glass Animals e MØ, que também comandam as já tradicionais Lolla

O (não) drink do arquiteto Vinicius Longato

Gustavo Steinberg,


taste the city [C]

goiânia

Rock na Rua 9

NOITE - Centro

multicultural é hotspot indie

porto alegre

Continue a pedalar

Bikes retrô em novo endereço

LIFESTYLE -

INSIDEr TIPs —Gabriela Agustini Referência em inovação e tecnologia no Rio de Janeiro, ela revela seus lugares favoritos na cidade.

De jazz a samba, o Bar do Nanam tem programação na rua quase toda semana. R. Imperatriz Leopoldina, 55. A feira Junta Local reúne produtores de comidas orgânicas e acaba sendo um ponto de encontro de gente legal. Para saber as próximas: juntalocal.com

Bikes com desenhos clássicos mas tecnologia atual, as magrelas da Solabici circulam por Porto Alegre desde 2015. A novidade é que, neste mês, a loja será reaberta

em novo endereço. Agora, as bicicletas “nascem” sob medida, com quadros feitos à mão com base no peso e tamanho de cada cliente. Rua São Carlos, 753.

[C]

belo horizonte

Festa no galpão TEATRO –

Clássicos no tablado Obras de Guimarães Rosa (19081967) e Dostoiévski (1821-1881) serão exploradas no palco do Galpão Cine Horto. Dias 10 e 11/3, às 20h, dois bailarinos da companhia de João Paulo Gross, de Goiânia, apresentam “O Crivo”, baseado em “Primeiras Estórias”, do autor mineiro. Na segunda quinzena de março, o espaço irá promover uma se-

Projeto do produtor Fabrício Nobre, coordenador do festival Bananada que neste ano ocorre entre os dias 8 e 14/5, e dos empreendedores Frederico Furtado e César Júnior, o Rock foi aberto no fim do ano passado. A casa, localizada no Setor Marista, alia música, artes visuais e gastronomia. Além de bandas e outras atrações nacionais, o local promove a cultura regional de Goiás. R. 9, 2.316.

belo horizonte

Melancolia pop

MÚSICA - Jake Bugg faz show no Music Hall O cantor e compositor britânico de folk faz sua estreia na capital mineira em março: dia 11/3, a partir das 21h, no Music Hall. Aos 23 anos, o artista prodígio — que já foi comparado a Bob Dylan pela mídia — apresenta seu

terceiro álbum “On My One”, que vem depois de “Shangri La” e “Jake Bugg”. Nele, há um mix de folk, country, pop dos anos 1970 e hiphop, sempre guiados pela veia bluesy. Ingressos a partir de R$ 120. Av. do Contorno, 3.239.

Courbet resolveram batizar o projeto assim. Desde 2016, o Belchior funciona em dois endereços: na Antiga Fábrica da Bhering, em Santo Cristo, e em uma loja

em Ipanema. O dia 4/3, das 12h às 20h, será dedicado ao universo Disney, com produtos selecionados em brechós dos Estados Unidos. R. Orestes, 28.

rio de janeiro

Bazar não, brechó

mana de atividades para comemorar o Dia Mundial do Teatro. Uma das atrações é o espetáculo “2X2=5 — O Homem do Subsolo”, no qual Cacá Carvalho interpreta o personagem principal de “Memórias do Subsolo”, do escritor russo. R. Pitangui, 3.613.

[D]

MODA - Disney é tema de garimpo de roupas Dizem que brechó é uma derivação do nome Belchior, vendedor carioca que, no século 19, resolveu abrir uma loja com produtos de segunda mão. Fica claro então porque Helo Magalhães, Lee Landell e Kim

[E]

porto alegre

Aromas de Porto

comida - Casa reabre com novidades

O restaurante Miam Miam tem bons drinks e pratos que mesclam as cozinhas brasileira e francesa. Os móveis do antiquário Hully Gully são uma atração à parte. R. General Góis Monteiro, 34.

Em recesso durante o mês de fevereiro, o bistrô Studio dos Aromas, na Cidade Baixa, reabre no dia 6/3. Na casa, comandado pela chef Natalie Machado, o menu é reformulado mensalmente e a cada dia da semana há

5

um prato fixo diferente. Neste mês, para fechar o verão, continuam em destaque os peixes e frutos do mar. Além disso, o espaço promove, um sábado por mês, um almoço dividido em cinco etapas. Há também um projeto mensal que mistura happy hour e jantar. Atenção nos detalhes: a água, cortesia da casa, chega à mesa em uma moringa. Em dias quentes, peça uma mesinha na área externa. R. João Alfredo, 549.

[F]

rio de janeiro

Doces vampiros TEATRO -

Comédia cult dos anos 1990 Vinte e cinco anos depois de sua estreia na TV, a

novela “Vamp” ganha uma versão para os palcos e, o mais legal, com os mesmos protagonistas. Claudia Ohana segue no papel de Natasha, a cantora que vende a alma para Conde Vlad, papel de Ney Latorraca, em troca de sucesso. Aliás, outros nomes importantes da ficha técnica também não foram alterados: é o caso de Antônio Calmon e Jorge Fernando, respectivamente autor e diretor. De 17 a 26/3, no Teatro Riachuelo. R$ 15. R. do Passeio, 40.


taste the city belo horizonte

listIcle

Cardápio renovado

—Lucas Durães,

fundador do coworking e café Guaja, indica onde gosta de comer bem em Belo Horizonte.

comida - Casa

passa a servir drinks clássicos

Quarta temática

NOITE - Festa tem pop e funk Já é tradição: toda quarta a festa Moranga domina o restaurante Outro Calaf, sempre com um tema diferente e uma super mistura de rap, bass, funk, pop e indie. Já passaram pelas pickups nomes como Jaloo, Omulu, da festa Arrastão, e

Dorly, do animadíssimo Heavy Baile. Também rolam projeções a cargo do VJ Boca, residente da baladinha. O mote do próximo encontro não está fechado, fique de olho no Facebook. Setor Bancário Sul, quadra 2, bloco Q, lojas 5 e 6.

[a]

Sushi Naka

angu de fabricação própria nos sabores de couve e provolone e linguiça com jiló. Há ainda uma carta extensa de

cervejas artesanais e, a partir deste mês, drinks como mojito, cuba libre e piña colada. Destaque para o Terremoto,

Melhor restaurante japonês de BH. Sem firulas ou invencionismos, concentrase no que há de mais importante: a qualidade do peixe (sempre excepcional) e o preparo exímio dos sushimen. R. Gonçalves Dias, 92.

cuja receita leva uma curiosa mistura de sorvete de abacaxi com vinho branco. R. Barão de Cocais, 22.

Cantina do Lucas

Dentro do Edifício Maletta, o restaurante oferece opções clássicas e generosas como o tradicional filé à parmegiana e purê de batata. Av. Augusto de Lima, 233, loja 18.

belo horizonte

Bantu CULTURA -

Uma livraria com foco na cultura negra

rio de janeiro

Na ponta da agulha NOVIDADE -

de cultura

Nova agenda

A ideia surgiu numa conversa de bar entre Sergio Cohn e Gabriela Gomes. Eles chegaram à conclusão de que a cena cultural pulsante e alternativa da cidade não estava sendo registrada devidamente e era impossível para pessoas de fora da “bolha” acompanhar tais eventos. Junto com Santiago Perlingeiro e Lernie Brandão, eles criaram, em janeiro deste ano, a “Agulha”. A publicação independente não

só disponibiliza uma agenda mensal de 22 coletivos, entre eles Leão Etíope do Méier, Audio Rebel e A Gentil Carioca, como também dedica um espaço em suas páginas para que eles reflitam sobre temas contemporâneos. Além dos próprios coletivos, a Hospedaria Rio e o Fica Café são alguns dos pontos de distribuição fixa, como o MECASpot, em São Paulo! R. Vicente de Sousa, 29.

“Eu não sabia que existiam princesas negras” ou “eu não sabia que existiam super-heróis negros”: essas eram frases que a jornalista e publicitária Etiene Martins costumava ouvir quando levava sua biblioteca itinerante especializada em cultura afro para eventos em BH. “Eu via o fascínio e o desconhecimento das pessoas [sobre o tema], e então surgiu a ideia da livraria em um ponto fixo”, diz. A Bantu, que abriu no fim de 2016, tem de tudo um pouco: obras infantis, poesia, ficção e filosofia. Quer começar a ler sobre o assunto? Já fica a dica da dona: “Cachorro Velho”, da cubana Teresa Cárdenas. Av. dos Andradas, 367, loja 211B.

Casa Cheia

Sempre trago quem é de fora aqui. Vale a pena enfrentar a fila e pedir um Mineirinho Valente, canjiquinha com queijo, lombo defumado, costela desossada ao vinho, linguiça caseira e espinafre. R. Cláudio Manoel, 784.

exposição que celebra o aniversário de 244 anos de Porto Alegre (26/3). As fotos analógicas de 35 mm e em P&B são do artista visual Rodrigo Marroni, diretor do espaço, que tem residência fixa no local. O cartunista Lipe Albuquerque e Martina Medeiros,

porto alegre

Olhar afetuoso EXPOSIÇÃO -

Mostra reúne fotos em 35 mm Misto de ateliê, galeria e loja, a Casa Musgo recebe, a partir de 16/3, uma

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que trabalha com escultura, bordado e gravura, também utilizam o espaço para produzir — e qualquer um que chega lá pode conferir o trabalho do trio. Além de abrigar lançamentos de livros e palestras, a Casa Musgo tem uma parceira com o Mostarda Brechó,

Mole Antonelliana

que também vende peças no local. R. Vieira de Castro, 80.

Depois de visitar a praça da Liberdade, desço em direção ao parque Municipal e, no meio do caminho, faço uma pausa para um café e um merengue. Av. João Pinheiro, 156.

fotos: divulgação; [a] lucas durães; claudio santos

brasília

No teto, sombrinhas coloridas. Nas mesas, toalhas de chita para receber iguarias mineiras. Se a intenção é comer bem num ambiente aconchegante, esse é o local. Desde agosto do ano passado, a Sagrada Comidaria funciona onde antes era o bar Normal. Na casa dos sócios Robson Abreu e Rangel Fernandes — que também é o chef — há pastel de


taste the city [b]

[b]

recife

Torre de babel

NOITE - Prédio

reúne artistas no centro

O Texas Café Bar, no térreo do edifício Texas, é uma referência da cena artística local, mas também da noite na cidade. A partir de quinta, rolam discotecagem e shows de bandas com uma vibe mais experimental, que o público ouve da rua, em frente ao local. Nos outros andares funcionam um ateliê de moda, uma produtora de vídeo e um estúdio de fotografia, onde são realizados cursos, debates e exposições. Acompanhe a programação pelo Facebook da casa: fb.com/Texas cafebar. R. Rosário da Boa Vista, 163.

[b]

belo horizonte

De fio em fio

EXPO - Estreia

mostra sobre moda mineira

O Mumo, Museu da Moda, foi aberto no fim do ano passado dentro do Castelinho da Bahia — onde, até então, funcionava o Centro de Referência da Moda. A mostra inaugural do

espaço é “33 Voltas em Torno da Terra – Memória da Indústria Têxtil em Minas Gerais”, em cartaz até maio. A exposição, com acervos cedidos pela Cedro Têxtil e pelo Museu

das Artes e dos Ofícios, remete a uma fábrica de tecidos e destaca a importância cultural e social da confecção mineira. É grátis. R. da Bahia, 1.149.

rio de janeiro

What you know?

MÚSICA - Circo Voador tem noite indie

O emocore e o indiepop se encontram na noite do dia 28/3 no Circo Voador. O quarteto Jimmy Eat World abre a noite com o disco recémlançado “Integrity Blues”. Em seguida, o trio Two Door Cinema Club, que já tocou no MECA, sobe ao palco. Espere o repertório de “Gameshow”, além de hits como “What You Know”. Ingressos a partir de R$ 140. R. dos Arcos, s/nº.

rio de janeiro

Açougue sem carne

comida - Casa aposta em receita vegana O kibe é uma combinação de espinafre e tofu, o hambúrguer é de cogumelos, a linguiça é de origem

vegetal. O nome curioso, Açougue Vegano, tem como objetivo justamente diminuir o preconceito que as pessoas

ainda têm em experimentar receitas sem proteína animal. O projeto é uma parceria entre os

chefs Celso Fortes e Michelle Rodriguez. Inaugurada em janeiro de 2017 no shopping Uptown, desde fevereiro a loja

também faz entrega dos produtos no mesmo dia em todas as regiões do Rio. Av. Ayrton Senna, 5.500.

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Reflexão —

O futuro das cidades —

Boa parte das cidades nasce sem querer. São um acaso da sorte. E seu crescimento costuma ocorrer com pouco ou nenhum planejamento. É algo orgânico: pessoas se aglomeram por conta de interesses em comum — trabalho e moradia, por exemplo — e, juntas, começam a formar comunidades. Agora, quase duas décadas passadas do início do século 21, a grande pergunta é: como organizar ou reprogramar as cidades nas quais queremos viver daqui para a frente? Não faz sentido contar com a sorte. A probabilidade de não dar certo é grande. É o que vemos em megalópoles como São Paulo, Los Angeles e Shangai, para ficarmos em apenas três exemplos: engarrafamentos de centenas de quilômetros e ocupação de áreas amplas e afastadas dos hubs de produtividade. O resultado: indivíduos perdendo até um quarto de seus dias se locomovendo de casa para o trabalho, poucas ofertas de diversão e vida social nos entornos residenciais e, consequentemente, a criação de mais estradas, que levam mais carros às ruas, que causam mais trânsito, que geram mais poluição. Universidades do mundo todo já contam com equipes dedicadas a isso: debater e achar soluções para se viver melhor. O arquiteto paranaense Jaime Lerner roda o mundo dando palestras sobre o tema. Suas gestões como prefeito de Curitiba e governador do Paraná nos anos 1980 e 1990 inspiraram a transformação de quase uma centena de cidades no planeta. Ele tem uma máxima: cidades capazes de proporcionar qualidade de vida a seus habitantes se assemelham a uma tartaruga. “Ela tem o abrigo, o trabalho e o movimento juntos, no mesmo espaço. Se você cortar o casco da tartaruga, vai matá-la”, costuma dizer. No fim do ano, um painel das Nações Unidas ocorreu na Inglaterra para discutir o tema. Eis os highlights: - na hora de tomar decisões urbanísticas, envolva e ouça todos, inclusive a favela; - projete cidades amigáveis aos idosos; - resiliência deve estar no âmago do planejamento de uma cidade; - ouça com especial atenção o que as mulheres querem e precisam; - compartilhe com a comunidade histórias de ações positivas. Não é receita de bolo. Mas pode ser o começo para uma nova era. E nós estamos otimistas: no futuro o sonho do MECATown pode se tornar uma realidade.


fantastic man

Masculino e feminino

axe

2

Yuri Mira,

comportamento — Base, pó, corretivo e glitter também

27, trabalha como pesquisador e montador de vídeos. Não é adepto, mas a favor das makes.

fazem parte do nécessaire masculino em 2017. Os homens querem ficar mais bonitos, seja com um visual básico ou uma make performática para desfilar na pista 1

[a]

[b]

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[c]

Se o glitter já entrou no nécessaire para ficar, as tintas coloridas aparecem aos poucos nas baladas e fazem moda fora da época do Carnaval — e não só entre o público feminino. O publicitário Eduardo Talley e o produtor cenográfico Tiago Squitch não reservam os brilhos somente para os dias de folia. Os amigos começaram a pintar o rosto por brincadeira para frequentar festas e, hoje, maquiam os colegas e até a namorada de um deles. Talley, que é brasiliense, se sentiu mais à vontade quando chegou a São Paulo, no ano passado. “Aqui, senti mais liberdade para usar glitter e maquiagem, além de adereços, como lenço e maiô. É uma barreira que está sendo desconstruída há pouco”, conta. A produção, no caso deles, é reservada para a balada. “No dia a dia, só quando chego ao trabalho com resquícios da noite anterior”, brinca Talley. Mas há quem seja adepto da make básica todos os dias. O administrador público Édipo Ferreira usa desde a adolescência. Ele explica que corrigir o tom e as imperfeições deixa o rosto com um aspecto mais “descansado”. Os itens básicos de so-

Para ter no nécessaire Itens básicos para o dia a dia Corretivo

Disfarça olheiras,manchas e espinhas.

Base

Deixa a pele homogênea.

Pó facial

Evita o “brilho natural”.

Blush bronzeador É o aspecto de “saudável”.

Máscara incolor

Realça os cíclios.

brevivência são: base, corretivo, pó facial, blush bronzeador e, se tiver habilidade, uma máscara incolor. Para o rapaz, os vídeos e tutoriais ajudam no processo de aprendizado, mas o lance mesmo é experimentar os melhores itens e marcas. “Testar é importante para ter certeza do que combina mais com você e sua pele, sempre percebendo o que te deixa mais confortável.” básico x performático Os homens já demonstram interesse no uso de algum tipo de arte no corpo, como pinturas ou tatuagens, desde a Pré-história. Mas se antes os adornos estavam ligados às forças da natureza e à proteção, hoje a inclinação é estética. E o mercado está atento. Nos últimos meses, o destaque para homens no mundo da beleza foi grande. Em outubro de 2016, a revista “CoverGirl” anunciou o vlogger James Charles, que tem 1,5 milhão de seguidores no Instagram, como seu novo embaixador. Já em janeiro deste ano, a marca de maquiagem Maybelline contratou o in-

4 fluenciador Manny Gutierrez. O jovem, que conta com 2,5 milhões de seguidores em seu canal no YouTube e mais de 3 milhões no Instagram, bombou na internet com a propaganda de uma máscara da marca, em vídeos recheados de brilhos e ostentação feitos em parceria com a também youtuber Shayla Mitchell. Em São Paulo, a Escola Madre, renomado instituto de beleza, promove desde 2015 cursos de make para este público. Para o maquiador e consultor de beleza André Florindo, o público-alvo das marcas brasileiras ainda são as mulheres, mas o sexo oposto está ligado. “Eu sinto que os homens estão mais preocupados com a imagem que eles querem passar. Vejo isso principalmente entre os executivos. O homem que está na capa da revista, no palco do teatro ou no seu programa de TV favorito está bem acostumado com o uso desses produtos milagrosos e sabe a diferença que faz quando está maquiado”, explica. Ficou tentado, mas precisa de um empurrãozinho para começar? A dica é: arrisque. Se errar, lave e comece de novo.

Quais os cuidados que você costuma ter com a sua pele? As precauções básicas que toda pessoa deveria tomar: lavo meu rosto com um sabonete adequado para minha pele, passo protetor solar diariamente, uso primer para fechar os poros e, às vezes, faço limpeza de pele. Você já passou maquiagem? Em qual ocasião? Usei para participar do vídeo de uns amigos, foi estranho ver a mudança, por conta de todos aqueles “defeitos” da pele que somem. Acho que é uma situação pela qual todo homem, independentemente da sexualidade, deveria passar.

Há muitas maneiras de ser homem hoje em dia. E a AXE procura entender todas. É por isso que, juntos, criamos esta página, com o objetivo de trazer novidades desse universo: de novas tendências de grooming, moda, consumo, comportamento e música.

UPDATE OR DIE! — Uma comunidade de criativos decididos a inspirar você data selfie Essa extensão para Chrome utiliza seu comportamento no Facebook para fazer conclusões sobre suas preferências e posicionamento político. Uma forma interessante de acessar a big data a seu respeito.

pocket casts Perfeito de achar podcasts legais, este app tem tudo o que os outros têm, mas é o mais completo e simples, principalmente para gerir aqueles que você já ouviu. Custa 9 dólares. pocketcasts.com

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arquitetura mental O artista Federico Babina criou ilustrações com as doenças mentais como um projeto arquitetônico, traduzindo diagnósticos de condições psiquiátricas, psicológicas e comportamentais.

fotos: divulgação; [a] marcelo paixão; [b] carmen campos/casa 38 estúdio/divulgação; [c] priscila tessarini/divulgação; [d] Samuel Antonini/divulgação; [e] Marcus Steinmeyer/divulgação

1 – O ator Igor Rickli, com maquiagem feita pelo consultor de beleza Andre Florindo para um ensaio fotográfico 2 – O vlogger James Charles é o novo embaixador da “CoverGirl” 3 – O maquiador Andre Florindo acredita que os homens estão preocupados com a imagem que querem passar 4 – Larissa Waltrick (esq.) é maquiada pelos amigos Eduardo Talley e Tiago Squitch, que também se pintam para festas


mecaTRENDS

Verde que te quero ver-te

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comida — Relacionada à espiritualidade ou à busca pelo equilíbrio, a demanda por uma alimentação mais saudável cresceu com mais força nos últimos anos. Conheça algumas iniciativas e escute o seu corpo

Quando começou a clinicar, há oito anos, a nutricionista Paula Gandin já dizia para os seus colegas que queria se especializar em plant-based nutrition. “Me falavam ‘você é louca, não tem tanto vegetariano assim’”, lembra. Hoje, de cada dez pacientes que chegam ao seu consultório, apenas um ou dois consomem carne. Paula credita a mudança ao acesso à informação sobre esse tipo de dieta. Em 2013 foi lançada a revista americana “Modern Farmer”, uma espécie de cruzamento entre “Monocle” e “Globo Rural”, dedicada a novas formas de agricultura. Um ano depois estreou o documentário “Cowspiracy”, que chocou ao mostrar os impactos ambientais diante do consumo de proteína animal. Há ainda o crescimento de ações como a Segunda sem Carne, que atrai até quem está bem longe de abrir mão do churrasquinho, e uma busca ligada à espirtualidade. “Recebo pacientes que ficaram sem comer carne por alguns dias, se sentiram melhor e querem dar continuidade ao processo”, diz. A busca por uma alimentação constituída por vegetais, sem ingrediente de origem animal, e com o propósito de buscar um equilíbrio do organismo cresceu especialmente nos últimos três anos. E não está necessariamente atrelada ao movimento de ética animal, mas também ao desejo de nutrir o corpo de forma consciente. O foco é em alimentos “de verdade”. “Tá na terra, foi para o prato”, brinca a Paula. Fernanda Palamone, especialista em criar dietas personalizadas, busca uma relação mais próxima com o que põe à mesa. Ela acabou de criar uma primeira horta na sua própria casa, em Valinhos (SP). Já consome o tomate, a alface, a couve, o agrião, o manjericão, o alecrim e a hortelã que planta. “Sei de onde vem e como foi produzido, e isso é muito bom”, conta. Visando melhorar a relação que a sociedade tem com os alimentos, o cientista político Tiago Nasser deu vida à Junta Local em 2014, feira carioca de alimentos

vendidos diretamente por quem os produz. Os “ajuntados”, como são chamados os vendedores, trabalham em rodízio, uma vez que não há espaço para todos em cada uma das edições. Já o Instituto Chão, em São Paulo, vende todos os alimentos a preço de custo desde 2015. A única fonte de financiamento são os próprios clientes, que podem deixar uma contribuição voluntária para a manutenção do projeto. Instituições renomadas como o Sesc também entraram na onda ministrando oficinas sobre plantas alimentícias não convencionais (Pancs), como a capuchinha. O último encontro foi em fevereiro deste ano. Dá ainda para se engajar no próprio bairro. Hortas comunitárias espalhamse, com o perdão do trocadilho, como erva daninha pela cidade — tudo orgânico por determinação da lei e pressão de iniciativas como o Movimento Urbano de Agroecologia (Muda). Visite a do Ciclista, em pleno cruzamento da avenida Paulista com a rua da Consolação. Para curtir a calmaria, vá à praça das Corujas, na Vila Beatriz. O portão fica aberto. É só entrar e fazer a feira.

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Compra consciente Três endereços para quem busca mudanças no modo de se relacionar com a comida. Anote! Instituto Chão

Associação sem fins lucrativos, agrada aos frequentadores com uma feira, uma mercearia e um café, todos recheados de produtos orgânicos e artesanais. O local repassa suas mercadorias aos clientes pelo mesmo preço de compra. R. Harmonia, 123.

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4 1 e 2– Produtores participam da feira Junta Local, em fevereiro deste ano, no Rio 3 – Assim como a praça do Ciclista, o CCSP também tem a sua horta 4 – Verduras e legumes do Instituto Chão 5 – Davi Ralitera, dono da Fazenda Santa Adelaide, em Morungaba (SP) 6 – Tempurá de ora-pro-nóbis (Panc) com ponzu de uvaia da chef Bel Coelho

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Santa Adelaide Orgânicos

Localizada no interior de São Paulo, a fazenda tem a proposta de “trazer o melhor da roça até sua casa”. Os produtos são todos orgânicos e colhidos na véspera da entrega aos clientes. Pacotes semanais e quinzenais facilitam o pagamento. Aos sábados, é possível encontrar os produtores rurais em uma feira na R. Curitiba, 292.

Clandestino

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Idealizado pela chef Bel Coelho, o restaurante abre apenas uma semana por mês e tem um cardápio préestabelecido. A cozinheira inova nos pratos usando plantas comestíveis não convencionais (Pancs). É necessário fazer reserva. R. Medeiros de Albuquerque, 97.

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around the world

chilli beans

Go southwest

INSIDEr TIPs —Marina Renault, Leipzig

austin – No

Texas, a 30ª edição do SXSW

Floresta etílica AMSTERDÃ –

Um bar repleto de plantas

Back in the U.S.S.R. Londres – Uma

visita à União Soviética

Para marcar o primeiro centenário da Revolução Russa (1917), o Design Museum traz, a partir do dia 15/3, a mostra “Imagine Moscow”. São propagandas, cartazes e desenhos datados do começo do século 20 que traduzem a visão da época do que era — ou melhor, do que se imaginava que um dia seria, algo que nunca ocorreu — a extinta União Soviética. design museum.org

Com paredes em tons de verde, longo balcão de mármore e luz natural abundante, o Bar Botanique é novo mustgo da região de Amsterdam East. E como o próprio nome revela, o clima de florestinha art déco domina o local. Plantas em hangers

escorrem do teto e costelas-de-adão, imbés e palmeiras decoram as janelas. O amplo cardápio engloba desde chás, cafés, sanduíches, pizzas e saladas até pratos mais elaborados. Para beber, uma boa variedade de cervejas locais e importadas, vinhos em taças e drinks. O imóvel, que foi reformado pelo Studio Modijefsky, antes era ocupado por uma academia de ginástica. barbotanique.nl

Todos os tipos

tóquio – Livraria dedicada aos amantes da tipografia

Universo encantado paris – Filmes

lúdicos para todas idades

De tanto colecionar livros e revistas de tipografia, o webdesigner japonês Osamu Kawata resolveu montar sua própria livraria. A Book and Sons vende publicacões novas e usadas, além de outros materiais sobre o tema. Há, ainda, uma pequena galeria aos fundos focada no assunto. bookandsons.com

Pinball mania

los angeles –

Feira de game saudosista

Misto de competição e exposição saudosista, a Arcade Expo ocorre entre os dias 17 e 19/3. São mais de 1.100 máquinas reunidas num galpão e à disposição dos entusiastas desses games mecânicos, superpopulares nos anos 70 e 80. Entre as raridades disponíveis estão a Flicker, da Bally, de 1974. arcadeexpo.com

MECARadar — Bandas para você ficar de olho NOIA (Espanha/EUA) A catalã Gisela FullaSilvestre trata da experiência de residir em cidades tão diferentes: NY e Barcelona. Há temas que evocam o clima tropical das praias espanholas e outros, o R&B do Brooklyn.

A partir do dia 29/3, a La Cinemathèque Française abriga a mostra “Mômes e Cie”, cujo foco é o universo de filmes infantis, ainda que a expo seja indicada para todas as idades. São exibição de filmes, batepapos e workshops acerca de cineastas como Hayao Miyazaki (“A Viagem de Chihiro” e “Meu Amigo Totoro”) e Steven Spielberg. cinematheque.fr

O coração criativo da cidade está no bairro de Plagwitz. Um dos maiores hubs artísticos da Alemanha, a antiga fábrica têxtil Leipziger Baumwollspinnerei hospeda galerias renomadas, artistas e startups inovadoras. spinnerei.de A parte sul da cidade é cheia de lagos, onde dá para fazer esporte ou relaxar. No verão, quando voltar de um deles, pare no Deli, uma minihamburgueria vegana, que também tem bolos e opções saudáveis. leipzig-deli. tumblr.com

Jamais cair na rotina. Esse é um dos valores da Chilli Beans, presente em mil cidades no Brasil e em outros nove países. A gente concorda. Tanto que nos unimos a eles para produzir esta página com as dicas mais bacanas do que acontece no mundo agora!

por Bananas Music Branding

GEMS (EUA) ​​Vocais​ sombrios, melodias minimalistas​e apelo visual. A dupla que forma o GEMS está repaginando o trip hop dos anos 1990 com um toque do dream pop atual. O resultado é impressionante.

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Pratagy (Brasil) Aila, Jaloo, Felipe Cordeiro... o Pará só anda dando fruto bom. A delícia da vez é Pratagy. ​“Búfalo”, seu 1º disco, vai do orgânico ao eletrônico a​o misturar​ ritmos regionais com o dream pop.

giiana (Coreia do Sul) É só fechar os olhos, dar play e imaginar o paraíso: GiiANA vai te levar pra lá. ​O EP “Paradise”, primeiro da​artista sul-coreana​,​é uma boa pedida pra quem não ​ quer se despedir do clima relax de verão.

fotos: divulgação; [a] Bob Wolfenson/autorretrato

Do South by Southwest, em Austin, a uma revisita à U.R.S.S. de um século atrás, em Londres, nossos programas prediletos pelo mundo

PHD em Estudos de Globalização, Marina adora os contrastes da cidade, hoje uma das mais dinâmicas da Alemanha.

Considerado um dos principais evento do mundo no que diz respeito à tendência de tecnologia, novas mídias e cultura, o South by Southwest (SXSW) chega à sua 30ª edição mais mainstream do que nunca. Entre os 125 filmes com exibição programada está “Song to Song”, de Terrence Mallick, com Ryan Gosling e Natalie Portman no elenco. Na seara musical há o rapper Goldlink e o duo japonês de synthpop Satellite Young. De 10 e 19/3. sxsw.com


#quemteinspira

são coisas da vida

Antes de ser fotógrafo, Bob Wolfenson diz que é um cidadão qualquer e conta aqui como o dia a dia o inspira

Bob Wolfenson dispensa apresentações. No alto dos seus 45 anos de carreira, um dos maiores e mais renomados fotógrafos do país, trouxe luz para um paradoxo da natureza humana em seu mais novo trabalho autoral. “nósoutros” está exposto na Galeria Millan e reflete sobre o desejo de pertencer e ao mesmo tempo se diferenciar. Um projeto audacioso, que demorou quatro anos para ser realizado. Conversamos com ele sobre este processo criativo e também sobre o que o move por trás das lentes.

“o meu olhar tem a ver com a minha personalidade. gosto do que o meu trabalho oferece”

O que mais te inspira? A minha maior inspiração é a vida. É difícil separar a vida pessoal da fotografia. O meu olhar tem a ver com a minha pesonalidade. Gosto de trabalhar bastante e gosto muito do que o meu trabalho de me oferece. Os encontros, as viagens, comer bem, as possibilidades de fazer novos trabalhos. Tudo me inspira, tudo faz parte de uma coisa única. Você fotografa quando não esta trabalhando? Com o celular o tempo todo, mas com a câmera só se eu estiver desenvolvendo alguma ideia. E o que você acha dessa democratização da imagem que estamos vivendo? Legal. Vejo a fotografia hoje como uma nova caligrafia: todo mundo escreve, porém pouquíssimos são de fato escritores. Qualquer pessoa pode fazer uma imagem hoje, mas para ser um fotógrafo precisa de muito mais. Precisa querer comunicar algo. Ter um conceito, um contexto. Mas tem um outro lado muito bom. Há muitas pessoas interessadas na fotografia. Os fotógrafos ganharam um status que não tinham. Sem contar que os equipamentos ficaram mais baratos, e isso possibilitou que muita gente com boas ideias tivesse a possibilidade de colocá-las em prática. Como você concilia o seu trabalho autoral com as demandas comerciais? Tudo está interligado. Agora estou expondo meu último projeto autoral na Galeria Millan. “nósoutros” é um trabalho que eu realizei durante as viagens que eu fiz a trabalho nos últimos quatro anos. Uma vez eu vi o Jô falando que quanto mais ocupado você é, mais tempo você tem para fazer o que te interessa. “nósoutros” trata de um assunto atual, essa vontade paradoxal de pertencer e ao mesmo tempo se diferenciar. E você conseguiu trazer esse dualismo de uma forma muito sutil e poderosa. Pois é, o próprio André Millan quando viu “nósoutros” pela primera vez disse que o timing não poderia ser mais perfeito. Eu tenho um padrão de

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pensar as coisas e depois realizá-las. Por exemplo, em 2010 eu fiz um trabalho chamado “Apreensões”, que nasceu depois que eu vi um retrato dos itens do traficante Abadia, que estavam sendo leiloados, no jornal . Vi aquela foto e para mim era um retrato da vida contemporânea, e foi a partir daí eu comecei a produzir aquele projeto.

por todas as situações da vida como qualquer pessoa. Já tinha essa ideia na minha cabeça. Mas o insight desta série aconteceu um dia que eu estava em Coney Island. Ia atravessar a rua, e quando olhei para o outro lado vi essa cena, um retrato incrível da vida moderna. Uma mistura de todas as tribos, todas as manifestações da vida. Tirei uma foto com a câmera pequena que eu tinha em mãos e quando voltei para casa comecei a pensar em como realizar e expor a ideia.

Como foi o processo de criação? Com “nósoutros” foi parecido. Antes de ser fotógrafo eu sou um cidadão, afetado

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Imagino que tenha sido um desafio técnico grande. Foi muito complexo mesmo. Usei uma câmera com a maior definição possível. E como as fotos eram panorâmicas, eu fazia três cliques de cada cena para contemplar todas as pessoas que estavam esperando para atravessar a rua. Normalmente eu ficava em uma esquina por 2 ou 3 horas, e fui me orientando intuitivamente. Não contratei ninguém. Fui pelo cheiro. Foi um desafio gostoso. E aprendi muito.


especial

a work odyssey Desenhar as páginas de um jornal entre os intervalos da folia ou trabalhar sem chefe já é uma realidade ao redor do globo. As repórteres Gabriela Valdanha e Natália Albertoni contam aqui os desafios da experiência e como até empresas mais tradicionais estão se reestruturando para abraçar os novos tempos

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propósito e, principalmente, exige muito diálogo e responsabilidade para autogestão. É também reflexo das mudanças no cenário econômico e da evolução da tecnologia — bem como o acesso a ela. Michell Zappa trabalha remotamente há dez anos. Ele é fundador do instituto de pesquisa virtual Envisioning, que presta serviços para clientes como CocaCola, Google, Fiat e WGSN. A empresa conta com uma rede fixa de 12 pessoas, além de 250 colaboradores distribuídos pelo mundo, especialmente nos EUA e no Canadá. O próprio Zappa estava indo embora do Brasil na semana desta entrevista. “Estou de mudança para Milão e isso não altera em nada, a princípio, o meu dia a dia na empresa”, conta.

Michell nota a transformação desse cenário com mais força a partir de 2007, com a explosão de estabelecimentos com wi-fi e o barateamento dos notebooks. “É muito produtivo fazer as coisas desse jeito. Doa-se menos tempo, rende-se mais e sobram horas para fazer outras coisas. A partir do momento em que você começa a trabalhar assim e percebe que pode ser rentável, o apelo é forte”, explica. Ele credita ainda outros facilitadores, a exemplo de sistemas de gestão de responsabilidade como o BaseCamp e o Slack, e serviços de conference calls de qualidade como o UberConference. O MECA também compartilha desses valores, com um hierarquia mais horizontal e dinâmicas de trabalho menos

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tradicionais. A intensidade dos afazeres pode mudar conforme a necessidade, mas há possibilidade de fazer home-office e ajustar os horários conforme as demandas, chegando a uma resolução saudável para todo mundo. Bom para quem gosta de estar em movimento e cansa rápido da rotina. A dupla que assina esta reportagem, por exemplo, produziu o texto que você lê da sala de estar de suas casas, com direito a pausa para um café fresco ao cair da tarde. E a diretora de arte projetou estas páginas entre um bloco e outro durante o pré-Carnaval de Belo Horizonte. O fechamento da edição sempre ocorre no MECASpot, entre reuniões presenciais ou via Skype. O espaço, inaugurado em

fotos: divulgação; [A] EDUARDO MAGALHães/divulgação; [b] diogo narita

Larissa Ushida não tem muita rotina, mas três frentes de trabalho. Uma consultoria, uma distribuidora e uma empresa de experiências de viagens em torno da cultura da maconha. De São Paulo, ela toca esta última, a Mi Casa, com uma sócia que mora em Indaiatuba, a cerca de 100 km de São Paulo, e um parceiro de negócios alocado no Rio de Janeiro. Desde o início da empreitada, em agosto de 2016, os três nunca se encontraram ao vivo. “A gente se fala todos os dias por WhatsApp ou Skype, mas nunca nos reunimos fisicamente”, conta Larissa. O trabalho do futuro já está em andamento. Ele é flexível, feito em redes colaborativas, favorece o acesso ao conhecimento com rapidez, é mais carregado de

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O futuro é agora As tendências que estão transformando o mercado de trabalho global* Já é possível realizar um trabalho de qualquer lugar do mundo utilizando um dispositivo móvel, certo? Isso possibilita também buscar profissionais globalmente. Além disso, funcionários serão contratados com base em cada projeto e serão remunerados de acordo com cada um deles. Com as atribuições de cada indivíduo mudando constantemente, será necessário aprender com mais rapidez.

*fonte: Future of Work, pesquisa realizada em 2016 pela EDP, empresa de gestão do capital humano

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A mídia social se tornará, cada vez mais, a plataforma

os novos formatos de trabalho exigem capacidade de autogestão e clareza dos papéis

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de trabalho de colaboração. A tecnologia será usada nas empresas para medir e aprimorar o bem-estar dos funcionários, além de ajustar o desempenho deles e das equipes (com sensores em tempo real, por exemplo). Para acompanhar o ritmo (acelerado) das mudanças, as organizações irão assumir mais riscos. A ideia de aposentadoria não será igual para todos — cada um poderá escolher quando parar de trabalhar.

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1 – A forma de os funcionários interagirem também está em transformação. A Mesa & Cadeira, por exemplo, pensa uma locação a cada projeto para sair da zona de conforto 2 – O MECA permite ajustar os horários de trabalho conforme a demanda. É possível ficar no MECASpot, em Pinheiros, fazer home-office ou até trabalhar da praia 3 – Na Natura não há hierarquização do espaço, nem mesa fixa. Lá, cada um recebe um note com um app que funciona como telefone, para permitir a mobilidade da equipe 4 – Michel Zappa, da Envisioning, dá aula na THNK em Amsterdã via robô de telepresença

julho do ano passado, serve exatamente para isso: um coworking gratuito, sem mesas ou cadeiras marcadas, além de café, loja e sala para eventos. Ainda que o espaço físico perca cada vez mais relevância neste novo contexto, em alguns casos ele ainda é fundamental. Surgida há sete anos, a consultoria criativa Mesa & Cadeira, que é um pouco nômade no sentido de não ter um escritório fixo, necessita de um ambiente inspirador para cada novo projeto. Com o objetivo de proporcionar a experiência de trabalho perfeita, a empresa oferece workshops para grupos de até 16 pessoas que dedicam cerca de uma semana no desenvolvimento de um projeto específico.

Isabela Nardini, uma das líderes de experiência da equipe, explica que é preciso pensar em todos os detalhes: dos convidados à comida que será servida. E lembra que para um projeto da Nescau, marca da Nestlé, para incentivar brincadeiras de rua entre crianças, os participantes foram deslocados para uma sala dentro do Clube Hebraica, onde há muitos espaços ao ar livre voltados aos pequenos. “Posso ter as pessoas mais geniais, mas se não tiver um lugar em que elas se sintam bem, no qual possam trabalhar 12 horas confortavelmente, a roda não gira”, diz. “É preciso tirar as pessoas de suas zonas de conforto.” E não são apenas empresas jovens que abraçam as dinâmicas dos tempos mo-

dernos. Companhias tradicionais também estão se adaptando a essa nova era. Fundada quase meio século atrás, a Natura implementou há três anos um sistema de ramais nos notebooks que são entregues aos funcionários para que cada um trabalhe de onde achar mais adequado, sem assento fixo. Por lá, ainda existe uma preocupação com a entrega de um ambiente confortável e estimulante. Hoje, não há baias ou sinal de hierarquização do espaço, e foram criados cantinhos de pausa ao ar livre. Mesmo com feedback positivo no quesito produtividade — a Natura percebeu melhorias em índices de engajamento, por exemplo —, ainda há espaço para desconfiança no mercado.

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E não é cisma. Zappa, que criou a Envisioning nos moldes do futuro, reconhece que o novo sistema também tem falhas, e inclusive empresta regras de empresas tradicionais. “Havia um certo otimismo na capacidade de trabalhar em rede e de forma descentralizada. Só que na prática é extremamente difícil. Para que as entregas ocorram no prazo, é preciso haver rigor e clareza nos papéis”, conta. Comunicar decisões e processos é parte integral do trabalho. Ainda assim, ele acredita que as vantagens pesam mais que as desvantagens. “Como diz [o escritor cyberpunk] William Gibson: ‘The future is already here. It’s just not very evenly distributed’”, finaliza. Que venha o novo.


ponto de vista

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Contemporâneo x moderno

“A arte moderna veio para substituir a fotografia. A arte contemporânea é diferente. É intrigante, extremamente curiosa. Traz você para uma realidade diferente, liga o nascimento e a morte, liga também o lírico, o som, a música.” Torre de Babel

“A era industrial aglomerou as pessoas de tal maneira que as cidades ficaram insuportáveis, impossíveis de serem mantidas. E nós nos revoltamos com isso. Porque nossos filhos não podem ter boas escolas, o estresse é muito grande, você não conhece o seu vizinho que mora do seu lado há 30 anos, e tudo é extremamente estressante.” Bola de cristal

faça você mesmo

O mundo está bagunçado, mas pode melhorar. Para Bernardo Paz, temos todos que buscar soluções criativas para isso. O primeiro passo dele? Apenas o Inhotim

Bernardo Paz lembra que a mãe costumava pintar quadros com horizontes. Já o pai, um arquiteto extremamente organizado, era do tipo de pessoa que cantava hinos nacionais. Ser criado no meio desse antagonismo deixou o mineiro inseguro, fazendo-o acreditar que precisava ser um herói. “Sofri com isso por 30 anos, com uma obrigação de ser algo além do que eu era”, diz. Um dia ele acordou e se deu conta de que tinha, afinal, feito muito. Mas ainda pairava na sua mente o sonho da mãe: o de um horizonte para observar. “A vida que eu passei como industrial e empresário foi calamitosa. Comecei a descobrir que não somos mais representados democraticamente. Essa democracia faliu mais de 30 anos atrás, quan-

do o [José] Sarney assumiu pela primeira vez a presidência. Na ditadura militar já era um horror, mas havia esperança, né?”, lembra. Com isso em mente, Bernardo passou a buscar soluções criativas que pudessem alimentar os outros sem o envolvimento do governo. “Foi por isso que comecei a fazer o Inhotim”, conta. Hoje considerado o maior museu a céu aberto do mundo, o Inhotim também foi cenário do festival mais incrível de 2016, o MECAInhotim, que ocorreu nos dias 5 e 6/11 com palestras, workshops e shows de Caetano, Liniker, Jaloo, Dônica e outros. Convidado de honra, Bernardo relembrou a própria história, falou sobre arte que educa e o que espera do futuro. Selecionamos os nossos tópicos preferidos.

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Além do horizonte

“A vida que eu passei como industrial e empresário foi calamitosa. Comecei a descobrir que não somos mais representados democraticamente. Essa democracia faliu mais de 30 anos atrás, quando o [José] Sarney assumiu pela primeira vez. Na ditadura militar já era um horror, mas havia esperança. Agora não. Temos de começar a buscar soluções criativas que nos alimentam. Foi por isso que comecei a fazer o Inhotim.”

Futuro do trabalho

“O seu colega de trabalho não vai estar mais perto de você. Mas na Alemanha, na França, nos Estados Unidos. Você vai trabalhar com Skype num quarto fechado. Vai trabalhar 24 horas e vai ter 24 horas de lazer. Vai ter um ambiente como este [Inhotim]. Quando todo mundo tiver isso, a vida será mais agradável. O dinheiro será menor, mas o conforto, maior. A vida terá mais valor assim.” Mundo dos sonhos

Somos escravos de governos que não nos representam e de leis que não deveriam existir. O mundo que queremos é o que valoriza a vida. É o mundo no qual as crianças poderão correr nas ruas. É o mundo onde vamos ter prazer de conversar com todo tipo de pessoa e tirar delas o melhor. Vamos trazer para o Inhotim os maiores pensadores do mundo. E será junto com o MECA”

FOTOs: [a] Diogo narita; [2] leandro tumenas; [3] murillo meirelles

“junto com o meca queremos trazer para o inhotim os maiores pensadores do mundo”

“Entramos numa era da informação em tempo real, do instantâneo. Nos próximos 30 anos, a gente vai estar cheio de plugs. Ao atravessar uma porta o médico já vai saber o que você tem ou não. Seus neurônios serão trocados quando for preciso. Já existem experiências nesse sentido. Vai ser difícil morrer.”


essentials

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Gilda Midani Empresária, designer e fotógrafa

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Mulher de talentos suficientes para preencher por completo esta coluna, a estilista, produtora, fotógrafa e figurinista carioca pinçou os artigos que traduzem e refletem quem ela é e o que ela quer desta vida.

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1. Sálvia branca. “Limpeza.” 2. Livro “Artempo”, de Axel Vervoordt. “Tempo e suas artes.” 7

3. “Wabi-Sabi”, de Leonard Koren. “Minha mais completa tradução.”

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4., 5. e 6. Corais e concha. “Os tesouros que a natureza dá.” 7. Panos. “Pra toda manga!” 8. Águas. “Do mar, do rio, da chuva, de beber.” 15

9. Tesoura. “Corte preciso.”

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10. Remédios. “Chardon Marie e Oxyboldine. A little help from my friends.” 11. Fone de ouvido. “Música móvel.” 12. Caderno com lapiseira. “Registros palpáveis.” 13. Paleta de (ausência) de cor. “Paz pro olhar, como o conforto é a paz pro corpo.” 14. Altar. “Fé não se explica.” 15. Ovo. “Todo dia. Vem muito antes que a galinha. Admirável pelo design e pela versatilidade.” 16. Passaporte. “O que mais se aproxima do barco a vela, onde sempre desejei poder viver.”

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17. Grampos. “Vento na nuca.”

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18. Pé no chão. “Contato com a terra, pra quem tem a cabeça no ar.”


True Characters

Budweiser

os últimos românticos Atração do primeiro MECA do ano, em São Paulo, o quinteto curitibano do Marrakesh faz música psicodélica que caberia bem num drama moderno. Aperta o play MÚSICA –

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O que mais te atrai na noite? A possibilidade de se desconectar dos problemas cotidianos por algumas horas. Uma fuga mesmo. Qual a história por trás do Mandíbula? O bar nasceu para ser uma loja de discos e um café. Colocamos algumas cervejas para ajudar o negócio a rodar e, quando nos demos conta, tinha 700 pessoas na abertura. O que as pessoas procuram na noite de SP? Elas cansaram de clubes com preços surreais e estão buscando lugares mais autênticos e com preços justos.

a atmosfera psicodélica já rendeu à banda curitibana comparação com o tame impala [A]

todo carnaval tem seu… início EVENTO –

proprietário do Mandíbula

MECAPresents/SP anima Bud Basement com show de Holger e make purpurinada Foi com um show catártico do Holger que o MECA entrou oficialmente em 2017. No maior clima final feliz de turnê — com direito a fãs invadindo o palco para cantar todas as letras —, o primeiro MECAPresents/SP foi realizado no dia 12 de fevereiro, no Budweiser Basement, projeto temporário da cerveja americana na Barra Funda. O evento também apresentou os curitiba-nos do Marrakesh (leia acima), que levou sua nuance distorcida para o palco. A curadoria foi uma parceria com a Balaclava Records, selo indie responsável por trazer ao Brasil artistas como Mac DeMarco

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e Mac McCaughan. O clima foi um misto de virada de ano com festa de pré-Carnaval, favorecido pelas makes purpurinadas e ultracoloridas das maquiadoras Jake Falchi e Ju Coelho. Além da programação musical, a festa teve um minimarket com peças de PHd Galeria, CemFreio, Agora Que Sou Rica (Jana Rosa), Camila Fudissaku, Bruno Morikoshi e Galeria Órbita. Teve ainda corte na barbearia Corleone e tatuagem da Cris Piza, da Tattoo Week Rio. Tudo registrado pelas lentes de Raul Aragão, do I Hate Flash. Vem muito mais por aí. Aguarde.

Qual é a receita para uma noite perfeita? Amigos que brindam olhando no olho, boa música e cerveja gelada. Planos para 2017? Vou abrir um novo bar na Liberdade ou Barra Funda. Também estou dando um gás na minha produtora cultural, a Perdigoto, que, apesar de não ter sido lançada oficialmente, já assina alguns projetos como o Garagera.

Assim como a cerveja, que há mais de um século tem sua receita inalterada, a Bud acredita em pessoas autênticas, genuínas e que fazem as coisas do seu próprio jeito. Alguns desses exemplos estão nesta página!

fotos: [a] Vitor Pickersgill/divulgação; [b] I Hate Flash; [c] felipe gabriel; [d] diogo narita

O visual street largadão no maior estilo Mac DeMarco pode enganar, mas os curitibanos do Marrakesh confessam (sem guardar o riso): “Somos todos românticos”. “Talvez esse contraste exista porque misturamos os nossos sentimentos mais profundos com a realidade do que vivemos e as nossas referências geracionais. Não tem como não ser híbrido hoje em dia”, diz Lucas Cavallin. A tal heterogeneidade, no entanto, não se reflete no som delicado da banda, que já parece ter rumo definido. O Marrakesh aposta na força do uso de pedais para vozes e cordas de modo a criar uma atmosfera psicodélica que já rendeu o apelido de “tameimpalizada”. Menos viajandonas, as melodias em inglês dos garotos de 20 e poucos anos caberiam bem num drama moderno desses cheios de planos longos e desafios impostos para que o mocinho e a mocinha fiquem juntos no final. O quinteto tem apenas um EP (“Vassilik”) e um álbum a caminho, este ainda sem nome e previsto para maio. Metade de cada foi ouvida no primeiro MECAPresents/SP do ano, realizado no Bud Basement e em parceria com o selo Balaclava Records. Enquanto o disco não chega dá para ouvir no YouTube a última aventura dos rapazes: uma versão do “Canto de Ossanha”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, que está para ser distribuída digitalmente. Diferentona. Fique de olho.

Bruno Bocchese,


cool people behind cool projects

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máquina de festas

Engenheiro de formação, o DJ e produtor Guga Roselli criou um universo paralelo de eventos utilizando uma fórmula simples: amigos, boa música e lugares incríveis Com o azul do mar de Cumuruxatiba servindo como pano de fundo, estruturas geométricas de bambu e luzes de LED se levantam entre compridos coqueiros criando o que, visto de longe, lembra algo como uma oca futurista. Do lado de dentro, cerca de mil pessoas dançam ao som de música eletrônica até o amanhecer. A descrição acima revisita o último réveillon promovido pela Mareh Music na Bahia. Mas não é preciso ir tão longe para curtir o combo cenário idílico + música de pista. Isso porque o mise-en-scène é destaque à parte em qualquer um dos

eventos da label de música e agência de eventos criada por Guga Roselli — que, diga-se, é engenheiro de formação. Como a maioria dos projetos que dão certo e você gostaria de ter inventado antes, o produtor e DJ começou lapidando pequenos eventos aos quais gostaria de ir com os amigos em 2003. Com o tempo, as “festas do Guga” passaram a ficar conhecidas e a agregar cada vez mais gente — parceiro do MECA, ele tocou no MECAInhotim do ano passado e vai participar na curadoria da próxima edição. “A label é um projeto de vida que par-

tiu da ideia de juntar pessoas em lugares maravilhosos”, diz, como quem conta lembranças de uma viagem de férias. O evento pioneiro — Mareh — emula o vai e vem das ondas: a cada dois anos, chega a uma nova praia para abrigar uma festa de Ano Novo. Nas caixas, música capaz de fazer a galera dançar a noite toda, sempre a cargo de DJs renomados como o nova-iorquino Eric Duncan. O local escolhido está sempre de acordo com a experiência que o encontro propõe: um seleto grupo de pessoas que passarão uma semana integradas à natureza. Para

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quem gosta de navegar, há a alternativa adicional das festas em barcos. Outra opção do “cardápio” é a Babel, que desde 2015 ocupa rooftops de prédios em São Paulo, antecipando, aliás, a atual tendência paulistana. O projeto, que ocorre a cada dois meses, já passou por locais icônicos, como o Shopping Light, a Biblioteca Mário de Andrade, o Instituto Tomie Ohtake e o Edifício Martinelli. O último feito é o festival Marisco, que teve sua primeira edição no ano passado misturando ritmos brasileiros a batidas eletrônicas. O line-up contou com um mix pouco provável que foi de Marcos Valle e Azymuth ao DJ Daniel Wang, uma sumidade na disco music. Neste ano o Marisco ocorre nos dias 13 e 14/5, em SP. “Nosso desafio é atrair pessoas interessadas nesse tipo de experiência, com uma curadoria ousada e interessante”, afirma. Não poderia ter dado mais certo.


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OUTRAS PALAVRAS 1. Pedro Perdigão,

diretor criativo — “Imagino como seria viajar no tempo. Seria algo que me faria perder tempo com coisas inúteis. Acabaria sendo minha máquina de perder tempo, o que seria incrível.”

2. Jordana Menezes,

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3. Gokula Stoffel,

artista plástica — “Tenho exercitado apreciar o tédio. Ele constitui o ponto alto do descanso espiritual, da atenção profunda e contemplativa, essenciais ao processo criativo.”

4. Daniel Simão,

jornalista e advogado — “Sem utopia as engrenagens da vida não se lubrificam. Morre-se tristemente enferrujado!”

fotos: acervo pessoal; [a] chico cerchiaro

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publicitária e empreendedora — “Me apavoram as coisas que eu não vejo e, portanto, não consigo controlar. Das mais mundanas, tenho medo do mar e do escuro.”

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UFMG

De Oscar Niemeyer a Joel Campolina, um roteiro focado no que há de mais inspirador na arquitetura de Belo Horizonte EDIFÍCIO JK – Construído em 1951 (e finalizado em 1970) por Oscar Niemeyer sob encomenda de Juscelino Kubitschek, então governador de Minas Gerais, o edifício nasceu para ser um luxuoso apart-hotel. Soma duas torres, uma com 23 e outra com 36 andares.

Lagoa da Pampulha – É impossível falar da arquitetura de BH sem citar o complexo com seus painéis de Portinari e jardins de Burle Marx. “Concebido por Niemeyer nos anos 1940, é um marco da arquitetura moderna brasileira”, diz a arquiteta Manoela Beneti.

Grande Hotel Ronaldo Fraga – A loja do estilista foi inaugurada no fim do ano passado em um casarão dos anos 1920. O projeto foi concebido por Alex Rousset. E recebeu esse nome porque, além das peças de Ronaldo, terá espaço para outras marcas.

Praça Sete – É lá que fica o Cine Theatro Brasil — inspirado na arquitetura francesa, foi o primeiro da cidade sob influência da art déco. Inaugurado em 1932 para receber diferentes formas de arte, seu caráter eclético continua: a programação inclui shows, teatro e cinema.

BDMG – A obra mais famosa do arquiteto Humberto Serpa hoje é a sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Projetada em 1969, a construção é uma herança modernista. Trata-se de uma estrutura exposta de concreto armado que sustenta um “corpo” de vidro.

Edifício Acaiaca – Considerado o primeiro arranha-céu de BH, foi projetado por Luiz Pinto Coelho em 1943. Chamam atenção os dois índios da fachada, cuja tribo batiza a construção. Para Marcelo Alvarenga, da Play Arquitetura, “tratase de um dos grandes representantes do estilo art déco na cidade”.

Praça da Liberdade – Prédios antigos que antes abrigavam as secretarias estaduais foram restaurados e hoje são a casa de alguns dos museus e espaços mais bacanas da cidade, como o CCBB. Esse mesmo passeio inclui o Edifício Niemeyer, um dos mais bonitos já desenhados.

edifício serramares – Pouco conhecida fora das rodas de arquitetos e diletantes, esta pérola dos anos 1980 é de autoria do contemporâneo Joel Campolina. Um dos seus diferenciais é a passarela envidraçada lateral que dá acesso às 66 unidades, cujo conceito confere iluminação extra ao edifício.

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Produzimos os eventos que a gente gostaria de ir. Geramos o conteĂşdo que a gente gostaria de consumir. ConstruĂ­mos os lugares que a gente gostaria de frequentar. Criamos os produtos que a gente gostaria de comprar. Investimos nos negĂłcios que a gente gostaria de participar. Aproximamos as pessoas com quem a gente gostaria de conviver. Conectamos as marcas que a gente gostaria de trabalhar. Simples assim. Shaping the culture of a new generation, since 2011

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