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OPINIÃO

Seis meses atribulados para o metical

Liria Nhavotso • Directora de Tesouraria e Mercado de Capitais do Banco Big Moçambique

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Quando, em Dezembro do ano passado, o Departamento de Estudos Económicos do Banco de Moçambique partilhou o resultado do inquérito mensal das perspectivas dos agentes económicos relativamente à evolução dos principais indicadores macroeconómicos, dificilmente se conseguia antever o movimento cambial do metical durante a primeira metade de 2021. A expectativa dos agentes era de estabilidade da taxa de câmbio, mesmo num cenário em que previam um ligeiro crescimento da inflação para perto de 4,5%. A manutenção da tendência de queda das taxas de curto prazo continuava a ser a expectativa da maioria dos agentes, suportada também com uma previsão de manutenção ou queda da taxa de referência do Banco Central. Era ainda consenso do mercado nesta altura que a economia iria recuperar em 2021 com um crescimento de 2,4% , após um ano fustigado pela pandemia Covid que, mais uma vez, tinha adiado a tão esperada recuperação económica. Mas em poucos meses tudo mudou. Ainda durante o mês de Janeiro, o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique anunciou uma subida de 300 pontos base da sua taxa de referência para 13,25%. Esta medida arrojada, e contra o consenso de mercado, foi justificada com o intuito de combater a substancial revisão em alta das perspectivas de inflação que acompanhavam a desvalorização cambial e a subida dos preços dos bens, em vários sectores económicos, um pouco por todo o mundo. Esta medida foi suficiente para suster a tendência de desvalorização do metical que iniciou em Janeiro de 2020, e causar uma inversão, com um movimento agressivo de valorização que durou perto de três meses. A alteração da política monetária e o retorno ao MCI por parte do Banco Central, através de vendas de divisas aos bancos comerciais após mais de um ano de ausência, aliados ao arrefecimento das importações em resultado de perspectivas de uma recuperação mais lenta da economia depois da adopção de novas medidas de contenção da segunda vaga da pandemia, e à suspensão dos projectos de gás depois do ataque em Palma, conduziram a uma acumulação de moeda estrangeira no sistema bancário moçambicano. Este aumento de posições longas nos bancos e o potencial risco de incumprimento dos limites regulamentares motivaram alguns intervenientes a vender as suas posições, valorizando o MZN para perto de 55,5 contra o USD, uma valorização de cerca de 25% desde o início do ano. Esta forte valorização do metical, numa altura de fragilidade económica, motivou uma vigilância reforçada por parte do regulador aos principais bancos comerciais responsáveis pelo mercado cambial. Estas diligências culminaram na instauração de processos contravencionais contra uma das principais instituições de crédito do mercado, por infracções graves de natureza prudencial e cambial. Estas medidas rapidamente suscitaram preocupações junto dos principais agentes económicos do País, temendo que a economia pudesse vir a sofrer da suspensão da actividade cambial do banco responsável por 45% deste mercado. A verdade é que desde que foi conhecida a primeira suspensão há quase um mês, o Metical tem-se mantido estável, uma vez mais contra as expectativas dos agentes económicos do mercado. O elevado nível de reservas de moeda estrangeira, a participação contínua do Banco de Moçambique no mercado interbancário cambial e a actividade dos restantes bancos têm permitido suportar o câmbio, que tem beneficiado também de melhorias das perspectivas de retoma dos projectos de gás, com a chegada de tropas ruandesas e da SADC para combater a insurgência em Cabo Delgado. Se a segunda metade do ano nos proporcionar surpresas com a magnitude do que observámos na primeira metade, será praticamente impossível prever a evolução cambial do metical até ao final do ano. No entanto, o recente agravar da pandemia no País, com uma terceira vaga com proporções superiores às vagas anteriores, as necessidades orçamentais daí decorrentes e a redução da actividade económica com o agravar das medidas de contenção poderão ser superiores aos efeitos positivos do beneficio da suspensão do serviço de dívida por parte do G20 e dos apoios de emergência de entidades multilaterais, podendo levar o metical para perto dos níveis em que fechou o ano de 2020.

Se a segunda metade do ano nos proporcionar surpresas com a magnitude do que observámos na primeira metade, será praticamente impossível prever a evolução cambial do metical

NÚMEROS EM CONTA

qual o poder do seu passaporte?

Com os casos Covid-19 a caírem em muitas partes do mundo e os programas de vacinação a aumentarem em velocidade warp, as viagens internacionais já não parecem ser um sonho distante. O Henley Passport Index, que tem vindo a monitorizar regularmente quais os passaportes que garantem maiores facilidades em viajar pelo mundo desde 2006, divulgou as suas últimas classificações e análises. Os dados mais recentes fornecem informações sobre como será a liberdade de viajar num mundo pós-pandémico, à medida que os países começam a abrir selectivamente as suas fronteiras aos visitantes internacionais. As classificações são baseadas na pontuação sem visto de um determinado país. Uma classificação sem visto refere-se ao número de países que um titular de passaporte pode visitar sem visto, com um visto à chegada, ou obtendo uma autorização de viagem electrónica (ETA). Sem considerar as restrições de uma pandemia em constante mudança, o Japão mantém firmemente a sua posição como o país com o passaporte mais forte pelo 4º ano consecutivo. Este posicionamento baseia-se em dados exclusivos da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) - com titulares de passaportes japoneses teoricamente capazes de aceder a um recorde de 193 destinos de todo o mundo sem visto. A última vez que o Japão não ocupou o primeiro lugar foi em 2017, quando partilhou o 5º lugar com países como os Estados Unidos, Nova Zelândia, e Suíça.

Japão ocupa o primeiro lugar do ranking pelo quarto ano consecutivo com um visa-free score de 193 em 2021.

Japão Singapura Alemanha Coreia do Sul Finlândia Itália Luxemburgo Espanha Áustria Dinamarca

Os passaportes mais poderosos do mundo Nos 16 anos de história do Henley Passport Index, a maioria das posições do ‘Top 10’ são ocupadas por países da União Europeia.

Um grande movimento disruptivo nos rankings de mobilidade poderá ser visto nos próximos tempos, algo relacionado com os programas e vacinação dos vários países bem como a sua determinação em abrir fronteiras.

Afeganistão Iraque

As últimas estatísticas mostram que o gap entre os que têm mais, e menos liberdade de viajar é agora o maior de sempre. Síria Paquistão Iémen

FONTE Henley Passport Index, Visual Capitalist

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