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Governo lança Projecto de habitação em larGa escala

Habitação. O Governo lançou um projecto de construção de 35 mil casas para jovens e funcionários do Estado, que pode arrancar no início do próximo ano, sendo 15 mil no Sul, 10 mil no Centro e igual número no Norte do país. O projecto insere-se na cooperação Moçambique – China e será implementado numa Parceria Público–Privada (PPP) entre o Fundo de Fomento de Habitação (FFH) e a gigante chinesa CITIC Construções. Foram, de resto, os próprios dirigentes das duas instituições que assinaram o acordo que viabiliza o projecto, um acto testemunhado pelo ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Osvaldo Machatine, e pela ministra da Juventude e Desportos, Nyeleti Mondlane. Machatine lembrou que a assinatura do acordo “fecha uma longa etapa de negociações com várias rondas entre Maputo e Pequim num modelo de parceria para jovens e funcionários públicos que ainda não têm casa própria”. O PCA do FFH estima que os preços das habitações irão custar até 40 mil dólares.

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extractivas

Ouro. Foram descobertaz grandes reservas de ouro na província de Cabo Delgado, que se calcula que estejam entre as maiores da África, segundo uma pesquisa realizada pela Mwiriti, uma das maiores mineradoras do país. De acordo com Azghar Faqhr, director-geral da Mwiriti, Lda, “os primeiros resultados indicam uma reserva de ouro seis vezes maior do que a que foi descoberta na África do Sul”. Além da quantidade de mineral existente, a reserva é considerada especial devido à ocorrência de ouro, com quase 100% de pureza. A reserva está localizada no distrito de Montepuez, concretamente no remoto posto administrativo de Nairoto, onde já foi instalado um pequeno complexo mineiro no meio de uma densa floresta.

Gás. Um grupo de empresários moçambicanos e franceses assinaram, em Maputo, um protocolo de cooperação tendo em vista o negócio de gás e petróleo da bacia do Rovuma, Cabo Delgado. O acordo estabelece que os franceses transfiram conhecimento em diversos domínios e firmem parcerias com empresas moçambicanas. A delegação empresarial francesa era composta por cerca de 30 firmas com larga experiência na indústria do gás e petróleo, com destaque para a multinacional Total.

comércio

ZCL. Uma delegação moçambicana chefiada pela vice-ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Maria Manuela dos Santos Lucas, reafirmou “o compromisso relativo aos objectivos da Zona de Comércio Livre (ZCL) em África”, no princípio de Julho passado em Niamey (Níger), durante a 12ª Sessão Extraordinária da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA). Durante o evento, os Chefes de Estado e de Governo celebraram ainda o primeiro aniversário da assinatura do acordo que estabelece a ZCL e lançaram a fase operacional do Mercado Interno Africano. Na ocasião, os governantes decidiram que o Gana será a sede da ZCL Africana.

Despesa pública. Uma pesquisa da coligação de organizações da sociedade civil moçambicana, liderada pelo Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO), concluiu que a despesa pública em sectores sociais esteve “aquém” do esperado nos últimos quatro anos. Divulgada em Julho, a análise refere que 2018 “foi o ano mais crítico, principalmente nos sectores da saúde e saneamento.” No rastreio das despesas de Janeiro a Setembro, a coligação constatou ainda ter havido “falhas e limitações nas projecções” do Orçamento do Estado de 2018 e “no seu enquadramento com a realidade económica do país.” As receitas do Estado só alcançaram 68,4% do previsto, uma falha de 6,6%, tendo os recursos externos alcançado 54% da meta prevista.

Sistema financeiro. O Banco Mundial (BM) considera que os actuais requisitos para abertura de uma conta bancária “excluem 50% dos moçambicanos”. O director do BM, Mark Lundell, defende, por isso, “mais reformas no sistema financeiro.” A esse propósito, uma missão do Banco Mundial e da Aliança para a Inclusão Financeira esteve, em Julho, em Maputo, para a avaliação de médio prazo da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira, que estabelece como meta 60% dos moçambicanos com idade adulta com acesso a uma conta bancária até 2022.

Cooperativismo. Um estudo da consultora WinResources projecta ganhos na ordem de 25 mil milhões de meticais para os cofres públicos até 2030, provenientes do negócio e movimento das cooperativas. “Acreditamos que essa contribuição pode ser ainda maior, uma vez que o movimento cooperativo está a crescer por todo o território nacional.” Nesse sentido, foram identificadas muitas associações que, quando organizadas em cooperativas, “podem ultrapassar largamente esse valor (25 mil milhões de meticais)”, segundo Pedro Tivane, consultor da WinResources.

Caju. O Executivo está à procura de formas de reduzir custos de tratamento de cajueiros e atenuar perdas com as pragas. É que anualmente são desembolsados mais de 100 milhões de meticais para aquisição de químicos e pulverização das plantas. A produção de castanha de caju em Moçambique é um negócio rentável, mas os produtores ainda não estão em condições de fazer o tratamento de cajueiros sem o apoio do Governo, devido ao alto custo dos químicos para o combate a doenças e pragas.

inFra-estrUtUras

Electrificação. O Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID) vai doar 99,7 milhões de dólares para a construção de uma linha de transmissão de energia entre Temane (província de Inhambane) e Maputo, e uma central de ciclo combinado, disse uma fonte do Ministério dos Recursos Minerais e Energia. A mesma fonte adianta que, com esta doação, ficam reunidos os 550 milhões de dólares necessários para a construção da linha de alta tensão com uma extensão de 563 quilómetros. Há que recordar que o BM aprovou, em Junho passado, doações e garantias no montante de 420 milhões de dólares para o Projecto Regional de Electricidade de Temane (TREP), com a finalidade de reforçar a capacidade de transmissão de energia eléctrica doméstica e aumentar também a capacidade de produção através de investimentos do sector privado.

Ferrovia. Foi anunciada a compra de cinco novas locomotivas, 90 carruagens, 300 vagões e cinco automotoras, num investimento avaliado em 95 milhões de dólares. “Até finais de Maio de 2020, teremos os equipamentos disponíveis, devendo ser distribuídos pelas zonas Sul e Centro do país”, disse Carlos Mesquita, ministro dos Transportes e Comunicações. O investimento vai ser realizado através de uma linha de crédito disponibilizada pelo Governo indiano, no âmbito do fortalecimento da cooperação entre os dois países.

Ponte. O Governo está a fazer esforços para conseguir os 25 milhões de dólares necessários para a construção de uma ponte sobre o rio Incomati, na província de Maputo, disse o Presidente da República. “Já fizemos o estudo e estamos a angariar recursos para a construção”, afirmou Filipe Nyusi. “Este projecto é antigo, mas não era, até agora, prioritário porque direccionámos os nossos recursos para comida e sementes”, acrescentou o chefe de Estado moçambicano.

certiFicado de dePÓsito como instrUmento imPUlsionador da comercialiZação aGrÍcola

O Certificado de Depósito (CD) é um documento em formato físico ou electrónico, emitido pela Bolsa de Mercadorias de Moçambique (BMM) e por entidades públicas e privadas por si certificadas para o efeito. CD pode ser registado num sistema de registo e de liquidação financeira, adquirindo a equivalência de título de crédito. A Central de Valores Mobiliários (CVM), enquanto entidade centralizadora do registo, pelo Decreto n.º 25/2006, de 23 de Agosto, fará o registo dos CDs, permitindo assim a sua transação na bolsas de valores, nos termos do artigo 6 do Decreto n.º 100/2014, de 31 de Dezembro, que cria e aprova o Regulamento do Certificado de Depósito. O “Sistema de Certificados de Depósito” poderá impulsionar a comercialização agrícola através da (i) facilitação de acesso ao crédito bancário para os interveniente, através do uso da mercadoria armazenada como garantia; (ii) provisão adequada de informação sobre qualidade e quantidades, facilitando acesso a mercados relevantes, e elevando a competitividade; e (iii) gestão eficaz do risco nos mercados agrícolas. O grande desafio da BMM é garantir a implementação integral do projecto, em benefício das partes interessadas: bancos, seguradoras, BVM, produtores, intermediários diversos, armazenistas, agro-processadores, exportadores, entre outros agentes. Como projecto, há um pontencial para revolucionar o sistema de financiamento à agricultura, estando em curso os primeiros passos da sua implementação, sendo de destacar: o desenvolvimento e testagem da plataforma electrónica de interoperatividade; acordos com bancos comerciais; alinhamento técnico-legal para o registo dos CDs na CVM; seguro das mercadorias; campanhas de disseminação de informação e de serviços prestados às partes interessadas; entre outras acções. Com o projecto, espera-se reforçar a inclusão financeira, com impacto positivo e directo para milhares de famílias, incluindo os pequenos produtores rurais.

OPINIÃO

A administração e os robôs

Salvador Aragón • Director Geral de Inovação da IE University e professor da IE BUSINESS SCHOOL.

frequentemente, os membros do conselho de administração questionam-se sobre se a abordagem aos negócios e o sucesso que tiveram no passado permanecem válidos num contexto de digitalização e inovação permanente. A minha resposta é convidar-vos para um exercício aparentemente simples: construir um robô. O ponto de partida é um kit inicial de robótica que contém todas as peças e componentes desmontados, em que há um tempo limite para montar o robô, programá-lo e pô-lo em funcionamento. No comportamento mais comum, o “orientado para a acção”, os membros da administração lançam-se directamente para a montagem, tentando descobrir a funcionalidade de cada uma das peças e a maneira correcta de combiná-las. Este processo de exploração é geralmente longo: há componentes que estão a faltar, partes que não se encaixam correctamente e, muitas vezes, tem de se desfazer e remontar. Nada disso desencoraja os participantes que estão a aprender progressivamente. Até que cerca de 20 minutos depois, eles colocam as peças com sucesso e o robô ganha forma. Apesar dessa conquista, a fiabilidade dos vários componentes ainda está pendente. De cada pequeno motor do robô, sai um cabo que deve ser conectado a uma pequena caixa de conectores localizada no corpo central. Todos os cabos são os mesmos, não há instruções e cada um é identificado apenas por uma letra e um número: A1, A2 até ao C4. Os membros do conselho redobram esforços e optam por testar as soluções mais lógicas: os conectores A correspondem à cabeça e pescoço, B aos braços, C às pernas. Uma lógica impecável que, ao ligar o robô, se mostra, no entanto, incorrecta. E recomeça-se o processo, de tentativa e erro. Após mais 15 minutos, o robô já está funcional. Tempo total: 35 minutos. Resultado: um robô funcional e cinco membros do conselho satisfeitos. No entanto, de tempos a tempos, surge outro comportamento, a que chamo de “orientado para a integração”. Nesse caso, enquanto os colegas montam o robô, um dos membros tende a separar-se do grupo. Depois de alguns segundos de dúvida, ele pega no telemóvel e começa a procurar vídeos explicativos sobre como montar e configurar um robô e, em apenas um minuto, é possível localizar pelo menos meia dúzia de vídeos que detalham como concluir com êxito a tarefa. Dois minutos depois, os restantes estão a seguir as instruções em detalhe e, em apenas cinco minutos, o robô está operacional. Tempo total: 8 minutos. Resultado: um robô funcional e cinco membros do conselho satisfeitos. Estes dois comportamentos ilustram a maneira como as direcções ou administrações abordam a sua função principal: a construção de um portefólio de modelos de negócios. A abordagem mais comum implica que a organização tenha a maioria dos principais recursos necessários para o sucesso, a montagem do robô neste simples exemplo figurativo. Para isso, devemos acrescentar que esses recursos devem ser ajustados dinamicamente através de um processo baseado no método de tentativa e erro, o mais natural para construir relacionamentos dentro de uma organização; ou envolvendo fornecedores e parceiros de negócios. A abordagem minoritária é radicalmente diferente. A premissa básica é que muitas vezes não é necessário desenvolver o modelo adicionando recursos e ajustando-os posteriormente por tentativa e erro. De facto, é muito mais eficiente explorar os modelos existentes primeiro e se eles são apropriados para prosseguir com a sua incorporação. “Assim podemos reinventar a roda seguindo as instruções”. Esta dupla abordagem tem profundas repercussões estratégicas. Quem segue a segunda opção tenderá a explorar modelos de negócios existentes fora da organização para integrá-los rapidamente por meio de modelos de parceria que podem variar da aquisição à participação em ecossistemas empresariais ou até ao uso de novas plataformas. Pelo contrário, quem é propenso à primeira opção promoverá a construção de seus próprios modelos de negócios com base nas capacidades existentes. Qual destas duas modalidades é a melhor? A resposta é que todas as administrações devem ter uma representação adequada de ambas as abordagens que depende da volatilidade da sua actividade. Em sectores menos voláteis, como a mineração, a proporção pode ser de 5:1 a favor da abordagem orientada para a execução. Mas se, por outro lado, a empresa competir num sector muito volátil, a relação poderia ser perfeitamente a oposta. A diversidade do conselho de administração deve reflectir a diversidade desejada dos modelos de negócio sob sua responsabilidade. E tudo isso com uma interpelação pessoal. Agora a pergunta para si: O que teria feito para construir um robô?

“Muitas vezes não é necessário desenvolver o modelo adicionando recursos e ajustando-os posteriormente por tentativa e erro. De facto, é muito mais eficiente explorar os modelos existentes primeiro e se eles são apropriados para prosseguir com a sua incorporação”

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