Templários #02 - 2004

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Edição- 02

Ano 1 • Dezembro • 2004

Vitória da Conquista / BA

Tiragem: 2.000 Exemplares

"empl' os LITERATURA, CULTURA, POLÍTICA E ARTE

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"O TEMPO NÃO PAGA ... COBRA!"

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T"'eCDpLÁR.10S

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" Vivem somente os que lutam ·" Viçtor

EDITORIAL

A Casa da Cultura de Conquista, nunca é demais lembrar sempre esteve voltada para um trabalho de desenvolvimento do~ diversos ª!pectos culturais e artísticos da comunidade, que muito embora ~ao tenham apontado de uma maneira definitiva para a elaboraça? de um programa cultural geral e generalizado, ela soube muito bem dentro de suas limitações, destacar por diversas vezes momentos e situação peculiares onde se fazia e faz necessário a intervenção consciente do agente portador de proposta cultural e artística mais elaborada. E~~etanto, a Casa da Cultura não pretende parar por aí, ao contrano, ela quer sempre realizar balanços de suas atividades e trajetórias no intuito de melhorar e ao mesmo tempo atualizar a sua prática diante dos diversos movimentos culturais sociais e políticos por que passa a comunidade conquistense em especial, mas também, do estado, do país e do mundo. A Casa da Cultura já possui uma pequena infraestrutura que lhes da condições, por exemplo, de manter um Educandário de Música, um curso de informática etc. o que demonstra a visão progressista de ser a entidade um ponto de apoio cultural para uma parcela de jovens que a procura, funcionando assim, como uma verdadeira escola clássica de conteúdo humanístico, no que diz respeito a formação musical, aqui muito bem entendido. A Casa da Cultura não têm por si só, condições de vim substituir o sistema educacional moderno atual, mas sim, tem como contribuir do ponto de vista teórico e com a experiência empírica, para se estabelecer novas bases, no que diz respeito a fonnação da consciência cultural, artística e cótica, bem como, para o desenvolvimento de uma práxis política e social por parte daqueles que convivem neste espaço ou sob a sua esfera de influência. É ainda necessário salientar que todo aquele que luta pela liberdade e contra a opressão, seja de que forma for que esta esteja instalada, não pode se acomodar às estruturas arcaicas do Estado burguês moderno, seja em que esfera for de atividade, bem como, de sua influência política e ideológica. Por isso, é que os artistas de teatro, de cinema, de TV, os escultores, os artistas plásticos em geral, os escritores, os poetas, devem desenvolver as suas potencialidades por fora destes espaços, para que seja possível alçar dialeticamente a uma posição de ruptura com a alienada cultura oficial. É preciso produzir arte e cultura de qualidade, mas junto com aqueles que sentem marginalizados do processo do saber. Pois, se é verdade que do ponto de vista político, são as massas trabalhadoras que fazem a história e é quem realiza as mudanças de qualidade no seio de determinada formação social, é verdade também, que as massas para se movimentarem dentro de um determinado plano ou projeto previamente estabelecido, necessita de todo o instrumental científico que produziu a humanidade até aqui, no que diz respeito especial a teoria do conhecimento, a dialética propriamente dita, com seus conceitos, categorias e leis. Pois o conhecimento e a apropriação deste método, pressupõe a base filosófica de se avançar no campo das artes e da cultura, mas também, ao desenvolvimento das consciências embrutecidas dos milhares de empregados de empregados do capital e de suas ·sobras de !lesempregados que vegetam da aldeia ao globo. Todos nós, de maneira ou de outra, estamos profundamente alienados numa firmação social do trabalho que se estabelece, é altamente alienador pois o homem passa a se relacionar com coisas e não com seres humanos, com maquinas, mercadorias e dinheiro, e não, com seres iguais de carne e osso. Portanto, a Casa da Cultura deve a medida do possível,

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contribuir efetivamente para a libertação .;"~ camadas explorad~s e empobrecidas deste país, .:::, especia! ~a ~ossa cid~de, que seja no espaço urbano ou rural, para 4•.v assim um dia possa~os também falar da libertação da artr da culttu:a, qu_e ~nal, vive aprisionada juntamente com a ,-; ,:,1cia da lógica dialetJ.ca que deixe de ser privilégio de pouc~~para se transformar na qu~lidade de uma esmagadora maiorir. de homens e mulheres livres e verdadeiramente cultos. Toda vez em que se tentou e~;~b.ar c~m um projeto cultural alternativo ao da burguesia, estes moVIIllentos esbarraram na maio,ia das vezes, nos pilares da eS trutura do ESt ado que os impeiliam de crescer e desenvolver, ou mesmo, de se firmar enquanto proposta. Não ~o~am poucas as vezes, que govern~tes ditos de oposição ou socialistas, fecharam as portas para projetos culturais e artísticos. Os detentores da máquina estatal quando vislumbraram com alguma coisa para as artes e a cultura, foi no intuito de captá-los para o seu projeto de dominação de classe, quando não, tentaram exaustivamente diluí-los em espaços gelatinosos e frentistas, onde se cabia desde um "revolucionário de formação marxista", até um industrial capitalista qualquer. Este caminho deve ser evitado por aqueles que realizam um trabalho artístico e cultural engajado, ou que porventura queira desenvolver. A neutralidade do ponto de vista cultural e artistico tan1bém não existe, pois acaba-se sempre tomando partido: ou a favor da burguesia e do seu Estado, ou dos trabalhadores e do povo empobrecido como um todo. Os interesses daqueles que apostam no desenvolvimento de uma proposta cultural e artística seria, não podem estar separados da luta contra a exploração porque passa o nosso povo. Pois é do seu interesse, do ponto de vista do processo histórico. Que as massas proletárias ganhem a guerra contra a burguesia, para que se possa a cultura e as artes serem patrimônio de todos, como já afirmamos. A classe dominante criou ainda um modo de pensar viciado, para ser utilizado exaustivamente, porque não dizer preferencialmente , toda vez em que o oprimido abrir a boca se fizer sempre necessário a voz do opressor. Isso vale mais do que tropas e mais tropas de choque nos conflitos, greves, escaramuças motins. Este modelo de argumentar é o que se convenciona chamar de "bom senso", onde não há espaço para a crítica radical da formação social em questão. Todo mundo tem que seguir pelos caminhos do senso comum burguês, o c!i~-:urso tem que ser "homogêneo", não pode se ter divergências, mais sim, uma só e única voz. A vos do capital. O que deve se ter em mente é que todos e quaisquer movimentos artísticos e culturais que se qrn. ira criar, ou já criados, deve manter-se de forma independente dv Estado e de sua ação institucional. O que se trata na verdade é de se desbloquear as mentes daqueles que estão numa posição de letargia intelectual, tanto no ponto de vista da ação política prática quanto teórico, no que se refere a maneira de pensar e elaborar arte e cultura em geral. Este processo não se dar de uma só vez, nem tampouco se completa dentro dos estreitos limites de ação da Casa da Cultura, pois na verdade, só em uma outra construção social é que é possível a realização plena do desenvolvimento do ser homem e do ser mulher, em toda a sua totalidade humana. Mas fazer-se algo é sempre provável, mesmo em se tratando de uma esfera, de um campo de criação e atuação hurnan~ sem precedentes na formação do saber, do caráter e da personalidade do indivíduo, que estão distribuídos em classes e em segmentos, o que de antemão não se conseguirá desenvolver é urna proposta que agrade a todos.


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"eom pedaços de 11um . eu monto um ser atAomco . ,,

Não deve se~ p~pel d: Casa da Cultura, ou de nenhum de seus men.~-A< ~nb~~nUtr ~çao de outros agentes, que interferem no espaço soc_1dl P. po)lttco _da comunidade conquistense. Mas, comporta sim, uma mserçao cada vez maior, no que se refere a uma proposta cultural e artística de conteúdo humano sociológico e progr~ssista, no seio dos trabalhadores e d~ juventude em geral. E oportuno afumar ainda, que em nenhum momento a Casa da Cultura deverá estar isenta de apelos de ordem ideológica, muito embora ela também não deva alimentar ilusões em se estabelecer de maneira continuada uma proposta de 1 "ideo 0ITT 7 ~':'""" sem fim e que atende tão somente aos interesses daque!es s~tun,u ::•1e acr~ditam e afirmam peremptoriamente, que so se e poss1vel realizar mudanças de caráter social mais ampl? e pro~do, se por um lado o conjunto das grandes massas labonosas estiverem desenvolvidas e aculturadas O suficiente · P'.1fª se tomar_decisões. Isso se levando a risca, pode muito bem vim ª. encobra a verdade realizada da estrutura capitalista, em especial, ao seu modo de funcionamento suas leis de desenvolvimento e o seu modo de produção co;,.3 um todo, que· de tempos em tempos emperra o seu mecanismo e leva aos setores explorados a se mobilizarem contra a situação de miséria e desemprego latente. O papel da Casa da Cultura, no que diz respeito as estas questões acima localizadas, deve ser a.:.:~s de tudo de se inteirarse cada vez mais de conhecimentos científicos, no que tange a formação social em que vivemos e suas diferenciações no espaço regional próximo, ou como também, na interligação que se faz com as demais comunidades no estado e no país. O mais interessante entretanto, seria municiar os trabalhadores e a juventude, de elementos que lhes propiciem desenvolver a capacidade crítica, sem cair nos desvios de si estabelecer o homem enquanto robôs teleguiados por grupos e/ou partidos que

só reproduzem na verdade, ideologias em matéria de formação da fisionomia, do caráter, da personalidade e da performance do indivíduo como um todo. A Casa da Cultura não deve ter uma visão também ante partido. O que deve-se discutir entretanto, para que se possa ter um bom desempenho, é identificar qual ou quais os agrupamentos p~líticos existentes hoje no país, que tem ou possui um perfil que alimenta na prática uma política de transformação social séria e efetivamente voltada para os interesses dos setores massacrados e por demais explorados. Enfim, os setores que realmente pretendem se desenvolver uma política cultura e de capacitação artística, que apesar de estarem marginalizados são os verdadeiros produtores da riqueza (no caso dos trabalhadores) e os futuros _elementos da exploração (no caso da juventude), ambos manipulados por um vasto leque de elementos demagogos e carreiristas da pior espécie, espalhados por todo um complexo tecido social. Só os trabalhadores e a juventude podem vim desenvolver-se de maneira independente, desde que se apossem do conhec~ento rico e ~ecundo que a história da humanidade já produziu, cada vez mais, toneladas de mediocridade em matéria de cultura, arte, estética, ética, moral, política e etc. os trabalhadores, a juventude e o povo pobre e sofrido deste país,já estão empanturrados de axé music, pagodes e sertanejos urbanos nas suas diversas variantes e versões, como também, d; melodramas novelísticos da TV Globo, SBT e outros. Nunca se pr~duziu ~ta por~aria em matéria de cultura e arte, como que hoJe em dia se prohfera, mesmo sabendo que exceções existem, no que tange ao aproveitamento crítico, pois, cada vez mais a produção artística e cultural está voltada para o consumidor capitalista. Já há quem afirme que a produção, na esfera das artes e da cultura nas últimas décadas do século XX, afora raríssimas

'Ili l de Barros 1.-.1anoe

exceções, alcançou os níveis mais alienantes já vistos, tanto no estado, no país quanto em várias partes do mundo. Não basta entretanto rotular os artistas e promotores de cultura como mercenári~s e reacionários. Na verdade muitos deles são de fato isto mesmo, mas, há muito tempo que não se prolifera nestes espaços, uma proposta de eni:iquecer o conhecimento e de elevar o padrão de sensibilidade geral do povo oprimido. O que se faz mesmo, é um eterno movimento de criação de mitos e de elaboração de estereotipada, bem ao gosto daqueles que vedem antes e acima de tudo mercadorias. A Casa da Cultura está por tanto limitando claramente suas fronteiras e os seus objetivos, para não se cair na mes°lice ou na reprodução pura e simples dos métodos e/ou projetos que alimentam alienação e o espaço de realização do capital. A Casa da Cultura deve partir do princípio de que há uma enxurrada de basbaquice em voga, como também, uma carência muito grande de se aprender cultura e arte, se é que podemos chamar este mar de lama que por ai se apresenta, de movimentos artísticos sérios. Deve-se intervir principalmente, nos setores jovens da população trabalhadora, que não encontrando espaço e incentivo acabam por enveredar pelos caminhos tortuosos da decadência moram e ética, o que leva-os ao consumo de drogas e os expõe a marginalidade cada vez mais crescente. A Casa da Cultura deve apostar sempre na possibilidade de apontar perspectivas outras que não ao da toxicomania, generalizada por parte dos trabalhadores desempregados e da juventude carente e inquieta, que são presas fáceis nas mãos de políticos inescrupulosos e de fabricantes de enlatados com rótulos diversos e que pretende-se, enquanto mercadoria descartável, atender aos anseios dos setores "alucinados" da população, que realmente merece coisa muito melhor e um lugar de destaque junto ao sol, pois a maioria das vezes só aquece e ilumina os lares dos setores parasitários da sociedade. Neste sentido, a Casa da Cultura, deve cada vez mais vim a cumprir um papel importante no cenário cultural e artístico conquistense, assumindo aí uma posição de formador e educador daquelas parcelas que o ensino tradicional oficial cada vez mais se vê distante. . A_ Casa da Cul~ra deve ser uma escola de formação cultural e artística de Conqwsta. E, através da sua ação deverá interferir de fo~a c~nsciente na sociedade regional, como por exemplo, a reahzaçao de cursos e/ou seminários, recitais, assim como ~oncentração de um movimento cultural emergente no seio da Juventude. Estas são apenas algumas propostas, não são únicas ou d~fmiti~as, outras ~ais_ deverão surgir, do próprio processo de d1scussao e consohdaçao progressiva da entidade. Estamos desta ~orma abrindo º. debate de forma democrática, crítica e sugestiva; Com o conJunto da comunidade conquistense e com o mundo. ,

Quem faz Jornal Templários Jornaltemplários@yahoo.com.br Thiago Fernandes Carlos Maia Kessller Joabe S. Linauro Neto Cristiane M. Diag.: Maurício (Bembolado) 3082-4487

Editorial


Objetivo do Direito O direito brasileiro não encontra no costume a SUa principal fonte, como por exemplo, ocorre em outras sociedades ditas democráticas e juridicamente justas ( EUA, Inglaterra e etc.) A tradição jurídica que herdamos, remonta ~o direito Romano. Portanto, direito imperfeito e por demais discriminatório e desigual. A base do nosso direito é a lei escrita e não o

grandes juristas, manifeG!"'dos em tratados, teses, monografias etc, t que, serve ~a ~erdad~ como fonte de auxího, embora mdireto, a aplicação da lei. A doutrina desempenha papel relevante na aplicação do direitu atual. Enten~e-se por jurisprudência o conjunto de dec1s~es dos tribunais manifestados no mesmo sentido. Ela é fonte indireta do direito. Mas, o direito possui, também, fontes de

costume. Não temos · . . 1/fi por base o chamado H· " d i r e i t o ·· · : consuetudinário" ou "direito costumeiro". --: · n No entanto, na falta de \\ r.. ._... uma lei escrita, no :21~~ Brasil leva-se em F~,lll,.\\1~ consideração o direito ~:::~= costumeiro. Algumas normas, embora não escritas, são '""''v,.,,._,,_, obrigatórias, baseadas _,....... ,-:;;:;;;::.;a nos usos e costumes, }.=:::.=:'.! como é o caso da "fila" para se dirigir a ffl.~.1f~lÍi~Br --............. .qualquer lugar. Outro ~bl!~;.;.!jji'!M._~......;iii!l exemplo, é o das juntas n --:~ ~ c o m e r c 1 a 1 s , q u e _:.:_ baseado nos costumes WU. da praça mercantil, IMllllfllia __ º • • • a::,,

a;~ffli!I

torna-se obrigatória a sua observâncias. No direito civil não é freqüente a ocorrência do costume como fonte do direito, mesmo assim, há normas do direito civil que dão validade dos costumes .( a divisão de terrenos ou as leis particulares do comérc10). O direito possui ainda fontes indiretas, ou seja, aquelas que se baseiam na doutrina da jurisprudência. Consideradas na opinião de

ex p 1i c i ta ç ã o ou integração, que se baseia no uso de a n a 1o g i a s , comparações, ou seja, de situações jurídicas e outras semelhantes. Analogia, quer dizer ainda, semelhança ou n i v e 1ame n to de situações dadas. Sua presença se faz sentir na interpretação da lei. Os princípios gerais de direito, de noção muito complexa e vaga, ainda não é consenso por parte dos escribas e estudiosos do assunto. Enfim, devemos entender por

princípi~s g~rais de direito as exigências do ideal de Justiça a se concretizado na aplicação do direito. Deverá entretanto, ser analisado caso a caso, para que se possa observar à equidade, à ética, à moral à solidariedade humana , à dignidade da pessoa e todos os atributos da consciência política das classes ~oc~ais laboriosas e realmente ·sedentas por JUSbça.

Templários Principal


Cativeiro Cibernético

Um Homem e seus ideais

Lua pre~d uv -..:u. Mentes presas nu ~~flexo do espaço. Corações querendo mudanças. Dragões cibernéticas voam amam acima dos muros. Vampiros maquiados entorpecem de ilusão Satisfazendo máquinas de fantoche

Um homem de feição esquálida Espreita pela noite afora Busca apenas um pão Algo que lhe nutra a alma Esquecido por aqueles Que se dizem humanitários Revela em si um homem forte, Persistente.

Enquanto isso Nós t::mnHri::~ Sempre avante Na terra assombrosa Do mundo cibernético. Amamos com o poder Que nos foi dado Pelo gênio Manguetwn

Não quer se não, Ser visto como gente Ser tido como alguém Viver sua própria vida.

Bruno Milton.

Cemitério Alegórico

Buscou não ser sonhador Mas vive cada dia. Buscou ser forte E a cada momento que lutava Não esquecia os seus ideais.

Urubus figurantes Cobras vampiricas Esperando o enterro Da protagonista. Uma flor Cálida, soli~:.-ia Depredada Presencia o formidável Ritual de decomposição Das cigarras instrumentistas.

Esquecido, Desapareceu no mundo Sem deixar vestígios. Mas seus ideais ainda vivem E persistem nos corações daqueles Que mesmo sem forças Lutam e vivem Pela melhora de um mundo sombrio.

Entre os negros desertos E cactos fúnebres

Dos simples necrotério Dos urubus alucinantes.

Henrique de Luna

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O ritual acaba e a Escarrada e mórbida realidade Entra em cena.

E Natal Ludiane Silva Lima

Poesia Poesia não pode ser definida por versos e rimas. Poesia deve ser escrita por sentimentos verdadeiros não importam quais forem. Poesia vive no mendigo, Vive no sertanejo esquecido. Está presente nos calos dos operários explorados. Está presente no Glauber que criou obras belas. Está presente nas lágrimas da viuva triste. No jovem que chora por falta da pessoa que se foi Para ser poeta. Só precisa ter lápis caneta e sinceridade de criança. Quando começo a escrever a sensação que me vem é a de soltar do mundo ridículo em que vivemos. Pena que por poucos minutos ... Poesia é viver você mesmo. Poesia é viver sua própria loucura. Sem medo do que os outros Pensam de ti.

Poesias

Mesmo esquecido luta por seus ideais Que nunca se deixam esvair-se . Mesmo nos piores momentos de sua vida.

É natal e o capital Tenta se redimir Em um dos 365 De opressão e exploração. Comece-se peru, tender e pernil, Despeja-se sobras em "cestas básicas" Na certeza hipócrita da boa ação Dos que pelejam pela vida samaritana. Enaltecem-se os apelos de boas festas Mas nem todos escutam pela surdez Que cala fundo a alma que sofre E o roncar do bucho que tem fome. Muitos vão às compras Mas outros tantos não têm Como comprar nem endividar-se Na corrida frenética da "confraternização" E do abuso da gastança. Mas é Natal e o apelo da fé Encobre com manto negro A esperança de se buscar caminhos Daqueles que já se perderam perambulando Pelas estradas da compaixão cristã, E da alienação ideológica podre e burguesa.

Carlos Maia Isaac Silva Souto


"Não éque eu tenha medo de morrer, éque eu 11ão quero está lá 11a hora que isso aconteçp:." Woody Alie 1

RacisIDo -:<.,--·

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O ra~ismo surge na cultura ocidental, ligado a certas conc~pç~es _sobre a naturez~ humana que fundamentaram a sua discnmmação, tendo em vista a exploração de certos p~vo~. Na concepção européia, desde a antigüidade classica (Grécia, Roma ... ), o que distinguia os homens entre si não era propriamente a raça mas a sua "~iviliz~ção". O civilizado era o que tinba direitos da cidad~ma na cidade-estado, império, reino. Era o que possma uma cultura, religião, organização social, etc. Todos os outros eram os "Bárbaros", isto é, os que não estavam ainda civilizados, ainda não tinham a dignidade de serem considerados como homens. a missão dos primeiros er~ a de governar e submeter os segundos (escravizá-los) ate que os mesmos àdquirissem uma cultura, religião, organização social, em suma, fossem "civilizados" ascendendo assim à categoria de homens. No século XVIII, na Europa, sob a influência dos cientistas do tempo (médico, biólogos, fisicos, etc), desenvolvem-se as modernas concepções racistas. Fazemse então medições ao cérebro de indivíduos das diferentes raças, estudam-se e classificam-se as suas características fisiológicas, etc. a conclusão era a esperada: os indivíduos nascem desiguais!. De acordo com a sua raça, uns nascem mais vocacionados para mandarem, outros para obedecerem. kdesigualdade entre os homens passou a ser sustentada numa base científica pelos europeus. Sustentouse igualmente a existência de raças superiores e raças inferiores. Na prática legitimava-se o domínio colonial dos br~ncos (superiores) sobre os negros, índios, aborígenes, ~hmeses, etc, etc . (considerados biologicamente mferiores). Cada negro não é definido como uma pessoa, com a sua própria in~ividualidade, mas é igual a todos os negros da sua tribo. E dócil ou rebelde, manhoso ou fiel, guerreiro ou pacífico, etc. desta forma despersonalizava-se os indivíduos da raça negra, abolindo a sua identidade. Este racismo, dito científico não apenas legitimou a superioridade do branco sobre as outras raças, mas legitimou igualmente a violência, extermínio e exclusão de todos aqueles que punham em causa o domínio da cultura criada pelos brancos, ou resistiram a sua integração na mesma. Mas esta é outra questão. O preconceito, como seu nome o indica, é um "préconceito" uma opinião que se emite antecipadamente, sem m informação suficiente para poder emitir um ·ulgamento , fundamentado e racionado. Os são opiniões levianas e arbitrárias, mas que ""V .,,.., 6 .,.,. do nada. Nem, ao contráruJ do que se possa pens~r,~ sã? opiniões individuais. Em geral, nascem da repet1çao .mefletida de pré-julgamentos que já ouvimos antes_ ~ais de. uma vez. Finalmente, à força df tanta repetlça~, termmamos por aceitá-los como verdadeiros. E os repetimos sem sequer nos preocupamos em verificar

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quão certos são. O preconceito contra certa~soas ou grupos de pessoas nasce dos estere?tipos. .,,,.,,. . Um estereótipo pode ser defimdo co~um conJunto de traços que supostamente caracterizam"'!"Um grupo em seu aspecto fisico e mental ~m seu~mportament~. Este conjunto afasta-se da realidade refingindo-a e mutilandoª· Isto quer dizer que a realidllffe se d~forma da ~es_ma maneira que quando se fa~a cancatura: pnmeiro, simplifica-se a realidade (sç!fcionam-se um ou uns pouc~s elementos ou traços, enquãnto ignoram-se todos os demais) e depois, ela é generaliz~se·s elementos ou traços simplificados são atribuídnr-automaticamente a todos os indivíduos que formam um grupo).( ...) · Seja positivo ou negativo o estereótipo sempre é falso na medida em que empobrece e distorce a realidade. Quem o utiliza crê que está fazendo uma descrição; mas o que está

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RASiL!l fa~endo, na verdade, é acomodar-se num esquema rígido pre-fixa~o de comportamento, de mentalidade, de virtudes ou ~efeitos. E uma _ve~ ~comodado no esquema, aplica-o po~ igual a to~os os i~dividuos qu~ comP.m o grupo. Não existem matnzes~ mmto menos vanações individuais.( ... ) Trabalhemos, pois, para banir os "pré-conceitos" e ven cer ?s e~tereo't·ipos, num esforço por construiro respeito mútuo as diferenças que nos_ dão identidade e.orno pessoas. Mas ?bs_ervamos que respeitar não é a mesma coisa que seremos mdiferentes como o que os outros são ou pensam; nem é buscar em tudo como os demai·s . E.. reconhecer o . . concordar d d~reito os outros a ser como são e a pensar com a d . opensam m a que nao compartilhamos de suas maneiras de se ' pe~nsar. 1:ambém não é respeitar todos os atos dos outr:se Nao 1. Existem atos reprováveis que devem os censurar e· , com bater. Mas sem e, sempre . d" . , respeitar a pessoa sua essencia.1 igmdade e seus direi·to· s . p orque ' o reconhecimento e a defesa dos Direitos Hu 1 também a quem os viola. manos ª cançam

Paulo Henrique

Terrerão


recoplAA]OS

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"O exemplo não é a principal coisa 11a vida: é a lÍnica coisa." Albert Sclrweitzer

" G•u ~-..o não conta, dez anos não representam nada. Viver não significa contar."(Rilke).

E profundamente significativo, o fato de como Rilke sintetizou a noção de vidas e vivências nestas poucas palavras. Para ele o que deve ser ressaltado em primeiro lugar, é a idéia de progresso histórico em que o homem está inserido. Na verdade, se relativizarmos um pouco mais o tempo de uma vida, podemos chegar a conclusão de que o determinante não é ele (o tempo), não é a quantidade de anos em que se vive, mais sim, a qualidade com que se vivência este processo. Na verdade podemos colocar ainda, que para a história dos homens, mil anos pode parecer um minuto, como também, ocorre quem em um dia pode-se desencadear saltos históricos que representam interiormente toda uma vida. Viver intensamente e de forma apaixonada cada minuto, é a maior das realizações dos seres humanos, é o que parece nos colocar Rilke. Independentemente dos seus sonhos e aspirações de caráter ideológico, os homens possuem a capacidade de sintetizar em poucos minutos, toda uma vida e um processo histórico complexo, quer seja ele individual, particular, ou social, de uma maneira totalizante podemos dizer. Uma vida como a de Castro Alves, por exemplo, apesar de curta, foi muito mais interessante que a de vários centenários, que acabaram por passar totalmente desapercebidos. Teotônio Alexandrino

Terrerão

O sangue pagão está voltando! O Espírito está próximo, porque Cristo não me ajuda, dando à minha alma nobreza e liberdade. Infelizmente! O Evangelho passou! O Evangelho! O Evangelho. Espero Deus feito um guloso. Sou da raça inferior de toda a eternidade. Eis-me na praia da Bretanha. Que as cidades se acedam na noite. Minha jornada está feita: eu deixo a Europa. O ar marinho queimará meus pulmões, os climas perdidos me bronzearão. Nadar, esmagar a grama, caçar, fumar, sobretudo; beber licores fortes como metal fervendo como faziam estes queridos antepassados em volta dos fogos. Voltarei, com membros de ferro, a pele escura, o olho furioso: sobre a minha máscara, me julgarão de uma raça forte. Terei ouro: serei ocioso e brutal. As mulheres tratem estes ferozes enfermos voltando dos países quentes. Estarei metido nos negócios políticos. Salvo. Agora sou maldito, tenho horror à pátria. O melhor é um sono bem bêbado, na praia.

Trecho de "Uma Estadia no Inferno"; Arthur Rimbaud.


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" Come ananás, mastiga perdiz seu dia esta, prestes bnegueAs ,, M_gjpkóvski •

. d t oralidade medi<1 · pela eterno, mesmo assun dentro e ':1Illd emp d existiu aesde sempre infinitude do espaço. Neste senti o, o mun o e existirá para sempre, mesmo em pr?c esso. de m"uanças tilidadee do . autodestruição até. Não se desprezara com iss0, d u t, mesmo os indivíduo em toda sua existência social e matenal, a e

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parasitas, _ mesmo que seja a de sanguessugas e inúteis tem uma razao º" ser, J"berdade explorareoprimirhomens,mulheres:j..ivenssedentospor 1 . d d' - -·• ~· t tua! fase da soc1e a e como ocorre com a burguesia capitalista.

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RELIGIÃO: O CUSTO DE UMA REPRESENTAÇÃO MENTAL O texto que hora apresento na forma de um breve ensaio, devido a sua natureza por demais polêrníca e instigante, não poderia representar o conjunto do pensamento da equipe de redação do nosso jornal, tão somente, de parte dela. Na verdade, sobre este tema, dificilmente chegaremos a um ponto em comum, pois, trata-se de visões na maioria das vezes conflitantes e porque não dizer bastante contraditórias. Participam e se fazem presente em nosso meio, diversas concepções de ordem filosófica e religiosas, refletindo desta forma, e não podia deixar de ser diferente, a realidade que se faz aqui representar através de diversos segm~n_tos, tais, c~mo, cristãos (católicos, protestantes evangélicos), espmtas, agnost1cos, ateus e materialistas dialéticos. O texto, carece ainda de uma melhor estrutura, o que não foi possível até aqui, tendo em vista a urgência e a ansiedade pela qual todos nós, naturalmente, estamos p~ssando. No mais ele foi redigido ainda de forma fragmentána em decorrên~ia das limitações de ordem prática e teórica, pois, devido o nosso tempo de leitura e sistematização do tema, tivemos que nos contentar com elaborações, muitas vezes surgidas de forma apressada em estalos momentâneas de uma fila de bane?, de um balcão de loja na ausência de clientes, nos fins de n01te e nos despertar das madrugadas. Mesmo assim, espero que _o res~ltado agrade e os erros e acertos aq~i contidos _são de rnínha _mterra responsabilidade e representam amda o esta?10 de amadure~1mento deste escriba que ousa voar por espaços amda desconhecidos da alma humana. Passemos a análise. _ _ Já está fazendo aproximadamente dois anos desde a pubhcaçao na revista Galileu da instigante, polêmica e para alguns até chocante questionament~ que se viu estamp_ado por esta oc~sião em sua ~~pa: "DEUS Precisamos Dele?" A revista abordou assim, uma tematlca, também perseguida pela revista Superinteresante, de se trazer_a to~a todo um balanço, na forma de resumo j~m~lísti_co: ~e combmaçao com as descobertas mais recentes da c1enc1a histonca, que tentam estudar vários mitos e fábulas religiosas. Em plena era da clonagem, do conhecim~nto genético DNA, dos transplantes de órgãos, do desen~olvtmento da ro~?tlca, d!s viagens aeroespaciais, centenas de ID.11hares _bus:,am a s~lv~ça? eterna" como saída preferencial para a explicaçao da eXIstencia human~ corporificada em um ser superior, situado nas calendas do além e nos caminhos percorridos pela alma desconectada_ do c?rpo fisico. Esta perspectiva da eternidade da alma humana, nao deixa de ser uma posição por demais egocêntrica ~e se achar que os seres em todâ a sua particularidade, são deVIdamente insubstituíveis e que tem, portanto, que viver eternamente, nem que para isso tenha que se criar uma vida após a mo~. Só o mundo em toda sua plenitude universal pode ser ~ons1derado

No Brasil como coloca a revista Galileu de julho/2002, mais de 91% crê em D~us segundo dados divnlo~rios pelo IBGE. Nos Esta_ os Unidos essa ~orcentagem já ultrapassa os 96%. Além disso, Gahle~ coloca ~ue nos últimos dez anos, foram criados cerca de 100 _mi novas religiões no mundo, mesmo assim, não se parou de realizar matanças e guerras indiscriminadas. Por que essa tam~a necessidade em ter fé? Os filósofos, os cientistas sociais, recentemente a medicina e a psicologia, tem sido um forte e seguro ancoradouro para se atracar barcos variados por v~rdades questionadoras da fé que tem buscado, através do longo ca?1mho da existência, respostas mais aproximativas e rac1on?1s _POss1ve1s, aos questionamentos que as mentes, nem sempre sau~ave1s, busc~ nas resoluções entre vida e morte do ser. Um dos fenomenos_ da fe mais intrigante neste começo de século no mundo é o cresc~en!o _das religiões de caráter fundamentalistas, não apenas no mund? 1slaID.1c?, como cristão, em várias partes do planeta, e_m e~pecial aq~~ no Brasil. Por exemplo, o crescimento acelerado das 1greJas evangehcas, como são conhecidos os protestantes nos dias de hoje, sobretudo os que auto denominam-se de pentecostais e neopentecostais, dos quais fazem parte a IgrejaAssembléia de Deus, a Igreja Universal do Reino de Deus, as do Evangelho Quadrangular, etc., é uma realidade inquestionável. Não foram poucos, até aqui, as loas e louvores cantados pela humanidade ao Deus judaico, cristão, maometano, budista ou hindu. Algumas destas religiões nos parece, aos olhos e ouvidos da civilização ocidental, como algo realmente estranho e com cherro de "fanatismo aloprado", tamariha é a filtragem ideológica realizada por todos os meios de comunicações sociais, que vivem na verdade, de maneira unilateral, a puxar brasas para suas sardinhas. Neste sentido, o "mundo cristão" acaba por garihar um destaque maior na rnídia, devido até, em ser o conjunto de países e civilizações que o compõe, aqueles em que a sofisticação cultural e tecnológica mais se desenvolveu. Mas, nem por isso pode-se desprezar, principalmente, no que diz respeito a aná1i ;~ do fenômeno, a influência de todas as outras formas de representações religiosas. O hinduísmo, por exemplo, alimenta o espirita de representaçõts mentais de nada mais nada menos que 1 bilhão de pessoas na Índia em particular. O que não deixa de ser extremamente significativo, em matéria de opções e credos religiosos. A sofisticação da ação religiosa obedece a uma necessidade material de existência. Portanto, a ação religiosa dos evangélicos protestantes, por maior que tenha sido o seu crescimento (em 1991 os católicos representavam 83,8% e os evangélicos 9,0%,jáem 2000, os católicos representavam 73,8% e os evangélicos haviam passado para 15,4%), está ainda distante de vim a ocupar uma posição majoritária no cenário nacional. No entanto, não nos restam dúvidas que são eles quem representam melhor o imaginário construído pelo senso comum, do consumismo e do individualismo na sociedade capitalista, ou como afinnou Max Weber, a religião preferencial do capitalismo. São, pois, assim, capazes de construir uma representação mais próxima do mundo, predominantemente dominado pela mercadoria e as trocas mercantis, baseada na lei econômica do valor e da consequente extorsão da mais-valia, na forma de lucro, criado pela compra da força de trabalho da classe operária em particular e das multidões de proletários em geral, como

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~VT ,!GIÃO: o CUSTO DE UMA REPRESENTAÇÃO MENTAL O texto que hora apresento na fonna de um breve ensaio, devido a sua natureza por demais polêmica e instigante, não poderia representar o conjunto do pensamento da equipe de redação do nosso jornal. tão somente, de parte dela. Na verdade, sobre este tema, dificil.wt:m... -'· ~"'lremos a um ponto em comum, pois, trata-se de visões na maioria das vezes conflitantes e porque não dizer bastante contraditórias. Participam e se fazem presente em nosso meio, diversas concepções de ordem filosófica e religiosas, refletindo desta fonna, e não podia deixar de ser diferente, a realidade que se faz aqui representar através de diversos segmentos, tais como, cristãos (católicos, protestantes evangélicos), espíritas, agnósticos, ateus e materialistas dialéticos. O texto, carece ainda de uma melhor estrutura, o que não foi possível até aqui, tendo em vista a urgência e a ansiedade pela qual todos nós, naturalmente, estamos passando. No mais, ele foi redigido ainda de forma fragmentária em decorrência das limitações de o:di-~ prática e teórica, pois, devido o nosso tempo de leitura e sistematização do tema, tivemos que nos contentar com elaborações, muitas "~7,es surgidas de forma apressada em estalos momentâneos de uma fila de banco, de um balcão de loja na ausência de clientes, nos fins de noite e nos despertar das madrugadas. Mesmo assim, espero que o resultado agrade e os erros e acertos aqui contidos são de minha inteira responsabilidade e representam ainda o est?;;::i de amadurecimento deste escriba que ousa voar por espaços ainda desconhecidos da alma humana. Passemos a análise. Já está fazendo aproximadamente dois anos desde a publicação na revista Galileu, da instigante, polêmica e para alguns até chocante questionamento que se viu estampado por esta ocasião em sua capa: "DEUS Precisamos Dele?" A revista abordou assim, uma temática, também perseguida pela revista Superinteresante, de se trazer a tona todo um balanço, na forma de resumo jornalístico, de combinação com as descobertas mais recentes da ciência histórica, que tentam estudar vários mitos e fábulas religiosas.

Em plena era da clonagem, do conhecimento genético do DNA, dos transplantes de órgãos, do desenvolvimento da robótica, das viagens aeroespaciais, centenas de milhares buscam a "salvação eterna", como saída preferencial para a explicação da existência humana corporificada em um ser superior, situado nas calendas do além e nos caminhos percorridos pela alma desconectada do corpo físico. Esta perspectiva da eternidade da alma humana, não deixa de ser uma posição por demais egocêntrica de se achar que os seres em toda a sua particularidade, são devidamente insubstituívei:; e que tem, portanto, que viver eternamente, nem que para isso tenha que se criar uma vida após a mort~. Só o mundo em toda sua plenitude universal pode ser considerado eterno mesmo assim dentro de um temporalidade medida pela infinii:ide do espaço. Neste sentido, o mundo existiu desde sempre e existirá para sempre, mesmo em processo de mu~~ças e autodestruição até. Não se desprezará com isso,_ a util~dade do indivíduo em toda sua existência social e matenal, ate mesmo os parasitas,

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Não foram poucos, até aqui, as loas e louvores cantados pela humanidade ao Deus judaico, cristão, maometano, budista ou hindu. Algumas destas religiões nos parece, aos olhos e ouvidos da civilização ocidental, como algo realmente estranho e com cheiro de "fanatismo aloprado", tamanha é a filtragem ideológica realizada por todos os meios de comunicações sociais, que vivem na verdade, de maneira unilateral, a puxar brasas para suas sardinhas. Neste sentido, o "mundo cristão" acaba por ganhar um destaque maior na mídia, devido até, em ser o conjunto de países e civilizações que o compõe, aqueles em que a sofisticação cultural e tecnológica mais se desenvolveu. Mas, nem por isso pode-se desprezar, principalmente, no que diz respeito a análise do fenômeno, a influência de todas as outras fonnas de representações religiosas. O hinduísmo, por exemplo, alimenta o espírito de represeptações mentais de nada mais nada menos que 1 bilhão de pessoas na India em particular. O que não • deixa de ser extremamente significativo, em matéria de opções e credos religiosos. A sofisticação da ação religiosa obedece a uma necessidade material ,

sociedade capitalista. No Brasil, como coloca a revista Galileu de julho/2002, mais de 90% crê em Deus, segundo dados divulgados pelo IB';rE, ~os Esta~os Unidos, essa porcentagemjá ultrapassa os 96%. Alem disso, Gahle~ coloca que nos últimos dez anos, foram criados cerca de 100 mil

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sanguessugas e inúteis tem uma razão de ser,_mesmo que seJa a e explorar e oprimir homens, mulheres Jovens sedentos por liberdade, como ocorre com a burguesia nesta atual fase da

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novas religiões no mundo, mesmo assim, não se parou de realizar matanças e guerras indiscriminadas. Por que e_ssa tamanha necessidade em ter fé? Os filósofos, os cientistas sociais, recentemente a medicina e a psicologia, tem sido um forte e seguro ancoradouro para se atracar barcos variados por v~rdades questionadoras da fé que tem buscado, através do longo ca~m~o da existência, respostas mais aproximativas e rac10n~1s _poss1ve1s, aos questionamentos que as mentes, nem sempre saudave1s, busca,m n~s resoluções entre vida e morte do ser. Um dos fe,nômenos_ da fe mais intrigante neste começo de século no mundo e o crescm~en;o _das religiões de caráter fundamentalistas, não apenas no_mundo 1slam1c?, como cristão, em várias partes do planeta, em especial aq~~ no Brasil. Por exemplo, o crescimento acelerado das igrejas evangehcas, como são conhecidos os protestantes nos dias de hoje, sobr~tudo os q~e auto denominam-se de pentecostais e neopentecosta1s, dos quais fazem parte a IgrejaAssembléia de Deus, a Igreja Universal do Remo de Deus, as do Evangelho Quadrangular, etc., é uma realidade inquestionável.

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"ser 111te1rame11te . . . . , . , ,. , . ,, Sg,,.-· ..,..d Freud; smcero co11s1go propno e um otímo exerc,cw gelado, a criança seminua, e o seu, meu, n"sso passar apressado na busca de abrigo, e sentir na ~!roa a revolta, e sentir-se inútil e ter ódio aos responsiiveis! Quem? Os pais? O país? sociedade? A glob<>~:zação? Ou você? Que sempre passa apressado e n?." ,ê? E não sente. Ela continua lá, Minha revolta tat::uém. E daí? É melhor adotá-la e assim farei minha r :-.,te. Mas ... no outro dia,já havia o~tra lá! Por que há k.11ta gente na rua? Não sei, já fiz minha parte, agora é p!'vblema de vocês. Dar esmola, não dar esmola, Cidadania! Ser útil à sociedade! Sociedade podi:-:-, devoradora de homens, que louva máquinas! Que inventa ídolos, e também sempre novas formas de alienar, escravizar, renegar, usar, excluir, matar. Quem? Eu? Você? Todos? Quem mais seria? Dou, dou sim! Esmola e ajuda, comida! E sinto vergonha de saber que tenho comida em casa! Vergonha, de saber que por minha inércia e também minha culpa, como não poderia deixar de ser? Tudo continua como está! Vergonha! Sensível à desgraça que é a fome, ao abandono, e tudo isso que é social! Social! Não deixarei de ajudar o homem, pelo homem. Esqueça que para existir um rico é necessário milhares de pobres! Esqueça dos bolsões de pobreza e do exército de reserva! Esqueça que o salário mínimo é suficiente para não morrer! Lembre-se apenas que um dia você pode não estar tão bem, e aí será sua vez de estender a mão. A escolha é sua, seja feliz com sua moral hipócrita. (Morte ao bom senso!) Ou, se tens um minimo de sensibilidade, negar a velha ordem, negar suas estruturas, suas construções escravizantes! Negar à repressão fisica e ideológica e tudo isso, como um todo, que fede! E assumir a culpa, a luta, e, enfim, entender que só o novo nos interessa.

A

Caridade Daremos esmola e salvaremos o mundo! Não! Ou melhor, deixaremos de dar esmola e salvaremos o mundo! A sensibilidade de ser e ter consciência que isso não é nem de longe in<;tividual. Que moral é c, ~a que prega a salvação para o bom escravo? Bom? Bom com os outros escravos! Útil ao seu senhor, e inútil•ao homem. Daremos esmola aos que tem fome! A fome tem pressa! Repartiremos entre todos nossas posses ... Quer dizer... Não é para tanto. Então voltamos: Um prato de comida, o resto, a porção tão indispensável para que se possa transbordar a lixeira da cozinha, quem diria? Pode ser de alguma valia a alguém. Mas comida? Comida eu dou, o que não dou é esmola! Então coma! E seremos felizes nesse mundo em que aprendemos que importante mesmo é comida, o resto? Besteira, coisa de consumista, ou de vagabundos, ociosos, destes que envergonham à sociedade. Mas o que é isso, que conversa é essa? Damos esmola, damos comida e sustentamos com o suor do nosso rosto esse bando de preguiçosos que tem medo do trabalho! Porque eu acordo às cinco da manhã e só paro às dez da noite e depois você me vem com esse papo de que tenho que sustentar parasitas! Um dia até que vai, mas eles acostumam! Eles acostumam, e aí pronto, infernizam a vida da gente até não poder mais. Por que eles não vão procurar !rabalho? Mas ... devemos dar esmola sim! E comida, um prato não faz falta, 'l roupa velha também não. Ajudaremos a amenizar a fome, o frio que aflige um innão! E dessa forma, que lindo, de olhos fechados seremos abençoados, de olhos fechados para que nunca nos passe o orgulho, nossa, orgulho, não deveria ter citado isso. Pois tão belo sentimento humano, a caridade, não deve nunca misturar-se ao orgulho, ao interesse! E, além do mais, se eu for caridoso, serei salvo! Está na moda! Então seguirei a moda! Dar esmolas não adianta nada! Tudo continrnuá como está. É mll problema c~njuntural e não importa o que eu faço, o problema é do sistema, e pronto. A sensibilidade de se olhar nos olhos castanhos oogyçJª CrillPÇa negra, esquelética, embaixo da m arquise eimJ~ em papelões, tremendo, num dia chuvoso

Linauro Neto

Oficina de po'eSias

templ~íos Todas as sextas às 18:30 hs. na sala da Academia Conquistense de Letras Centro de Cultura. "Venha declamar e discutir conosco"

ESTAMOS DE FÉRIAS RETORNAMOS EM FEVEREIRO

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