ESTÉTICA, A MUDANÇA PERANTE A RESOLUÇÃO

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GABRIELA MARQUES SIQUEIRA JOÃO FILIPI SCHEFFER PEREIRA MAGALI ROCHA TAVARES QUEDMA CRISTINA DE OLIVEIRA W EBSKY

ESTÉTICA, A MUDANÇA PERANTE A RESOLUÇÃO.

PONTA GROSSA 2008


GABRIELA MARQUES SIQUEIRA JOÃO FILIPI SCHEFFER PEREIRA MAGALI ROCHA TAVARES QUEDMA CRISTINA DE OLIVEIRA W EBSKY

ESTÉTICA, A MUDANÇA PERANTE A RESOLUÇÃO.

Trabalho apresentado à disciplina de Informática, Medicina Veterinária 1° Período do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE, como requisito parcial para a obtenção de nota bimestral. Professor Espc: Eziquiel Menta

PONTA GROSSA 2008


SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO .........................................................................................................4 2. HISTÓRICO ............................................................................................................5 3. RESOLUÇÃO 877/08 3. ..........................................................................................6 4. REVISÃO DAS PRÁTICAS CIRÚRGICAS ..............................................................8 5.ENTREVISTAS.......................................................................................................11 6. CONSIDERAÇÕES ..............................................................................................14 7. REVISÃO DOS VALORES ÉTICOS, MORAIS E CRITICIDADE..........................16 8. CONCLUSÃO.........................................................................................................17 REFERÊNCIAS ........................................................................................................18


1. INTRODUÇÃO

O estético animal é um ramo em ascensão dentro da prática veterinária. Em clínicas e pet shops são diários os inúmeros animais que chegam para banho, tosa, higiene, tratamento parasitários e consultas periódicas e de emergência. Na estética animal, destacamos estes procedimentos como práticas comuns, mas este questionamento tem por finalidade apresentar outra modalidade, as estéticas cirúrgicas. O corte de orelhas, cauda e cordas vocais em cães e a extração de unhas em gatos são práticas identificadas como: conchectomia, caudectomia e cordectomia em caninos e oniceptomia em felinos. Porém, estas práticas estão com dias contados, perante a resolução 877/08 que traz a posição do Conselho Federal de Medicina Veterinária, intrigando profissionais,

criadores,

entidades

representativas

e

leigas

a

elevar

seu

conhecimento em busca de formar um conceito diante dessa realidade. Nosso foco é especificamente canino, porém tratamos de uma forma geral a aplicação das práticas também em felinos. O uso comum da conchectomia, caudectomia e outras práticas cirúrgicas aplicadas são tradicionais, desde a origem de algumas raças caninas raciais. No entanto, o uso dessas práticas para fins estéticos e não por necessidade, gera controvérsias. Com a resolução 877/08 questiona-se: Qual o benefício do animal com a cirurgia estética?


2. HISTÓRICO

Para compreendermos como essas práticas começaram, é necessário um breve histórico. Na Roma Antiga os cães eram usados como “armas bélicas”, vestindo uma capa com material cortante para ferir os inimigos durante as batalhas. Por esse motivo cortavam suas orelhas e cauda para que fosse dificultado o seu domínio pelos adversários. Nessa mesma época, o hábito de cortar a cauda dos cachorros, era uma medida para prevenir as doenças que os acometiam pela falta de banho mensal. Os cães de caça, conhecidos como apontadores (que saem em busca da caça), têm suas caudas intactas, pois esta é usada para indicar o local onde a caça se encontra. Porém os cães cobradores (que apanham a caça abatida) têm suas caudas cortadas para que não se espantem outras presas que possam estar próximas por causa da agitação da cauda. Alguns cães de guarda também têm suas caudas amputadas para que um possível agressor não o agarre por essa região para imobilizá-lo ou machucá-lo. Os cães boiadeiros ficaram sem suas caudas para que os animais grandes (bovinos, ovinos, caprinos, entre outros) não se assustassem ao sentirem a cauda bater em seu corpo, e com isso evitando um estouro. Na Segunda Guerra Mundial também foram usados cães sem cauda e com orelhas cortadas nos combates. Há alguns anos, a cirurgia das cordas vocais ganhou ênfase ao ser difundida em veículos de comunicação de rede nacional. A cordectomia inibi os latidos altos, porém o animal ainda tenta, com muito esforço, emitir alguns sons e gemidos.


3. RESOLUÇÃO 877/08

A resolução 877/08 vem a tratar sobre as práticas cirúrgicas realizadas, apresentando a recomendações e exigências estabelecida por esta resolução. O conhecimento da mesma é de fundamental importância para a correta compreensão. RESOLUÇÃO Nº 877, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2008. Dispõe sobre os procedimentos cirúrgicos em animais de produção e em animais silvestres; e cirurgias mutilantes em pequenos animais e dá outras providências. O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA – CFMV, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela alínea “i” do Artigo 6° e alínea “f” do Artigo 16 da Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968, combinado com os Artigos 2°, 4° e 6° inciso VIII, Artigo 13 inciso XXI e Artigo 25 incisos I, II e III da Resolução nº 722, de 16 de agosto de 2002, Considerando a necessidade de disciplinar, uniformizar e normatizar procedimentos cirúrgicos em animais de produção e em animais silvestres; Considerando que esses procedimentos cirúrgicos devem ser realizados em condições ambientais aceitáveis, com contenção física, anestesia e analgesia adequadas, e técnica operatória que respeite os princípios do pré, trans e pós-operatório; considerando a necessidade de disciplinar, uniformizar e normatizar cirurgias mutilantes em pequenos animais; considerando que as intervenções cirúrgicas ditas mutilantes, em pequenos animais, têm sido realizadas de forma indiscriminada em todo o País e que muitos procedimentos são danosos e desnecessários, o que fere o bemestar dos animais; considerando que é obrigação do médico-veterinário preservar e promover o bem-estar animal, RESOLVE: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1° Instituir, no âmbito do Conselho Federal de Medicina Veterinária, normas regulatórias que balizem a condução de cirurgias em animais de produção e em animais silvestres; e cirurgias mutilantes em pequenos animais. Art. 2° As cirurgias devem ser realizadas, preferencialmente, em locais fechados e de uso adequado para esta finalidade. Art. 3º Todos os procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos devem ser realizados exclusivamente pelo médico-veterinário conforme previsto na Lei nº 5.517/68.

Parágrafo único. Devem ser respeitadas as técnicas de antissepsia nos animais e na equipe cirúrgica, bem como a utilização de material cirúrgico estéril por método químico ou físico. (...) CAPÍTULO IV CIRURGIAS ESTÉTICAS MUTILANTES EM PEQUENOS ANIMAIS Art. 7° Ficam proibidas as cirurgias consideradas desnecessárias ou que possam impedir a capacidade de expressão do comportamento natural da espécie, sendo permitidas apenas as cirurgias que atendam as indicações clínicas.


§1° São considerados procedimentos proibidos na prática médicoveterinária: conchectomia e cordectomia em cães e, onicectomia em felinos. §2° A caudectomia é considerada um procedimento cirúrgico não recomendável na prática médico-veterinária. Art. 8° Todos os procedimentos cirúrgicos devem ser realizados respeitando o previsto nos Artigos 2º e 3º desta Resolução. (Publicada no DOU de 1903-08, Nº 54, Seção 1, página 173).


4. REVISÃO DAS PRÁTICAS CIRÚRGICAS

Para um entendimento do procedimento desenvolvido nestas práticas, apresenta-se de forma teórico-ilustrativa, a descrição das práticas realizadas em pequenos animais, destacando conchectomia, caudectomia e cordectomia em cães. Conchectomia: prática que consiste no corte do pavilhão auricular dos cães, aplicada inicialmente como uma forma de defesa, impedindo que o cão fosse dominado, e recentemente a sua aplicação tinha como objetivo facilitar atividades caninas, como nadar e no trato com os animais. Bem como, para evitar a proliferação de fungos, bactérias, doenças que afetam o ducto auricular e parasitas. A técnica é realizada com anestesia geral, controle do sangramento e sutura de toda a extensão. O posicionamento das orelhas deve ser feito corretamente e uma indicação correta para uma cicatrização bem sucedida. As intervenções mais realizadas são nas raças: Pinscher, Boxer, Dobermann, Dogue alemão, Dog Argentino, American Storfdshire Terrier e Pit Bull.

Figura I: Realização de conchectomia em cão da raça Pit Bull.


Figura II: Exemplar de Dobermann (E) e Boxer (D), que realizaram a prática.

Caudectomia: é chamada de corte da cauda, é uma prática que tem uma faixa etária correta para amputação, quando filhotes tem que ser até os dez dias, depois a realização da prática é puramente estética, cumprindo com a vontade do dono e seguindo padrões raciais estabelecidos. De acordo com Hilda Drumond (2007): “O corte de cauda, ou caudectomia, tem raízes históricas. Tudo no mundo da cinofilia tem um fundamento funcional”, a segunda faixa é quando o animal é submetido à cirurgia para fins terapêuticos.


Figura III: Cão adulto sendo submetido a prática de caudectomia.

Cordectomia: De acordo com Canal (2004) “Para a desvocalização devemos destruir as cordas vocais, mas não completamente. Removem-se cerca de 75% a 90% de cada uma das cordas, mantendo sua base”. A prática é o corte das cordas vocais, fazendo com que a emissão de sons sejam inibidas. “A cordectomia com o intuito da desvocalização não deixa de ser uma cirurgia mutiladora, é bem verdade. Da mesma forma o são as cirurgias contraceptivas (histeroplicadura, pan-histerectomia, orquiectomia, vasectomia), estéticas (corte de orelhas ou rabo).” (IVO HEIMESTER CANAL, 2004).


5. ENTREVISTAS

Esta entrevista tem por finalidade apresentar posições de profissionais respeitados e atuantes na área da Medicina Veterinária, com relação a resolução 877/08. Para este identificamos os médicos veterinários entrevistados, o Dr. Álvaro Bueno Filho (A.F.) atuante a dezoito anos e a Dra. Larissa da Costa Garcia (L.G.) a sete anos ambos proprietários de clínica de pequenos animais. 1. Com que freqüências ocorriam às práticas de estética animal na clínica? (A.F.) - Logo no início era bastante grande a freqüência, eu fazia na média de poderia dizer até duas a três cirurgias de orelha por mês e seria a cirurgia que a gente mais fazia, eu lembro de todo este período ter feito duas onicectomia, ou seja, aquela que arranca a unha do gatinho e não ter feito nenhuma cordectomia, que seria das cordas vocais. (L.G.) - Oniceptomia e a cirurgia de cordas vocais a gente não prática aqui na clínica, não praticava, então não ocorriam, agente não faz. A conchectomia ela era bem mais frenquente na raça Pit Bull, assim digamos que umas duas por mês.

2.

Esses procedimentos tinham mais para parte estética ou tratamento clínico? (A.F.) - Simplesmente, puramente estética, não existia nenhuma condição, principalmente no caso do corte de orelha, não existia nenhuma condição de terapia ou uma necessidade absoluta de fazer a cirurgia nunca aconteceu, e ainda dentro da primeira questão com o tempo isso foi reduzindo muito, a gente pensou até, que fosse uma condição do tipo, que proprietários devem estar fazendo cirurgias em outros lugares, mas não.Trocando idéia com colegas eles também sentiram, e eu cheguei a ter feito por exemplo no ano passado que foi no ano de 2007 , uma única cirurgia de corte em orelha. Acredito com a resolução chegou à hora certa. (L.G.) - Não. Esses que chegam até a gente, são de animais de raça como o Pit Bull vem pra estética e caudectomia também! Caudectomia 99% é pela parte estética. Um ou outro é pra tratamento mesmo! Em casos de auto mutilação, em casos atropelamento e casos de necrose de cauda.

3.

Quais as raças mais visadas para essa prática? (A.F.) - As raças seriam o dobermann, o pinscher, dog alemão, o boxer, o pit bull, o schnauzer o pinscher miniatura as vezes que procuravam para fazerem o corte de orelha, eu acho que falei de todos...dog alemão, pit bull, boxer, Yorkshire não, coker spainel não, só seria o corte da cauda, das raças que fazem a amputação da cauda, o coker spainel e o boxer o dobermann os pinscher, o schanuzer, rottweiller, entre outros que tem bastante.


(L.G.) - Bom pra conchectomia como eu falei, Pit Bull, a caudectomia bastante pra Rottweiler, pra Yorkshire, Schnauzer, Pinscher, então a caudectomia é bastante mesmo.

4.

Do ponto de vista do veterinário você acha essas práticas mutilantes? (A.F.) - Meu ponto de vista veterinário, eu tenho comigo o seguinte, que todo tipo de intervenção, desde o dia que me formei em medicina veterinária eu fiz com a certeza que o animal nunca sentiu dor no trans-cirúrgico e por se tratar de uma cirurgia estética eu não enxergo tanto assim que seja uma mutilação, eu acredito que mutilação e judiação seriam você pegar um animal como pegam animais com a contensão física e seguram o animal quando algumas das pessoas pegam e cortam ali a sangue frio, isso seria mutilação para mim. Outro aspecto seria também que não é nenhum tipo de intervenção que é estressante para os animais é o rodeio, o quanto judia dos animais encima tanto dos bovinos e cavalos, os animais também têm adrenais que liberam constantemente hormônios de estresse, e isso que faz, acredito que seria para mim a meu ver a condição de mutilar os animais, a condição que essa cachorrinha chegou nervosa, chegou com o coração a freqüência ia para 160 e se eu pegasse ela àquela hora – segura ai que ela vai tomar uma injeção etc. e tal – isso acho que seja uma falta de conhecimento científico da pessoa, tem que chegar, tem que agradar o animal tem que conquistar o animal, assim como o anestesista que chega e conversa muito com a pessoa para fazer a intervenção anestésica. Então, porque o anestesista conversa? Ele não é o cara para conversar, mas justamente para tranqüilizar a pessoa e nessa conversa ele vai conseguindo pegar detalhes únicos da pessoa a ponto de dizer que ele não está estressado, não está nervoso, agora vou começar a fazer a intervenção anestésica, seria mais ou menos a mesma coisa que o veterinário devia fazer com o animal, claro que ele não vai conversar com o animal, mas existe forma de você agradar o animal, encima da mesa ou no chão que vão trazendo sinais, olha, ele chegou nervoso e não está mais nervoso esta deitado, já lambeu a minha mão, já andou sozinho por aí e tal, então já está na hora de a gente começar a fazer. São pequenas coisas, uma vez feita anestesia esse animal... já está sobre efeito anestésico não tem porque estar dizendo que ele está sendo agredido, eu agora, em se falando da cirurgia do corte de orelhas eu confesso que eu mesmo divido um pouco a opinião, porque tem momentos, eu vejo que não haveria uma necessidade de uma resolução Qual seria o destino dessa resolução? E ainda porque está dividindo muita a lei da amputação de cauda, ela não proíbe absolutamente, ela fala que – não estou lembrado das palavras – mas, evitar cortar na medida do possível evitar cortar. O corte de rabo não está proibido apenas não está recomendável. (L.G.) - A conchectomia eu acho desnecessária, a de cordas vocais e das unhas, a oniceptomia, eu acho multilante e a caudectomia eu acho um procedimento bem mais tranqüilo quando feito, na idade correta com um médico veterinário competente em uma clínica veterinária.

5.

Qual a sua posição perante a resolução 877/08? (A.F.) - E acredito, como vinham acontecendo, digamos assim, as cirurgias que podem ser prejudiciais ao animal, eu acredito que ela vem somar com a condição do bem estar animal, somar na condição do próprio médico veterinário que vai doar o conhecimento científico dele em prol da saúde e para a vida do animal e respeitando. Isso seria a minha opinião. (L.G.) - Então como eu falei pra vocês, sou contra, totalmente contra as


cordas vocais, considero multilante, sou totalmente contra a oniceptomia considero multilante, porque você fere a natureza do animal. Tanto cordas vocais como a retirada das unhas. A conchectomia eu acho também e venho reparando é que ta caindo bastante a prática, que em questão, por exemplo, você pode não vê, pelo menos aqui na clínica o proprietário de Schnauzer, Doberman, Dogue alemão, querendo fazer mais a conchectomia, a não ser Pit Bull! E a caudectomia que eu acho que ainda é um ponto de pensar, principalmente por questão de charlatanismo, questão dos criadores que estão ainda tendo certo preconceito em relação ao proprietário mesmo na hora da compra por buscar um Rottweiler com rabo, eu acho que assim também uma questão a ser trabalhada bastante, sabe questão de educação mesmo do proprietário se acostumar a ver os animais com cauda, e também eu acho vem desde da parte mesmo de educação, de educar o proprietário que o Rottweiler pode ter cauda, que um Yorkshire pode ter a cauda completa, mas caso isso não aconteça acho que proibido não deve, porque vai aumentar a questão do charlatanismo.

Depois de realizada as perguntas previstas para a entrevista Dr. Álvaro Bueno Filho, se manifestou com relação às entidades representativas cinófilas. Exatamente, o que esta acontecendo na verdade nas uniões internacionais dos KENNELs CLUBs internacionais, começaram absorver essa condição... Tipo assim... Liberando o animal de pista, não precisa mais ter a orelha cortada, então na América e na América do sul eles pajeiam o mundo internacional, isso foi abrindo, o animal de pista, já muito tempo não existe necessidade absoluta de corte de orelha , então com isso os proprietários, mesmo por um pouco por questões de dificuldade, porque é uma cirurgia e um pós operatório muito difícil, eu sempre falava: eu preferia fazer 100 aberturas abdominais do que fazer uma cirurgia estética de orelha, e que a responsabilidade é muito grande, é uma condição drástica milimétrica, se ficar torto o proprietário já pode solicitar reembolso, pode solicitar um monte de coisas, além do que tem esse tema que está que esta em discussão, porque se abrir para alguns acham que é mutilação, outros acham que não, assim isso vai continuar mesmo com a resolução, vai dividir a opinião. Fora o aspecto das lesões das orelhas não existe risco nenhum, nunca vi nenhum caso que viesse trazer uma conseqüência de morte ou alguma coisa que ele sofresse pra sempre com a cirurgia.


6. CONSIDERAÇÕES

Diante das diferentes opiniões formadas, da apresentação de livre expressão de profissionais da área da Medicina Veterinária, identifica-se a necessidade de retomar alguns aspectos já vistos. A visão que algumas pessoas formam dos animais traz consigo um tom materialista, essa forma de se enxergar a vida torna o animal vulnerável e o submete a determinadas situações indesejáveis. Salientamos a necessidade apenas de recordar aqui aspectos auto destrutivos aos valores guardados pela humanidade por centenas de anos. Para este a correta interpretação do texto é imprescindível, principalmente como meio de crítica para formação da própria opinião. Em se tratando de visão material, patronal e de posse, destacamos as palavras do adestrador Cléber Alves Tiago (2008) “Cada cachorro tem um padrão de corte de orelha e cauda. Um dobermann com a orelha caída e com rabo fica horrível. Vai ficar parecendo um vira-lata”. Assim considerando a diferenciação de estética aplicado na introdução temos por base a necessidade de questionar: Vaidade ou ego? Resposta só encontrada na formação de uma opinião própria, mas com uma justificativa cativante, ter a certeza de que o animal tem escolha perante um bisturi quando anestesiado. Para o médico veterinário Ricardo Henz (2008), “A resolução tem fundamentos, quando se refere apenas a parte estética, mas há casos em que cortar a cauda (caudectomia), orelhas (conchectomia) ou cordas vocais (cordetomia) é necessário. Cada caso é um caso”. Sua consideração estabelece um contato com a realidade, existem sim as necessidades destas práticas em considerados momentos, em outros podemos encontrar casos clínicos que definem essa


intervenção sendo uma necessidade. Ao

que

se

refere

o

padrão

racial

estabelecidos

pelas

entidades

representativas, aplica-se o entendimento que até então eram liberados, os mesmos de agora em diante, deverão seguir e adequar as normas. Sabe-se que estas práticas limitam manifestações dos animais, alterando a compreensão do seu estado emocional e inibindo seu comportamento natural, bem como influenciando em seu bem estar. Mesmo com a restrição destas práticas, devido aos fatos apresentados a existência de charlatanismo é realidade em diversos ramos, porém a preocupação de muitas de nossas fontes é com relação ao desconhecimento da técnica e do conhecimento teórico, fazendo que o animal seja submetido a estes exercícios ilegais e terem prejuízos enumerados.


7. REVISÃO DOS VALORES ÉTICOS, MORAIS E CRITICIDADE

Entende-se que o animal tem de ser respeitado, considerando-se o sofrimento e o bem estar. Ter responsabilidade nas intervenções cirúrgicas o que dizem principalmente a respeito da estética animal. Recordamos os valores éticos imersos internamente, que são valores levados por toda vida, muitas vezes, distintos de falso moralismo, aplicando conceitos morais errôneos sobre a sociedade e aos animais, não respeitando seus direitos. Devemos repensar mais nos nossos conceitos, valores e atitudes, solidificando a profissão o respeito mútuo e as bases éticas da sociedade, onde se baseiam os princípios da criticidade para formação de opiniões pessoais, diante do que foi apresentado e relatado. Essas tendências são refletidas e fundamentadas na realização do valor ético, em espírito de uma tensão íntima. (REALE, 1990).


8. CONCLUSÃO

As bases formadoras de opiniões trazem consigo a necessidade de repensar os conceitos formados. Tendo assim, como conclusão à correta aplicação da resolução, para fins de proteção ao animal, privando o proprietário da vaidade e do ego diante do mesmo. Impondo a necessidade de respeito iniciado pela classe profissional que atua diretamente com os animais e frisando a necessidade de compreensão diante dos diversos aspectos que se apresenta na cirurgia estética.


REFERÊNCIAS

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CONHEÇA as cirurgias, suas crueldades e as complicações que cada uma delas pode originar: Disponível em: <http://www.arcabrasil.org.br/noticias/0707_cirurgias.html>. Acesso em: 3 abr. 2008. MUTILAÇÃO Cortar pra quê? Disponível <http://www.mistersaudeanimal.com.br/mister_news/polemica/cortar.htm>. em: 31 mar. 2008.

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