| Quarta-feira, 6 de março de 2013 |
Artigo
A evolução do ensino Adelino Venturi Os problemas da universidade começam no ensino fundamental. Esta é a opinião generalizada dos especialistas em políticas educacionais. Ao longo dos últimos anos, amplia-se o debate sobre essa questão. É salutar, na medida em que os setores ativos e organizados da sociedade brasileira dão relevância ao setor educacional, que é a principal área no contexto do desenvolvimento econômico e social do país. Os debates - principalmente aqueles sem conteúdos políticos ou corporativistas - visualizam a questão educacional pelo ensino básico projetado na instância final, o ensino universitário. No âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), opina-se que as instituições de ensino superior do país precisam começar a lidar mais com a "pré-universidade". De fato, os problemas da universidade começam no ensino fundamental. É uma relação de causa e efeito. Quando se ensina mal o aluno na fase primária do seu pro-
cesso educacional, ele carrega essa deficiência para sempre; salvo se houver uma intervenção de apoio no meio do caminho, o que não é normal. E o próprio nome diz tudo: ensino básico. Ou seja, é muito importante o aprendizado das matérias básicas dos currículos escolares: matemática e português. É preciso destacar que há a necessidade de professores bem formados. Também, professores vocacionados. São eles que têm a missão de impulsionar o ensino para além dos limites curriculares; que no Brasil estão abaixo da crítica. São eles, que têm o conhecimento específico sobre áreas das atividades humanas, e de conhecimento geral no contexto do moderno desenvolvimento econômico e social para formar o elemento essencial de uma nação: o cidadão crítico. E a universidade tem o papel de contribuir para formar bons professores. Entre o ensino básico e o ensino universitário, estão as áreas do ensino de nível médio. E é ali que reside, também, boa parte dos fatores de defasagem do sistema de ensino do país. Inclusive a pressão psicológica dos jovens pela escolha de uma área de ensino capaz de lançá-lo em uma
carreira profissional de sucesso. Sabe-se que é muito difícil para o jovem realizar uma escolha com maturidade. É neste momento que ele necessita de apoio concreto, não somente no âmbito familiar, mas, de maneira competente, do seu meio educacional. É nesta hora que ressalta a visão clínica ou estratégica do educador. Isto, quando se trata de uma opção relacionada às tendências vocacionais dos alunos. A realidade, porém, é lastimável. A maioria faz sua escolha pelo ângulo do interesse financeiro. Assim, boa parte de jovens com potencialidade para desempenhar atividades de uso intensivo dos valores intrínsecos à vocação profissional acabam sendo levados de roldão para a vala comum da diplomação aleatória. E a maioria se transforma em um profissional mal situado no mercado de trabalho. O prejuízo é pessoal e do próprio país, por questões óbvias. Adelino Venturi é professor, empresário e membro do Conselho Deliberativo da Associação comercial, Industrial, Agrícola e de Prestação de Serviço (Aciap), de São José dos Pinhais
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