Salvador Cidade Irmã

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SALVADOR | TERÇA | 28 DE JULHO DE 2015

Prefeitura firma parcerias e investe em ações para reduzir desigualdades e estimular empreendedorismo com cidadania

Desde 2013, Salvador passa por uma transformação que não é notada apenas através das obras em todos os bairros da cidade. Projetos que não recebem a merecida visibilidade por parte da imprensa também estão tendo grande alcance e impacto na vida daqueles que mais precisam do amparo do poder público. Mais do que nunca, a Prefeitura está fazendo valer o direito dos cidadãos, o que inclui crianças e adolescentes, de ter acesso a serviços públicos de qualidade, a exemplo da educação desde a primeira infância, e desenvolver potencialidades e lideranças através do chamado empreendedorismo social. Isso acontece com iniciativas da própria Prefeitura, em programas como o Salvador Primeiro Passo, e parcerias com ONGs reconhecidas como o Parque Social, além do apoio fundamental da iniciativa privada, que tem desenvolvido vários projetos importantes ao lado da Fundação Cidade-Mãe.

Confira nas próximas páginas algumas dessas ações


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Salvador | terça | 28 de julho de 2015

Casa dos mais experientes | Abrigo Dom Pedro II acolhe atualmente 73 idosos e faz a alegria dos mais velhos com eventos o ano inteiro Quatro pavilhões – três femininos e um masculino – instalados em um prédio antigo e imponente na Cidade Baixa de Salvador são hoje o lar de 73 idosos na capital. Dona Dionéia Lima, 86, uma das moradoras, pode até não se lembrar bem da própria idade. Mas, não falta orgulho nem lembranças quando conta que é a moradora mais antiga do Abrigo Dom Pedro II. Ela está lá há 55 anos e chegou ao lar que hoje acolhe idosos a partir dos 60 anos quando tinha apenas 31 e um diagnóstico de epilepsia. O lugar que recebeu Dona Dionéia ainda jovem é um conjunto de prédios antigos, cercados de área verde e bem próximo ao mar, nos arredores da Boa Viagem. Os funcionários contam que o prédio teria servido de casa de veraneio para o próprio Dom Pedro II, antes de virar um abrigo de mendicidade, em 1862. Mas, foi apenas em 1943 que o lugar passou a ser de exclusividade dos idosos. Para eles, viver no abrigo é como ter uma nova família – são 47 mulheres e 26 homens divididos nos quatro pavilhões. Dona Lúcia Maria da Conceição, 73 anos, jura que recebe até visitas do namorado e conta com carinho dos passeios que faz com a equipe do abrigo. Já dona Ana Maria de Jesus, 66, que veio de Teófilo Oto-

Foto: Evilânia Sena

Idosos participam de eventos e dinâmicas no Abrigo Dom Pedro II

ni, interior de Minas Gerais, garante que de jeito nenhum entra em um avião de volta para a terra natal. De acordo com a gerente do abrigo, Valéria Carvalho, o lugar funciona durante 24 horas e em todos os dias da semana. É o único abrigo público exclusivamente para idosos em Salvador. Todos os dias, os idosos têm à disposição uma equipe de cerca de 60 pessoas, entre assistentes sociais, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeuta, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e cuidadores. Os abrigados do Dom Pedro II podem chegar ao lugar por conta própria, levados por familiares ou encaminhados por instituições como o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Delegacia do Idoso. Todo o atendimento é gratuito, mas, segundo a administração, além da idade mínima, os idosos precisam estar lúcidos quando chegam. Além das atividades internas, como grupos de dança, artesanato, coral e esportes, como futebol, há sempre eventos. “Todas as datas são comemoradas e eles adoram, desde o São João até o Natal e os aniversariantes do mês. Nós fazemos karaokê, bingos, passeios, viagens, eles adoram!”, conta Valéria.

Ampliação de vagas para moradores de rua Foto: Divulgação

Álcool, drogas, desemprego, desavenças familiares. Essas são, de acordo com levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), as principais causas oficiais que levam as pessoas a viverem nas ruas. Mas há outros motivos que podem fazer com que alguém precise de um lar: vulnerabilidade social, exposição ao risco, abuso sexual, deficiência física ou mental, abandono. Em Salvador, a terceira maior capital do Brasil, não é diferente. De acordo com a Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), estima-se que haja 3,5 mil pessoas vivendo hoje em situação de rua na capital. A Cidade Baixa concentra o maior número de pessoas nessa situação, seguida do Centro Antigo e do centro da cidade. Para tentar reduzir o número de pessoas nas ruas, mais dois abrigos serão inaugurados em breve. Localizadas na Baixa dos Sapateiros e na Vasco da Gama, as unidades de acolhimento se juntam às outras cinco já existentes para totalizar 800 vagas para população de rua. “Hoje nós temos uma ampla rede de acolhimento na cidade. Salvador hoje dispõe da maior rede de acolhimento na sua história”, assegura o titular da Semps, Bruno Reis. Além

da população de rua, a Semps possui abrigos para outros três tipos de público: crianças e adolescentes, deficientes e idosos, sendo de deficientes o maior número de atendidos - 1.581. Acesso – Para ter acesso aos abrigos, as pessoas podem ser abordadas nas ruas por equipes da secretaria, mas também podem ser encaminhadas por instituições como os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), os Centros de Referência Especializados de Assistência Social para a População de Rua (Creas Pop) ou pelo Ministério Público e Defensoria Pública. Todos os abrigos funcionam 24 horas por dia, mas a Prefeitura trabalha, além do acolhimento, com promoção e inclusão social da população atendida. “Além do acompanhamento psico-socioassistencial, de psicólogos e nutricionistas, nós oferecemos pelo menos três refeições diárias e há vivências, atividades visando o fortalecimento dos vínculos”, diz o secretário. Exemplo disso são as atividades culturais e esportivas, eventos comemorativos e educativos nos abrigos. Além das vagas para população de rua, também há crianças, adoles-

Salvador tem hoje a maior estrutura de abrigamento para moradores de rua da sua história centes, deficientes e idosos abrigados pelo Município em parcerias com outras entidades. Segundo informações da Supervisão de Convênios da Semps, 513 crianças e adolescentes são atendidos hoje em abrigos por conta de convênios; são também 124 idosos abrigados e 1.518 deficientes. Já a população de rua tem mais 520 vagas na rede conveniada.

800

É o número de vagas que serão oferecidas em sete unidades para população de rua


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Salvador | terça | 28 de julho de 2015

Primeiro Passo atinge 27 mil crianças | Programa social bancado exclusivamente com recursos municipais facilita matrículas em creches particulares Há dois meses, a vida de Adriana Luiza Farias, moradora do bairro de Sussuarana Velha, mudou para melhor com o programa Salvador Primeiro Passo. Mãe de Tiago Luís, de 5 anos, e de Ana Clara, de 9 meses, a dona de casa viu em abril deste ano a oportunidade de seus filhos terem acesso à educação infantil, com apoio da Prefeitura. “Uma vizinha minha que trabalhava na Caixa foi quem falou primeiro sobre a ação. Depois, vi o comercial na televisão e decidi me inscrever por conta de Tiago. Deram um prazo de até 90 dias para entregar o cartão e, dois meses depois, já estava recebendo o benefício na casa lotérica. Hoje, ele está estudando em uma escolinha e estou aguardando o cartão de Ana Clara para fazer o mesmo”, conta. Assim como Adriana, a cabeleireira Luzia Alves de Oliveira, que reside no bairro de Pau da Lima, também decidiu se inscrever por conta do filho Tiago, 4 anos a serem completados no próximo mês de agosto. Ela, que também é mãe de um casal de jovens de 15 e 18 anos, ressalta como o apoio financeiro é importante. “Tanto eu como meu esposo trabalhamos sem carteira assinada e ainda moramos de aluguel. Para conseguir uma creche só pagando ou esperar

Foto: Angelo Pontes/Agecom

ser sorteado para uma vaga na rede pública. O benefício pelo menos vai ajudar a colocar Tiago na escola”, salienta Luzia. O Primeiro Passo tem como objetivo garantir uma primeira infância melhor e será condicionado à participação das crianças em atividades envolvendo as áreas de educação, saúde e assistência social, além da realização de uma consulta com um médico ou profissional da área por semestre para acompanhamento do desenvolvimento do menor. A iniciativa tem como público-alvo famílias beneficiárias do programa federal Bolsa Família que não possuem alunos matriculados em creches e pré-escolas da rede pública ou conveniada. Auxílio - Com inscrições iniciadas pela Prefeitura em setembro de 2014 e coordenado pela Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), com apoio das secretarias da Educação (Smed) e da Saúde (SMS), o programa Primeiro Passo já registra 27.463 crianças de 0 a 5 anos beneficiadas com o auxílio mensal de R$50, que são pagos através das agências da Caixa Econômica Federal ou agências lotéricas. O investimento mensal é de R$900 mil. Podem ser inscritas até três

Luzia Oliveira exibe orgulhosa o seu cartão do Salvador Primeiro Passo crianças por família e, em caso de gêmeos, o benefício é ampliado. Os pais ou responsáveis que retirarem seus filhos da creche e pré-escola ou que residam em locais com vagas disponíveis na rede pública ou conveniada não terão direito a receber o auxílio. O cadastro pode ser feito nas Prefeituras-Bairro Centro/Brotas,

Subúrbio/Ilhas, Cajazeiras, Itapuã, Cidade Baixa, Cabula e Pau da Lima, além das escolas municipais Professor Milton Santos (Valéria), Zulmira Torres (Amaralina), Antônio Carlos Magalhães (São Caetano), Roberto Correia (São Marcos) e Gersino Coelho (Cabula). O atendimento pode ser agendado previamente pelo 156

ou pelo www.primeiropasso.salvador. ba.gov.br. “O programa vale muito a pena. O atendimento foi muito bom e já até falei com minha vizinha para que ela também possa se inscrever. É uma ajuda boa, principalmente para quem trabalha e não tem onde deixar o filho”, recomenda Adriana Farias.

Moradia digna

Prefeitura vai reformar imóveis de quem mais precisa Foto: Max Haack

Cem mil residências em situação precária devem ser recuperadas até 2020 através do programa Morar Melhor, lançado pela Prefeitura em junho deste ano e que vai beneficiar todos os 160 bairros de Salvador, além das ilhas de Maré, de Bom Jesus dos Passos e dos Frades. Coordenada pela Secretaria Municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps), com execução da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Habitação e Defesa Civil (Sindec), a ação vai recuperar 20 mil residências a cada ano, a partir de 2015, e os investimentos serão de até R$5 mil em cada unidade habitacional. Os recursos serão de R$500 milhões no total, oriundos dos cofres municipais. As melhorias a serem feitas pelo programa nas residências compreendem pintura e revestimento, esquadria (porta e janela em madeira), conjunto sanitário (pia e vaso com descarga) e telhado ecológico ou de cerâmica. Cada morador terá direito a escolher até três intervenções, respeitando o limite do orçamento. As residências a serem beneficiadas serão cadastradas a partir da análise técnica do imóvel e a intervenção deverá ser feita apenas com a autorização do

beneficiadas. A iniciativa permitirá, ainda, a melhoria da saúde da população local ao promover condições mais saudáveis às edificações, assim como prestar assistência técnica nas áreas de arquitetura e construção civil. Para execução do programa, oito empresas – uma de cadastramento e análise técnica e as demais para realização das obras – serão contratadas pela Prefeitura através de licitação que está em curso. Serão executados oito lotes por ano, sendo uma para cada Prefeitura-Bairro, que seguirão um cronograma de fiscalização acompanhada pela Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop), vinculada à Sindec.

Morar melhor vai recuperar 20 mil residências por ano em Salvador morador. O cadastramento será feito por equipes de abordagens nos próprios bairros que serão impactados. Os bairros a serem beneficiados foram divididos em 50 macrorregiões e a definição das áreas prioritárias foi feita através de dois principais critérios: a carência dos bairros, com base nos dados do IBGE 2010, e a precariedade habitacional obtida pela obser-

vação de campo. Neste primeiro ano, são contemplados 51 bairros e os 16 primeiros beneficiados são Calabar, Luiz Anselmo, Nova Constituinte, Alto da Terezinha, Massaranduba, Dom Avelar, São Cristóvão, Bairro da Paz, Nordeste de Amaralina, Liberdade, Bom Juá, Arraial do Retiro, Sussuarana, Pernambués, São Marcos e Novo Marotinho. Estão excluídos do

programa os imóveis em situação de risco cadastrados pela Defesa Civil de Salvador (Codesal), que terão outra destinação pela Prefeitura. Com a recuperação de componentes das casas para melhorar o conforto, a salubridade e a estética, o Morar Melhor também vai resgatar a cidadania e a autoestima da população residente nas áreas a serem

R$ 500 milhões É o investimento estimado na recuperação de 100 mil residências até 2020



CARTÃO SALVADOR PRIMEIRO PASSO. O PROGRAMA DA PREFEITURA PARA AJUDAR A CUIDAR DAS CRIANÇAS DAS FAMÍLIAS QUE MAIS PRECISAM. Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. Pensando nisso e nas famílias que mais precisam, a Prefeitura lançou o cartão Salvador Primeiro Passo. São 50 reais mensais para ajudar nos cuidados com as crianças de até 5 anos cadastradas no Bolsa Família e que não estão matriculadas em creches, pré-escolas públicas e conveniadas. Além dos 50 reais para as mães, o programa leva ações especiais de saúde e educação para as famílias inscritas. O benefício já está valendo e será pago no mesmo dia do Bolsa Família. Faça a sua inscrição. E, se você se inscreveu e ainda não recebeu o cartão, vá ao Posto da Prefeitura onde fez sua inscrição e conte com essa ajuda você também.

Confira a data de recebimento do cartão, o calendário de pagamento e os postos de atendimento no site:

primeiropasso.salvador.ba.gov.br

CARTÃO


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Salvador | terça | 28 de julho de 2015

Parceria que rende bons frutos para | Parque Social e Prefeitura realizam projetos que beneficiam população carente de Salvador Há um ano, o líder comunitário Cícero Melo, que trabalha na área de projetos da Associação dos Amigos e Moradores do Centro Histórico de Salvador (Amach), integrou uma turma diferente das que estava acostumado. Durante seis meses, ele frequentou oficinas no Projeto Líder Empreendedor Social, desenvolvido pela ONG Parque Social, parceria da Prefeitura em diversas ações voltadas para o desenvolvimento comunitário, melhoria da qualidade de vida e redução das desigualdades sociais. “Foram seis meses de capacitação e qualificação com foco no empreendedorismo social. Foi muito bom, muito proveitoso, porque muitas coisas que a gente não sabia, eu aprofundei mais recentemente e compartilhei informações também com o pessoal do grupo, que foi bastante coeso”, conta. Recentemente, ele conseguiu tirar do papel um projeto de cozinha comunitária para o Pelourinho. No projeto em que Cícero foi aluno, 120 líderes são capacitados por ano em gestão comunitária. O empreendedorismo social, mote do Parque Social, ainda é incipiente no Brasil. Na prática, é uma forma de atuação que vai além da transferência de renda, busca soluções emancipadoras e inovadoras que, de fato, envolvam a comunidade como protagonista de um processo produtivo. Em Salvador, a ONG desenvolve 16 projetos, que atendem, por ano, mais de 11 mil pessoas. “O que diferencia o empreendedorismo social dos demais é que ele

Foto:Max Haack/Agecom

Programa Agente da Educação, lançado esse mês, é um dos que contam com a parceria da ONG busca, em última instância, trazer benefícios do ponto de vista social e não só da perspectiva da renda e da produtividade”, explica a presidente da ONG, Rosário Magalhães. Todos os projetos e programas da ONG, mesmo aqueles em parceria com a iniciativa privada, contam com o apoio e a participação da Prefeitura, ressalta. Segundo ela, as estratégias fundamentais para se trabalhar com empreendedorismo social in-

cluem buscar a participação e o engajamento da comunidade, de forma que isso gere ações de impacto. Agente da Educação - Uma dessas ações foi lançada este mês. O programa Agente da Educação, que está em fase de seleção e contratação de 424 estagiários do curso de Pedagogia para trabalhar na aproximação entre escolas, família e comunidade, tem como objetivo principal melhorar

o rendimento escolar, reduzir as faltas e a evasão escolar em Salvador. O programa, por sinal, foi apresentado pelo prefeito ACM Neto e pelos secretários da Educação, Guilherme Bellintani, e da Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza, Bruno Reis, em evento da Unicef em São Paulo. O Agente da Educação vai funcionar de forma simples, mas eficiente. Os agentes irão visitar as famílias dos alunos mais faltosos para orientá-las

no acompanhamento da vida escolar, reduzindo as faltas e a evasão. A ONG Parque Social é co-gestora do programa junto à Secretaria da Educação. “Esse é um projeto pioneiro e que deverá servir de modelo para outras cidades do Brasil e do mundo. Quando apresentamos ele na Unicef foi um sucesso. Ficamos felizes que essa parceria com o Parque Social resulte numa ação tão bacana e inovadora”, afirmou Guilherme Bellintani.

Foto: Divulgação

Projetos com foco nos jovens e idosos Além do projeto Líder Empreendedor Social, o Parque Social, organização de direito privado e sem fins lucrativos, também tem um projeto parecido, mas voltado para jovens. O Jovem Aprendiz Empreendedor, que atende a 300 pessoas de 14 a 24 anos em comunidades de Salvador, estimula a inserção desse público no mercado de trabalho. Além das aulas teóricas e práticas, eles são contratados como menores aprendizes e recebem bolsa de meio salário mínimo, auxílio transporte, lanche e Salvador Card. Durante as aulas, os jovens são estimulados a construírem um projeto de vida por meio da orientação dos chamados educadores coach. Esses jovens são capacitados durante todo o período para exercerem a função de auxiliares administrativos nas diversas secretarias

e órgãos da Prefeitura de Salvador. Outro projeto, o Idoso Tutor, de acordo com a diretora-técnica da ONG, Sandra Paranhos, promove uma interação entre gerações. A cada ano, 30 idosos com autonomia e motivação para trabalhar em projetos sociais dentro de suas próprias comunidades aprendem em oficinas como serem tutores de jovens líderes e empreendedores. Também merece destaque o Foto.com. Ele está com inscrições abertas e será desenvolvido a partir deste ano, no Bairro da Paz, Nordeste de Amaralina, Pernambués, Pelourinho, Boca do Rio e Cajazeiras. No Foto.com, 15 alunos por turma – em oito grupos por bairro – aprendem técnicas de fotografia e comunicação com o objetivo de resgatar a identidade e a história de sua própria comunidade usando estas

ferramentas. Ao final do curso, que dura quatro meses, eles produzem uma revista eletrônica e impressa, distribuída na comunidade em que vivem. Além dos jovens atendidos nos projetos e programas do Parque Social, a comunidade também é beneficiada com as outras ações. No projeto Conhecimento Itinerante, dois ônibus ficam durante um mês em cada escola da rede municipal de ensino, com computadores e uma sala de leitura e de atividades lúdicas e culturais. “Esses ônibus deixam liberdade para se trabalhar com o tipo de situação que está emergente naquela comunidade. Se tem um problema de violência, o educador vai trabalhar aquilo”, diz Sandra Paranhos. Os familiares de cada estudante atendido pelo projeto também têm acesso aos ônibus

e, em cada escola, o Conhecimento Itinerante deixa montada uma brinquedoteca. Outro projeto interessante é o Programa Comunidade Empreendedor (PCE), que dissemina a cultura do autodesenvolvimento no Bairro da Paz e em outras localidades, através do estímulo ao empreendedorismo social e participação cidadã. Tem duração de 12 meses, é voltado para membros representativos da comunidade que integram instituições formalizadas, lideranças comunitárias, representantes de instituições que atuam na área e empreendedores sociais existentes nos bairros. Como produto deste programa, são identificados e capacitados empreendedores sociais, que serão apoiados na formalização e estruturação de projetos sociais. O próximo PCE será realizado no Pelourinho.

Rosário Magalhães destaca atuação a favor do empreendedorismo social


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Salvador | terça | 28 de julho de 2015

quem mais precisa Ações em andamento Jovem Aprendiz Empreendedor 300 atendidos

Convivendo e Aprendendo 1.500 atendidos

Projeto de inclusão social que possibilita a inserção de jovens oriundos de comunidades de Salvador no mercado de trabalho. Os jovens beneficiados são contratados como jovens aprendizes, inclusive na Prefeitura. Eles têm entre 14 e 24 anos e precisam estar matriculados em uma instituição de ensino regular ou já terem concluído o ensino médio. O programa tem duração de 17 meses.

Fortalece os vínculos familiares e comunitários de pessoas em situação de vulnerabilidade e risco. O programa é voltado para crianças, adolescentes, jovens e idosos do Nordeste de Amaralina, Bairro da Paz, Pau da Lima, Centro Histórico e Cajazeiras. A duração é de 12 meses.

Foto: Divulgação

Programa Jovem Aprendiz do Parque Social serve de modelo para iniciativas do tipo em todo o país

Foto.com 720 atendidos Promove o resgate da identidade histórica e cultural das comunidades carentes de Salvador, fortalecendo a importância da cultura popular a partir de seu próprio olhar. Os jovens atendidos têm entre 14 e 24 anos e são residentes do Bairro da Paz, Nordeste de Amaralina, Pernambués, Pelourinho, Boca do Rio e Cajazeiras. O programa tem duração de quatro meses e possui oito turmas por bairro, com 15 alunos cada.

Multiplicadores de Educação Alimentar e Nutricional 480 atendidos Capacita crianças e adolescentes de escolas municipais de Salvador em agentes de transformação da realidade familiar e da coletividade no âmbito da alimentação. Eles são estimulados à compreensão do conceito de saúde e segurança alimentar e adoção de novas práticas, valorizando as experiências de participação cidadã e saúde coletiva. O programa é voltado para crianças e adolescentes que estejam cursando entre o 2º e o 9º ano do ensino fundamental em escolas do Centro Histórico, Boca do Rio, Pernambués e Itapuã e tem duração de 24 meses.

Idoso Tutor 30 atendidos Capacita idosos a atuarem como tutores, complementando, fortalecendo e aprimorando o desempenho de jovens na prática de lideranças futuras, promovendo a troca de conhecimento entre gerações. O programa é voltado para idosos a partir de 60 anos e tem duração de 12 meses.

Ciclo de Palestras 400 atendidos Realiza ciclo de palestras com temas específicos para disseminar o conceito de empreendedorismo social para formação de uma rede de Empreendedores Sociais.

Jovem Líder Empreendedor 140 atendidos

Conhecimento Itinerante 4.800 mil atendidos

Capacita jovens de comunidades de Salvador em situação de vulnerabilidade social para o desempenho do papel de futuros líderes. O programa é direcionado para jovens de 14 a 24 anos de Salvador, matriculados na rede de ensino pública ou concluintes do ensino médio e tem duração de 12 meses.

Possibilita o conhecimento em informática básica e literatura. É voltado para crianças e jovens oriundos de escolas públicas e em situação de vulnerabilidade social em bairros como Cajazeiras e Pau da Lima. A duração do programa é de 24 meses.

Fotos: Divulgação

Sementes Culturais 120 atendidos Promove a inclusão cultural a partir do resgate e do fortalecimento da cultura africana. O programa explora a riqueza rítmica dessa cultura através de oficinas artísticas culturais produtivas na área da música, com destaque para o instrumento percussivo de origem africana, o xequerê. Tem duração de 12 meses.

Líder Empreendedor Social 120 atendidos Promove capacitação em gestão comunitária para líderes, com foco em empreendedorismo social e participação cidadã, estimulando a reflexão sobre a situação atual da área social, através de análise e avaliação crítica de práticas comunitárias para que possam atuar de forma efetiva como agentes de transformação da realidade local. O públicoalvo é formado por lideranças comunitárias, coordenadores e/ou gestores de instituições sociais das diversas comunidades de Salvador.

Ônibus do projeto Conhecimento Itinerante leva literatura e informática para crianças

Coletivo Coca-Cola 480 atendidos Em parceria com o Instituto CocaCola, promove oportunidades econômicas nas comunidades de baixa renda através de treinamento técnico, empoderamento comunitário e acesso ao mercado. Voltado para jovens de 15 a 30 anos que estejam cursando ou tenham concluído o ensino médio, com duração de 12 meses.

Arte Cidadã 320 atendidos

Núcleo de Atendimento Comunitário (NAC)

Capacita crianças e jovens através de oficinas de produção em arte customizada e construção de instrumentos percussivos, berimbau e xequerê. É voltado para crianças e jovens de 8 a 16 anos e tem duração de 12 meses.

Oferece apoio, capacitação e instrumentalização de lideranças comunitárias, associações de moradores, grupos sociais e outros com atuação efetiva em suas comunidades. Pessoas da comunidade, em geral, formam o público-alvo do programa.


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Salvador | terça | 28 de julho de 2015

Adolescentes fragilizados são acolhidos | Prefeitura mantém abrigos e centros de convivência para jovens em risco social Foto: Angelo Pontes/Agecom

Há pouco mais de um mês, Vandeilson Carvalho dos Santos, 16 anos, saiu da casa onde morava com a família, na Estrada Velha do Aeroporto, e foi encaminhado pela Justiça a um abrigo na Boca do Rio. Mesmo há mais de 15 quilômetros de distância da antiga casa, o jovem está mais feliz. “Eu tinha uma desavença com o meu padrasto e a maioria dos meus parentes não me queria em casa, então o lugar que eu encontrei foi aqui”, conta. Ele é um dos 20 meninos em situação de vulnerabilidade e com perda de vínculos familiares que vivem em um dos quatro abrigos mantidos pela Fundação CidadeMãe (FCM), ligada à Secretaria Municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps). De acordo com a presidente da FCM, Risalva Telles, os jovens moram lá, mas a permanência geralmente é limitada em dois anos, por determinação judicial. O objetivo não é criar uma permanência institucionalizada, mas devolvê-los ao seio familiar. “É tratar com dignidade enquanto eles estão lá, fazer com que eles adquiram autoconfiança, mas encontrar um aconchego, um lugar para onde eles possam voltar”, explica. Enquanto estão nos abrigos, os jovens têm alimentação, reforço escolar, lazer, esporte, cultura e atendimento psicossocial. Vandeilson, que parou de estudar no 6º ano (5ª série), está ansioso para voltar às aulas. Ele também

Centro de Convivência de Saramandaia desenvolve várias atividades lúdicas para adolescentes carentes quer aproveitar os cursos que são oferecidos pela FCM, através de parcerias. “Eu tenho vontade de fazer um curso profissionalizante na área de percussão, dança, capoeira. É uma coisa que eu sei fazer e gosto. Essa é uma oportunidade que eu tô achando agora e que, lá onde eu mo-

rava, eu não sei se eu ia encontrar”. Parceria – O adolescente que veio da Estrada Velha do Aeroporto tem tudo pra fazer amizade com Márcio Santos Cardoso de Souza, 17, veterano no abrigo. Ele está no local por conta da rivalidade entre facções do

tráfico em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Márcio já faz aulas de percussão e de capoeira com o Projeto Axé, fruto de parceria com a Fundação Cidade-Mãe. A presidente Risalva Telles conta que faz parcerias com a iniciativa privada não só para inserção dos jo-

Centros de Convivência restabelecem vínculos familiares Crianças e adolescentes participam de atividades no turno oposto ao da escola nos Centros de Convivência Socioassistencial, também mantidos pela Fundação CidadeMãe. São oito centros como este em Salvador, voltados para aqueles que vivem com a família, mas com vínculos frágeis. Somente em Saramandaia, a unidade que foi reinaugurada em março deste ano atende a 300 crianças e adolescente, de 7 a 14 anos, que moram na comunidade. Lá, além de atividades culturais, os meninos e meninas fazem pintura, esculturas, dança e teatro. Em todos os centros, há sala de informática, com acesso à internet, e bibliotecas públicas, abertas à comunidade. A ideia de criar uma relação de pertencimento com o lugar e de fazer com que os jovens se sintam à vontade nos abrigos é fundamen-

Abrigo na Boca do Rio já atende a 20 meninos que perderam vínculos familiares

tal para a condução do trabalho na organização, de acordo com a presidente da Fundação Cidade-Mãe (FCM), Risalva Telles. A ideia é levada a sério tanto por funcionários como pelos abrigados. Nas unidades geridas pela FCM, a decoração do lugar é feita pelos próprios jovens atendidos. Os azulejos coloridos na parte interna dos abrigos foram pintados pelos próprios moradores de lá. Nas paredes dos centros de convivência, quadros, esculturas feitas com material reciclado e até murais também são obras dos jovens. Os quadros dos jovens chegaram a ser expostos na Arena Fonte Nova, em Salvador, com direito a disputa de compradores e tudo. Além da arte, uma parceria com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) garante curso de corte e costura industrial para os jovens nos centros de convivência.

vens em projetos. Por exemplo, todos os abrigados já fizeram consultas com oftalmologista e foram doados 76 óculos. Também através de parceria, a fundação conseguiu realizar exames de mamografias para todas as mães das crianças e adolescentes que são atendidos pela entidade.

Casas de Acolhimento A Prefeitura possui oito Centros de Convivência Socioassistencial (casas de acolhimento) para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, mas que vivem com as famílias. Eles ficam em locais como Cajazeiras XI, Canabrava, Saramandaia, Nordeste de Amaralina, Periperi, Bairro da Paz e Mussurunga.

Abrigos Já os abrigos são para crianças e adolescentes encaminhados pela Justiça e que perderam o vínculo familiar. Eles ficam na Boca do Rio, Pituaçu, Largo Dois de Julho e Bonocô.


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