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CASARÃO DA DONA NEGRINHA
from Mapeamento
Dona Negrinha tristemente pode-se lem brar do famigerado bota-abaixo, nome popularmente chamado das medidas hi gienistas de reformulação do centro do Rio de Janeiro. Dentre tais medidas destaca-se a destruição de antigas casas em estilo colonial, para a construção de casas mais modernas e principalmente para a abertura de avenidas.
Essas medidas implementadas no governo de Pereira Passos, no início do século XX, teve como ponto principal a reforma da urbana do centro do Rio de Janeiro. Tendo como propósito construir uma capital aos moldes das capitais europeias aos custos da sobrevivência de pessoas pobres e do seu antigo patrimônio cultural.
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O bota-abaixo levou à demolição de casarões que serviam muitas vezes como cortiços no centro da cidade, onde moravam muitas família pobres e em sua maioria, negras. Desalojados, estas pessoas buscaram abrigos nas periferias e nos morros, enquanto o centro se tornava área nobre para ricos e brancos.
Como o já dizia o filósofo, a História se repete primeiro como tragédia segundo como farsa, aqui em Planaltina ocorreu da mesma forma, agora como farsa, salvo as devidas circunstancias e efeitos nefastos, a derrubada do Casarão da Dona Negrinha, é mais uma ato da tragédia grega que ocor- tendo em vista os diversos atores canastrões que atuavam em disfarçar o crime que cometiam.
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Por diversas vezes as autoridades responsáveis pela preservação, manutenção e fiscalização do patrimônio foram avisadas do risco iminente de colapso do antigo ca- mentos e memórias foram por terra na manhã do dia 30 de setembro de 2020, levando consigo mais um pedaço da única cidade goiana mantida dentro do quadrilátero da nova capital, deixando uma marca que somada a outras tantas está fazendo a cidade perder sua identidade. O interessante foram sarão, mas nada foi feito. Foram várias as tentativas que a FUP/UnB buscou para a compra do imóvel, mas as querelas fundiárias, ainda da época da desapropriação para a instalação do Distrito Federal, nunca resol- os olhares dos transeuntes que coincidentemente estava casualmente passando e ao perceberem o que estava ocorrendo sacaram suas câmeras e filmaram todo espetáculo. A situação se agrava tendo em vista que o Casarão ficava na área de tutela de tombamento do Museu Histórico e Artístico de Planaltina ou seja nada nesta área pode ser modificado sem a devida autorização dos órgãos competentes.
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Toda esta história é digna de se tornar mais um capítulo de Fausto quando percebesse que nada foi por acaso, tudo estava miletricamente planejado, luzes, segurança pública, câmeras, celulares, ação, tratores, caminhões, venderam a alma por pura ganância. Perdemos mais um monumento que se tornara documento, abrimos mais um ferimento em nossa já combalida cidade, ferimento este que ainda sangra muito.
Hoje a AACHP permanece atenta e na luta diuturna para que outros patrimônios não sejam destruídos pela cobiça e ignorância daqueles que não percebem que progresso é também respeitar sua história, que desenvolvimento é também promover seus patrimônios, que modernidade é também manter seus monumentos. As denúncias de crimes contra o patrimônio de Planaltina agora focam principalmente para que a Casa de Câmara e Cadeia seja restaurada urgentemente ou mais uma parte do que somos desaparecerá e será lembrada apenas nas pinturas e fotografias penduradas em palácios governamentais ou placas instaladas em praças públicas em homenagem aos patrimônios derrubados.