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revista

MICAEL

natal 2011

A atitude da alma de Maria Reflexão da época

A viagem do 8º ano ao Maranhão Diário de bordo

Cidade do Circo Relatos dos alunos do 6º ano


EDITORIAL

Dividindo emoções Esta edição da revista Micael está recheada de relatos, lembranças, registros, memórias... Numa escola em que tanta coisa especial acontece o tempo todo, é mesmo de se supor que muita história boa mereça ser dividida. São esses pequenos e grandes acontecimentos que preenchem nossas vidas e que nos fazem ter certeza de que, sim, vale a pena todo o esforço empreendido aqui. Desejamos a todos um Natal cheio de luz e de significados verdadeiros. Boas férias e um 2012 repleto de força para todos nós continuarmos compartilhando tão belas histórias. Os editores

A revista MICAEL Micael é. 2uma publicação trimestral do Colégio Waldorf Micael de São Paulo REVISTA Rua Pedro Alexandrino Soares, 68• Jardim Boa Vista • 11 3782-4892 • www.micael.com.br


Índice 04

Reflexão da Época A atitude da alma de Maria

20 Depoimento Um contador de histórias

07

Retrospectiva Uma viagem no tempo de uma aluna do 12º ano

dentro da nossa escola 22 Por MEAMI, um novo olhar

08

Quando tudo poder ser especial As experiências do 7º ano em 2011

Lys 23 Despedida Homenagem à tia Lys

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Laboratório da Vida Relatos sobre o teatro do 8º ano

do Circo 24 Cidade Relatos dos alunos do 6º ano sobre a

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Diário de Bordo Uma viagem ao Maranhão

afinada 26 Equipe A importância da comissão de bazar

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Entrevista Paulinho, o mestre das malas

experiência no picadeiro

LEMBRETE

De 23 a 27 de janeiro de 2012 acontecerá na Escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo, o I Encontro de Educação Física e Ginástica Bothmer da Pedagogia Waldorf, com Michael Neu, da Alemanha. Para informações sobre valores e inscrições, escreva para bothmerbrasil@yahoo.com.br

EXPEDIENTE Coordenação editorial: Comissão de Comunicação do Colégio Micael Colaboradores: Andréa Campos, Katia Gardin, Paulinho Silva, Rogério Abbamonte (fotos), Tatiana Pacini (design), Katia Geiling (textos) e professor Marquilandes Borges de Souza (coordenação junto ao corpo docente) Capa: Desenho de lousa, Prof Maria Gabriela Jahnel de Araujo Mande sugestões, comentários e críticas para: comunicacao@micael.com.br


REFLEXÃO DA ÉPOCA

A atitude de alma de Maria Conhecer as reações de Maria no momento da anunciação nos ajuda a pensar sobre nossas tarefas do Advento Willi Nüesch (Advento, Coletânea de Textos)

Na história da humanidade há uma figura na qual a atitude e a mentalidade própria de Advento nos defronta como personificada: é Maria. Ela é o ser humano que pôde preparar o corpo para o Redentor que estava vindo. Para ele Maria estava de “boa esperança”. A espera advêntica para ela foi um fato corpóreo. Ela cuidou do germe que devia vir à luz do mundo. Mas Maria é também uma alma advêntica. Isto se verifica com maravilhosa nitidez no evangelho de Lucas, o qual, aliás, é o evangelista de Maria. Aprofundar-se na questão da atitude da alma de Maria corresponde ao caráter da época de Advento. Assim como Maria se tornou o envoltório protetor do Menino Jesus, assim a época de Advento quer ensinar ao homem como preparar sua alma para ser envoltório do Cristo. Como deve estar minha alma para poder ter esperança de nela nascer o homem superior, o homem-espírito? Como REVISTA MICAEL . 4

minha alma deve conduzir-se, como deve agir para que o Filho do Homem possa nela manifestar-se? O que ela tem que fazer, como ela tem que ser para que o Filho de Deus possa nela revelar-se? Olhar para a atitude de alma de Maria pode dar respostas a essas perguntas. O evangelho de Lucas primeiro descreve a anunciação do nascimento de Jesus pelo anjo Gabriel. Como o evangelho caracteriza a alma de Maria? Como ela se conduz? Dos dizeres do evangelho (Cap.1, 29-38), depreendem-se as seguintes condutas: Maria é • a que se assusta com a palavra (ela fica confusa, atônita, perplexa) • a que reflete sobre a palavra (ela pondera, medita, pensa) • a que pergunta ao anjo (ela interpela o anjo) • a que se submete à palavra do anjo (ela se entrega à vontade de Deus)


A alma de Maria fica perplexa com a palavra do anjo. Ela se deixa tocar e abalar pela vivência supra-sensível, não permanece fria e fechada perante tal vivência. Ser inabalável nem sempre é uma virtude, pode indicar endurecimento e insensibilidade. Quem não se emociona com nada não tem nem a possibilidade de evoluir nem futuro. Maria está aberta perante o mundo espiritual. Não traz couraça em torno da alma que a feche para o espírito. Ela se expõe às forças e aos seres supra-sensíveis, não lhes opõe resistência e reserva. Por isso o espírito consegue penetrá-la, falarlhe poderosamente. Inicialmente ela não estava à altura desse falar e nela prevalecia uma certa confusão, até mesmo medo. Ela treme sob o bafejo do mundo divino. Ela é como um instrumento de cordas que sob a mão do tocador treme e vibra. (...) Depois que Maria em certa camada de sua alma superou o assustar-se, uma outra faculdade nela se faz valer: o pensar, a reflexão; ela consigo “refletiu que saudação seria aquela”. Superando o sentimento de susto, passa a atuar a força do pensamento com a qual procura assimilar a vivência. Para além da alma que sente, entra em ação a alma REVISTA MICAEL . 5


pensante, a razão. A alma de Maria é também pensadora. Pensando, ela quer obter clareza sobre a vivência espiritual, pensando, ela quer dominar a confusão em que a colocou o encontro com o anjo. Ao fazê-lo, o anjo pode, então, revelar o nascimento do filho Jesus, que será chamado Filho do Altíssimo. Em seguida, Maria ergueu-se para uma ação arrojada. Ela ousa perguntar ao anjo: “Como pode ser isto, se eu não conheço homem algum?” (1,34). Podemos dizer que se tratou de uma audaciosa interpelação, pois foi necessária uma grande coragem e força interior, levantar-se para uma palavra própria diante do poderoso arcanjo. Maria consegue ter a força de alma de colocar uma questão de cognição no âmbito da vida suprasensível. Ela não é das almas resignadas que acreditam em limites do conhecer, porém crê corajosamente que para a alma que pergunta possam fluir respostas do mundo dos espíritos, capazes de esclarecer e solucionar os enigmas da vida. A alma de Maria crê no conhecimento. Perguntando audaciosamente, seu empenho cognitivo se dirige ao supra-sensível. (...) Ela quer entender, quer saber, com humana força de consciência ela quer compreender como a palavra do anjo pode ser recebida. Ela não recebe a revelação com fé cega. E o alto anjo atende e diz sim ao seu audacioso empenho por conhecer. À sua pergunta, ele responde: “O Espírito Santo virá sobre ti...” O Espírito Santo ilumina sua alma que luta por consciência. Ele satisfaz seu anseio cognitivo, sua

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sede de saber. Maria experimenta a verdade, que satisfaz no fundo de seu íntimo: “Nenhuma palavra que vem de Deus será sem força” (1,37). Impulsos espirituais autênticos se impõem, alcançam sua meta. Segurar isto no íntimo denomina-se crer. (...) Assim que a vivência espiritual pôde então desembocar nas palavras de total submissão à vontade de Deus, “Maria, porém disse: Vê, eu sou a serva do Senhor, aconteça a mim conforme tua palavra” (1,38). Não é uma submissão cega, pois sua alma obteve esclarecimento do mundo espiritual. Ela se une à vontade do espírito, porque sabe. Profunda paz agora nela opera, mas essa paz, essa comunhão com a vontade divina foi antecedida por uma luta interior, por um drama íntimo. Maria atravessou o susto, a reflexão, o perguntar, para finalmente unir-se nas profundezas íntimas com a vontade de Deus, expressa pela palavra do anjo. Ela se mostrou abalável, pensativa, crente na cognição, submissa a Deus. Com essas quatro faculdades a alma de Maria é, também, modelo para o homem da atualidade. São forças de Advento. Se as nutrimos e cuidarmos, farão da nossa alma a morada d’ Aquele que vem.


Uma viagem no tempo e nas lembranças impressas em desenhos, cadernos, aquarelas... Maria Rita Johnsen Baross aluna do 12º ano

“Lembro-me de como nós, ‘toquinhos’ do jardim da infância, no último dia de aula voltávamos para casa levando nossas pastas, pintadas por nós mesmos, recheadas com desenhos que fizemos durante o ano. Retratos diários da nossa viva imaginação, antes de correr e saltitar pelo pátio, escalar as árvores, rolar e construir no tanque de areia. A cada ano essas pastinhas vinham mais cheias. Juntavam-se aos desenhos e aquarelas os primeiros cadernos, as formas, letras e números. Aos poucos as histórias começavam a ser registradas de forma escrita, os números ganhavam dimensões maiores e os traçados se refinavam. Esses trabalhos chegavam em casa, eram curtidos, apreciados, algum eleito era até enquadrado e colocado na parede. No entanto, a pasta acabava indo parar em uma caixa debaixo da escada ou no fundo de um armário... Numa quinta-feira de novembro, um dia antes da arrumação do Bazar, retirei do fundo do armário essa caixa, pois no 12º ano costumamos fazer uma retrospectiva de todos os anos da escola e estava em busca de trabalhos que havia feito quando pequenina. A atividade acabou se estendendo pela tarde inteira: abrir a tal caixa se transformou em muito mais do que selecionar cadernos dos primeiros anos. Entrei em uma viagem por tudo o que vivi na escola, guiada pelas imagens e textos que encontrei. Revisitei lugares encantadores e delicadas memórias da infância, que há muito passavam longe da minha cabeça. Em meio a risos, momentos nostálgicos e ao som de Canções Curiosas, do Palavra Cantada, transcorreu a minha tarde. No dia seguinte a experiência se multiplicou, pois cada um trouxe de casa o seu pacote de memórias, e a manhã de arrumação foi banhada de recordações divertidas do grupo. A junção de tudo isso na Exposição Pedagógica resultou em uma espiral de cadernos, desenhos, vídeos, fotografias, bichos de tecido e bonecas pela qual o visitante da classe era convidado a percorrer.”

* Outros possíveis sinônimos de recordação: 1. anamnese, memória, relembrança, rememoração, reminiscência. 2. lembrança, presente. 3. alma, ânimo, atenção, cérebro,

compreensão, espírito, intelecto, intenção, mente, opinião, parecer, razão, vontade, revocação, revogação. REVISTA MICAEL . 7

RETROSPECTIVA DO 12º ANO

Sinônimo de recordação *


RELATOS PEDAGÓGICOS

Quando tudo pode ser especial Com entusiasmo e trabalho, o 7º ano passou por experiências inesquecíveis em 2011 Cristina M. Brigagão Ábalos Professora de classe do 7º ano

“Um dos meus filhos sempre diz que a palavra que mais escutou quando estudou no Micael foi ‘especial’. Tudo era muito especial. Acho que tenho que concordar com ele, pois mesmo depois de anos lecionando, ainda me surpreendo e me entusiasmo com novas descobertas, a cada ano. E o 7º ano não escapou disso. Foi muito rico de vivências, trabalhos e conhecimentos. Inúmeros foram os assuntos abordados, porém a época de Antropologia trouxe, em especial, a visão dos 12 sentidos, proposta por Steiner. A surpresa por parte dos alunos foi grande. Eles foram se percebendo a cada dia, tomando consciência da significação de cada um dos 12 sentidos e da importância de usá-los bem. Outra experiência especial do 7º ano foi a viagem às cavernas de Intervales. Nos quatro dias de viagem os alunos puderam vivenciar na prática todos os sentidos e consolidar vários outros conhecimentos, dentre eles de física, mineralogia e de química. Depois de um ano intenso de desafios, conquistas e amadurecimento, a sensação de ‘preenchimento’ é gratificante. Começar um trabalho com entusiasmo, levá-lo adiante com perseverança e concluí-lo com responsabilidade é a chave mestra para as novas portas que se abrirão. Deixo a seguir alguns relatos de alunos do 7º ano que com frescor e veracidade expressaram suas vivências e aprendizados.”

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Trechos de reflexões dos alunos sobre os 12 sentidos... “No começo achava que só havia cinco sentidos: tato, paladar, visão, olfato e audição, mas minha opinião mudou quando a professora Cristina contou a história da Princesa e as 12 Janelas, aparentemente uma história normal, que poderia ser contada para qualquer criança pequena. Mas nós, do 7º ano, tivemos uma visão diferente da história, uma pergunta ficou no ar: ‘para que as 12 janelas, qual a importância delas nessa história?’. Aos poucos fomos descobrindo e chegando a várias conclusões: poderiam ser os 12 signos

do zodíaco ou os 12 discípulos, mas uma coisa chegou, uma ideia que nunca pensaríamos que fosse possível (ou pelo menos eu), os 12 sentidos. Para mim, foi uma grande surpresa, nunca havia pensado nessa hipótese. Mas, conforme as aulas foram passando, entendi quais eram os 12 sentidos. Além dos cinco básicos, os outros são: vital, movimento, equilíbrio, térmico, palavra, pensamento e eu. Cheguei à conclusão que os utilizamos no dia a dia, inconsciente ou conscientemente, e me impressionei.“ Fernanda de Carvalho Martins

“As maravilhas da vida são os 12 sentidos. Sem eles, não seríamos um ser humano completo. Cada um deles tem sua importância: Com o TATO posso abraçar, sentir o coração do meu amigo. Com o sentido VITAL, consigo sentir se meu corpo e minha alma estão bem. Com o MOVIMENTO PRÓPRIO, é possível dançar, brincar e pular. Com o EQUILÍBRIO, consigo me equilibrar sobre o meu eixo. Com o OLFATO, sinto o perfume de uma rosa, diferencio o cheiro bom do ruim. Com o PALADAR, posso sentir o gosto de uma fruta que a mãe-terra nos dá. Com o TÉRMICO, percebo o calor do fogo, a frieza do gelo, o calor do meu corpo. Com a VISÃO, vejo as brasas do fogo, a luz do sol, as cores do arco-íris e a beleza da natureza. Com a AUDIÇÃO, escuto as doces palavras de minha mãe, o zumbido de uma abelha e o latido de um cachorro. Com a PALAVRA é que podemos nos comunicar. A expressão “a palavra dada não pode ser quebrada” é muito importante porque é ela que estabelece a confiança. Com o PENSAMENTO, penso no meu futuro, nas minhas tarefas, no jeito de ajudar o mundo. Com relação ao EU PRÓPRIO e ao EU ALHEIO, concluo que conhecemos o nosso EU PRÓPRIO para podermos conviver com os outros.” Sophia REVISTA MICAEL . 9


VIAGEM PARA INTERVALES | 7º ANO

Lembranças e registros da turma “1º Dia Depois de um looooonga trilha, chegamos à caverna dos Paivas. Eu estava bastante ansiosa. Havia uma escada de pedra que ia descendo até lá embaixo. Colocamos a touca, o capacete, deixamos as mochilas empilhadas (jogadas + ou -) e finalmente entramos. Era muito legal, andamos e observamos tudo até que chegamos a um lugar plano e maior. Sentamos, apagamos todas as luzes e ficamos em silêncio por alguns minutos... Um ‘ping’ quebrou o silêncio... total silêncio... Minutos... Outro ‘ping’ profundo... O silêncio e a escuridão eram opressivos. Olho abre, olho fecha, por que não há diferença?” Beatriz Gavião

“Foi uma viagem especial, mais que as outras. Ficar dentro das cavernas com flautas foi demais! Parece que eu mudei, o mundo mudou, não sei dizer. Só sei que foi uma mudança. ‘As pessoas têm medo de mudanças, eu tenho medo de que as coisas não mudem.’ Chico Buarque.” Rubens Adati

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sobre uma viagem emocionante e transformadora “A sensação de estar no escuro total e em silêncio absoluto, fechar os olhos e abrir e perceber que está tudo igual, tudo escuro... É muito diferente do que vivemos na vida corrida da cidade grande. Poder ouvir uma flauta na escuridão e não saber de onde vem... Parece que o som sai de dentro das pedras...” Júlia Rito

“Nessa viagem superei meus limites e descobri que sou bem mais resistente do que pensava. Foram momentos de cansaço, sono e estresse, mas prevaleceram os momentos engraçados, divertidos e prazerosos.” Giulia Ikishura

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TEATRO DO 8º ANO

Teatro, laboratório da vida

Lembranças e reflexões dos alunos sobre a linda vivência de preparar e encenar a peça Conto de Inverno, de W. Shakespeare O teatro do 8º ano é sempre uma experiência transformadora para os alunos. O resultado que se vê no palco é fruto de um trabalho que começa muito antes até de o texto ser escolhido. Na verdade, ele tem início ainda no Ensino Infantil, quando as crianças ouvem os primeiros contos de fadas, dedilham os primeiros acordes no kântele, se equilibram nas árvores e correm soltas pelo pátio. Seu maior objetivo não é ser apenas um espetáculo, mas ajudar os alunos a conhecerem melhor seus próprios limites, seus talentos e a lidarem melhor com o outro e com as próprias emoções. Leia a seguir alguns relatos da turma sobre a experiência: “Teatro é uma experiência maraviespetaculinda! Teatro, uma palavra de seis letras e TRÊS sílabas, um substantivo mas também uma máquina do tempo onde podemos voltar ou avançar na história. Uma experiência que ficará guardada em nossos corações para o resto de nossas vidas.” Renata e Laura REVISTA MICAEL . 12


“O teatro foi uma das experiências mais importantes da minha vida. Foi onde eu pude mostrar minhas qualidades. No decorrer do tempo eu fui me fortalecendo cada vez mais, tanto com meu eu quanto com minha alma. Por outro lado, fiz amizade com pessoas que eu não tinha afinidade... Aprendi a ter tranqüilidade com meus defeitos e com os dos outros também.” Tatiane

“(...) Nos dias de apresentação era incrível, podíamos sentir nossa emoção escorrer pelos olhos. Cada momento era único e especial. Hoje, só de lembrar de tudo sentimos um arrepio e particularmente lamentamos só de saber que nunca poderemos voltar!” Ângelo, Caio, Henrique, Tibor

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bastidores DO TEATRO

Bruna e Luiza REVISTA MICAEL . 14


“(...) Nunca vou me esquecer daquele sentimento que tive quando entrei no palco, vi os holofotes virados para mim e todo mundo me olhando. Primeiro veio um nervoso muito forte, que me fez até oscilar um pouco a voz, mas depois fui me acalmando e no final já estava me sentindo MUITO à vontade no palco, mesmo com todas aquelas pessoas. A última cena, na qual eu tinha que ser uma estátua, foi a que eu mais gostei. Antes eu achava que não ia conseguir e ia acabar rindo ou me mexendo, mas na hora em que os guardas viraram o cenário e eu apareci, não sei explicar, mas senti uma força muito forte que vinha de dentro, a qual me fazia não sentir meus membros e depois uma emoção que acabou em lágrimas nos meus olhos!” Caroline

“Achamos que foi uma experiência maravilhosa, única em nossas vidas. Aprendemos muito, amadurecemos e começamos a ver tudo e todos de um modo diferente, mas com certeza de um jeito melhor. Nos aproximamos mais de nossos colegas, criamos mais confiança, mais liberdade e respeito. Todos nós sabíamos que para chegar ao resultado final, o espetáculo, precisávamos de muito companheirismo, cada mínima colaboração era essencial. Estamos muito felizes e orgulhosos com o resultado, pois conseguimos o que queríamos e muito bem. Só temos a agradecer por ter tido essa chance e a todos que nos proporcionaram isso!” Giuliana e Mainá

“(...) O (diretor) Léo sempre disse: ‘O teatro é o laboratório da vida’, o que é verdade, pois aprendemos a lidar com sentimentos. Uma dica para você que ainda não fez o teatro: aproveite o máximo que puder.” Fernando

o 8º ano e o WOW-Day

Na edição passada, a revista Micael cometeu um deslize e não registrou o fato de o 8º ano também ter ajudado nas ações do WOW Day. Na noite de estréia da peça, a classe passou o chapéu entre o público e arrecadou dinheiro para a causa.

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DIÁRIO DE BORDO

A viagem do 8º ano Vilma Lucia Furtado Paschoa, Professora de classe do 8º ano

“O 8º ano de 2011 realizou, nos primeiros dias de novembro, uma viagem ao Maranhão. Ficamos três dias na capital, São Luís, conhecendo um pouco de sua história e riqueza cultural. Visitamos a comunidade de Maracanã, uma das que se dedicam às festividades do Boi, e em Raposa pudemos ver o lindo trabalho feito pelas rendeiras. Foi muito impressionante observar a agilidade e precisão de uma jovem de 14 anos ao trançar os bilros e compor uma belíssima renda. Depois fomos para Barreirininhas, cidade que fica na ‘porta de entrada’ do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, às margens do Rio Preguiças. Indescritível a beleza dessa região, tão rica em contrastes e cores. Atravessando o rio, visitamos a comunidade chamada Tapuio, onde vivem pessoas de pele escura e olhos claros, que nos receberam com grande alegria e acolhimento e serviram um almoço delicioso num lugar muito cuidado. Entre os trabalhos realizados pelos alunos, estão algumas entrevistas com pessoas desse lugar, resumidas aqui.” A turma e dona Maria José, moradora da comunidade Tapuio

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“(...) Sônia tinha o sonho de abrir um restaurante na comunidade (diz ela que é para melhorar o conforto dos clientes). (...) Ela contou que família dela foi uma das primeiras a chegar em Tapuio e está lá há mais de 200 anos.” João Pedro e Caio

“Em nossa viagem ao Maranhão fomos a uma comunidade chamada Tapuio. Lá tivemos a oportunidade de entrevistar um rapaz chamado Robson Doã. Em primeiro lugar perguntamos quais as atividades que ele gostava de fazer na comunidade. Ele nos disse que gostava muito de jogar futebol e que à noite havia festas onde dançam reggae e forró. Perguntamos sobre as necessidades da comunidade e ele nos disse que a área da saúde estava meio fraca. A área da educação era boa, porém quem quisesse fazer o colegial teria que ir para Barreirinhas. Depois fomos à ‘cozinha’ do lugar e uma moça nos ensinou a fazer galinha caipira (prato típico de lá). Ela disse que tinha que matar, depenar, lavar com limão e colocar a galinha na panela de pressão por uma hora. Também é necessário temperar com cebola, pimentão, alho, colorau, sal e salsa. Nós também conhecemos o José Maria, que nos ensinou sobre a mandioca comum e a mandioca brava e nos ensinou como fazer farinha. Foi muito divertido.” Ângelo, Henrique, Erik, Marília, Arthur, Giu C. e Luna

“Maria José é uma senhora muito respeitada na comunidade Tapuio. Tem 64 anos, pele morena e olhos azuis por ser descendente de holandeses e brasileiros de vários lugares do país. Tem 12 irmãos. É esposa de Zequinha e mãe de 10 filhos, porém dois deles morreram. Seu filho mais velho tem aproximadamente 45 anos e o mais novo, 31. O mais velho de seus 34 netos tem 25 anos e o mais novo, 4. Ela tem também 12 bisnetos. Podemos observar a mínima diferença entre as idades dos parentes. Eles costumam ter muitos filhos e muito cedo. (...)” Camila, Tatiane, Carol, Bia, Giuliana, Giovana e Rafael

“A comunidade Tapuio tem entre 110 e 120 famílias, tendo em cada família de 6 a 12 pessoas. A idade média para se ter um filho é 16 anos. E a média de filhos atualmente é de cinco crianças. (...) Assim como o nome Tapuio (os inimigos) o hábito de comer farinha de mandioca vem dos índios. A preparação da mandioca funciona assim: primeiro pegam a mandioca da ‘árvore’, depois descascam, trituram e colocam em um saco para tirar a umidade. Quando sai mais de 60% dessa umidade, a mandioca vai para o forno e está pronta.” Mainá, Luiza, Tibor, Pedro

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ENTREVISTA

O nosso mestre das malas Muitas das crianças do Micael carregam todo dia um pouco do amor e da dedicação de seus pais e de um mestre especial. Saiba por quê Há oito anos o ritual se repete: um grupo de pais e mães se reúne ao longo de quatro ou cinco finais de semana para confeccionar com as próprias mãos a mala e a lancheira de couro que seus filhos usarão quando forem para o 1º ano. Paulinho Silva, pai da escola, é o regente dessa pequena orquestra de martelos, cola e estiletes e com generosidade e muito bom humor doa seu tempo para ensinar as técnicas que aprendeu quando sua filha mais velha estava indo para o Ensino Fundamental. Confira a seguir a entrevista com nosso mestre maleiro e marteleiro e o relato de dois pais que este ano passaram pela segunda vez por essa experiência tão significativa: Você aprendeu a fazer a mala quando a Anita, sua filha mais velha, estava indo para o 1º ano. Como foi essa história? No ano anterior à entrada da Anita no grau, a questão das malas de couro foi levantada em uma reunião do Conselho de Pais. Na ocasião, algumas pessoas afirmaram que seus filhos não as usavam devido ao alto custo das malas vendidas. Esse fato despertou a minha curiosidade.

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Até então, as oficinas não aconteciam no Micael? Até então não havia sido realizada nenhuma oficina aqui e não havia nenhum movimento nesse sentido. Foi quando comecei a correr atrás de alguma solução. A Christiane DuBois (mãe da escola e hoje professora do 1º ano) me disse que havia essas oficinas na Steiner há muito tempo e me passou o telefone do Johann, o pai responsável pelas oficinas de lá. Entrei em contato com ele, que prontamente se ofereceu a me ajudar. Fui na primeira aula e já saí de lá com os moldes emprestados, endereços dos fornecedores de material e grande parte da minha primeira mala já feita.

Paulinho (de óculos) e seus aprendizes de 2011


Como foi o processo de se tornar um multiplicador dessa experiência tão especial para muitos pais? Qual o seu sentimento em relação a isso? Bom, no início nem imaginava que a oficina de malas viesse a ser o sucesso que é hoje. Envolvi-me bastante com o couro, fui buscar com um amigo seleiro soluções para partes da confecção que achava mal resolvidas. Hoje temos uma mala um pouco diferente da inicial, creio que bem resolvida e de fácil manejo para que pais e mães (sim, muitas mães fazem malas) possam contemplar seus pimpolhos entrando no grau com suas malinhas hand-made. Para mim, a cada ano fica a imensa satisfação de ver muitas crianças usando suas malas e saber que de alguma forma, mesmo que pequena, tem ali a minha contribuição. Isso sem contar a amizade feita com os pais e o carinho recebido. “Como vem ocorrendo nos últimos anos, a oficina de malas é um evento marcante para os pais e as mães do colégio. Participei da primeira oficina, em 2004, cobaia da iniciativa pioneira e seminal do mestre ‘Paulinho das malas’, que vem conduzindo a orquestra dos pais e mães marteladores, coladores e furadores de couro ao longo dos sábados e domingos de oficina. De volta à atividade, sete anos depois, tive a oportunidade de relembrar as etapas e os desafios da confecção. Aqueles que nunca o fizeram que não pensem que é pouco trabalho, mas acho que estas práticas manuais trazem bastante movimentação e benefício físico, exigindo atenção, precisão e responsabilidade em conjunto. Um verdadeiro desafio para aqueles, como eu, menos dotados de certas habilidades artísticas. O resultado, cuja qualidade talvez seja proporcional à nossa capacidade, fica marcado no couro e nos rostos de nossos filhos ao receberem o produto. Suas feições ficam agradecidas, perdoando as imperfeições naturais da aventura de pais às vezes pouco talentosos embora bem intencionados. Oficina de malas do mestre Paulinho, um patrimônio do Colégio Micael.” Daniel Lemos, pai do Théo, aluno do 1º ano e do Martín, aluno do 8º ano em 2012

Fazer a mala do Miguelzinho E ajudá-lo nesse enorme passinho Lá vem o mestre Paulinho: ‘Corta aqui, dobra, cola ali’ Pronto: já vejo o Miguelzinho a sorrir Sua mala forte para carregar o estojo, o caderno e muitos sonhos num saquinho Pro primeiro dia de aula, lá vai meu Miguelzinho Christian Carvalho Cruz, pai do Miguel, aluno do 1º ano e da Luiza, aluna do 8º ano em 2012

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DEPOIMENTO

Um contador de histórias Memórias de um ex-aluno cheio de garra

Gabriel Brigagão Ábalos,

jornalista, concluiu o Ensino Médio no Micael em 2003

“Pediram-me para escrever um texto sobre minha trajetória no Colégio Micael. Eu logo aceitei, e como jornalista, um contador de histórias, resolvi dividir com pais, alunos e quem quiser desfrutar de um pouquinho de minha caminhada na escola algumas das minhas experiências como aluno. Como vocês devem ter percebido, eu comecei este artigo pelo final, pois como já disse, sou jornalista. Mas se tudo tem um fim ou uma passagem em nossas vidas, existiu um começo. Foi aí que dei meus primeiros passos na escola. Fui recebido de braços abertos pela professora Maria Helena, a popular ‘tia do jardim’. Ali permaneci por dois anos e me lembro de muita gente. Só para citar um nome, o seu Ivo era quem distribuía bolachas de queijo na hora do recreio. Essa é só uma das lembranças que tenho desse período. Após os bons anos de jardim, entrei no que hoje se chama de 1º ano, o antigo pré. Talvez tenha sido com meu professor de classe, Luciano, condutor da turma por oito anos, que eu vivenciei as maiores experiências, como viajar a Bertioga, visitar a Comunidade Monte Azul, o oleiro, ir ao Mato-Grosso do Sul, ter aulas de piano com o Chico, tocar em festas semestrais e muito mais. Algumas dessas peripécias fiz ao lado de meu pai, pois sem ele não seria possível estar presente em todas essas ocasiões. Digo isto porque sou portador de deficiência física, tive uma paralisia cerebral, fato que em nenhum momento me impediu de realizar as atividades escolares, salvo em algumas oportunidades. Mas é bom ressaltar que em todas essas atividades na escola sempre houve boa vontade dos funcionários, dos professores e dos colegas de classe, amigos-irmãos.

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Assim, foi com essas ajudas que também atuei na peça teatral do nosso 8º ano, Além de Olinda (escrita pelo próprio professor Luciano). Depois, já no colegial, estive presente na Ópera do Malandro, de Chico Buarque. Foi também no Ensino Médio, sob a tutoria do professor Luiz, que fui ao encontro mundial das escolas Waldorf (Connect), realizado no Goetheanum, na Suíça. Ali, junto com colegas do mundo inteiro, nós ouvimos palestras, trocamos experiências, cantamos, dançamos e eu até fiz meu primeiro workshop de jornalismo. Anos depois, já na faculdade, retornei ao colégio para contar histórias para crianças da escola Solano Trindade, uma experiência bem bacana para mim. Muito se questiona no Micael sobre o que fazem os alunos Waldorf na atualidade, sobretudo aqueles que por uma razão ou outra têm problemas de inserção na sociedade, seja no âmbito social, no mercado de trabalho ou em qualquer outra situação da vida moderna.

Gabriel guarda ótimas lembranças dos tempos de escola

De fato, é uma questão a se pensar, pois a missão de toda a comunidade é ajudar a formar cidadãos que ao longo da vida possam contribuir para um mundo melhor e justo. No meu caso vivo o dilema de ter 27 anos e estar sem emprego. Entretanto, na minha visão, mais grave do que estar sem trabalho é se sentir discriminado por empresas e estabelecimentos comerciais no que se refere à estrutura para receber não só cadeirantes, como também idosos, por exemplo. No Colégio Micael, apesar de toda boa vontade, há ainda um trabalho a ser realizado em termos de acessibilidade. Fui o primeiro aluno com deficiência física a frequentar a escola. Deixo aqui meus votos de carinho a toda comunidade por todos os anos felizes que passei na escola.”

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POR DENTRO DA NOSSA ESCOLA

Um novo olhar Conheça o movimento que nasceu para buscar soluções econômicas solidárias para nossa comunidade O

grupo,

batizado

MEAMI

Movimento de Economia Associativa do Micael, cresceu e passou a se

O MEAMI Movimento de Economia do Micael teve início no começo de 2011, quando Márcio Andrade, coordenador do Conselho de Pais, e José Maria, um dos membros da diretoria da APASP, conversavam sobre maneiras de ajudar famílias da escola que estivessem passando por dificuldades financeiras.

Associativa

A partir da leitura do livro Economia Viva e Futuro Social, de Rudolf Steiner, passaram a discutir a questão da criação de associações de produtores e de associações de consumidores para a formação de preço e outros conceitos econômicos da obra de Steiner. Em pouco tempo, percebeu-se que havia um impulso forte na escola em relação a essas questões e criouse um grupo para trocar ideias de como colocá-las em prática na nossa realidade. Inicialmente, cerca de cinco pessoas se reuniam todas as quintas-feiras à noite e muitas sugestões começaram a surgir. Havia desde então entre todos o sentimento de que a questão econômica poderia trazer uma motivação de união, fraternidade e solidariedade entre a comunidade escolar e ajudar a solucionar problemas financeiros das famílias e da própria escola. REVISTA MICAEL . 22

reunir às sextas pela manhã na cantina da escola. Sua primeira iniciativa concreta foi a realização da Feira Vida & Saúde durante o Bazar Natalino da escola. Os resultados foram ótimos! A comunidade pôde comprar produtos orgânicos com preços até 50% mais em conta e parte das vendas foi destinada à criação do Fundo de Economia Associativa, que será utilizado em futuras ações do MEAMI, como a promoção de capacitação profissional e uma série de outras iniciativas que ainda estão em estudo, como oferecimento de crédito e amparo a famílias em dificuldade financeira e a divulgação de um guia que permita à comunidade escolar, à ACOMI e a outras escolas Waldorf conhecerem e utilizarem os serviços e habilidades existentes entre os participantes. Precisamos repensar o modelo econômico atual e colocar em prática soluções mais solidárias para as questões financeiras e sociais da humanidade. Não podemos mudar o mundo inteiro, mas podemos começar a fazê-lo em nossa comunidade. Contamos com o envolvimento de pessoas que possam auxiliar no desenvolvimento destas iniciativas.

ou produtor Consumidor, a nh te e qu rviços prestador de se no r ra st da ca se interesse em escrever para ve de I M MEA

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micacompras


Despedida da Lys No dia 3 de dezembro, quando aconteceu na escola a homenagem aos alunos que vão para o 1º ano em 2012, nossa querida Lys, a doce tia Lycinha, entregou as capinhas de flauta para a sua última turma. Depois de 25 anos de muita dedicação e amor aos pequenos, ela deixará de ser professora do Colégio Micael para se aposentar. Aplaudida de pé pelas famílias presentes e abraçada com um carinho indescritível por todos os seus alunos, tia Lycinha estará eternamente na alma de nossa comunidade. Sempre cheia de entusiasmo, ela trouxe grandes contribuições para a escola.

“Foi dela, por exemplo, a ideia de soltar os balões na Festa da Primavera e de criarmos um portal para as crianças atravessarem na passagem para o 1º ano”, lembra, emocionada, tia Íris, para quem tia Lycinha foi como uma mãe nos primeiros anos na escola.

Da esq. para a direita: Helena, Lys, Claudia e Iris, professoras do Ensino Infantil

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RELATOS PEDAGÓGICOS

Superando desafios com alegria e união, alunos do 6º ano registram suas impressões sobre o processo de criação e apresentação do espetáculo Cidade do Circo, que aconteceu durante o Bazar de Natal Todo ano a turma do 6º ano participa de uma vivência muito marcante e transformadora: a criação de um espetáculo circense, que é sempre um dos pontos altos do Bazar de Natal da escola. O processo é uma espécie de despedida da infância, um grande brincar que tem de ser feito com responsabilidade e dedicação. O objetivo não é apresentar números mirabolantes ou sofisticados. Os próprios alunos participam da criação do roteiro e aprendem, acima de tudo, que com vontade, união e confiança são capazes de transpor grandes dificuldades e alcançar resultados surpreendentes. Confira abaixo trechos de alguns relatos dos alunos do professor Daniel: “O circo para mim foi uma experiência única! No final do espetáculo eu senti uma mistura de tristeza com alívio. A tristeza é pelo fato que não iremos mais ensaiar nos fins de semana e que não teremos mais aquele frio na barriga e pensar ‘nossa, não vai dar tempo’. E o alívio é pelo fato que nós conseguimos vencer este desafio de trabalhar em equipe e apresentar para mais ou menos 400 pessoas!” Marina Naganuma REVISTA MICAEL . 24


“No ano anterior, quando assisti à apresentação de circo da outra classe, fiquei imaginando como seria quando fosse eu lá no palco. Como seria fazer os números, como seria estar no pano, fazendo malabarismos ou pulando corda, diante de tantas pessoas olhando e aplaudindo... Estava muito ansiosa! Bom, finalmente chegou minha vez! No começo dos ensaios, estava com um pouco de medo, um pouco insegura, achava que não ia conseguir fazer direito e que nossa apresentação não ia dar certo. Ao longo dos ensaios, fui meio que ‘me soltando’, fui aprendendo que sabia fazer muitas coisas, fui descobrindo novos talentos, coisas que nem imaginava que sabia fazer. (...)” Lia Couto

“Eu não esperava que o circo correria tão bem. No começo eu não sabia fazer nada, mas com persistência e vontade, tudo é possível. O monociclo foi meu grande desafio. Eu e o André treinávamos juntos todo dia. Toda vez que um de nós aprendia algo novo, o outro tentava superar.” Antonio

“ (...) Eu participei do número de cordas, que no começo eu nem pensava em fazer. Antes também eu nem pensava que conseguia fazer tecido. Uma amiga minha que é quieta mostrou que é esplêndida no tecido, acho que isso deixou ela confiante. Outro garoto da classe que é quieto e calmo mostrou que sabe dar mortal no trampolim. O circo fez mudanças em mim e nos meus amigos. Crescemos e amadurecemos, estou contente com isso. O circo mudou o jeito que eu via algumas pessoas, também acho que consegui me colocar mais no lugar delas.” Isabela B.

“Para mim o mais difícil foi andar de monociclo. Aposto que meus amigos também aprenderam muitas coisas. Tínhamos que ficar até tarde para treinar o circo nas sextas. Também tivemos que vir nos sábados. Foi realmente cansativo. Mas valeu a pena, pois no dia da apresentação a plateia aplaudiu muito e alguns até choraram. Quando fui entregar a flor para a minha mãe, ela estava chorando. Fiquei emocionado.” Bruno

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COMISSÃO DE BAZAR

Mães da comissão de bazar cuidando dos últimos detalhes antes do grande dia

Um time de ouro Quem visita o Bazar de Natal de uma escola Waldorf não imagina quantas mãos e quantas cabeças precisaram atuar juntas para que tudo aquilo acontecesse. As famílias participam o ano todo dos mutirões para confeccionar os produtos que serão vendidos, se revezam nas escalas das barracas, trazem os quitutes que serão saboreados ao longo do dia... É um grande trabalho comunitário, cujo resultado se reverte para todos: o dinheiro arrecadado, depois de pagas as despesas da festa, é destinado ao Conselho de Pais, que ao longo do ano decide, nas reuniões, como ele será utilizado em prol da comunidade.

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Em meio a esse grande esforço, um grupo tem um papel fundamental: é a comissão de bazar, formada por representantes de todas as turmas da escola e que conta com a valiosa participação da professora Hélcia, responsável pela ponte com o corpo docente. A comissão de bazar começa a se reunir logo no início do ano letivo. À medida em que os meses avançam, as tarefas vão se tornando mais e mais complexas. Para otimizar o trabalho, o grupo hoje tem subcomissões e funciona muito bem: há a subcomissão de decoração, do caixa, da consignação e da comunicação. Nosso muito obrigado a essas mães incansáveis e cheias de entusiasmo que fazem um belo trabalho a cada ano que passa!


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