Acasalamento até a meia noite brilho e ronronar stormy glenn(homo)

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Acasalamentos da Meia-Noite

Brilho e Ronronar


O Encontro é marcado. A magia é conjurada. Não há como escapar dos acasalamentos da meia-noite. O Ancião Davan Solaris tem segredos, e o mais importante é o amor que ele ainda abriga por Manuel Tejarda, o homem que o abandonou há quatro anos, na última grande reunião. Em alguns momentos, pensar em Manuel é a única coisa que o mantém vivo. Em outros, a angústia de ter sido abandonado o traz para seus joelhos. Manuel sempre terá o seu coração. Quando Manuel aparece no grande encontro deste ano, Davan entra em pânico. Ele se deu demais para permitir que Manuel rasgue seu coração novamente. Além disso, ele tem um grande segredo, que precisa esconder de Manuel. Manuel sabe que Davan o traiu. Ele tem a prova. Mas ele não pode evitar procurar Davan durante a reunião. Uma nuvem de raiva o enche quando descobre os planos do conselho de anciãos, e ele desconta sua raiva em Davan, reivindicando o homem como seu companheiro. Quando sua mente fica limpa, o único pensamento de Manuel é resguardar seu coração do único homem que tem o poder de destruí-lo, mesmo que isso signifique não ter Davan como seu companheiro. Destruindo as forças que estão empenhadas em mantê-los separados pode ser mais fácil do que negar Davan, principalmente quando Manuel descobre o segredo que Davan vem mantendo escondido.


Comentário da Revisora Lika : "O livro é simplesmente maravilhoso. Como os demais da série, fala de amor, confiança e superação, mas a diferença é a história que existe entre o casal antes do encontro. Mostra como é importante o diálogo em um relacionamento. Sem falar que é da Stormy. Chorei muito revisando e tenho certeza que, assim como eu, vocês vão se apaixonar por Davan e Manuel"


Capítulo Um ― Olá, Davan. Davan Solaris fechou os olhos por um instante ao ouvir a voz que ele nunca pensou que ouviria novamente. Ele respirou fundo e tentou estabilizar seus nervos antes de abrir os olhos e se virar. Não faria bem para ninguém ver um ancião pirando, mesmo se ele estivesse pirando. ― Olá, Manuel, ― Davan disse e cruzou as mãos juntas na frente dele, na esperança de que Manuel não visse o quanto elas estavam tremendo. ― Quanto tempo! E Manuel estava tão lindo agora quanto era há quatro anos. Não era justo, realmente não era. Davan queria que ele fosse velho e feio. Ele não era. Ele ainda parecia alto, musculoso e sexy como o pecado. Se qualquer coisa, Manuel tinha se tornado apenas mais sexy no passar dos anos. ― Quatro anos ― respondeu Manuel. ― Desde a última grande reunião. Como você está? Foi angustiante para Davan estar lá e conversar agradavelmente com a única pessoa que quase o destruiu. Fazia quatro anos que eles tinham visto um ao outro. E Davan sentia cada segundo como se fosse uma faca cravada em seu coração. Manuel cruzou os braços musculosos sobre o peito e se inclinou contra a parede. ― Isso é tudo que você tem a dizer para mim depois de todo este tempo?


― Eu não tenho certeza que temos muito a dizer um ao outro. Davan certamente não tinha nada a dizer a Manuel. Sentiu como se tudo tivesse sido dito quando acordou sozinho na cama. Ele não tinha visto Manuel desde aquele dia. Não tinha havido nenhuma explicação, nenhuma nota, nem mesmo um telefonema. Manuel tinha ido embora, juntamente com todas as suas posses. Ele fez as malas e saiu no meio da noite sem uma palavra. O que praticamente disse tudo para Davan. ― Sou necessário no grande salão de baile ―, disse Davan. ― Foi... interessante vê-lo novamente, Manuel. Ele rapidamente se virou e correu pelo corredor antes que Manuel pudesse dizer outra palavra ou detê-lo. Davan tinha imaginado ver Manuel novamente. De alguma forma, apesar da dor que sofreu quase todos os dias, ele nunca pensou que seria tão difícil. Ele queria gritar com Manuel, exigir respostas. Ele queria saber por que Manuel tinha o deixado no meio da noite. Ele queria saber por que o homem jogou fora tudo o que eles poderiam ter tido. E, no entanto, ele não o fez. Ele estava com medo das respostas. Davan parou na entrada do grande salão de baile e respirou profundamente para se acalmar. Ele não sabia como ele iria para trancar suas emoções quando elas estavam tão perto da superfície. Ele só sabia que ele tinha que fazer. Ele era um ancião agora. Ele havia percorrido um longo caminho desde o homem jovem desajeitado que Manuel conheceu há quatro anos. Ele tinha enterrado toda a sua angústia para se tornar o ancião dos clãs das fadas. Deu-lhe algo para fazer e, normalmente, o mantinha ocupado demais para pensar em Manuel. E agora o homem estava aqui.


Davan sacudiu seus pensamentos profundos quando viu os outros anciãos reunidos no palanque. Ele era obrigado a estar lá em cima com eles. Hoje à noite iriam unir ou quebrar a comunidade paranormal. A Grande Guerra entre os paranormais dizimou a maioria deles. Centenas foram mortos, clãs inteiros exterminados. Nos vinte e cinco anos desde então, as coisas tinham se estabelecido entre os paranormais diferentes, em grande parte, mas ainda havia muita luta acontecendo, algo que os anciãos planejavam terminar esta noite. Os seres humanos tornaram-se cientes dos paranormais durante a Grande Guerra. Enquanto eles estavam muito satisfeitos em deixar os paranormais viver em relativa paz, eles não iriam concordar com a discórdia, brigas, ou milhões de outras coisas estúpidas que as pessoas mais jovens insistiam em fazer em nome de sua espécie. Os anciãos temiam a interferência dos seres humanos. Eles tinham o direito de interferir. Com o número de paranormais que tinham sido mortos durante a Grande Guerra, eles não seriam capazes de se defenderem se os seres humanos atacassem. A luta tinha de acabar, portanto, e isso era o motivo da reunião de hoje à noite. A reunião era realizada a cada ano bissexto, em 29 de fevereiro. Este ano, os convites haviam sido distribuídos para cada pessoa em idade de acasalamento do mundo paranormal. Mesmo se a presença fosse obrigatória, nem todos tinham comparecido. Ainda assim, os próximos minutos seriam interessantes. Davan realmente acreditava que um acasalamento não devia ser forçado e que a decisão do Conselho criaria mais problemas do que resolveria. Ele foi voto vencido. Davan entrou no grande salão. Ele balançou a cabeça para várias pessoas enquanto seguia para cima do estrado para ficar com os outros anciãos. Mesmo se ele tivesse sido derrotado, ele ainda estava por trás da


decisão do conselho. Ele ficou tenso quando o Ancião Burke foi até a frente do palanque. A merda estava prestes a bater no ventilador. ― Sejam bem vindos. Eu sou Ancião Burke. ― Ancião Burke fez uma pausa como se estivesse esperando por algo. ― Quero agradecer a todos por estarem aqui esta noite. Esta é uma ocasião importante para nós. Já se passaram vinte e cinco anos desde que a Grande Guerra entre os paranormais terminou, levando uma grande parcela da nossa população. Davan estremeceu quando o silêncio total encheu o salão. Se aqueles que se reuniram ficaram chateados pela lembrança daqueles que haviam morrido, o resto da noite foi a certeza de ser interessante. ― Eu gostaria que todos vocês brindassem comigo pela memória daqueles que perdemos. ― O ancião ergueu a taça de champanhe. ― Que a gente nunca os esqueça. Davan manteve um olhar atento sobre a multidão enquanto engolia seu champanhe. Ele quase deixou cair a taça quando viu Manuel andar para a direita até a beira do estrado, uma taça de champanhe vazia na mão. Seu coração doía, a dor tão intensa que ele quase se dobrou. Manuel tinha bebido o champanhe. Hoje à noite, ele iria encontrar o seu companheiro, e não seria Davan. Ele não sabia se ele poderia lidar com isso acontecendo bem diante dos seus olhos. ― Como eu já disse, esta é uma ocasião importante para todos nós ―, Ancião Burke continuou. ― Nos vinte e cinco anos desde que a Grande Guerra terminou, a UPAC observou e esperou. Não vamos esperar mais. ― A luta entre espécies deve parar ―, disse o Ancião Lucas quando se adiantou. ― Os seres humanos sabem da nossa existência e eles aprenderam a nos aceitar em seu meio. No entanto, a tolerância não vai durar tanto tempo. A luta constante entre as comunidades paranormais está sendo observada. Não temos mais o luxo de assistir as espécies resolverem seus próprios desacordos.


― O Ancião Lucas está certo ―, disse Ancião Burke enquanto gesticulava de um ancião para outro. ― Não temos mais a indulgência de esperar por vocês, para acabar com suas disputas mesquinhas. Por causa disso, tomamos medidas para assegurar que vocês tomem o seu lugar entre nossa sociedade. Davan deu um passo para trás quando a multidão começou a ficar impaciente, um olhando para o outro enquanto o silêncio pairava sobre eles. ― Vocês todos já fizeram um brinde comigo. Sendo assim, vocês estão agora vinculados a esse pacto que ponho diante de vós. Davan não conseguia tirar os olhos longe de Manuel. Ele podia ver o inicio da fúria em seus olhos castanhos escuros. Manuel estava com os braços cruzados sobre o peito enquanto ouvia os anciãos, mas ele olhava direto para Davan, quase como se ele acreditasse que tudo isto era culpa de Davan. ― Cada um de vocês tem vinte e quatro horas para encontrar e reivindicar o seu companheiro ―, Disse o Ancião Lucas. ― Se vocês deixarem de reivindicar um companheiro em vinte e quatro horas, e trazer a este conselho para serem reconhecidos, vocês não terão um companheiro. Vocês vão ficar selvagens em uma semana. O canto do lábio de Manuel começou a enrolar. Mesmo de onde estava Davan podia ouvir o rosnar crescente no peito do homem. A tensão no ar era espessa e ameaçadora, e Davan estava com medo que tudo estivesse destinado a ele. ― Por causa da disputa permanente entre as raças, vocês não podem reivindicar um companheiro da mesma raça ―, Ancião Burke disse. ― Vocês devem reivindicar um companheiro fora de sua própria espécie. Os olhos de Manuel piscaram para o Ancião Burke por um momento, então, rapidamente voltaram para Davan. Davan respirou rápido quando viu a raiva nos olhos de Manuel. Ele se perguntava, e não pela primeira vez, se foi por isso que Manuel o deixou. Ele era fada. Manuel não era. Talvez ele não quisesse um companheiro fora da sua espécie.


― Se vocês deixarem de trazer um companheiro perante este Conselho até o bater da meia-noite de amanhã, vocês vão ser caçados e executados como um paranormal desonesto. ― Para garantir que vocês vão encontrar um companheiro especial, algo foi adicionado à bebida que cada um de vocês bebeu. Isso irá garantir que a necessidade de acasalar supere a sua necessidade de lutar. É um aditivo especial que induz o calor de acasalamento em cada um de vocês. Vocês não serão capazes de negar a necessidade de acasalar. ― E só no caso de vocês pensarem em tentar quebrar esse feitiço, ― o Ancião Burke disse, ― nós adicionamos uma cláusula especial. Qualquer um que tentar anular os efeitos deste feitiço será imediatamente amaldiçoado, de acordo com a sua raça. Vampiros não serão mais capazes de beber sangue. Shifters não serão mais capazes de mudar. Usuários de magia não terão mais nenhuma mágica, e assim por diante. Tenho certeza que vocês conseguiram ver o meu ponto. Agora crianças, boa sorte. Esperamos ver cada um de vocês em vinte e quatro horas. Que a sua caça seja bem sucedida. Davan lançou um rápido olhar sobre os outros anciãos. Eles estavam começando a caminhar em direção a uma pequena porta na parte de trás, uma saída de emergência. Isso não seria uma má ideia. A sala irrompeu em um caos total. Os móveis estavam sendo jogados em todos os lugares. As pessoas estavam gritando e gritando. Inferno, eles estavam lutando. Davan sabia que isto ia acontecer. Ele tentou avisar o conselho. Agora, suas palavras estavam ganhando vida diante dos seus olhos. Davan olhou para o salão quando começou a se virar em direção à parte de trás do palanque. Seus olhos desesperadamente procuraram Manuel. Ele tinha que vê-lo apenas mais uma vez. O que ele viu fez seu coração pular na garganta enquanto ele se esforçava para fugir. Os caninos de Manuel tinham saído. Seus músculos estavam tensos, enquanto ele se preparava para alguma coisa. Mas os seus olhos, eles


brilhavam enquanto um feroz calor ultrapassou o seu corpo. Davan sabia que ele estava sentindo os efeitos do calor de acasalamento forçado. Davan estava aterrorizado pela intensidade do olhar que Manuel estava dando para ele antes que o homem saltasse para o palco. Ele estava vindo direto para Davan. Davan não gritou quando Manuel chegou para ele. Ele ergueu a mão como se isso fosse parar o shifter jaguar1. Ele não faria isso. O grande homem derrubou Davan no o chão e pairou sobre ele. ― Não, Manuel, você não quer fazer isso. Já era tarde demais. Davan gritou quando sentiu os dentes de Manuel afundar em seu pescoço. Lágrimas de tristeza caíram de seus olhos quando sentiu a pressão do vínculo de acasalamento. Ele caiu contra Manuel, sabendo que nada do que ele fizesse iria parar o que estava acontecendo. Havia uma pequena parte de Davan que estava vibrando com o vínculo que ele tinha agora com Manuel, algo que ele tinha sonhado em ter há anos. Mas foi uma pequena parte, uma parte que ele mantinha escondido no fundo. A outra parte, a maior parte, sabia que era tudo um engano terrível. Ele nunca seria capaz de escapar das memórias agora. Ele viveria com elas todos os dias para o resto de sua vida. Pior ainda, ele estaria vivendo-as com Manuel. Sendo um ancião, Davan sabia o que Manuel não sabia, e quando o homem descobrisse o resto do mandato do conselho, ele odiaria Davan, algo que Davan já viveu com uma base diária, mas enterrou a cada dia para que ele pudesse funcionar. Davan orou para que isso não estivesse acontecendo, que era tudo um pesadelo horrível. Ele sabia que não era quando um dos guardas do

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O termo jaguar pode referir-se a: onça pintada ou onça preta


conselho pisou na direção deles e Manuel rosnou enquanto agarrava Davan no peito. Davan tinha pesquisado os shifters jaguar. Ele sabia que eles eram uma espécie possessiva. O acasalamento era levado muito a sério por jaguares. Eles tinham só um parceiro para sempre. Eles guardavam os companheiros com uma ferocidade que não tinha igual no mundo paranormal. Tinha sido um forte ponto de discórdia entre Davan e Manuel anos atrás. Fadas eram um pouco mais livres sobre as coisas. Eles acasalavam, mas era muitas vezes em grupos de três ou mais. Muito raramente se via um companheiro fada com apenas uma pessoa. Não que Davan tinha planejado ser infiel ou até mesmo trazer mais alguém em seu relacionamento. Ele se preocupava demais com Manuel. A possessividade é que era tão difícil. Manuel não gostava que Davan estivesse fora de sua vista por motivo algum. Isso causou muitas discordâncias entre eles, e Davan sabia que era uma das razões de Manuel tê-lo deixado. A raiva que ele agora podia sentir através da sua ligação com Davan lhe disse que a estrada adiante não ia ser nada fácil. Manuel o culpava. Davan começou a lutar quando sentiu as mãos de Manuel rasgando suas roupas. Ele sabia que em circunstâncias normais Manuel nunca sequer teria pensado em ter relações sexuais com ele em uma sala cheia de pessoas, mas não havia nada de normal nesta noite. Manuel estava negligente com o calor do acasalamento. Ele não seria interrompido. Mas ele tinha que ser movido. Davan pegou as mãos de Manuel enquanto tentava escapar de debaixo do homem. Manuel rosnou. Davan inalou agudamente. Ele sabia que não estava em perigo, não mais. Ele era o companheiro de Manuel e ele o protegeria a qualquer custo. Mas todos à sua volta estavam em perigo de perder suas vidas.


― Não aqui, Manuel, ― Davan disse cuidadosamente. Só conhecia uma maneira de chegar até Manuel em seu estado selvagem atual. ― Por favor, não na frente de todo mundo. Eu não quero que ninguém me veja. A mandíbula de Manuel se apertou quando ele puxou os dentes do pescoço Davan. Ele olhou rapidamente em torno como se esperasse que alguém fosse tentar tirar Davan dele. Davan grunhiu quando os braços de Manuel se apertaram possessivamente em torno dele. Manuel rosnou e se levantou, embalando Davan em seus braços. As paredes pintadas suavemente azuis do salão passaram como um borrão aos olhos de Davan enquanto Manuel o levou para fora da sala. Ele rapidamente se endureceu enquanto Manuel correu pelo corredor. Davan mal teve tempo de registrar o fato de que eles estavam indo para um quarto antes da porta fechar e ele ser jogado sobre a cama. Manuel estava sobre ele antes que ele pudesse rolar, rasgando as roupas que restavam em seu corpo. Davan engoliu em seco no brilho selvagem nos escuros olhos castanhos de Manuel. O homem estava sentindo todos os efeitos do calor do acasalamento. Davan apenas orou que houvesse sanidade suficiente no homem para não machucá-lo durante o seu acasalamento. Qualquer um pode ser duro quando veio para o acasalamento. Um jaguar no meio de um calor de acasalamento podia ser perigoso. Se Davan fizesse o movimento errado, Manuel podia tomar como uma recusa em aceitar o acasalamento, e então todo o inferno seria solto. Davan sabia que ele teria que ter muito cuidado para que ele não desse essa impressão. O rosto de Manuel estava vermelho quando ele olhou para Davan. Seus olhos tinham um brilho insano. Estranhamente, Davan não detectou uma dica do ódio que ele tinha certeza que Manuel sentia. Em vez disso, o olhar de Manuel estava cheio de desejo.


― Manny ―, sussurrou Davan enquanto acariciava o rosto de Manuel. Apesar de tudo, ele ainda se importava com o homem. O coração de Davan quase rachou quando Manuel agarrou sua mão e beijou a sua palma. Foi um gesto gentil, que estava em desacordo com o guerreiro feroz que Davan sabia que Manuel era. ― Não faça-ahhh! ― Davan gritou enquanto Manuel bateu forte e rápido, afundando seus caninos na pele macia do seu pescoço. Davan sabia o que Manuel estava fazendo. Ele estava reivindicando a sua reivindicação. Ele faria isso a cada vez que sentisse que sua reivindicação estava sendo ameaçada. Isso era o que os jaguares faziam. Davan imaginou que ele seria mordido muito no futuro. Manuel levava a possessividade como uma forma de arte. A miséria e a exaltação guerreavam dentro de Davan quando sentiu as mãos de Manuel se mover para baixo em seu corpo. Ele ansiava por ver Manuel novamente depois de quatro anos muito solitários. Ele sonhava com o homem durante a noite, chorando de manhã quando acordava sem ele. Estar sendo tocado pelo homem outra vez era como um sonho. Davan nunca imaginou que viveria isso novamente. Mas o prazer que ele sabia que estava por vir era um pequeno conforto se comparado com a dor que ele sabia que ia sofrer no momento em que Manuel recuperasse os seus sentidos. Davan não tinha certeza se ele iria sobreviver quando Manuel saísse novamente ou lhe dissesse na cara que ele não era bom o suficiente para ser companheiro de um Jaguar. Por isso, quando ele sentiu o deslizar do pau de Manuel em sua bunda, o choro de Davan não veio apenas do prazer requintado que o movimento produziu, mas também de sua alma gritando em negação. Os choques intensos que Davan estava sentindo por finalmente estar sendo reivindicado por Manuel foram ofuscados por alguns momentos. As mãos grandes de Manuel acariciaram sua pele aquecida enquanto o homem


batia nele. Seu corpo maior pressionando sobre Davan, mas era um peso de boas-vindas, deixando Davan saber que não era tudo um sonho. Manuel estava realmente aqui. Davan estava realmente sendo reivindicado. Davan gritou quando seu corpo se incendiou em um turbilhão de prazer tão intenso que ele sentiu seu mundo inclinar. Ele não conseguiu segurar o pó de pirlimpimpim que iria renovar seu vínculo com Manuel quando suas asas se estenderam. As cores brilhantes encheram o ar em torno deles, se espalhando entre os dois até que suas peles brilhavam. As asas de Davan tremeram descontroladamente entre suas costas e o colchão enquanto o temor no seu corpo cresceu. Manuel jogou a cabeça para trás e rugiu sua libertação. Ele sentiu o pau pulsando em sua bunda e então enchê-lo, aprofundando a reivindicação de Manuel. Quando Manuel abaixou a cabeça e olhou para ele, Davan deixou seus olhos se fecharem e a exaustão o levar. Naquele momento ele não tinha forças para ver a raiva nos olhos de Manuel quando o homem descobrisse o que aconteceu. Ele só queria sonhar um pouco mais.

Capítulo Dois Manuel sentou-se no assento da janela e velou o sono Davan. O sol estava começando a se pôr, e o luar brilhando através da janela deu a Davan um brilho ainda mais etéreo do que o homem normalmente tinha. Ele não devia ter esse efeito enquanto o céu estava nublado e a chuva começou a cair.


Mas de alguma forma, o luar tinha encontrado um caminho, e ele brilhou direto em Davan. Davan sempre tinha sido um dos homens mais sexy que Manuel já conheceu. Ele conquistou Manuel rápido o suficiente. Um olhar e Manuel foi fisgado. Mesmo depois de todos os anos separados, Manuel ainda não conseguia tirar a imagem do homem de sua mente e ele tentou. Mas nunca Davan pareceu melhor, especialmente com o brilho suave do sexo ruborizando sua pele de porcelana. E esse era o ponto crucial de seu problema. Manuel empurrou sua mão pelo cabelo, em seguida, se inclinou para descansar os cotovelos sobre os joelhos. Ele não sabia o que os anciãos estavam pensando quando fizeram seu decreto. Eles tinham que estar fora de suas mentes. Forçando alguém a acasalar? A mera ideia fez Manuel cerrar os punhos. Ele não queria ser acasalado. Ele, especialmente, não queria ser acasalado a Davan. Bem, ele queria, mas ele sabia que não podia confiar no homem. Davan era fada, e todos no mundo paranormal sabiam que fadas eram incapazes de serem fiéis. Manuel se recusava a ter um companheiro que não poderia se manter em suas calças. E agora ele estava preso com um que ele sabia que não poderia ser fiel. Foi por isso que ele deixou Davan todos há anos atrás. Foi muito além de confiar em Davan. As imagens de Davan sendo fodido por outro homem estavam gravadas na mente de Manuel, algo que ele jamais esqueceria enquanto ele vivesse. As imagens pornográficas de Davan nos braços de outro homem foram deixadas debaixo da porta e quase o destruíram. Ele não podia fugir rápido o suficiente. E agora ali estava ele, acasalado a um homem que ele tinha a esperança de nunca ver de novo, o único homem que poderia destruí-lo. Tinha que haver alguma maneira de quebrar o acasalamento. Manuel não poderia viver o resto de sua vida com um homem que não podia confiar.


Ele se levantou e partiu para a porta, determinado a encontrar uma maneira de quebrar o vínculo entre ele e Davan, quando um pequeno movimento na cama chamou sua atenção. Manuel parou na parte inferior da cama, incapaz de tirar seus olhos do homem. Davan se esticou, deixando escapar um pequeno gemido. Um sorriso cruzou seus lábios enquanto a mão se movia através do lado vazio da cama. Manuel franziu o cenho quando Davan inalou de repente, abriu os olhos e se virou para olhar para o lugar vago. Sua mão se agarrou ao lençol. Davan só olhou para o local por um momento. O sorriso lentamente deixou seu rosto, e ele apertou os lábios e fechou os olhos. Ele parecia estar prendendo a respiração até que ele rolou para o outro lado da cama. Manuel ouviu o ar mover-se rapidamente para os pulmões de Davan enquanto o homem se sentou ao lado da cama, segurando o lençol. Seus ombros caíram enquanto Davan se dobrava. Os olhos de Manuel se arregalaram quando viu as duas pequenas asas translúcidas que saiam dos ombros de Davan. Ele não se lembrava de têlas visto em Davan antes. Isso era algo que ele teria lembrado. Enquanto ele olhava, as asas se dobraram para baixo e se pressionaram contra as costas de Davan. Depois de um momento, Davan tirou os cabelos do rosto. Foi só então que Davan percebeu que Manuel estava de pé no fim da cama. Seu rosto empalideceu. Um olhar perturbado apareceu em seu rosto enquanto ele rapidamente baixou os olhos e virou a cabeça. Manuel quase riu quando Davan agarrou os cobertores e enrolou em torno de seu corpo nu. ― O quê ― Davan engoliu em seco, o som enchendo a sala. ― O que você ainda está fazendo aqui? Você não deveria estar fugindo agora? Manuel inclinou ligeiramente a cabeça, não tendo certeza das palavras que ele acabara de ouvir. De repente, ele sentiu que precisava se defender. Ele só não sabia do que. ― Como é que é?


― Não é o que você faz? ― Davan perguntou enquanto se virava para olhar para Manuel novamente. Manuel estreitou os olhos. ― Que diabos você está falando? ― Oh, por favor, como se você não soubesse. ― Na verdade, eu não sei. ― Manuel cruzou os braços sobre o peito e olhou para Davan. - Por que você não me conta? Os ombros de Davan de repente pareceram cair novamente, enquanto a luta saia dele. Ele acenou com a mão em direção à porta. ― Basta ir, Manuel. É no que você é bom, não é? ― Você está reclamando de mim por sair? ― Manuel ficou chocado. Ele estava com raiva. Ele riu asperamente. ― Oh, isso é rico vindo de você. ― Eu? ― Davan pulou e girou. Suas mãos agarraram desesperadamente o lençol quando começou a escorregar para baixo. Ele finalmente conseguiu se cobrir e então olhou, encarando Manuel. ― Não fui eu quem foi embora. ― E eu não fui o único que fodeu tudo o que via. Manuel sabia que havia algo seriamente errado pela forma que o rosto de Davan empalideceu. Ele estava muito chateado para se importar. Ele tinha quatro anos de dor corroendo seu controle, e logo depois de estar em um calor de acasalamento, ele não tinha nenhuma maneira de parar. Ele avançou em Davan e enfiou o dedo no peito do homem. ― Você é o único que me fez sair. Você, não eu. Eu estava pronto para começar um relacionamento com você, mas você só tinha que provar que você é igual a todos as fadas, não é? ― Mas eu não fiz ― Davan balançou a cabeça rapidamente. ― Eu nunca... ― Você realmente acha que eu acredito em uma palavra que sai de sua boca, Davan? ― Manuel quebrou. ― Eu sei o que você fez. Eu não me


importo se você se tornou um ancião. Eu nunca vou acreditar em uma merda do que você diz. Davan empalideceu ainda mais. Ele envolveu as pontas do lençol em torno de seus ombros. Ele parecia estranhamente derrotado, o que Manuel pensava que era uma reação estranha para o homem ter quando confrontado com a sua traição. ― Eu estou indo até os anciãos, Davan ―, disse Manuel. ― Vou lhes pedir para quebrar o nosso acasalamento. Ele queria saber qual seria a reação de Davan às suas palavras. Manuel pensou que Davan ia protestar ou algo assim. Ele não o fez. Ele simplesmente se virou e caminhou para olhar pela janela. ― Você me ouviu, Davan? ― Ouvi o que você disse ―, Davan murmurou. ― Você não vai dizer nada? Manuel inalou agudamente com a dor gravada no rosto de Davan, quando ele olhou por cima do ombro. Ele não tinha certeza se já tinha visto o olhar do homem tão... tão ... devastado? Manuel não tinha certeza de que ele poderia colocar em palavras o olhar angustiado no rosto de Davan. ― Diga-lhes que vocês têm a minha bênção. Manuel rosnou e estalou os dedos pela fácil aceitação de Davan para a quebra de seu acasalamento. Ele sabia que não devia ficar perturbado considerando que era o único que queria que o acasalamento fosse quebrado, mas pensava que Davan ia pelo menos discutir com ele. Talvez ele isso tenha acontecido para mostrar o quanto eles realmente eram incompatíveis. Davan, obviamente, não se importava se eles estavam juntos ou não. ― Deus, você é um canalha frio ―, Manuel acusou. ― Eu tenho que ser. ― Davan se voltou em direção à janela, atravessando um braço sobre seu estômago. Seu dedo pressionou contra a janela, perseguindo uma gota de chuva perdida para baixo do vidro. ― Houve um momento, quando eu acordei, que eu esqueci que você me deixou e que


você não me queria. E por apenas um segundo, tudo foi perfeito e eu tentei chegar até você, mas você não estava lá. E então eu me lembrei, eu não conseguia respirar. Manuel cerrou os punhos quando ele se lembrou de Davan fazendo exatamente isso esta manhã quando ele acordou. Ele não entendeu o que Davan estava fazendo, até agora. Ele só não sabia o que isso significava. Os belos olhos verdes de Davan se escureceram quando ele se virou de volta. Doía em Manuel ver o verde sem vida neles quando ele sabia que eles deviam ser brilhantes. Era como se algo tivesse morrido dentro de Davan. ― Então, eu preciso trancar toda a dor, até que eu possa respirar novamente. E se isso me faz um bastardo frio, que assim seja. É o que eu tenho que fazer para sobreviver. ― Davan atravessou o quarto como se Manuel não estivesse lá, chocado e confuso. ― Agora, se você não se importa, eu preciso tomar um banho e me limpar. Meus deveres como ancião são mais importantes. A boca de Manuel se escancarou enquanto Davan passou por ele como um rei. Ele pegou suas roupas do chão e entrou no banheiro, fechando a porta atrás dele. Manuel ficou ali por um momento, sem saber se ele devia seguir Davan e exigir respostas ou sair e cumprir sua ameaça de ir para os anciãos. A curiosidade o venceu. Ele queria saber por que Davan parecia tão chateado e frio ao mesmo tempo. Manuel cruzou todo o quarto e agarrou a maçaneta da porta. Ele tentou abrir a porta, mas estava trancada por dentro. Ele bateu com o punho na madeira maciça. ― Davan ―, gritou ele, ― abra essa maldita porta antes de eu acabar com isso. Manuel bateu na porta novamente e novamente. Quanto mais ele batia na superfície dura, mais ele sentia o seu jaguar sair. Até o momento que ele decidiu arrancar a porta de suas dobradiças, suas presas romperam as gengivas e ele podia sentir a sua pele ondulando com a necessidade de mudar.


― Abra a porta do caralho, Davan! Quando não recebeu resposta, Manuel puxou a maçaneta da porta até que ele ouviu um estalo e a porta se abriu. Ele invadiu o banheiro já pronto para enfrentar Davan apenas para encontrar o pequeno espaço vazio. A porta do outro lado que ligava o seu quarto com a próxima porta estava escancarada. ― Davan! ― Manuel gritou, a raiva enchendo cada poro de seu corpo. Seu companheiro havia fugido. A fúria que Manuel sentiu foi quase ofuscada com o suor frio de medo de que seu companheiro estava em algum lugar que não podia ser protegido. Seu jaguar estava gritando para sair e acompanhar o seu companheiro, agarrando suas entranhas. Seu peito estava apertado com a necessidade de respirar. Ele apoiou as mãos sobre a moldura da porta e respirou lentamente. Ele tinha que ter o controle de seu jaguar, antes que ele fosse procurar Davan, ou alguém se machucar. Ele também precisava de todos os seus sentidos. No momento, eles estavam encobertos com a raiva. Manuel se empurrou para longe do batente da porta do banheiro e atravessou o banheiro, indo para o outro lado. Ele se encontrou em outro quarto, muito parecido com o seu próprio. Ele nem sabia que ele dividia um banheiro com outro quarto. Levantando o nariz, Manuel inalou profundamente. Ele imediatamente sentiu o aroma único que era todo Davan. Ninguém mais na terra cheirava a Davan. Manuel sabia disso. Ele havia passado os últimos quatro anos tentando esquecer o cheiro doce com cada pedaço de bunda que ele podia encontrar. Isso nunca funcionou. Manuel seguiu o cheiro para fora da porta e no corredor. As coisas ficaram um pouco vagas quando ele chegou ao salão. Manuel não conseguia descobrir por que Davan teria voltado para o grande salão. Ainda estava um caos absoluto.


Móveis quebrados se espalharam pelo chão. Havia vários paranormais lutando pelo chão, alguns transando no meio do salão para todo mundo ver. Manuel estava desgostoso com isso. Ninguém devia ver os detalhes íntimos de reivindicar o companheiro do outro. Era contra tudo o que Manuel acreditava. Ele franziu a testa quando lembrou vagamente de Davan dizendo algo para ele sobre não fazer na frente de todos. Ele estava muito fora de sua mente para cuidar disso naquele momento. Manuel sacudiu a cabeça e se dirigiu para o estrado onde os anciãos estavam sentados. Ele rapidamente examinou o pequeno grupo, mas não viu Davan em qualquer lugar. Davan tinha dito que ele precisava voltar para suas funções de ancião, mas talvez fosse outra coisa que ele tinha mentido. ― Ancião Lucas, posso falar com você? Um dos anciãos virou para olhar para Manuel. ― Manuel Tejarda, eu não estava ciente de que você estivesse aqui. ― Eu estava no meio da multidão antes, quando você e o Ancião Burke fizeram o seu discurso sobre o seu grande plano de unir os paranormais de diferentes espécies ―. Manuel olhou para o caos ao seu redor por um momento. ― Parece um plano fodido para mim. ― Bem, sim, eu tinha esperança de que os nossos jovens teriam um pouco mais de decoro, mas eu posso ver que estava errado. No entanto, o grande plano, como você falou de forma tão eloquente, precisa acontecer ou os paranormais morrerão. Os seres humanos vão se voltar contra nós. ― Tinha que haver uma solução melhor do que isso. ― Manuel gesticulou indicando o salão destruído. ― Nós tentamos Manuel. Ninguém nos ouviu, por isso criamos este plano. ― O ancião franziu a testa de repente. ― Embora, eu estou surpreso que você está aqui. ― Estou na idade de acasalamento. Recebi um convite como todo mundo.


― Mas eu pensei que... bem, não importa. ― O ancião sacudiu a cabeça. ― O que posso fazer por você, Manuel? Você veio gravar o seu acasalamento? ― Não exatamente... os lábios de Manuel se contorceram em uma careta. ― Parece que o meu companheiro desapareceu, e eu estava esperando se você poderia me ajudar a localizá-lo. ― Você já reivindicou o seu companheiro? Manuel sentiu seu rosto corar. Ele não queria discutir esse detalhe íntimo com ninguém, nem mesmo um ancião. ― Sim. ― Muito bom. Ancião Lucas passou por cima de uma pequena mesa onde outro ancião estava sentado com um livro grande na frente dele. ― Por favor, grave Manuel Rafael Frederico Tejarda como acasalado ―. Ele pegou um pequeno envelope com o selo da UPAC sobre ele e se virou para Manuel. ― O nome do seu companheiro? ― Ancião Davan Solaris.

Davan entrou em seus aposentos e encostou-se à porta, aliviado. Ele havia chegado bastante longe sem ser apanhado. Ele sabia que Manuel viria atrás dele assim que ele descobrisse que Davan tinha escapado. Apesar de se recusar a aceitar seu acasalamento, até que ele fosse anulado Manuel sentiria a necessidade de estar perto de Davan.


E isso significava que Davan precisava se mover rapidamente. Empurrou-se para longe da porta e atravessou a sala até a porta do outro lado. Ele podia ouvir os risos e vozes altas, antes que ele mesmo abrisse a porta. O coração de Davan se encheu de luz e amor e tudo ficou certo no mundo quando ele abriu a porta e avistou as duas pequenas crianças de cabelos encaracolados que brincavam perto da caixa de brinquedos. Ele sorriu e encostou-se ao batente da porta por um momento, vendo-os jogar. Annabelle era um anjo em formação. Seu cabelo loiro claro e os olhos cinza brilhantes eram quase ofuscados pelo seu amor à vida. Ela era a luz que fazia a alma de Davan cantar. Ela trazia sol em sua vida a cada segundo que ele estava perto dela. Rafael tirava o fôlego de Davan a cada vez que ele olhava para o garoto. Com seu cabelo preto encaracolado e olhos verdes, ele o lembrava de Manuel em uma base diária. Rafael ainda tinha a mandíbula forte, a teimosia e o rosto bonito de Manuel. Ele era a imagem exata de Manuel. ― Papai... Davan sorriu para os dois gritinhos agudos e caiu de joelhos para pegar os dois pequenos corpos que se lançaram contra ele. Ele passou os braços em torno de ambos e os abraçou tão apertado quanto podia sem machucá-los. ― Olá, meus pequenos amores ―, sussurrou Davan e então deu um beijo em cada uma de suas cabeças. ― Vocês estão tendo um bom dia? Annabelle começou um discurso entusiasmado, contando para Davan tudo que ela fez durante o dia, até o que ela comeu e bebeu. Annabelle era uma tagarela. Ela mais do que compensou a natureza mais silenciosa de seu irmão gêmeo. Ela também falou um monte de coisa sobre Rafael para ele. Davan sabia que era devido à sua ligação dupla. Ele tinha a mesma habilidade com seu irmão gêmeo, Dorian. Davan riu de seu discurso e, em seguida, virou-se para seu filho.


― E quanto a você, meu pequeno? Como está sua noite? Rafael deu de ombros. ― Ele teve frango empanado, mas ele não comeu suas ervilhas ―, Annabelle começou. ― Rafael não gosta de ervilhas, então eu não sei por Nana faz para nós. Ele não vai comê-las. ― Tenho certeza de que Nana sabe o que faz bem. ― Davan riu. ― Falando de Nana, onde ela está? Preciso falar com ela. ― Ela está tomando chá na sua sala de leitura. Davan balançou a cabeça enquanto se levantava. Ele acenou com a mão para os brinquedos no chão. ― Vão guardar os brinquedos. É quase hora de dormir. Annabelle e Rafael se viraram para ir para o outro lado da sala. Annabelle fez uma pausa no meio da sala e olhou para seu irmão. Davan sorriu tristemente para a ligeira inclinação da cabeça. Ela tinha tantos gestos de Manuel. Ele não estava esperando e se surpreendeu quando Annabelle olhou de volta para ele depois de olhar para seu irmão por alguns momentos. ― Papai, por que você tem um cheiro esquisito? Davan suspirou. Ele sabia que essa hora chegaria no momento em que Manuel o reivindicou. Ainda assim isso trouxe uma pequena pontada ao seu coração. Ele se aproximou e se sentou em uma das cadeiras grandes perto da janela e bateu nos joelhos. ― Venham aqui, crianças. Rafael e Annabelle correram e subiram em seu colo, uma criança em cada joelho. Davan acariciou seus cabelos macios, em seguida, estabeleceu as mãos no meio das costas. Isso não ia ser fácil. ― Seu pai está aqui. ― Davan engoliu em seco com os olhares cautelosos, mas ansiosos em seus rostos. ― Lembra quando eu disse a você sobre o que acontece quando você reivindica o seu companheiro? Eles balançaram a cabeça, confirmando.


― Bem, seu pai me reivindicou como seu companheiro. É por isso que eu cheiro diferente. ― Davan inclinou a cabeça para um lado e puxou o tecido da camisa. ― Querem ver? Annabelle estendeu a mão e acariciou com os dedos a marca de mordida na pele do Davan. Davan estremeceu com o toque leve. Não doeu como doeria se alguém tocasse lá, mas isso foi só porque Annabelle era sua filha. Se alguém tocasse a mordida de acasalamento, a dor seria insuportável. ― Doeu? ― Annabelle sussurrou quase reverentemente. ― Não, querida, não doeu. Eu disse a você, seu pai nunca faria nada que pudesse ferir qualquer um de nós. Ele nos ama muito. Dizer essas palavras fez com que surgissem lágrimas no canto dos olhos de Davan. Não importavam quais eram os seus sentimentos para em relação a Manuel, ele havia jurado a si mesmo que nunca iria falar mal do homem para os seus filhos. Eles tinham o direito de fazer seus próprios julgamentos sobre Manuel. Desde o dia em que eles nasceram Davan havia dito aos filhos o quanto seu pai os amava e como era difícil para ele ficar longe. Davan tinha inventado um conto elaborado de Manuel sendo forçado a ficar afastado devido à política. Manuel era um grande guerreiro e protetor de seu povo. Ele deixou as crianças com Davan onde estariam a salvo, enquanto ele saia e salvava o mundo. Ele sabia que havia sempre a possibilidade de que sua mentira voltasse para mordê-lo na bunda. Ele só esperava ter mais alguns anos antes que isso acontecesse, o tempo para as crianças crescessem e entender que nada que Manuel fez foi culpa deles. ― Será que ele vai vir nos ver? ― Rafael perguntou. Ouvindo seu filho falar era tão raro que Davan só pode olhar para ele por um momento antes de responder. Ele não quis dar a Rafael e Annabelle falsas promessas, mas a esperança brilhando nos olhos verdes de Rafael era tão forte que Davan não podia dizer não.


― Eu espero que sim, Rafael. Mas teremos de esperar para ver. Seu pai quer muito vê-lo. Ele só tem que ter muito cuidado, ou ele pode ter problemas e depois ele não poderia ser um guerreiro. Annabelle sorriu presunçosamente. ― Papai nos ama, Rafe. Ele vai vir nos ver quando for seguro. Davan engoliu em seco com o amor puro ele podia ver nos olhos de Annabelle. Talvez ele houvesse idealizado Manuel como uma figura de fantasia. Seus quartos eram repletos de fotografias de Manuel. As crianças só tinham de olhar para eles ver o guerreiro forte que o homem era. Mais uma vez, Davan se perguntou se isso havia sido um erro. Se as crianças por acaso encontrassem Manuel e ele os rejeitassem, eles ficariam arrasados. Davan esperava que a oportunidade não surgisse. Ele nunca pensou que veria Manuel novamente. Mas as palavras Annabelle fez Davan ter uma ideia. ― Você tem razão, Annabelle. Seu pai te ama, e ele quer muito vêlos. Mas ainda não é seguro ainda. Não aqui no castelo. Então, eu quero que vocês dois façam as malas com suas coisas favoritas. Vou lhes enviar e a Nana para a casa de campo. Tão logo eu possa me organizar, eu vou levar o seu pai até lá onde todos podem ver uns aos outros onde é seguro. ― Papai, eu quero ficar aqui com você ―, Annabelle insistiu. ― Eu sei amor, mas é mais importante que você esteja em algum lugar seguro. Seu pai precisa que vocês fiquem seguros. Davan odiava usar a imagem cultuada de herói que as crianças tinham de Manuel, especialmente desde que era uma mentira, mas no momento ele iria usar todos os meios necessários para manter as crianças seguras. Ele colocou as crianças no chão, e em seguida deu um tapinha em suas costas. ― Agora, crianças, corram e façam o que eu disse. Eu vou falar com Nana.


O coração de Davan doía enquanto ele os observava correr da sala. Ele não poderia amar duas pessoas mais do que ele amava Annabelle e Rafael. Eles trouxeram para a sua vida mais alegria do que qualquer homem que ele encontrou. Eles também trouxeram muita dor de cabeça. Ambos pareciam tanto com Manuel, que às vezes doía só de olhar para eles. Eles o faziam lembrar diariamente do que ele tinha e o que ele havia perdido. Davan sempre teria uma conexão com Manuel, o homem sabendo disso ou não. Davan sussurrou e apertou sua mão quando sentiu uma súbita sensação de queimação. Sua mão parecia que estava pegando fogo. Ele soprou sobre ela por um momento e depois inalou quando deu uma boa olhada nela. Um selo de acasalamento estava gravado no topo da sua mão como uma marca. Suas iniciais e as iniciais de Manuel. ― Seu filho da puta estúpido ―, Davan sussurrou na sala vazia, enquanto olhava para o selo do acasalamento e as implicações da marca. Manuel tinha gravado seu acasalamento. Agora não havia jeito de anulá-lo. ― Você nos destruiu.

Capítulo Três Manuel fez uma careta quando olhou para a marca de acasalamento queimando em seu ombro. Ele queria estrangular os anciãos quando ele tinha lhes dado o nome de Davan, então, sentiu a sensação de queimação dolorosa no braço. Os anciãos não eram apenas desonestos. Eles eram assustadores.


O Ancião Lucas nem sequer considerou a possibilidade de quebrar o acasalamento. Ele disse que uma vez que tinha acasalado e seu acasalamento foi gravado, era um acordo feito para a vida. Não havia como voltar atrás. Davan seria o único companheiro que ele teria, então era melhor ele cuidar dele. Após a relutância em aceitar que ele foi acasalado a Davan, o conteúdo do envelope quase quebrou o controle de Manuel. Ele não se importava com o fato de que ele tivesse que foder seu companheiro pelo menos uma vez a cada vinte e quatro horas. Seu problema era que ele não conseguia encontrar seu companheiro para transar com ele. Ele estava deixando Manuel louco. Ninguém lhe daria instruções para os aposentos de Davan. Todos pareciam muito preocupados com o seu próprio acasalamento ou a gravação de um acasalamento ou apenas ficar fora do caminho dos outros. Até mesmo os guardas do castelo pareciam estar sobre isso. Manuel tinha decidido mandar tudo para o inferno e sair, mas ele tinha sido parado no portão. Ninguém sem um companheiro estava autorizado a deixar as dependências nas primeiras vinte e quatro horas. Manuel tinha que esperar. Manuel cerrou os punhos enquanto ele seguiu por um longo corredor de pedra. Ele estava subindo e descendo escadas e andando por corredores pelo que pareciam horas. A cada poucos metros ele parava e cheirava o ar, em busca do cheiro de seu companheiro. Tudo o que ele podia sentir era o cheiro dos dois guardas no corredor. A porta que os dois homens guardavam se abriu de repente. Um dos guardas levou uma grande bolsa de uma mulher mais velha, em seguida, recuou. A mulher saiu correndo com duas crianças pequenas a tiracolo. A mulher, as duas crianças, e o guarda correram pelo corredor na direção oposta de Manuel. Algo sobre as duas crianças pequenas chamou a atenção de Manuel. Ele não tinha certeza se era a cor do cabelo ou dos olhos cinzentos escuros da


pequena menina quando ela olhou por cima do ombro antes de virar a esquina. Ele só sabia que estava intrigado. Manuel começou a segui-los quando um homem loiro saiu da porta para o corredor e se virou para observa-los, ao lado do outro guarda. Manuel parou. Suas mãos crisparam enquanto um rosnado baixo construía em sua garganta quando o doce aroma de Davan chegou a ele. ― Davan! ― ele rosnou. Davan e o guarda se viraram. O rosto de Davan empalideceu, e ele disparou para dentro do quarto. Manuel ouviu a porta se fechar, mas ele já estava correndo em direção a ela. Nenhuma fechadura ou guarda iria mantê-lo longe de seu companheiro. Não desta vez. Davan pertencia a ele, e ele tinha todo o direito ao seu companheiro. O guarda estava em uma posição defensiva no momento em que Manuel chegou à porta. Manuel arreganhou os caninos e emitiu um rosnado baixo, surdo. ― Você pode se mover ou morrer. O guarda engoliu em seco, mas se manteve firme. Sua mão apertou a coronha da sua arma. Ele ergueu a mão enquanto tentava afastar Manuel. ― Eu sou o guarda atribuído ao Ancião Solaris. É meu dever protegêlo. ― Ele é meu! ― Manuel gritou. A boca do guarda se escancarou. ― Você está acasalado ao Ancião Solaris? Eu não sabia que os anciãos iriam fazer parte dos rituais de acasalamento desta noite. Manuel chegou mais perto até que se erguia sobre o guarda. Para dar crédito ao guarda, ele era um homem grande. Manuel era maior. Ele também estava sentindo a necessidade de proteger seu companheiro, e o conhecimento de que alguém estava tentando lhe tirar direito não estava fazendo bem a ele. ― Mover ou morrer ―, Manuel rosnou. ― Sua escolha.


O guarda engoliu em seco novamente e depois recuou, baixando a mão com a arma ao seu lado. ― Eu peço desculpas. O Ancião Solaris não me informou que ele tinha acasalado. Manuel pressionou os dentes juntos, enquanto a raiva o enchia. Ele agarrou o guarda por sua garganta e bateu o homem na parede. Manuel se adiantou até que seus narizes estavam a um mero centímetro de distância. ― Você faz ao seu ancião um desserviço por me permitir entrar apenas com a minha palavra. ― Manuel sentiu que era seu dever proteger Davan, mas o guarda ainda deveria ter questionado ele antes de pisar de lado. ― Faça isso novamente e eu vou tirar a pele do seu corpo polegada por polegada. ― Sim, senhor. ― O guarda engoliu em seco. ― Isso não vai acontecer novamente, senhor. ― Espero que não aconteça. Manuel jogou o guarda de lado e abriu a porta. Ele estava um pouco surpreso com o quarto em que entrou. Sendo fada e um ancião, ele esperava que os aposentos de Davan fossem chamativos e opulentos. Eles não eram. A sala principal parecia confortável, com uma duradoura sensação de segurança, como se uma pessoa realmente residisse no espaço. O quarto que entrou era como uma grande sala. Manuel podia ver a sala de jantar de um lado, com a cozinha além dela. No outro lado da sala tinha três portas. Um grande sofá de três lados estava situado no meio da sala, em frente a grande lareira. Ele estava coberto de almofadas. Havia também uma porta à esquerda da entrada. Manuel começou com aquela. Ele abriu a porta e entrou, procurando Davan. Não tinha ninguém na sala, mas estava cheia de outros itens, como uma mesa, computador e material necessário para um escritório. Manuel saiu da sala e fechou a porta. Ele voltou para a sala maior, fazendo um grande


círculo em torno dela. A cozinha estava vazia, como a sala de jantar. Isso deixava as portas do outro lado da sala. Manuel abriu a primeira porta e olhou em volta, notando que era um quarto. Ele não viu nada e começou a sair quando um ligeiro movimento do outro lado do quarto chamou sua atenção. Manuel estreitou os olhos quando percebeu que era Davan de pé na janela. ― Você correu de mim, Davan. ― O que você esperava? Os olhos de Davan estavam com raiva quando ele se afastou da janela para enfrentá-lo. Manuel estava um pouco confuso sobre o porquê Davan estava com raiva. Manuel foi forçado a esse acasalamento. Ele era o único que tinha o direito de estar com raiva. ― Eu esperava que meu companheiro se comportasse e ficasse onde é suposto estar. ― Manuel piscou, enquanto ele disse as palavras, atônito que ele as estava dizendo. Ele nunca tinha falado com Davan desta maneira. ― Eu não tenho certeza se me comportar está na lista das minhas habilidades. Manuel bufou enquanto ele cruzou os braços sobre o peito e encostou-se à porta. ― Então você precisa refazer sua lista. Os lábios de Davan se apertaram quando ele olhou para cima e balançou a cabeça. ― Eu receio que eu não possa fazer isso também, Manuel. Eu tenho responsabilidades. ― Eu não me importo. ― Não, você nunca se importou. A pequena risada de Davan soou fria e enviou um arrepio na espinha Manuel. Havia raiva em seus olhos, além de decepção e angústia. Manuel não sabia para qual emoção se dirigir em primeiro lugar, se ele ainda tivesse que


lidar com elas. Algo lhe disse que ele estaria abrindo uma lata de vermes que ele não estava pronto para lidar. ― O nosso passado é apenas isso, passado. ― Manuel passou a mão sobre o rosto, em seguida, suspirou profundamente. ― Nós não podemos mudar o passado, nem podemos mudar o presente. Nós estamos acasalados, e ele foi gravado. Eu li as regras. Precisamos descobrir o que vamos fazer agora. Manuel pensou ter ouvido um gemido pequeno vindo de Davan, mas ele não tinha certeza quando o homem se virou para olhar para fora da janela novamente. Manuel não gostou do cair dos ombros de Davan, desanimado. Ele parecia derrotado. ― Você poderia simplesmente me deixar novamente ―, Davan sussurrou. Manuel rosnou. Seu lábio superior se enrolou para trás em um rosnado. Seu Jaguar começou a andar lá dentro, irritado por seu companheiro sequer expressar tal pensamento. Eles estavam acasalados. Isso era o fim para ele. ― Eu não vou embora― Manuel gritou. ― Eu não vou ficar selvagem e depois ser executado. ― Então você não deveria ter me reivindicado! ― Davan gritou quando ele se virou para encarar o outro lado do quarto. Suas mãos delicadas se apertaram em punhos. ― Você fez isso para nós. Você vai descobrir como corrigi-lo. ― Não há como consertá-lo, Davan, ― Manuel gritou de volta. ― Os anciãos se recusaram a anular o nosso acasalamento. Manuel não tinha pensado que era possível, mas o rosto Davan empalideceu ainda mais. ― Você perguntou a eles? ― ele perguntou calmamente. ― Você realmente foi para os anciãos e lhes pediu para anular o nosso acasalamento? ― Eu disse que estava indo.


O desapontamento de Davan era audível, enchendo a sala. Ele balançou a cabeça e se voltou em direção à janela. Manuel viu o ombro de Davan se abalar por um momento, e então o homem inalou profundamente. ― Muito bem ―, Davan sussurrou. Seus olhos estavam vermelhos e inchados quando ele se virou. Ele acenou com a mão ao redor da sala. ― Há um quarto de hóspedes, pode ficar nele ou... ― Davan engoliu novamente. ― Ou você pode trazer suas coisas para cá. ― O que faz você pensar que vamos ficar aqui? Manuel não sabia o que estava o fazendo atacar Davan, talvez raiva? Ou ressentimento. Ele tinha um monte de anos de raiva reprimida e Davan estava no centro de tudo. Ele queria ver Davan sofrer tanto quanto ele. A boca de Davan caiu aberta. ― Manuel, eu não posso sair. Eu sou um ancião. Eu tenho responsabilidades. ― Então é hora de você reorganizar suas responsabilidades. Como meu companheiro, seu dever é para mim e mais ninguém. Se o conselho não pode encontrar alguém para substituí-lo, então eles podem ficar sem um ancião fada. ― Manuel, eu não posso apenas... ― Empacote seu material ―, Manuel falou. ― Nós estamos indo para minha casa e para o meu orgulho. Nada no comportamento de Davan poderia ter preparado Manuel para a raiva que encheu o rosto do homem. Davan atravessou todo o quarto e esfaqueou o dedo no peito de Manuel. Ele era tão pequeno comparado a Manuel que a situação era quase cômica. ― Se você acha que eu estou colocando um pé em seu orgulho, pode esquecer. Eu não me importo se nós estamos acasalados. Eu não me importo se eles cortarem minha cabeça se eu ficar selvagem. Vou entregar ao carrasco uma espada antes de eu ir a qualquer lugar perto de seu orgulho.


A boca de Manuel caiu aberta em estado de choque. Ele nunca tinha ouvido Davan falar desta maneira. Ele certamente nunca ouviu o homem falar com tanta veemência antes. Ele era realmente muito quente. Ainda assim, ele não poderia deixar Davan fugir com isso. Manuel pegou Davan pelos braços e lhe deu uma boa sacudida. ― Você é meu companheiro, meu. ― Ele rosnou. ― Você vai onde eu dizer para você ir. ― Eu prefiro morrer. ― Davan... ― Eu vi e experimentei o que seu orgulho é, portanto eu não quero nada com eles. Eles podem apodrecer no inferno tanto quanto eu estou preocupado. Manuel franziu a testa. Seu domínio sobre os braços de Davan se afrouxou o suficiente para o homem se afastar. Ele não entendia o que Davan estava falando. Tanto quanto ele sabia, Davan nunca havia encontrado alguém de seu orgulho. ― O que quer dizer com você ter experimentado o meu orgulho? ― Até parece que você não sabe, ― Davan zombou. Seus olhos se estreitaram em pequenas fendas cheias de raiva. ― Eu ouvi você dizer ao seu pai que nunca mais queria me ver. Eu sei que você disse a eles para me fazerem ir embora. Os olhos de Manuel se arregalaram quando Davan arrancou sua camisa e se virou, revelando quatro desbotadas cicatrizes brancas que atravessam suas costas entre suas asas. Manuel sabia o que eram à primeira vista. Ele não podia acreditar que ele estava vendo as marcas de garras distintas feitas por um jaguar. ― Eles fizeram um trabalho muito bom em cuidar da situação. ― Davan puxou a camisa para baixo e girou de volta. ― Eu aprendi minha lição da primeira vez. Eu nunca mais vou colocar os meus pés perto de seu orgulho novamente.


― Novamente! ― Manuel rosnou. ― Que diabos você está falando? Quando você conheceu o meu orgulho? De onde essas marcas de garras vieram? As narinas de Davan se dilataram. ― Foda-se, Manuel. Manuel queria respostas. Ele começou a perseguir Davan do outro lado do quarto, o menor homem recuando rapidamente para longe dele até que suas costas bateram na parede. Manuel inclinou-se perto, elevando-se sobre Davan. ― Temos que conversar. Davan apertou os lábios e balançou a cabeça. Manuel rosnou. ― Agora! ― Por quê? ― Davan zombou. ― Então você pode dizer que não acredita em mim de novo? Então você pode dizer que eu estou mentindo? Eu não penso assim porra! ― Davan! Manuel não entendia Davan. O homem nunca tinha sido tão teimoso antes. Era uma mudança na personalidade de Davan que Manuel não gostava. Lembrava-se de Davan ser mais calmo e descontraído. Davan parecia estar bem com Manuel sendo o mais forte em seu relacionamento. ― Vá se ferrar. Manuel rosnou. Seu domínio natural aflorou. Ele passou a mão em volta do pescoço de Davan e puxou o homem para frente, batendo os seus lábios juntos. Davan choramingou, em seguida, inclinou-se para o beijo. Manuel sentiu a língua de Davan roçar contra a sua, e de repente ele se sentiu tão quente que ele poderia ter se fundido no local. Ele rasgou a roupa de Davan, usando suas garras. O ligeiro cheiro de cobre entrou no ar, e Manuel sabia que ele tinha cortado Davan com suas garras afiadas. Seu coração doía com o conhecimento e a necessidade de tornar isso melhor.


Manuel levantou Davan em seus braços e o levou para a cama. Ele rapidamente o seguiu para baixo e começou a lamber cada gota de sangue com a língua. O gosto de sangue Davan era algo que Manuel nunca iria se acostumar. Ele era doce, picante, como chuva de verão e salsa misturados. Não era muito quente, nem muito frio. Misturado com a pele salgada e Manuel estava no céu. Ele não conseguia o suficiente ou ter pele o suficiente para lamber. Ele precisava ter tudo. Manuel rosnou quando sentiu Davan lutando até que ele percebeu que o homem estava apenas tentando tirar suas roupas. Manuel se moveu para o lado da cama e rapidamente puxou a roupa, soltando-as no chão. Ele assistiu Davan, viu o resplendor de sua pele macia quando a excitação encheu o homem. Era um quadro inebriante. Encheu Manuel com uma sensação de paz que ele não havia sentido em quatro anos. Desta vez foi diferente do que quando Manuel reivindicou Davan anteriormente. Ele não estava fora de sua mente com o calor do acasalamento. Desta vez, ele sabia exatamente o que estava fazendo. Ele simplesmente não queria parar de fazer isso. Ele não se importava que Davan tivesse sido infiel. Ele queria o homem com uma necessidade que beirava a loucura. Davan abriu os braços quando Manuel se arrastou de volta para a cama. Manuel mudou-se até que ele poderia capturar os lábios do homem mais uma vez. Ele empurrou sua língua dentro da boca de Davan, explorando, reivindicando. Seu pau doía. Ele precisava sentir o corpo de Davan se envolver em torno dele e mergulhar nas profundezas doces do homem. A sensação das pernas de Davan se enlaçando em torno de sua cintura quase enviou Manuel sobre a borda. Manuel rosnou dentro da boca Davan e agarrou os quadris do homem firmemente em suas mãos. Ele começou a se balançar contra Davan, seu pau se esfregando contra o seu companheiro. O atrito foi glorioso, mas não era exatamente o que ele queria. Manuel enfiou a mão debaixo do


travesseiro de Davan, procurando a garrafa de lubrificante que ele sempre mantinha lá. Ele ergueu a cabeça em confusão quando ele não encontrou. ― Onde está o lubrificante, Davan? O rosto de Davan ficou vermelho e seus olhos caíram quando ele virou a cabeça. ― Eu não tenho nenhum. Manuel franziu a testa. ― Você sempre tem lubrificante sob seu travesseiro. ― Não mais! Manuel pegou o queixo de Davan e inclinou seu rosto para cima. ― Por que você não tem lubrificante sob seu travesseiro, Davan? ― Eu só não tenho ok? ― Davan puxou o rosto e cobriu os olhos com o braço. Ele acenou com a outra mão em direção à porta do outro lado da sala. ― Há uma garrafa nova no armário do banheiro. Manuel estava totalmente confuso enquanto saiu da cama e seguiu em direção ao banheiro. Por que Davan não tinha uma garrafa de lubrificante sob o travesseiro? Qualquer homem gay com um pingo de inteligência tinha uma por perto. Era quase obrigatório. O frasco de lubrificante estava onde Davan disse, novíssimo e fechado. Manuel procurou o exterior da garrafa, até que ele encontrou as pequenas letras negras que marcavam a data de validade. A garrafa estava velha, quase três anos de idade. No entanto, não era velha demais para usar. Ele segurou a garrafa na mão, enquanto voltava para o quarto. Davan ainda estava deitado na cama, o braço sobre os olhos. Manuel abriu a tampa da garrafa. Ele arqueou uma sobrancelha quando Davan saltou. Essa foi uma reação estranha, considerando que Davan o mandou buscar a garrafa no banheiro. Manuel se aproximou da cama e, em seguida, se ajoelhou na beirada. A cama tremeu. Davan pulou novamente. Manuel se sentou sobre os joelhos e


olhou para Davan em confusão. Ele nunca forçou ninguém em sua vida, e ele não ia começar agora. O homem ainda estava zangado com ele. A excitação de Manuel caiu em queda livre. Ele jogou a garrafa no colchão ao lado Davan e saiu da cama. Estendeu a mão para suas roupas, ignorando a suave inspiração de Davan enquanto ele rapidamente a puxou novamente. Uma vez que estava vestido, Manuel voltou a olhar para baixo em Davan. Ele esfregou a nuca enquanto tentava expressar o que estava sentindo ou até mesmo trazer todos os seus pensamentos caóticos em uma frase que faria sentido. Ele não precisava dessa merda. Ele entendeu as normas do conselho. Ele tinha que foder Davan pelo menos uma vez a cada vinte e quatro horas. Isso não quer dizer que ele tinha que viver com o homem ou até mesmo falar com ele. Eles só tinham que foder. ― Eu não sei o que está acontecendo com você, Davan, mas eu me recuso a jogar esses joguinhos com você. ― Manuel rapidamente levantou a mão quando Davan abriu a boca para falar. ― Não, eu não quero ouvi-lo. Para melhor ou para pior, nós estamos presos nesta bagunça até que eu possa encontrar um caminho para sair dela. Eu acho que seria apenas melhor se nós nos encontrássemos a menor quantidade possível. Mais uma vez, a face de Davan empalideceu. Manuel ignorou a pontada de culpa que isso lhe trouxe. Ele enterrou fundo e tentou lembrar que o homem o havia traído há quatro anos. Isso é o que ele precisava lembrar. Não do jeito doce que o homem cheirava ou o quanto delicioso ele parecia espalhado nu na cama. ― Vou precisar transar com você em algum momento das próximas vinte horas ou mais para cumprir as normas do conselho. Estarei de volta amanhã por volta da meia-noite. Espero que você esteja pronto e esperando por mim. Eu não quero te ver ou falar com você até então.


Manuel não esperou Davan responder. Ele apenas se virou e saiu do quarto. Ele tinha um destino em mente. Seu quarto e uma garrafa de uísque que tinha escondido em sua bagagem. A ideia de ficar bêbado soou muito boa neste momento. Manuel demorou uns bons quinze minutos para chegar ao seu quarto, principalmente porque ele se perdeu ao sair da ala dos anciãos e teve que voltar algumas vezes. Depois que ele chegou aos seus aposentos, rapidamente entrou e fechou a porta. Sua mala estava encostada na ponta da cama. Manuel a desfez e cavou através de suas roupas até que sentiu a garrafa fria de vidro. Ele puxou para fora, torceu a tampa, e tomou vários goles grandes. Manuel tossiu quando puxou a garrafa para longe de seus lábios. Ele começou a andar para a cadeira na janela, mas fez uma pausa. Manuel estendeu a mão para a mala e tirou um pequeno envelope amarelo que ele sempre carregava com ele para lembrar-se do quanto tinha sido traído. Ele não queria nunca mais estar em uma posição onde alguém poderia quebrar sua alma como Davan fez. Manuel se aproximou da cadeira e sentou. Ele colocou a garrafa de uísque em cima da mesa do lado e abriu o envelope. Não era o envelope original que havia sido deslizado por debaixo da porta. Ele sido tinha picado e desapareceu há séculos. Manuel havia olhado as fotos quase todas as noites. No início, era para se lembrar da traição de Davan. Depois de alguns anos, era para lembrarse do quanto lindo Davan era. As mãos de Manuel tremiam quando ele puxou a pequena pilha de fotos do envelope. Não importa quantas vezes ele olhou para elas, a sua primeira visão de Davan nos braços de outro homem sempre o assustou um pouco. Desta vez não foi diferente. A visão da cabeça do Davan jogada para trás em completo abandono, enquanto um homem sem rosto batia nele tomou o fôlego de Manuel.


O resto das imagens não era melhor. Havia várias fotos de Davan em diferentes posições, todas elas íntimas. Cada uma mostrava o belo rosto de Davan, seu corpo elegante. O brilho dourado que encheu sua pele enquanto alguém que não era Manuel o amava. Cada um delas quebrou seu coração em uma centena de peças miseráveis. Ele tinha amado Davan tanto. Ele estava pronto para deixar o seu orgulho e ir a qualquer lugar que Davan queria. Ele estava pronto para fazer qualquer coisa para o homem. E foi assim que ele foi pago. Manuel ainda não sabia quem tinha empurrado o pequeno envelope debaixo da porta uma noite. Ele estava apenas feliz que ele havia descoberto sobre a traição Davan antes que fosse tarde demais e Manuel cedesse à necessidade de ter Davan em sua vida para sempre. Agora, porém, podia ser tarde demais. Se Manuel não conseguisse encontrar uma maneira de quebrar o acasalamento, ele estaria condenado a viver com Davan todos os dias para o resto de sua vida. Manuel pensou que preferia cortar os pulsos. Foder Davan novamente tinha sido um sonho. Falar com ele era um pesadelo. Manuel não sabia qual jogo Davan estava jogando, mas ele não queria jogar. Ele não gostou da culpa que o inundou cada vez que a cara triste de Davan olhou para ele. O que Davan tem para ser triste? Sua vida era como ele sempre sonhou. Ele queria ser um ancião. Ele era um deles. Ele queria viver no castelo do conselho. Ele teve seu desejo atendido. Ele queria Manuel, e agora mesmo isso ele tinha. Parecia para Manuel que Davan deveria estar pulando de alegria, não olhar como se o seu melhor amigo tivesse acabado de morrer. Manuel colocou a pilha de fotos sobre a mesa e pegou a garrafa de uísque. Ele tomou mais alguns goles grandes e depois pegou o telefone celular no bolso. Alguém tinha de saber como tirá-lo dessa bagunça, e ele não conseguia pensar em alguém que soubesse mais sobre a porcaria do conselho que seu irmão, Jorge.


― Este sou eu ―, disse uma voz, quando atendeu a linha. ― Este é você? ― Cale a boca, Jorge, ― Manuel rosnou. ― Isso é importante. ― O que houve? ― Vocês estavam certos. O conselho fez alguma coisa. Esteja feliz por ter recusado o convite. Eles me foderam e a todos que participaram do grande encontro. ― Manuel riu. ― Eles nem mesmo usaram lubrificante. ― O que aconteceu? ― Eles nos obrigaram a acasalar com alguém diferente de nossa espécie. ― Foda-me! ― Sim, quase. ― Então, você está acasalado? ― Sim, e eu preciso encontrar uma forma de quebrá-lo, de preferência nas próximas doze horas. Os anciãos me negaram quando eu pedi a anulação do meu acasalamento, mas eu não posso fazer isso, Jorge. ― Puxa, você se acasalou com uma mulher ou algo assim? ― Não, pior. ― Manuel tomou outro gole de uísque antes de responder. ― Eu estou acasalado com Davan Solaris.

Capítulo Quatro Davan se sentiu velho enquanto descia o corredor atrás de sua guarda pessoal. Seus olhos doíam de uma noite de choro em seu travesseiro. Eles estavam vermelhos e inchados e doíam a cada vez que ele piscava. Ele ficou surpreso que ainda tinha lágrimas, depois de tudo o que chorou quando Manuel o deixou, há quatro anos.


Isso devia explicar o comportamento de Manuel até agora. Ele sabia que o homem não o queria. Ele soube disso durante anos. Mas isso não tornava mais fácil ouvir isso vindo da boca de Manuel. O homem não poderia ter dito as palavras diretamente, mas ele tinha dito o suficiente para que Davan percebesse. Tudo o que Davan queria fazer era se enroscar em um buraco e lamber suas feridas. Ele simplesmente não podia. Ele ainda tinha seus deveres como ancião das fadas para lidar. Se nada mais, ele iria cumprir os seus deveres. Claro, agora pode ser o momento de considerar deixar o cargo. Ele realmente esteve pensando sobre isso por um bom tempo. Ele queria mais tempo para passar com os filhos. Sendo um ancião o deixava muito tempo longe deles. Talvez agora fosse o momento de falar com o conselho sobre a possibilidade de encontrar seu substituto. Davan entrou no grande salão de baile e foi direito para a mesa alta, onde os outros anciãos estavam sentados. Contornou a mesa e sentou-se em seu assento atribuído quando percebeu que seu nome não estava no cartão posto no lugar onde costumava se sentar. Davan franziu a testa e olhou para baixo da linha de anciãos. Não havia outro assento disponível. Apenas um vazio, mas que foi designado para o Ancião Ashby. A confusão guerreava dentro de Davan enquanto ele andava até onde o Ancião Burke estava sentado. Ele calmamente cruzou as mãos em sua frente e limpou a garganta para chamar a atenção do homem. ― Davan, como é bom te ver ―, disse o Ancião Burke, quando ele olhou para cima. ― Eu não tinha certeza se você iria vir hoje à noite. ― Estou aqui. ― Davan acenou com a mão para baixo da linha de anciãos. ― No entanto, meu lugar parece estar faltando. Ancião Burke franziu a testa.


― Eu não entendo. Seu companheiro, Manuel Tejarda, me informou esta manhã que você estava renunciando seu assento no conselho. Ele disse que você estaria retornando para o seu orgulho com ele. Davan demorou um momento para controlar sua raiva nas manobras arrogantes de Manuel. O homem estava determinado a tirar tudo dele. Davan apenas sabia disso. Manuel queria destruí-lo. Davan só não entendia o que ele tinha feito para fazer Manuel odiá-lo tanto. ― Eu vejo ―, Davan finalmente disse. ― Eu vou ter meu material embalado e removido do castelo imediatamente. Davan se virou e começou a se afastar. Ele segurou seu orgulho por um fio. Sim, ele pensou em sair do conselho. Mas ele precisava ser o único a fazê-lo, não Manuel. O homem não tinha o direito de tomar decisões por ele sem o consultar. ― Davan, espere. Davan parou na beirada da mesa e esperou o Ancião Burke alcançálo. Ele ostentou um sorriso calmo no rosto e se virou para o homem. ― Sim. ― Eu estava mal informado? ― Eu tenho considerado deixar o cargo já há algum tempo. Burke o observou por um momento e balançou a cabeça. ― Você não renunciou, não é? Davan não queria deixar Manuel com problemas com o conselho, mas ele não iria mentir para o homem. ― Não, eu não renunciei. Eu tenho certeza que é um mal-entendido. ― Mas você estava considerando deixar o cargo? Davan assentiu. ― Venha, caminhe comigo. Davan suspirou e seguiu o Ancião Burke passando a porta que dava para o corredor e para a varanda. Ancião Burke apertou as mãos atrás das costas e inclinou a cabeça para trás para olhar para o céu à noite.


― Eu adoro vir aqui e olhar para o céu à noite. É o mesmo céu, não importa onde você está. A colocação das estrelas pode mudar, mas elas ainda são estrelas. Pode até haver nuvens que bloqueiam a visão, mas ainda assim você sabe que elas estão lá, cuidando de nós. Davan piscou. Ele não sabia se iria entender Ancião Burke. O homem era um mistério para ele. Ancião Burke tinha assumido o papel de mentor para Davan quando ele se tornou um ancião, e Davan sempre respeitou o homem. Mas às vezes ele era um pouco estranho, mesmo para Davan. ― Eu suponho que há alguma beleza nelas ―, Davan respondeu. ― Há beleza em tudo, Davan. Davan virou a cabeça para que ele pudesse rolar os olhos. Ele nunca faria isso na cara do homem, embora suspeitasse que o Ancião Burke soubesse exatamente o que ele estava fazendo. ― O caminho que devemos seguir como anciãos é muito parecido com o céu noturno, Davan. Às vezes, as responsabilidades de um ancião são cristalinas. Outras vezes, elas estão envoltas em mistério. Mas não importa se nós as entendemos ou não, elas estão sempre lá. ― Ancião Burke acenou com a mão na escuridão. ― Assim como as estrelas no céu noturno. Davan sabia que o ancião estava tentando transmitir algum tipo de sabedoria com suas palavras, mas no momento o significado parecia lhe escapar. Tudo o que ele conseguia pensar era no que Manuel tinha feito. O homem estava tentando tirar tudo dele. Davan não podia permitir que isso acontecesse. Ele sabia que uma vez que o seu lugar como ancião fosse tirado dele, Manuel iria passar para seus os filhos, e ele iria morrer antes de perder seus filhos. ― Eu acho que você precisa tomar algum tempo para decidir o que você quer fazer, Davan. Não é uma vergonha descer de sua posição, apesar do que algumas pessoas dizem. Você tem muitas responsabilidades e só você pode decidir qual é a mais importante.


― Eu sou o mais novo fada a ter um assento no conselho de anciãos. Como você acha que minha família vai se sentir se eu descer? Davan sabia que sua família ficaria chateada. Eles tinham muito orgulho dele. Davan pensou que às vezes tinham muito orgulho. Seus filhos eram considerados como um incômodo, algo que interferia com seus deveres como ancião das fadas. Eles mal eram reconhecidos por sua família. E quando os reconheciam, eram considerados como seres inferiores, porque eles não estavam cheios de sangue fada. ― Isso não cabe a mim dizer, Davan. ― Ancião Burke deu alguns passos ao redor da pequena varanda, olhando sobre o parapeito de pedra para o campo abaixo. ― Só você pode dizer como sua família vai sentir e se você aceita a sua opinião como verdade. Davan empurrou a mão pelo cabelo e, em seguida, estendeu a mão para agarrar o corrimão de pedra. Sentia-se agitado, impaciente. Sua pele estava começando a sentir engraçada como se estivesse sendo esticada sobre os ossos. ― Quanto tempo se passou desde que você foi reclamado por seu companheiro? ― Manuel me reivindicou ontem à noite, logo após o anúncio. ― Davan engoliu em seco com a questão do ancião porque ele sabia o significado por trás dela. ― Ele saltou para o palco antes que eu pudesse sair do salão e me reivindicou. ― Sim, eu estava um pouco surpreso ao vê-lo depois de tudo o que você me disse. Eu pensei que vocês já tivessem se acasalado há quatro anos. Davan fechou os olhos enquanto a sua dor tornou-se uma coisa viva. ― Eu me apaixonei por Manuel, há quatro anos. Ele não se apaixonou por mim. ― Eu vejo. Davan abriu os olhos e se virou para olhar para o ancião. ― Você vê?


― Sim, eu creio que sim, e eu sinto muito, Davan. Não há nenhuma maneira de quebrar o seu acasalamento. Se eu soubesse... Davan ergueu a mão e respirou profundamente. ― Não é culpa sua. Talvez eu devesse ter dito tudo, desde o início. Simplesmente a dor é muito profunda. Se eu compartilhá-la ou deixá-la sair, ele vai me oprimir, e sinceramente, eu não tenho certeza se eu posso me recuperar. Davan sentiu o ancião dar um tapinha em seu ombro. ― Você é muito mais forte do que acredita, meu jovem amigo. Você vai sobreviver a isso. ― Não, eu não tenho certeza se sou ―, Davan sussurrou enquanto ele olhava para trás, além da escuridão. ― Eu não sei o que é pior, estar com Manuel e amá-lo do jeito que eu amo ou permanecer escondido e ficar selvagem. Às vezes, a morte parece ser o menor de dois males. ― Quanto tempo você tem antes dele te reclamar de novo? ― Umas duas horas. ― Davan pressionou a mão sobre sua boca enquanto ria asperamente. ― Ele me disse para estar no meu quarto à meianoite, e ele viria para mim. Tenho que estar preparado e esperando por ele. Até então, ele não quer falar comigo ou me ver. ― Esta não é a forma como isso deveria acontecer, Davan. Espero que você saiba disso. Davan virou para olhar para o idoso. ― Eu disse que isso iria acontecer. Argumentei, mas ninguém quis me ouvir. Você não pode fazer alguém ser companheiro de alguém contra a sua vontade e esperar que eles cegamente o aceitem. Isso só traz miséria para todos. Ancião Burke apertou os lábios por um momento. Ele olhou para trás ao longo da varanda, como se estivesse tentando reunir seus pensamentos. ― Nosso povo está em perigo, Davan. Se não obtivermos a geração mais jovem sob controle, então os humanos vão nos destruir.


― Mas essa... ― Davan acenou com a mão de volta para o grande salão de baile ― não é a maneira certa de fazer isso. Tudo o que vocês fizeram foi criar mais caos. ― Isso precisava ser feito, Davan. Você sabe disto ― Não gosto disso! ― Davan gritou. ― Você forçaram as pessoas. Como podemos encontrar a paz entre os paranormais e os seres humanos quando sequer temos a paz entre os companheiros? ― Talvez isso seja algo que você precisa considerar. ― Ancião Burke cruzou as mãos juntos novamente e se afastou do parapeito. ― Talvez nós precisemos olhar além de nossas diferenças para, trabalhando em conjunto, sermos um. A boca de Davan caiu aberta. Ele sentiu que estava sendo usado como o garoto-propaganda do acasalamento. Se ele e Manuel fizessem isso funcionar, um ancião fada e um shifter jaguar, então qualquer um poderia fazer. Exceto que Davan sabia que nunca iria funcionar. ― Obrigado pelo seu tempo, Ancião Burke. ― Davan deu ao homem um ligeiro aceno de respeito. ― Eu preciso voltar para o meu quarto e me preparar para a chegada de Manuel. Davan podia sentir seu coração apertado quando ele se virou e se dirigiu para a porta. O homem nunca iria entender o que ele tinha feito com seu esquema louco. Davan foi condenado, e não havia nada que pudesse fazer, além de ver sua vida desmoronar, uma peça de cada vez.


― Ele já se foi. Você pode sair. Manuel piscou surpreso. Ele não achava que o Ancião Burke sabia que ele estava lá. Ele saiu das sombras, onde estava em pé quando Davan e o ancião saíram para a varanda. Primeiramente ele ficou surpreso, em seguida irritado porque Davan violou sua palavra. Então, ele ficou intrigado quando os dois homens começaram a falar. Quanto mais ouvia, mais confuso ele se tornou. Manuel tinha certeza que, como um ancião, Davan estava em pleno apoio do plano louco que o conselho havia armado. Agora, ele não tinha tanta certeza. Davan parecia chateado com a decisão do conselho. Ele também fez enlutado. Manuel só teve uma breve olhada para o rosto Davan, e ele estava tão devastado quanto parecia. Manuel não sabia como reagir a esse olhar. Seu primeiro instinto foi se mostrar e consolar seu companheiro. Ele rapidamente reprimiu esse sentimento e tentou renovar a sua raiva para o homem, uma raiva que tinha sido acesa há quatro anos e continuava a queimar até hoje. Ele não tinha nenhuma razão para acreditar que Davan não estava jogando outro de seus jogos. ― Você ouviu o que precisava? ― Ancião Burke perguntou quando se virou para olhar em Manuel. ― Foi uma conversa esclarecedora para você? ― É óbvio que Davan discorda do que vocês fizeram aqui. Ancião Burke assentiu. ― Ele discorda. Ele argumentou contra isso desde o início. ― Então por que vocês fizeram isso? ― Manuel gritou. ― Vocês tinham que saber o que estavam fazendo era errado. ― É? ― Ancião Burke arqueou uma sobrancelha. ― Você pode me dizer honestamente que, ser acasalado a Davan não é o que você quer? ― Claro que eu posso. ― É, Manuel? Nos quatro anos desde que você o deixou, com quantas pessoas você saiu? Dez? Vinte! Cinquenta. Você consegue se lembrar


de com quantas pessoas você dormiu? ― Ancião Burke sacudiu a cabeça. ― E vocês ainda permanecem acasalados até agora. Por que isso? ― Porque eu sei como é ter seu coração arrancado do peito e pisoteado por toda parte, ― Manuel cuspiu entre os dentes. Ele cerrou os punhos o mais apertado que pôde. ― Eu nunca vou permitir que ninguém faça isso comigo de novo. ― Quem fez isso com você? ― Você sabe muito bem quem fez isso ―, resmungou Manuel. Ele apontou para trás para a porta que dava para o salão. ― Ele acabou de sair por aquela porta. ― Será que foi ele? ― Ancião Burke perguntou. ― Ou ele é apenas quem você culpa. Manuel piscou. ― Eles são a mesma pessoa. O olhar do Ancião Burke era intenso. Manuel se encolheu, sentindo-se como se o ancião pudesse ver direito em sua alma. Ele não gostava que o enxergassem tão profundamente. Isso o fazia se sentir nu. ― Bem, você certamente sabe o que está na sua própria mente. ― Ancião Burke olhou para trás, para a escuridão. ― Vá e reivindique o seu companheiro mais uma vez, Manuel. Se, pela manhã, você realmente não desejar ser acasalado a Davan, vou me certificar que o seu acasalamento seja anulado. ― Mas, você disse... ― Manuel engoliu em seco ao ouvir suas palavras. ― Você disse a Davan que nosso acasalamento não poderia ser quebrado. Você me disse a mesma coisa na noite passada. ― Eu menti. ― Mentira! ― Manuel sussurrou. ― Porque você acha que você foi convidado para a reunião? ― o ancião perguntou. ― Eu acreditei que o acasalamento de Davan seria o melhor. Eu esperava que vocês dois pudessem encontrar um terreno comum


sobre o qual construir um futuro juntos. Agora eu suspeito que eu estava errado. ― Mas você pode anulá-lo? ― Há um caminho. ― Ancião Burke assentiu. ― Mas você precisa estar muito certo, Manuel. Uma vez que o acasalamento é anulado, jamais poderá ser reparado. Você pode encontrar outro companheiro em algum momento de sua vida, mas nunca será Davan. Ele estará perdido para sempre. Manuel rosnou. Ele não gostava do medo instantâneo que entrou em seu coração com o pensamento de nunca ter o homem novamente. O simples pensamento de alguém acasalando com Davan o fazia querer rasgar algo. Manuel podia sentir suas garras começando a sair. Ele rapidamente escondeu as mãos atrás das costas para esconder a sua reação do ancião. ― Como eu sei que você não está mentindo agora? ― ele rebateu, usando o medo para abastecer a sua raiva. ― Como eu sei que você não mentiu sobre tudo isso? ― Você ouviu Davan. ― Como se ele soubesse falar a verdade. ― Manuel bufou. ― Nem tudo é o que parece, Manuel. ― Que diabos isso quer dizer? ― Isso é para você descobrir. Manuel estava mais confuso do que quando começou a falar com o ancião. Ele queria que apenas uma vez alguém lhe desse a verdade sem envolvê-lo em um enigma. Ele odiava enigmas com uma paixão. ― Ele disse que me amava. ― Ele ama. ― Como você sabe? ― Manuel perguntou. Seu coração batia mais rápido em seu peito. ― Ele podia estar mentindo. ― Nem todos que falam mentem Manuel. E nem todos os que não falam estão dizendo a verdade. Manuel revirou os olhos.


― Não é possível apenas uma vez você me dar uma resposta direta? ― Pergunte ao seu companheiro. ― O ancião começou a andar em direção à porta. ― Eu vou estar no grande salão a partir das dez da manhã, se você quiser ter o seu acasalamento anulado. Pense bem antes de decidir, Manuel. Depois de dar esse passo, você nunca mais poderá voltar atrás. Manuel viu o ancião caminhar de volta para o salão como se eles simplesmente não tivessem tido a conversa de sua vida. Ele simplesmente ficou lá e olhou por muito tempo, sem saber o que fazer. Ele não sabia se iria encontrar Davan ou perseguir o ancião e anular o acasalamento agora. Manuel enfiou as mãos nos bolsos e começou a andar. Ele tinha um monte para pensar e fazer. Sim, ele detestava ser forçado a ter Davan como companheiro. Sim, ele odiava o que Davan lhe fizera há quatro anos. Somente a memória mesmo já corroía a sua alma. Mas ele odiava Davan o suficiente para anular seu acasalamento? Ele pensou que sim, mas agora não tinha tanta certeza. O pensamento de nunca ter Davan em seus braços novamente o fez sentir como se alguém estivesse rasgando seu coração através de sua costela novamente. Se fosse honesto consigo mesmo, Manuel ainda se preocupava com Davan. Ele precisava do homem, com cada respiração que dava. Memórias do que eles tiveram antes das fotografias chocantes arrancarem ainda o assombravam a todo o momento. Eles haviam sido perfeitos um para o outro. Ele passou noite após noite tentando afogar as memórias com qualquer pedaço de bunda que ele poderia encontrar. Na maioria das vezes, ele nem sequer pediu um nome, esquecendo a pessoa que ele tinha fodido quase tão logo as memórias de Davan retornavam. Tanto quanto ele queria Davan, Manuel não tinha certeza se podia confiar nele. Mas talvez houvesse um compromisso em algum lugar. Talvez Manuel prendesse Davan em uma sala que só ele tivesse a chave. Isso era um compromisso.


Manuel riu com o pensamento. Prender Davan longe, onde ninguém poderia tocá-lo parecia uma ideia muito, muito boa para ele. Davan não poderia ser infiel e Manuel poderia ter o homem a qualquer hora que ele quisesse. A ideia estava soando melhor e melhor a cada segundo que passava. Manuel parou de repente, quando o doce aroma de seu companheiro entrou em seu sistema. Ele olhou ao redor e riu, percebendo que ele tinha andado direto para o corredor que levava aos aposentos de Davan. Ele caminhou pelo corredor em um ritmo casual. Ele não queria parecer demasiado ansioso para ver Davan, mesmo que ele estivesse. Seu coração batia um pouco mais rápido. Sua respiração saía em pequenos arquejos. Sua pele começou a formigar, como se ele precisasse mudar, mas não estivesse completamente pronto para isso. Quanto mais próximo de porta de Davan ele estava, mais ansioso ele se sentia. Ele tinha que estar fora de sua mente para até mesmo considerar manter Davan. O homem não tinha trazido nada além de miséria. O que ele estava pensando? Mesmo a sua família o repreendeu quando ele falou sobre Davan. Constantemente o lembravam dos seis meses de delírio bêbado que Manuel tinha passado depois de deixar Davan. Trouxeram isso com frequência suficiente, especialmente seu pai e irmão mais velho. Eles nunca o deixavam esquecer como ele tinha sido traído por um fada. Manuel passou a maior parte dos últimos quatro anos tentando compensar a perda do orgulho que sua família sentia por ele. Não importava o que ele fizesse, nada parecia ser suficiente. Eles sempre se lembravam de que ele tinha permitido a traição de Davan acontecer. Manuel rangeu os dentes e acenou para os dois guardas do lado de fora da porta de Davan. Ele odiava os guardas. Ele sabia que eles estavam lá para a segurança de Davan, mas ele odiava. Era seu dever proteger seu companheiro, mesmo que ele não iria tê-lo por muito tempo.


Manuel abriu a porta e entrou, fechando a porta calmamente e olhou ao redor da sala grande. Estava estranhamente silenciosa. Manuel não podia ajudar, mas se perguntar se Davan tinha fugido em vez de esperar por ele aqui. Um pequeno ruído na direção do quarto de Davan pegou o interesse de Manuel. Manuel tirou os sapatos e, em seguida, seguiu o som, andando nas pontas dos pés para que não fizesse nenhum barulho. Se alguém estivesse no quarto de Davan, Manuel queria que sua entrada fosse uma surpresa. Ele entrou na porta do quarto de Davan e quase engoliu a língua. Manuel agarrou a borda da porta e tentou evitar cair para o chão, enquanto todo o sangue em seu corpo se reuniu em sua virilha, fazendo seu pênis doer e pulsar. Davan estava situado no meio de sua cama grande em suas mãos e joelhos. Suas asas translúcidas estavam planas em suas costas. Sua cabeça estava enterrada no travesseiro abaixo dele. Sua bunda estava inclinada para cima no ar. E que bunda linda era, toda lubrificada e esticada com um plugue anal. Manuel enfiou a mão em sua boca para não gemer em voz alta na bela visão. Davan tinha feito exatamente o que ele lhe disse para fazer. Ele estava preparado e esperando para ser fodido por seu companheiro. Manuel só tinha de decidir se ele ia manter Davan como seu companheiro. A visão deslumbrante diante dele estava fortemente o inclinando na direção de prender Davan em uma sala com apenas uma janela. ― Davan. ― Estou pronto.

Capítulo Cinco


Davan podia sentir Manuel olhá-lo. O olhar intenso do homem quase queimava a sua pele. Davan fechou os olhos tão apertados quanto podia, enquanto Manuel se aproximava da cama. Ele não queria olhar. Ele não podia ver a censura nos olhos de Manuel enquanto o homem transava com ele, não mais. Ele só queria que Manuel fizesse o que tinha vindo fazer e, em seguida, saísse. Então, e só então, Davan poderia cuidar de seu coração partido. A respiração de Davan ficou presa na garganta quando ouviu o barulho de roupas sendo retiradas. Ele agarrou os lençóis debaixo dele enquanto seu corpo começava a traí-lo. Apenas um único cheiro do perfume almiscarado e masculino de Manuel ou um toque de sua mão e Davan estaria pronto para se comportar como a puta que o homem achava que ele era. O ruim era que Manuel não entendia que seu corpo só reagia assim com ele. Davan não era estúpido. Ele sabia que Manuel acreditava, assim como todos, que fadas não podiam ser fiéis. O que Manuel não percebia era que fadas não eram muito seletivos sobre com quem dormiam, até que acasalavam, e então eles só tinham relações sexuais com seu companheiro. Davan não só teria sido fiel a Manuel, ele havia sido fiel a ele. Ninguém nunca tinha o tocado, exceto Manuel. Ninguém jamais faria. Quando Davan se comprometeu com Manuel, há quatro anos e o reivindicou com pó de pirlimpimpim, havia feito de Manuel seu companheiro para sempre, somente ele. Davan não pode mais suportar o toque de outro, ele preferia cortar a sua cabeça. Mas nada disso importava para Manuel. Ele tinha suas convicções de como as fadas agiam, e essas crenças incluíam Davan. Ele nunca iria acreditar que Davan tinha sido fiel. E ele não parecia se importar de qualquer maneira, então não havia nenhuma razão para Davan discutir o fato. A cama caiu quando Manuel subiu. Davan rapidamente empurrou o lençol em sua boca para não gritar. Seu corpo doía por ser tocado, ser amado,


e Davan estava próximo à mendicância. Ele seria inacreditavelmente humilhado se não pudesse manter suas palavras para si mesmo. Davan apertou os olhos mais apertados quando sentiu o toque das mãos de Manuel em seu quadril, deslizando para baixo em direção à sua bunda. O mero golpe dos dedos de Manuel em sua pele o fez tremer e estremecer. Manuel com certeza percebeu. ― Olhe como você está bonito, todo esticado para mim ―, sussurrou Manuel. Davan choramingou. Ele não seria capaz de aguentar isso por muito mais tempo. Se Manuel não se apressasse e o fodesse, Davan ia começar a mendigar. Ele não seria capaz de se conter. Ele queria Manuel demais. O som do tapa que Manuel deu em sua bunda ecoou ao redor do quarto, seguido quase imediatamente de um gemido baixo de Davan. Ele não podia acreditar que Manuel o tinha castigado. O homem nunca tinha feito nada parecido antes. Davan pressionou o rosto no travesseiro quando sentiu Manuel agarrar as bochechas de sua bunda e separá-las. Ele sabia que Manuel estava olhando para o plugue em seu buraco. Ele só esperava que Manuel não percebesse o quanto ele tremia com o seu toque. ― Esta é uma grande surpresa, mas não uma indesejável ―, Manuel disse e puxou o plugue. ― Talvez você devesse usar isso mais frequentemente. Davan não podia se manter por mais tempo quando Manuel começou a manipular o plugue, puxando-o para fora de sua bunda e, em seguida, empurrando-o de volta com uma torção má. Deixou cair o lençol de sua boca e jogou a cabeça para trás para soltar um grito de necessidade. ― Ah, isso é o que eu queria ouvir, ― Manuel murmurou. Davan clamou outra vez quando o plugue foi subitamente retirado de seu buraco e substituído pelo pau duro de Manuel. Como ele já estava


esticado, Manuel foi capaz de afundar direto até a raiz no primeiro impulso. Seu pênis encheu cada centímetro da bunda de Davan. Davan gemeu e começou a se mover, espetando-se no pau de Manuel. Ele tinha que ter mais. Ele precisava ser preenchido uma e outra vez até que ele não sentisse mais nada, além do comprimento total do homem empurrando para dentro dele. ― É isso mesmo, mi amor ― rosnou Manuel. ― Foda-se no meu pau. Mostre-me o que você quer. ― As palavras de Manuel, faladas duramente, dirigiram a excitação de Davan para novos níveis, mesmo o apunhalando direto no coração. Mi amor...Manuel não quis dizer isso, e Davan sabia disso. Ele simplesmente não podia negar a sua necessidade de ouvi-las. Davan empurrou para trás, saudando seu companheiro em seu corpo enquanto Manuel batia nele. Ele precisava de Manuel como precisava de ar. Quanto mais impulso Manuel tomava, mais Davan foi arrastado para baixo em um abismo cheio de luxúria, um lugar do qual ele nunca queria retornar. Sentiu suas asas levantarem e começarem a se agitar. Era um sinal claro de que o orgasmo dele estava a apenas momentos de distância. ― Você é tão apertado, mi amor. Eu não vou durar muito mais tempo. O coração de Davan doía com essas palavras. Ele sabia que uma vez Manuel gozasse, ele o deixaria novamente e ele ficaria com nada além de um coração dolorido e um corpo cansado. Ele simplesmente não conseguia detê-lo. Ele precisava ser reivindicado tanto quanto Manuel precisava reclamá-lo. Davan sentiu as lágrimas deslizar pelo seu rosto quando os dentes de Manuel afundaram no ponto macio entre seu pescoço e ombro. Ele gritou enquanto o mais profundo prazer que ele nunca tinha sentido varreu seu corpo e o saturou em êxtase. Ele ouviu o estrondo distante de Manuel quando o homem encontrou sua própria conclusão. Ele sentiu o calor preencher o seu buraco, o


reivindicando por dentro, assim como os dentes de Manuel o reivindicaram do lado de fora. Davan caiu na cama, os braços se agitando, incapazes de manter por mais tempo. Ele virou a cabeça para o lado, longe de Manuel quando o homem saiu de dentro dele e caiu ao seu lado. Davan agarrou o lençol, enquanto esperava Manuel ir embora. Ele mal podia sentir seu coração batendo em seu peito e perguntou se ele ia lentamente parar de bater completamente. Não fazia sentido. Ele sentiu como se estivesse morrendo. ― Eu ouvi você falar com o Ancião Burke. Davan congelou. Seus olhos se abriram enquanto ele prendia a respiração e esperava que Manuel dissesse outra coisa, porque ele sabia o que estava por vir. ― Ele me disse que mentiu para nós ―, Manuel continuou. ― Há uma maneira de anular o nosso acasalamento. Vou encontra-lo no salão de baile às dez da manhã, e ele vai cuidar disso. Davan não conseguiu impedir um soluço de escapar, e sentiu como se tivesse parado de respirar. Ele enfiou a mão em sua boca e tentou ficar quieto, mas ele sabia que não funcionou quando ele sentiu Manuel se inclinar por cima dele. ― Você esta chorando? ― Não, claro que não ― Davan se afastou de Manuel e tentou fugir para a beirada da cama. Fuga era a única coisa em sua mente. ― Estou feliz que você finalmente encontrou uma solução para nosso problema. Davan ganiu quando de repente ele foi puxado para trás e pressionado contra o colchão. Ele começou a lutar, mas Manuel pegou as suas mãos agitadas e as colocou na cama. Davan se arqueou quando Manuel montou nele, tentando fazer com que o homem grande saísse de cima dele. Ele não fez isso bem.


― Você está chorando. ― A testa de Manuel se enrugou quando ele a franziu. ― Por quê? Humilhado, Davan virou o rosto. Isso não importava. ― Merda! ― Manuel gritou. ― Eu quero saber por que você está chorando, Davan. ― Vá se ferrar. ― A cabeça de Davan estalou em torno. Seus olhos se estreitaram quando ele olhou para Manuel. ― Você não merece saber. ― Porra, Davan, eu posso ficar aqui a noite toda se eu precisar. Davan apertou os lábios. Ele não ia dizer nada para Manuel. O homem poderia apodrecer no inferno antes que ele proferisse uma palavra. ― Eu juro Davan, vou amarrá-lo e torturá-lo se eu tiver que fazer. ― Eu fui torturado antes, por uma pessoa maior e mais forte do que você ―, Davan cuspiu. ― Se eu pude sobreviver a isso, posso sobreviver a você. Davan estava confuso pelo súbito empalidecimento da face de Manuel. Certamente o homem sabia a quem ele se referia. Foi ele quem ordenou. Ele mostrou a Manuel as cicatrizes em suas costas. ― Quem torturou você? ― Manuel rosnou. ― Eu vou matá-lo. Davan engoliu o nó na garganta quando ele viu os olhos de Manuel escurecer e ficarem pretos. Ele podia ver a estimulação do Jaguar em segundo plano e sabia que estava mais perto da superfície. Talvez Jaguar fosse sair e rasgá-lo em pedaços, e assim, salvá-lo de um monte de problemas. ― Eu quero uma resposta de merda, Davan! ― Manuel gritou enquanto balançava Davan pelos braços. ― Quem torturou você? ― Você ― sussurrou Davan enquanto o seu coração quebrava novamente. Ele ainda se lembrava da angústia que o tinha enchido ao saber que Manuel havia ordenado que ele fosse torturado. Davan queria simplesmente ver Manuel, falar com ele. Manuel queria que Davan fosse embora e nunca mais voltasse, e ele tinha o plano perfeito em mente para conseguir isso. Para


Davan não importava que tivesse sido o pai de Manuel e irmão mais velho que tinham realizado a tortura. Manuel ainda deu a ordem. A boca de Manuel se escancarou. Ele olhou para Davan por um momento, e então começou a rir baixinho. ― Oh, você tinha me convencido por um minuto. Eu realmente acreditava que você havia sido torturado. Vou te dar isso. Você é um ator muito bom. ― Eu não estou mentindo. ― Certo ― Manuel bufou. Davan franziu a testa. Ele sentiu que estava perdendo a cabeça. ― Você quer ver meus registros médicos? ― Os registros podem ser forjados. ― Gostaria de ver as fotos dos meus ferimentos, então? Tenho certeza de que posso encontra-las. ― Você tem fotos? ― O conselho de anciãos disse precisava ser feito um registro das minhas lesões no caso de eu decidir fazer acusações contra você e sua família para o que vocês fizeram para mim. O que incluía fotos. ― Espere um minuto, porra. ― Manuel soltou os braços de Davan e se sentou. ― O que minha família tem a ver com isso? Os olhos de Davan se arregalaram na confusão total escrita em cada linha do rosto de Manuel. Ele levantou-se e, em seguida, fugiu para longe, quando Manuel se afastou. Davan pegou sue pijama do chão e o vestiu. Uma vez que ele estava suficientemente coberto, Davan se levantou e começou a andar pela sala. Sentiu-se tão confuso quanto Manuel. Ele ouviu a voz de Manuel, enquanto ele estava sendo torturado. Ele tinha visto o homem com seus próprios olhos. Ele sabia, sem sombra de dúvida que Manuel ordenou que ele fosse torturado. Ele só não entendia por que Manuel não se lembrava disso. ― Davan, eu lhe fiz uma pergunta. ― Eu não tenho certeza se tenho uma resposta para você.


― É simples, Davan. Quem torturou você, e o que minha família tem a ver com isso? ― Sua família me torturou. ― Davan passou a mão pelo rosto, de repente, se sentindo muito cansado. ― Eles me amarraram em seu celeiro. Eles me bateram e me chicotearam até que eu não era nada além de uma confusão sangrenta. Depois de me deixarem pendurado por vários dias sem comida e água, eles finalmente me deixaram ir com a promessa de que eu nunca iria tentar vê-lo novamente. ― Agora eu sei que você está mentindo! ― Manuel gritou quando pulou da cama e pegou o jeans. Davan apenas ficou lá olhando Manuel se vestir. Ele tinha uma grande surpresa para mostrar para o homem uma vez que ele estivesse vestido. Davan caminhou até a porta e fez um gesto com a mão. ― Siga-me! Davan ouviu os passos pesados de Manuel atrás dele. Ele foi direto para seu escritório e até uma pequena caixa pousada no chão ao lado da estante. Davan levantou o caixa e a levou até sua mesa. Ele respirou fundo e, em seguida, abriu a caixa. Tudo o que tinha qualquer ligação com Manuel estava nesta casa, incluindo os registros médicos de Davan. Davan procurou através da caixa até que sentiu o arquivo pesado com a mão. Ele o levantou e o colocou sobre a mesa, diante de Manuel. Davan fechou a caixa e se afastou enquanto Manuel começava a folhear o prontuário médico. Ele caminhou até a pequena garrafa de cristal e se serviu de uma bebida. Colocando a tampa de volta na garrafa, Davan se virou e encostou-se à mesa ao lado. Ele tomou um gole do líquido âmbar escuro, enquanto observava o rosto de Manuel escurecer. ― Como diabos você sobreviveu a isto? ― Manuel sussurrou. Davan olhou para baixo para ver Manuel olhando para uma das piores imagens. Ela havia sido tirada momentos após ele ter chegado em um pequeno centro médico à procura de ajuda. ― Eu quase não sobrevivi. Eles


tiveram que trazer um curador especial fada para me manter vivo. Eu ainda estava de cama nos seis meses seguintes. Manuel de repente se sentou na cadeira tão rápido que parecia que suas pernas não tinham forças para apoiá-lo. ― Eu não ordenei isso, Davan. Eu nunca mandaria ninguém fazer nada para te machucar. ― Eu não acredito em você. ― Eu não estou mentindo, Davan. Eu juro. Isto... ― Manuel acenou com as mãos para as fotos sobre a mesa. ― Isso está errado. Não importa o quanto eu estava zangado com você eu nunca teria feito isso. ― Então eu acho que estamos em uma encruzilhada. ― Davan descansou a borda do copo contra os lábios por um momento. Ele não via nenhuma maneira de sair disto. ― Você acredita que eu estou mentindo, e eu acredito que você está mentindo. ― Eu tenho fotos também, e não há nenhuma maneira de elas serem refutadas. ― Manuel de repente se levantou e saiu correndo da sala. Davan ficou olhando a porta por um momento e então suspirou. Ele tomou o resto do uísque em seu copo e, em seguida, o colocou sobre o aparador. Ele se aproximou e reuniu o arquivo, colocando de volta na caixa grande. Não havia razão para manter essas coisas fora, o insultando. Davan teve apenas um momento para esfregar a mão pela camisa de algodão macia que jazia dobrada na caixa, uma camisa que Manuel tinha deixado para trás quando ele o deixou há quatro anos. Davan não tinha teve coragem de jogá-la fora. Em vez disso, ele a guardou em sua caixa de memórias e a puxava para fora quando ele precisava cheirar algo que tinha cheiro de Manuel. Curioso, ele a tirou da caixa e a trouxe ao nariz. Ele respirou fundo e gemeu. Ainda cheirava a Manuel mesmo depois de todos esses anos. Davan fechou os olhos por um momento e apenas respirou o perfume inebriante. Era


um cheiro que ele achava que jamais esqueceria, mas às vezes ele só precisava ser lembrado. ― O que você está fazendo? Davan saltou e abriu os olhos quando Manuel falou. Ele podia sentir o seu rosto se colorir freneticamente enquanto ele rapidamente dobrou a camisa e a colocou de volta na parte inferior da caixa. ― Nada ―, ele disse quando levantou a caixa e a levou de volta ao seu lugar de descanso. Manuel ainda estava de pé na porta olhando para ele quando Davan virou. Davan desviou o olhar, o olhar de Manuel estava muito intenso. Ele apertou as mãos para impedir-las de tremer. Isso não pareceu ajudar. Elas só se agitaram mais. ― Eu quero que você olhe para estas fotos e me diga por que eu deveria acreditar em você, ― disse Manuel enquanto largava um envelope sobre a mesa. Davan olhou para Manuel por um momento e, em seguida, caminhou até a mesa. Ele abriu o envelope e o esvaziou sobre a mesa. O conteúdo era à primeira vista de dos dois homens fazendo sexo fez Davan inalar acentuadamente, especialmente quando ele teve um bom olhar para o homem louro. ― Este sou eu ―, Davan sussurrou. ― Mas como... ― Eu sabia! ― Manuel rosnou. ― Não, você não entende ―, disse Davan desesperadamente quando olhou para cima. ― Isso simplesmente não é possível. Eu nunca dormi com ninguém além de você. Manuel apontou para as fotografias. ― Essas fotos provam o contrário. ― Então elas foram forjadas ou... ― Assim como eu disse os seus registros médicos foram forjados, lembra?


Davan não sabia o que dizer para que. Manuel estava certo. Ambos acreditavam que estavam certos, e ambos acreditavam que o outro estava mentindo. Não parecia haver nenhuma maneira de provar o contrário. Davan sentiu as lágrimas encherem seus olhos enquanto ele se virava para olhar para as imagens novamente. Não havia maneira nenhuma que fosse ele nas imagens. Ele sabia que era um fato. Ele sabia... Davan inalou bruscamente quando avistou algo que faltava nas fotos. ― Esse não sou eu ―, Davan sussurrou. Ele olhou para Manuel e lhe estendeu a imagem. ― Esse não sou eu, Manuel. Olhe. Manuel franziu a testa e pegou a fotografia. Ele a examinou rapidamente antes de olhar para trás em Davan. ― Para mim ele se parece com você. ― Parece comigo, mas não é. ― Davan apontou para o homem loiro. ― Eu tenho uma marca de nascença na minha coxa, lembra? Você sempre a lambeu quando estávamos brincando. ― Ele bateu na foto. ― Este homem não tem uma marca de nascença. Esse não sou eu. Davan estendeu a mão para o resto das fotos e começou a passar por elas. Quanto mais ele olhava, mais ele tinha certeza de que não era ele. Davan começou a distribuir as fotos para Manuel uma de cada vez, apontando para a área onde o sinal de nascença deveria estar. ― Não sou eu, Manuel. Eu juro. Eu nunca estive com ninguém além de você. Manuel de repente cambaleou para trás, em direção à cadeira. Ele se sentou, errando a cadeira, e caiu no chão. As fotos escorregaram para o chão em sua volta. Manuel apenas olhou para Davan, choque escrito por todo o rosto pálido. Davan correu para o aparador e derramou um copo de uísque. Ele rapidamente o levou para Manuel e segurou o copo em seus lábios até que o homem tivesse bebido uma boa parte dele. Davan colocou o copo sobre a mesa e, em seguida, se ajoelhou ao lado de Manuel.


― Eu... eu... ― Manuel tinha lágrimas em seus olhos quando ele olhou para Davan. ― Todos esses anos, como eu pude perder esse detalhe? Algo tão simples e eu perdi. Davan encolheu os ombros. ― Talvez você não estivesse olhando. ― Eu olhei essas fotos mil vezes, Davan. Eu as mantive comigo para lembrar que eu nunca seria traído assim novamente. Davan agarrou a mão de Manuel na sua. ― Eu não traí você, Manuel. ― Eu sei disso agora. Acabei de... ― os olhos de Manuel de repente se arregalaram. As lágrimas se derramaram sobre suas bochechas. Ele estendeu a mão para Davan, o prendendo em seus braços. ― Oh meu deus, Davan, a minha família. Eles realmente o torturaram, não é? ― Sim ―, sussurrou Davan, com um nó na garganta. ― Eu não ordenei isso, Davan. Eu nunca teria feito isso. Davan grunhiu quando Manuel lhe apertou com mais força. O homem não conhecia sua própria força. Ainda assim, era bom estar nos braços de Manuel e não ser acusado de ser infiel. ― Eu juro mi amor, eu não fiz isso. Davan cuidadosamente se soltou dos braços de Manuel e se empurrou para longe. Ele mordeu o lábio, enquanto considerava o homem, sem saber como resolver o problema entre eles. Essa não era uma resposta que ele facilmente podia ver. ― Você me deu uma chance para provar que eu era inocente. Agora eu estou te dando a mesma oportunidade. Eu sei o que vi e sei o que eu ouvi. Prove-me que estou errado. ― Davan engoliu em seco. “Por favor.”


Capítulo Seis O coração de Manuel doía ao ver o desespero no rosto de Davan. Ele estendeu a mão e agarrou seu companheiro, puxando-o de volta em seus braços. O espaço entre eles, até mesmo alguns centímetros, era demais para suportar. Manuel precisava sentir Davan em seus braços mais uma vez e reconhecer que homem não o havia traído. Sua mente ainda estava abalada com a ideia de que todos esses anos de solidão tinha sido sua culpa. Se ele tivesse tomado um tempo para conversar com Davan, talvez até mesmo confrontá-lo quando ele descobriu as fotos, nada disso teria acontecido. Não, ele tinha que correr como um covarde, muito ferido para dizer qualquer coisa. E ele pagou o preço por essa decisão por não ter Davan em sua vida nos últimos quatro anos. Isso era algo que Manuel sabia que nunca poderia corrigir, mesmo se Davan o perdoasse. ― Estou tão, tão triste, Davan, ― Manuel sussurrou contra o lado da cabeça do Davan. ― Algum dia, quando eu ganhar sua confiança de volta, eu vou pedir o seu perdão. Eu sei que depois de tudo o que eu o acusei eu não mereço isso, mas... Davan inclinou a cabeça para trás. ― Eu te perdoo! Manuel sorriu tristemente. ― Eu não me perdoo. Eu deveria ter acreditado em você e não assumido automaticamente que você era culpado. Davan olhou para as fotos espalhadas pelo chão. ― Eu acho que você tinha o direito de supor que eu era culpado. Eu também pensei que era eu, quando eu vi pela primeira vez. Manuel franziu a testa e pegou uma das fotos.


― Eu ainda não sei quem deslizou estas fotos debaixo da minha porta ou por que o cara nelas se parece tanto com você. Obviamente, alguém queria nos separar. ― Bem ―, Davan disse e pegou a foto de Manuel ―, posso lhe dizer quem está na foto, mas eu não posso dizer quem as deslizou sob sua porta. ― Quem? ― O interesse de Manuel foi despertado. ― Meu irmão, Dorian. ― Davan arqueou uma sobrancelha enquanto bateu na foto com o dedo. ― Meu irmão gêmeo idêntico. A única maneira que meus pais poderiam nos diferenciar era por causa da marca de nascença na minha coxa. Então, quem tirou estas fotos não sabia sobre isso. ― Você tem um irmão gêmeo? Davan assentiu. ― Por que você nunca me contou? ― Porque eu estava muito ocupado em me apaixonar por você. Pensar sobre o meu irmão estava muito abaixo na minha lista de prioridades. Manuel ingeriu. O nó em sua garganta estava ameaçando fechar o ar de seus pulmões. Ele podia sentir seu coração batendo mais rápido assim que ele tomou a coragem de fazer a pergunta que tinha estado flutuando em sua mente desde sempre. ― Você ainda me ama? Manuel podia ver a incerteza nos olhos Davan antes dele desviar o olhar. Ele não podia ter isso. Ele tinha feito Davan sofrer bastante. Era o momento para ele sair e ser um homem. Manuel estendeu a mão e segurou o rosto de Davan, inclinando sua cabeça para cima. ― Eu te amo, Davan Solaris. Eu sempre amei você. Mesmo quando estávamos separados e eu pensei que você tinha me traído, eu ainda te amava. É por isso que eu estava com tanta raiva. Eu me senti como se meu coração estivesse sendo arrancado do meu peito. Manuel podia ver os olhos Davan se encherem com cada palavra que ele disse. Ele esperava que Davan aceitasse suas palavras, mas se ele não


aceitasse, Manuel entenderia. Ele tinha regiamente fodido tudo. Ele não tinha certeza se que ele poderia perdoar a si mesmo. Ele certamente não esperava que Davan o perdoasse, até que ele disse. Manuel não tinha a mesma sorte. ― Manuel, eu... ― Davan mordeu o lábio e desviou o olhar. O coração de Manuel gelou. E se ele tivesse feito muito dano? Ele podia ver que Davan estava perturbado pela maneira como ele torceu as mãos juntas. Ele sabia que não tinha o direito de perguntar se Davan ainda o amava, mas ele não poderia se conter. Claro, ele tinha certeza se ele poderia continuar a viver se Davan dissesse que não. Estar sem Davan tinha sido duro o suficiente, mas ele sempre guardou um pequeno pedaço de esperança de que Davan ainda o amava. Talvez ele estivesse errado. ― Você não precisa dizer nada ―, Manuel disse rapidamente, principalmente para sua própria autopreservação. ― Eu só queria que você soubesse como eu me sinto. ― Eu ainda te amo. Davan sussurrou tão baixo que Manuel quase não o ouviu. Quando as palavras começaram a fazer sentido em sua cabeça, Manuel quase gritou de felicidade. Em vez disso, ele apertou o seu abraço sobre Davan e enterrou o rosto em seu cabelo macio. ― Obrigado ―, Manuel sussurrou. ― Mas isso não significa que eu estou pronto para estar com você novamente. O peito de Manuel se contraiu quando ele levantou a cabeça. Ele afrouxou os braços em torno de Davan. ― Entendo. ― Não, eu não acho que você entende. O que você fez quase me destruiu, física e mentalmente. Eu não estou pronto para deixá-lo voltar para a minha vida só porque de repente você acredita em mim. Eu não posso simplesmente esquecer toda a mágoa.


Manuel engoliu em seco, o nó em sua garganta aumentando. ― Eu sei. ― Não, você não sabe. Manuel se sentiu perdido quando Davan de repente se empurrou para longe dele e se levantou. Ele viu enquanto a frustração de Davan veio à tona enquanto o homem começou a andar com raiva no chão, suas mãos apertadas em punhos. Suas asas tremiam nas costas. ― Eu perdi tudo, minha casa, minha família, todos os meus amigos. Tudo. Uma das únicas coisas que me salvou foi ter me tornado um Ancião. Isso me deu algo para fazer, algo para me manter ocupado. E agora você está tentando tirar isso de mim também. ― Se você quer ser um ancião, seja um ancião. ― Manuel agitou as mãos ao redor da sala. ― Eu vou arrumar minhas coisas e trazer para cá. Nós podemos viver juntos aqui. Desde que estejamos juntos, eu não me importo. ― Isso é fácil de dizer agora que você sabe as regras do acasalamento, mas você estaria tão ansioso para se mudar se não estivéssemos acasalados sob essas circunstâncias? ― Sim ―, Manuel disse sem hesitação. Ele não se importava onde eles iam morar desde que Davan estivesse ao seu lado. Ele riu quando Davan derrapou até parar e olhou para ele com surpresa. ― Sim, eu ficaria com você, não importa o quê. Davan apenas piscou. Manuel abaixou e se ajoelhou diante de Davan, olhando em seus olhos. ― Quatro anos atrás eu estava pronto para me comprometer com você. Eu te amava e queria passar o resto da minha vida com você. Mas eu pensei que você havia me traído, então eu protegi meu coração e corri. Davan revirou os olhos. ― Bem, isso foi estúpido.


Manuel riu. ― Sim, foi. Eu deveria ter te confrontado quando eu achei essas fotos. Eu teria nos poupado muita dor de cabeça, mas eu não fiz. Eu tomei a decisão errada e isso nos custou muito caro. ― Talvez mais do que você pensa ―, Davan sussurrou. Manuel franziu a testa. Ele não gostava do som disso. ― O que você quer dizer com isso? Davan apertou os lábios e balançou a cabeça. Manuel podia ver que Davan não estava pronto para lhe dizer qualquer segredo que ele mantinha escondido. Ele sabia que tinha que esperar Davan voltar a confiar nele o suficiente para compartilhar. ― Diga-me o que aconteceu com a minha família ―, ele pediu. Os olhos de Davan se arregalaram por um momento, e então ele afastou e começou a andar novamente. ― Fui me encontrar com você. Eu precisava saber o que tinha acontecido. Por que você... ― Davan ingeriu. ― Eu precisava saber por que você me deixou. ― O que aconteceu, Davan? ― Seu pai me encontrou na porta da frente. Ele estava com raiva, Manuel. Eu não sei o que você disse a ele sobre mim, mas ele estava muito irritado. Quando pedi para falar com você, ele disse que não. Ele me disse para ir embora. ― Quanto tempo depois que eu o deixei você veio me encontrar? ― Mais ou menos dois meses. ― Davan olhou para suas mãos enquanto ele torcia os dedos. ― Eu tive que encontrá-lo primeiro. Você nunca me disse exatamente onde você vivia, por isso demorei um pouco para localizá-lo. ― Sinto muito! Davan apenas deu de ombros, em seguida, se aproximou para olhar para fora da janela. Manuel distraidamente notou que Davan parecia passar


muito tempo olhando pela janela, especialmente quando ele estava chateado com alguma coisa. ― Eu exigi vê-lo. Eu me recusei a sair até que eu o visse. Seu pai voltou para a casa, mas ele deixou a porta aberta. Eu podia ouvi-lo falar com você. Eu mesmo vi você andar de um quarto para o outro. Eu ouvi você dizer ao seu pai que você nunca mais queria me ver, para ele me fazer ir embora. ― Davan riu asperamente enquanto olhava por cima do ombro. ― Então, ele me fez ir embora. Os tentáculos do medo começaram a subir pela espinha de Manuel. ― O que eles fizeram para você, Davan? Diga-me... ― Eles me arrastaram para o celeiro, seu pai e seu irmão. Eles amarraram as minhas mãos em um gancho no teto e começaram a me bater. Depois de algum tempo, eles passaram a usar seus punhos. E então eles me deixaram pendurado lá por dias. ― Davan se virou para olhar pela janela novamente. ― Só quando eu prometi nunca mais tentar vê-lo novamente eles me deixaram ir. Eu fui jogado em alguma vala a poucos quilômetros da cidade. Eu não me lembro de muita coisa depois disso, apenas rastejando pelo caminho em direção da próxima luz que eu podia ver. Felizmente, era uma espécie de posto médico gerido por outro shifter. Ele me tratou e me mandou de volta para casa. Passei os próximos seis meses na cama. Manuel se sentou sobre seus joelhos. Suas mãos cerradas em punhos sobre suas coxas, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Depois de ouvir o que Davan tinha a dizer, Manuel sabia que não havia nenhuma maneira que ele poderia pedir seu perdão. Ele não merecia isso. ― Sinto muito, Davan. Eu sei que não é suficiente. Nunca será o suficiente, mas eu sinto muito. ― Os olhos de Manuel correram ao redor do quarto enquanto ele lentamente se levantava. ― Eu ainda vou encontrar o Ancião Burke pela manhã, se for isso que você quer.


Dizer essas palavras feriu Manuel, mas ele sabia que tinha que dizêlas. A decisão tinha que ser de Davan. Manuel nunca forçaria o homem. Ele já tinha feito bastante dano. ― Vou fazer o que você quiser que eu faça. ― Você acredita em mim. Davan soou tão surpreso que Manuel se virou para olhar para ele. ― Claro que eu acredito em você. ― Claro! ― Davan gritou. ― Não há um 'claro' sobre isso. Você não acreditou em mim em quatro anos. Por que você deveria acreditar em mim agora? ― Não há nenhuma razão, eu acho, exceto que eu acredito. ― Manuel se afastou da raiva queimando nos olhos do Davan. Seus passos estavam pesados quando ele se dirigiu para a porta. ― Vou falar com o ancião amanhã. ― Vai fugir de novo, Manuel? Manuel agarrou a beirada da moldura da porta e inclinou a cabeça contra a madeira dura. ― Eu não estou fugindo, Davan, eu apenas... ― Ele apertou os lábios quando suas palavras ameaçaram se transformar em soluços. Como ele poderia explicar a angústia acontecendo dentro dele, quando ele mal entendia a si próprio? Depois de todos esses anos acreditando que Davan o havia traído, de repente ele sabia, sem sombra de dúvida que Davan nunca havia mentido para ele, sobre nada. Manuel se virou e encostou-se à parede, deslizando para o chão em seguida. Ele dobrou os joelhos até o peito e descansou os braços no topo. Ele baixou a cabeça e olhou para trás em direção a Davan. ― O que você quer que eu faça? Lute? ― Manuel perguntou em voz baixa. ― Diga-me e eu vou fazer. Davan pareceu atordoado por um momento, e então ele xingou baixinho e se virou para caminhar até a janela novamente. Manuel assistiu


Davan esfregar a parte de trás do seu pescoço como se toda a tensão na sala estava reunida lá. Ele se levantou e atravessou a sala de estar atrás de Davan. Ele podia ver Davan observá-lo no reflexo na janela. Manuel levantou as mãos e começou a massagear os ombros de Davan. Ele sorriu quando Davan gemeu. Davan fechou os olhos e inclinou sua cabeça para trás sobre seus ombros. Manuel podia sentir os músculos tensos sob suas mãos começarem a relaxar. Os pequenos sons de prazer que Davan emitia estavam o deixando louco. Manuel queria que os gemidos fossem para ele, mas sabia que não eram. Davan não tinha razão para o querer, não depois de tudo o que tinha feito. ― Nós temos uma chance, Davan? ― Manuel murmurou. Ele imediatamente sentiu a tensão voltar aos ombros de Davan e gostaria que tivesse ficado de boca fechada, mas o estrago já estava feito e ele imaginou que poderia muito bem continuar. ― Podemos fazer isso, ou você quer que eu vá procurar o Ancião Burke? ― Eu tenho que decidir isso? ― Davan perguntou, abrindo os olhos para olhar para o reflexo de Manuel na janela. ― Eu vou fazer o que você decidir. ― Por quê? ― Porque eu já te machuquei o suficiente. ― Manuel sentiu as lágrimas picando o canto dos olhos. ― Eu te amo, Davan, e eu quero ficar com você, mas se você não puder me perdoar pelo que eu fiz, eu vou entender. Não vou forçá-lo a ficar comigo. Os olhos de Davan se arremessaram para longe, mas não antes de Manuel ver as lágrimas neles. ― Por que você disse à sua família para me fazer ir embora se você me amava? ― Oh, mi tesoro, eu não fiz isso. Eu juro. Se eu soubesse que você tinha vindo atrás de mim...


Manuel sacudiu a cabeça. ― Passei seis meses bêbado, Davan. Eu mal me lembro de nada, mas eu sei que eu nunca soube que você estava lá. ― Você estava bêbado? ― As sobrancelhas loiras escuras de Davan dispararam. Ele se virou para encarar fixamente Manuel. ― Mas eu vi você. Eu ouvi você dizer ao seu pai que você não queria me ver. ― E provavelmente você está certo. ― Manuel fez uma careta. ― Fiquei muito chateado, Davan. Eu pensei que você havia me traído. Se meu pai me perguntou se eu queria ver você, eu posso muito bem ter dito que eu não queria. Isso não significa que eu queria que você se machucasse. Quando a cabeça de Davan caiu para frente para descansar em seu peito, Manuel passou os braços em torno do homem e inclinou seu rosto contra o topo da cabeça do Davan. ― Eu estava com raiva, Davan, mas não estava estúpido. Ferir você seria como machucar a mim mesmo. ― Eu nunca entendi porque você me deixou ―, Davan disse em um sussurro quebrado. Suas mãos seguraram a camisa de Manuel em um punho fechado. ― Eu acordei e você tinha saído. Você nem sequer me deixou uma nota. ― Passamos a noite juntos, uma noite maravilhosa quando você finalmente se deu a mim. Eu estava me sentindo alto quando eu voltei ao meu quarto para tomar banho e me trocar. As fotos estavam esperando por mim quando cheguei ao meu quarto. ― Eu não fiz isso. ― Eu sei mi amor. ― Manuel apertou os braços em volta de Davan quando os ombros do homem começaram a tremer. ― Agora eu sei. Manuel não podia suportar os pequenos soluços que abalaram o corpo de Davan. Isso rasgou seu coração mais do que quase qualquer coisa. Ele não podia suportar ouvi-los. Manuel começou a beijar os cabelos de Davan.


Ele se moveu lentamente pelo rosto de Davan até que seus lábios se encontraram. Manuel se sentia desesperado. Ele queria apagar tudo o que tinha acontecido entre eles e substituir com memórias felizes. Suas mãos tremiam enquanto ele empurrou Davan contra a parede ao lado da janela e o cobriu com seu próprio corpo. Quando Davan começou a beija-lo de volta, a mente de Manuel se nublou com luxúria. Ele beijou os lábios de Davan com uma intensidade que abalou Manuel até os dedos dos pés. Ele podia sentir os lábios macios do homem contra o seu movimento e a pressão de sua língua. Seu pau doía tanto que ele sentiu a dor em cada célula do seu corpo. Manuel agarrou as bordas do pijama de Davan e o rasgou, deixando cair os restos esfarrapados para o chão. Ele precisava sentir o seu pau nas profundezas quentes do Davan. Manuel rapidamente desabotoou as calças e empurrou-as para baixo de suas pernas. Ele levantou Davan em seus braços e apertou o homem entre o seu corpo maior e a parede. Ele gemeu quando as pernas de Davan se enrolaram em sua cintura. Puxando sua boca longe de Davan, Manuel pegou um punhado de cabelos longos de Davan e puxou sua cabeça para trás. O olhar brilhante em seus olhos o deixou cambaleando. ― Diga-me o que você quer Davan. Os belos olhos verdes de Davan piscaram para ele. ― Eu quero isso. Eu quero você. Mas se eu pegar você, eu estou te guardando. Se você não quer isso, eu vou embora agora. Sem acusações, sem culpa. Eu só vou embora e amanhã de manhã falo com o ancião. Manuel prendeu a respiração enquanto esperava Davan lhe responder. O homem tinha a capacidade de lhe dar o mundo, ou fazê-lo cair no chão com apenas uma palavra. O coração de Manuel começou a afundar enquanto o desejo ardente nos olhos Davan começou a desvanecer.


Ele estremeceu quando seu jaguar rosnou dentro dele. Ele podia sentir a besta lutando para sair e reivindicar o seu companheiro, mas o lado humano tinha que ter controle agora. Davan abriu a boca para falar, e Manuel se preparou. Por favor, não, ele pediu silêncio. Ele quase caiu de joelhos implorando a Davan para mantêlo, mas ele tinha dito que não haveria acusações ou culpa. Se Davan realmente não queria o quisesse, Manuel iria se conformar. ― Eu quero isso. Manuel não conseguiu evitar o soluço que escapou de seus lábios antes de quebra-los contra Davan novamente. Toda a raiva e dor que ele sentiu ao longo dos últimos quatro anos pareciam desaparecer com as simples palavras de Davan. Manuel não se cansava de Davan. Ele queria entrar no homem e nunca mais sair. Ele levantou Davan e agarrou seu pênis, colocando-o na entrada apertada esperando para ser preenchida. Ele abaixou Davan, observando seu rosto quando ele foi preenchido por seu pau. Manuel tinha certeza que ele jamais iria esquecer a expressão maravilhosa no rosto Davan ou as lágrimas em seus olhos quando ele finalmente estava encaixado todo o caminho. Manuel queria ver a alegria no rosto de Davan todos os dias para o resto de suas vidas. Davan parecia mais bonito do que nunca. Suas decisões erradas tinham causado tantos danos e ele tinha tanta coisa para compensar. Ele prometeu a si mesmo que ele iria gastar o tempo que eles tinham amando Davan. Ele não se importava se eles ficariam aqui ou em outro lugar. Enquanto eles estivessem juntos, eles estariam bem. Manuel começou a se mover, empurrando tão profundo em Davan quanto poderia ir. Se esta era a única maneira que ele pudesse rastejar para Davan, então ele iria levá-la. E ele faria o melhor trabalho maldito que podia. Ele queria Davan com imensa paixão.


Ele agarrou as bochechas da bunda de Davan e bateu no homem. Cada impulso foi longo e poderoso, levantando Davan ao longo da parede. Suaves gemidos vinham de Davan. Seu hálito quente soprava no rosto de Manuel com cada impulso. ― Você é meu agora, Davan ―, rosnou Manuel. ― Eu nunca vou desistir de você ou permitir que qualquer pessoa o leve de mim. Estou mantendo você. Davan assentiu. ― Deixe-me reivindicar você, mi amor. Davan engoliu em seco e, em seguida, inclinou a cabeça para um lado. Manuel rosnou enquanto euforia o encheu. Ele se inclinou e cravou os dentes na pele macia entre o pescoço e o ombro. Quente e doce sangue encheu sua boca, extraindo dele um gemido profundo. Ninguém tinha o gosto de seu companheiro. Manuel ouviu Davan gritar. Ele tirou os dentes e instintivamente lambeu a marca de mordida fechada antes de se inclinar para trás para olhar para Davan. O êxtase puro que irradiava de Davan enquanto algo quente e úmido encheu o espaço entre ele era diferente de tudo o Manuel já tinha visto. Seu temor aumentou quando as asas de Davan começaram a se agitar e pó de pirlimpimpim colorido encheu o ar em torno deles. Ele brilhava e cintilava na luz, enquanto flutuava para baixo, cobrindo Manuel e Davan até que eles estiveram revestidos com o material. ― Te amo, mi amor ―, sussurrou Manuel. ― Te quiero con toda mi alma. Manuel dirigiu seu pau em profundidade dentro das profundidades de seda de Davan, tanto quanto ele poderia, então se deixou ser arrastado sobre o abismo para o mesmo êxtase que Davan havia caído. Ele sentiu um profundo arrepio começar em seus pés e trabalhar seu caminho em todo o seu corpo até que explodiu em sua virilha, se derramando para preencher a bunda Davan.


Manuel encostou a cabeça contra a parede ao lado da cabeça de Davan. Ele ofegava baixinho enquanto o seu coração trovejava no peito. Nunca sentiu tanta felicidade. Suas mãos apertaram Davan quando percebeu que nunca mais iria sentir o êxtase sem o homem em seus braços. ― Meu companheiro ―, sussurrou Manuel enquanto seu coração apertou em seu peito. Sentiu como se uma parte dele tivesse quebrado e se arrastado para dentro do seu peito, como se Davan tivesse construído galerias em seu coração. Era um lugar que ele jurou que nunca iria embora. ― Mi tesoro.

Capítulo Sete Davan sorriu enquanto a consciência vinha lentamente para ele. Ele tinha tido um sonho tão maravilhoso. Ele esticou os braços sobre a cabeça, em seguida, estendeu a mão para seu amante, seu companheiro. Davan inalou de forma acentuada e seus olhos se abriram quando sua mão encontrou carne quente. ― Você está aqui ―, ele sussurrou. ― Eu estou aqui, mi amor ―, respondeu Manuel. Um sorriso triste surgiu em seus lábios quando ele apertou a mão de Davan contra seu peito nu. ― Você nunca vai acordar novamente sem mim em sua cama. Davan moveu a mão, acariciando o peito de Manuel com os dedos. Ele ficou impressionado com a visão. Era algo tão pequeno a palidez de seus dedos que se moviam sobre a pele mais escura Manuel. Isso oprimia Davan ao ponto que ele mal podia respirar. ― Você está aqui ―, Davan sussurrou novamente, quase com medo que ele ainda estivesse sonhando. Ele não queria fechar os olhos ou até


mesmo piscar no caso de que estava sonhando e a visão fosse embora. ― Você está realmente aqui. Davan sentiu o início de um soluço na garganta. Ele rolou e rapidamente enterrou o rosto no peito maciço de Manuel, tentando engoli-lo. Davan estremeceu quando sentiu os braços de Manuel em torno dele. A mão de Manuel começou a acariciar seu cabelo. ― Eu estou aqui, Davan, e eu não vou a lugar nenhum. Davan assentiu. Memórias da noite anterior começaram a filtrar em sua cabeça. Manuel o reivindicou mais uma vez, e ele reivindicou Manuel em troca. Eles estavam acasalados para melhor ou pior, a menos que Manuel decidisse ir para o ancião e anular seu acasalamento. O coração de Davan martelou em seu peito quando ele se empurrou para longe de Manuel e rolou para olhar a hora no relógio. Ele lutou por um momento quando Manuel o agarrou e o puxou para trás. ― É muito tarde para isso, Davan. ― O rosto de Manuel se apertou. ― Ancião Burke está desaparecido. Eu liguei para ele e disse que não iria precisar de seus serviços. ― Você ligou para ele e disse que não ia precisar dele? ― Eu disse que não estava deixando você ir, e eu quis dizer isso. Davan não poderia ter explicado o riso que saiu de seus lábios quando ele se jogou contra Manuel, nem se sua vida dependesse disso. Toda a mágoa, a preocupação e a dor dos últimos quatro anos pareciam deslizar enquanto o riso de Manuel se juntou ao seu, os dois sons alegres enchendo o quarto. Anos de tensão saíram do rosto de Manuel, transformando-o no homem devastadoramente belo que Davan se apaixonou. Davan estendeu a mão para tocar a bochecha de Manuel, quando ele foi rolado para debaixo do homem. ― Manny ―, ele sussurrou.


Os olhos de Manuel se fecharam por um momento quando ele se inclinou para a mão de Davan. Eles estavam molhados quando Manuel os abriu um minuto depois. ― Esperei muito tempo para ouvir essa palavra de seus lábios, Davan. ― Esperei muito tempo para dizer isso. Davan engoliu em seco no olhar de adoração que encheu o rosto de Manuel. Ele tinha visto esse olhar uma vez, há muitos anos, antes de tudo ir para o inferno. Ele estava com medo de entregar seu coração a Manuel, mais uma vez no caso desse olhar ir embora. Ele não achava que poderia lidar com a rejeição de Manuel uma segunda vez. E isso só poderia ter acontecer novamente se ele não fosse completamente limpo com Manuel. Ele precisava dizer tudo o Manuel e ele sabia disso. Ele não podia entregar seu coração se houvesse alguma possibilidade de que Manuel podia deixá-lo novamente. ― O que você sabe sobre fadas, Manuel? Manuel franziu a testa. ― O que? ― O quanto você sabe sobre fadas? ― Por quê? ― O rosto de Manuel começou a escurecer, suas características faciais crescendo tensas. ― Eu sei que fadas têm problemas com fidelidade. É isso que você está falando, porque eu não vou compartilhar Davan. Você pertence a mim, e eu estou te guardando. ― Não, não. ― Davan disse rapidamente. ― Eu estou acasalado com você. Eu nunca vou desejar ninguém, só você até o dia que eu morrer. ― Bom ―, rosnou Manuel. ― O mito de fadas fodendo com qualquer coisa à vista é apenas isso, um mito. Na realidade, nós tendemos a brincar muito até encontrarmos o nosso companheiro, e, em seguida, somos incapazes de suportar o toque de outro. Nós nem sequer desejamos outros quando acasalamos.


― Mas, eu pensei... Davan suspirou e arrastou os dedos pelo rosto de Manuel. ― Eu sei o que você pensou, mas você estava errado. ― Parece que eu estava errado sobre um monte de coisas. ― Eu não acho que foi tudo culpa sua, Manuel. Fadas tendem a dar a impressão de que estão livres com suas afeições, pois não quer que ninguém saiba o quanto é importante o vínculo entre os companheiros. ― Por que não, inferno? ― Manuel gritou. ― Eu acho que eles querem que todos saibam. Seria mais fácil para eles encontrar parceiros se todos não pensassem que fodiam tudo à vista. Davan sorriu tristemente e esfregou o dedo nos lábios de Manuel. ― Talvez, mas o vínculo entre uma fada e seu companheiro é diferente de tudo que você já experimentou. Quando eu digo que eu nunca vou desejar outro ou desejar o toque de outro, eu quero dizer isso. ― Eu acredito em você, mas... ― Você não entende Manuel. Eu estava dizendo a verdade quando eu disse que nunca tinha estado com ninguém além de você. O pensamento de estar com alguém me fazia mal. Quando eu me dei há você quatro anos atrás, eu dei tudo. Eu me liguei com você. O rosto de Manuel se drenou de cor. ― Você se ligou a mim? ― Sim ―, disse Davan enquanto toda a dor e angústia dos últimos quatro anos veio correndo de volta pelo olhar chocado no rosto de Manuel. Manuel não queria o vínculo dele? ― Como assim? ― Eu não podia estar com mais ninguém. ― Você disse isso. O que isso quer dizer? A respiração de Davan gaguejou em sua garganta quando ele inalou bruscamente. ― Eu senti todas as vezes que você estava com alguém.


Essa foi a sua pior angústia. Ele sabia cada vez maldita que Manuel tinha fodido alguém. Ele sentiu isso no fundo de sua alma. Cada vez rasgou um pedaço dele, até que ele não tinha certeza se havia mais alguma coisa. ― Você … ― O pomo de adão de Manuel se moveu para cima e para baixo em sua garganta quando ele engoliu em seco. ― Você sabia quando eu estava com outra pessoa? Uma lágrima deslizou pelo canto do olho Davan enquanto ele assentia. Os olhos de Manuel se fecharam com força e sua cabeça caiu para frente. ― Oh Deus, Davan, eu sinto muito. Eu não sabia. Eu juro que não sabia. Davan acariciou a mão pelo cabelo curto de Manuel. Ele podia ouvir a dor na cabeça de Manuel, fazendo a sua voz tremer. Ele sabia que Manuel não tinha se ligado com ele anos atrás, então ele não se sentia a mesma conexão. Isso não significava que não doeu. ― Eu sei ―, Davan sussurrou. ― Eu sei que isso não muda as coisas ―, Manuel disse quando levantou a cabeça, ― mas eu te reivindiquei como meu companheiro. Eu não posso ser infiel a você agora. Eu nunca serei infiel. Davan apertou os lábios enquanto ele assentia. Isso não aliviava sua dor, mas fez ele um pouco melhor. ― Há algo mais, Manuel. ― Mais ... ― Os seis meses que passei na cama, não foi devido aos ferimentos que recebi de seu pai e irmão. Bem, era, mas não somente isso. ― Davan respirou profundamente. A força de seu vínculo seria testada com o que ele tinha a dizer a Manuel. ― Fadas tem uma habilidade que é um segredo muito bem guardado. As sobrancelhas de Manuel se reuniram em uma carranca profunda.


― Quando eu fui encontrar você, eu queria saber por que você me deixou, mas eu também tinha algo que eu precisava te dizer. ― Davan lambeu os lábios secos. Ele sabia que estava puxando-o para fora, mas ele estava com medo da reação Manuel. ― Eu queria lhe dizer que você ia ser pai. Eu estava grávido. Manuel piscou. Sua boca se abriu bem devagar e se fechou, como se ele não conseguisse colocar em palavras o que queria dizer. Davan podia sentir suas esperanças escorregando para longe a cada segundo que passava. Ele sabia que Manuel ficou impressionado pelo olhar confuso no seu rosto. Mas ele estava com raiva? ― Eu tive que passar seis meses na cama senão eu iria perder os gêmeos. Manuel exalou fortemente. ― Você teve gêmeos? ― Annabelle e Rafael. ― Porque você os nomeou com o meu segundo nome e o nome da minha mãe? ― Bem, você sempre falou sobre sua mãe, sobre o quanto você a amava ―, disse Davan rapidamente. Ele baixou os olhos, fugindo do olhar intenso de Manuel e olhou para o pulso batendo em sua garganta. ― Eu queria que Annabelle tivesse um nome que seria motivo de orgulho. ― E Rafael? Davan sorriu quando olhou para Manuel. ― Ele se parece muito com você, Manuel. Ele tem o cabelo preto, mas é encaracolado e até agora ele está mostrando características de ser um shifter jaguar. Nos últimos meses ele vem rosnando e sibilando, e seus dentes caninos estão começando a crescer. Manuel não disse nada por um bom tempo. Davan começou a ficar nervoso, especialmente quando Manuel de repente se afastou e rolou para


sentar na beirada da cama. Davan se mexeu e estendeu a mão para tocar o braço de Manuel. ― Manny? ― Por que você não me odeia Davan? ― O que? ― essa era a última coisa que Davan esperava que Manuel fosse perguntar. Ele soltou a mão em seu colo, confusão o inundando. ― Por que você não me odeia? ― Manuel se virou, olhando por cima do ombro. ― Depois de tudo o que eu fiz, tudo o que minha família tem feito, você me entregou esse sonho numa bandeja de prata. Por quê? Davan encolheu os ombros. ― Eu te amo. O coração de Manuel se agitou com o olhar de adoração que ele podia ver em Davan. Eles não tinham traços de raiva, ódio ou ressentimento. Os olhos de Davan eram puro amor e estavam abertos para ele ver. Manuel não sabia por que ele nunca tinha visto isso antes. Manuel não tinha certeza se ele estava pronto para enfrentar o que sua família havia feito. Ainda não. Ele ainda tinha de chegar a termos com o fato de que eles quase haviam tomado a coisa mais importante de sua vida longe dele. ― Será que meu pai sabe? Davan balançou a cabeça. ― Não, eu queria compartilhar a notícia com você antes de eu dissesse a alguém. ― Mas ele ainda bateu em você quase até a morte. ― Manuel cerrou os punhos. Ele podia sentir sua raiva começar a construir. ― E ele quase levou os gêmeos de nós. ― Nós? ― Sim, nós ―, Manuel afirmou. ― Você e eu. Pelo que eu saiba, é necessário dois para fazer um bebê.


― Então você acredita em mim? Manuel podia ver a incerteza nos olhos de Davan. Ele não podia ter isso, não agora. Virou-se e varreu Davan em seus braços, puxando o homem pequeno em seu colo. ― Eu acredito em você, mi amor ―, sussurrou Manuel. ― Você poderia me dizer que era um alienígena e eu acreditaria em você. ― Isso foi profundo. Manuel levantou uma sobrancelha. Davan começou a rir. A alegria brilhando em seus olhos era um bálsamo para a alma de Manuel. Manuel riu com ele. O riso de Davan era contagioso. ― Então, você é um alienígena. Eu posso viver com isso. Davan riu ainda mais duro. O glorioso som encheu a sala por alguns minutos e depois se foi. Davan encostou-se a Manuel, enfiando a cabeça na curva de seu pescoço. Manuel suspirou feliz e passou a mão nas costas Davan, entre suas asas. ― Conte-me sobre os meus filhos. Davan riu. ― Annabelle é muito parecida comigo. Ela tem traços de fada. Ela tem o meu cabelo, mas os seus olhos. E ela é uma tagarela. Ela faz de tudo para Rafael, até falar por ele. ― Rafael não fala? ― Ele fala, mas não muito. ― Davan mordeu o lábio por um momento e desviou o olhar. ― Acho que ele é mais afetado por sua ausência do que Annabelle. Tentei lhe ensinar tudo o que eu sabia sobre Jaguares, mas talvez não fosse o suficiente. Ele precisa de você. Manuel fechou os olhos por um momento, suas emoções ameaçando se derramar. Ele respirou calmamente, em seguida, abriu os olhos para olhar em Davan. ― Será que eles me odeiam?


― Odiá-lo! Não! ― Davan balançou a cabeça rapidamente. Ele balançou do colo de Manuel e se levantou, pegando sua mão. ― Venha comigo. Manuel franziu a testa em confusão, mas agarrou a mão de Davan e o seguiu para fora do quarto. Eles caminharam pela sala em direção a uma porta do outro lado da sala. Davan abriu a porta e puxou Manuel dentro. O ar saiu apressado dos pulmões de Manuel quando ele olhou ao redor do quarto. Era obviamente um quarto para crianças. Ele poderia dizer pelas duas camas no canto mais distante e os brinquedos espalhados pelo chão. Mas isso não foi o que o surpreendeu. O que abalou o seu mundo era o grande número de fotografias penduradas na parede e molduras em várias superfícies diferentes. Elas eram todas dele. Algumas eram dele e Davan, outros dele com amigos ou familiares. Mas ele esteva em cada uma maldita delas. ― Davan, como... ― Eu sou um ancião. Eu tenho alguma influência, você sabe. ― Davan sorriu. ― Eu sabia que não poderia chegar perto de você, sem trazer a ira de sua família para baixo na minha cabeça, mas eu poderia enviar alguém para tirar fotos para mim. ― E eles sabem de mim? ― Manuel perguntou. ― Quero dizer, as crianças. ― Sim, eles sabem de você. ― O rosto de Davan ficou vermelho. ― O que? ― Eu posso ter... hum ... embelezado um pouco as coisas. ― Davan de repente parecia muito nervoso, os olhos correndo ao redor da sala enquanto ele torcia as mãos juntas na frente dele. ― Eu meio que disse a eles que você era um guerreiro e você estava fora lutando para mantê-los seguros. As sobrancelhas de Manuel dispararam. ― Você o quê?


A agitação óbvia de Davan aumentou. Ele começou a saltar de pé para pé. Suas asas começaram a se agitar. ― Eu disse a eles que você era um guerreiro e protetor de seu povo e você teve que ficar afastado para mantê-los seguros. Eu queria que eles te amassem mesmo que não pudessem vê-lo. Manuel não tinha nada a dizer sobre isso. Davan lhe dera o mundo em dois pequenos seres, em seguida, cuidou deles e os amava e fez com que ele olhasse bem para seus filhos. Davan caminhou até uma caixa de prata guardada em um aparador. Ele abriu a tampa e pegou uma pilha de cartas. Seu rosto estava um pouco pálido quando ele se virou e as estendeu para Manuel. ― Quando você podia, quando era seguro fazê-lo, você escrevia as cartas e enviava presentes. ― Davan engoliu em seco. ― Você nunca perdeu seus aniversários ou qualquer feriado especial. É daí que algumas das fotos vieram. Você enviou. As mãos de Manuel tremiam quando ele estendeu a mão e pegou as cartas de Davan. Ele abriu a primeira e começou a ler. A carta era recente, a última escrita há apenas um par de meses. Ela falava sobre suas grandes aventuras como um guerreiro e disse aos filhos o quanto ele os amava. Ela falava sobre o quanto ele queria que todos pudessem estar juntos um dia. Manuel terminou de ler a primeira, em seguida, passou para a próxima, e para a próxima até que ele tinha lido todas elas. Davan estava sentado no assento da janela no momento em que juntou todas as cartas e as colocou cuidadosamente de volta em sua caixa de prata. Ele se aproximou e se ajoelhou ao lado de Davan. Sem uma palavra, Manuel enterrou o rosto no colo de Davan e deixou sair as lágrimas que estava segurando. Davan tinha feito dele um guerreiro mítico que lutava para o bem dos homens, mas adorava a sua família. Manuel não tinha ideia de quanto ele ia viver até que pudesse estar à altura dessa imagem ou até mesmo se pudesse. Mas ele iria tentar.


― Quando você estiver pronto ―, Davan disse suavemente enquanto ele acariciava a mão pelo cabelo de Manuel, ― Eu tenho uma caixa de cartas e presentes no quarto, que as crianças lhe enviaram ao longo dos anos. Eu mantive todos eles. ― Posso ver as crianças? ― Manuel perguntou enquanto ele levantou o rosto até Davan. ― Você vai me deixar vê-los? Davan sorriu. ― Eles são seus filhos. Você pode vê-los sempre que quiser. ― Agora? ― Manuel perguntou esperançosamente. O sorriso de Davan caiu. ― Eu os enviei a minha casa de campo quando você chegou. Eu não sabia mais o que fazer ou como você iria reagir seu eu lhe dissesse. Sinto muito! ― Podemos ir vê-los ou chamá-los de volta? ― Eu disse às crianças que lhe traria a eles quando fosse seguro. Manuel se levantou. Ele agarrou a mão de Davan e o puxou. ― Então vamos embora. Davan riu quando ele puxou de volta na mão de Manuel. ― Manny, desacelere. Eu ainda tenho que falar com os anciãos e encontrar meu substituto. Manuel se virou para olhar para Davan. ― Eu pensei que você queria ser um ancião. ― Eu quero, mas você disse ao Ancião Burke que eu pedi demissão. ― Davan encolheu os ombros. ― Eu achei que era o que você queria que eu fizesse. Merda! ― Eu fiz, mas isso foi quando eu tinha planos de levá-lo para casa, para o meu orgulho. Eu não vou mais deixar qualquer um deles em torno de você e nossos filhos. Eu não confio mais neles. ― Sinto muito, Manuel. Eu nunca quis estar entre você e sua família.


Manuel segurou o queixo de Davan levemente em sua mão. ― Você e nossos dois filhos são a minha família agora. ― Sim, sobre isso. ― Os olhos de Davan caíram. ― Nós meio que não controlamos a natalidade nos últimos dois dias, portanto, pode haver mais de dois em um futuro próximo. Manuel soltou um grito alto e agarrou Davan em torno das coxas, levantou-o no ar, e girou em torno de ambos. A ideia de que Davan podia estar agora carregando seu filho o encheu de tanta alegria que ele não podia mais se conter. Manuel sempre soube que ele estava interessado em homens e não mulheres. Ele nunca esperava ter um filho próprio. Agora ele tinha dois e possivelmente mais. E em cima disso, ele tinha Davan. Ele não poderia estar mais feliz. Davan riu e agarrou os ombros de Manuel. ― Acho que a ideia de me engravidar não o incomoda? ― Não. ― Manuel desceu Davan lentamente deslizando seu corpo até que o homem estava diante dele. Ele estendeu a mão e afastou uma mecha de cabelo do rosto de Davan. ― Espero que isso aconteça. Quero experimentar cada momento com você. ― Ótimo. ― Davan riu. ― Então você pode ter os pés inchados e as náuseas. Manuel sorriu. ― Combinado.

Capítulo Oito


Davan estava tão nervoso que seu estômago estava rolando. E ele tinha muitos motivos para estar nervoso. Em vez de ir diretamente para a casa de campo para ver os filhos, Manuel quis ir para sua casa, arrumar as coisas dele, e levá-las para a casa com eles. Ele queria que as crianças soubessem que ele estava voltando para casa para ficar. Davan apoiava essa ideia. Ele queria Manuel com ele permanentemente. Ele estava apenas com medo de ir para o orgulho de Manuel. Lembrava-se da última vez que esteve lá com muita clareza, e não queria repetir o desempenho. Ainda assim, apesar da sugestão de Manuel, que ele fosse para a casa de campo sem ele, Davan não queria deixar Manuel fora de suas vistas. Ele ainda temia que ele nunca fosse ver o seu companheiro novamente. Ele pediu para ir com ele. Manuel concordou, mas seus instintos possessivos que precisavam proteger seu companheiro explodiram na segunda vez que eles deixaram os aposentos de Davan. Se alguém chegasse perto demais de Davan, Manuel estava ali, rosnando e mostrando os dentes afiados. Ele pairava sobre Davan. Ele não deixava nem os guardas designados para Davan chegar perto dele. ― Você está confortável, mi amor? Davan sorriu para Manuel e afagou sua mão. ― Estou bem. Eu só não gosto muito de voar. ― Nós estaremos lá em breve. Davan realmente esperava que sim. Ele não mentiu quando disse a Manuel que ele não gostava de voar. Era a única coisa sobre ser um ancião que ele odiava – voar ao redor do mundo a qualquer momento para cumprir suas funções. Ele não podia esperar até que eles desembarcassem. Claro, ele não estava ansioso para o confronto com a família de Manuel também. Ele preferiria estar voando. Manuel parecia acreditar que ele pudesse apenas empacotar seus pertences e ir embora. Davan sabia melhor.


Davan se lembrava como o pai e o irmão de Manuel estavam irritados, enquanto o culpavam pela situação de Manuel. Lembrou-se das palavras, dos insultos, e da dor. Ele nunca esqueceria o que tinha aprendido naqueles dias fatídicos quatro anos atrás. Alberto e Galeno Tejarda não queriam Davan e Manuel juntos. ― Ancião Burke não pareceu surpreso quando nos viu juntos. Davan riu. ― Este homem sabe muito mais do que ele realmente deveria. Ele sempre faz, e ele nunca diz nada sem colocar em um enigma. ― Sim, eu notei isso. ― Eu suspeito que ele sabia que ficaríamos juntos desde o início. ― Davan riu. ― Talvez até antes de nós. ― Eu também tive essa impressão. Antes que Davan pudesse dizer mais, a aeromoça voltou e lhes disse para se preparar para a aterrissagem. Davan rapidamente afivelou o cinto de segurança, em seguida, agarrou os braços do assento em um aperto de morte. Ele odiava voar. ― Manuel! ― Davan gritou quando sentiu o toque furtivo da mão do homem no cós de sua calça, pegando seu pênis. ― O que você está fazendo? ― Sshhh. ― Manuel segurou seu dedo até o lábio. ― Estamos aterrissando. Não queremos perturbar a aeromoça. Os olhos de Davan se arremessaram ao redor até que ele avistou seu casaco longo amontoado no banco ao lado dele. Ele rapidamente o agarrou e cobriu seu colo, escondendo o que Manuel estava fazendo. Ele ficaria mortificado se alguém os visse, mas ele não estava disposto a parar Manuel. Davan se recostou na cadeira, descansando a cabeça para trás contra o encosto, e abriu as pernas. A mão de Manuel era tão macia e quente, tão sedosa e dura ao mesmo tempo. Era angustiante, e Davan estava amando cada segundo.


Enquanto Manuel trabalhava em seu pau, dando-lhe golpes longos, de cima para baixo, Davan esqueceu tudo sobre estar em um avião quando o polegar de Manuel esfregou sobre a fenda na cabeça. Seu mundo se reduziu a uma mão em volta do seu pênis e os lábios que começaram a beliscar sua orelha. ― Será que minha mão se sente bem no seu pau, mi amor? Davan gemeu e apertou os braços. ― Você vai gozar para mim, bonito? Davan começou a ofegar. Seus dedos apertaram o braço do assento. Ele podia sentir o acúmulo de pressão em suas bolas. Eles estavam começando a contrair perto de seu corpo. Um formigamento começou em sua coluna, envolvendo em torno de seu corpo para tomar posse de seu pênis. ― Manny! ― Davan sussurrou desesperadamente enquanto o formigamento cresceu e fez seu corpo inteiro estremecer. Assim, quando ele começou a gozar, Manuel se inclinou e envolveu a cabeça de seu pênis em seus lábios, engolindo o sêmen que ele disparou. Davan gritou enquanto êxtase percorreu todo seu corpo. Ele ouviu um estalo alto, mas não tinha a energia para ver o que era. Ele caiu para trás contra a cadeira e respirou fundo, enquanto sua frequência cardíaca lentamente voltava ao normal. ― Este é o seu avião, certo? ― É o avião do conselho. Por quê? ― Davan olhou para Manuel em confusão. Ele começou a rir quando Manuel apontou, e ele olhou para o braço quebrado mantido nos dedos do Davan. ― Oops. ― Eles não vão ficar com raiva de nós por isso, vão? Davan riu. ― Não, se eu não lhes disser. Davan puxou as calças de volta e fez com que tudo estivesse antes de se virar para Manuel. Ele sentiu seu rosto corar quando viu Manuel olhá-lo.


Havia um brilho de fome em seus olhos cinzentos que fez o pau de Davan ameaçar voltar à vida. ― Precisa de mim para ajudá-lo com alguma coisa? ― Davan apontou para o volume duro que ele podia ver nas calças de Manuel. Manuel sorriu e balançou a cabeça. ― Não, eu posso esperar até que estejamos no carro. A antecipação é metade da diversão. Além disso, nós já pousamos. Os olhos de Davan se arregalaram quando ele olhou pela janela oval pequena para ver o avião parado no asfalto. Eles haviam aterrissado. Davan riu e olhou para trás ao longo de Manuel. ― Eu o nomeio oficialmente como meu parceiro de pouso. Manuel sorriu e se levantou. Ele estendeu a mão. ― Vamos lá, mi amor, é hora de sair do avião para que possamos buscar as minhas coisas e ir para casa. Davan soltou o cinto de segurança, em seguida, agarrou a mão de Manuel. Uma explosão de riso borbulhou dos seus lábios foi levantado. Manuel deu-lhe um rápido beijo nos lábios, em seguida, empurrou-o para frente para assumir a liderança. ― Estou gostando muito delas, Davan. Davan estremeceu quando os dedos de Manuel se arrastaram para baixo em suas costas e sobre as bordas de suas asas. Ele nunca tinha dito a Manuel, mas esse era um ponto extremamente erótico para ele. Tocar em suas asas era como tocar em seu pênis. Ele não tinha certeza se queria que seu companheiro tivesse tanto poder sobre ele. ― Por que eu nunca percebi suas asas antes? ― Nós não a temos até que estamos acasalados. ― Então, porque você está com essa camisa? ― Manuel puxou o tecido em torno de asas de Davan. ― Desde que você foi acasalado está vestindo essas camisas que expõem suas asas. Existe uma razão para isso?


Davan sorriu quando ouviu o leve tom áspero na voz de Manuel. Aparentemente, Manuel não gostava de suas asas expostas. ― Sim, uma razão muito boa. Antes de estarmos acasalados, não temos asas. Depois que acasalamos, nós usamos estas camisas para nossas asas ficarem expostas e todos poderem ver que fomos reivindicados. Nenhuma fada ou quem sabe dos nossos costumes vai tentar fazer um passe para mim ou me tocar. Manuel rosnou. ― Não, a menos que queiram perder um membro. Davan riu. Ele chegou por trás e agarrou a mão de Manuel, então, se inclinou para cima e deu um beijo no queixo do homem. ― Você é tão bonito. A sobrancelha escura de Manuel se arqueou. ― Bonito? ― Ao mostrar as minhas asas, eu estou proclamando ao mundo que sou intocável. Lembra quando eu disse que o toque de outra pessoa me faria mal? Eu estava falando sério. O simples toque de outra mão na minha pele me faz coçar. Com minhas asas expostas, as outras fadas sabem que não podem me tocar. ― Isso só deixa o resto da população. ― E é por isso que eu tenho você. Manuel de repente franziu a testa e puxou Davan a uma parada. ― Não vai te machucar se as crianças tocarem em você vai? ― Oh não ―, Davan se apressou em tranquilizar seu companheiro. ― Não você ou as crianças, apenas as outras pessoas. Posso até ser tocado por membros de minha família. Apesar de ser incrivelmente rude para eles me tocar, não poderiam me machucar. ― Apenas as pessoas não relacionadas para você? ― Sim bonito. ― Davan começou a andar novamente, em direção à frente do avião e para a saída. ― A maioria das pessoas podem apenas causar


uma pontinha de dor, como uma espécie de picada de mosquito. Passa em segundos. Então, eu posso apertar a mão de alguém e não ser debilitado por ela. ― A maioria das pessoas? ― Manuel perguntou. ― E os outros? ― Há alguns que não basta tocar simplesmente. É como a diferença entre apertar a mão de alguém e agarrar seu pulso. Quanto maior o toque e maior a intenção por trás dele, então mais forte é a dor. ― Davan franziu a testa e olhou por cima do ombro. ― Isso faz sentido? ― Sim ―, rosnou Manuel. Davan riu quando sentiu o braço de Manuel em volta de sua cintura puxá-lo de volta. Hálito quente soprou sobre seu pescoço e em seguida a língua de Manuel acariciou através da marca de mordida no ombro Davan, enviando um arrepio de prazer. ― Isso significa que se alguém tocar em você eu começarei a rasgar o seu braço fora. ― Você sabe que isso também ajuda. ― Davan levantou a mão para mostrar o selo de acasalamento no topo da sua mão. ― Mesmo se alguém não entender os costumes fadas, eles não podem deixar de compreender a marca de acasalamento na minha mão. ― Droga, eu amo essa marca. ― Ancião Burke sempre disse que o selo de acasalamento aparecia onde era mais necessário. ― Davan sorriu para Manuel. ― Eu acho que você precisava ver ele na minha mão. ― Não, todo mundo precisa ver isso em sua mão. Inferno, eu teria que cobrir suas malditas coisas se eu pudesse. Talvez você precise de um sinal de néon grande sobre sua cabeça que diz que você está tomado. Os olhos de Davan se arregalaram. ― Muito possessivo? ― Inferno. Sim. ― Os braços de Manuel apertaram Davan. ― Isso tudo é meu, desde o topo de sua cabeça até a ponta dos seus dedos e tudo


mais. Todo mundo precisa manter suas mãos fora.

― Manuel estalou os

dentes. ― Eu mordo. Davan riu enquanto balançava a cabeça e empurrava Manuel para longe. Ele acenou para a aeromoça, que passava por ele, observando um sorriso em seu rosto corado. Ele não tinha dúvida de que ela sabia exatamente o que eles estavam fazendo. ― Meu carro está no estacionamento ―, Manuel disse assim que pegou as malas na esteira, e então seguiram para descer os degraus. ― Uh, querido? ― Davan apontou para a limusine estacionada. ― Eu tenho transporte. ― Acostumado a viajar em grande estilo, não é? ― Acostumado a viajar com guarda-costas. Mais uma vez, Davan apontou desta vez para os dois homens grandes para fora do veículo, um do lado do banco da frente e uma na parte de trás. Mesmo vestidos como eles estavam, em simples ternos pretos, ninguém olhando para eles poderia dizer que eles estavam fortemente armados e não apenas com as armas sob os paletós. Eles tinham músculos em cima dos músculos. ― Por que você precisa de tantos guardas, Davan? ― Eu sou um ancião. ― E? Davan piscou para a raiva mal controlada que podia ouvir na voz de Manuel. ― E isso significa que certas pessoas não pensariam duas vezes em me sequestrar e tentar me usar para chegar ao conselho. ― Eu pensei que era contra a lei da UPAC ameaçar um ancião. Não é motivo para execução imediata? ― É, mas isso nem sempre para todos. Não se preocupe amor, os guardas estão aqui apenas para me manter seguro. Você vai esquecer que eles estão aqui depois de algum tempo.


― Não é provável, porra ―, rosnou Manuel. Davan parou quando viu o maxilar cerrado de Manuel. Ele caminhou até ele, em seguida, chegou até sua mandíbula, acalmando seu pulso, até que a raiva desapareceu. ― Eu tenho você para me manter seguro agora. ― Eu posso ver que estar com você vai ser um trabalho de tempo integral. ― Oh, eu preciso de atenção constante, talvez até mesmo a noite toda. Você nunca sabe quem pode saltar em mim no meio da noite, enquanto eu estou enfiado na minha cama... sozinho ... nu. Manuel rosnou. Seus olhos cinzentos escuros. O cheiro doce de excitação do homem era tão espesso que mesmo Davan podia sentir o cheiro. ― Entre no carro de merda, Davan.

Davan riu quando viu Manuel se dobrar para trás em suas calças. O homem ainda estava respirando pesado por causa do boquete que ele tinha acabado de receber. Esta foi a primeira vez e Davan estava grato por ser conduzido ao redor em grande estilo. Ele geralmente odiava a limusine. Parecia demasiado excessiva para ele. Agora ele entendeu os benefícios de ter alguém da unidade. ― Sente-se melhor, amor? Manuel grunhiu. ― Isso é um sim?


Manuel revirou os olhos quando ele se acomodou no assento ao lado de Davan. Ele estendeu a mão e apertou a mão de Davan, seu polegar distraidamente correndo sobre o selo de acasalamento no topo de sua mão. ― Isso realmente não deve demorar muito ―, Manuel começou quando ele olhou pela janela. ― Eu não tenho muito que arrumar. Quase tudo no meu apartamento é apenas móveis, nenhum dos quais eu estou conectado. Eu tenho alguns itens pessoais para fazer as malas, mas não muito. ― Ok. ― Davan estava um pouco confuso com a mudança repentina na conversa. ― Você quer que eu fique dentro do carro? ― Não! ― Manuel gritou. Sua cabeça chicoteando em torno para olhar Davan. ― Você não vai sair do meu lado. Davan piscou. ― Davan, tenho a certeza de que minha família já sabe que estamos aqui. Eles provavelmente sabiam no minuto em que o avião pousou. Eu não quero você em perigo. Eu só quero arrumar minhas coisas e ir embora. Eu não quero nem falar com eles. ― Você sabe que vai ter que enfrentá-los em algum momento, certo? ― Sim, mas eu preferiria que nós fizéssemos quando estivermos de volta na sede da UPAC, onde haverá um monte de guardas para manter um olho neles. Eu não gosto de como estamos vulneráveis agora. Se o meu pai trouxer todas as suas sentinelas, estaríamos na merda. Davan engoliu em seco enquanto o medo começou a florescer em seu peito. ― Você não acha que ele realmente vai fazer isso, não é? ― Eu não achava que ele iria prejudicá-lo, mas aparentemente eu estava errado. Isso só me faz pensar sobre o que mais eu estava errado. Pensei que meu pai era um homem honrado, rude, mas honrado. Eu nunca imaginei que ele fosse um bastardo.


― Talvez ele simplesmente não goste de mim. Você disse que estava bêbado durante seis meses. Ele tinha razões para acreditar que eu era a causa disso, que eu fui infiel a você. Ele poderia ter feito o que fez, achando que era o melhor para você. ― Isso não é desculpa. Se eu soubesse que você estava aqui, que você veio atrás de mim, eu poderia ter... ― Manuel encolheu os ombros. ― Eu poderia ter te escutado mais cedo, e minha vida não teria sido um inferno todos esses anos. Eu poderia ter estado lá para ver Annabelle e Rafael crescer. Davan podia ver a dor nos olhos de Manuel quando ele falou sobre as crianças. Ele sabia o quanto lhe doía não conhecê-los ou estar lá para eles enquanto eles cresciam. Davan coçou o abdômen, esperando que ele e Manuel tivessem criado um novo bebê. Ele não tinha planejado ter outro tão cedo. Inferno, ele não tinha planejado ter outra criança em tudo, mas isso foi antes de Manuel voltar para sua vida. Agora, vendo a dor de Manuel, ele queria um filho com cada batida do seu coração. ― Você sabe que eles vão te amar ― Davan disse e apertou a mão de Manuel. ― Eles já amam. ― Eles adoram a imagem que você construiu para eles, não o meu verdadeiro eu. Davan franziu a testa e puxou sua mão de Manuel. ― Você preferia que eu tivesse os feito odiá-lo? ― Não, não, não é isso que eu estou dizendo. Eu só não sei se eu posso ser este guerreiro mítico que salva o mundo que você me fez parecer. E se eles não gostarem de mim, o meu verdadeiro eu? E se eles me conhecerem e decidirem que me odeiam? ― Você me escuta, Manuel Tejarda. Eu não o fiz parecer um guerreiro mítico que eles poderiam idolatrar. Eu lhe fiz parecer um pai que não tem medo. Se você nunca entrasse em suas vidas, eu queria que eles o conhecessem e fizessem suas próprias impressões sobre quem você era.


Davan se moveu para subir no colo de Manuel. Ele bateu na ponta de seu nariz com o dedo. ― Tudo o que você tem a fazer é amá-los e você vai ser o pai mais maravilhoso do mundo. Isso é tudo que as crianças precisam, de amor e orientação. ― Eu aposto que você é um pai maravilhoso. Davan riu. ― Eu sou o papai. Você é o pai. ― Há uma diferença? ― Bem, nós somos dois homens, então eu não poderia ser chamado de mamãe. Então, eu decidi separar as duas palavras para que as crianças entendessem de quem eu estava falando. As crianças me chamam de papai e se referem a você como pai. ― É bom saber. ― Além disso, você assinou todas as suas cartas com 'Pai'. Você não gostaria de começar a confundi-los agora. ― Não, eu não quero. ― Manuel empurrou sua mão pelo cabelo, em um gesto claramente agitado. ― Cara, essa coisa de pais é difícil. ― Oh, você não tem ideia. Basta esperar até que Annabelle fique teimosa sobre algo. Ela tem suas próprias maneiras de pensar sobre as coisas e Deus não permita que você a tente sacudir. Uma vez que ela gruda em seus pés, você não poderia soltá-la com uma marreta. Os lábios de Manuel se enrolaram em um sorriso. ― Tão ruim assim? ― Isso de teimoso. Ela lembra muito você. ― Davan riu quando Manuel rosnou e começou a fazer cócegas nele. Ele lutou para fugir, mas parecia que as mãos de Manuel estavam por toda parte. Maldito polvo! ― Tio, tio, ― Davan gritou através de seu riso. ― Eu me rendo! Eu me rendo! Manuel finalmente parou de fazer cócegas nele. Em vez disso, Davan foi puxado próximo ao peito do homem. Davan enfiou a cabeça sob o queixo


de Manuel e deu um tapinha em seu peito. A batida forte do coração de Manuel lhe trazia calma enquanto nada mais poderia. ― As crianças vão adorar você tanto quanto eu faço, eu prometo.

Capítulo Nove O sentido de preservação de Manuel se multiplicou quando a limusine parou em frente de seu prédio. Ele olhou em volta tentando identificar qualquer pessoa que pudesse trabalhar para seu pai, e então, quando não viu ninguém, saiu lentamente do carro. Ele ficou na frente da porta para Davan não conseguir sair, enquanto esperava pelos guardas. Uma vez que eles estavam em sua frente, Manuel apontou para o carro e depois a construção de tijolo vermelho na frente deles. ― Eu quero que um de vocês fique com o carro. Se você ouvir ou vir algo fora do lugar, nos avise. O outro virá conosco. Ambos precisam manter os olhos abertos para qualquer coisa. Estamos em território hostil. Os dois guardas assentiram com a cabeça. Um encostou-se ao carro, olhando casualmente com as mãos enfiadas nos bolsos. Mas Manuel podia vêlo cuidadosamente observando tudo ao seu redor. Bom homem. ― Vamos lá, mi amor. ― Manuel chegou de volta e ajudou Davan sair do carro. Ele passou o braço em torno de seu companheiro e o escoltou para dentro do prédio. ― Este é um belo edifício.


Manuel olhou em volta, tentando ver através dos olhos de Davan. Ele só viu os pisos de madeira e o tijolo vermelho que revestia as paredes. Nada parecia especial para ele. Ele deu de ombros e levou Davan para o elevador. Manuel apertou o botão para o elevador. O cheiro de sangue fresco bateu em Manuel como um trem de carga no segundo em que as portas do elevador se abriram. Ele agarrou Davan ao redor da cintura e o empurrou de volta para a parede atrás dele, protegendo o corpo de seu companheiro enquanto ele rapidamente procurava a área para qualquer sinal de ameaça. Ele não podia ver nada, mas ele podia sentir o cheiro, e cheirava familiar. Manuel não conseguia identificar de quem o cheiro veio. Havia algumas gotas de sangue no chão do elevador, mas, além disso, ele estava vazio. Quem estava na última volta do elevador tinha estado sangrando. Manuel agarrou o braço de Davan e o arrastou em direção às escadas. Ele não sabia quem tinha estado no elevador, mas ele não estava prestes a subir por ele se alguém estivesse esperando. Manuel teve a certeza que Davan estava seguro entre ele e o guarda, e então começou a subir as escadas. Pareceu demorar uma eternidade para chegarem ao terceiro andar, mas Manuel sabia que tinha passado apenas alguns minutos. Ele foi andando devagar, apontando as placas para Davan e para o guarda. Se alguém estivesse esperando por eles no topo da escada, ele não queria que soubessem que eles estavam subindo. Antes que ele percebesse, a placa de terceiro andar se assomou a apenas alguns centímetros de Manuel. Ele fez um gesto com a mão para Davan e o guarda ficarem para trás, andando lentamente mais perto. Uma olhada rápida ao redor da borda da porta que conduzia ao corredor mostrou que ele estava vazio. Manuel cheirou o ar. O cheiro de sangue estava ficando cada vez mais forte, apesar dele ainda não conseguir identificar de quem era. Manuel


fez um gesto com a mão, mas manteve a cabeça voltada para o corredor quando saiu da escada. Quando ninguém apareceu, Manuel caminhou até sua porta. Ele tirou a chave do bolso, a colocou na fechadura, e começou a virar quando um piso na extremidade oposta do corredor rangeu. Manuel se virou, expondo suas presas e permitindo que suas garras se ampliassem. Ele empurrou Davan de volta e ficou tão alto quanto podia, enchendo o corredor estreito. Ninguém ia passar por ele para seu companheiro, não sem matá-lo primeiro. ― Manuel? Manuel franziu a testa para o sussurro baixo. Ele sabia de quem era a voz. ― Jorge? Ei, garoto... Manuel suspirou quando seu irmão caçula dobrou a esquina no final do corredor. Suas roupas estavam rasgadas e com sangue. Seu rosto estava inchado, com hematomas e um rastro de sangue escorrendo do canto da boca. Suas mãos estavam enroladas em torno de sua cintura. ― Santo merda, Jorge, o que diabos aconteceu com você? ― Manuel perguntou enquanto corria para o seu irmão. No segundo em que chegou a ele, as pernas de Jorge caíram. Manuel rapidamente passou os braços em volta de seu irmão e o segurou para cima. ― Quem fez isso com você? ― O pai. De alguma forma, Manuel sabia isso antes mesmo de Jorge dizer. ― Por quê? ― Ele está esperando por você. ― Ele está aqui? ― Manuel começou a digitalizar a área novamente, usando todos os seus sentidos para experimentar e ver quando o perigo viesse. ― Não, eu o mandei para o aeroporto quando eu descobri que seu avião tinha pousado.


― Você o quê? ― Os olhos de Manuel agarraram a seu irmão. ― Por que diabos você faria isso? ― Eu pensei que você viria para cá. Se o pai estivesse no aeroporto, então eu teria tempo para avisá-lo. ― A mão sangrenta de Jorge pegou a parte da frente da camisa Manuel. ― Cara, eu não sei o que você fez para irritá-lo, mas o pai está louco. Manuel olhou para além de Jorge para onde Davan estava torcendo as mãos. Suas asas pequenas vibravam loucamente atrás dele. Seus profundos olhos verdes estavam inundados de lágrimas. ― Eu encontrei o meu companheiro e me apaixonei. ― Bem, merda! Manuel levantou uma sobrancelha. ― Você sabe alguma coisa que eu não sei? ― O pai anunciou seu noivado ontem. ― Meu noivado com quem? ― Manuel franziu a testa em confusão. Ele nunca contou a seu pai que ele tinha acasalado. O quanto ele poderia saber? ― Teresa Morales. ― Eu não acho ―, rosnou Manuel. ― Eu já estou acasalado. Está registrado pelos anciãos em seu livro. Eu até tenho um selo de acasalamento marcando meu braço. Se o pai acha que eu estou deixando Davan para me casar com uma mulher que eu nunca vi, então ele tem outra coisa vindo. ― Então precisamos dar o fora daqui, porque em poucos segundos ele vai estar aqui procurando por você. ― Jorge grunhiu enquanto ele tentava se levantar em seus próprios pés. Manuel teve que ajudá-lo. ― E, Manuel, ele não está sozinho. ― Galeno? Jorge balançou a cabeça. ― E alguns de seus sentinelas.


― Tudo bem, temos que sair daqui. ― Manuel apontou para o guarda. ― Desça as escadas e mantenha um olhar atento. Eu também quero que você ligue para o avião e lhes diga para se preparar para a decolagem. Estaremos deixando o segundo que chegamos ao aeroporto. O guarda acenou com a cabeça e correu pelas escadas. Manuel olhou para seu companheiro. ― Davan, me ajude a por Jorge dentro. Davan saltou para frente e colocou o seu braço debaixo de Jorge. Juntos, eles meio que arrastaram e transportaram Jorge para o apartamento de Manuel, colocando-o no sofá. Manuel correu de volta para a entrada e fechou a porta, trancando-os. ― Davan, há um kit de primeiros socorros sob a pia da cozinha. ― Manuel se ajoelhou no chão ao lado de seu irmão e tentou avaliar os danos. ― Você poderia ir buscá-la? ― Manuel, eu estou bem ―, disse Jorge. ― Você precisa ir antes do pai chegar aqui. ― Eu preciso ter certeza de que você está bem. ― Deixe-me. Manuel se virou para ver Davan de pé atrás dele, um kit de primeiros socorros pequeno na mão. ― Você vai empacotar. Eu vou cuidar de seu irmão. Manuel hesitou por um momento e depois acenou com a cabeça, se levantando. ― Eu vou levar poucos minutos, mi amor. Davan caiu no chão na frente de Jorge e abriu o kit de primeiros socorros. Manuel recuou quando viu seu irmão ser cuidado pelo seu companheiro. Era uma visão muito perturbadora. Manuel só queria que isso não tivesse acontecido a Davan primeiro e agora, a Jorge. Seu pai precisava ser parado.


Manuel foi para o armário do seu quarto e puxou a mala. Ele a colocou aberta sobre a cama e começou a arrumar. Ele pegou várias mudas de roupa, alguns itens pessoais e seu par favorito de botas. Ele fechou a mala e a levou para a sala principal, deixando-a no chão perto da porta da frente. Ele teve que procurar pelo apartamento, até encontrar uma caixa grande o suficiente para levar os livros que queria, alguns papéis e fotos. Ele também a colocou ao lado da porta. A última coisa que Manuel pegou foi seu laptop e o pequeno disco rígido externo que ele usava em seu negócio. Ele tinha um monte de notas, documentos legais e informações escondidas dentro do disco rígido. Ele não sabia quando iria usá-lo, mas ele sabia que viria a calhar em algum ponto. Ele era garoto de recados de seu pai. Ele participou de missões diplomáticas, mediou tratados de paz e negócios. Foi aonde e quando seu pai lhe disse e ajudou em seus negócios. Ele tinha ajudado seu pai a acumular uma enorme fortuna. E ele não poderia dar uma merda sobre um centavo maldito. Ele não queria nada disso. Ele não queria o prestígio que possuía por ser filho do alfa. Ele não queria o dinheiro que vinha por ser o segundo na linha para herdar a fortuna de seu pai. Ele não queria nada disso. Galeno poderia ter tudo na medida no que dizia respeito a Manuel . Tinha sempre significado mais para ele de qualquer maneira. Talvez por isso Galeno sempre fizesse exatamente o que seu pai queria, mesmo quando ele estava errado. Ele estava tentando ser o filho perfeito que herdaria tudo. ― Acho que tenho tudo ―, Manuel disse assim que entrou na sala de estar com a última caixa. A caixa caiu no chão quando Manuel perdeu o controle. A respiração apressada de seu corpo foi substituída por um medo tão forte que quase o deixou de joelhos. ― Olá pai. ― Filho ― Alberto Tejarda acenou da cadeira onde estava sentado. Suas pernas estavam cruzadas, e parecia que ele estava inspecionando sua


manicure enquanto olhava para as unhas. Ele parecia entediado quando finalmente levantou a cabeça para olhar para Manuel. ― Parece que temos um pequeno problema aqui, Manuel. ― Não. ― Manuel cruzou os braços sobre o peito. Seus olhos se estreitaram quando ele olhou para seu pai. O ódio que ele tinha enterrado durante anos saiu para a superfície. ― Você tem um problema, e ele vai ser ainda maior se Galeno não tirar as mãos do meu companheiro. ― Seu companheiro? ― Alberto gritou. ― Você vai acasalar com quem eu lhe disser para acasalar. ― Em seus sonhos. ― Isso... isso não é um parceiro adequado para o filho de Alberto Tejarda. ― Isso, como você o chama, tem um nome. É o Ancião Davan Solaris da UPAC. E é uma sentença de morte imediata, se você danificar um fio de cabelo da sua cabeça. ― Isso supondo que eles fiquem sabendo sobre isso. ― Alberto acenou com a mão. Manuel rosnou quando a faca que Galeno tinha encostada na garganta de Davan mudou-se, criando uma pequena gota de sangue. ― Um monte de coisas terríveis acontece aos membros do conselho, quando eles estão fora e por conta própria. ― Eu vou matar você ―, disse Manuel. ― Filho, você não está olhando para isso da maneira certa. ― Alberto se levantou e começou a andar ao redor da sala. A cada minuto ele parava e olhava para Davan, balando a cabeça. ― Eu admito, eu talvez não tenha estado a olhar para isto sob a ótica correta. Ah. Manuel sabia que isso tinha que ser bom. Ele podia ver as rodas girando na cabeça de seu pai. O homem estava tramando, e Davan estava envolvido. ― Isso poderia funcionar a nosso favor. ― Isso!


Alberto acenou com a mão distraidamente na direção de Davan como se ele fosse um objeto em vez de uma pessoa. ― Oh, você sabe o que quero dizer. Sendo acasalado a essa coisa pode trabalhar a nosso favor. Isso significa que temos um assento no conselho. Manuel se irritou com Davan sendo referido como coisa mais uma vez, mas manteve uma fachada calma no rosto. Não havia nenhum ponto em deixar seu pai saber o quanto ele estava chateado sobre isso. Ele tinha que manter a calma e prestar atenção para ter a oportunidade de atacar. ― Não, isso significa que meu companheiro é um ancião. Como ele cuida das suas funções cabe somente a ele. Eu não tenho nada a ver com isso. ― Quer parar de ser tão teimoso? ― Alberto gritou. ― Juro, você é como a sua mãe. ― Obrigado. Os olhos de Alberto se estreitaram. ― Veja como você fala comigo, garoto. ― Eu não sou o seu garoto. ― Isso mesmo, você é um filhinho da mamãe ―, Alberto zombou. ― Por que você não podia ser mais parecido com seu irmão? Pelo menos ele tem uma espinha dorsal. Eu nunca entendi por que sua mãe mimou tanto você e Jorge. Ela o fez fraco, se você me perguntar. É provavelmente o que fez você querer foder com homens. ― Na verdade, eu não acredito que como nós fomos criados tenha algo a ver com isso. Se o fizesse, eu iria odiar os homens e procurar as mulheres. Eu naturalmente evitaria qualquer coisa do sexo masculino, só para o caso de eles serem como você. Manuel nem sequer vacilou quando seu pai lhe deu um tapa no rosto. Ele só limpou o sangue de seu lábio cortado e depois sorriu para o pai. Algo primordial percorreu Manuel quando seu pai empalideceu e rapidamente recuou.


― Está com medo, Pai? ― Você vai pagar por sua insolência, Manuel. Bom! Manuel olhou além de seu pai para atender um conjunto de assustados olhos verdes. ― Davan, mi amor, você poderia, por favor, ajudar Jorge a ir para o carro? Eu vou pegar minhas coisas e ir direto para baixo, assim que eu lidar com meu pai e irmão. Davan engoliu em seco e assentiu. As mãos de Galeno caíram longe quando Davan caminhou para fora delas, como se não houvesse uma faca pressionada em sua garganta. Ele parecia confuso, olhando entre Davan e Manuel, e em seguida, para Alberto. Davan apenas continuou andando até o sofá. Ele se inclinou e ajudou Jorge a levantar e, em seguida, os dois homens saíram para a porta. ― O que você está fazendo? ― O rosto de Alberto ficou vermelho de raiva quando ele gritou para o filho. ― Não os deixe ir embora. Pegue-os, você é tolo! Galeno começou a andar em direção a Davan, mas depois parou. Sua cabeça ligeiramente inclinada. ― Mas, pai, ele é um ancião. Se eu o ferir, eles vão me matar. ― Eu não me importo. Pare-os antes que eles possam ir embora. ― Eu não faria isso se fosse você, Galeno, ― Manuel advertiu em um tom muito baixo. Ele flexionou suas mãos e estendeu suas garras, em seguida, permitiu que seus caninos saíssem através de suas gengivas. ― Você não terá que esperar o conselho se você machucar o meu companheiro, Galeno. Eu mesmo vou matar você. Manuel deu um suspiro de alívio quando viu Davan e Jorge deslizaram pela porta da frente enquanto todo mundo estava ocupado. Uma vez que eles estavam fora, ele voltou sua atenção para os dois homens na sala, os dois homens que eram responsáveis pelo que aconteceu com Davan. ― Agora, vamos resolver isso de uma vez por todas? ― Manuel fez um gesto com a mão para Galeno para trazê-lo por diante. Ele nunca havia


vencido seu irmão em uma briga antes. Mesmo que o homem fosse maior do que ele, Manuel estava lutando por alguma coisa, lutando por sua família. ― Mate-o! ― Alberto começou a gritar. ― Mate-o, Galeno! Galeno parecia hesitante. Manuel não estava. ― Foi você quem deixou marcas de garras nas costas de meu companheiro, Galeno? Ou você simplesmente bateu nele e o deixou para morrer? ― Eu... eu ... Quando Galeno olhou para seu pai, Manuel sabia quem tinha deixado as marcas de garras em Davan. ― Você sabia que Davan levava meus filhos quando tentou matá-lo? A cara de Galeno estalou para trás, suas sobrancelhas dispararam. ― Crianças. Ele é um homem! ― Ele também é fada, o que significa que ele pode engravidar. ― Manuel se sentiu seguro pra compartilhar essas informações com os dois homens porque eles não iam sair do quarto vivos. ― Ele levava os meus gêmeos quando você o espancou quase até a morte. Ele teve que passar seis meses na cama apenas para ele não abortar. ― Ele é uma aberração! ― Alberto gritou. Manuel rosnou e saltou na direção de seu pai. Ele o atingiu com suas garras. Satisfação cheia quando ele ouviu o grito de Alberto. Sangue respingado em seu peito enquanto ele saltou para trás. ― Mate-o, Galeno, ― Alberto gritou. ― Salve-me. Manuel ouviu Galeno rosnar enquanto ele deu outro golpe em Alberto. Ele mudou quando se virou para enfrentar o seu irmão. Ossos quebraram. Músculos se alongaram. Cabelo brotou. No momento em que Manuel caiu no chão na frente de seu irmão, ele tinha orelhas pontudas, quatro patas e um focinho com bigodes e cauda. Ele rosnou, expondo seus longos e afiados dentes. Foi a única advertência que Galeno teve antes de Manuel atacar. Ele mordeu no primeiro


pedaço de carne que ele pode alcançar, em seu braço. Ele ouviu Galeno uivar quando os ossos estalaram e sangue quente encheu a boca. Galeno estava tentando mudar para a sua forma jaguar. Manuel rosnou e o sacudiu tão duro quanto podia. Ele não ia deixar seu irmão mudar. Galeno era um jaguar grande. Manuel rugiu enquanto dor lancinante atirou pelas suas costas. Ele soltou Galeno e se virou, suas orelhas se achatando contra sua cabeça quando viu seu pai em pé diante dele em sua forma de jaguar. Alberto podia ser um jaguar grande, mas ele era um jaguar velho. Chegou a hora de acabar com seu reinado de terror, e Manuel ia ajudar. Ele ignorou a dor que irradiava em suas costas e saltou para o seu pai. Os dois caíram no chão. Eles se enrolaram em torno várias vezes antes de bater na parede. Manuel sacudiu a cabeça para limpá-la e se agachou sobre as quatro patas enquanto Alberto se levantava. Quando Alberto levantou a cabeça, Manuel bateu, indo para o pescoço vulnerável do homem. Sangue quente encheu a boca enquanto os dentes se afundaram na garganta de seu pai. Manuel grunhiu quando as garras rasgaram em seus lados. A dor era insuportável, quase irresistível. Manuel se lembrou de seu companheiro e filhos, e que ele precisava protegê-los e então enfiou seus dentes mais profundamente. Quando Alberto rolou em cima dele, Manuel empurrou suas patas traseiras para cima e enterrou as garras na barriga de Alberto. Quando ele rasgou a garganta do homem, ele usou suas pernas traseiras para rasgar a sua barriga macia. Alberto borbulhava e de repente caiu para frente. Manuel respirou por um momento e depois empurrou o corpo de seu pai fora dele. Ele rolou a seus pés e revistou a sala, à procura de seu irmão, encontrando-o agachado contra a parede oposta em forma humana.


Manuel atravessou a sala silenciosamente e se agachou a vários metros de distância de seu irmão. Ele rosnou e mostrou os dentes. Galeno acenou com a mão não lesionada em sinal de rendição, em seguida, voltou a segurar o braço ferido contra o peito. ― Eu não vou lutar contra você, Manuel. Manuel assobiou. ― Então, me mate já. Galeno baixou os braços e inclinou a cabeça para trás, expondo sua garganta. Manuel ficou confuso com a sede feroz de sangue que cresceu através de seu corpo inteiro e começou a escorrer. Ele estava com raiva, mas não com raiva suficiente para matar um homem que se rendeu. Manuel mudou e se sentou no chão. Seu corpo doía em cem lugares diferentes. Manuel gemeu e esfregou a nuca. Ele podia sentir o sangue escorrendo pelas costas e sabia que ele tinha ferimentos que precisavam ser cuidados, mas agora ele tinha coisas mais importantes para tratar. ― Pare de expor sua garganta, Galeno. Eu não vou matar você e eu certamente não vou fazer me livrar de você agora que o pai está morto. Eu prefiro apodrecer no inferno a liderar um orgulho. ― Mas... ― Galeno abaixou a cabeça. Suas sobrancelhas estavam reunidas em uma carranca de profundidade. ― Todo mundo quer liderar. Está impregnado em nós desde o nascimento. ― Para você, talvez. ― Manuel bufou. ― Eu só quero viver uma vida tranquila com o meu companheiro e meus filhos. Eu poderia me importar menos sobre a execução de um orgulho ou a política do conselho ou qualquer dessas merdas. Parece ser uma grande perda de tempo para mim, sempre ter que olhar por cima do ombro no caso de alguém querer desafiá-lo. Nunca ser capaz de confiar em ninguém. ― Manuel sacudiu a cabeça. ― Eu prefiro foder uma mulher. ― O inferno que você prefere!


Manuel pulou e virou-se para ver Davan de pé na porta, um olhar sombrio no rosto. A única razão que Manuel não ficou chateado era porque os dois guardas estavam atrás dele, as armas na mão. ― Olá, mi amor. ― Não me venha com mi amor, ― Davan gritou. Seus braços cruzados sobre o peito e seus olhos como adagas, olhando com raiva. ― Você não está fodendo ninguém além de mim. ― Não, querido, eu estava apenas dizendo a Galeno que eu não queria ser o alfa do orgulho. Eu prefiro foder uma mulher a fazer isso. Foi apenas uma afirmação. Não tenho nenhuma intenção de foder ninguém além de você. ― Oh. ― Davan olhou para o corpo chão, em seguida, a Galeno antes de fixar seus olhos em Manuel. Ele parecia um pouco verde. Suas mãos estavam cerradas com força em seus lados e suas asas caídas. ― Podemos ir para casa agora? Eu sinto falta dos nossos filhos.

Capítulo Dez Manuel estava tão nervoso que seu estômago estava rolando. E ele tinha motivos para estar nervoso. Eles haviam deixado Galeno com um dos guardas do conselho. Ele ia ser levado para o conselho para enfrentar as acusações de assalto e várias outras acusações que estava a cargo do conselho. Manuel ainda não sabia quem ia assumir o orgulho. Talvez Jorge, embora ele tivesse dito que não queria. Manuel iria deixar o conselho decidir quem iria assumir o orgulho, mas não ia ser ele.


O corpo de Alberto Tejarda tinha sido levado para casa para o enterro. Manuel ainda estava chegando a um acordo com a morte de seu pai. Não porque ele havia matado o homem, mas porque Alberto não seria mais uma ameaça para ele, Davan, ou os filhos novamente. Além do fato de que ele havia tirado uma vida, Manuel não poderia viver tranquilo, a menos que seu pai estivesse morto. Eles estavam indo para casa de campo de Davan para ele conhecer Annabelle e Rafael, e isso era tudo que importava. Foi também o que estava fazendo tão nervoso que poderia cuspir. Ele estava bem quando eles estavam no avião. Ele até gostava de manter Davan distraído no banheiro muito estreito. Uma vez que eles desembarcaram e começaram seu caminho para a casa de campo, seus nervos se desgastaram. Manuel sabia que Davan disse que as crianças iriam amá-lo, mas um herói imaginário era muito diferente de um pai na vida real. O que ele sabia sobre as crianças de qualquer maneira? Eles eram pequenos, e eles babavam e faziam birras quando não conseguiam o que queriam. Manuel riu quando ele olhou pela janela. Inferno, isso soava como ele queria alguma coisa. Talvez eles fossem mais parecidos com ele do que pensava. Manuel esperava que Davan pudesse lidar com os três. ― Quanto falta? ― Ah, agora você realmente soou como as crianças. ― Davan riu. ― Davan. ― Nós estamos chegando à entrada de automóveis agora. Manuel olhou para fora da janela. Ele sempre se perguntava onde Davan viveu nos últimos quatro anos. Ele imaginou uma casa em algum lugar ou uma grande propriedade com funcionários para atender todas as suas necessidades. Ele não esperava uma pitoresca casa com telhado de palha no interior do país. ― Esta é a sua casa de campo?


― Sim. ― Davan sorriu. ― É uma casa de interior. O que você esperava? ― Algo um pouco maior, eu acho. Você é um ancião afinal de contas. ― E isso é uma posição estritamente voluntária. Nós temos um salário anual de despesas, aposentos e quartos para nós e nossa família imediata no castelo da UPAC, mas todo o resto deve sair do nosso próprio bolso. ― Mas você não me contou que a sua família era bastante próspera? ― Eles são. Eu não sou. ― Davan olhou para suas mãos e respirou fundo. ― Quando os gêmeos nasceram minha família achava que eles iriam interferir com os meus deveres como ancião. Eles queriam que eu deixasse alguma família sem nome adotá-las. Minha mãe ainda está procurando uma boa família no Canadá, para levá-los. ― Não― Manuel gritou antes de triturar os dentes. ― Nossos filhos não são para adoção. A risada de Davan era instável. ― Isso foi o que eu disse. Então, eles me deram uma opção. Eu poderia doar as crianças para a adoção e cumprir os meus deveres como ancião e melhorar as minhas habilidades, ou eu poderia cria-los por conta própria. Eu peguei os gêmeos e os levei para o castelo do conselho comigo no dia seguinte. Eu não falei com qualquer pessoa da minha família desde então. ― Sinto muito, Davan. ― Não. ― Davan esticou o braço e acariciou a mão de Manuel. ― Ficamos bem. Não éramos ricos, por qualquer meio, mas tínhamos o que precisávamos. Meu trabalho como ancião me permitiu proporcionar um teto sobre suas cabeças e comida na mesa, e de vez em quando um pouco de algo extra, como esta casa, que eu ainda estou pagando. Mas quando se trata de direito, eu sou muito mais rico com as crianças na minha vida do que sem. ― Eu certamente não tenho a riqueza do meu pai, mas eu tenho o suficiente em meu próprio direito para que eu possa cuidar de você e das


crianças, mesmo se eu nunca trabalhasse mais um dia na minha vida. Você não terá que ir sem mais, não enquanto eu estiver por perto. Davan sorriu e encostou a cabeça no ombro de Manuel. ― Bem, você tem um emprego se você quer um. Eu posso contratar quem eu quiser para ser meu guarda-costas pessoal. Isso significa que você tem que ir a todas as minhas viagens comigo, assistir a todas as minhas reuniões, e até andar comigo aos meus aposentos, todas as noites e me enfiar na cama. A menos que você estiver de folga, você não tem permissão para sair do meu lado. Manuel abraçou Davan e puxou a cabeça do homem para a curva de seu pescoço. ― Parece o trabalho perfeito para mim. ― Ele ainda vem com um salário. Manuel riu. ― Ele vem com benefícios adicionais? ― Absolutamente. ― Vou aceitá-lo. Manuel puxou Davan para ele enquanto terminavam a longa viagem que os levaram para casa. A casa em si não poderia ser enorme, mas a terra em torno dela era. Havia prados e florestas, e até mesmo um lago. A casa estava situada no limite das árvores com vista para os campos cercados. ― Será que as crianças andam a cavalo? ― Não. ― Davan riu. ― Eles são jovens demais para andar. Manuel sorriu. ― Nunca se é jovem demais para andar. ― Então talvez você deva comprar um pônei para eles, pai. ― Talvez devêssemos comprar um pônei. Eu não vou comprar o afeto dos meus filhos. Se lhes dermos presentes, eles virão de nós dois. ― Você vai ser um grande pai. Manuel engoliu em seco.


― Veremos. Nós chegamos. Davan se endireitou quando o carro parou. Ele parecia animado. Seus olhos estavam iluminados, o verde profundo neles espumante. O sorriso em seu rosto ficou de lado a lado. E ainda estava pulando no assento até que a porta se abriu. Manuel também estava animado, mas ele também estava com muito medo. Uma centena de perguntas diferentes povoava sua cabeça. E se as crianças não gostassem dele? E se eles quisessem o herói guerreiro que Davan disse, ao invés de apenas um homem da planície? E se eles não queriam um pai em tudo? Ou um pai que poderia mudar em um jaguar? O que se... ― Aii!! ― Manuel franziu a testa e esfregou o braço, olhando Davan com espanto. ― Porque diabos você fez isso? ― Porque você está se preocupando até a morte por nada. Eu posso sentir o cheiro da fumaça daqui. As crianças vão adorar você. Eu tenho certeza. ― Davan escorregou até a borda do assento quando o guarda abriu a porta. ― Agora, vamos lá. É hora de você conhecer os seus filhos. Manuel riu e seguiu Davan para fora do carro. Quem diria que seu pequeno companheiro poderia ser tão feroz? Na verdade, isso era muito excitante. Manuel ficou atrás da porta do carro e arrumou sua ereção em suas calças, em seguida, andou com Davan em direção a porta da frente. Ele diminuiu, franzindo a testa quando Davan parou e começou a olhar ao redor. ― O que foi? ― As crianças não vieram ao meu encontro ―, disse Davan. ― Eles sempre vêm ao meu encontro. Manuel imediatamente entrou em alerta. Ele levantou o rosto para o ar e inalou. Ele sentiu o cheiro forte de terra, árvores e grama e apenas um toque de outra coisa. Ele simplesmente não conseguia saber o que era a outra coisa. Não foi era um mau cheiro, mas não era um aroma calmante também.


― Suponho que eles podem estar jogando no quintal, tirando uma soneca ou algo assim. O sorriso que Davan ostentava quando se virou para olhar em Manuel era forçado e Manuel sabia disso. Davan estava preocupado, o que também o deixou preocupado. ― Deixe-me entrar primeiro. Manuel acenou para o guarda, que assumiu a posição atrás de Davan. Manuel subiu os degraus da varanda, parando em frente à porta. Ele cheirou o ar a cada poucos passos, em busca de algo fora do lugar. Manuel cautelosamente abriu a porta e olhou para dentro. Ele não conseguiu ouvir nada fora do comum, mas no momento em que abriu a porta uma onda de novos aromas o acertou. Manuel imediatamente identificou dois, que pertenciam aos seus filhos. Não havia maneira de confundir os seus cheiros. Eles cheiravam como uma combinação dele e de Davan. Foram os outros cheiros que o preocuparam. Ele podia sentir quatro cheiros distintos, separados dos aromas de Annabelle e Rafael. O cheiro era como Davan, mas mais picante e amargo. ― Eu acredito que nós temos companhia, mi amor ―, Manuel disse quando entrou na casa. Ele seguiu o cheiro para a sala, parando na entrada quando viu quatro pessoas. Ambas as mulheres estavam sentadas, uma no sofá e outra em uma cadeira perto da janela. Os dois homens estavam em pé ao lado da lareira. Um dos homens era a cara de Davan. Manuel mal reprimiu um rosnado quando ele olhou Dorian Solaris através da sala, o homem que lhe causou tanto sofrimento com algumas fotos impertinentes. Ele queria pular do outro lado da sala e exigir saber por que ele tinha feito isso, por que ele tinha tirado fotos íntimas, e as empurrado sob a porta. Ele sabia que teria que esperar por outro momento quando Davan inalou


agudamente fazendo com que os quatro ocupantes da sala olhassem para cima. ― Olá ―, disse Manuel, quando eles o notaram. ― Existe uma razão para vocês estarem em minha casa? ― Sua casa? ― o mais velho dos dois homens perguntou. ― Eu tinha a impressão de que esta casa pertencia ao meu filho, Ancião Solaris. ― Sim, mas também pertence a mim. ― E você é? ― Manuel Rafael Frederico Tejarda. A mulher no sofá inalou agudamente. Os dois homens que estavam perto da lareira fizeram uma careta. Manuel sorriu. ― Vejo que vocês já ouviram falar de mim. ― Sim, ― O pai de Davan disse. ― E nada de bom. ― Então eu fiz o meu trabalho. ― Manuel se virou para trás e estendeu a mão para Davan. Uma vez que o homem a tomou, Manuel puxou seu companheiro para ficar ao seu lado. ― Agora, gostariam de dizer a mim e ao meu companheiro o que vocês estão fazendo em nossa casa? ― Eu creio que isto não lhe diz respeito, jaguar. ― Considerando que você está na minha casa, eu diria que isso me diz respeito sim. ― Meu nome é Valerian Solaris. Eu sou o pai de Davan, e eu gostaria de falar com ele. ―Valerian olhou incisivamente em Davan. ― Sozinho. Manuel sentiu Davan começar a tremer. Ele apertou a mão dele, transmitindo segurança. ― Não isso não vai acontecer assim. Não só eu sou o companheiro de Davan, mas eu também sou seu guarda-costas pessoal, contratado pelo Conselho. Eu não vou deixar o seu lado por nada nem ninguém. ― Muito bem.


Manuel entrou na sala, mantendo Davan firmemente ao seu lado. Ele gesticulou para Valerian se sentar enquanto se sentou no sofá e puxou Davan ao lado dele. Ele riu quando a mulher no sofá rapidamente se levantou e caminhou até a lareira. ― Davan já me deu um banho para pulgas. ― Sua diversão não é apreciada, ― Valerian falou. ― Estamos aqui para discutir assuntos de grande importância com Davan. ― Discutam a distância. ― Manuel encostou-se ao sofá como se não estivesse enfrentando a ameaça de três pessoas desconhecidas. Ele cruzou as pernas e apoiou o braço no encosto, despreocupado, brincando com o cabelo de Davan. Valerian bufou e se virou para encarar Davan. Ele acenou com a mão na direção de Manuel. ― Isso é realmente necessário? Você não pode conceder a sua família cinco minutos de seu tempo sem um guarda ao seu lado? ― Não ―, Davan respondeu simplesmente, enquanto encostava-se a Manuel, cruzando os braços sobre o peito. Manuel não poderia estar mais orgulho de Davan, ainda mais quando Valerian soltou um grunhido de frustração. Ele sabia que Davan estava ansioso sobre seus filhos, mas eles precisavam descobrir por que sua família estava aqui antes de irem ver Annabelle e Rafael. Manuel não queria as crianças envolvidas neste processo. ― Nana ―, disse Davan quando se virou para a mulher sentada perto da janela, ― por que você não vai ver as suas funções. Eu não acredito que você precisa estar envolvida nesta conversa. A mulher mais velha balançou a cabeça e ficou de pé. Ninguém disse uma palavra quando ela saiu da sala. Manuel queria perguntar quem ela era, mas sabia que agora não era hora. Ele parecia que pertencia a casa, e não era uma total desconhecida. ― O que você quer Valerian? ― Davan perguntou.


― O seu irmão vai se casar no próximo mês. Davan virou para olhar para Dorian. ― Parabéns! Dorian encolheu os ombros como se o assunto não significasse nada para ele. Ele não disse uma palavra. Mas Manuel sentiu o cheiro de nervosismo nele. Ele podia vê-lo na forma em que os olhos Dorian se mantiveram correndo de seu pai para a sua mãe, e então, de volta para o chão. ― Nós gostaríamos que você assistisse ao casamento ―, disse Valerian. Davan parecia cético. ― Por quê? ― Você não quer assistir ao casamento de seu irmão? ― Eu iria se meu irmão estivesse me convidando, mas ele não está. ― Davan cruzou as mãos juntas. ― Agora me diga por quê. ― O seu irmão vai se casar com um homem muito importante, um duque. Ele... ― Ah, eu vejo. ― Davan riu. ― E você me quer lá não porque eu sou irmão de Dorian, mas porque eu sou um ancião que apenas passa a ser o irmão de Dorian. Você quer o prestígio que pode conseguir tendo o ancião das fadas assistindo o casamento do seu filho. ― Davan, realmente, ― A mãe de Davan disse, falando pela primeira vez desde que entrou na sala. ― Você tem que ser tão grosseiro? ― Sim, Gena, eu tenho. Manuel riu, sendo incapaz de guardar para si. Ele amava Davan e sua língua afiada. Ele olhou para os pais de Davan e seu irmão. ― Bem, se isso é tudo, eu tenho uma pergunta. ― Não, isso não é tudo ―, retrucou Valerian. ― Este casamento é muito importante para Dorian. Seu noivo é um homem muito importante e você nunca teve tempo para voltar para casa e visitar sua família.


Davan se levantou e invadiu o espaço de seu pai. Ele apontou para trás em Manuel. ― Ele é minha família. Annabelle e Rafael são a minha família. Você não passou de um doador de esperma. Manuel rosnou e se levantou quando Valerian bateu no rosto de Davan. Ele estava do outro lado da sala em um piscar de olhos. Ele tinha a mão enrolada em torno da garganta de Valerian enquanto segurava o homem contra a parede. ― Você vai morrer! ― Manuel rosnou. Os olhos de Valerian se arregalaram. Ele agarrou desesperadamente a mão de Manuel quando o ar começou a ser cortado lentamente e seu rosto começou a ficar azul. ― Manuel, não! ― Davan puxou o braço de Manuel. ― Por favor. Manuel lentamente soltou seu agarre, permitindo que Valerian respirasse novamente. Ele se inclinou para perto. ― Você não só colocou a mão sobre meu companheiro, mas um ancião. Mesmo você, tão estúpido quanto você pode ser, sabe que isso é uma sentença de morte instantânea. Esteja feliz que o seu filho estava aqui para me impedir. Manuel jogou Valerian de lado e estendeu a mão para o seu companheiro. Seus dedos tremiam um pouco enquanto ele acariciava a marca vermelha em seu rosto. ― Você está bem, mi amor? Davan sorriu. ― Estou bem. Manuel esfregou a bochecha de Davan por mais um momento, então se virou para os outros na sala. ― É hora de vocês saírem. Vocês não são bem-vindos aqui. ― Vou apresentar acusações contra você diante o conselho ―, Valerian cuspiu. ― Eu vou vê-lo apodrecer no inferno por isso.


― Seja meu convidado, mas enquanto você estiver lá, você pode querer informar o conselho sobre como você tocou um dos anciãos, o agrediu. Tenho certeza que eles estariam muito interessados. E mesmo que não estiverem eu tenho certeza que eles gostariam de saber como você quebrou um costume das fadas para às suas necessidades. ― Que diabos você está falando? ― Valerian gritou. ― Eu nunca quebrei costumes fadas. ― Ah. ― Manuel levantou a mão de Davan, mostrando o selo de acasalamento no topo da sua mão. ― Nós dissemos que éramos companheiros. Davan tem a marca para provar. Você pode até ver as suas asas vibrando em suas costas. Ele tem todos os sinais de uma fada acasalada. ― E? ― E você o tocou. Acredito que tocar uma fada acasalada é contra seus costumes, não é? ― Bem, sim, mas eu sou seu pai ― Valerian acenou com a mão em desdém. ― Isso não se aplica à família. ― Uma vez que Davan e eu acasalamos, vocês já não são de sua família imediata. Eu sou. E isso significa que você violou um costume fada por tocá-lo. ― Manuel riu. ― E se isso não é o suficiente para você, você tocou meu companheiro e eu sou um shifter jaguar. Pelas regras do meu povo, eu tenho o direito de rasgá-lo membro por membro. Valerian encontrou o olhar de Manuel, lhe atirando punhais de raiva com os olhos. Finalmente, ele bufou e se virou em direção à porta. ― Vem, Gena, Dorian, vamos embora. É claro que seu irmão não vai estar presente em seu casamento. ― Na verdade, ― Davan disse, ― se Dorian quer que eu assista seu casamento, tudo que ele precisa fazer é me perguntar. Eu ficaria feliz em assistir ao casamento do meu irmão. ― Realmente? ― Dorian sussurrou, parecendo chocado. ― Claro, eu...


Manuel rapidamente cobriu a boca de Davan. Ele grunhiu quando Davan acotovelou para trás em seu intestino. Ele largou a mão e se inclinou para sussurrar no ouvido do Davan. ― Eu só tenho uma pergunta rápida para Dorian antes de concordar em comparecer ao seu casamento. Davan revirou os olhos. Manuel sorriu para ele, então, olhou para cima. ― Dorian, por que você deixou suas fotos íntimas tendo relações sexuais com um homem debaixo da minha porta, há quatro anos? Davan inalou. O rosto de Dorian se drenou de cor enquanto sua boca caía aberta. Valerian disse um palavrão e saiu da sala, Gena em seus calcanhares. Manuel ouviu a porta da frente se fechar. Um momento depois, um carro começou a subir, derrubando a calçada. ― Bem, Dorian? ― Eu...eu não deixei. ― Então, como elas chegaram lá? ― Manuel perguntou. ― Você tirou as fotos, não é? ― Eu acho, mas... ― o rosto de Dorian corou furiosamente. ― Ninguém deveria vê-las. ― Quem está nas fotos com você? ― O duque. Ele é o único com quem eu já tirei fotos. As sobrancelhas de Manuel dispararam. ― Seu noivo? Dorian acenou com a cabeça. ― Nós nos encontramos no grande encontro de quatro anos atrás. Estamos vendo um ao outro desde então. Ele me reivindicou no grande encontro há alguns dias. É por isso que nós estamos planejando o casamento. ― Mas você não sabe como as imagens chegaram até mim?


― Não, eu juro. Ninguém deveria ver essas imagens. Eles eram para a nossa coleção particular. Meu noivo tem um álbum que ele mantém no nosso quarto a sete chaves. Ninguém vê essas fotos, somente nós. ― Bem, alguém tem uma cópia delas ―, disse Davan. ― Dorian, você pode chamar o duque e lhe perguntar se ele sabe como elas chegaram ao meu quarto? Dorian acenou com a cabeça e tirou seu telefone celular enquanto caminhava em direção das janelas na frente da casa. Sua voz estava baixa o suficiente para que Manuel pudesse ouvi-lo falar, mas ele não conseguia entender o que o homem estava dizendo. Ele se virou para Davan em vez de tentar espionar. ― Tem certeza de que está tudo bem, Davan? ― Eu estou bem, Manuel. ― Davan sorriu. ― Promete? Eu sei que você tem uma conexão com sua família e... ― Eu tenho uma conexão com você e talvez com Dorian. Mas eu não me senti ligado a meus pais nos últimos anos. Eles estão mais preocupados com a forma que as pessoas os veem e como suas vidas são prestigiadas. Eles poderiam se importar menos se sou feliz ou não. Dorian amaldiçoou quando se virou. ― O duque disse que notou que as fotos estavam faltando quando meu pai chegou ao conselho UPAC e nos arrastou para casa. As fotos estavam trancadas em um cofre no seu quarto, mas de alguma forma desapareceram. ― Eu não entendo Dorian ―, disse Manuel. ― Como alguém pode ter chegado a elas? Sua mente voou através das possibilidades. ― Se eu tivesse que apostar, eu diria Clair, ― Dorian afirmou. ― Ela é assistente pessoal do duque. Ela supervisiona todas as operações de seus negócios. Eu realmente nunca confiei nela, mas meu noivo jura por ela. Ela serviu a família por muitos anos.


― Você acha que ela teria traído o duque e dado ao pai as fotos? ― Davan perguntou. ― Se ele era tão contra vocês acasalarem e depois manter as crianças, ele não teria deixado passar. ― Dorian encolheu os ombros. ― Fale de dinheiro e Clair é a primeira a saltar na chance de pôr as mãos em algum. Ela sempre acreditou que deveria ter nascido rica. Seu pai era da nobreza, mas sua mãe era apenas uma ajudante de cozinha. Pessoalmente, eu acho que ela está chateada com o mundo por não ter nascido com uma colher de prata em sua boca. ― Existe alguma maneira de descobrir? ― Meu duque está lhe perguntando agora. ― Dorian sorriu. ― Ele pode ser muito... err ... persuasivo. Manuel riu quando a boca de Davan caiu aberta. Ele podia apenas imaginar o quanto persuasivo o duque poderia ser. Felizmente, Dorian não parecia ter um problema com isso. ― Se casar com o duque é o que você quer Dorian? ― Manuel perguntou. ― Ou é a nossa família que está fazendo você aceitar? ― Oh não, eu definitivamente quero me casar com o cara. Seria meio estranho agora se eu não o fizesse. Ele me reivindicou como seu companheiro no grande encontro. ― Um brilho de algo que Manuel reconheceu como possessividade entrou nos olhos Dorian quando ele sorriu. ― Eu estou perfeitamente feliz com a maneira como as coisas aconteceram. Meu noivo sendo um duque é apenas um bônus. O telefone de Dorian de repente tocou. Dorian o abriu e escutou. Ele balançou a cabeça várias vezes, em seguida, jogou um beijo e disse adeus. Um largo sorriso enfeitou seus lábios quando ele fechou o telefone. ― Parece que o duque vai precisar de um novo secretário ―, disse Dorian. ― Clair admitiu deslizar as fotos em sua porta, Manuel. O pai a pagou para fazer isso. Ele lhe ofereceu um suprimento infinito de Prada e Gucci e uma introdução nos círculos da alta sociedade.


Manuel rosnou. Dorian rapidamente levantou a mão. ― O duque já está chamando o conselho e levando as acusações de roubo, suborno, chantagem, e interferência de um acasalamento legal contra o pai. Clair não estará indo para baixo sozinha. Manuel sentiu Davan estremecer em seus braços. Ele olhou rapidamente para ele. ― Você está bem com isso, Davan? ― Sim, eu simplesmente não posso acreditar que depois de todo esse tempo meu pai vai finalmente conseguir ser punido. ― A mãe, também ―, disse Dorian. ― Ela tinha uma mão nisto também. Aquele casal que ela arrumou para adotar os gêmeos? Eles eram parentes de Clair. Ela ajudou a mãe a definir a coisa toda. ― Porra, as crianças! ― Davan afastou-se Manuel e começou a correr para fora da sala de estar. ― Me esqueci das crianças.

Capítulo Onze Davan podia ouvir passos pesados de Manuel correndo atrás dele quando ele subiu as escadas. Ele não podia acreditar que ele tinha esquecido as crianças, mas em todo o caos, talvez tivesse sido uma coisa boa. Ele não queria que eles se sujeitassem à ira de seu pai. Ele diminuiu os seus passos quando chegou à porta da creche para que Manuel pudesse alcançá-lo. Manuel parecia um pouco cinza em torno das


bordas de seu rosto quando ele parou ao lado dele. Davan estendeu a mão e agarrou a sua. ― Pare de ficar tão nervoso. As crianças vão adorar você. ― É fácil para você dizer. ― Manuel engoliu em seco e olhou para a porta fechada. ― Eles já te amam. ― E eles já te amam também. ― Eles não me conhecem. E se eles me odiarem, uma vez que me conhecerem? E se... Davan estendeu a mão e cobriu os lábios de Manuel com os dedos. ― Eles vão te amar. Basta lhes dar uma chance. Manuel engoliu novamente, então balançou a cabeça. ― Você quer que eu vá primeiro? Os olhos de Manuel se arredondaram quando ele balançou a cabeça de novo, desta vez mais rápido. ― Por favor. Davan virou a cabeça, escondendo o sorriso em seu rosto. Ele abriu a porta e entrou, varrendo com os olhos o espaço para as crianças. Gritos de alegria encheram a sala quando as crianças o viram. Davan caiu de joelhos e abriu os braços para acolhê-las. Um peso foi tirado de seu peito quando Annabelle e Rafael pularam em seus braços e abraçaram tão apertado quanto seus bracinhos permitiam. Ele sabia que tinha o mais ricos dos tesouros do mundo em seus braços. Só mais uma coisa iria torná-lo perfeito. Davan beijou cada uma das crianças na cabeça, em seguida, se sentou para olhar para os seus rostos felizes. ― Eu tenho uma surpresa para vocês. ― É o pai? ― Annabelle disse logo depois. ― Ele está em casa? ― Você gostaria disso? ― Davan perguntou.


― Oh sim, sim, papai. ― Annabelle começou batendo palmas. Seu rosto se iluminou com entusiasmo e suas tranças loiras balançavam ao redor de sua cabeça quando ela pulou. Rafael apenas balançou a cabeça rapidamente, seus cachos escuros batendo em torno de seu rosto. Davan sorriu e se virou em direção à porta aberta. ― Manuel. Davan podia ver a ansiedade corroendo a confiança de Manuel quando o homem pisou na entrada. Suas mãos estavam fechadas apertadas, com o rosto desenhado para trás em uma careta apertada. Manuel engoliu em seco e se ajoelhou no chão perto da porta. Manuel olhou para as crianças. Annabelle e Rafael olharam para Manuel. ― Olá, crianças ―, Manuel finalmente sussurrou. ― Pai! ― Annabelle gritou e correu todo o pequeno espaço entre eles, se jogando nos braços de Manuel. Rafael hesitou por uma fração de segundo, em seguida, correu atrás da irmã. Manuel envolveu os dois em seus braços grandes e os segurou apertado contra o peito. Lágrimas saltaram dos olhos de Davan com a alegria que irradiava de Manuel. Os próprios olhos de seu companheiro estavam molhados quando ele olhou para Davan. ― Obrigado ―, Manuel disse, apenas mexendo a boca. Davan apenas balançou a cabeça. Seu agradecimento veio em assistir o homem que amava, finalmente, unido aos seus filhos. Ele não precisa mais nada.


Davan riu quando Manuel caiu na cama ao lado dele. Ele rolou para o lado e acariciou ao longo do seu peito liso e muscular. ― Cansado, querido? ― Nossa, como você consegue acompanhá-los? ― Manuel gemeu. ― Onde você encontra a energia? Eles são como duas forças da natureza. ― Você deveria ter visto quando eles estavam em dentição, ao mesmo tempo. A Grande Guerra entre paranormais não era nada se comparada a eles. Manuel riu. Seu rosto estava cansado, mas feliz quando ele se virou para olhar Davan. Davan acariciou ao longo do rosto de Manuel. Davan estava se sentindo pleno, com uma sensação de paz que ele não se lembrava de ter sentindo antes. ― Você os criou muito bem, Davan ― sussurrou Manuel. ― Eles são crianças maravilhosas. ― Eles são ― Davan respondeu. ― Eles estavam muito animados por vê-lo. ― Isso foi estranho, era como se eles realmente me conheciam. ― Nós sempre conversamos muito sobre você. Eu queria que as crianças soubessem quem você era, lembra? ― Sim, mas isso foi muito estranho. Você compartilhou tanto com eles. Quero dizer, eles realmente falaram sobre o seu tio Jorge. ― Manuel franziu a testa. ― Como eles sabiam quem ele era?


― Eu disse a eles sobre a sua família, embora eu deixasse de fora o seu irmão mais velho e seu pai. Depois do que aconteceu, eu não queria que as crianças soubessem sobre eles. ― Eu sempre fui impressionado com o seu nível de inteligência. ― Manuel rolou de lado e fez um gesto com a mão. ― Eu ficaria ainda mais impressionado se você se mover um pouco mais. Davan sorriu e se moveu novamente. ― Isto é o perto o suficiente? ―, ele perguntou quando havia apenas alguns centímetros entre eles. ― Não. Davan chegou mais perto. ― E isto? ― Não. Davan empurrou Manuel de costas e, em seguida, subiu em cima dele. Ele se estendeu por cima do homem. ― E que tal isto? Isto é perto o suficiente? ― Quase. Davan bufou e se levantou. ― Manuel, eu não posso chegar mais perto, a menos que eu suba dentro de você. ― Verdade... ― Manuel sorriu maliciosamente. ― Eu estava planejando subir dentro de você. Calor infundiu instantaneamente em casa centímetro do corpo da Davan. ― Oh. ― Eu quero ver suas asas vibrarem, mi amor. Davan engoliu em seco. ― Vibrar? ― A vibração e o pó que suas asas propagam quando você está excitado.


Davan sabia disso. Ele só não sabia que Manuel tinha percebido. Isso o fez imaginar o que mais Manuel sabia. Davan engoliu em seco na imagem de Manuel acariciando suas asas. Só de imagina fez seu pênis duro como uma rocha. ― Você sabia que nossas asas são muito sensíveis? As sobrancelhas escuras de Manuel se arquearam. Davan assentiu. ― É um segredo muito bem guardado. ― Eu não vou dizer a ninguém―, Manuel sussurrou. Davan podia ver o brilho nos olhos de Manuel. Ele estremeceu, sabendo que ele teria uma noite que jamais esqueceria. ― O que exatamente você tem em mente? Manuel sorriu. ― Dispa-se e se deite em seu estômago. Davan franziu a testa, confuso, mas fez como Manuel mandou. Ele rolou para o lado da cama e se levantou, começando a tirar a roupa enquanto observava Manuel fazer o mesmo no outro lado da cama. Deus, o homem era magnífico. Davan estava achando difícil respirar quando ele subiu de volta na cama e se esticou no meio do colchão, deitando em seu estômago. Seu estômago se apertou em antecipação quando o colchão se afundou com o peso de Manuel. Davan sentiu o homem se estabelecer entre suas pernas. Ele não podia dizer imediatamente se Manuel estava deitado ou ajoelhado. Ele estava muito nervoso para olhar. As mãos de Manuel pousaram em sua bunda. Davan saltou. ― Suas asas estão começando a se agitar, Davan. Davan gemeu. Ele sabia disso. Um profundo arrepio acumulou em seu corpo quando os dedos de Manuel deslizavam nas bordas de suas asas,


onde elas começavam. Essa era a parte mais sensível. E o riso profundo de Manuel lhe disse que ele sabia disso. ― Eu acho que vou gostar disto. Davan estremeceu novamente quando os dedos e os lábios de Manuel começaram um passeio em seu corpo. O simples toque dos dedos de Manuel foi o suficiente para deixa-lo quase no ponto de explodir. Davan sentiu a língua de Manuel avançando cada vez mais próxima a esse ponto doce, o que o fez pedir. ― Por favor, Manny. ― É isso que quer o meu bebê? ― Manuel perguntou antes de sua língua deslizar em torno da borda das asas de Davan, direto no ponto onde elas se ligavam às suas costas. Davan vibrou descontroladamente. A sensação de Manuel lambendo suas asas se sentiu melhor do que ter o seu pau lambido. Simplesmente não havia nada parecido no mundo. Ele não podia entender como as pessoas não queriam asas. Se elas soubessem o tipo de prazer que era ser tocado ou lambido, todo mundo iria querer asas. Davan sentiu os dedos de Manuel violar sua bunda. Ao mesmo tempo, a língua quente do homem roçou sobre suas asas. As sensações eram idênticas. As asas de Davan começaram a se agitar com paixão. Davan começou a se mover, se esfregando no colchão enquanto os dedos pressionavam em sua abertura apertada. Ele não podia fazer mais nada. A necessidade construída em seu sistema até que ele não conseguia pensar em mais nada. Seu pau doía. Cada vez que ele esfregou contra o colchão Davan pensou que ele poderia gozar, mas a liberação deliciosa estava sendo negada. A pressão não era dura o suficiente. ― Manny! ― Davan gritou. ― Ah, agora esse é o som que eu estava esperando ―, disse Manuel enquanto puxava Davan para cima de joelhos.


Davan gemeu em protesto quando os dedos de Manuel saíram de sua bunda, mas ele gritou de alegria quando o pau de Manuel bateu nele. As mãos de Manuel, em vez de agarrar seus quadris como de costume, se enrolaram em suas asas, no lugar onde elas faziam a sua volta. ― Eu quero o Brilho, mi amor ―, rosnou Manuel. ― Eu quero que você me dê um banho dele. ― Mais forte! ― Davan gritou. ― Foda-me com mais força. Qualquer pensamento claro que Davan podia ter tido se derreteu quando Manuel começou a bater nele mais forte. Seu buraco doía da punição, mas era uma dor gloriosa. Deixava-o saber que estava vivo, que Manuel o queria. Ele não se importava que provavelmente não fosse capaz de andar ou se sentar pelos próximos dias. Ele recebeu com alegria cada impulso. ― Dê-me o meu pó, Davan, ― Manuel sussurrou quando ele se inclinou Davan. ― Eu quero o meu pó de pirlimpimpim. O corpo inteiro de Davan tremeu quando os caninos de Manuel se afundaram no lado de seu pescoço. Cada nervo em seu corpo parecia que estava pegando fogo. Ele estava queimando de dentro para fora, e tudo o que Davan podia fazer era se entregar às chamas. Davan jogou a cabeça para trás e gritou quando ele foi consumido pelo incêndio que acontecia dentro dele. Porra quente se atirou de seu pênis e cobriu o colchão abaixo dele, gozando sem sequer um toque no seu pau. Só quando ele pensou que iria derreter direto no colchão, Manuel recuou e rugiu. Lava ardente e quente encheu a bunda de Davan. Davan sentiu que estava sendo marcado de dentro para fora. A intensidade do momento foi aumentada quando uma sensação calorosa e gentil entrou em seu corpo. Tudo começou onde o corpo de Manuel se conectava com o dele em um nível tão íntimo e viajou para fora até a ponta de seus dedos, que formigaram.


― Eu te amo, Davan, ― Manuel murmurou enquanto beijava o lado da cabeça Davan, então, os rolou de lado. Ele aconchegou-se a Davan, engessando seus corpos juntos. E foi aí que ele soube, quando as palavras de Manuel afundaram em seu coração e o encheu a ponto de explodir. Davan sorriu e agarrou o braço de Manuel, trazendo-o de volta na frente dele. Ele tinha muito a agradecer nesse exato momento. ― Manny ―, ele sussurrou baixinho ― Você vai ser pai. ― Eu já sou pai. ― Manuel riu. Davan olhou por cima do ombro para o amor de sua vida, o homem que tinha mantido seu batimento cardíaco durante os últimos quatro anos. ― Nós acabamos de fazer outro. Os olhos de Manuel se arredondaram em maravilha, e o que parecia ser um pouco de choque. Ele olhou para o abdômen Davan, então, de volta para seu rosto. Ele repetiu esse movimento mais duas vezes, em seguida, lambeu os lábios. ― Tem certeza? ― Sim, sem duvidas. Davan agarrou a mão de Manuel e apertou-a contra seu abdômen. ― Você não pode senti-lo ainda, mas ele está lá. ― Ele? ― Manuel perguntou. ― Ele, ela, eles. ― Davan encolheu os ombros. ― Que importa? Manuel ficou em silêncio por um momento e depois riu e beijou Davan. ― Eu acho que não importa, contanto que ele ou ela ou eles sejam saudáveis e felizes. ― Sim. Davan se voltou e descansou a cabeça sobre o travesseiro. Ele podia sentir Manuel aconchegado por trás dele, a respiração quente do homem


soprando em sua nuca. Sentiu-se relaxado, feliz, amado. Esta era a sua ideia de paraíso. ― Deus, eu poderia ficar assim para sempre. ― Manuel gemeu, em seguida, beijou o topo da cabeça do Davan. ― Eu também ―, Davan murmurou. As mãos de Manuel acariciaram para baixo ao lado de seu corpo, acalmando-o como nada mais teria. Davan ansiava o toque Manuel, mas ele precisava desses toques suaves depois do sexo para saber que não era apenas sexo. O homem empurrou quando houve um súbito bater na porta do quarto, seguido pelas vozes das crianças falando animadamente. Davan rolou de costas quando Manuel se afastou e correu para o lado da cama. Ele riu quando ele se inclinou sobre os cotovelos e observou Manuel se vestir como se sua vida dependesse disso. ― Bem-vindo à paternidade.

FIM!


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