Erin tate Rhal (The Ujal Part one ) #3.1

Page 1



Tradução: PEE Revisão: J. Costa Revisão final: Rosi Teo Leitura Final: Lola Formatação: Lola Verificação: Anna Azulzinha



Cara Marte pegou o assassino Rhal fa Adar-Ujal numa mentira e o amor que ela tem por ele morreu lentamente. Quando

Cara

percebe

que

seu

relacionamento está verdadeiramente acabado, ela vai para a Agência de Acasalamento

intergaláctico

para

encontrar um companheiro. Só que, mesmo quando ela deixa Rhal para trás, ele ferra com o futuro dela. Porque Cara é incomparável e é culpa dele.


Rhal fa Adar era um mentiroso, um idiota e o homem Ujal mais sexy que Cara já vira. Pena que ser sexy não compensava as estúpidas tendências mentirosas. Dessa maneira os machos Ujal não eram diferentes dos humanos. Oh, Rhal continuava a falar sobre a integridade, honra, força e tudo o que fazia dos guardas de elite guerreiros mais próximos do príncipe tão especiais. Ela se

perguntou

onde

mentir se

encaixa com

integridade. Será que eles moram lado a lado na cabeça dele ou eles se revezavam? Será que eles alternavam dias? Segunda, quarta e sexta-feira eram designados os dias de integridade? Terça, quinta e sábado eles se tornavam mentirosos? Alternavam nos domingos também? Quanto mais pensava nisso, mais zangada ficava. E quanto mais furiosa ficava, mais seus olhos ardiam com lágrimas. E quanto mais seus olhos ardiam com lágrimas, mais zangada ficava até que ela correu cegamente pelos corredores da UST - Ujal Station Tau1. Os corredores estavam vazios neste momento, os funcionários se reuniam em torno dos televisores para assistir à conferência de imprensa com o príncipe Tave e Principessa 2 Rina ou estavam assistindo a 1 2

UST – Ujal Station Tau: Estação Ujal da cidade de Tau. Principessa: Princesa.


isso em casa. Uma conferência de imprensa que ela assistiu por alguns minutos. Cara entrou atrás da equipe de filmagem, fingindo ser parte do grupo. —Eu tenho uma pergunta? — Esperou pelo aceno de Rina.

—E

crianças?

As

companheiras

anteriormente

humanas são capazes de gerar filhotes? Cara teria perguntado a Rina em particular, teria esperado até que sua melhor amiga tivesse tempo para uma xícara de café ou algo assim, mas as coisas foram tão rápidas para Rina e Tave. De se conhecer a se acasalar no que pareceu ser como um tornado. E então Rina foi levada para Tau por uma semana antes de reaparecer para a conferência de imprensa para discutir os acasalamentos entre humanos e Ujals. Mudanças. O Ministério da População. A Agência de Acoplamento Intergaláctico. Tudo isso. E no tempo que tinha acontecido, Cara foi dominada pela necessidade de saber. Porque as últimas palavras de Rhal para ela rasgavam sua mente a cada hora do dia. Ele deveria ter ido para Tau com Rina e Tave, mas teve que falar com ela primeiro. Teve que dizer a ela... —Eu nunca poderei acasalar com você. Eu quero filhotes, Cara e isso você não pode me dar. Então ele foi embora. Correu, na verdade. Cara riu, seguido por um soluço, o som rasgou de sua garganta. Ela engoliu o próximo soluço e


apertou os lábios para suprimir o terceiro. Não iria chorar no meio da UST. Ela não faria isso. Era uma profissional e agiria como uma. Tudo que tinha a fazer era manter-se inteira até chegar à sua casa de praia que ela alugou de Rina. Quinze minutos no máximo. Pegue sua bolsa. Ande até a saída, entre no carro e pronto. Cara caminhou pelo corredor, fazendo a última curva antes que ela parasse na frente da porta do escritório. Ela pressionou o polegar no identificador e esperou que a luz vermelha ficasse verde. Então as fechaduras abriram-se, concedendo-lhe acesso. Não se incomodou em ligar as luzes, apenas se moveu ao redor do pequeno espaço. Cara não era um desses sortudos com uma janela para o exterior, então não havia luz ambiente para fazer a sala mais clara, mas ela não precisava dela. Contornou uma das duas cadeiras em frente à sua mesa e depois caminhou até a maior mobília. Ela se inclinou e puxou sua gaveta abrindo-a e.... E uma mão grande e fria cercou seu pulso. A pele estava úmida e o cheiro persistente do mar lhe fazia cócegas no nariz. Cara não podia ver quem a agarrou, mas ela não precisava. —Rhal. — Ela cuspiu seu nome. —O que você está fazendo aqui? Ela não perguntaria como ele entrou. Ou como ele conseguiu passar de uma extremidade da UST para a outra antes dela. Ele fez o impossível mais de uma vez, provocando-a com seus truques até que ela se lembrou de


que havia dezenas de pontos de acesso para o oceano dentro da estação e como um dos guardas de elite do príncipe, ele conhecia e tinha acesso a todos eles. —Cara ... — A maneira como ele disse seu nome um sussurro profundo e rouco a fez tremer e isso a enfureceu ainda mais. Ela puxou o braço de seu agarre e se afastou dele. —O que. Você. Está. Fazendo. Aqui? —Cara... —O que você quer Rhal? — Porque não é a mim. Ele suspirou e ela o imaginou passando os dedos pelos cabelos de meia-noite, seus olhos negros contendo tanta fúria. Suas escamas não estavam agitadas, entretanto. Era a prova de um verdadeiro guerreiro quando ele conseguia controlar suas escamas, embora uma forte emoção surgisse em suas veias. —Como você entrou na conferência de imprensa, Cara? —Senhorita Marte. — Corrigiu ela. Ela não era Cara para ele. Não mais. Quando ela o seguiu em cantos escuros, quando ouviu suas palavras sussurradas e tocou sua pele morna e nua, era Cara. Ele rosnou, o tom caindo tão baixo que era quase imperceptível. —Senhorita Marte, como você entrou e por que você estava participando da conferência de imprensa?


Ela apertou os dentes. —Como é que eu entrei? Essa é a sua pergunta? Sério? — Ela bufou. —Sem desculpas. Sem arrependimento. Sem implorar por uma chance de se explicar. — Ela balançou a cabeça. —Eu deveria ter imaginado, hein? — Lágrimas feriram seus olhos, mas ela se recusou a deixá-las cair. — Tudo bem, — ela retrucou. —Eu segui os caras da INBC. Seus seguranças checaram os crachás e revistaram a equipe na porta e deram uma direção geral com poucos atendentes entre a entrada e a sala de imprensa. Foi fácil entrar em seu grupo. Um sorriso doce e um rosto bonito, certo? Era uma das coisas que haviam discutido nos poucos meses em que passaram tempo juntos. Ele constantemente reclamava dos adolescentes sendo distraídos por mulheres. Seus lábios formaram uma linha sombria em seu rosto. —Por que você estava lá? —Porque ouvi rumores como todos no mundo. O príncipe se acasalou. Só aconteceu de Rina ser minha melhor amiga e dela ter sido escondida pelos Ujals pela última semana. Eu queria vê-la e saber a verdade. E então eu ouvi sobre as mudanças em seu corpo e.... Eu queria saber se eu mudaria se nos acasalássemos. Ela respirou fundo antes de continuar. Talvez ela estivesse exagerando. Talvez ele não soubesse sobre a habilidade de uma humana transformada em Ujal de carregar filhotes. Talvez ele não fosse um mentiroso e ela estava pirando sem


nenhuma razão. Ela soltou a bolsa e refez seus passos, voltando para a porta. Bateu na parede e as luzes da sala se acenderam

lentamente,

gradualmente

levando-os

da

escuridão para a luz. Só fazia uma semana que vira Rhal pela última vez, mas sua aparência roubou seu fôlego. De seus cabelos negros a seus olhos sem cor e depois nos músculos que o cobriam. A maioria dos machos Ujal eram fortes, seus corpos firmes e afiados por nadar pelo mar, mas Rhal era outra coisa inteiramente. Seu corpo parecia esculpido em granito, as linhas afiadas e profundas. Ele não parecia forte. Ele era forte. Ele não se dobrava ao capricho dos elementos. Os elementos se dobravam a ele. Foi emocionante ser o centro do seu mundo, viver e deleitar-se com sua atenção. Foi lindo e glorioso e solitário quando ele a deixou. Cara pigarreou. —Eu me perguntava se, por causa do seu acasalamento com Tave, ela seria capaz de carregar seus filhotes. Eu poderia ter esperado, mas queria saber e ela respondeu às outras perguntas sobre as mudanças, então perguntei. — Ela tomou uma respiração firme. —E agora eu sei. A questão é a quanto tempo você sabia? Foi só uma desculpa? 'Querida, eu me acasalaria com você, mas eu quero uma família, então te vejo por aí'? —Não foi como você descreve.


Uma resposta típica de um cara. Cara sacudiu a cabeça. —Então como foi? Conte-me. Porque você partiu meu coração, Rhal. Você me disse que eu não era o suficiente porque eu não podia te dar filhos e agora eu descobri que eu poderia se acasalássemos. Você faz parte do círculo íntimo de Tave. Você está me dizendo que quando disse adeus você não sabia que eu poderia te dar filhotes? Seu rosto era uma máscara de linhas ásperas e concentração mortal. Era um olhar que enviaria todos correndo. Um que tinha os guardas esquivando-se em torno dos cantos e fazia alguns dos mais jovens chorarem. Sua fúria era quase uma coisa física, uma besta invisível que chicoteava qualquer um que se aproximasse demais. Ela deveria ter medo. Deveria temer por sua vida. Ela não tinha medo.... Não mesmo. —Cara...— Ele rosnou e apertou o cabelo, puxando levemente, antes de soltar os fios escuros. —Não é tão simples assim. Ela lutou por ar, tentando se acalmar enquanto Rhal arrancava seu coração. —Então, explique-o para mim. — Ela foi em frente, com a intenção de invadir seu espaço e não parou até que estavam quase peito-a-peito. —Em palavras muito pequenas, de sílaba única. Como é? Você disse que me amava, que me queria na sua vida, mas não ia se acasalar comigo porque eu não poderia te dar uma família. Agora sei que é uma


mentira, mas foi uma mentira por ignorância ou intenção, Rhal? —Cara, — ele murmurou e um flash de luz piscou em seus olhos, a escuridão iluminada com lampejos de ouro como o sol. Por mais que o odiasse, ela se importava com ele e não conseguia manter as mãos para si mesma. Ela envolveu sua bochecha suavemente, maravilhando-se com o choque da pele profundamente bronzeada dele com sua palidez. —Ignorância ou intenção? Posso perdoar a ignorância e podemos seguir em frente. Nós podemos superar isso. Rhal estava quente sob a palma da sua mão, apesar da água fresca do oceano que ainda se agarrava à sua pele. Ela acariciou-o delicadamente com seu polegar e apreciou a sensação dele. Fazia uma semana que não o via e sentiu falta dele todos os dias. Cada um deles. Ela costumava vê-lo correr com o seu grupo de homens em treinamento passando pela casa que ela alugou de Rina, escondendo seu sorriso quando um jovem ou outro sucumbia às suas escamas. Correr na areia molhada da praia era uma demonstração de resistência e força. A água salgada iria agitar suas escamas enquanto ele exigia que cada um deles mantivesse um ritmo rápido. O objetivo deles era manter o ritmo e a pele. O cara que tomara seu lugar era muito leve com esse grupo de aspirantes, mas observá-los todas as manhãs enquanto o sol nascia a fazia se sentir mais perto dele. Mesmo que ela não pensasse que tinham uma chance, ela o


queria. Mais ouro com uma sugestão cintilante de vermelho riscou através de seus olhos. —Ignorância ou intenção? — Ela poderia perdoar um, mas não o outro nunca o outro e ele sabia exatamente por quê. —É uma pergunta simples, Rhal.

—É uma pergunta simples, Rhal. Cara não sabia o que ela perguntava. Ela não poderia, pois se o fizesse, não daria voz a pergunta. Não, ela não teria dito as palavras em voz alta enquanto o seu cabelo dourado caia em torno de seus ombros, seus olhos cintilav am de fúria e seu corpo estava tenso de raiva. Raiva combinava com ela. Isso a fez muito mais bonita para ele e chamou sua alma, fez com que ele quisesse responder a sua raiva com um tipo diferente de paixão. Seu pau endureceu e pulsou com a necessidade por Cara, para sentir suas mãos sobre ele, sua boca sobre ele, seu pau dentro... Não. Não. Sua pele se esticou, sua reação a ela era como uma carícia para suas escamas e elas ameaçavam vir à superfície, para mostrar a ela como o afetava. Uma pergunta simples? Nunca.


—Cara...— Ela sempre dizia a ele que a maneira como ele falava seu nome tocava algo dentro dela. Que ressoava em seu peito. Ele não lhe disse que sentia o mesmo não podia dizer a ela. Não podia dar-lhe esperança. E mesmo assim ele deu. Através de toques, beijos e palavras. Não a empurrou para longe como fez a tantos outros. Não, ele puxou-a para perto, deixou-a fluir em seu coração e ver mais do que qualquer outro. Isso foi um erro. No entanto, ele não sabia se poderia ter negado a ela. Não naquele momento. Ele teria que fazê-lo agora. Não,

na

verdade,

suas

palavras

a

mandariam

cambaleando e fugindo dele tão rápido quanto suas pernas humanas pudessem carregá-la. Seu coração partiria a cada passo. —Diga-me, — ela sussurrou, seus olhos brilhando. Ela sabia sua resposta. Ela devia saber. A escuridão nele se agitou, o lembrando de por que ele a permitiu ficar próxima. A escuridão desejava-a, ansiava-a, queria possuí-la. Ignorância ou intenção? —Intenção. — Sua voz era forte e segura, nenhuma sugestão da dor que se agitava dentro dele. Era diferente das dores do seu passado. Isso o atingiu com uma eficiência letal. Foi direto para os restos desmoronados do seu coração


e cavou profundamente. Se alojou em seu peito e envolveu-se em torno dele em um cobertor estrangulador. O líquido nos olhos dela aumentou até que deslizou por seus cílios e percorreu sua bochecha. Primeiro um e depois outro e depois outro. Mas seu toque permaneceu, sua mão gentil contra sua bochecha. Mesmo quando ele quebrou seu coração, seu cuidado por ele permaneceu. Estava lá na profundidade do seu olhar, nas cores sempre em mudança de seus olhos. Ele a machucara, mas seu amor não morreu. Ainda. Amor. Ele não conhecia a emoção, mas sabia que enchia sua Cara. Já não mais dele. Não com aquela única palavra. —Seu desgraçado. Sim. Ela não sabia o quão verdadeiro era a palavra. Ainda assim ela permaneceu no lugar, a palma em seu rosto e as escamas se mexiam mais uma vez, ameaçando revelar-se. Ele não permitiu que elas aparecessem como outros machos muitas vezes faziam quando acariciados por suas companheiras. Era uma vulnerabilidade que ele não estava disposto a expor em terra. Sua exposição diria a todos que havia alguém com quem ele se importava tanto que o seu controle era prejudicado. —Eu não posso acreditar que você...— Outra lágrima escapou. Outra facada em seu coração. Ele não percebeu que as emoções eram tão dolorosas. Ela inspirou duramente


e estremeceu. —Por que você mentiria? Você tinha que imaginar que eu iria descobrir. —Sim. —Então por quê? — Confusão atou suas palavras. —Por quê? Porque eu não poderia existir sem você. Porque eu desejava

mantê-la

ao

meu

lado.

Porque

eu

queria

experimentar o céu antes de morrer, não importa quão fugaz. —Porque eu queria. — Deixe-a acreditar que ele era um homem insensível e egoísta. Era a verdade. Ele não queria libertá-la. A pressão em seu rosto diminuiu e ele sabia que ela estava recuando. Sabia e não podia permitir. Ainda não. Ele colocou a mão sobre a dela, capturandoa com um firme e suave aperto. Ele estava deixando-a ir, mas ele a manteria ao seu lado o tempo que fosse capaz. —Foi tudo uma mentira? — Ela tremeu e uma nova lágrima deslizou por seu rosto. —Todo o tempo que passamos juntos? Conversando? Caminhando na praia? Os beijos e tudo mais? Todo o resto. As horas que passou explorando seu corpo, fazendo-a gritar seu nome repetidamente. Levando-a a liberação com suas experientes mãos e boca. Ele odiava seu tempo na corte em Ujal, odiava as lições sobre prazer que aprendeu, mas as amava nesses momentos. Ele fez incontáveis mulheres gritarem, mas as súplicas dela eram


música para seus ouvidos. Nada disso era mentira. Ele era simplesmente um bastardo egoísta, como ela afirmava. Cada momento era um percursor para o acasalamento, uma dança lenta e gentil. Ele viu a corrida de Vados e Maris se acasalando e ele queria mais para Cara. Então ele tomou seu tempo. Tempo suficiente para que outra nave de Ujal chegasse e o lembrasse quem ele era — o que ele era. Foi tudo uma mentira? —Sim. Tudo. A expressão dela mudou, desmoronando quando as suas emoções a alcançaram e suas escamas, aquelas malditas escamas queimaram sob sua pele. Elas agitaram-se e se esticaram, aproximando-se da superfície para provar sua mentira. Seu corpo não podia resistir a Cara. —Você é um doente, maldito babaca. — Como ele não soltava sua mão direita, ela bateu no peito dele com a esquerda. Uma vez, duas vezes, uma e outra vez. —Você me fez te amar. —Eu sei. — E foi fácil se apaixonar por ela. Ele se perguntou se ela poderia ouvir sua dor que combinava tão bem com a dela. Seu pequeno punho não parou. E nem deveria parar. —Por que você faria isso? A que objetivo serviu? Eu estava feliz com a minha vida e você... — A destruiu.


—Quem sou eu, Cara? Eu não menti para você sobre o meu verdadeiro eu. Ela abanou a cabeça. —Não, você não é essa pessoa. Você disse que deixou isso para trás em Ujal. Você disse que era diferente aqui. Você queria uma família, filhotes. Eu sei que não sou sua companheira, mas você disse que me amava... Ela não sabia de tudo. Ela não sabia que uma parte dele o seguiu de Ujal. Ele era o único que faria um pedido do rei sem questionar. Aquele que faria o que fosse necessário para alcançar seu fim desejado. Cruel. Mortal. Resistente. —Eu menti. — Ele sorriu, a mesma expressão arrogante que adornou seus traços a primeira vez que eles se encontraram. Quando ele experimentou pela primeira vez a vibração de suas escamas e o verdadeiro desejo em seu coração. Temeroso das mudanças súbitas, ele a afastou com palavras e atitudes ásperas. Ela se afastou. De alguma forma, isso se transformara na presente situação. E agora ele a afastou mais uma vez. Desta vez, parecia que ela se manteria distante. Outro golpe e outro. Se ele a soltasse, ela fugiria dele. Ele ainda não estava pronto para perdê-la completamente. Ele precisaria deixá-la ir em breve, no entanto. Apenas mais um golpe, mais uma sensação de sua pele sobre a dele. Mais um…


Cara lutou contra seu agarre, puxou e tentou libertar-se de seu domínio. Ele ainda não a soltara. Em vez disso, ele olhou para seu rosto ruborizado, a fúria aparecendo em seus olhos e fez o que ele teve vontade de fazer desde o início. Toda vez que ele estava em sua presença, ele queria possuí-la. Seu corpo. Sua boca. Sua mente. Ele tomaria seus lábios por enquanto. Uma última vez. Um último beijo que teria que durar uma vida inteira. Rhal a soltou, deixando-a recuar um passo antes de envolver seus braços em torno da sua cintura e a aproximar. Ele capturou sua boca com a dele, seus lábios firmes quando ele aprofundou ainda mais em sua boca. Ela tentou lutar com ele, tentou resistir, mas sucumbiu como sempre. Ele lambeu a junção de sua boca, deslizou dentro dela, saboreando seu sabor. Ele a provou, memorizando cada nuance enquanto explorava. Cada vez era diferente, cada beijo uma nova experiência. Era sensual e doce, apaixonado e terno. Seu pênis se endureceu com cada batida do seu coração, com cada golpe da sua língua contra a dela. Ela não era uma parceira passiva, encontrando sua paixão golpe com golpe. Foi sempre assim, desde o primeiro beijo até este último. Ele deslizou uma mão para descansar na parte inferior das suas costas e a outra para pressionar entre seus ombros, forçando seus seios contra seu peito. O ponto duro de seus mamilos o provocou, chamando por sua boca, mas ele resistiu ao impulso de empurrá-la por mais. Ele a estava deixando ir, não a encorajando a ficar. Este era o seu último


beijo antes de deixar seu coração morrer. Ele

a

afastou,

lentamente,

levando-a

para

a

escrivaninha. Ele faria isso, apreciaria essa lembrança e então a soltaria. Apenas esta última ... Rhal levantou-a com cuidado e colocou-a sobre a superfície dura, continuando seu beijo lento e sensual. Cada batida de sua língua contra a dela lembrou-o de quando o tomara em sua boca, quando ela tocou a sua pele, o fez lembrar do prazer encontrado entre companheiros dispostos. Disposta. Ela estava? Ele levantou a boca dela, encontrando seu olhar cheio de paixão. —Cara? —Rhal. — A súplica estava em seu tom, em seus olhos. E ele admitiu que não era um homem honrado. Então, quando ela abriu as pernas para lhe dar espaço, ele ficou entre elas. Quando ela balançou seus quadris contra seu eixo endurecido com uma suplica silenciosa, ele retornou o movimento. Suas mãos formigavam com a necessidade de deslizar entre eles e acariciá-la até a liberação, mas ele resistiu. Queria que sua última lembrança fosse seu rosto quando seu prazer crescia, quando a pura alegria encobrisse as suas feições. —Czira. — Seu amor. —Rhal, — ela choramingou, suas mãos acariciando


seus ombros e pequenas unhas cavando em sua carne. Ele desejava poder levar suas marcas sempre. Ele agarrou seu quadril, encorajando-a a usá-lo, a tomar o que desejava. Ele estabeleceu o ritmo e ela adotou o deslizamento sensual de seus corpos, quadris movendo-se em conjunto enquanto ela procurava êxtase. Suas mãos o acariciaram, deslizando sobre sua pele como se aprendesse a essência dele. Enquanto ele memorizava cada carícia. Elas o reconfortariam à noite, o lembrariam do que perdeu e de que precisava permanecer assim. Uma de suas pequenas mãos deslizou entre eles, seus dedos mergulhando sob a cintura de suas calças soltas. Elas eram fáceis de vestir e ainda mais fáceis de se livrar quando um Ujal tinha que fazer uma súbita corrida para os mares. Elas

flutuariam

e seriam absorvidas pela água, não

permanecendo para emaranhar em suas caudas enquanto eles se transformavam. Então, quando ela procurou seu pênis, o tecido se abriu, dando-lhe amplo acesso. —Cara ... Czira. — Gemeu, incapaz de lhe negar nada. Ele fez o mesmo com ela, encontrando sua boceta coberta pela calcinha com facilidade. Ele procurou seu clitóris e sua boca encheu de água. Adorava prová-la, deslizando a língua sobre sua excitação e reunindo cada gota. Seu pênis pulsou em sua mão quando ela acariciou seu comprimento e ele retornou cada carícia. Ele circulou o clitóris escondido, se satisfazendo com os estremecimentos e gemidos dela quando ele a levou a liberação.


A ponta de seu eixo vazou esperma na palma dela e o fluido lubrificou seus movimentos, somando a seu próprio prazer. Suas bolas estavam altas e apertadas contra seu corpo, doendo para liberar seu esperma, para marcá-la com seu perfume desde que ele não poderia enchê-la e reivindicála por dentro. Era muito perigoso. Se o que ele suspeitava fosse verdade e ele entrasse em seu corpo, permitindo que seus fluidos se misturassem, ela mudaria de humano para Ujal. Seu código genético a mudaria para permitir um acasalamento, permitir que ele a engravidasse com seus filhotes. Era um risco que ele não estava disposto a correr. Não quando ele sabia que não podia mantê-la. Assim permitiu isto, permitiu que sua paixão invadisse suas mãos, suas bocas, cada batida de seus corações. Ele reconheceu a mudança em sua respiração, os gemidos baixos que escapavam de sua boca e a repetição de seus movimentos. Ela estava perto, tão perto do limite e ele permitiu que seu próprio prazer se apressasse através dele. O êxtase o impregnava, suas escamas não mais negadas quando a onda de puro êxtase se apoderou de suas veias e empurrou a prova de sua verdadeira natureza à superfície. Ele rugiu seu nome quando ele chegou, encharcando a mão dela com sua liberação, mas o prazer de seu orgasmo não era nada em comparação com sua beleza quando ela gozou. Cara gritou por ele. Ela gritou seu nome para o céu e sua mão o apertou com força, aumentando ainda mais sua


alegria. Ele gostava de um pouco de dor e ela deu-lhe a cada vez que eles vieram juntos. Ela era bonita. Ela era magnífica. Ela não era dele e esqueceu-se por um momento. Assim como ela. Rhal notou quando ela se lembrou, quando a verdade se precipitou mais uma vez e ela tirou sua mão dele. Pressionou a palma da mão na boca, surpresa e angústia cobrindo suas feições onde uma vez o prazer reinava. —Oh Deus. O que há de errado comigo? O que ... —Ela balançou a cabeça e quando ela empurrou seu peito, ele lhe deu o espaço que ela desejava. Ela escorregou da mesa e puxou a saia, limpando a evidência de sua libertação. Vergonha e pesar encheram sua expressão e ele odiava que tivesse causado ambos. —Por que eu faço isso comigo mesma? Sou tão idiota. —Czira ... —Não me chame mais assim. — Ela balançou a cabeça e deslizou ao redor dele, secando as lágrimas enquanto ela lhe dava as costas e caminhava até a porta. Parou na porta, a mão pairando sobre o dispositivo que lhe permitiria sair. —Cara, espere. —Não. Estou saindo e não quero te ver novamente. Eu não quero ficar sozinha com você. —Eu nunca forçaria... Ela olhou por cima do ombro.


—Mas você não precisaria. Eu não tenho a capacidade de resistir a você e eu... odeio você por me fazer te amar. — Ela pressionou dois dedos em seus lábios, beijando-os suavemente antes de virá-los para ele. Um beijo silencioso de adeus. Ele engoliu suas palavras, as que a chamariam de volta para ele, implorando que ela ficasse e as promessas que ele faria. Ele iria acasalar com ela, a reivindicaria, faria uma família. Engoliu-as porque eram promessas que não podia cumprir. Então ele a deixou ir. Deixou-a descansar a mão no dispositivo, deixou a porta abrir-se, deixou-a andar pelo corredor. E enquanto ela corria do quarto, a fúria gravada em cada linha do seu corpo, uma das primeiras regras forçadas nele quando ele era um adolescente veio à mente. Um verdadeiro guerreiro nunca tomava uma alma. Somente os desalmados. Rhal se perguntou se o mesmo poderia ser dito de esmagar uma alma. Pois naquele momento, ele não se sentia como um guerreiro. Sentia-se como se estivesse morto.


Uma semana depois…

Rhal se lembrou de que não podia matá-los. Isso não significava que ele não iria machucá-los, pois mereciam isso. E mais. O silêncio da baía de transição principal do UST deslizou em torno dele como um cobertor de boas-vindas. Normalmente, a área era movimentada com atividade, os funcionários Ujal usando o espaço como uma entrada e saída coberta para a estação. Um hangar de segurança quando eram mais vulneráveis. O silêncio não incomodou Rhal nem um pouco, mas ele sabia que isso perturbava os homens que o rodeavam. Eles estavam inquietos com o silêncio. Tinham medo em seus corações. E deveriam. Aqueles que o ameaçavam ainda não perceberam a besta que ansiava pela libertação. Ele caçou por uma batalha a partir do momento em que Cara fugiu e agora ele teria a luta que ele ansiava. A grade de segurança debaixo dos pés descalços vibrava com cada um dos passos dos rapazes. O metal resistia à corrosão causada pelo sal, assim como permitia que a água


do mar drenasse facilmente. Também serviu para notificá-lo dos locais dos machos. Dezessete anos e, para ele, eles ainda eram adolescentes com as escamas de suas mães agarradas aos seus traseiros. Crianças. Se o príncipe Tave não fosse seu amigo, ele o mataria por atribuir tal tarefa a Rhal. Talvez ele batesse em Tave, já que não podia matar o macho. As sutis vibrações cessaram, seus oponentes se posicionaram em um círculo próximo ao seu redor. Seu líder, um soldado chamado Sudal, estava diante de Rhal com um sorriso sarcástico em seu rosto. —Quem é você para nos ensinar alguma coisa, guarda? —Quem sou eu? O espectro de morte do rei. O monstro dos sonhos de meia-noite das crianças. Aquele que termina a insurreição antes que tenha a chance de começar. Aquele que aprendeu a matar enquanto suas jovens escamas ainda brilhavam. Eu sou seu pesadelo vindo à vida. Eu sou o motivo de você ter medo dos mares mais escuros. Eu sou Rhal fa Adar. Mas aquelas eram palavras que ele não poderia dizer. Ele não podia revelar seu verdadeiro eu. Isso causaria medo, mas não respeito. E na Terra, longe do rei, era o respeito que ele desejava. Respeito que ele ganharia lentamente através de suas ações. Ele franziu a testa, fingindo considerar as palavras do macho enquanto pensava em seu ataque. O macho à direita


de Sudal era seu primeiro alvo. Isso distrairia Sudal, o que, por sua vez, deixaria os outros três inseguros do que deveriam fazer. Sudal estaria vulnerável e facilmente subjugado. Dois golpes para derrotar todos eles. O mais novo falou novamente. —Sim, quem é.... Sudal não terminou, pois Rhal entrou em ação. Fez como planejado, golpeando o macho na direita de Sudal com seu pé, um único pontapé no peito. O adolescente deslizou através da grade úmida da plataforma para cair pela beira no mar salgado. Uma ameaça tirada de jogo. Ele se concentrou em Sudal e atacou o macho. Se Sudal estivesse em igualdade com Rhal, teria justificado o ataque de um guerreiro. Um adolescente rebelde não estava à altura. Ele foi esbofeteado. A única bofetada mandou Sudal girando, mas Rhal não permitiu que ele caísse. Não, ele teve a alegria de bater seu desafiante na grade de metal ele mesmo. Ele agarrou a camisa preta larga de Sudal e empurrou seu oponente para o chão. Ajoelhou-se no macho, o joelho esmagando seu peito enquanto sua mão cercava a garganta do jovem Ujal. —Eu sou o macho que derrotou cinco Ujal com dois golpes. Quem é você? — Rhal apertou seu agarre. O rosto que ele estava olhando estava se transformando num vermelho escuro a caminho para o roxo. O olhar do seu oponente percorreu a baía de transição enquanto tentava localizar os


outros. Se ele esforçasse para aprimorar suas habilidades como fez para desprezar as regras de Rhal, ele não teria que confirmar visualmente que estava sozinho. Olhar em volta não era algo que Rhal achasse necessário. Ele conhecia suas localizações apenas pelo som. Sim, o barulho enchia o ar da baía agora, arquejos e murmúrios

dos trabalhadores o alcançando, mas ele

facilmente se concentrou na respiração dos machos, nos batimentos rápidos de seus corações e no modo como cada um deles engoliu com dificuldade. —Concentre-se em mim. Eles não vão ajudar você e seu amigo no mar está tendo dificuldade com as roupas que seu grupo insiste em vestir. —Ele se inclinou até que seus lábios estavam a uma mínima distância da orelha do macho. —Você deveria ouvir porque sua vida depende disso. Quando eu dou uma ordem, você a segue. A partir deste dia, se você não a seguir, você morre. Estou sendo claro? Passou tanto tempo desde que ele matou algo, alguém, que não tinha certeza se ele se lembrava de como, mas não precisava revelar essa dúvida ao macho. —Sim. — Ele suspirou. —Desculpe-me? — Seu tom era baixo, mas sem graça, nenhuma sugestão da crescente raiva enchendo suas palavras. —Sim senhor. Rhal

grunhiu

e

levantou-se,

empurrando

seu


oponente. O impulso jogou Sudal para a água também. —Sai da minha frente. Retorne para Tau. Todos vocês. Eu não quero mais vocês na UST. — Está estação terrestre não era o lugar para eles. Agora não. Precisavam voltar a Tau, a cidade Ujal que se localiza sob o Golfo do México. Um dos machos acovardados alcançou a barra de sua camisa como se fosse removê-la e Rhal mostrou seus dentes ao homem. —A roupa fica. Você estava tão preocupado em estar vestido durante seu treino em terra e agora você vai sofrer o desconforto. Pense em lutar enquanto está preso no tecido, pense em seu inimigo usando-o para te segurar enquanto ele corta sua cabeça. O homem soltou sua camisa e passou por Rhal, seu olhar na grade e não em qualquer lugar perto dele. Medo. Seu melhor amigo e inimigo favorito. Sudal se pôs de pé. Pelo menos ele tinha uma certa agilidade,

mesmo

que

lhe

faltasse

premeditação

e

inteligência. —Vou dizer ... Rhal cortou-o. —Se você contar a Tave, ele vai te ignorar como o irritante irmão mais novo que você é. Se você decidir dizer a seu pai, deixe-o saber que Rhal fa Adar envia seus respeitos e condolências. A confusão encheu os traços do jovem. —O que? Você não pode falar o nome do meu irmão


como se ele fosse seu amigo. Ele é o príncipe herdeiro ... —De Ujal e o governante de todos os assentamentos Ujal baseados na Terra. Estou ciente. — Disse ele. —Mas ele também é um homem digno que confia nos homens com quem ele se cerca. Eu sou um desses homens. Quanto ao seu pai ... —Ele é o rei e você vai falar dele com respeito, — sibilou Sudal e deu um passo à frente. —Eu o respeito. — Rhal engoliu a mentira. —É você com quem eu não me importo. E ele precisa entender que eu sinto muito que ele está preso a um filho tão ignorante e incapaz como você. —Você ousa! Rhal mais que ousa. O rapaz era um idiota e mataria alguém. —Sudal! — A voz de Tave cortou a doca e Rhal lutou contra o desejo de esmagar o garoto. Sudal se encolheu e então lentamente se voltou para Tave, que se aproximava rapidamente. —O que está... Sudal apontou para Rhal. —Ele... Ah, já jogando a culpa. Essa não é a maneira de Sudal parecer melhor para seu irmão. Tave era um homem forte e digno, que julga ações e coração, não palavras. Respeito, dedicação, lealdade ... aquilo que vem do coração.


—Silêncio, — Tave sibilou. —Eu não quero ouvir uma palavra. Volte para Tau imediatamente. — Mas ... Tave avançou, o peito batendo contra o do seu irmão mais novo. Escamas cor de rosa corriam pelo corpo de Sudal, revelando seu medo. O fedor agarrou-se a ele como uma segunda pele e Rhal teve que lutar contra o desejo de zombar. —Você irá. Agora. Ou eu permitirei que Rhal faça o que ele deseja desesperadamente e isso é separar sua cabeça ignorante do seu corpo insignificante. A ideia tinha mérito. Talvez Sudal pudesse permanecer. Infelizmente, Sudal tinha mais de uma célula cerebral e ele escolheu ir. Girou e caminhou em direção ao mar. Não fez uma pausa para tirar a roupa apertada e simplesmente saltou para as águas salgadas. Se ele fosse esperto, ele voltaria para Tau como ordenado. —Idiota. — Murmurou Tave. —Sim. — Não havia como negar a verdade. —O que ele fez agora? — Seu príncipe suspirou e esfregou sua testa. —Usava uniformes humanos ao invés do que a UST tem disponível para guerreiros Ujal. — Tave sacudiu a cabeça. —Tudo isso por roupas humanas? Ele encolheu os ombros. —Eles não percebem como eles são sortudos. Metade


nasceu na Terra e então, há Sudal incentivando-os a quebrar as regras. Eles não sabem que o uniforme de treinamento tradicional não é nada mais do que duas abas de couro. — Os humanos os chamavam de tanga. Para Rhal, eram a única roupa que ele conhecera até se tornar companheiro de Tave. —Você teria matado ele? — A voz de Tave era suave, inquisitiva sem acusar. Tave conhecia um pouco da história de Rhal, mas não tudo. Ninguém sabia de tudo. Mas havia alguém que estava ciente de mais do que a maioria. Cara ... Ele levou um momento para responder, para considerar suas palavras cuidadosamente antes de responder. Foi treinado

durante

anos,

sofreu

ossos

quebrados

e

espancamentos para aprender a matar sem deixar um traço. Tirar uma vida sem agitar o ar ou perturbar uma única corrente

nos

mares. Ele

era um animal afiado que

apresentava um rosto benigno enquanto estava cheio do câncer de seu passado. Teria matado Sudal pela ofensa? —Eu não sei. — Ele não tinha outra resposta. Tave suspirou. —Então lhe agradeço por lhe poupar. —Eu não deveria treinar esses machos, Tave. Você sabe disso. Especialmente não depois ... — Depois de perder Cara. Não, ele a mandou para longe. Ele não a perdeu. Ele a descartou e era algo que ele teria que aguentar para o resto de seus dias. —Você tem conhecimento, dolorosamente aprendido,


mas ainda assim conhecimento. — Ele sentiu o pesado olhar de Tave, mas ignorou o encarar. —Eu preciso que você compartilhe o que você aprendeu. Partilhar o suor? O sangue? Os olhares mortais que assombravam seus sonhos? —Eu posso perder o controle. — Ele já sentia os impulsos, seu temperamento andando numa linha tênue entre uma pretensão de normalidade e a verdadeira escuridão dentro dele. Ele conseguiu manter o controle com Cara preenchendo seu tempo livre, mas agora... —Ou talvez não. —Sou perigoso. —E, no entanto, não é a você que temo, mas àqueles que ameaçam nossas vidas aqui. — Respondeu Tave. —As cartas e, os protestos dos fanáticos estão aumentando com o anúncio do meu acasalamento com Rina e a notícia de nosso filhote. Temo o que acontecerá quando souberem do nascimento do filhote de Vados e Mari. Mas eu me preocupo sobre você? Nunca. Estupidez dele, mas Rhal não expressou sua opinião. O príncipe faria o que sempre fazia, qualquer coisa que desejasse. Rhal olhou para o relógio na parede atrás de Tave. —Diga a eles que voltem amanhã usando as roupas corretas ou eu os machucarei.


Tave resmungou. —Só você me dá ordens. —Só você não me teme. Tave seguiu o olhar de Rhal para o relógio. —Não, há outra pessoa. Sim, havia outra pessoa. Alguém que não hesitaria em debater ou discutir com ele dia após dia sem um toque de desconforto. Alguém que chegou todas as manhãs na UST com um sorriso suave para ele exatamente as oito. Cara

Marte.

Humana.

Bonita.

Curvilínea.

Doce.

Celestial. Já não dele. Ela costumava ter sorrisos para ele. Por um breve momento, esqueceu-se de que a despedaçou. Rina disse-lhe que partiu o coração de Cara. Ao mesmo tempo, ela ameaçou remover seus testículos se ele não consertasse as coisas com Cara. A Principessa3 ainda não percebeu que Rhal não tinha intenção de falar com Cara nunca mais. Isso não significava que ele não iria esperar por sua chegada, observá-la caminhar pela UST, passando pela baía até seu escritório. Tinham a mudado na última semana, recebeu um escritório com uma janela abaixo do mar. Ele podia vê-la então, afundar-se nas profundezas da água e vêla trabalhar. Ver ela chorando.

3

Princesa


As lágrimas eram como balas humanas golpeando seu coração. Mas ele não mudaria de ideia. Ele não se arrependeria. —Você apressou seu treino esta manhã sem motivo. — Prosseguiu o príncipe. —Ela está apresentando um pedido para o Ministério da População e IMA 4. Rina está lhe acompanhando. O ar saiu dos seus pulmões, deixando-o desesperado por oxigênio, enquanto a surpresa o atravessava. Ele nunca experimentou essa emoção, a súbita inundação de adrenalina “era por medo?” Roubando sua voz. Rhal não temia nada. —O quê? — Ele suspirou. A Agência Intergaláctica de Acasalamento? Ministério da População? —Eles levaram guardas adequados para a viagem e Rina afirmou que ela estava apoiando sua melhor amiga em seu momento de dificuldade. —Eu não ... — Entendo. —Rina afirmou que Cara está pronta para ter um companheiro e você deixou claro que ... Que eu não vou ter uma companheira. A voz de Tave era suave e amável e sua expressão era de piedade. Odiava piedade. Ele balançou a cabeça e afastou-se do príncipe, incapaz

4

IMA - Intergalactic Mating Agency: Agência Intergaláctica de Acasalamento.


de suportar a proximidade. —Então desejo-lhe boa sorte em sua busca. —Rhal... —Bom dia, Alteza. — Ele inclinou a cabeça em um aceno raso e passou pelo macho, incapaz de suportar a expressão de piedade nem por um momento mais. Se Cara quisesse um homem que lhe trouxesse alegria e filhotes, ele lhe desejava boa sorte porque não seria ele. Não importava o quanto ele quisesse isso. Não. Importava. O. Quanto.

Cara se perguntou se os diretores do Ministério da População e da Agência Intergaláctica de Acasalamento estavam fumando crack. E realmente, por pior que estivesse se sentindo, não tinha paciência para pessoas que fumavam crack. Sua cabeça doía, seu corpo doía e pequenos tremores continuavam a atravessar seu corpo. Quem saberia que terminar com um cara poderia deixar uma garota gripada, não é mesmo? Com um suspiro, ela olhou para a pergunta exibida no bloco de dados e a leu novamente. Se um Qulorian segura uma laranja e atravessa as estrelas passando por Belor, que cor são seus olhos? Ela franziu o cenho.


Se um Qulorian segura uma laranja e atravessa as estrelas passando por Belor, que cor são seus olhos? O que isso significava? Oh. Certo. Ela deveria responder à pergunta. Hã.... Sim, de jeito nenhum. Pelo que parecia ser a centésima vez, ela clicou no botão de passar. Olhando para a pequena barra no canto superior direito do tablet, ela percebeu que pulou cinquenta e sete de setenta e cinco questões. Era um fracasso como uma futura companheira. Fracas-so. Ela não poderia sequer completar um teste de múltipla escolha! Bem, ela tinha certeza que iria responder ás últimas dezoito. Ela iria. Tinha isso sob controle. Quando um Speezak azul encontra um Otave roxo, que horas são? Cara piscou. E piscou novamente, sua mente entrando em curto-circuito e dizendo a ela que estava cansada dessa besteira. Ela passou o último punhado de perguntas, escolhendo aleatoriamente da lista de respostas. A, C, D, D, B, A. Mais algumas e pronto! Ela se levantou e se moveu para a porta que a levaria para o corredor. Rina apoiava-se contra a parede, um guarda em cada lado e outros dois a poucos metros de distância. Ela sabia que se continuasse para a esquerda ou para a direita, haveria mais um grupo de machos. O companheiro de Rina, Tave, Príncipe herdeiro de Ujal, não brincava quando o


assunto era a proteção da sua companheira. —Tudo pronto? — Rina sorriu, seus olhos quase brancos brilhando de felicidade. Uma pontada de ciúme ante a alegria da sua amiga golpeou-a, mas ela o afastou. Não era culpa de Rina ter encontrado um companheiro entre os Ujal. Ou que, por se acasalar, ela agora era também parte Ujal. Escamas brancas reluziam sob a superfície pálida de sua pele e Cara ansiava por desfrutar das mesmas sensações. E ela já tinha o macho em mente. Pelo menos, até perceber que ele não queria nada com ela. Que ele mentiu para ela. Que ele... Lágrimas encheram seus olhos e ela piscou para pará-las. Ela já parou de chorar por Rhal. Ele fez sua escolha e agora ela estava fazendo a dela. Vir ao IMA e ao Ministério da População foi o primeiro passo. —Sim, estou pronta para ir. Eu tenho que entregar isso para o promotor, — ela balançou o tablet, —E então nós podemos pegar algo para comer. Te encontro lá fora? — Porque ela realmente não queria que Rina estivesse por perto quando o promotor revisasse as suas respostas e dissesse que ela era um fracasso como uma companheira. Quem realmente iria querer ter como plateia a sua melhor amiga e a dúzia de guardas que estavam acompanhando a mulher para isso? —Que nada, nós vamos esperar aqui por você. — Rina a cutucou com seu ombro. —Eu vou ver como é todo o


processo, já que eu meio que pulei essa parte. Certo. Rina acasalou com protocolos de pré-teste insanos. Costumava ser uma gota de sangue ou outro material genético e pronto. Para Rina e Tave, na verdade foram suas mães que submeteram amostras de cabelo da Rina e uma escama de Tave. Agora havia uma prova. Droga, ela pensou que tivesse deixado tudo isso para trás em sua tentativa frustrada na faculdade. —Não, realmente, está tudo bem... Um meio rosnado seguido por dois grunhidos rápidos e o estalo de uma língua veio de sua direita e ligeiramente atrás de Cara. Ela imediatamente parou para enfrentar o enorme Ujal. Esse cara era imenso, mais largo do que Tave, mas enquanto o príncipe era puro músculo, esse cara tinha uma pequena pança. Muitas viagens para o corredor de doces e treino insuficiente. Rhal se queixara dos guardas mais de uma vez. Os alimentos da Terra os faziam lentos e aumentavam seus pesos. Ele também disse a ela... Nada.

Ela

precisava

tirá-lo

da

cabeça.

Agora.

Permanentemente, se pudesse. Ele não era nada além de uma terrível dor de cabeça esperando para acontecer. Ah! Já tinha acontecido. Ela engoliu em seco e tirou Rhal dos seus pensamentos. Ela tinha coisas maiores, se não mais estúpidas, para se preocupar. —Com

licença?

Ela

levantou

uma

única


sobrancelha. —Você realmente disse isso? —Cara? — A preocupação tomou a voz de Rina e ela se sentiu mal por isso, mas Rhal ensinou-lhe os diferentes sons que os guardas e guerreiros usavam durante e fora de serviço. Dois grunhidos e um estalo comunicavam em metade do tempo das palavras. As Forças Especiais da Terra tinham sinais manuais. Os Ujal tinham sons. —Um segundo, esse cara me chamou de lixo terrestre. Ou merda. Basicamente a mesma coisa. —Eu não fiz tal coisa, fêmea. Ambas as sobrancelhas se levantaram em surpresa com aquilo. Zombando dela? Na frente da sua principessa? —Oh, não mesmo. Com licença? — Agora Rina estava ao seu lado, indignação justa preenchendo cada centímetro dela. —Merda, — a voz de Erun chegou a eles só um momento antes do rápido som de seus pés calçados em botas batendo no chão anunciarem sua aproximação. O capitão dos guardas de Rina estava definitivamente com pressa para chegar até eles. Então, novamente, ela podia entender seu desejo de manter Rina feliz. —Principessa? Cara? O homem parecia preocupado e, realmente, tinha todos os motivos para estar. Rina sempre teve uma boca grande e provavelmente seria melhor deixar esse pequeno drama de lado até que eles voltassem para a UST. Ela poderia ter falado com Rina e Tave em particular. Mas ela acabou de ter um questionário de acasalamento detestável e por isso não


estava de humor para o tritão idiota. É, Ujal. Rina apontou para o guarda. —Esse cara falou merda para a Cara. A pele do guarda ofensivo corou e as escamas azulpetróleo tremularam. Então ele tinha um controle de merda também. —Eu não fiz isso ... —Sério? — Cara balançou a cabeça e olhou para Erun. Ela repetiu os sons, seu contralto5 caiu para um barítono 6 para expressá-los adequadamente. Os olhos de Erun se arregalaram uma fração de segundo antes que raiva tomasse seus traços. Ao contrário do idiota que estava ali perto, suas escamas permaneceram escondidas. A capacidade de suprimi-las era a prova do treinamento de um guerreiro, sua força. —Você está dispensado. Retorne para Tau. —Você... —Retorne. Para Tau. Sua presença não é mais necessária. Reporte diretamente ao príncipe Tave após a chegada. —Erun... Uma rápida explosão de sons saiu da boca de Erun e o Sr. Azul-petróleo realmente empalideceu em resposta, sua atenção mudou para ela quando seus olhos se arregalaram. 5 Contralto é o tipo de voz feminina mais baixo e pesado. 6 Barítono é a voz masculina intermediária. Trata-se de uma voz mais grave e aveludada que a dos tenores.


Isso era ... medo? —Eu sinto muito, — ele sibilou. —Diga a ele... —Saia. Agora. — A voz de Erun estava mais dura que o aço

e

implacável.

—Reporte

para Tave. Admita seu

comportamento e peça proteção e clemência. O Sr. Azul-petróleo deu um último olhar de pânico para Cara e então apertou seu punho sobre o coração. —Como ordenado. O macho pareceu enjoado, mas saiu pelo corredor com movimentos rápidos. O pequeno trio observou-o partir e uma vez fora de vista, Erun encontrou seu olhar. —Eu sinto muito que você teve que ouvir isso. Cara deu de ombros. —Ela ouviu o quê? Agora Erun pareceu doente e Cara o socorreu. —Nada demais. Você sabe como os caras durões xingam e coisas assim. Ele estava falando merda e eu fiquei puta porque ele estava todo 'foda-se essa merda da Terra. — Ela deu de ombros. —Não se preocupe. Erun não gosta de xingamentos, certo Erun? — O guerreiro parecia cético em sua desculpa, mas assentiu com a cabeça. Ela não conhecia Erun muito bem, o guarda pessoal de Rina não estava no posto há muito tempo, mas ela estava feliz que ele confiava nela um pouco. —Viu? Tudo bem. Vamos entregar esse tablet.


Então eu posso ver que tipo de companheira eu não serei. Rina apontou para ela. —Não pense que sua distração vai funcionar. Nós vamos rever isso. —Claro. — Claro que iriam. Tipo, nunca. Principalmente porque o cérebro de Rina, devido a gravidez, a fazia se esquecer das coisas a torto e a direito. Além disso, havia o fato de que sua gripe pós-termino faria Cara se esquecer também. Agora, tudo o que ela podia sonhar era: 1) um banho quente e 2) descobrir se ela tinha um companheiro. Alguém que não fosse Rhal. Rina voltou ao seu curso, caminhando pelo corredor e Cara foi rápida em segui-la. Onde antes Erun os conduziu, ele agora se afastou e permitiu que um dos outros guardas tomasse o lugar. Ela descobriu o porquê no minuto que Rina começou a tagarelar com um dos machos encarregados de protegê-la. —Você vai dizer a ele? Cara fingiu ignorância. —Dizer a quem, o quê? —Se o macho for esperto, ele irá para Tave no segundo que ele voltar para a UST e então Tave encontrará Rhal. Você vai falar com Rhal primeiro? Ela bufou.


—Cuidar de Rhal não é minha responsabilidade, você sabe. Nem tampouco proteger a todos do seu temperamento. Ele...— Não me quer. Mas então ele quer. E depois ele não quer novamente. E seus beijos... Cara lamentou. —Contate Tave e diga-lhe para não falar com Rhal. Eu farei isso mais tarde. Ela tanto odiava quanto amava que fosse uma das únicas pessoas que pudessem conversar com Rhal sobre qualquer coisa sem medo. Nos últimos meses ela gritou com ele, riu com ele, o socou no nariz e quase quebrou a mão, mas isso não foi culpa dela. Ele estava sendo um idiota bêbado naquele momento. Aparentemente Ujals e uísque, não importa o quanto desejassem que fosse diferente, não se misturavam. —Cara? Você está vindo? —Rina parou no canto do corredor e não havia como não perceber a excitação nos olhos da sua melhor amiga. —Sim, vamos descobrir com quem eu irei transar pelos próximos cinquenta anos. Rina revirou os olhos. —Você sabe... —Sim, sim, Senhora Principessa. — Nenhum grunhido, ou estalos veio com esse pequeno desrespeito. Graças a Deus. Com esse pequeno drama deixado para trás, não demorou muito a percorrer os corredores vazios, ser a melhor amiga de uma princesa tinha suas vantagens,


incluindo um centro de testes vazio quando necessário. Eles finalmente chegaram ao promotor e Cara cuidadosamente deslizou os documentos através do balcão. Eles já tinham picado seu dedo para obter seu DNA, eles revisariam seu teste e, em seguida, lhe diriam se ela tinha um companheiro na Terra. Caso contrário, eles expandiriam a pesquisa para incluir as bases de dados do IGM. Sua única regra era que seu novo companheiro seria humano. Porque se ela estivesse acasalando um Ujal seria Rhal e, como ele não a queria, bem, não haveria ninguém mais. O promotor franziu o cenho. As sobrancelhas juntas enquanto ele cutucava o tablet e então tocava em sua tela. Ele permaneceu em silêncio, o olhar fixo nos dados que fluíam através da tela e a ansiedade de Cara cresceu a cada segundo. Mais alguns toques e até mesmo uma batida com os nós dos dedos. E ... nada dele. Ela esperara o suficiente. —Uh, algo está errado? Devo voltar? Eles disseram que eu ouviria algo hoje, mas ... Ele balançou a cabeça, preocupação enchendo seus olhos. —Não, um momento, enquanto meu supervisor revisa isso. — O procurador girou e rapidamente caminhou em direção a uma porta fechada na outra extremidade do balcão maciço.


Rina olhou para ela. —Só você. —Sim, sim. — Apenas ela. Sempre foi, só Cara. Apenas a Cara cortava o pé na garrafa quebrada na praia. Somente Cara dirigia por um único prego em um estacionamento e tinha seu pneu furado. Só a Cara ... Sim. Um homem diferente veio em sua direção, o corte de seu terno e insígnia em sua lapela, designando-o como um agente do Ministério da População. —Senhorita Marte, eu sou o agente Jaxum, se você puder me seguir. Cara deu um passo em frente apenas para parar imediatamente com um toque suave de Erun. Ela voltou sua atenção para o Ujal, pergunta em seu olhar, mas ele tinh a seus olhos estreitos atentos no agente. —Podemos discutir o caso da Cara aqui. Seu tom não tolerou nenhum argumento e ela realmente olhou para ele nesse momento. Os ângulos de suas bochechas, o músculo tremendo em sua mandíbula. Algo o irritou, agitado e se ele queria que seu traseiro feliz ficasse aqui, então aqui era onde ela ficaria. —Este é um assunto altamente privado... Encontrou-se interrompendo o agente. —Aqui está tudo bem. Os lábios do agente apertaram-se com tanta força que


formaram uma barra branca em seu rosto. —Muito bem, — ele disse e levantou o tablet. Ele o girou e o deslizou pelo balcão para ela. Olhou fixamente as letras vermelhas, o modo como enchiam a tela e o que significav am. —Cara Marte, filha de Jassla e Corinne Marte, é incapaz de acasalar devido a material genético degenerativo. A decisão do ministério é final e nenhuma petição futura será aceita. Bom dia. Dezoito letras vermelhas, uma mensagem: CANDIDATO REJEITADO.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.