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Tradução: PEE Revisão: AVS Revisão Final: Rosi Teo Leitura Final: Isadora Tokarski Leitura Final: Lola Formatação: Lola Verificação: Anna Azulzinha
É preciso um macho tocando a companheira de Rhal para que ele perca o controle. Cara pertence a ele, agora e para sempre. Exceto que cada ação tem consequências e para Cara salvá-lo, ela trai seus segredos mais sombrios. A questão é, pode o seu amor sobreviver? certeza.
Cara
não
tem
tanta
A “sua” fêmea, desde que acasalaram, não percebeu com quem estava brincando. Esqueceu quem era Rhal, a razão de sua existência e o mal que vivia em seu coração. Antes de Cara, matou sem pensar. Agora, mataria por ela. Rhal destruiria qualquer pessoa humana ou Ujal que trouxesse uma lágrima aos seus olhos. E havia lágrimas nos olhos que ameaçavam derramarse. Inaceitável. Não sabia que parte do seu passado a incomodava e ela não
precisava
saber
mais.
Ele
destruiria
a
fonte,
independentemente. Ele não podia a matar, mas podia forçála desejar que estivesse morta. — Otta, disse a você está manhã que não é bem-vinda em minha moradia e você foi proibida de se aproximar da minha companheira. — Ele rosnou. O sangue pulsando, músculos tensos com a necessidade de removê-la a força da sua casa. — Tentando manter seus segredos sujos? — Um pequeno sorriso se formou nos lábios de Otta enquanto ela voltava sua atenção para Cara.
— Você não ama aquela coisa que ele faz com a língua? Eu que lhe ensinei isso. A fêmea parecia tão presunçosa, tão orgulhosa por arrancar tudo dele. Os seres humanos a considerariam uma cadela fria e sem coração e Rhal concordaria com sua avaliação. Quando Cara inspirou asperamente, ele soube que as palavras de Otta a machucavam. — Otta, saia. — Rosnou, segurando-se. Queria rasgá-la em pedacinhos e atirá-los ao mar. A cadela arranhou com uma única unha afiada o braço de Cara, deixando uma linha vermelha em seu rastro. Sua companheira se afastou do toque feminino, mas o outro ocupante da sala bloqueou a fuga de Cara. Ele. Considerando o brilho de nojo que se moldou nos lábios da sua companheira, Rhal perguntou-se o que o macho fez além
de
impedi-la.
O
olhar
profundo
e
as
emoções
estampadas em seu rosto eram muito fortes para que fosse apenas nada mais do que um sentimento de raiva supérfluo. O que o macho fez na ausência dele? Quando pergunta,
Rhal
haveria
descobrisse vingança
se
a
resposta
necessário.
para
essa
Apesar
dos
arrepios de raiva, sabia que poderia causar dor apenas porque ele desejava.
— Já está saindo, linda?! — Zombou o guarda. — Tem tantas coisas que eu posso te ensinar... — Nós dois podemos mostrar algumas coisinhas a ela. —Aproximando-se de Cara, Otta falava com um murmúrio sedutor, um tom que Rhal conhecia bem, As
palavras
cortavam
como
lâminas,
mas
não
justificavam uma luta. Ele exigiria que deixassem sua casa, mas não poderia usar a força. Ainda. — Se algum de vocês a tocar, será a última coisa que farão! —
Você
não
compartilha?
—
Otta
ergueu
as
sobrancelhas. —Kaag, eu lhe falei sobre quando Lady Disheer e eu... — Chega! — Rhal gritou, Cara encolheu-se, embora Otta permanecesse no lugar, impassível. Então, o erro que ele esperava foi cometido. Kaag, o homem robusto que ameaçou a vida de Cara aproximou-se ainda mais. Cara não desviava os olhos dele. Otta apenas lançava olhares, ignorando as investidas do guarda. Rhal não as ignorou. Quando o macho alcançou sua fêmea e agarrou um punhado de cabelo, os fios enroscandose em seus dedos, Rhal assumiu o controle da situação. Libertou a parte fera que havia dentro de si, permitindo que seu
ódio
interior
corresse
solto,
rompesse
a
barreira
emocional e viesse com tudo. Em um movimento fluido, saltou entre as mulheres atacando o guarda. O ombro atingiu o macho no estômago fazendo com que ele fosse arremessado
para trás. Enquanto o guarda se debatia buscando equilíbrio, Rhal livrou-se do emaranhado de membros para pousar atrás do macho. Quando Kaag tropeçou para ficar de pé, Rhal golpeou mais uma vez, um soco feroz nas costas do macho à direita de sua espinha seguida por outro. Sabia da agonia que percorria o corpo do guarda. Aqueles dois golpes ele conhecia muito bem. Quando o guarda caiu para frente outra vez, Rhal puxou-o de volta. Com um braço, agarrou o macho contra ele pelo cabelo. Com a mão livre sacou a lâmina. Ainda sobre o guarda mantendo-o discretamente fora da vista das fêmeas, porém sem soltá-lo. Puxou a cabeça do guarda para o lado, expôs a parte vulnerável do pescoço. O macho lutou sem sentido. Rhal fa Adar, o fantasma do Rei da morte, não perdia a sua presa. — Você vê essa lâmina? — Rhal a ergueu, para que sua vítima visse o metal reluzente. — Você vê? — Sim. — A resposta foi um sussurro trêmulo. —
E
o
que
você
vê?
—
Kaag
não
respondeu
imediatamente. Rhal sussurrou no ouvido da presa. — Digame. — Kaag gemeu, sem conseguir controlar os tremores e uma mudança sutil na angustia do homem fez Rhal falar novamente. — Não se mije. Faça isso e sua tortura irá durar para sempre.
— Rhal? — A voz de Cara ecoou como se estivesse longe. Como uma brisa suave contra suas escamas. Rhal notou, mas não, isso não o forçaria a parar. — Agora me diga o que você vê? — Rhal girou a lâmina entre os dedos, o cabo e o comprimento perfeitamente equilibrados. — Morte. — A palavra foi dita numa exalação suave. — Sim. — Rhal confirmou. A visão de uma adaga em suas mãos, está em particular, significava morte. — Morrerá por tocá-la e por colocar a vida dela em risco dias atrás. Sudal teve parte na situação, mas não havia nenhuma dúvida que Kaag esteve envolvido também. — Rhal? — A voz de Cara era mais insistente, atraindo sua atenção para ela, embora não deixasse de se concentrar na vítima. Família. Verdade. Ujal. As primeiras palavras do rei finalmente fizeram sentido para ele. Definiam o homem que o criou sem um único arrependimento, pelo homem que lhe ensinou tudo. No entanto, a palavra continha mais significados. Justiça. Força. Vingança. — Eu deveria ir com calma, arrancar os dedos que ousaram tocar o que me pertence. — Gemidos foram ouvidos e mais tremores.
— Mas não quero desperdiçar meu tempo. Faça vossas orações ao mar e fique em paz. Os lábios do homem tremiam, uma oração desordenada e um pedido de socorro deixando sua boca. — Rhal! — Disse Cara ainda sem o interromper de sua tarefa. Rhal abaixou a lâmina, o metal afiado rasgou centenas de corpos. Era sua espada, a arma de justiça e infelicidade. Fez o que era necessário, assim como Rhal, durante tantos anos. Estava atento à garganta do macho, saboreando o medo que cobria Kaag. Ansiava pelo sangue cobrindo-lhe as mãos. Quente e liso, deslizaria sobre suas escamas negras enquanto a vida deixava o macho. Aproximou a faca alguns centímetros separando o brilhante metal da carne. Seria... Uma pequena mão o deteve. Os dedos enrolados ao redor do seu pulso, cravando em suas escamas. A pessoa lutava contra o movimento da adaga, puxou seu braço e forçou seu ataque descendente a diminuir... a gaguejar... para... Rhal seguiu a linha desse braço pálido, de pele rosada, até que finalmente encontrou o olhar de Cara. — Pare. — Ordenou, os olhos brilhantes e intensos de Cara o encarando. Tentou desvencilhar-se dela. — Eu disse para parar. — Ele mostrou os dentes, esperando assustá-la. — Ele tocou em você.
Sua companheira permaneceu no lugar. — Ele não vale a pena, Rhal. Rhal estreitou os olhos, olhando para ela e depois para o homem que ainda segurava. Esperança inundou os olhos de Kaag e ele odiou aquela emoção em seu rosto. — Ninguém toca no que é meu. — Disse Rhal puxando a mão. — Solte-me. — Não. — Ela o desafiou. Ela. Desafiou. Não sabia quem ele era? Otta estava encolhida no canto, com receio. O macho em seu aperto tremia, com medo. Esta fêmea o olhava furiosa. Deu-lhe um olhar cheio de promessas em retribuição caso ele desistisse de matar sua vítima. As trevas recuaram. Não desejava mais provar sangue. Mas ainda doía voltar a colocar um sorriso no rosto. Rhal acreditava que estava certo, mas estava disposto a esperar até que estivesse longe do olhar de Cara. Voltaria à noite, entraria nos aposentos de Kaag e reivindicaria sua vingança. O
macho
nunca
tocaria
uma
fêmea
sem
permissão
novamente. Rhal o lançou no chão, farto do fedor do macho em sua pele. — Você deve sua vida a minha companheira. Agradeça pela fragilidade dela. Cara o encarou com indignação dizendo-lhe com um olhar duro que o faria engolir aquelas palavras assim que
estivessem a sós. Quando Kaag não agradeceu, ele cutucou o homem ofegante com o pé. — Agora! Então o macho provou que era estúpido. Provou que queria morrer pela mão de Rhal. E ansiava por matá-lo apenas por tocar no cabelo de Cara. Kaag se pôs em pé, empurrando-a enquanto se levantava. Rhal sabia que nada o salvaria naquele instante. Ele faria isso rápido, porque não queria brincadeira com o guarda. Ou melhor, teria feito isso rápido, se não fosse pelo grito de Cara caindo contra a mesa de centro na frente de seu sofá. Rapidamente o cheiro de sangue espalhou-se pela sala. Ele não deu a Kaag uma segunda chance de se salvar. Golpeou uma vez e logo em seguida o golpeou novamente. A terceira facada afundou no peito do macho, sem acertar-lhe o coração. Rasgaria o órgão do corpo de Kaag ainda batendo e apostaria o quanto conseguiria mantê-lo vivo. Cara foi ferida por causa do maldito. Machucada. Soluçou por culpa dele. Cortada. Cara tropeçou até o sofá, sangue correndo pelo braço, por causa dele. Chutou. Apunhalou e rasgou. Ignorou o grito de Otta, sabendo que gritava apenas por desfrutar do derramamento de sangue. Ela não queria que parasse. Não. Otta queria que ele continuasse retalhando e espalhando o líquido vermelho por toda a parte.
Desta vez não houve gritos de Cara, nenhum motivo para detê-lo. Mas surgiram braços, grossos como troncos de árvore, envolvendo-se em torno dele com a pele de um vermelho profundo familiar. Tinham-no capturado por um breve momento antes que se soltasse, cuidando para não deixar o macho escapar. Vados não merecia sua raiva. Então havia mais, a cor da pele de Niax indicava que ele também se juntou à briga. Um terceiro tinha as mãos em Kaag, arrastando-o para longe. Então um quarto se juntou para ajudar a arrancá-lo do apartamento e levando-o pelo corredor. Com sorte, Kaag morreria. Se não, Rhal terminaria o trabalho mais tarde. Ele agora odiava os guarda costas que contratou. Foi alertado quando Cara autorizou receber alguém “um homem e uma mulher” e imediatamente exigiu segurança e pessoal médico para acompanhá-lo. No momento da briga, desejou ter a oportunidade de apenas chamá-los mais tarde. Então poderia ter passado mais tempo batendo no macho. Kaag gemia enquanto era arrastado, deixando sangue em seu rastro. Sangue. Cara. Vados ainda o mantinha firme enquanto os braços de Niax continuavam a confiná-lo. Inaceitável. Precisava chegar a Cara. Necessitava cuidar dela. Era essencial... — Já chega. — Niax grunhiu alto no ouvido de Rhal.
Não
era
o
bastante.
Ainda
estar
sendo
contido.
Empurrou e se arrastou, com a intenção de alcançar sua companheira. — Cara — rosnou, ainda lutando. — Liberte-me. Vestes agitaram-se chamando sua atenção, Sece estava no apartamento. Faim parou no corredor e caiu de joelhos ao lado de Kaag. — Faim! Você vai atender a minha companheira primeiro. Deixe esse pedaço de merda morrer. — Rhal deu um passo para frente, arrastando os dois seguranças que o continham. — Eu tirarei sua vida agora se você não examinar a Cara. — Rhal, eu estou bem. — A voz dela era um bálsamo calmante, embora ainda estivesse preocupado. — Deixe Faim fazer o seu trabalho. — Kaag tocou em você. Ele machucou você. Você sangra por culpa dele. — Com essas doze palavras, Faim afastou-se do macho abatido e foi até Cara. As mãos gentis enquanto Faim cuidava da ferida de Cara. Sece deu um passo para trás, olhando para Kaag, mas a voz do seu pai a impediu. — Você o deixará para viver ou morrer. É o mar que decide.
— Mas... — A fêmea tinha um coração grande. Um que se partiria em migalhas algum dia. Era muito gentil, muito delicada. — Sece — o rosnado de Niax cortou o que Faim ia dizer e labaredas de fogos brilharam nos olhos de Sece. Talvez ela não fosse tão delicada. Uma maca apareceu na porta seguida de outra equipe médica aguardando no corredor. Faim levantou-se, virou-se para Rhal e inclinou a cabeça em sinal de que tudo estava sob controle. As emoções de Rhal continuavam trancadas e agitadas. Embora aquele pequeno movimento e a expressão calma no rosto do doutor apaziguou um pouco de sua fúria ardente. — Ela está bem. Com a sua permissão... — Permissão? Ele... — A voz feminina era estridente e cheia de pânico. E não pertencia à Cara. Durante a briga, Otta ficou irritada, mas nunca com medo. Esta fêmea... Rhal virou a cabeça e concentrou-se em quem motivou todo o drama. Otta. Sempre Otta com seu habito de manipular. — Silêncio — sibilou. — Ou eu vou esquecer meu voto e acabar com você — Você acha que pode... Rhal fechou a distância. Niax e Vados foram arrastados novamente na tentativa de contê-lo.
— Eu vou. — Quando Otta abriu a boca novamente, Vados rosnou: — Mulher, fique em silêncio! — Você sabe quem sou eu? Uma mulher morta. Ninguém sentiu pesar no momento em que uma nova voz encheu a sala e abalou cada centímetro do apartamento. Uma voz que silenciou todos eles. — Você sabe quem eu sou? — Tave caminhava tranquilamente, entrando na sala com um rápido olhar. — Faim, cuide do macho. Otta, mantenha-se em silêncio e levante-se e saia com meus guardas. Vados, Niax, solte Rhal. — Senhor? — Vados tinha todas as razões para se preocupar. Rhal sabia que estava fora de controle, apenas vendo como suas escamas se destacavam na pele. — Liberte-o. — Tave era o único macho que enxergava abaixo da superfície. Rhal continuava furioso, mas já não desejava sangue. Agora sofria por sua companheira. Ambos os machos recuaram e Rhal ignorou todos os outros, indo diretamente para o lado de Cara. Puxando-a para perto, a abraçou e inspirou profundamente seu perfume. Cada inalação dela o acalmou mais. A fúria era arremessada para as profundezas enquanto Rhal abafava essa parte de si mesmo. Ela estava viva. Estava completa. Ainda respirava. O coração ainda batia.
— Cara — suspirou e descansou a cabeça em seu peito. — Estou aqui. Estavam
cercados
pelos
murmúrios
baixos
dos
presentes ali. Os machos falando da condição de Kaag. Ficou mais tranquilo quando o guarda ensanguentado foi arrastado para longe. Rhal não se importou. Seguraria sua fêmea enquanto pudesse, independentemente dos movimentos dos outros. — Rhal? — A voz de Tave era baixa, um tom que já conhecia. Duro. Porém com um toque de súplica. Ele queria que Rhal o seguisse de boa vontade. — Você precisa me acompanhar. Ele iria. Seria contido até que a condição de Kaag fosse resolvida. Vivo ou morto. Colocou a palma da mão na bochecha de Cara e aproximou seu rosto para perto. Ignorando o sangue que lhe cobria a mão, focou a atenção em sua companheira. Colocou um beijo suave em seus lábios. Depois beijou as bochechas e finalmente na testa. Os lábios se demorando em sua pele, enquanto respirava profundamente, memorizando o cheiro dela enquanto refletia o que estava por vir. Seriam separados. Quando falou, estava com os lábios colados a pele dela, desejando não romper o contato. — Rina? Guardas?
— Ela ficará segura com seus guardas, Vados e Niax também. — Tave garantiu-lhe. — Muito bem. Vou acompanhá-la quando chegar o momento. — Rhal? — A voz de Cara tremeu. —Tenho que ir com Tave mas voltarei assim que puder. — Mas... Rhal beijou-a mais uma vez, os lábios insistindo nos dela. — Você ficará segura com Rina, Vados e Niax. — Mas ele... — Você é meu coração, Czira. Você o tem na mão. — Passos apressados ecoaram até ele. O passo dos machos era pesado e misturavam-se com o acolchoado macio de pés pequenos, denunciando a presença de Rina. — Cuide bem dela até eu ser solto. Mais um beijo. Mais um… Sem resistir a seus desejos, foi deslizando a língua em sua boca enquanto misturavam seus sabores. Ela era perfeição, doçura e tudo o que era bom e puro no mundo. Ela gemeu e se inclinou contra ele, mas logo ele se afastou, catalogando os olhos carregados de paixão e a fome desesperada em seu rosto. Uma visão da qual sempre lembraria.
Rhal afastou-se e foi para Tave, mantendo as mãos a sua frente enquanto levantava-se diante do seu governante. Cara continuou em silêncio até que Tave fechou as algemas em torno dos pulsos estendidos de Rhal. Um soluço escapou dela. — Rhal? Rhal não se atreveu a olhar para ela. Não se atreveu a ver as lágrimas caindo de seus olhos. Rina pairava na porta, com os olhos cheios de medo. Rhal inclinou a cabeça na direção de Cara, que chorava por ele e que soluçou mais forte quando Rina passou correndo. Sabia que a princesa a protegeria. — Estou pronto. O último som que ouviu foi um grito da sua fêmea, uma única palavra de seus lábios: — Rhal!
Cara estava cansada dos olhares de
lamentação.
Passara-se apenas um dia desde que Rhal foi levado. Tave tentou explicar-lhe o processo. Até mesmo Rina explicou, mas Cara se recusava a ouvir. Recusou-se a fazer qualquer coisa exceto pedir para ver Rhal. Não eram companheiros de longa data apesar dela já sentir falta do seu toque, o corpo chamando pelo dele e ninguém permitia que ela fosse para perto dele.
Ninguém podia vê-lo. Nem mesmo Faim que deveria retirar o sangue de Rhal para dar a ela. O estresse e a luta estavam
fazendo
sobressaíssem tornaram-se
com
ainda visíveis
que mais
do
as em
meio
características sua de
pele.
seu
As
corpo
genéticas escamas para
as
extremidades, arranhando a pele quando surgiam. Esticavam a carne, causando pequenos pontos ensanguentados sobre o corpo. Ela sangrou nas roupas mais de uma vez. Era uma bagunça, uma bolha de dor que se retorcia sem que ninguém pudesse tocá-la ou ajudá-la, nem mesmo usando luvas. Era como se seu corpo sentisse as pessoas se aproximando, mesmo que para cuidar das feridas, só que não era Rhal. Queria Rhal. Cara se aconchegou no leito da enfermaria, os lençóis arranhando a pele em carne viva. E essa ainda não era a maior das dores. O pior era a dor que latejava em seu coração e isso não seria curado até que Rhal voltasse para ela. — Eu não entendo — sibilou, lutando para conter a dor que acompanhava a respiração. — Eu sei. — Tave suspirou e correu a mão através do cabelo azul. As escamas do príncipe agitaram-se muito, exatamente como as dela, desaparecendo e surgindo na pele. Felizmente, para ele não era doloroso. Faim explicou que a assim que terminasse a transição não seria doloroso para ela também.
O que não aconteceria até que Rhal fosse liberado. Ou fosse concedido que alguém da equipe médica entrasse na cela para extrair o sangue. — Cara, se houvesse algo que eu pudesse fazer, eu faria. Só que as leis são claras. Kaag está entre a vida e a morte por causa do ataque de Rhal. Ele está sendo acusado de assassinato... — Kaag ainda está vivo. — Até que Kaag viva ou morra. Ele não pode receber visitas. Ela tremeu e cerrou os dentes tentando controlar a dor. — E quanto a mim? Eu deveria sofrer? — Cara. — Você poderia deixar Faim entrar. Você é o príncipe, por Deus. — Realmente pouco importava que estivesse desrespeitando o líder Ujal dessa maneira. O que ele ia fazer? Matá-la? Já estava morrendo. Era simplesmente uma questão de tempo se não conseguisse o sangue de Rhal. — Aja como tal e deixe Faim obter um frasco do sangue dele. — Normalmente eu poderia abrir uma exceção. — Então faça — retrucou. — O rei está aqui. O poder de nosso Rei supera o meu. Estamos sob o comando dele e a decisão de cumprir a lei já foi tomada.
Outra onda de agonia atravessou o corpo de Cara e desta vez foi acompanhada de um gemido. — Então eu estou fodida. Eu vou morrer. — O que aconteceu com aquela história sobre mulheres serem importantes para sua raça? Onde diabos está aquela atitude protetiva agora? — Os lábios de Tave se pressionaram em uma linha rígida até ficarem brancos. Ele ficou em silêncio. — Certo. Não há argumentos para isso. — Cara respirou fundo e tentou se acalmar. Quanto mais chateada ficava, pior era seu martírio. Só havia uma maneira de sentir-se melhor: Rhal. Rhal
não
podia
vê-la,
nem
a
tocar,
ou
mesmo
aproximar-se. Nada. Cara estremeceu e gemeu, deixando a cabeça pender para trás. — O cara era um idiota, odeia a raça humana e me tocou. O fato dele ser um idiota tem de ser razão suficiente para justificar o que aconteceu, Tave. Me ajude. — Encontrou o olhar fixo do príncipe. — Dê-me um motivo para ter esperança. O príncipe desviou o olhar e o manteve focado na parede mais distante, refletindo. — O fato de ele a tocar, embora censurável, foi a primeira ofensa. Ainda assim a reação de Rhal foi extremista.
— Rhal é um cara de extremos. Vocês o treinaram dessa maneira. — Nós não... — Sim, sim, vocês o tornaram assim. — Preferindo jogar limpo com o príncipe. Se ia morrer, colocaria tudo às claras. — Rhal é o assassino do rei, Tave, não me diga que você não sabe disso. Você sabe. Seus militares o treinaram para ser um assassino sem coração. Agora que vocês não conseguem mantê-lo na coleira porque ele achou alguém com quem se preocupar e que, na ocasião, estava sendo ameaçada, vocês estão punindo ele. — Foi seu primeiro... Cara sacudiu a cabeça. — Kaag me chamou de lixo humano, isso conta? Ele despreza humanos. Disse isso na frente de Rina e Erun também sabe. Isso pode, pelo menos, amenizara situação de Rhal? Por favor? — Trazendo uma mão trêmula para atesta, Cara esfregou sua têmpora. — Precisamos nos ver. — De que ele te chamou na frente de Rina? — Agora Cara via um Tave estranho. Um que se alegraria em arrancar a cabeça de alguém. — Quando estávamos na IGM. Ele fez aqueles sons que vocês costumam usar. Rhal me ensinou. Kaag me chamou de lixo humano. — Na frente de Rina.
— Sim — assentiu cuidadosamente. — Erun estava lá e disse que ele mesmo iria comê-lo por isso. Eu prometi contar para Rhal, mas... — dando de ombros, continuou, — coisas aconteceram. — Repita o que ele disse. — A pele de Tave perdera o brilho
saudável,
ficando
azulada. Inferno,
metade
das
escamas estava visíveis também. Percebendo que aquela podia ser a única chance de conseguir o que precisava, Cara atendeu ao pedido, repetindo a frase para o príncipe. O macho fez uma careta. A raiva crepitava ainda mais e agora cada centímetro de sua pele estava coberta de escamas. — Eu não posso prometer, mas vou falar com o rei. — Abaixando a voz Tave inclinou-se. — Não importa a decisão real, esteja pronta à meianoite, Cara. Isso me dá espaço para manobrar. — O olhar era decidido. — Rhal sabia? Ela negou com a cabeça. — Não, mas ele mencionou que havia mandado um guarda até você, a fim de buscar Faim. Disse que estava pedindo uma bênção? — Um favor seria o que os humanos pediriam, pelo menos era o que ela imaginou. — Pelo que foi dito por Kaag, acho que ele era o guarda que deveria ter vindo até você. E ele não passou a mensagem enquanto eu estava ferida.
Tave ficou ainda mais possesso. Os músculos se retesavam enquanto ele tentava conter sua fúria. — Eu compreendo. — Deu um passo para trás. — Meianoite. Procure por Niax e Thame. Preferia mandar Vados, mas não posso arriscar... Ela assentiu, concordando. — Não, ele tem uma companheira e um filhote. Se algo der errado, não poderia ficar atrás das grades. — Sim. — Tave lhe deu um rápido aceno de cabeça. — Esteja pronta. Não conte a ninguém. Certo. Não contar a ninguém. Era algo que podia fazer. Isso e rezar. — OK. Caminhando em direção à porta ele parou no marco. — Cuide-se, irmãzinha. Minha companheira arrancaria minha cabeça se alguma coisa acontecesse com você. — Me leve até Rhal e você não terá com o que se preocupar. Seu olhar era decidido e inabalável. — É o que planejo. Sim, era o plano dela também. Tinha esperança de que viveria o suficiente para completá-lo. Horas e incontáveis episódios de agonia mais tarde, ela se
perguntou
se
conseguiria.
Recobrava
e
perdia
a
consciência. Despertava quando Sece ou Faim entraram para
verificá-la. Até que finalmente acomodou-se em um sono agitado novamente. A cada momento aguardava a hora combinada. Esperou que Sece chegasse mais cedo para verificá-la, era quase meia-noite. Felizmente o relógio na parede indicava quase doze. Cara lenta e silenciosamente deslizou pelo quarto. Sentou-se ansiosa para que Sece conferisse seus sinais vitais e, logo em seguida, mandar a mulher embora. — Cara, estou surpresa que você esteja acordada. — Sua voz era lírica, as palavras praticamente cantadas através da sala, mesmo sendo apenas um sussurro baixo. — Sim, eu não poderia... A porta se abriu mostrando homens parados na entrada para o corredor. Todos congelaram, Cara e Sece olhando para Niax e aquele que deveria ser Thame. — O que você está fazendo aqui? — Sece sibilou aos machos,
embora
Cara
notou
que
a
fêmea
encarava
especificamente Niax. — É melhor você não descobrir, Sece. Por favor, vá embora. — A voz de Niax era firme, seu olhar inflexível. — Por quê? — Sece. — Niax rosnou dando um passo ameaçador na direção dela. — Não rosne para mim, Niax fa Tura. O que está acontecendo? — Não temos tempo para isso. — Sibilou Thame.
— Coloquem-na no banheiro e tranque a porta. Alguém vai achá-la. Temos que partir. Niax encarava Thame. O que era uma péssima ideia. Até Cara podia ver que os dois Ujals estavam pisando em ovos por aquela situação e ameaçando a fêmea com quem Niax se importava. — Toque-a e morrerá. Viu?! — Niax... — Você não... — Eu vou.... — Ei! — Cara soltou um sussurro estridente, o que exigiu quase toda a sua força. No entanto, foi o suficiente para que os três prestassem atenção nela. — Sece, preciso que você deixe isso acontecer. Você não pode nos impedir. — Cara, o que está acontecendo? Ela lambeu os lábios e abriu a boca, antes de ser interrompida. — Você não pode dizer nada a ninguém — Thame a cortou. Cara jurou para si que o chutaria na bunda assim que se sentisse melhor. Com sorte, se sentiria melhor logo amanhã de manhã. Olhando para Thame tentou falar novamente.
— Os médicos Ujal sabem sobre a ética do silêncio? Você faria tudo em seu poder para garantir a saúde dos seus pacientes? — Claro. — Você não discute o tratamento de um paciente com ninguém? — Claro — ela assentiu. — Então preciso que você me ajude e fique fora do meu caminho. E guarde segredo. — Mas eu não entendo... — Precisamos ir. — Interrompeu Niax. — Eles estão me levando para Rhal e por isso preciso que você fique em silêncio. Não quero que você minta, mas preciso do seu silêncio. Você sabe que vou morrer se não chegar a ele logo. Eles não permitirão que seu pai pegue o sangue de Rhal para mim. Você sabe… Sece não a deixou terminar. Em vez disso, seu olhar tornou-se duro em determinação e então ela correu pela sala agarrando cobertores e chinelos. Empurrou a pilha de roupas para Thame. — Segure isso enquanto eu a ajudo. Os túneis subterrâneos estão vazios a essa hora. — Não. — Niax contestou. — Eles são... — Livres. Seus guardas não têm a acesso a esse setor. —Disse Sece.
— E como você... — Pergunte a ela mais tarde, caramba. — Interrompeu Cara, sua atenção voltada para mão. Nas escamas que ficavam com a coloração mais escura. — Precisamos ir agora. Seus três acompanhantes viram as escamas surgindo pelos braços. Cada um entrou em ação. Vestiram-na e a conduziram pela porta. Tinham que se apressar porque Cara estava ficando sem tempo.
Rhal decidira esconder-se de todos quando ele fosse libertado. Ou escapasse. Entrou na cela pacificamente naquela manhã. Mas agora a escuridão o cercava e ninguém veio buscar seu sangue. Faim ou Sece não foram autorizados a entrar apesar dos gritos audíveis. Visitas lhe foram negadas. Não foi permitido conceder à sua companheira o alívio dos sintomas da transformação. Se perguntava se ela estava com dor, se gritava por ele. Se o coração dela doía enquanto a raiva queimava seu sangue. O ódio permanecia dentro dele, borbulhando, ansioso para se atirar sobre quem quer que ousasse cruzar o limiar da cela. Não negava a severidade do seu crime, mas também não iria permitir que sua fêmea sofresse. Sabia que ela sofria naquele exato momento. Inaceitável. Fez uma ronda no pequeno espaço, examinando a sala atentamente procurando por um ponto vulnerável. A única fraqueza óbvia era a pequena porta por onde deslizavam a comida do portal maior. Bem como a ventilação de ar onde não passaria nem uma criança. Todas as outras partes do quarto eram sólidas e sem falhas aparentes. Deveria saber que a cela era impenetrável. Ele a projetou. Depois de passar anos fugindo de uma prisão e outra, criara uma na qual nem ele mesmo poderia se libertar.
O passado o condenava em mais de um sentido. Quando ouviu murmúrios de vozes imaginou que era troca de turno dos guardas novamente. Um novo macho se posicionando ao final do longo corredor. Rhal caminhou até a porta e golpeou o metal com o punho cerrado, esperando chamar a atenção. — Guarda! Dê-me notícias da minha companheira! — A conversa entre os guardas continuou. Todos o ignorando. — Guarda! Eu desejo notícias da minha... — Rhal. Sentiu o estômago se apertar. Pensou que estava alucinando. Havia outra explicação para ouvir a voz suave de Cara nesse inferno impenetrável? Entretanto, ainda tinha esperança. — Cara? — Não abrirão a porta a menos que você dê um passo para trás, você tem que... Sua Cara. Rhal caminhou rapidamente para o outro lado da pequena sala. Com um baixo baque as costas colidiriam contra a parede. — Eu me retirei. Em instantes, a placa deslizou para o lado e Rhal foi presenteado com uma visão de beleza e angustia. Cara estava encurvada, tecido cobrindo-a do pescoço até os tornozelos. Estava exausta, com dor e continuava a mais bonita.
— Czira... —Ele fez isso com sua companheira. Perdeu o controle e agora sua fêmea sofria por suas ações. Uma única lágrima rolou pelo rosto criando uma trilha molhada por sua bochecha. Seguida por um soluço baixo e então Cara atirou-se nele. Enterrando-se contra seu peito e jogando os braços finos em torno da sua cintura. Rhal a tomou nos braços sem hesitar, abraçando-a enquanto abaixava a cabeça e respirava seu cheiro. Doçura e dor. Muita dor. Ela gemeu, o corpo tremendo em espera e imediatamente a tomou nos braços e carregou-a até a pequena cama levantada contra a parede. Não se importou com quem entrou em seguida. Estava focado em sua companheira. — Czira, estou aqui. — Rhal, eles... — ela soluçou e chorou mais uma vez. Ergueu uma das mãos e pressionou a palma fria e coberta de escamas
nas
bochechas
de
seu
macho.
A
tensão
imediatamente se estabeleceu com o toque e Cara soltou um suave suspiro enquanto relaxava contra ele. —... eles não me deixariam ver você. Não deixariam Faim buscar seu sangue. O rei... Rhal a interrompeu, não querendo que ela falasse do rei, não aqui, não agora. Sabia que haviam dispositivos de escuta implantados em todo o espaço. — Você está aqui agora, minha companheira. — Apoiou o queixo com apenas a ponta do dedo. E isso foi suficiente
para que Cara se concentrasse nele. Passou um beijo suave em seus lábios ásperos. — Silêncio. Tudo ficará bem. Ainda que fosse forçado a fugir e se esconder nas profundezas com sua companheira, asseguraria que estivesse saudável e em segurança. Mantê-los separados deixou com as escamas ásperas e irregulares, não com a textura suave como seda como era o normal. Ele não permitiria que desgastasse tanto no futuro. — O rei quer fazer de você um exemplo. — As palavras eram suaves, baixas apenas para que ele ouvisse. Embora soubesse que os dispositivos conseguiriam capturar as palavras dela. — Mas eu contei à Tave sobre Kaag e todas as ofensas dele a mim quando estávamos na presença de Rina. Só não consegui convencê-lo que Faim... Rhal acariciou seu lábio inferior com o polegar. — Tudo ficará bem. — Embora se perguntava o que Kaag disse na presença da principessa, que deixou Tave tão intrigado. Mas agora não era o momento para discussão. — Onde está Faim? Você não pode ficar nessa condição. — Não o deixarão entrar aqui. Convenci Tave a me deixar ficar com você, mas não Faim. Não pude trazer agulhas porque poderiam ser usadas como armas. O que significava que o único caminho para salvar Cara era o paraíso entre suas coxas. Cercados de câmeras e
dispositivos de audição. Os sons dela eram apenas para ele. O corpo dela era para ele. A raiva começou a queimar seu sangue de novo. Fazendo o corpo vibrar com a ideia de que os outros iriam divertir-se com o que deveria ser apenas dele. Rosnou. Os músculos se retesaram e flexionavam conforme ele se tornava cada vez mais consciente da situação. Mesmo com o toque suave, as escamas emergiram e escureciam a pele de Rhal. — Shh... Calma. — Cara o acariciou, tentando fazer com que a raiva se esvaísse. Não sabia ao certo se conseguiria. — Você tem que fazer amor comigo. O guarda disse que posso ficar até a próxima troca de turno, às oito. Faim me levará de volta ao centro médico. Tave está trabalhando em alguma coisa, Czira. Rhal sentiu o coração apertar. Czira. Ela o amava. — Eu não quero que te vejam, que ouçam como você geme o meu nome. — Nós temos os lençóis que eu trouxe comigo. Eles ficarão com ciúmes sabendo que você tem uma parceira que pode te levar a loucura, enquanto eles não têm nada a não ser as mãos. — Cara sorriu para ele apesar da dor transparecer nos seus olhos. — Faça amor comigo. Rhal percebeu que não podia resistir a súplica. Nem queria.
O ter tão perto, seu corpo implorando por ele e a necessidade desenfreada era quase mais do que Cara poderia suportar. Avançou até ficar em pé próxima a Rhal enquanto ele se sentava na pequena cama da sala. Ela envolveu-se nos lençóis finos do centro médico, passando ao redor dos ombros como uma capa enquanto esperava pela resposta. Não desejava só ser possuída e ficarem juntos. Também precisava do material genético. Ok, admito que era mais sobre o desejo do que o material genético. A dor lhe subia pelos calcanhares, a lembrando que ainda não havia completado a transição. Cada movimento significava uma fisgada de dor subindo pela espinha. A dor a percorreu da cabeça aos pés, a forçando a congelar no lugar por um segundo antes de irradiar sobre cada terminação nervosa do corpo. — Cara? — O tom preocupado de sua voz era perceptível. — Estou bem — sibilou em resposta. — Me dê um segundo. — Você está com muita dor? — Ele estendeu a mão, a palma buscando-a através do tecido. Não parou até que sua pele estivesse junto à dela. Com muita dor? Mais do que um pouco. — Não, eu estou bem. — A agonia vacilou e recuou completamente. Ela suspirou de alívio. O toque de Rhal e sua
presença fizeram isso por ela. Abriu os olhos, sem sequer perceber
que
os
fechou
em
algum
momento.
Um
formigamento de necessidade deslizou por seu corpo, a palma quente dele acariciando seu braço. Queria aquela mão em todos os lugares, em qualquer lugar. Agora. — Eu estou bem. Só preciso de você. Ele rosnou em resposta, o olhar fixo em algo sobre seu ombro. Ela seguiu o olhar para os pequenos dispositivos que espreitavam por pequenos buracos no metal. — Não quero... Cara sabia que aquilo o incomodava. Também odiava as câmeras,
mas
a
proximidade
estava
lentamente
transformando a verdadeira agonia da transformação em desejo. — Czira. — Ele a olhou mais uma vez. Cara lentamente ajoelhou diante dele, levando os lençóis com ela. Olhou para seu colo, a junção das coxas e o que mais ansiava. — Deixe-me. Rhal endureceu sob aquele olhar, o membro crescendo e engrossando sob os olhos da fêmea. O pênis ficou tenso nas calças, mostrando-lhe o quanto a queria, mesmo que ele não estivesse à vontade. — Cara... Ela se concentrou nele. — Preciso de você na minha boca, Rhal. — Ela soltou os lençóis e os deixou cair nos ombros enquanto deslizava as
mãos ao longo das pernas dele, as palmas viajando até descansarem no topo das coxas. Os polegares se contraiam, ansiosos por o tocar, o sentir e atormentá-lo. — Preciso provar você. — E fez como tanto desejava antes,
correndo
as
mãos
para
o
pênis
e
apertando
suavemente. — Deixe-me mostrar a eles o que estão perdendo. Deixeme mostrar-lhes o que uma verdadeira companheira faz por seu macho. — Ela lambeu os lábios, com água na boca. — O que uma verdadeira companheira imploraria para ter. — Cara... — Rhal estava cedendo. Ela sabia e ele sabia, mas
apreciava
o
protesto
simbólico.
Ignorando-o,
ela
estendeu a mão para a cintura das calças e cuidadosamente puxou o tecido. As calças abriam-se inteiras pela metade, desprendendo-se onde deveria estar a costura. Essas calças eram usadas pela maioria dos Ujal’s e foram criadas para deixar a mostra o sexo. Isso era interessante, mas não o suficiente. Ela queria tudo dele. Outro puxão o desnudou ainda mais. Embora ainda estivesse meio vestido. — Rhal. — Cara gemeu, ansiosa. A vagina doía e pulsava necessitando atenção, o clitóris silenciosamente implorando. Mais tarde. Depois que ela saciasse o fogo que a consumia.
Então
poderia
o
convencer
preencher o ventre e a fazer gritar.
a
tomá-la,
lhe
Ele riu – safado – e levantou os quadris. Rhal puxou as calças também e então ficou nu para ela. Cara lambeu os lábios salivando. Rhal tomou seu membro com as mãos, acariciando-se. — É isso que você quer, Czira? Cara choramingou e assentiu. Estava tão duro, só para ela e Cara não pode evitar se deleitar nesse fato. — Sim — sibilou e estendeu a mão. Cara afastou as mãos dele assumindo a tarefa. Tomoulhe o membro com uma mão enquanto tocava as bolas com a outra. Rhal não a deixou brincar assim no passado. A lembrança também não era da pele e sim do preservativo em seus lábios. Dessa vez, nada de camisinhas. Sem mais bloqueios. Nada entre eles. A gota cintilante de esperma adornava a ponta grossa do seu pênis. O fluido perolado chamando por ela. Prontamente, Cara inclinou-se para a frente. Os lençóis que a cobriam deslizaram pelos ombros e Rhal logo se contraiu, a mão esticando para segurá-los no lugar antes que caíssem completamente. Congelada no lugar, com a boca aberta e língua descansando em seu lábio inferior, Cara o provocou. — Você não quer que vejam seu pau? Não quer que eles vejam o quanto sua companheira o deseja? — Ela sacudiu a língua sobre a cabeça do membro, lambendo a gota e
gemendo com o sabor que era uma mistura de doce e salgado. — Deixe-os ver, Rhal. Quando Cara repetiu o movimento para acariciá-lo, Rhal não a impediu e ela tomou isso como uma permissão silenciosa. Acariciou todo o comprimento, passando os lábios da raiz à ponta. Juntou a nova umidade que descansava na cabeça e usou-a para aliviar os golpes. Então o bombeou mais uma vez, lambendo cada nova gotícula que surgia. A mão se movia suavemente e rapidamente fez o que tanto queria antes: Levou a cabeça do pênis à boca, dando voltas na ponta antes de finalmente agarrar a cabeça entre seus lábios dando-lhe uma chupada gentil. — Czira... Ela recuou e sussurrou contra a carne úmida. — Você é meu. O engolindo mais uma vez, tomou parte do seu comprimento em sua boca, sugando mais e mais, enquanto parte dele desaparecia entre os lábios. Cara sacudiu a língua ao longo da parte inferior do pau de Rhal, dando-lhe prazer enquanto ela buscava o próprio prazer. O topo das coxas pulsava
com
necessidade,
o
centro
dela
apertando
e
silenciosamente implorando para ser preenchido. Recuou, chupando duramente a cabeça, rodeando-a rapidamente, antes de descer mais uma vez. Estabeleceu um ritmo consistente, desfrutando dele lentamente enquanto o deixava louco de prazer. Rhal gemia e tremia com cada
movimento, os quadris flexionando suavemente enquanto Cara o tomava profundamente. A mão trabalhando em perfeita sincronia com a boca fazendo com que todo o pênis fosse
estimulado,
provocado
e
torturado.
As
palavras
tornaram-se súplicas baixas e gemidos suaves. Os sons crescendo a cada segundo que passava. Rhal passou os dedos pelos cabelos de Cara, que ergueu o olhar para os seus olhos. — Czira, tão bom. Tão quente e molhada, minha companheira. Cara permaneceu capturada naquele olhar, sua atenção inabalável quando tomava mais e mais dele. Cada sucção pulsava direto no fundo do ventre, fazendo com que ela se contraísse de prazer junto com as ações dedicadas ao seu companheiro. O clitóris se apertou e pulsou desesperado para ser tocado e acariciado. Abandonando as bolas, Cara cuidadosamente deslizou a mão sob suas calças macias. Abriu os pequenos lábios de seu sexo enquanto tocava-se, a excitação já umedecendo tudo ao redor entre as coxas. Gostou da auto provocação leve, uma carícia suave antes que seus dedos deslizassem mergulhando nela mesma. Umidade saudou o toque, prova que ela o desejava. A ponta dos dedos patinou sobre seu clitóris e não pode evitar gemer em torno do pênis de Rhal enquanto o prazer espalhava-se pelo seu sangue. — Você está se tocando, minha companheira? — A voz dele era um barulho baixo que parecia vibrar através do
corpo. Os mamilos apontaram duros contra o tecido. Estavam firmes e sensíveis. Enquanto Rhal endurecia seu membro ainda
mais,
somando
uma
felicidade
gentil
aos
desdobramentos do que estavam se permitindo um ao outro. Cara ergueu-se o suficiente para sussurrar a resposta. — Sim. Então o levou mais uma vez a boca, permitindo que fosse mais fundo, deslizando em sua garganta enquanto seus lábios se encontravam com a base de seu pau. — Cara. — Rhal não estava surpreso com ela. Ela gemeu mais uma vez, deleitando-se com a resposta e o modo como o punho se apertou em seu cabelo. A pequena picada do puxão só somou ao êxtase lentamente construindose em suas veias. O ritmo continuou, movimentos firmes para cima e para baixo no pênis, que pulsava contra a língua quando Rhal dava a ela mais e mais. Cara deixou seus dedos se aventurarem mais longe nela mesma. Com as pontas provocando a abertura do sexo, ela estremeceu sentindo o formigamento da ação. A vagina apertou, tentando conduzir os dedos mais profundamente. Cara resistiu à demanda do próprio corpo e continuou só se atormentando. Ainda não. Se metesse os dedos dentro, ela gozaria. E não queria fazer isso sem que a semente de Rhal banhasse sua língua. Mas logo… — Cara, estou quase...
Gozando. Na minha boca e engoliria cada gota. O pênis latejava contra sua língua, inchando dentro de sua boca e ela sabia que Rhal estava no limite de um orgasmo. A qualquer momento... O próprio corpo chegou ao limiar do prazer, agora querendo empurrar-se mais. Cara empurrou os dedos profundamente no estiramento da sua vagina, que se contraiu em torno deles em um abraço desesperado. Ela se masturbava ao mesmo tempo que lhe chupava o pau. Fingiu que Rhal a fodia, bateu dentro e fora de si mesma. A base da palma da mão esfregou contra seu clitóris, acrescentando vibrações às sensações prazerosas. Um estremecimento de prazer a atacou, começou no topo de suas coxas e se espalhou para encher seu corpo. Os dedos dos pés se enrolaram com a expectativa do gozo. Cara equilibrou-se no precipício, à espera de Rhal. Esperando por… — Czira! — O grito de Rhal ecoou para além das paredes e então se esparramou na sua língua. Sêmen, o almíscar salgado e doce, encheu-lhe a boca e Cara imediatamente engoliu, reunindo cada gota e saboreando cada bocado. Ao mesmo tempo fogos de artifício explodiram atrás dos olhos de Cara. Cada célula tremia quando o prazer se apossou do seu corpo. Ela foi arremessada sobre o limite pela sensação dele gozando, o gosto e perfume de seu macho. A vagina tremeu e lhe apertou os dedos. O clitóris inchou e pulsou no momento que o êxtase a envolveu da cabeça aos
pés. Gemeu ainda em torno de Rhal, com o pau na boca chupando-o no ritmo das contrações pulsante de sua boceta. Ela continuou a amamentá-lo, apenas diminuindo o ritmo quando
seu
centro
finalmente
equilibrou-se
em
um
movimento suavemente vibrante. Mesmo durante o êxtase, ela recusou a desistir do tratamento que dava ao membro de Rhal. Cara o banhou com a língua, capturando qualquer indicio do seu material genético “cada gota” que poderia ter escapado. Era dela e somente dela. Rhal inclinou-se para trás, os dedos ainda enredados nos cabelos dela, mas cuidadosamente foi desembaraçando e embalando a cabeça de sua Czira. Quando os olhos dela se abriram encontraram-se com o olhar feliz e saciado de seu macho. Estava relaxado. Todo o sentimento de preocupação que acinzentou as linhas profundas no rosto dele havia sumido. Estava à vontade graças a ela. Ternamente, Cara o soltou com um suave suspiro. Descansou a bochecha contra a coxa e o acariciou, absorvendo o cheiro dele para os pulmões. O corpo continuava agitado, vagina tremendo ainda em resposta ao sêmen. Alguns momentos depois ela estava desejosa mais uma vez, ansiando novamente por ele, apesar de seu recente orgasmo. Estava pronta. De novo. Levando em conta que o membro de Rhal estava macio contra a coxa, não pensou que isso aconteceria. Ainda. Cara lhe daria um minuto para se recuperar. Talvez dois.
— Cara... — Rhal soltou o nome dela com um sussurro. —Venha aqui, minha companheira. Tire a mão do meio das coxas e deixe-me provar você. Tremendo, cara afastou a mão da boceta, deslizando-a das calças e estendeu a mão. Rhal imediatamente inclinou-se e enfiou os dedos dela entre os lábios, a língua e boca lambendo e sugando cada dedo. Os deixou brilhando com saliva. Rhal gemeu quando completou a tarefa, despertando novos
arrepios
no
corpo
de
Cara.
Ela
o
queria.
Desesperadamente. Já se passou um minuto? — Você é deliciosa. — Rhal lambeu o calcanhar da sua mão, entre a palma e o pulso. — Tão doce. — A agarrando pelo pulso a puxou contra o peito, a forçando a se levantar. Logo ambos se acomodaram sobre a cama com parte dela enroscada sobre o corpo dele. O pênis ainda exposto. — Descanse comigo, Czira. Assim que meu pau se recuperar, vou fazê-la gozar de novo e de novo. — Murmurou baixinho bem perto do ouvido, só para ela. Cara implorou que o fogo lhe percorrendo o sangue esfriasse e ficou surpresa quando ouviu-se dizer. — Se vai me fazer esperar, você vai falar comigo. — Qualquer coisa, Czira.
Qualquer coisa? Duvidava. Rhal arrependeu-se nas primeiras palavras. Seria um buzzkiller1, mas parte dela exigiu que obtivesse respostas. Por alguma razão, era importante que ela soubesse. E reunindo coragem, começou: — Fale-me sobre Otta ...
1
BuzzKiller – ela se refere ao jogo de perguntas e resposta. Só que em vez de perguntas cotidianas são perguntas sobre seu passado.
Rhal olhou para os que ali estavam presentes. Os quatro machos e as três fêmeas que tinham o seu destino nas mãos — aqueles que escolheriam se iria viver ou morrer. Não se importava com o que aconteceria consigo mesmo, mas preocupava-se com Cara. Tave estava estoico. O rosto não revelava nenhuma opinião
referente
ao
Ujal
ali
no
meio
deles.
Eram
espectadores, perseguidores, desejavam ver Rhal destruído. Morto. Rina não podia esconder sua preocupação, lágrimas brilhando em seus olhos. Rhal queria poder lhe assegurar que tudo estaria bem. Essa era uma promessa que não poderia fazer. Em vez disso, correu o olhar sobre o resto deles. Sudal era arrogante, orgulhoso e um idiota se pensava que Rhal cederia. Pela arrogância, merecia ser humilhado. Estava com o semblante de que já conhecia o resultado de todo aquele espetáculo. Rhal encarou o rei e a rainha em vez de olhar para seu pai e a companheira dele. O ódio acendeu nele como uma labareda quente e brilhante, chamuscando seus nervos com uma intensidade renovada. Desejava poder acabar com aquelas vidas ali. Se fosse punido por assassinato, queria fazer por merecer a sentença. O que eram mais dois corpos?
Entretanto, havia seus líderes. Amava a rainha como uma mãe, os olhos brilhavam de bondade e aquele olhar inabalável encontrou o dele. Já o rei o olhava com.... Raiva. Fúria. Ódio. Por quê? Ele era como o rei o criou. Dois altos guardas — Niax e Thame — estavam ao seu lado, embora não carregassem a tensão de preocupados. Não, eles sabiam que Rhal não iria atacar, nunca quando Cara estava na base da plataforma na qual ficava o trono do rei. Burro pomposo. Os olhos de Rhal brilharam quando encontraram o olhar de sua companheira de coração. Era a razão de não ter destruído tudo pelo caminho. Precisava estar vivo e inteiro para cuidar dela e amá-la. — Rhal fa Adar. — A voz do rei chamou sua atenção e silenciou os murmúrios baixos na sala. — Você foi acusado de tentativa ilegal de destruir Kaag fa Melor. Como sua Czira diria: Que merda. O rei não estava decidido. — Qual é a sua resposta a essas acusações? Rhal abriu a boca para dizer ao rei exatamente o que pensava sobre esses procedimentos. E no mesmo instante as palavras foram silenciadas pelo movimento de Tave. O príncipe veio com a companheira para os degraus inferiores e
pediu que ela ficasse ao lado de Cara antes de continuar andando até ficar frente a frente com Rhal. — Tave? Qual é o significado disso? — O rei olhou para seu primogênito e logo encarou Rhal. Rhal estava acostumado com pessoas o odiando. Mais a centelha do sentimento presente naqueles olhos não era nada. — Meu rei, meu senhor, eu me oponho as acusações contra Rhal Adar. — Tave respirou profundamente, aspirando lentamente o ar e depois o soltando. Rhal imaginou que poderia ser uma tentativa de buscar a calma, mas a tensão no macho aumentou conforme se movia. Niax e Thame ficaram nervosos também e isso fez com que os nervos de Rhal chegassem ao limite. Estava focado em identificar
se
havia
mais
alguma
ameaça
no
recinto.
Tentando descobrir se alguém mais, além dos homens do rei, representava um perigo. — Fale o que tem a dizer, — o rei rosnou. A realeza estava definitivamente enfurecida pelo processo. — Peço que as filmagens sejam analisadas. — Tave respondeu. O que… — Por que razão? — O rei latiu. — Proteção do trono e seus senhores. Isso fez com que Rhal perdesse o equilíbrio sobre os pés e os murmúrios enchessem o ar mais uma vez. As
especulações alastrando como fogo. Proteção do trono? Seus senhores? Talvez fosse devido ao envolvimento de Otta no que aconteceu, mas não havia razão para analisar as filmagens. — Sob que justificativa? — O rei olhou para o filho. — Abandono ilegal de uma vida, abuso de poder, abuso de um senhor. — E quem é o acusado? — Eu acuso você, meu senhor. — Tave acalmou-se depois de dizer as palavras ao rei. Aguardou pacientemente as vozes agitadas da multidão acalmarem. — Você, conscientemente treinou um rapaz na arte de matar; você conscientemente o forçou a assassinar inocentes e criminosos da mesma forma cruel e você conscientemente o colocou sob os cuidados de uma mulher que abusou dele. É você que deve ser julgado neste dia. Os murmúrios transformaram-se vozes altas. Sussurros de choque e surpresa ecoavam pela sala rapidamente. Distante, podia ouvir o rei gritar pedindo silêncio. De longe também reconheceu a raiva do macho que o defendia, a reação do seu pai e a companheira dele. Notou a surpresa da rainha e a fúria fria que ela dirigia ao Rei, seu companheiro. Viu a confusão e a dor quando Sudal encarou o pai e então encontrou o olhar de Tave. Todas as reações foram observadas com uma única varredura, mas a única reação na qual ele focou a atenção foi a reação de Cara.
A companheira de Rhal, a sua Czira, o entregou.