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Com apenas 47% de cobertura vacinal em crianças, Campo Grande está abaixo da média brasileira

Nathália Rabelo

Campo Grande está abaixo da média brasileira de cobertura vacinal completa em crianças nascidas entre 2017 e 2018. Dados são de pesquisa divulgada na manhã desta terça-feira (7) no evento “Vacinar para não voltar: pela reconquista das altas coberturas vacinais”, no Bioparque Pantanal.

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O “Inquérito de Cobertura Vacinal: crianças nascidas em 2017-2018” tem o objetivo de estimar a cobertura do esquema completo previsto no calendário do PNI (Programa Nacional de Imunização do Brasil), aplicadas até os 24 meses em crianças nascidas em 2017 e 2018, residentes nas áreas ur banas das capitais, do Distrito Federal e de 11 municípios do interior com mais de 180.000 habitantes. Os pesquisadores querem mapear o motivo da hesitação vacinal.

Foram visitadas 421.446 pessoas nas capitais e 21.694 em

cidades do interior para coletar dados das vacinas Pentavalente, VIP, Tríplice viral, Meningite sorogrupo C, VOP, DTP e Varicela. Sobre o acesso à vacinação, 69,5% dos entrevistados relataram utilizar apenas o serviço público, 28,6% já usa- ram o serviço privado e 1,9% não soube responder.

Abaixo da média

A região Centro-Oeste atingiu 62% na cobertura vacinal (esquema completo) previsto no calendário para os 24 meses de

vida, ficando acima da média nacional de 59% em comparação com outras regiões.

Porém, isso não impediu que Campo Grande ficasse abaixo de outros Estados. Segundo pesquisa, a Capital atingiu apenas 47% da cobertura completa, 12% a menos que a média nacional. A capital de maior porcentagem é Teresina, com 85%. O cálculo não considerou vacinas contra febre-amarela e doses de tríplice viral em menores de 1 ano. Também foram considerados o 1.º reforço da poliomielite e DTP.

O decréscimo da imunização já é percebido pela Sesau. Em 2022, a cobertura da poliomielite ficou 16,73% abaixo da meta em Campo Grande.

Brasileiro se diz a favor da vacinação

Conforme a pesquisa, 94,5% dos pesquisados afirmam confiar nas vacinas distribuídas pelo governo, enquanto apenas 2,4% responderam que não. Além disso, 18,2% das pessoas que se dizem desfavoráveis à imunização alegam que elas produzem reações graves.

Questionadas sobre o motivo da não vacinação em crianças, as pessoas elencaram como principais razões: pandemia (365), medo de reações (354) e orientação médica para a não vacinação (137).

Dificuldade de acesso

Pesquisador da Fiocruz, Juliano Croda afirma que a baixa adesão está relacionada à falta de acesso, principalmente da população mais pobre, des-

de 2016, que se intensificou na pandemia. “A principal motivação é o acesso por vários motivos, como a falta de funcionamento de horários alternativos nos postos de Saúde. Nem todas as unidades têm salas de vacinação ou às vezes são muito distantes, às vezes faltam vacinas nos postos. O equilíbrio das barreiras é fundamental para a população, especialmente a de baixa renda”, finaliza.

José Cássio de Moraes, da USP e um dos responsáveis pela pesquisa, afirma que “com a vacina da Covid existiram muitas informações falsas partindo de autoridades máximas, depois começou todo um descompasso do que cada nível falava. A população ficou confusa em quem acreditar”. (NR)

Capital planeja retomada de vacinação nas escolas

Por causa do decréscimo de vacinação, especialmente em crianças, o secretário municipal de Saúde de Campo Grande alega que vai retomar as vacinações dentro das escolas do município.

“Vacinação salva vidas. Tínhamos doenças extintas no país que podem voltar se tiver mais decréscimo de vacinação, como exemplo a poliomielite, que precisa de 90% de cobertura para continuar extinta. E também o sarampo, que teve último caso em Campo Grande há 23 anos”, afirmou o secretário Sandro Benites, ao ressaltar que ainda não há registro dessas doenças na Capital –ao contrário do que acontece em outras regiões do país, onde há preocupação das autoridades.

Força-tarefa

Dessa forma, Sesau e Semed (Secretaria Municipal de Educação) criarão uma força-tarefa para levar a imunização até as escolas de Campo Grande e, assim, permitir a retomada do aumento da cobertura de imunização, possivelmente, ainda neste ano.

“Nós já alinhamos [que o projeto será realizado]. Os superintendentes vão conversar a partir do semestre que vem para efetivamente estar dentro das escolas esse ano”, ressaltou o titular da Sesau à reportagem. (NR)

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