SEXTA-FEIRA 30 JULHO 2010 WWW.FRAGMENTOS.PT
M.I.A.
frag mentos
Uma tigre tamil explode nas m達os da pop, e do Festival Sudoeste
bre ves S U M Á R I O
Bergman e as mulheres deram um livro
6 Breves 16 Capa – M.I.A. Uma tigre tamil explode nas mãos da pop, e do Festival Sudoeste 12 Book Expo America O que vamos ler 20 Jeff NicholsConta-nos “Histórias da Caçadeira” 22 Dirty Projectors Um dos grupos, fa facção alternativa americana, mais inspiradores da década
Intenso, obcecado, quase tirânico: o novo retrato a corpo inteiro de Bergman
maioritariamente na televisão, para a qual realizou episódios das séries “Masters of Horror” e “Fear Itself” e dois documentários aclamadíssimos (“Slasher”, sobre os vendedores de automóveis, e “Mr.Warmth”, sobre o comediante Don Rickles). Aproveitando apresença do realizador, o MOTELx, que decorre entre 2 e 6 de Setembro no cinema São Jorge, homenageia-o com a projecção do seminal “Um Lobisomem Americano em Londres”. Mais informações em www.motelx.org.
Rolling Stones de luxo
FICHA TÉCNICA Director José Fernandes Editor Vasco Câmara Conselho editorial Inês Nadais Director de arte Miguel Martins Designers Miguel Martins E-mail fragmentos@publico.pt
É a mais recente novidade da programação do MOTELx – a terceira edição do Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa traz a Lisboa John Landis, o autor de “Um Lobisomem Americano em Londres” e “Não Há Pescoço que Aguente” (mas também de “Os Ricos e os Pobres”, “A República dos Cucos” ou “Pela Noite Dentro”). Um dos cineastas-chave do cinema americano da década de 1980,“especialista” na conjugação do humor e do horror,
Reza a lenda que nos longínquos anos 1960, a Humanidade via-se perante uma de duas escolhas: Beatles ou Rolling Stones. Imaginamos que seria uma decisão dificílima e irreversível que moldaria tudo aquilo que o pedaço de Humanidade que o escolhesse seria daí para a frente. Quatro décadas depois, não nos vemos perante tais constrangimentos. Assim sendo, podemos ter o melhor de dois mundos.
Nela tudo se confunde: a música, o estilo, a política. Em poucos anos transformou-se num ícone, que há quem ame e quem odeie, como se constata pela recepção ao último álbum, “Maya”. M.I.A. virou nome de guerra. Ao Sudoeste, a inglesa que nunca esquece os confl itos no território de origem dos pais, o Sri Lanka, chega na quinta-feira.
Estar nas margens é fácil. É o centro que gera divisões. E M.I.A., ou seja Maya Arulpragasam, 34 anos, nunca escondeu que queria estar no centro dos acontecimentos. É aí que ela está hoje. Não mudou muito nos últimos anos. Mas o contexto alterou-se. Hoje recolhe os dividendos, e os malefícios, da notoriedade. Tudo aquilo que faz é alvo de centenas de leituras. É esse o preço a pagar por quem quer comunicar com uma audiência universal. Tudo o que M.I.A. faz polariza opiniões. Está a acontecer com o seu novo álbum, “Maya”. Aconteceu há meses com o vídeo de “Born Free”. Acontece com
as suas posições políticas. Acaba de acontecer com um longo artigo no “New York Times”, onde é acusada de ser pouco autêntica, uma artista com uma agenda prédeterminada. O artigo causou polémica. Mas não continha nada de novo. O seu primeiro videoclip, de 2005, “Sunshowers”, encerrava um imaginário político (bombas, tanques, simulacros de guerrilheiros), e logo aí os críticos argumentaram que era uma revolucionária chique – uma artista que estetizava lutas distantes com cores exóticas. Desde o primeiro momento que a polémica vem ter com ela. É natural. A sua música e a sua atitude contêm os ingredientes que nos levam a questionar dicotomias em grande parte irresolúveis (público minoritário vs. mas-
sas, autenticidade vs. fabricação, imitação vs. originalidade, Ocidente vs. Oriente). Nascida em Londres, foi aos seis meses na companhia da mãe e dos irmãos para o Sri Lanka, onde permaneceu dez anos. Iam atrás do pai, Arular (nome do seu álbum de estreia em 2005), um dos arquitectos da EROS, célula com ligações aos Tigres Tamil, um grupo de guerrilha formado nos anos 70 que mantém um conflito armado com a maioria cingalesa que domina o território. M.I.A. acabou por nunca se cru-
nunca se cruzar com ele. No regresso à Europa, foi parar ao Sul de Londres, uma zona mestiça, rica musicalmente. Em casa ouvia Michael Jackson ou hip-hop. Nas ruas era gozada. Chamavamlhe “paki”. No final da adolescência, entrou na reputada Saint Martins School de Londres. Formou-se em cinema. Distinguiu-se nas artes plásticas. Acabou na música. Deppos de assinar pela XL Recordings (Vampire Weekend, Radiohead ou The xx), lançou o álbum de estreia e nunca mais parou. A iconografia tamil que recriou nas suas imagens, o visual exótico e o trabalho gráfico que ela própria concebeu contribuíram para o impacto.
Acaba de acontecer com um longo artigo no “New York Times”, onde é acusada de ser pouco autêntica, uma artista com uma agenda prédeterminada. O artigo causou polémica. Mas não continha nada de novo. O seu primeiro videoclip, de 2005, “Sunshowers”, encerrava um imaginário político (bombas, tanques, simulacros de guerrilheiros), e logo aí os críticos argumentaram que era uma revolucionária chique – uma artista que
Texto // Vítor Belanciano Fotografia // Mike
Quando Susan Sontag Quando Susan Sontag morreu emem Dezembro de de morreu Dezembro 2004, após uma lutaluta de de 2004, após uma décadas contra os os males décadas contra males queque a afligiram – da a afligiram – da asma infantil à pneuasma infantil à pneumonia, passando porpor monia, passando vários tipos de de cancro vários tipos cancro atéaté à leucemia queque a a à leucemia vitimou –, parecia quase vitimou –, parecia quase impossível queque a filósofa, impossível a filósofa, ensaísta, romancista, ensaísta, romancista, dramaturga, realizadora dramaturga, realizadora e activista política queque e activista política marcou o pensamento marcou o pensamento americano e mundial americano e mundial da da segunda metade do do segunda metade século XXXX ao ao início século início do do século XXIXXI tivesse século tivesse finalmente sucumbido. finalmente sucumbido. A mulher queque escreveu A mulher escreveu exaustivamente sobre exaustivamente sobre a doença, (“A(“A Doença a doença, Doença como Metáfora”. “A “A Sida como Metáfora”. Sida e as suas Metáforas”), e as suas Metáforas”), queque produziu ensaios produziu ensaios marcantes sobre a a marcantes sobre fotografia, a violência, fotografia, a violência, a pornografia, o sexo, a pornografia, o sexo, o cinema, a literatura o cinema, a literatura europeia, a política, a a europeia, a política, guerra e os costumes, a a guerra e os costumes, pensadora queque construiu pensadora construiu a sua mente – um edifía sua mente – um edifíciocio grandioso, multifacgrandioso, multifacetado e sólido – como etado e sólido – como umum esconjuro contra esconjuro contra amortalidade acabou amortalidade acabou como qualquer outro serser como qualquer outro humano sem ter ter consehumano sem conseguido “negociar” mais guido “negociar” mais tempo para levar a cabo tempo para levar a cabo todos os os projectos queque todos projectos ainda acalentava. ElaEla foi foi ainda acalentava.
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Susan Sontag, figura mítica Susan Sontag, figura mítica da da América, diva do do pensaAmérica, diva pensa- 32º Festival de de Citemor - 32º Festival mento e, simultaneamente, mento e, simultaneamente, Citemor Montemoro-Velho. uma rainha da da cultura pop, uma rainha cultura pop, Montemoro-Velho. cuja aparência tinha tanta cuja aparência tinha tanta importância como o seu in- inimportância como o seu Grosse Collection telecto. Carl Rollyson e Lisa Grosse Collection telecto. Carl Rollyson e Lisa La La Encenação de de EricEric Burbail. Paddock que, emem 2000, Encenação Burbail. Paddock que, 2000, William Eston. publicaram a biografia “The Com William Eston. publicaram a biografia “The Com Lisboa. Centro Cultural de Belém Lisboa. Centro Cultural de Belém Making of an Icon”, ocuMaking of an Icon”, ocu- Caminho - Caminho param mais de de duas páginas param mais duas páginasPedonal. Praça do Império. De De Pedonal. Praça do Império. a enumerar os os prémios e e a enumerar prémios 30/07 a 01/08. 6ª às 30/07 a 01/08. 6ª às 18h30. Sáb.Sáb. às 16h. Dom. às 15h. os os galardões obtidos porpor 18h30. às 16h. Dom. às 15h. galardões obtidos 213612400. 213612400. Sontag, nãonão esquecendo Sontag, esquecendo Tel.:Tel.: gratuita. Entrada gratuita. o que elaela ganhou pelo seuseu Entrada o que ganhou pelo CCB Fora de de Si 2010. CCB Fora Si 2010. trabalho humanitário durante trabalho humanitário durante o cerco a Saravejo – onde o cerco a Saravejo – onde viveu durante meses –, em viveu durante meses –, em Como País Morro Como País queque aproveitou para encenar aproveitou para encenarMorro De Dimítris Dimitriádis. De Dimítris Dimitriádis. “À “À Espera de de Godot”, de de Espera Godot”, de de John Romão. Encenação John Romão. Beckett, enquanto mantinha Beckett, enquanto mantinha Encenação Com Cláudia Dias, Cláudio Com Cláudia Dias, Cláudio uma acirrada controvérsia uma acirrada controvérsia Silva, João Folgado. Silva, João Folgado. ao ao defender a intervenção defender a intervenção da da Montemor-o-Velho. Espaço MotaMontemor-o-Velho. Espaço Motadasdas forças militares europeforças militares europe- Engil/Real Estate. Engil/Real Estate. iasias e americanas no no conflito, e americanas conflito, De De 31/07 a 01/08. Sáb.Sáb. e Dom. às às 31/07 a 01/08. e Dom. 22h30. 7€ 7€ a 10€. 22h30. a 10€. para grande irritação da da para grande irritação Citemor - 32º Festival de de esquerda. Citemor - 32º Festival esquerda. Desde queque publicou “Notes Desde publicou “Notes Montemoro-Velho. Montemoro-Velho. on on Camp” emem 1964, a sua Camp” 1964, a sua imagem começou a apaimagem começou a aparecer nasnas capas dosdos livros, recer capas livros, La La Grosse Collection Grosse Collection mostrando uma mulher mostrando uma mulher Encenação de de EricEric Burbail. Encenação Burbail. poses perfeitas. poses perfeitas. Com William Eston. Com William Eston. intelectual nova-iorquina intelectual nova-iorquina queque estudara emem Paris, uma estudara Paris, uma figura andrógina. prendia figura andrógina. prendia a atenção tanto. homens a atenção tanto. homens como de de mulheres. MraMra como mulheres. grande irritação da da esquer grande irritação esquer Desde queque publicou “Notes Desde publicou “Notes on on Camp” emem 1964, a sua Camp” 1964, a sua imagem começou a apaimagem começou a aparecer nasnas capas dosdos livros, recer capas livros, mostrando uma mulher mostrando uma mulher
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Renascer. Diários e e Renascer. Diários Apontamentos Apontamentos 1947-1963 1947-1963 Susan Sontag Susan Sontag Quetzal Quetzal
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