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As vendas na pandemia

Fazendo as contas

Após quatro meses de isolamento social, revendedores calculam perdas e começam a identificar novos padrões de consumo

Passados mais de quatro meses desde que foi decretado o fechamento de atividades não essenciais em várias partes do país, o revendedor começa a contabilizar os prejuízos e a avaliar o que mudou no comportamento do consumidor.

O empresário precisa, agora, se debruçar sobre os indicadores já disponíveis para ter o mínimo de previsibilidade. Um estudo realizado pela Cielo, intitulado Impacto da Covid-19 no Varejo Brasileiro, pode, por exemplo, ser uma boa fonte para avaliar como o mercado tem se comportado durante a pandemia e visualizar alternativas que favoreçam a retomada dos negócios. Mensurada a partir do dia 1º de março, a queda no faturamento contabilizada pelo setor varejista brasileiro é de quase 30%. O segmento mais impactado é o de serviços, que registrou declínio de 60%.

A Cielo mensurou também o impacto sobre a Revenda de combustíveis e identificou uma baixa acumulada de mais de 34%. Para se ter uma ideia, considerada de forma isolada, a semana de 22 a 29 de março – quando o país vivia o impacto da descoberta dos primeiros casos – apontou um recuo de quase 50%.

Um fato interessante é que postos de perfis diferentes apresentam resultados igualmente diversos. Flávio Lara, proprietário da Rede Flex, diz que os estabelecimentos situados na zona Sul da capital mineira registraram queda de 70% nas vendas nos primeiros dias. Por outro lado, para Revendas localizadas na zona Norte e em cidades da Região Metropolitana, como Betim e Contagem, o impacto foi de 20% em março – e o percentual se manteve estável nas semanas seguintes.

Isso mostra claramente as nuances do comportamento social motivadas pelo isolamento: enquanto, em sua maioria, moradores da zona Sul têm a possibilidade de trabalhar de casa, o cidadão que reside na periferia precisa sair para trabalhar. Há ainda outro fator determinante: a paralisação das escolas. Proprietários de grandes redes acreditam que a volta à normalidade só será possível com o retorno das atividades presenciais. Outro ponto importante é o retorno ao trabalho do funcionalismo público, que impacta diretamente o trânsito das cidades e, consequentemente, a venda de combustíveis.

“Lentamente, vejo uma recuperação. Eu me vi vi obrigado a demitir nos últimos meses e, agora, tive que contratar 30 pessoas para repor o quadro”, diz Flávio.

MENOR IMPACTO NAS RODOVIAS

Os caminhões continuam rodando normalmente nas estradas – um alívio para os revendedores de rodovia, que sentiram menos os efeitos da crise do coronavírus. Fernando Gomes Henriques, da Rede HG, sediada em Governador Valadares, detalha o comportamento das vendas no período. “No mês de abril, observamos uma queda de 30%. A partir daí, passou a oscilar entre 10% e 15%.” No caso específico da gasolina comum, entretanto, a queda é de 40%, reflexo da redução no número de viagens feitas por veículos leves.

O empresário adotou medidas importantes para assegurar a sustentabilidade da rede, entre as quais: reduziu em 25% a jornada de trabalho, cessou investimentos que estavam em curso e cortou despesas. A previsão do revendedor é que em outubro ou novembro seja possível começar a pensar na volta à normalidade, mas ele acredita que o volume de vendas não retornará aos níveis do pré-pandemia. “Acho que podemos desistir deste ano”, crava Fernando.

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