MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AQUECIMENTO GLOBAL
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PERGUNTAS E RESPOSTAS
E UMA BREVE CRONOLOGIA SOBRE ESTA TEMÁTICA
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APRESENTAÇÃO Com a divulgação recente do Quarto Relatório sobre Mudanças Climáticas, elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas ( IPCC, sigla em inglês), termos como aquecimento global, efeito estufa, Protocolo de Quioto, etc, passaram a fazer parte do repertório de um número cada vez maior de pessoas. O Relatório, elaborado por mais de 2000 cientistas de todas as partes do mundo, ratificou, agora com maior precisão técnica, estudos anteriores que apontavam que o fenômeno do aquecimento global é fato, decorrente da ação humana sobre a natureza. Para além da constatação do fato, os estudos também apontam os caminhos e medidas que deverão ser adotados para que, através também da ação humana traduzida em políticas públicas, os efeitos do aquecimento global sejam mitigados para garantir a preservação das diversas formas de vida em nosso planeta. O acesso a informações sobre este assunto é condição necessária para que se possa construir atitudes pró-ativas frente aos imensos desafios que todos temos pela frente. As 13 perguntas e respostas aqui publicadas são reproduções parciais de dois trabalhos que jogam luzes sobre o debate atual. As de números 1 a 9, constam do “Perguntas e Respostas sobre Mudanças Climáticas” publicado pelo IPAM ( Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - 2002) e as de número 10 a 13 foram elaboradas pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Já a “Breve Cronologia...” é resultado de uma compilação de informações publicadas pelo Portal do Meio Ambiente e pelo Conpet. Todos estes textos estão disponíveis na internet. Meu desejo é que esta pequena cartilha contribua Foto: Fernando Mineiro para despertar em você a vontade de buscar conhecimentos mais aprofundados sobre o tema. É através do conhecimento que orienta meus gestos que mantenho a convicção de que “um outro mundo é possível”. Natal, 5 de junho de 2007 DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE Fernando Mineiro -Deputado Estadual PT / RN
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13 PERGUNTAS E RESPOSTAS
SOBRE AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS 1. O QUE É O EFEITO ESTUFA ? A atmosfera, a camada de ar que envolve o planeta Terra, é constituída por vários gases. Os principais são o Nitrogênio (N2) e o Oxigênio (O2) que, juntos, compõem cerca de 99% da atmosfera. Alguns outros gases encontram-se presentes em pequenas quantidades, incluindo os conhecidos como .gases de efeito estufa. Dentre estes gases, estão o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e também o vapor d.água. Esses gases são denominados gases de efeito estufa por terem a capacidade de reter o calor na atmosfera, do mesmo modo que o revestimento de uma estufa para cultivo de plantas. O efeito estufa é um fenômeno natural. O vapor d.água e o dióxido de carbono têm a propriedade de permitir que as ondas eletromagnéticas que chegam do Sol atravessem a atmosfera e aqueçam a superfície terrestre. Contudo, esta mesma camada dificulta a saída da radiação infravermelha emitida pela Terra. Isso impede que ocorra uma perda demasiada de calor irradiado para o espaço, especialmente à noite, mantendo, assim, a Terra aquecida. Esse fenômeno acontece há milhões de anos e é necessário, pois sem ele a temperatura média da Terra seria 33ºC mais baixa e a vida no planeta, tal como a conhecemos, não seria possível. 2. O QUE É MUDANÇA CLIMÁTICA OU AQUECIMENTO GLOBAL? Quando falamos em mudança climática e em aquecimento global, estamos nos referindo ao incremento, além do nível normal, da capacidade da atmosfera em reter calor. Isso vem acontecendo devido a um progressivo aumento na concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera nos últimos 100 anos. Tal aumento tem sido provocado pelas atividades do homem que produzem emissões excessivas destes gases. Esse aumento no efeito estufa poderá ter conseqüências sérias para a vida na Terra no futuro próximo. Entre os gases do efeito estufa que estão aumentando de concentração, o dióxido de carbono (CO2), o metano e o óxido nitroso são os mais importantes. Devido à quantidade com que é emitido, o CO2 é o gás que tem maior contribuição para o aquecimento global. Suas emissões representam aproximadamente 55% do total das emissões mundiais de gases do efeito estufa. O tempo de sua permanência na atmosfera é, no mínimo, de cem anos. Isto significa que as emissões de hoje têm efeitos de longa duração, podendo resultar em impactos no regime climático ao longo de séculos.
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3. O QUE É O CICLO DE CARBONO? O carbono é um elemento básico na composição dos organismos, tornando-o indispensável para a vida no planeta. Este elemento é estocado na atmosfera, nos oceanos, solos, rochas sedimentares e está presente nos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural). Contudo, o carbono não fica fixo em nenhum desses estoques. Existe uma série de interações por meio das quais ocorre a transferência de carbono de um estoque para outro. Muitos organismos nos ecossistemas terrestres e nos oceanos, como as plantas, absorvem o carbono encontrado na atmosfera na forma de dióxido de carbono (CO2). Esta absorção se dá através do processo de fotossíntese. Por outro lado, os vários organismos, tanto plantas como animais, liberam carbono para a atmosfera mediante o processo de respiração. Existe ainda o intercâmbio de carbono entre os oceanos e a atmosfera por meio da difusão. A liberação de carbono via queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra (desmatamentos e queimadas, principalmente) impostas pelo homem constituem outro fluxo entre os estoques de carbono e tem um papel fundamental na mudança do clima do planeta. O aumento anual líquido de carbono oriundo das atividades humanas é de aproximadamente 3 bilhões de toneladas. 4. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS FONTES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DECORRENTES DAS ATIVIDADES HUMANAS? O excesso de dióxido de carbono que atualmente é lançado para a atmosfera resulta da queima de combustíveis fósseis (gás natural, carvão mineral e, especialmente, petróleo) principalmente pelo setor industrial e de transporte. Além disso, reservatórios naturais de carbono e os sumidouros (ecossistemas com a capacidade de absorver CO2 ) também estão sendo afetados por ações antrópicas. No caso das florestas, um estoque natural de carbono, o desmatamento e as queimadas estão contribuindo para o efeito estufa, uma vez que liberam principalmente CO2 para a atmosfera. A concentração de CO2 na atmosfera começou a aumentar no final do século XVIII, quando ocorreu a revolução industrial, a qual demandou a utilização de grandes quantidades de carvão mineral e petróleo como fontes de energia. Desde então, a concentração de CO2 passou de 280 ppm (partes por milhão) no ano de 1750, para os 368 ppm atuais, representando um incremento de aproximadamente 30%. Este acréscimo na concentração de CO2 implica no aumento da capacidade da atmosfera em reter calor e, consequentemente, da temperatura do planeta. Entre as fontes de outros gases de efeito estufa podemos citar os fertilizantes utilizados na agricultura que liberam óxido nitroso (N2O), a produção e transporte de gás e petróleo, arrozais e os processos digestivos de ruminantes que emitem metano (CH4) e os condicionadores de ar e refrigeradores que emitem clorofluorcarbonos (CFCs).
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5. QUAIS SERÃO OS IMPACTOS PROVÁVEIS DESTAS MUDANÇAS A NÍVEL GLOBAL? Além do aumento da temperatura no planeta, veja abaixo alguns dos impactos previstos como conseqüência das mudanças climáticas: Eventos climáticos extremos: deverá ocorrer um aumento na freqüência e intensidade de eventos climáticos extremos, tais como enchentes, tempestades, furacões e secas. Ainda o El Niño, um evento climático que ocorre regularmente a cada 5 a 7 anos, poderá se tornar mais intenso e freqüente, provocando seca severa no norte e nordeste e chuvas torrenciais no sudeste do Brasil oceanos e áreas litorâneas: o nível do mar deverá subir entre aproximadamente 10 e 90cm até o ano 2100, o que implicaria no desaparecimento de muitas ilhas (em alguns casos países inteiros) e várias áreas costeiras, além de causar enchentes e erosão. recursos hídricos: ocorrerá mudanças no regime das chuvas, onde áreas áridas poderão se tornar ainda mais secas. Poderá ocorrer também o avanço de água salgada nas áreas de foz de rios, além de escassez de água potável. No nordeste brasileiro por exemplo, as chuvas poderão diminuir em até 25%. Diversidade biológica e função ecológica de ecossistemas: a composição e a distribuição de espécies poderá ser alterada com prejuízos diretos para a biodiversidade e muitos ecossistemas terão dificuldades de adaptação às novas condições climáticas, resultando em alterações drásticas no modo como funcionam e estão estruturados. Ainda poderão ocorrer uma diminuição da criosfera (áreas com neve e geleiras permanentes) e impactos negativos em ecossistemas como os desertos, áreas pantanosas, florestas, montanhas e marinhos. O ártico já perdeu 6% de sua superfície de gelo entre 1978 e 1996. Algumas espécies de borboletas estão migrando, e, em alguns casos, já estão em áreas 95 km ao norte da área que ocupavam há 100 anos. agricultura: nas regiões subtropicais e tropicais a mudança nas condições climáticas poderá modificar significativamente a vocação agrícola de uma região; na medida em que a temperatura mudar, algumas culturas e zonas agrícolas migrarão para regiões com clima mais temperado, ou com maior nível de umidade no solo. saúde e bem-estar da população humana: deverá haver aumento na freqüência de doenças relacionadas ao calor (e.g., insolação), e naquelas que são transmitidas por mosquitos (e.g.,. malária, dengue). Acrescenta-se a isso a possibilidade de ocorrer o deslocamento da Foto: Wladimir Alexandre população humana em função das alterações no clima. Acreditase que as classes mais empobrecidas e vulneráveis dos países em desenvolvimento seriam as mais afetadas, uma vez que teriam recursos limitados para se adaptar às mudanças climáticas.
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6. QUEM SÃO OS GRANDES EMISSORES DE GASES DE EFEITO ESTUFA? Historicamente, os países industrializados têm sido responsáveis pela maior parte das emissões globais de gases de efeito estufa, com destaque para os Estados Unidos que é responsável, sozinho, por cerca de 25% dessas emissões. Contudo, na atualidade, vários países em desenvolvimento, entre eles China, Índia e Brasil, também se encontram entre os grandes emissores. No entanto, numa base percapita, os países em desenvolvimento continuam tendo emissões consideravelmente mais baixas do que os países industrializados. Na fonte da emissão também pode se observar um padrão global. Enquanto a maior parte das emissões decorrentes da queima de combustíveis fósseis provém dos países industrializados, as emissões decorrentes das mudanças no uso da terra tem como seus maiores responsáveis os países em desenvolvimento. 7. QUEM REALIZA AS PESQUISAS SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS EFEITOS? O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (mais conhecido pela sigla IPCC) é reconhecido como a maior autoridade mundial em questões climáticas. Estabelecido em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (WMO) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o IPCC tem o objetivo de melhorar o nível de entendimento científico sobre mudança climática e é aberto à participação de todos os países membros das Nações Unidas. Seu papel é o de analisar as informações científicas, técnicas e sócioeconômicas relevantes para o entendimento do processo de mudança climática e seus efeitos. Periodicamente, o IPCC compila e publica os dados disponíveis na literatura científica, oferecendo informações sobre estimativas de aumento da temperatura e dos efeitos das mudanças climáticas. Este órgão subsidia os governos e os grupos de técnicos envolvidos nos debates sobre as alterações do clima e nas negociações internacionais para mitigá-las. 8. O AQUECIMENTO GLOBAL JÁ COMEÇOU? A evidência científica indica que sim, pois já se observa o aumento de temperatura do planeta. Nos últimos cem anos, a temperatura média aumentou entre 0,4 e 0,8°C, e as décadas de 80 e 90 foram as mais quentes Foto: www.sxc.hu do século XX. Apesar do clima variar naturalmente, resultados de pesquisas e modelos de simulação mostram que este aumento é devido, em grande parte, às atividades humanas.
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9. O QUE É A CONVENÇÃO DO CLIMA? A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima foi assinada por mais de 150 países em junho de 1992, durante a ECO-92, no Rio de Janeiro. O objetivo principal da convenção é alcançar a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência humana perigosa no sistema do clima. A convenção reconhece que a maior parcela das emissões globais, históricas e atuais de gases de efeito estufa é originária de países desenvolvidos, devendo estes estabelecerem medidas de redução de suas emissões, assim como investir em projetos de conservação ambiental e de captura de carbono nos países em desenvolvimento, como o Brasil. 10. O QUE É O PROTOCOLO DE QUIOTO? O Protocolo de Quioto é um instrumento para implementar a Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O objetivo é que os países industrializados (com exceção dos EUA, que se recusam a participar do acordo) reduzam e controlem até 2008-2012 as emissões de gases que causam o efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 1990. Importante ressaltar, no entanto, que os países assumiram diferentes metas percentuais dentro da meta global combinada. As partes do Protocolo de Quioto poderão reduzir as suas emissões em nível doméstico e/ou terão a possibilidade de aproveitar os chamados "mecanismos flexíveis" (Comércio de Emissões, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e a Implementação Conjunta). 11. O QUE É O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO ( MDL)? Esses mecanismos servirão para abater as metas de carbono absorvidas nos chamados "sumidouros", tais como florestas e terras agrícolas. Os países que não conseguirem cumprir as suas metas estarão sujeitos a penalidades. Os Projetos da Implementação Conjunta e do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo permitirão aos países industrializados investirem em medidas que limitem as emissões em outros países industrializados e também em países em desenvolvimento. Dessa forma, podem reclamar as emissões não feitas para abater de suas próprias metas. O Comércio de Emissões, determinado no Protocolo, estabelece um mercado completamente novo. Ao atribuir ao carbono um valor econômico, esse comércio deve incentivar a participação maior nos esforços pela redução de emissões. Os benefícios da Implementação Conjunta, do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e do Comércio de Emissões só estarão disponíveis aos países que implementarem o Protocolo de Quioto.
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12. JÁ EXISTE TECNOLOGIA PARA REDUZIR EMISSÕES? Já existe tecnologia necessária para reduzir as emissões de dióxido de carbono. Soluções simples, como carros mais econômicos, iluminação e eletrodomésticos que economizam energia já existem. Ao usar menos energia, há menos poluição decorrente do processo de geração de energia. Enquanto isso, fontes renováveis de energia, como a proveniente dos ventos ou do sol, não produzem qualquer tipo de poluição. 13. OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO, QUE MENOS CONTRIBUÍRAM PARA AGRAVAR O PROBLEMA, SERÃO OS MAIS AFETADOS? À medida em que atrasam a adoção de medidas para reduzir emissões de gases que causam o aquecimento global, as nações industrializadas colocam mais pressão sobre os países em desenvolvimento. Esses países, que já têm imensos problemas, serão os mais afetados pelos impactos do aquecimento global e das mudanças climáticas. Os países em desenvolvimento também emitem dióxido de carbono. Porém, em uma comparação da média de emissão por habitante, países como a Índia ou as Filipinas emitem um décimo da quantidade de poluentes que a Alemanha, Rússia ou Grã-Bretanha emitem, e 1/20 da quantidade emitida pelos Estados Unidos.
Foto: www.sxc.hu
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BREVE CRONOLOGIA
PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS SOBRE AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS 1827 O cientista francês Jean-Baptiste Fourier é o primeiro a considerar o “efeito estufa”, o fenômeno no qual os gases atmosféricos prendem a energia solar, elevando a temperatura da superfície terrestre, em vez de permitir que o calor volte para o espaço. 1860
Inicia-se o registro de temperaturas da superfície terrestre.
1896 O químico sueco Svante Arrhenius culpa a queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) pela produção de dióxido de carbono (CO2). 1958 O cientista americano Charles David Keeling detecta a elevação anual de CO2 atmosférico com o aumento do uso dos combustíveis fósseis no pós-guerra. 1968 Ocorre uma reunião de chefes de estado e profissionais de diversas áreas conhecida como o “Clube de Roma”. O motivo da reunião foi a crescente preocupação com a produção e consumo que a sociedade vinha imprimindo após a segunda guerra mundial. Foram publicados alguns relatórios discutindo e propondo a sustentabilidade dos recursos. O Clube de Roma serviu como um alerta para que se Foto: Fernando Mineiro iniciassem as discussões sobre meio ambiente. 1972 É realizada a 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, Suécia. 1974 Cientistas europeus e americanos identificam outros gases (clorofluorcarbonos, metano e óxido nitroso) como gases de efeito estufa. 1979 Um relatório marco da Academia Nacional de Ciências americana vincula o efeito estufa à mudança climática e alerta que uma política de esperar para ver pode significar esperar até que seja tarde demais.
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1987 Em outubro é assinado por 46 países o Protocolo de Montreal, que estabelece cortes para o consumo e produção de substâncias que destroem a camada de ozônio. 1988 O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) é criado sob os auspícios da ONU. Referência para a criação de um consenso científico sobre a medição e a análise do aquecimento global, o IPCC é encarregado de publicar atualizações regulares sobre o estado de conhecimento a respeito do tema. 1989 A Assembléia Geral das Nações Unidas decide realizar uma segunda Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente (que viria a ser a Eco-92), 20 anos após a Conferência de Estocolmo, de 1972. 1990 O IPCC divulga o seu primeiro relatório, FAR, (First Assessment Report) registrando que os níveis de gases de efeito estufa produzidos pelo homem estão aumentando na atmosfera e prevê que estes causarão o aquecimento global. Neste relatório, ainda, o grupo sugere que se estabeleça um tratado que tente reverter ou reduzir o aquecimento global. 1990 Em outubro, ocorre em Genebra a Segunda Conferência Mundial sobre o Clima da Declaração Ministerial, onde a Assembléia Geral da ONU estabeleceu formalmente o início das negociações de uma convenção sobre mudanças climáticas. Estabeleceu o Intergovernmental Negotiating Committe (INC) para conduzir estas negociações. 1992 Em fevereiro, o INC reúne-se pela primeira vez para dar início à estruturação da Convenção sobre Mudanças Climáticas; 1992 Em maio, é adotada pelo INC a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Nova York, nos Estado Unidos; 1992 Em junho ocorre a II Conferência Mundial de Meio Ambiente (Eco-92) e a criação da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês) durante a Cúpula do Rio, que também pede cortes voluntários nas emissões de gases de efeito estufa. 1994 Em março, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima entra em vigor. É gerado um documento que propõe ações e diretrizes de início ao combate do aquecimento global, sugerindo cortes voluntários de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa); é estabelecida a Conferência das Partes (COP). 1995 Em final de março, é realizada em Berlim (Alemanha) a primeira Conferência das Partes da Convenção-Quadro, a COP-1. São estipulados limites de emissão dos GEE (Gases de Efeito Estufa).
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Foto: www.sxc.hu
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1995 Em dezembro, o IPCC lança o seu segundo relatório, o SAR, (Second Assessment Report), onde reforça as evidências de aquecimento global e a necessidade de uma forte ação política em tono deste problema. 1996 Em julho, é realizada em Genebra (Suíça) a COP-2. Nesta ocasião foi assinado o Acordo de Genebra, contemplando o acordo para a criação de obrigações legais com vistas à redução de emissão de GEE(Gases de Efeito Estufa), a ser implementado na COP 3. 1997 Em dezembro, os países da UNFCCC assinam o Protocolo de Quioto, que exige que os países industrializados reduzam as emissões de seis gases de efeito estufa em 5,2% para a meta 2008-2012, em comparação com os níveis de 1990. O protocolo é um “programa marco”. O estabelecimento de seus complexos regulamentos legais é deixado para negociações futuras. O acordo é assinado por 84 países. Os EUA se recusam a assiná-lo. 1998 Em novembro, é realizada a COP 4, em Buenos Aires (Argentina). Os EUA assinam o Protocolo de Quioto,representando um passo importante de reconhecimento do problema, embora não tenham ratificado o documento (ato necessário por parte do senado americano). A não ratificação é alegada pelo fato de os países em desenvolvimento não terem metas estabelecidas de redução. 1999 Em julho, é criada, no Brasil, a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima. Formada por 11 ministérios, tem o papel de articular as ações do governo brasileiro e prosseguir com as decisões tomadas pela Convenção-Quadro. 1999
No final de outubro, é realizada a COP 5 em Bonn (Alemanha).
2000 Em novembro, é realizada a COP 6 em Haia (Holanda). A falta de concenso entre a maioria levou à suspensão da conferência. Os Estado Unidos se retiram das negociações alegando que o plano de redução de emissões seria prejudicial à sua economia.
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2001 Em março, recém-empossado, o Presidente dos EUA George W. Bush diz haver falhas estruturais no Protocolo e reforça a não ratificação ao mesmo por julgar que a adesão a este tratado seria prejudicial à economia de seu país. 2001 Em maio, é lançado o Terceiro Relatório do IPCC - o TAR (Third Assessment Report), que declara como incontestável a evidência de aquecimento global causado pelo homem, embora os efeitos sobre o clima sejam difíceis de detalhar. O documento prevê que, em 2100, a temperatura atmosférica global terá aumentado entre 1,4°C e 5,8°C e os níveis dos mares, entre 0,09 e 0,88 metro, dependendo da quantidade de emissões de gases de efeito estufa. Os Estados Unidos, o maior emissor individual de gases de efeito estufa, abandonam o relatório de Quioto. O presidente americano, George W. Bush, questiona o consenso científico sobre o aquecimento global e diz que o pacto é injusto e caro demais para a economia americana. Em novembro, os signatários do Protocolo de Quioto, com exceção dos Estados Unidos, dão seu aval aos regulamentos do tratado. 2001 Em julho, ocorre a reconvocação da COP. Conhecida como COP 6,5, esta Conferência foi considerada um sucesso. Realizada em Bonn (Alemanha) e mesmo sem o apoio dos EUA, o Protocolo caminha para a ratificação com a adesão da União Européia e do Japão. 2001 No final de outubro, é realizada a COP 7 em Marrakesh (Marrocos). Nesta conferência decide-se iniciar o comércio de créditos de carbono e o desenvolvimento de atividades de MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo), mesmo sem a aprovação do Protocolo, contanto que estes projetos tenham sido aprovados pelo Comitê Executivo. 2002 Em fevereiro, o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush anuncia um plano alternativo ao Protocolo de Quioto. Propõe que o aumento das emissões de seu país sofra uma desaceleração atrelada ao crescimento do PIB. Lança ainda a “Iniciativa dos Céus Limpos”, que propõe cortar em 70% a emissão de NOx, SO2 e mercúrio até 2018. 2002
Em 23 de agosto o Brasil ratifica o Protocolo de Quioto.
2002 No final de agosto, é realizada em Joanesburgo (África do Sul) a Conferência RIO+10, uma reunião sobre o meio ambiente, onde são discutidos os avanços ocorridos, 10 anos depois da Cúpula da Terra (Rio 92). 2002
Em outubro, é realizada a COP 8 em Nova Déli, na Índia.
2002 A pressão dos Estados Unidos força a saída do presidente do IPCC, Robert Watson, um dos cientistas líderes no alerta sobre a mudança climática 2003
Em dezembro, é realizada a COP 9, em Milão (Itália).
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2004 A Rússia ratifica o Protocolo de Quioto. Sua aprovação é necessária para transformar o esboço do pacto em um tratado internacional. A Agência Internacional de Energia (AIE) declara a China como o segundo maior poluidor de carbono do mundo, devido ao aumento do uso de combustíveis fósseis. 2004
Em dezembro, é realizada a COP 10, em Buenos Aires (Argentina).
2005
Em 16 de fevereiro, o Protocolo de Quioto entra em vigor ratificado por 141 países.
2005 Em maio, cerca de 130 prefeitos de cidades americanas se unem, em uma crítica implícita ao Governo Bush, e resolvem aderir ao Protocolo de Quioto, tomando medidas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Estão inclusas na coalizão cidades como Seattle, Nova York, Salt Lake City e Nova Orleans. 2005 Em julho, os EUA anunciam um plano de redução de emissão de gases poluentes através do desenvolvimento de novas tecnologias. Além os EUA, esse plano é assinado pela Austrália (que também não ratificou o Protocolo de Quioto), Japão, China. Índia e Coréia do Sul. Considerado pelos criadores como um complemento ao Protocolo de Quioto, este acordo não fixa metas de redução de emissões. 2005 Em agosto, é inaugurado o Comitê de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo para promover discussão a respeito de projetos locais que contribuam para a redução de emissão dos gases de efeito estufa. 2005 No dia 29 de agosto, o furacão Katrina devasta a costa do Golfo americana, gerando especulações de que a temporada excepcional de tempestades tropicais foi provocada pelo aquecimento global.
Foto: Fernando Mineiro
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2005 No final de novembro, é realizada a COP-11 em Montreal, Canadá, a primeira Conferência das Partes após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto. 2006 Novos estudos sugerem que a mudança climática já está em andamento, com a perda de gelo nos Alpes, na Europa, o derretimento da cobertura de gelo na Groenlândia e no Pólo Norte e a retração do subsolo permanentemente congelado na Sibéria. A Califórnia anuncia planos para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa aos níveis de 1990 até 2020 e processa seis empresas automobilísticas por sua contribuição para o aquecimento global. Um relatório britânico escrito pelo ex-economista do Banco Mundial, Nicholas Stern, diz que a mudança climática custará até 20% do PIB global se nada for feito. 2007 Em 4 de janeiro, cientistas britânicos anunciam que 2007 será o ano mais quente já registrado em todo o mundo. 2007 Em 17 de janeiro, o Boletim de Cientistas Atômicos adianta em dois minutos o Relógio do Apocalipse, que agora marca cinco minutos para a meia-noite, citando a mudança climática como um risco tão grande para a humanidade quanto a proliferação nuclear. 2007 No dia 2 de fevereiro, o IPCC publica o primeiro de três volumes de seu Quarto Relatório de Avaliação, o FAR (First Assessment Report), que conclui, com 90% de certeza, que o aquecimento global foi causado pela ação humana. E que a temperatura da Terra aumentará, até o final do século XXI, entre 1,8°C e 4°C. 2007 Em março e abril são publicados o segundo e o terceiro volumes do FAR, ratificando e ampliando as constatações do primeiro e indicando medidas a serem adotadas pelos governos dos países, com vista à mitigação do efeito estufa.
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SAIBA MAIS . www.ambiente brasil.com.br . www.forumclima.org.br/ . www.greenpeace.org.br . www.ipam.org.br . www.ipcc.ch . http:// unfccc.int . www.mma.gov.br . www.mineiropt.com.br . www.wwf.org.br
Foto: Wladimir Alexandre
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