Revista Empório (edição 26)

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ISSN 1809-4600

contempor창neas






editorial

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ara quem gosta de diversidade e beleza, esta edição de Empório Amazônia oferece un mélange de tout. No mundo das artes, apresentamos ao leitor a versão lírica de Candido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes pintores da nossa história. Brasileiro na alma, universal nas telas, o artista nascido na pequena Brodowski pode ser revisitado por sua mais imponente obra, os murais “Guerra e Paz”, que ficam no Brasil até 2013. Aos amantes da poesia, fazemos uma justa homenagem a um dos maiores poetas do Brasil contemporâneo, o amazonense Luiz Bacellar. Depoimentos diversos exaltam as qualidades do autor de “Frauta de barro” (1963), elogiado por Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. Da Amazônia também se revelam as belas imagens do conceituado Araquém Alcântara. Em entrevista, ele nos fala de sua trajetória e da paixão pela fotografia. E já que estamos realçando as maravilhas da região, que tal uma aventura no misterioso e desafiador monte Roraima? Ou, quem sabe, o desfrute de um roteiro diferenciado para as férias de verão? Afinal, temos lindas praias de rios espalhadas no coração da maior floresta tropical do mundo. Verdadeiros paraísos que Amazonas e Pará reservam para o intenso calor amazônico, e que apresentamos aos nossos leitores. Por falar em verão, cuidar da saúde é essencial neste período de alta temperatura. Especialistas alertam sobre os riscos de desidratação e de doenças da pele devido a exposição solar. Com dicas de receitas simples, eles mostram que é possível manter o organismo saudável mesmo em época de calor. Mas não dá para dispensar certas iguarias, né? Eis que, agora, o nosso pirarucu ganhou definitivamente o status de “bacalhau da Amazônia”. É de dar água na boca! No universo da moda, muita ousadia e criatividade em diferentes estilos. Os destaques são o ensaio Tribos contemporâneas e o editorial Verão 2012 Manauara Shopping. Mas as novidades não param por aí. No Blog, Geyna Brelaz buscou inspiração em brincadeiras, diversão e conforto, abusando das cores, para encarar a alegria e a agitação da garotada que, nesta época, chega a todo vapor. Uma verdadeira “explosão”, no segmento imobiliário, é o que se espera com a inauguração da ponte sobre o rio Negro. Apresentamos os números e os benefícios daquela que já é considerada uma das maiores obras da história do nosso Estado. Se a Amazônia é conhecida como a região dos superlativos, pela exuberância de sua floresta e pela riqueza de sua diversidade, Empório Amazônia se propõem a homenagear a sua dimensão épica, propiciando conhecimento e prazer na leitura. Aproveite!

Ana Paula Freire

Diretora de Redação




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ENSAIO

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A beleza da Amazônia traduzida em flores

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CAPA Ousadia e criatividade nos estilos contemporâneos

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ENTREVISTA Araquém Alcântara e a paixão pela fotografia

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ARTE Candido Portinari, brasileiro na alma, universal nas telas

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MODA Verão 2012 Manauara Shopping

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BLOG Cores para a alegria e a agitação da garotada

74 DESIGN Os benefícios da ponte sobre o rio Negro

80 NEGÓCIOS “Bacalhau amazônico” em escala industrial

86 AVENTURA

Viagem ao misterioso e desafiador monte Roraima

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VIDA A vida depois da fama na Vila São Thomé

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ROTEIRO A exuberância das praias amazônicas

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SAÚDE Verão com sabores leves e coloridos

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LETRAS A beleza da poesia de Luiz Bacellar


PRESIDENTE Valdo Garcia valdo@emporioamazonia.com.br

www.emporioamazonia.com. br

DIRETORA RESPONSÁVEL Geyna Brelaz geyna@emporioamazonia.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO Ana Paula Freire redacao@emporioamazonia.com.br DIRETOR DE ARTE Marcelo T. Menezes marcelo@mirabile.com.br CONSULTOR Carlos Ferreirinha ferreirinha@mcfconsultoria.com.br PUBLICIDADE Selma Celani amazonbest@gmail.com COLABORADORES Aldisio Filgueiras • Alessandra Karla Leite Érika Kokay • Leonardo Zanon • Lisângela Costa Maza Lopes • Raquel Mendonça • Wilson Nogueira FOTÓGRAFOS Alexandre Pazuello • Cao Ferreira • Cristina Ferreira Jimmy Christian • João Ramid • Maira Coelho Marcelo T. Menezes • Mário Oliveira • Ricardo Oliveira

Marias • Portinari 1936

TRATAMENTO DE IMAGEM Cao Ferreira caoptix.com REVISÃO Dernando Monteiro damferr@ig.com.br

Rua Salvador, 120 • 8º andar • sala 803 Vieiralves Bussines Center • Adrianópolis CEP 69057-040 • Manaus - Amazonas amazonbest@gmail.com • www.amazonbest.com.br Tel.: (92) 3584.5248 • Fax: (92) 3584.3954

CTP E IMPRESSÃO Gráfica Ampla DISTRIBUIÇÃO Amazon Best

CAPA Foto Cao Ferreira Modelo Ana Ribeiro (Ford Models Paraná)


COLABORADORES

Ana Paula Freire

Jornalista, doutoranda em linguística pela Unicamp, com larga experiência em assessoria de comunicação e veículos da mídia impressa. Assume a Diretoria de Redação da Empório Amazônia e, nesta edição, assina a matéria sobre Candido Portinari.

Marcelo T. Menezes

Diretor de arte há 16 anos, com experiência em diversas áreas da comunicação. Entre as suas especialidades destacam-se a criação de projetos gráficos para publicações editoriais e webdesign. Assina a direção de arte da Empório desde 2007, sempre garantindo qualidade e beleza às suas páginas.

Alessandra Karla Leite

Jornalista, especialista em comunicação, cultura e arte pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). É subeditora no jornal Amazonas em Tempo. Assina as matérias sobre saúde e sobre as aventuras de Pablo Casado.

Aldisio Filgueiras

Jornalista, compositor, poeta e escritor, membro da Academia Amazonense de Letras (AAL) e editor no jornal Amazonas em Tempo. Nesta edição, assina o texto especialmente elaborado para o ensaio “Amazônia em flores”.

Cao Ferreira

Natural de Manaus e atualmente morando em Curitiba, começou na fotografia como hobby. É autodidata e atua profissionalmente há 15 anos. Trabalha em áreas distintas como jornalismo, moda e publicidade. Nesta edição ele assina o editorial de moda, “Tribos Contemporâneas”, capa, “Amazônia em flores”, saúde e beleza.


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VITRINE

Funny Hair

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encontro da pedagoga Adriana Pádua com o publicitário Fábio Cavalotti acabou com a tortura dos pais em levar o filho para cortar o cabelo. Em vez de um salão tradicional adaptado às crianças, eles desenvolveram um ambiente exclusivo e atraente para a garotada. O difícil agora é tirá-las de lá com tantos brinquedos, videogames, atividades recreativas e eventos culturais e educativos. Um dos diferenciais da franquia paulista, Funny Hair, é o certificado de 1° corte, com a foto do bebê e mechinha do cabelo, a festa de aniversário incluindo um lindo desfile com som e iluminação e penteados moderníssimos que fazem o arraso.

Funny Hair • Rua Acre, 4, quadra 33, conj. Vieiralves • Manaus - AM

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Amazonas em foco

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caba de ser lançado livro “O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro”, da editora Europa. A publicação reúne fotos marcantes do ano de 2010, publicadas pelos principais jornais e revistas do país. A seleção é feita pela equipe da revista Fotografe Melhor. A obra traz uma retrospectiva dos acontecimentos que foram destaque no Brasil e uma minibiografia dos seus respectivos fotógrafos. Entre os 78 fotojornalistas contemplados estão os amazonenses Alberto César Araújo, Alexandre Fonseca, Bruno Kelly, Ione Moreno, Márcio Silva, Raphael Alves e Ricardo Oliveira.

Editora Europa • www.europanet.com.br

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Diversão à francesa

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garotada também precisa relaxar e curtir o seu dia em grande estilo. Para isso, a Sofitel Guarujá Jequitimar preparou uma programação especial no Dia das Crianças, com os pacotes One Day e Fique Quatro Noites e Pague Três. O resort, localizado na charmosa praia de Pernambuco, em Guarujá, no Estado de São Paulo, é a única marca da hotelaria de luxo francesa implantada nos cinco continentes. Com 120 endereços espalhados em mais de 30 países, a rede oferece hotéis e resorts contemporâneos, que propõem uma verdadeira experiência da arte de viver à francesa.

Sofitel • Av. Marjory da Silva Prado, 1.100, Praia de Pernambuco • Guarujá - SP

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Amazônia no Bixiga

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gora não é preciso mais vir ao Amazonas para degustar pratos típicos como pirarucu, pato no tucupi, maniçoba ou o tacacá. No reduto mais italiano do Brasil, o Bixiga, encontra-se o restaurante Amazônia, que oferece aos paulistas e amantes da culinária exótica os sabores únicos da Região Norte. O cheff e empresário Paulo Leite, na área há mais de 15 anos, é de Belém, e a paixão e a saudade da cozinha da terra o incentivaram a abrir o restaurante. Ele garante que a distância não compromete o sabor dos ingredientes. Vale uma visita! Para sobremesa, a casa oferece sorvetes de tapioca, cupuaçu, taperebá, entre outros. E, claro, a famosa tigela de açaí!

Restaurante Amazônia • Rua Rui Barbosa, 206, Bela Vista • São Paulo - SP

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Luxo sustentável

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Native Original Products representa com exclusividade o projeto Design Tropical da Amazônia, que utiliza resíduos florestais para a confecção de suas peças, causando menores impactos ao ecossistema. Com um mix de produtos que inclui desde peças de decoração até utensílios e mobiliário, todos confeccionados com resíduos florestais e ou madeira de manejo sustentável, combinados com diversos materiais, como aço cromado, acrílico, entre outros, destacamos a cadeira feita em tucumã, criada pelo designer Massimo Bianchi.

Native Original Products • www.nativeoriginal.com.br

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Direto de Nova York

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onsiderado o mais badalado cocktail bar de Manhattan, The Double Seven desembarca na cidade de Florianópolis em grande estilo. Arquitetura e decoração não estão longe da matriz nova-iorquina, além do ambiente intimista, representado pela iluminação, acabamento e móveis refinados. A filial segue o padrão e oferece atendimento diferenciado, recepcionando o público seleto num charmoso lounge que conta com um serviço completo de café e bar de coquetéis. O cardápio exclusivo é assinado pelo chef Eudes Rampinelli, que está entre os melhores da Europa. Os famosos drinks exóticos e os gelos artesanais são atrativos à parte. A casa é uma parceria entre os empresários Jeffrey Jah, canadense, e os brasileiros Antonio Gonzaga e Roberto Scafuro.

Double Seven • Rua Bocaiúva, 2.198, Centro • Florianópolis – SC • (48) 3207.8705 • www.thedoubleseven.com.br

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ENSAIO

Por Aldisio Filgueiras Fotos Cao Ferreira

Amazônia em

flores

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iz-se que a voz do povo é a voz de Deus. Não é. Nenhum deus, conhecido ou desconhecido, se prestaria a um repertório de tão baixa intensidade. A voz do povo é babel: pense-se num restaurante em que as pessoas se reúnem, não para comer, mas para “ouvir” uma televisão, que se intromete na conversa em alto e bom som, como se gritasse indignada “prestem atenção às minhas imagens de alta resolução”, e os comensais, que não comem, mastigam apenas, dedicam-se a admoestar os filhos malcriados que cospem no prato das mesas vizinhas – e não conversam; gritam, enquanto a comida esfria e a culpa é do chef e do cozinheiro. Essa é a voz de Deus. Não. Inconcebível. É a voz do povo, reivindicando seus 15 minutos de fama no restaurante. Parece uma assembleia de índios, também não é. Os índios bebem, comem, transam durante três dias e três noites ou mais, mas no final das contas eles têm a mesma ressaca e uma opinião de consenso, que os fazem felizes para sempre, com os filhos que são mais bem educados do que os filhos dos brancos ou quase brancos. A voz de Deus é mais a da natureza. Ele recita duas palavras em latim e faz-se um mundo iluminado. Ela dá um espirro e é um furacão – um furacão não deixa dúvidas, é um furacão e ponto; salve-se quem puder. Esses mistérios, divinos ou naturais, quando revelados por algum especialista viram igrejas, secretarias de Estado, que são

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a mesma babel da voz do povo. Fiquemos com o mistério da natureza, que não vende, não troca, não compra, não discute, e se manifesta sem consultar astrólogos, economistas e outros “chamas” do caos. Esse mistério é o dessas flores reveladas no silêncio destas páginas, depois de arrancadas à penumbra quente e úmida da Amazônia, que só precisa de duas estações para mostrar aos cegos que ainda querem ver uma primavera que desabrocha no verão –quando chove menos – e usa o inverno das águas fartas como incubadeira de novos tons com que ponteia as várias tonalidades do verde. Porque a paisagem da Amazônia é de uma chatice só, quando se vê e não se enxerga, quando o olhar não está viciado – e chapado – no cinza urbano. A beleza é o código da diferença. A beleza da Amazônia está em que ela não é o tom único que apenas se vê; ela está no que se enxerga. Essas flores desafiam a uma incursão no mistério: aquele em que as vozes desabam mansas sobre um consenso, sem transformar as diferenças do mundo em desigualdades assassinas. O poder da flor, há muito tempo, não está mais nas vitrines dos noticiários e nem, desafiador, entre os cabelos sem chapinha de rapazes e raparigas. Mas quem será capaz de dizer que deixou de existir, entre um verão e outro inverno das primaveras discretas da Amazônia? Ninguém enxerga mais o que vê?


Flor Panamรก โ ข Alpinia purpurata 17


Flor Bico de Arara • Heliconia rostrata

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Bastão do Imperador • Etlingera elatior Pink Torch

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Bastão do Imperador • Nicolaia elatior 21


Bico de Tucano • Golden torch

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Flor de Bananeira • Heliconia chartacea

Agradecimentos: Nelson Buoro e Raul Cacheffo

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CAPA

contemporâneas

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equenos detalhes urbanos de uma sociedade atual foram refletidos na triologia editorial “Tribos Contemporâneas”. Viktor I, com sua equipe de profissionais do salão VIMAX de Curitiba, reuniu três segmentações sociais – Real Rock, Aristocracia e Luxúria Gótica – que, durante uma primeira impressão estão desconectadas entre si, para mostrar exatamente o contrário, a união destas tribos. Seja no som da guitarra, na manga bufante ou mesmo no dark, todos se encontram em um mesmo lugar. O Real Rock foi concebido em vermelho, dentre moicanos e coturnos. Já a Aristocracia, apresenta traços de alta costura e elementos sofisticados. Na tribo Luxúria Gótica, o preto, prata e a maquiagem pesada dão o tom. São pequenos detalhes urbanos de uma sociedade atual refletidos em belas e intrigantes imagens.

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Concepção Viktor I (VIMAX) Fotos Cao Ferreira Assistente de Fotografia Cris Ferreira Produção Leo Tramontin

Hair Viktor I, Thiago Vilas Boas, Lucimara Ribeira (VIMAX) Make Vinícius Vilas Boas (VIMAX) Figurino Lady Louca Sapatos Fernando Pires Modelos Norton Nichelle, Ana Luiza Ribeiro, Gabrieli Godoy, Tai Tavares, Marina Teixeira, Ronn Dumma e Carol Tonsig (Ford Models Paraná) 35


ENTREVISTA

Por Leonardo Zanon

AMPLITUDE ANGULAR

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raquém Alcântara, um dos mais conceituados fotógrafos brasileiros, realça a natureza como modelo essencial de uma imagem. Empunhado sempre de uma câmera, Araquém Alcântara é um mito quando se fala em fotografar a natureza justamente como ela é, em momentos únicos, com pequenas intervenções do homem. Seu portfólio é um dos mais ex-

clusivos de todo o Brasil. Com 35 anos de profissão, o fotógrafo registra 43 obras e uma notável expertise em transpor em um pedaço de papel cenas de paisagens e animais, que mesmo ao vivo e em cores não são tão nítidas. Além de ser premiado no Brasil e no exterior, tem em seu livro de anotações um recorde nacional: é o único a percorrer todos os parques do país.

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Dedico-me a registrar momentos de exaltação do nosso patrimônio, da nossa cultura, uma riqueza suprema

Como foi seu início de carreira? Eu ainda tinha 20 anos. Meu tino principal era o jornalismo. Adorava escrever. Foi quando assisti a um filme japonês, “A ilha nua”, de Kaneto Shindo. Ele era mudo e registrava uma aurora diferenciada. Era um clássico. O filme retrata uma família pobre que se muda para uma ilha sem água e sem árvores. O roteiro proposto, a trama e a competência dos atores e da direção me comoveram. Aquilo tudo me causou certa surpresa e me inspirou, a saber entender, que eu poderia mostrar as coisas daquela maneira. No dia seguinte peguei uma máquina emprestada na faculdade, onde cursava comunicação, e comecei a fotografar as docas de Santos, onde sempre morei. Por que resolveu seguir a profissão de fotógrafo específico de natureza? Trabalhei durante anos em jornal, ora escrevendo ora fotografando. Nos últimos 20 anos, resolvi fazer o que gosto e contribuir de alguma maneira para o reconhecimento deste país e de seu povo. Por isso me dedico a registrar momentos de exaltação do nosso patrimônio, da nossa cultura, uma riqueza suprema. Você expôs em 2008 fotos da região amazônica em Nova York. Como foi? Aconteceu na Exposição Amazônia Brasil New York City, idealizada pela organização não governamental Projeto Saúde e Alegria e pelo Grupo de Trabalho Amazônico, que hoje representa cerca de 600 entidades da Amazônia. Inseri 40 imagens, não só da beleza da flo-

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resta, mas seu cotidiano, a vivência dos moradores e o irracional caminho da destruição. Qual objetivo dessa mostra realizada? Valorizar, sem sobre de dúvida, iniciativas para um desenvolvimento sustentado, além de alertar sobre a conservação. Como a fotografia é vista hoje pelos brasileiros? Ela tem se tornado constante. Isso me incentiva a passar informações, um novo olhar. Explorar a expressão plástica, viva, contemporânea. Esse jeito que o brasileiro tem se acostumado cativa, pois é facilmente compreensível. É importante, na hora de fotografar, se sentir seduzido, ficar cada vez mais atento ao que ocorrer em seu entorno e aos detalhes menos comuns. Você recentemente realizou um safári pela Tanzânia. Qual foi a perspectiva? Organizamos uma viagem com a Teresa Perez, uma das mais conceituadas agências de viagens de luxo do país. Levamos um grupo para realizar workshop de fotografia e mostrar a singularidade africana, paisagens que precisam ser analisadas com diferentes olhares. Passei dicas técnicas, expliquei sobre o habitat, os tipos de animais, sempre buscando um estilo poético de transmitir. Quero ensinar como ver e como encontrar cada angulação. Um dos destinos mais marcantes durante a viagem foi a visitação ao Parque Nacional do Serengeti, onde ocorre a migração de gnus e zebras, um espetáculo específico e diferenciado.


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ARTE

Por Ana Paula Freire Fotos Acervo Projeto Portinari

Um

c창ndido brasileiro 42


“A paisagem onde a gente brincou a primeira vez não sai mais da gente, e eu quando voltar vou ver se consigo fazer a minha terra...” Trecho de carta escrita por Portinari à família, quando morava em Paris

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a pequena cidade de Brodowski, interior paulista, para o mundo. Quem poderia imaginar, àquela altura, meados do século XX, que aquele menininho nascido em uma fazenda de café, que nem sequer completou o primário, se tornaria um dos mais importantes pintores da nossa história? Com muita obstinação e um talento ímpar, Candido Portinari (1903-1962) chegou lá. Brasileiro na alma, universal nas telas. Como na prosa poética, há um pedaço dele em toda a sua obra: o Candido menino nas crianças de sua terra natal, o Portinari sublime na exuberância de seus traços. O extraordinário legado do artista possui mais de cinco mil obras, entre murais, afrescos e painéis, pinturas, desenhos e gravuras que representam uma ampla síntese crítica de todos os aspectos da vida brasileira de seu tempo. A mais conhecida delas – os murais Guerra e Paz – está temporariamente “em casa”, para restauro e exposição, e é, sem dúvida, a maior expressão da singularidade de Portinari. Afinal, quem imaginaria um retrato de guerra representado por meio do sofrimento do povo e não de soldados em combate ou corpos mutilados? A propósito, um olhar minucioso desse mural imponente nos oferece a mais bela e literal tradução do aforismo guevariano “Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás”. Na versão brasileira, esse outro “camarada” nos inspira a dizer: “É preciso ser duro, sem jamais deixar de ser cândido”. Sim, em Guerra, Portinari preferiu uma visão simbólica ao caráter realista que privilegia os combates do século XX, tão bem retratados em La Guernica

(1937), de Pablo Picasso. Na Guerra do Candido, em vez de sangue, vemos o povo sofrido, mas inteiro, carregando o pranto e a solidão mortuária imposta pelos conflitos. É no mural Paz, contudo, que se revela ainda mais o cândido Portinari. Todos os figurantes são os meninos de Brodowski. Nas gangorras, em cambalhotas e piruetas, ou armando arapuca, eles simbolizam a alegria e o reencontro maduro do artista com suas raízes. “A paisagem onde a gente brincou a primeira vez não sai mais da gente, e eu quando voltar vou ver se consigo fazer a minha terra...”, escreveu Portinari, de Paris, onde viveu por dois anos. A distância acabou aproximando-o do Brasil, despertando um interesse social muito mais profundo. Na alegria das moças que dançam e cantam, no coral de meninos de todas as raças, nos camponeses plantando e colhendo, no espantalho... em todos os elementos de Paz a brasilidade de Portinari está presente. Junte-o ao mural Guerra e podemos imaginar o impacto que ambos causam na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para onde foram concebidos. Guerra está à vista de quem chega. Paz, no caminho para a saída. Era o cândido brasileiro querendo dizer aos chefes de Estado “Olhem bem, vejam com a alma, mergulhem nessas imagens. E escolham”. “Exatamente. Meu pai projetou os murais para que, quando os delegados das nações chegassem ao prédio, deparassem com o painel Guerra e, quando estivessem saindo do prédio, sua última visão fosse a da Paz”, contou João Candido Portinari, filho único do artista, em entrevista à Empório Amazônia, por telefone.

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Perguntado qual a lembrança mais forte de sua convivência com o pai, João surpreendeu: “A imagem mais significativa que eu guardo na memória é ele passando a mão na minha testa, para ver se eu estava com febre quando eu ficava doente... [pausa]... Essa pergunta me emociona porque ela me permite falar de um outro Portinari: o pai, o meu pai, não o artista, porque esse é de domínio público. Eu falo daquele que me ensinou os princípios da justiça e da solidariedade. O pai que se orgulhava ao observar o filho pequeno, aprendiz de pintor, com o pincel em punho diante da tela”. Para quem escuta esse depoimento, é impossível não se emocionar imaginando a delicadeza da cena. Assim era o Candido pai, a porção lírica do Portinari artista, que ao longo de sua vida e obra manteve uma relação especial com a infância. Há relatos de que o nascimento de João foi

a sua maior emoção. Nem mesmo o intenso ritmo de trabalho comprometia a dedicação ao filho e à esposa, a uruguaia Maria Martinelli, que ele conhecera em Paris. Uma declaração de José Lins do Rego, gentilmente sugerida por João Candido para esta reportagem, resume o pintor: “Tudo em Portinari é feito com o máximo de paixão, com a sua vida inteira. Está a sua vida no seu João Candido, como uma imagem da pureza humana, e está no Jeremias de lágrimas que são como pedaços de uma alma que se decompõe no pranto. Portinari cada dia vence mais. Cada dia ele penetra mais nas realidades do mundo, cada dia é mais homem da terra, é mais senhor da técnica e cada dia mais poeta. A técnica não lhe seca o coração como um vampiro. A técnica é sua escrava, não é sua dona. Ele é que é dono na técnica”

Por uma dessas ironias perversas do destino, o povo, para quem Portinari dedicava a sua obra, hoje não tem acesso a ela. Seus mais importantes trabalhos estão dispersos em coleções privadas e museus em todos os cantos do planeta. Segundo João, isso motivou o questionamento inconformado de Antonio Callado: “Segregado em coleções particulares, em salas de bancos, Candinho vai se tornando invisível. Vai continuar desmembrado o nosso maior pintor, como o Tiradentes que pintou?” Infelizmente, Callado não está mais entre nós para testemunhar a epopeia de João no desafio de reunir toda a obra de seu pai. Pesquisador das áreas de engenharia de telecomunicações e de matemática, ele deixou uma carreira acadêmica de sucesso para se dedicar integralmente ao Projeto Portinari, que ele mesmo desenhou, há mais de 30 anos. O desafio: localizar, digitalizar e catalogar os trabalhos de Portinari. Os primeiros 20 anos foram dedicados a pesquisas, qualificadas por João como “um verdadeiro trabalho de detetive”. Hoje, praticamente toda a obra está disponível em formato digital.

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Foto Álbum de família


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O ideal de Portinari Candido Portinari foi o primeiro pintor latino-americano a ter um Catálogo Raisonné, que significa a mais definitiva e completa fonte de referência sobre a obra de um artista. Lançado pelo Projeto Portinari em 2004, na 26ª Bienal de São Paulo, com o patrocínio da Petrobras, essa preciosidade rendeu a João Candido o Prêmio Jabuti de Literatura e o Prêmio Sérgio Milliet, ambos em 2005. Onde quer que esteja, certamente o pai Candido continua orgulhoso de seu menino. Poderia ele, afinal, imaginar que aquela criança-aprendiz-de-pintor um dia iria percorrer todo o Brasil, durante mais de 30 anos, apresentando sua obra e sua mensagem de paz, justiça e solidariedade a tanta gente: plateias pequenas e grandes, importantes e singelas, citadinas e rurais? Que aquele menininho um dia iria trazer os painéis Guerra e Paz para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para mostrá-los ao público brasileiro, tão bem representado ali? Para João, essas conquistas demonstram tudo o que o ser humano é capaz de realizar, “quando é movido por um ideal, uma fidelidade, uma paixão”. A angústia de Antonio Callado não se confirmou graças ao trabalho do filho e dos colaboradores do Projeto Portinari. Candinho não está invisível. Jamais poderia. Ele está mais presente do que nunca em nós e para nós. O Brasil, enfim, está tendo a oportunidade de conhecer aquele que é o mais cândido dos nossos pintores.

O projeto Idealizado há mais de 30 anos, o Projeto Portinari está sediado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Trata-se de um acervo primordialmente virtual, uma vez que não possui nenhuma obra original. “Apenas reunimos os conteúdos e a pesquisa sobre o meu pai”, explica João Candido. Segundo ele, a ideia era construir o Museu Portinari com as obras originais do artista, mas seria praticamente impossível resgatá-las dos museus e de colecionadores particulares. “Então, resolvemos apostar na digitalização”, acrescentou. João lamenta a falta de tradição do país em museologia, cujo resultado é a dispersão de obras importantes que poderiam estar em museus nacionais. Ele defende a criação de uma legislação específica que incentive os colecionadores particulares a doarem as peças, não só as de Portinari, mas de todos os artistas brasileiros, “para que os nossos museus possam ser enriquecidos”. João não desistiu da construção do Museu Portinari, porém, com o acervo constituído de reproduções impressas em alta definição. As informações sobre o Projeto Portinari estão no site www.portinari.org.br

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“Estou proibido de viver” Guerra e Paz foi uma encomenda feita a Candido Portinari no final de 1952, pelo governo de Getúlio Vargas. Seria um presente do Brasil às Nações Unidas. Os painéis decoram o hall de entrada da sede da ONU, em Nova York. Durante o período de criação dos murais, ele começou a sentir o efeito do contato diuturno com as tintas. O médico então lhe disse que estava com uma dose anormal de chumbo branco no organismo e, para evitar uma contaminação maior, deveria abandonar por completo a pintura a óleo ou similares. Inconformado, Portinari declarou: “Estou proibido de viver” (Jornal O Globo, 1954). E, contrariando a ordem médica, ele não recuou ao desafio e ao trabalho maior de toda a sua vida. Para dar conta da tarefa, contou com o auxílio de Enrico Bianco e de Rosalina Leão. Segundo o relato de Bianco, “não há um centímetro quadrado nos painéis que não tenha a pincelada de Portinari, que usou pincéis pequenos, para quadros de cavalete, não pincéis maiores…” “Ele aceitou fazer os murais consciente do risco que estava correndo. Morreu fazendo aquilo que amava”, afirmou João Candido. E em nove meses, cobriu, pincelada a pincelada, usando as tintas proibidas, dois monumentais paredões de 14 metros de altura e 10 metros de largura. Em 6 de setembro de 1957, Guerra e Paz foram finalmente doados à ONU em cerimônia oficial. Devido ao envolvimento de Portinari com o Partido Comunista, ele não foi convidado a comparecer à cerimônia. Os painéis foram entregues ao público num evento sóbrio, sem a presença do mestre que os concebeu. Para a alegria dos brasileiros, uma reforma no edifício de Manhattan foi a brecha para que os painéis voltassem ao país. Graças a um acordo entre o Projeto Portinari, o governo brasileiro e a ONU, Guerra e Paz ficarão no Brasil até 2013. Uma ótima oportunidade para quem quiser conhecer a obra que é tida como “uma verdadeira apoteose da utopia de Portinari”.

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Portinari na Amazônia

“A experiência com as crianças ribeirinhas foi interessantíssima. Mostrei o ‘Meninos soltando pipa’, e soube que pipa, no Amazonas, é papagaio” Suely Avellar, educadora do Projeto Portinari

Desde 1997, o acervo do Projeto Portinari tem servido como ferramenta para um amplo programa de Arte, Educação e Inclusão Social, que já atingiu mais de 500 mil pessoas em todos os Estados brasileiros, voltado especialmente para as crianças. De acordo com João Candido, o verdadeiro trabalho começou depois da catalogação das obras. “Foi quando passamos a desenvolver uma série de ações. A mais importante delas é o trabalho com crianças, realizado nos últimos 13 anos: o Brasil de Portinari”. No âmbito desse programa, foram realizadas exposições itinerantes com réplicas das obras no Pantanal, no Amazonas e mais recentemente na Bahia. Segundo a professora Suely Avellar, a experiência na região do Purus (AM), realizada em parceria com a Marinha do Brasil, foi “interessantíssima” porque as crianças ribeirinhas vivem em condições muito especiais. Devido à carência de infraestrutura de saúde, médicos, dentistas e enfermeiros da corporação se deslocam para a região uma vez ao ano. “Fizemos um trabalho integrado com a Marinha. Enquanto as crianças esperavam atendimento médico, nós realizávamos diversas ações de arte e educação com elas. Um pouco tímidas a princípio, logo se chegavam a mim e então começavam a conversar, a ouvir atentamente as minhas histórias de Candinho e a brincar com os dois fantoches, Cocó e Mimi, que levei para incentivá-los a escovar os dentes. Eles também desenhavam – alguns sequer tinham visto hidrocor – enfim, foi uma experiência única”, disse, por telefone, a coordenadora desse núcleo no Projeto Portinari. Suely relata que, a partir de certas obras de Portinari, as crianças falavam de sua própria experiência. “Quando mostrei a reprodução do quadro ‘Meninos soltando pipa’, perguntei se eles gostavam. Eles respondiam que sim, mas me diziam que aí (Amazonas) o nome é ‘papagaio’. O mais curioso é que, na falta de papel de seda colorido, eles fazem os seus papagaios com sacolas de plástico e varetas com a fibra de buriti. Enfim, este é o Brasil de Portinari”.

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MODA

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Verão

2012 Manauara Shopping

Look completo C&A Look Riachuelo Óculos Ótica Avenida Relógio Just Watches

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Bermuda e tĂŞnis Arco-Ă­ris Camisa Sketch

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Look Damyller Sandรกlia Andarella

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Look Ditoca J贸ias Arenito

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Vestido e pulseiras Rosa Viva Brincos Jaqueline Chagas Sandรกlia Via Uno

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Vestido Evidence J贸ias Original J贸ias Sand谩lia Via Uno

Look completo Upper

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Vestido Extravagante Joias Di Donna Macacรฃo Folic Sandรกlia Andarella

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Blusa Stigma Short Scala Sandรกlia Uncle K

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Look completo Bunita Sandรกlia Plastic Mania Bolsa e lenรงo Victor Hugo Calรงa e body Patachou Sandรกlia Andarella

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Look completo Way Shop

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Vestido Zinzane Macacรฃo Dona de Si Camisa Calvin Klein Calรงa e cinto Adji Man Sandรกlia Mr Cat

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Look completo Joana Jo達o

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Look completo Lilica & Tigor Mochila Crawford Look completo Renner

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Look Puc Sandรกlia Crocs

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Fotógrafo Cao Ferreira Direção Geyna Brelaz Produção Rodrigo Santos Styling Edinho Serrão Make up André Fendii Hair Rafael Duarte Modelos Global Model Modelos Kids Lupi Produções

Look completo Lilica & Tigor

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BELEZA

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Por AndrĂŠ Fendii Fotos Cao Ferreira


O brilho característico do sol não vai faltar nesse verão, mas nada de exagero. Tons cobre e marrons claros vão estar nas sombras e nos batons. E para as que amam os rosinhas eles continuam. 1 • Higienizador de pincéis (contém 1g) 2 • Base MD (contém 1g) 3 • Fixador de maquiagem (contém 1g) 4 • Trio de sombras (Sephora) 5 • Batom (MAC) 6 • Corretivo MD (contém 1g) 7 • Cílios postiços e rímel (The Colossal) 8 • Elixir ultime (Kérastase) 9 • Fluido de limpeza facial (contém 1g) 10 • Spray Foundation (Dior)

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BLOG

Radar

Kids

O blog buscou inspiração em brincadeiras, diversão e conforto, abusando das cores para encarar a alegria e a agitação da garotada, que chega nesta época a todo vapor.

Porta-pijama • Imaginarium

Óculos • Imaginarium

Mochila • Alice Disse

Pulseira • Mucca

Tênis Jujuba • Imaginarium Toy art • Kidrobot 70


Toy art • Kidrobot

Chapéu Panamá • San Donà

Mochila • Mini Reserva

Bermuda • Mini Reserva

Livro • Saraiva Tênis • Lacoste 71


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DESIGN

Por Lisângela Costa

O futuro espelha essa

grandeza

O

próximo dia 24 de outubro será histórico para o Amazonas. Além da comemoração do 342º aniversário da capital do Estado, será inaugurada a ponte sobre o rio Negro, que liga diretamente Manaus ao município de Iranduba (distante 22 quilômetros). De imponente arquitetura, a obra possui um tipo de estrutura muito comum em construções no Brasil e em outros países, conhecida como estaiada, que utiliza cabos conectados a um mastro para sustentar a pista. É a segunda maior do gênero no mundo, ficando atrás apenas da ponte sobre o rio Orinoco, situada no país vizinho, Venezuela. Considerada uma das maiores obras da história do Amazonas, a ponte contabiliza dados que representam a sua grandiosidade: possui 3.595 metros de extensão e foi projetada de maneira a permitir a continuidade normal do fluxo de embarcações. Por isso, os canais principais que compõem a estrutura foram instalados com 200 metros de largura e, no mínimo, 55 metros de calado aéreo (altura). A última das 52 aduelas do trecho estaiado foi içada no início de junho, com a presença do governador do Estado, Omar Aziz, que na ocasião falou sobre o seu sentimento em relação à obra. “É uma felicidade muito grande estar concluindo uma obra desse porte”, disse, logo após acompanhar a operação em que o último vão da ponte foi nivelado. Outro dado que representa bem a grandeza da obra diz respeito ao volume de material. Aproximadamente 138 mil metros cúbicos de concreto estrutural foi utilizado no empreendimento, o suficiente para construir nada mais nada menos do que 25 prédios de 20 andares, ou ainda, para os aficionados em futebol, dois estádios do tamanho do Maracanã, o maior do mundo. O trabalho de execução das fundações da ponte foi um desafio técnico devido à limitação, até então, de dados sobre as características do leito do rio. Estudos específicos indicaram que o leito possui lâminas de rocha

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Foto Marcelo T. Menezes


A ponte em números • O empreendimento começou a ser construído em dezembro de 2007 • R$ 811,8 milhões foi o custo total da obra (R$ 587 milhões financiados pelo BNDES e R$ 224,8 milhões a contrapartida do governo do Estado) • 3.595 metros de extensão • 138 mil metros cúbicos de concreto estrutural é quanto foi utilizado • 185 metros é a altura do mastro central

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Foto Mรกrio Oliveira


Foto Mário Oliveira

que variam de quatro centímetros a dois metros e meio, e solo muito susceptível à erosão. Além disso, os diferentes níveis de velocidade e profundidade do Negro, chegando a 58 metros nos dois canais próximos às margens, exigiram a aplicação de proteções externas na estrutura com tubos metálicos. Outro “truque” de engenharia utilizado na obra foi a adoção de revestimento nas estacas de até 75 toneladas, com o objetivo de garantir a verticalidade. “Algumas dificuldades foram encontradas, mas superadas pela equipe”, comenta o titular da Secretaria da Região Metropolitana de Manaus (SRMM), René Levy Aguiar. O empreendimento contará com um sistema de monitoramento da estrutura, recalques de fundação e outras sobrecargas. Para evitar a oscilação da ponte, por influência de ventos ou mesmo devido ao regime de cheia e vazante, foram realizados ensaios no túnel de vento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que comprovaram a eficiência do modelo de estrutura adotado. “O projeto foi dimensionado e executado para isso”, esclareceu René Levy, ressaltando ainda que “as pontes estaiadas são projetadas para terem manutenções sem interrupção de uso”. Ao lado de monumentos históricos importantes, como o Teatro Amazonas e o prédio da Alfândega, a ponte sobre o rio Negro deve se tornar o mais novo cartão-postal do Estado, não somente pela grandeza, mas também pela beleza visual. Um moderno sistema de iluminação cênica, que compreenderá os 400 metros dos vãos centrais, está sendo implantado. Por meio dessa ferramenta tecnológica, será possível projetar na estrutura variadas combinações cromáticas e de padrão, o que deverá se tornar uma atração à parte, tanto para os amazonenses quanto para os turistas que estiverem visitando Manaus. 78


Foto Ricardo Oliveira

Foco econômico A ponte sobre o rio Negro compreende um importante eixo de expansão urbanística e de integração física da Região Metropolitana de Manaus (RMM), composta pela própria capital e pelas cidades de Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Itacoatiara, Careiro da Várzea, Iranduba, Novo Airão e Manacapuru. Além disso, representa um novo marco para a economia do Estado, pois vai contribuir para a redução do custo logístico entre os municípios que integram a RMM, favorecendo o escoamento de uma significativa lista de itens da região produtora para o centro consumidor (Manaus). A médio prazo, espera-se que o empreendimento possibilite a ampliação de serviços logísticos de apoio ao comércio com o Alto Solimões e, inclusive, outros países, como Peru, Equador e Colômbia, segundo o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Erivaldo Lopes do Vale. A expectativa é que a estrutura contribua ainda para a expansão de polos de desenvolvimento para o outro lado do rio Negro, uma vez que Manaus concentra, atualmente, a maior parte das atividades econômicas do Estado – capitaneadas pelo Polo Industrial de Manaus (PIM), um dos maiores da América Latina, intensificando dessa maneira o processo de interiorização do desenvolvimento nos demais municípios. De acordo com Erivaldo, deverá haver uma “explosão” do segmento imobiliário - levando em conta que Manaus tem limitações para crescer para as zonas Norte e Leste. Há também uma aposta na expansão do segmento turístico em Novo Airão e do polo cerâmico em Iranduba, duas das principais vocações econômicas da região. Contudo, a ponte não vai gerar esses benefícios automaticamente, “será necessária a implantação de políticas públicas voltadas à concretização desse propósito”, conclui Erivaldo. 79


NEGÓCIOS

Foto Ricardo Oliveira

BACALHAU CABOCLO 80


Foto Alexandre Pazuello

Foto Jimmy Christian

E

le já inspirou o escritor Mark Kurlansky a contar a sua epopeia no livro “Bacalhau: a história do peixe que mudou o mundo”, é reverenciado na culinária portuguesa e muito apreciado no Brasil. Agora, essa iguaria consumida para além das terras de Cabral ganha a sua “versão” amazônica. Acaba de ser inaugurada, no final de agosto, em Maraã (a 635 quilômetros de Manaus), a primeira fábrica do “bacalhau da Amazônia”, produzido a partir do pirarucu (Arapaima gigas), peixe regional muito saboroso e que também estimula a capacidade criadora de chefs brasileiros e internacionais. Assim como os peixes do gênero Gadus, do qual pertence o Cod ou “bacalhau verdadeiro” (Gadus morhua), o pirarucu também passa pela salga e secagem. Daí porque a analogia com a espécie que habita as águas frias do oceano Atlântico, nas regiões do Canadá e do mar da Noruega. “O processo de beneficiamento do pirarucu é muito parecido com o do bacalhau. Ele é salgado e seco, pois assim ele se mantém em boas condições para consumo humano por longo tempo, sem necessidade de resfriamento. A ideia de rebatizar o pirarucu de ‘bacalhau amazônico’ surgiu dessa semelhança no processamento”, explica Efrem Ferreira, ictiologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Além de Maraã, com capacidade de processar 1,5 mil toneladas por ano, uma outra fábrica será inaugurada, ainda este ano, em Fonte Boa (a 680 quilômetros de Manaus), com capacidade para 3 mil toneladas/ano. A boa notícia é que ambas serão abastecidas com o pescado de áreas de manejo, como a reserva de Mamirauá e outras Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) da região. A Rede Pão de Açúcar que, no início do ano, durante a realização do 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade, firmou parceria com o governo do Estado, vai comprar parte da produção do bacalhau amazônico.

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Para o governador Omar Aziz, esse é o tipo de projeto que interessa ao Amazonas pelo seu caráter sustentável e por garantir o desenvolvimento de toda a cadeia do pescado. “Vamos gerar empregos diretos, mas muito mais indiretos, pois iremos beneficiar os pescadores, valorizando o produto e garantindo mercado e preço justo, dando oportunidade ao homem do interior de melhorar a sua renda”, disse. A estimativa é de geração de 150 empregos diretos e outros 5 mil indiretos somente com a fábrica de Maraã. Na inauguração, que contou com a presença do ministro da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, mostras do bacalhau embalado e pronto para o consumo foram entregues às autoridades. Maior peixe de água doce do Brasil, podendo atingir três metros e até 200 quilos, o pirarucu é um dos produtos sustentáveis mais procurados com o selo Amazônia. O tambaqui, por exemplo, já é encontrado em supermercados do Grupo Pão de Açúcar na cidade de São Paulo, o que aumenta ainda mais a expectativa para a chegada do “conterrâneo”. Mas não é apenas a rede Pão de Açúcar que está de olho nesse mercado. Segundo a Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), também há um acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/AM) para a comercialização direta do produto com a cadeia de restaurantes local. A Sepror anunciou a criação de um selo que vai atestar o processo de fabricação conforme a legislação, com o aval da Comissão de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Codesav) e do Ministério da Agricultura. A certificação permitirá aos órgãos de fiscalização atuarem com mais rigor no combate ao comércio ilegal do pirarucu. Na avaliação do ministro Luíz Sérgio, a indústria de bacalhau da Amazônia tem tudo para ser um sucesso, levando em consideração que o Brasil é o segundo maior consumidor de bacalhau, depois de Portugal. “O bacalhau amazônico vai chegar no cardápio dos restaurantes do Amazonas e também do resto do Brasil”, comentou o ministro, na inauguração. Um aspecto importante do pirarucu é que sua vulnerabilidade não está relacionada à pesca predatória, propriamente dita, mas à pesca irregular, que não discrimina o momento certo de captura, respeitando as características da espécie. Efrem Ferreira explica que o pirarucu demora muito para crescer, cerca de 3 a 4 anos para a primeira desova, além de ser uma espécie que produz poucos filhotes por ninhada, uma vez que existe cuidado dos pais com a prole. Historicamente, até a década de 1960, era a principal espécie de peixe explotada na Amazônia. “Por esta razão é que ele está protegido. A pesca regular é feita observando dois aspectos: tempo e tamanho. Não há o risco de extinção biológica”, explica o cientista. Nesse sentido, a certificação adquire uma importância ainda maior, porque a industrialização regulamentada vai desencadear todo um processo de combate à pesca irregular e ilegal.

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Fotos Ricardo Oliveira


Foto Alexandre Pazuello

Em princípio, a gestão da fábrica ficará sob a responsabilidade da Fundação Açaí, ligada ao Inpa, em parceria com a administração municipal e a Colônia de Pescadores de Maraã. Os mais de 700 associados serão diretamente beneficiados com a industrialização do produto. Contudo, os ganhos não são apenas financeiros, mas também no reconhecimento do pirarucu salgado como alimento atestado pelo Ministério da Agricultura. “Eu como pirarucu salgado desde que me conheço por gente e não sabia que este não é um alimento reconhecido pelo Ministério da Agricultura. Agora, com o processo industrial, nosso produto será legalizado”, comemorou o pescador Luís Gonzaga Matos. Ele e os irmãos José Nonato e Miguel Arcanjo comandam uma equipe de pescadores do lago Camapi, em uma reserva municipal, próxima à sede de Maraã. Com a instalação da fábrica de salga, a família Matos aposta na valorização do pescado e na garantia de mercado. O quilo do peixe fresco, que antes era vendido a R$ 3 pelos pescadores, será repassado a R$ 5,50 para ser processado na fábrica de bacalhau. Além do pagamento pelo produto entregue à fábrica, os pescadores terão participação em parte do lucro após a comercialização no mercado. De acordo com Luís, outra parte será usada em benefícios sociais, como a instalação de creche para os filhos dos pescadores e a melhoria das instalações e manutenção do empreendimento. E para que eles próprios possam gerenciar tudo isso, estão previstos cursos de capacitação e preparação de todos os associados. Se o português José Luís Gomes de Sá, cozinheiro do Restaurante Lisbonense, no Porto, falecido em 1926, ficou imortalizado no prato que tem seu nome – Bacalhau à Gomes de Sá, quem sabe, na Amazônia, outro Luís, o pescador, não se torne um personagem importante na epopeia do bacalhau amazônico?

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AVENTURA

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Fotos Roraima Adventures


VIAGEM ao mundo perdido

UMA DAS REGIÕES MAIS ANTIGAS DO MUNDO, COM MAIS DE 2 BILHÕES DE ANOS, O MONTE RORAIMA É UM LUGAR MÁGICO, ONDE O SILÊNCIO EMITE SONS, AS PEDRAS SE MOVIMENTAM, A VIDA VIAJA NUM SOPRO DE VENTO

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e um lado, savana. Do outro, selva virgem. Duas paisagens tão diferentes, divididas por uma formação rochosa muito singular. A cadeia de montanhas com formas cilíndricas e paredões radicais cor de terra, que sustentam imensos platôs, e a mística do local, fazem do monte Roraima um destino desafiador. Localizado em plena Amazônia, na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, esse monumento natural de rara beleza pode ser uma opção de passeio muito mais acessível do que se imagina. Mas não é para qualquer um. O lugar é sinistro, sem referências geográficas similares em qualquer outra região da Terra. O acesso ao topo pode ser de helicóptero ou a pé, por trekking. Nesse caso, só é possível subir pelo lado da Venezuela, passando pelo Parque Nacional Canaima – designado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1994. São dois ou três dias inteiros de caminhada pela savana, subindo e descendo a todo instante até o alto da montanha. Uma aventura que requer preparo físico e disposição para enfrentar alguns percalços na viagem. É preciso ter consciência de que a realidade da caminhada é difícil e cansativa. Anda-se muito em terrenos acidentados, um sobe e desce sem parar, e o desgaste físico é extenuante. Por isso, é essencial a elaboração de um bom roteiro, adequado às condições físicas do visitante. E é indispensável a contratação de agências especializadas em ecoturismo, para que a aventura seja bem-sucedida e com riscos mínimos. Ao final, a fadiga e os “perrengues” são recompensados por uma sensação indescritível e pelas paisagens exuberantes do local.

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Não é à toa que o monte Roraima recebe em média três mil aventureiros por ano, vindos principalmente da Europa, Ásia e América do Sul. E sua maior atração não está na altitude – é o sétimo ponto mais elevado do país, 2.739 metros, segundo o IBGE – mas exatamente nessa atmosphère ideal para aqueles que não dispensam uma boa dose de emoção. Mas, atenção: desde 1999 é obrigatória a reserva antecipada, com data de ida e volta, para iniciar a trilha a partir da aldeia Paraitepuy, distante 26 quilômetros da base. Na subida, às margens do rio Tek (cinco horas desde a aldeia) já é possível avistar o monte Kukenan, “irmão” do Roraima, de exploração muito mais difícil, possível apenas em período de menos chuvas, entre outubro e abril. Mesmo nessa época, as montanhas ficam envoltas em nuvens, propiciando um microclima especial no topo – em julho, a temperatura pode ficar abaixo dos 10ºC, bem mais frio do que na base. Se não estiver adequadamente protegido, o visitante corre o risco de hipotermia. Na estação chuvosa, por sua vez, o monte Roraima ganha atrativos especiais: as águas proporcionam a intensificação de cachoeiras tornando-as ainda mais espetaculares, como o famoso Salto Angel, no Ayuan Tepui, o maior salto d’água do mundo, com 979 metros de altura e 807 metros


O PRIMEIRO HOMEM A VISLUMBRAR O MONTE RORAIMA FOI O INGLÊS SIR WALTER RALEIGH, EM 1595. ELE TERIA CHEGADO ATÉ A BASE, MAS NÃO CONSEGUIU SUBIR de queda sem interrupção. A visão da cachoeira – um tesouro que a Venezuela reserva para os aventureiros – compensa a longa jornada de viagem até lá. Para se ter uma ideia, o Salto Angel foi finalista do concurso “As novas sete maravilhas do mundo”. Do paredão “La Ventana” (em português, “a janela”), é possível apreciar a vista de toda a Gran Sabana ou da Floresta Amazônica que se estende à beira do monte Roraima. Outros pontos interessantes e exóticos, como o vale dos Cristais, que concentra incrível quantidade de quartzo, o fosso, o vale das Figuras, o lago Gladys e a Proa (onde só é possível chegar com o uso de cordas e técnicas de escalada e rapel), também compõem a paisagem da janela. Outra atração são os grandes poços naturais, apelidados de “jacuzzis”. O vale dos Cristais, que fica na Venezuela, compõe o marco piramidal que define a tríplice fronteira junto com o temido Labirinto, na Guiana, e o caminho de fendas e lagoas, que leva ao paredão do lado brasileiro. Mais à frente do Labirinto, está o lago Gladys – assim batizado em homenagem a um lago citado em “O Mundo Perdido”, obra do escritor inglês Arthur Connan Doyle, que claramente se inspirou em relatos sobre o monte Roraima para compor a atmosfera misteriosa de seu livro.

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Os pequenos seres Conhecidas como tepuis, que significa “montanha grande” na língua dos índios pemons (grupo ancestral que habita aquela região), as montanhas – que mais parecem gigantescas mesas naturais – abrigam espécies vegetais e possuem cadeias rochosas assustadoras. Elas se formaram há mais de 2 bilhões de anos, e foram castigadas ao longo do tempo pela erosão de chuvas e pelo vento, formando silhuetas incríveis que se confundem com dinossauros. O monte Roraima é o mais complexo, desafiador e misterioso dos tepuis. Muitos trechos dos seus quase 90 quilômetros de área permanecem ainda intocados, seja pela dificuldade de acesso ou pelas crenças indígenas que os isolam. Lá, a biodiversidade também é diferenciada, com várias espécies endêmicas como a borboleta-tigre (Lycorea cleobaea) e o pequeno sapo preto do tamanho de uma unha (Oreophrynella quelchii). Os insetos são os animais mais facilmente encontrados – o mais estranho deles é uma espécie de gafanhoto que vive debaixo d’água. Estima-se que pelo menos 400 tipos de bromélias e mais de 2 mil tipos de flores e samambaias compõem a diversidade da flora. Isoladas ao longo de milhões de anos, forçadas a uma readaptação por causa da falta de nutrientes do solo, elas evoluíram em novas espécies – as bromélias, por exemplo, criaram surpreendentes hábitos carnívoros, alimentando-se de insetos. É recomendável que os visitantes se mantenham sempre na trilha, para não pisar nenhuma planta, como as pequenas carnívoras Urticularia quelchii.

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Nenhuma planta, animal ou pedra podem ser retirados da montanha. Para eventuais infratores, as penas são severas, e variam de multa em dinheiro a reclusão por alguns dias na Venezuela, caso a vistoria do Instituto de Parques Nacionais da Venezuela (Inparques) flagre alguma irregularidade ao fim da viagem. O lixo deve ser guardado e trazido de volta à base pelas próprias equipes, para evitar qualquer tipo de contaminação ou impacto ambiental na área do monte Roraima.


Como chegar • Ir de avião até Boa Vista (RR). A partir de Boa Vista, são necessárias duas horas e 50 minutos de estrada pela BR-174 até Santa Elena de Uairén (totalmente asfaltada). Depois, mais 68 quilômetros até a entrada da vicinal que conduz à comunidade indígena de Paraitepuy, localizada no Parque Nacional Gran Sabana. Quando ir • A melhor época é no período mais seco, de setembro a abril, quando as trilhas ficam menos escorregadias, a travessia de alguns rios é menos complicada e há um pouco mais de “conforto” nos acampamentos. As viagens nos outros períodos representam uma aventura maior, compensada também pelo espetáculo das cachoeiras mais densas. A temperatura na base oscila em torno dos 20 graus, e no topo fica por volta de zero grau à noite. O que levar • É indispensável um completo equipamento para trilha. Deve-se lembrar que são, pelo menos, seis dias de caminhadas longe sem nenhum contato com o mundo urbano. Quanto à alimentação, recomenda-se levar um pouco acima da previsão do grupo, pois os indígenas nem sempre respondem por suas provisões. Importante • Exige-se a vacina contra febre amarela. Não é necessário visto de entrada, ele é concedido na fronteira. É preciso levar o passaporte. A operadora se encarrega de providenciar as autorizações necessárias junto ao Inparques, que limita o número de visitantes no monte Roraima.

Serviço Roraima Adventures Rua Cel. Pinto, 86 • sala 106 • Centro • Boa Vista - RR (95) 3624.9611 / 3623.6972 • www.roraima-brasil.com.br

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VIDA

Por Lisângela Costa Fotos Mário Oliveira

Adepois vidada fama P

assados mais de seis meses desde a participação no especial de fim de ano “A festa é sua”, do programa “Caldeirão do Huck”, da Rede Globo de Televisão, quando foi totalmente reformada, a vila São Thomé (localizada no lago do Acajatuba, afluente do rio Negro) colhe os frutos da fama. De uma típica comunidade ribeirinha do interior do Amazonas, São Thomé tornou-se quase que um ponto obrigatório para aqueles que visitam a região do Alto Rio Negro e desejam conhecer de perto o local que conquistou o coração do apresentador global Luciano Huck. Um dos reflexos das mudanças empreendidas na comunidade, que se tornou conhecida nacionalmente, foi o aumento do número de turistas. Pessoas de vários lugares do país visitaram a vila São Thomé nos últimos meses. As belezas naturais da região, a hospitalidade dos moradores e, obviamente, as melhorias realizadas pela equipe do programa televisivo tornaram-se grandes atrativos. De acordo com o proprietário da “Pousada Jacaré”, Hudson Matias da Silva, o empreendimento chega a receber no fim de semana de 50 a 70 pessoas, somente para passar o dia, algo que não acontecia antes da reforma. A pousada foi ampliada pela equipe do programa, ganhando mais quatro quartos e uma suíte estilo casa na árvore. Hudson diz que fechou parceria com uma agência de turismo local, a Amazon

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Explorer, para intermediar os pacotes de estada, incluindo pernoite, e que o resultado está sendo bastante satisfatório. O microempresário ressalta ainda que conta com a ajuda dos canoeiros que trabalham na locomoção dos turistas para ampliar o número de visitantes. “Os canoeiros geralmente trazem os turistas para almoçar no nosso restaurante e, assim, eles ficam conhecendo a nossa comunidade”, comenta o proprietário da pousada, destacando que, além de se deliciar com a culinária regional, os turistas ainda assistem à demonstração de coleta do látex, feita pelo seringueiro aposentado Elias Pereira Leite, autodidata que ganhou uma casa e teve a oportunidade de conhecer a Espanha e a Itália a convite de Luciano Huck. Outra atividade econômica que teve um salto significativo foi o artesanato. Brincos, pulseiras, colares, suvenires, entre outros itens, são fabricados com matéria-prima regional por membros da comunidade e oferecidos aos visitantes a preços atrativos, o que contribui para ampliar a geração de emprego e renda, com um diferencial: preservação do meio ambiente. A pesca praticada por moradores de São Thomé também ganhou impulso após a reforma do barco da comunidade, um dos presentes da equipe do programa global, que também é usado no transporte de pessoas. “Tem gente que quando chega aqui chora porque viu o programa e lembra como era a comunidade e como ela está hoje”, diz o proprietário da pousada.


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História A vila São Thomé foi fundada em 1982. Para chegar ao local, a viagem de barco dura em torno de três horas, saindo da capital amazonense, Manaus. Cerca de 50 pessoas, a maior parte delas com algum tipo de parentesco, vive na comunidade. Com uma paisagem natural de encher os olhos, a vila possui 14 casas, construídas pelos próprios comunitários e que foram totalmente reformadas pela equipe do programa Caldeirão do Huck no fim do ano passado. Atualmente, a vila conta com um centro comunitário (também reformado), uma escola e a famosa “Pousada Jacaré”. Também foi construída uma piscina natural para diversão dos hóspedes. Diretamente do Teatro Amazonas, um dos cartõespostais do Estado, o apresentador Luciano Huck apresentou o programa especial de fim de ano. Na ocasião, os moradores da comunidade tiveram a oportunidade de participar dos quadros “Lata velha”, “Lar doce lar” e “Agora ou nunca”.

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O programa mudou a minha vida... hoje, graças a Deus, tenho a minha casinha, com sala, quarto, cozinha e banheiro. Para mim, que sou sozinho, dá tranquilo

Veneza tropical Quando deixou Santa Isabel do Rio Negro, há mais de 20 anos, o seringueiro Elias Pereira Leite, 64, revolveu descer o rio em busca de trabalho. O ciclo da borracha se fechava e era preciso recomeçar. Foi na vila São Thomé que ele decidiu ficar, mas, até o ano passado, morava na “casa de um e de outro”. “Seu” Elias, um dos primeiros moradores da vila, realizou o sonho da casa própria da maneira menos esperada: ele ganhou uma casa da produção do programa “Caldeirão do Huck”. “O programa mudou minha vida. Antes, eu vivia de casa em casa, sempre contando com a ajuda da comunidade, porque aqui todos se ajudam. Mas hoje, graças a Deus, tenho a minha casinha, com sala, quarto, cozinha e banheiro. Para mim, que sou sozinho, dá tranquilo”, conta Elias, que nunca se casou “porque é feio – as pessoas só querem gente bonita”, e não tem filhos. Sua mãe ainda é

viva e mora em Barcelos, distante 496 quilômetros de Manaus por via fluvial e 396 quilômetro por via aérea. Seringueiro desde os nove anos, Elias emocionou o apresentador global Luciano Huck quando respondeu qual era o seu maior sonho. “Ele [Huck] me perguntou e eu disse que o meu sonho era transformar a vila numa cidade que nem aquela cidade italiana cercada de água. Ele pensou que eu estava dizendo que sonhava em conhecer Veneza, mas eu expliquei que não era isso, o que eu queria era que a vila um dia fosse uma “Veneza tropical”. Nesse momento, conta Elias, Luciano Huck se emocionou. Depois, assistindo às explicações do seringueiro sobre a história do ciclo da borracha, perguntou se ele iria a Veneza caso fosse convidado pela produção do programa. “Seu” Elias aceitou e eis que conheceu a capital da “Sereníssima”. Naquele dezembro de 2010, acompanhado de “três moças e um rapaz”, ele seguiu para a Itália, com uma escala em Madri, onde “conheceu o aeroporto”. “Foi uma viagem muito tranquila. Peguei três aviões para ir: de Manaus a São Paulo, de São Paulo pra Madri e de Madri a Veneza. Estava frio, mas eu não senti muito porque todos os lugares lá são quentes dentro dos ambientes. Passamos três dias e meio em Veneza, a cidade é linda, mas a água é muito poluída”, disse Elias, que até então o lugar mais distante que visitara havia sido Manaus. “Mas eu gosto mesmo é da minha vila, onde conheço todo mundo e sou muito feliz”, ressaltou, com a mesma simplicidade e desenvoltura com que explica aos turistas sobre a história do ciclo da borracha na Amazônia. (Colaborou Ana Paula Freire)

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PERFIL

Por Alessandra Karla Leite

AVENTURA

levada a sĂŠrio

Ao escolher os esportes radicais como profissĂŁo, o apresentador Pablo Casado optou por uma rotina movida pela adrenalina

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escritório dele é o mundo. Tanto faz ser nas alturas, no mar, no tatame, nas montanhas, nos rios ou em qualquer lugar para onde os ventos do esporte e da aventura quiserem levá-lo. Aos 33 anos, o repórter, apresentador e atleta Pablo Casado tem a certeza de que fez a escolha certa quando decidiu trilhar os caminhos dos esportes radicais. Há sete anos no ar com o programa “Expressão” , o analista de sistemas conta que, desde criança, sempre se perguntou de que forma poderia ser um esportista profissional e ganhar a vida nessa área. Vivia ali o conflito de saber que a graduação em informática não o realizaria profissionalmente. Incentivado desde cedo a praticar esportes, foi no contato com a natureza que Pablo começou a descobrir o segredo para unir o amor às aventuras ao sucesso na carreira. Primeiro fez natação, aos 13 anos. Seguiu para o judô, depois para o vôlei – modalidade na qual chegou a ser capitão da Seleção Amazonense – e finalmente, aos 19 anos, iniciou a prática do paraquedismo. Desde então, ele não parou mais. Os conhecimentos na área de informática não se perderam totalmente, conta ele, entre risos. Afinal, foi editando e comercializando os vídeos dos encontros de paraquedistas, que a carreira de apresentador começou a deslanchar. “Comecei a participar desses encontros e re-

gistrava imagens incríveis. Assim, acabei me tornando um câmera flyer. Até 2004 foi um processo de muita aprendizagem. Até que tivemos a ideia de criar um programa voltado para a divulgação dos esportes”, rememora. Atualmente, o programa começa a ganhar asas nacionais e internacionais. Com o patrocínio de marcas brasileiras de renome, Pablo espera ter um quadro do programa em rede nacional muito em breve e, quem sabe, transmitir o “Expressão” para o resto do Brasil em canais voltados para o Esporte. Porém, antes disso, ele se prepara para o Campeonato Americano de Jiu-Jítsu, que acontecerá no dia 22 de setembro, em Los Angeles, nos EUA e para o especial do programa em Dubai, nos Emirados Árabes. Ter a possibilidade de praticar os esportes que serão divulgados no programa, aliás, é o grande prazer de Pablo. Faixa-preta em jiu-jítsu, o apresentador se orgulha de viver a adrenalina da profissão escolhida. “Já saltei nos Estados Unidos, na Venezuela, em vários lugares do Brasil, como Boituva, em São Paulo, que é o centro nacional de paraquedismo. Já saltei de balão, de prédios, de antenas. Esta é a minha vida: o esporte de ação”, enfatiza. Um desses saltos, diz Pablo, foi o primeiro, bem no coração da Amazônia – na BR-319 – de uma altura de 75 metros, em 2010. 97


“Essa é realmente a minha grande paixão, a minha emoção. Tenho certeza que estou no caminho certo”

Além de levar ao telespectador toda a emoção vivida por ele e pela equipe durante as aventuras pelo mundo, Casado fala da importância de passar também dicas de alimentação e, principalmente, de lembrar sobre os equipamentos de segurança necessários aos amantes dos esportes radicais. “A gente preza muito pela segurança. Eu passo isso ao telespectador quando vou lá e salto, treino, ando de wake. Falo com propriedade sobre aquele tema”, ressalta. Em todos esses anos de aventuras por rios, mares e penhascos, Pablo lembra somente de um incidente mais sério, com um instrutor de rapel no município de Presidente Figueiredo (localizada a 107 quilômetros ao norte de Manaus). Com a empolgação de subir 45 metros, lembra Casado, o instrutor acabou ultrapassando para uma parte delicada da rocha e caiu, sofrendo uma fratura grave. “Ele se recuperou e ficou tudo bem. Mas, serviu para todos nós da equipe como uma lição de segurança. Estamos sempre alertando sobre os equipamentos obrigatórios”, destaca. Em relação às possíveis fraturas durante o trabalho, 98

ele conta que ainda está se recuperando de uma lesão no tendão bíceps femoral, adquirida em um treinamento de jiu-jítsu. “Mas, nada sério. Costumo dizer que quando o atleta não está competindo ou treinando, ele está se recuperando”, brinca. Quanto aos planos de transmitir o programa em rede nacional, além da visibilidade atual pelo SBT, Pablo garante que não quer perder a identidade amazônica do “Expressão”. A ideia, segundo ele, é “dar um rolé pelo mundo”, mas sempre voltar às origens. Assim, ele segue os caminhos dos esportes extremos – entre saltos, surfs e remadas nos lugares mais inusitados do planeta, sentindo na vida a sensação da liberdade, mas sempre com a alegria de poder transmitir as experiências, gravando as aberturas do programa na Amazônia, sua raiz, remando no Encontro das Águas, fazendo rapel em Presidente Figueiredo ou saltando de paraquedas na Ponta Negra. “Essa é realmente a minha grande paixão, a minha emoção. Tenho certeza que estou no caminho certo”.


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CULT

Fotos Cristina Ferreira

Epopeia na

selva

O novo longa do amazonense Sérgio José de Andrade, totalmente filmado no Amazonas, promete minucioso relato ficcional baseado na história real de um menino que ficou perdido 49 dias na floresta

U

m roteiro “lisérgico e um tanto fantástico” sobre o insólito ambiente amazônico, baseado na história real de um menino que se perde na floresta. Assim o roteirista e diretor amazonense Sérgio José de Andrade define o seu novo longa “A floresta de Jonathas”, que está sendo inteiramente filmado no Amazonas, com produção da Rio Tarumã Filmes e VT Quatro Filmes, ambas produtoras locais. É a primeira vez que a Região Norte é contemplada com o edital de longas de baixo orçamento do Ministério da Cultura (MinC), segundo Sérgio um “passo importantíssimo no domínio do fazer cinema com política de descentralização”. Apesar de ser uma história do cotidiano amazônico, a produção de “A floresta de Jonathas” se propõe a fazer um filme universal, sem que a região seja retratada de maneira estereotipada. Sérgio afirma que se dedicou a fazer um roteiro “minucioso em sua estética”, a exemplo de seu trabalho em “Cachoeira”, selecionado para a Mostra Competitiva de Curtas e Médias-Metragens do CEN (CineEsquemaNovo) 2011. “Cachoeira” foi feito em um tom documental e ao mesmo tempo ficcional, uma espécie de mixtape cultural, que dialoga de múltiplas formas a realidade dos indígenas que vivem em São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus).

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A “floresta de Jonathas” conta a saga do jovem Jonathas, 19 anos, que mora em um sítio na área rural do Amazonas, com os pais e o irmão Juliano. Eles vivem da colheita de frutas regionais. De acordo com Sérgio, a narrativa é “uma ficção livremente inspirada” na história real desse menino que ficou perdido 49 dias na floresta. “Não é documental, é uma versão ficcional e meio fantástica da história. Como isso é muito comum – pessoas perderemse na floresta, eu quis contar um pouco do que é essa aventura na selva. De certa forma, o filme também acaba sendo uma homenagem a essas pessoas”, contou Sérgio, por telefone, à Emporio Amazônia. Quando Jonathas se perde na floresta, seu pai empreende uma busca emocionante para resgatá-lo. Esse acontecimento trágico e emocionante é o escopo do filme, mas o diretor aproveita o drama do personagem para apresentar ao espectador aspectos da vida de famílias interioranas na Amazônia, a partir de uma linguagem “nada convencional e fantástica” de cinema. “O contato com viajantes estrangeiros e inusitados personagens nos guiam por um insólito ambiente amazônico, onde a natureza e a solidão tornamse brutais”, explica o diretor. O diferencial do filme está justamente no universo ainda pouco explorado na cinematografia brasileira de longas-


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metragens: uma história cabocla e amazônica. Pelo menos é nisso que Sérgio aposta. Seu trabalho se traduz em um exercício rigoroso de construção do ‘olhar’, em que o espaço de ação dramática reproduz e repensa o isolamento e a exuberância da floresta inóspita, por meio de uma visão de mundo mais ousada, com uma narração criativa e a construção de personagens de inspiração realista e universalista. “Os dois irmãos, Jonathas e Juliano, transitam entre personagens de uma Amazônia inusitada ou selvagem, entre o isolamento, a exuberância e as dificuldades de relacionamento”. Sérgio explicou que o edital exigiu três fases de análise, a última realizada após sessões de ‘pitching‘, defesas orais dos projetos por seus representantes, que aconteceu em outubro de 2010, em São Paulo. Com um tempo de 10 minutos, diretores e produtores expuseram suas intenções quanto à linguagem a ser adotada e argumentaram em favor da viabilidade comercial e técnica. A Comissão de Seleção pôde ainda entrevistar separadamente os representantes de cada projeto, de modo a dirimir eventuais dúvidas. No final, foram contemplados os sete projetos. “A floresta de Jonathas” também é uma oportunidade para equipe e elenco locais, principalmente em funções ainda incipientes em Manaus, como som (sob a responsabilidade de Fábio Baldo), preparação de elenco (Amanda

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Gabriel), e assistência de direção (Clara Linhart). Todos trabalharão junto a alguns profissionais que virão de outros Estados. “A tônica é proporcionar entrosamento de igual para igual com o pessoal amazonense”, acrescenta Sérgio. Mesmo recebendo recursos de edital público, “A floresta de Jonathas” pode ser aceita como uma produção independente, com locações rurais e ambientes de floresta próximos a Manaus. Além dos recursos do MinC, a Secretaria de Estado de Cultura (SEC) está participando com apoio logístico e institucional do governo do Amazonas. Para Sérgio, “é a hora de um investimento expressivo do poder público e da iniciativa privada do Amazonas no longa-metragem de um amazonense, realizado totalmente aqui, e que revelará que já temos pessoas imbuídas em fazer cinema de qualidade”. Segundo ele, os custos de uma produção em Manaus, pelo deslocamento e distâncias, quase dobram em relação a diversos itens, tais como transportes, hospedagens e cargas, sendo assim, e como permite o edital, é providencial o apoio da iniciativa pública e privada locais. “O roteiro é lisérgico e um tanto fantástico. E minucioso em sua estética”, adiantou. Agora, é esperar a estreia. E ficar na expectativa da emoção que o componente identitário proporcionará aos atores e espectadores amazonenses.


Elenco O elenco é composto em sua maioria por atores locais, entre eles Francisco Mendes (A Festa da Menina Morta), Begê Muniz (Cachoeira), Socorro Papoula, Ítalo Castro, Alex Lima, além da participação de Viktoria Vyniarska, jovem atriz norteamericana, e do ator brasileiro Chico Diaz. O filme tem apoio também, do Guaraná Tuchaua/ Belágua e Atack.

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Edital Existente desde 2000, O edital de Longas B.O., como é carinhosamente chamado, segundo Sérgio, é um programa do Ministério da Cultura que reforça uma forte vocação da cinematografia nacional: filmes de qualidade e de baixo custo. A escolha criteriosa por meio desse concurso permitiu a realização de filmes prestigiados internacionalmente, como “Amarelo Manga”, de Cláudio Assis, “Cinema, Aspirinas e Urubus”, de Marcelo Gomes, e “Estômago”, de Marcos Jorge. Os três diretores, antes do apoio do edital do Ministério da Cultura, não haviam feito um único longa-metragem. A reserva de apoio a diretores estreantes tem permitido a inserção de vários novos talentos no cenário cinematográfico nacional. O filme está sendo produzido em HD (digital) e será transferido para película.

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Por ร rika Kokay Foto Ricardo Oliveira

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Foto Mário Oliveira

Q

uando se planeja uma viagem para a Amazônia, geralmente a ideia é explorar a vocação ecológica da região, cujo maior apelo gira em torno da exuberância da floresta e seus atrativos. Os pacotes turísticos mais comuns incluem hospedagem em hotéis rústicos – alguns muito confortáveis – e aventuras na selva. É raro um brasileiro que não seja do Norte pensar no Amazonas ou mesmo no Pará, com sua linda costa, ao escolher em que praia do Brasil vai passar as próximas férias. O que a maioria dos brasileiros ainda não sabe é que a Amazônia também é singular no quesito praias. No coração da maior floresta tropical do mundo, um verdadeiro “mar” de água doce, com banzeiros feitos de ondas suaves e bancos de areias muito brancas, pode ser uma excelente opção de descanso e lazer, com a vantagem de poder dar uma “esticadinha” e não perder também os tradicionais passeios na floresta. No Estado do Amazonas, as praias mais charmosas são as de água “cor de Coca-Cola”, do rio Negro. Bem próximas à capital Manaus, estão duas delas: a praia do Tupé e a praia Grande. Na primeira, localizada a pouco mais de uma hora da cidade, o movimento chega a ser intenso nos fins de semana. O acesso é apenas por via fluvial e não é raro encontrar serviços de voadeira (espécie de barco local, veloz e com motor de popa) disponíveis a todo momento. “Quando o barco ‘rasga’ o rio Negro, tem-se uma sensação única. Parece que estamos diante de um mar infinito de ‘Coca-Cola’”, brinca o gaúcho Carlos Fábio Santana, 42, que viveu a experiência de trocar o litoral nordestino pelas

praias de rio da Amazônia. “E não me arrependi, apesar da hesitação da mulher”, acrescentou, referindo-se à primeira reação da esposa Cibele, 36, que pretendia ir para Salvador. “Como sempre sou eu quem escolhe, desta vez resolvi ceder. Valeu muito a pena”, disse. A praia Grande, localizada à margem do rio Negro, em frente ao lago Ariaú, também é outra opção cuja procura vem aumentando a cada ano. É a única praia “perene” do Amazonas, uma vez que é possível desfrutá-la em qualquer época do ano. Bem próxima a ela está a praia de Acutuba, igualmente bonita e ainda inexplorada em grande escala. Ambas estão no município de Iranduba, a 25 quilômetros de Manaus. Nesse roteiro, há ainda a praia de Paricatuba, à margem direita. Nos últimos anos, tem se consolidado como balneário dos moradores de lranduba e de Manaus, nos finais de semana, na época da vazante. Uma das grandes vantagens dessa região, para turistas de outros Estados, é a possibilidade de conhecer dois ecossistemas diversos: as paisagens paradisíacas de praias, cachoeiras e florestas abundantes, e extensas áreas de várzea com atividades agrícolas e pesqueiras, que se descortinam ao longo do rio Solimões. O famoso – e imperdível! – Encontro das Águas fica ao Leste de Iranduba, o que confere ao turista um plus em relação a outras regiões. Isso sem perder a chance de uma “esticadinha” ao sul, para contemplar o arquipélago de Anavilhanas e suas quase 400 ilhas (cerca de 25% do arquipélago está à frente do território de lranduba). Tudo isso pertinho de Manaus, que hoje conta com várias opções de voos oriundos de todos os Estados brasileiros.

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Foto Mário Oliveira

Para Oreni Braga, presidente da AmazonasTur, órgão oficial de turismo do Estado do Amazonas, apesar desse potencial, o apelo maior ainda é o ecológico. “Fomos agraciados por Deus por ter um Estado com muitos apelos turísticos diferentes. Mas o ‘destino Amazonas’ tem como ponto forte a natureza. Mesmo tendo praias sazonais maravilhosas, jamais elas serão competitivas com as praias de mar do Nordeste brasileiro”, afirmou. O município de Barcelos (a 396 quilômetros de Manaus) também possui lindas praias e oferece a pesca desportiva, seu maior atrativo turístico. O Festival do Peixe Ornamental, que ocorre todos os anos, geralmente em dezembro ou janeiro, atrai milhares de turistas. Instituído em 1994, o evento homenageia a cultura local e a vida dos pescadores conhecidos como “piabeiros”. Na época da festa, espécies raras de peixes ficam em exposição para que os turistas elejam a mais exótica. Além disso, a festa costuma atrair também por oferecer uma programação de pesca desportiva (muito valorizada por seus habitantes e ecologicamente correta), ecoturismo e outros espetáculos regionais. A “Terra do Guaraná”, Maués (a 268 quilômetros de Manaus) também é conhecida por suas belas praias, que se formam entre setembro a novembro. A cidade valoriza muito esse atrativo natural e possui uma boa infraestrutura para receber turistas. Os que conhecem dizem que a sensação é de se estar em uma cidade litorânea, tamanha a beleza das praias e a atenção que elas recebem por parte

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Lindas praias de rios, espalhadas no coração da maior floresta tropical do mundo, podem ser um roteiro diferenciado no verão amazônico da população. As principais praias são: Ponta da Maresia, praia da Antarctica e praia de Vera Cruz. Apesar de a infraestrutura dos municípios ser de responsabilidade das Prefeituras, a AmazonasTur está com uma proposta de incrementar esses locais com ordenamento e valorização das praias mais visitadas do Estado, a partir de 2012. “A infraestrutura ainda é muito ineficiente, e, mesmo sendo uma questão municipal, pretendemos atuar mais fortemente na gestão desses atrativos”, ressaltou Oreni Braga. A AmazonasTur não possui sequer dados sobre o fluxo turístico das praias amazonenses, seja no âmbito da demanda, seja no perfil de público. O que se sabe, é que a procura por essa opção de férias vem aumentando, ainda que a maioria dos frequentadores seja mesmo de Manaus.


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Foto Maira Coelho


No Pará, Tapajós é vitrine Não muito diferente do Amazonas, quando pensamos em uma viagem ao Pará o imaginário também gravita em torno da floresta. Todavia, ali, temos uma Amazônia um pouco mais diversificada no quesito praia, que surpreende com lindos balneários de águas doce e salgada. São tantas as praias que ninguém sabe precisar o número (estima-se em mais de 200). Sem dúvida, um dos lugares mais paradisíacos é a vila de Alter-do-Chão, em Santarém (a 850 quilômetros de Belém). Quem não conhece, acha que a água azulada do rio Tapajós é oceânica, devido a transparência do rio e as ondas. Localizada a 30 quilômetros de Santarém, a vila é o mais representativo e famoso balneário do município. Por essa razão, tornou-se parada obrigatória na rota de cruzeiros estrangeiros. Banhada pelo Tapajós, sua praia é sazonal, isto é, depende do período de cheia do rio. Uma das curiosidades do lugar é o lago verde, cujas

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águas mudam de cor durante o dia, de azul para verde. “É um dos nossos principais cartões-postais”, afirmou, por telefone, Benigna Soares, assessora de Comunicação da ParáTur, o órgão oficial de turismo no Pará. Mas há muitas outras opções no Estado. Ajuruteua, a 36 quilômetros de Bragança, encanta logo na chegada. Suas praias, com grandes faixas de areia branca, são deslumbrantes, e há opção para todos os gostos: aquelas mais movimentadas, com razoável infraestrutura turística, e também praias mais desertas, perfeitas para quem prefere o isolamento. É difícil imaginar que todo aquele “mar” de água muito azul não tem um grão de sal. A vila também é famosa por sua vegetação de mangue e ninhais de garças e guarás, que encontram ali um local seguro para a preservação das espécies. O caminho é via Bragança, uma das mais antigas cidades do Pará, com mais de 370 anos de história.


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Fotos Jo達o Ramid


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Foto Jo達o Ramid


Foto Marcelo T. Menezes

O mar paraense Para os que preferem o mar, Algodoal (a 182 quilômetros de Belém), é uma das mais belas ilhas oceânicas da Amazônia. Ali, sim, boa parte dos turistas vem da região central do Brasil, quando surgem os bancos de areia e a cidade é tomada por turistas, que vêm principalmente da região central do país. Com areia muito branca e fina, as paradisíacas praias são cercadas de dunas e suas águas têm uma temperatura muito agradável (média de 22°C). Mesmo em períodos de alta temporada, a maior parte de suas extensões de areia permanece deserta, o que permite a realização de piqueniques privados. Nesse caso, os visitantes devem se utilizar de carroças para chegar à praia. As mais badaladas são a da Princesa, a mais agitada, e a da Caixa D’água, a mais próxima à vila de Algodoal, localizada no arquipélago Maiandeua. A praia da Princesa tem quase 14 quilômetros de extensão e foi classificada pela revista Playboy como uma das dez mais bonitas do Brasil. Outro lugar ideal para quem quer badalar e desfrutar de boa infraestrutura turística é Salinópolis, a nordeste paranese. Localizado a 217 quilômetros de Belém, Salinas é o balneário que recebe o maior fluxo de veranistas no mês de julho. A praia do Atalaia é a maior e mais movimentada. A paisagem é recheada também de lagos, como o da Coca-Cola, que recebeu esse nome por causa da cor escura de suas águas. Do ponto de vista da infraestrutura, as praias de mar da costa paraense estão mais preparadas para receber tu-

ristas. De acordo com Benigna, a ParaTur aposta no incremento desse filão turístico no Estado. “Estamos, inclusive, criando a Secretaria de Turismo porque acreditamos que é uma área estratégica para o nosso Estado. O potencial é enorme”, concluiu. E tem razão. Para aqueles que não dispensam sol e praia no verão, Amazonas e Pará reservam verdadeiras maravilhas.

Foto João Ramid

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VIAGEM

Por Leonardo Zanon

VIAGEM

gastronômica P

Doze restaurantes fazem do Celebrity Silhouette um transatlântico diferenciado. Entre os mimos oferecidos, frutas frescas, cestas de piquenique temáticas e jantar à base de queijo e vinhos

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assear em um navio já é uma atração diferenciada para qualquer um. É uma verdadeira cidade que navega pelos mares. Alguns vão além e tornam as palavras, luxo e sofisticação, sinônimos. O navio da Celebrity Cruise, o Celebrity Silhouette, é um gigante com 122 mil toneladas e capacidade para 2.886 pessoas. Muitas novidades são “achados” dentro da embarcação. A começar pelas oito acomodações ao estilo cabanas chiques, que comportam até quatro pessoas. Além disso, há um lounge, equipado com redes e cadeiras Adirondack gigantes, para fazer a viagem ser ainda mais agradável. “A realidade de estar a bordo desse navio é surpreender-se todos os dias”, conta Claudia Mendonça, diretora da Paradise Turismo. “Há detalhes ousados, inovadores e cheio de graça”. Entre os mimos oferecidos no navio, estão frutas frescas, toalhas geladas, água, iPad com músicas, filmes, jogos e revistas, além de cestas de piquenique temáticas, entre outros. Durante as noites estreladas pode-se agendar um jantar à base de queijos e vinhos. “Sem dúvida, o ponto forte é o competente staff, altamente treinado, e a grande amostra da cozinha-arte e da cozinha-show, nos seus vários restaurantes e chefs premiados”. Um dos espaços mais cobiçados é o Lawn Club Grill, o primeiro grill interativo ao ar livre com apenas 58 lugares. Nele, os hóspedes podem selecionar e grelhar suas


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próprias carnes ao lado dos chefs da Celebrity Cruises, ou fazer seu pedido para que eles preparem seus pratos. No quesito gastronomia, há 12 restaurantes, cinco com algum tipo de especialidade, fazendo o Silhouette superar os demais transatlânticos. Além do Lawn Club, há o Art Studio, local em que os hóspedes podem preparar seus pratos; o Porch, espaço casual que tem no menu sanduíches, cafés e pratos rápidos, além do Hideaway, refúgio intimista que lembra uma casa na árvore e oferece cafés e chás. No quinto andar, há o Blu, com uma combinação de receitas com ingredientes leves e orgânicos. Ao lado, o Tuscan oferece massas, frutos do mar e steaks, ao estilo italiano. Já o contemporâneo Qsine tem cardápio oferecido em iPads, em uma mistura ousadas de porções finger e confort food. Além de outros dois grandes restaurantes para atender os passageiros, há ainda o Murano, o mais elegante de toda a embarcação. Com suas louças finas, cristais e decoração primorosa, oferece pratos que contemplam aromas e sabor intensos, como no bacalhau com molho de pimenta vermelha crisp de berinjela grelhada e xarope de vinagre balsâmico. Entre as refeições, a ordem é aproveitar piscinas e jacuzzis ao ar livre e cobertas, spa, academia, shopping, cassino, teatro, boate e biblioteca. Um passeio para toda a família.

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luna

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TURISMO

Por Leonardo Zanon

Paraísos

de luxo e elegância

Resor ts brasileiros em praias badaladas apostam na diversidade e na sofisticação para atrair turistas. Ótimas opções para as próximas férias de verão

A

orla brasileira é um paraíso para ser apreciado. São lindas praias, água cristalina, brisa que refresca e uma composição natural digna para retratos históricos. Em algumas cidades ou vilarejos, aliás, há construções que superam qualquer qualidade hoteleira antes estimada. São resorts e hotéis butiques expansivos em luxo e elegância. O Nannai Beach Resort foi um dos primeiros investimentos em Porto de Galinhas, Pernambuco. Há nove anos, um grupo regional apostou em um projeto ambicioso. Hoje, está presente em diversos guias nacionais e internacionais como um dos mais sofisticados do país. Não à toa. Pela manhã, a maré baixa permite uma visão dos corais e forma piscinas naturais quase que exclusivas. Na estreita faixa de areia, um pequeno-bar chega a ser montado com opções de drinques com e sem álcool, além de caipirinhas produzidas com as frutas da região.

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O Nannai conta com um complexo de piscina com mais de 6 mil metros de extensão. A principal, ao lado do restaurante e com vista para o mar, é a preferida dos hóspedes, com gazebos, poltronas e sofás. A todo o momento os turistas são mimados com petiscos e finger foods oferecidos, como cortesia. As pequenas palmeiras auxiliam para minimizar o calor nordestino. No restaurante, que oferece uma culinária contemporânea com opções regionais, a nova carta de vinho foi projetada para ampliar a opções de rótulos do Novo e do Velho Mundo. Conhecido internacionalmente por sua alta qualidade no serviço e na estrutura, o resort tem como clientes habituées portugueses, ingleses e argentinos. Muitos são aguçados pelos bangalôs, que passaram recentemente por uma reformulação para se tornarem mais aconchegantes. Das 91 acomodações, 49 são estilo bangalô. Eles foram inspirados na arquitetura e na disposição dos hotéis da Polinésia Francesa. Todos são rústicos e idealizados em vilas. Equipados com ar-condicionado e ventilador de teto, tevê de LCD, jacuzzi e cama king size, cada bangalô tem ainda uma piscina privativa. Romântico e ótimo para um descanso a dois, o Nannai tem em sua infraestrutura um campo de golfe oficial, mas em dimensão diminuta, fitness Center, duas tendas para a realização de tratamentos corporais e massagens e equipamentos para atividades marinhas, como snorkeling, remo e iatismo.


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Já no Rio de Janeiro, na região dos Lagos, o grupo jamaicano SuperClubs aportou 120 milhões de reais no Breezes Búzios Resort & SPA. Em frente à praia Armação de Búzios, o complexo de mais de 28 mil metros quadrados foi idealizado no sistema condo-resort, em um dos pontos turísticos mais cobiçados por estrangeiros no Brasil, segundo o Ministério do Turismo. As acomodações foram criadas em formato de casas com um andar e meio, em tons de terracota, cuja arquitetura tentou preservar um estilo interiorano, similar a uma aldeia de pescadores. A assinatura do projeto é de Philip Bodgal, conhecido por planejar espaços da Walt Disney World e do resort The Atlantis, nas Bahamas. Provocador, ele preferiu explorar a tendência entre o confort design e o contemporâneo, em voga no Brasil, sem esquecer ou desprezar a cultura mexicana, jamaicana e balinesa. A rusticidade dos materiais de demolição e dos bambus se transforma ao lado dos

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traços retos e dos revestimentos em pedra natural. Em todas as 329 unidades do resort há ambientes exclusivos incluindo ainda piscina privativa ou varandas com jacuzzis com vista para o mar. “Precisamos criar experiências transformadoras, situações que ajudem a retomar energias e a conviver em harmonia com um mundo cheio de mudanças drásticas”, explica Xavier Veciana, diretor-geral do grupo SuperClubs no Brasil, exemplificando ainda na área de entretenimento três pistas de boliche, espaço para arco e flecha, parede para escalada aquática, cinema na piscina, trapézio de circo e circuito de arvorismo. Na seção de esportes aquáticos há aparelhos para surfe, bodyboard, pesca em alto mar, mergulho livre e um centro náutico. Para as crianças, Kid’s, Teen’s Club e minigolfe. O resort ainda conta com o SPA HARA e diversificadas opções gastronômicas.


Mais ao sul do país, precisamente em Florianópolis, o Costão do Santinho Resort esbanja sofisticação. Eleito seis vezes o melhor hotel de praia do Brasil, é cercado por 750 mil metros quadrados de mata atlântica, dunas e costões. Com 695 apartamentos e capacidade para receber até 1,9 mil pessoas, o hotel dispõe de 14 vilas, amplamente criadas permeando a preocupação com o meio ambiente. Com padrão internacional e atividades como SPA, campo de golfe, complexo esportivo e náutico e um conjunto de piscinas, o resort propõe proteção ao meio ambiente por meio de ações sustentáveis. Há reflorestamento, sistema de tratamento de esgoto, central de triagem de resíduos sólidos, reaproveitamento de 100% da água utilizada, além de outros projetos de conscientização voltados para jovens estudantes.

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Na Bahia, dois empreendimentos conceituados no ramo turístico são marcos na hotelaria nacional. O Tivoli Ecoresort Praia do Forte tem uma decoração exótica, com exploração de materiais naturais. Além dos 287 quartos com varanda para o mar, há também suítes especiais, incluindo 80 Premium, que acabam de ser inauguradas. Uma opção para férias familiares, dispõe de translado para o aeroporto, programa de animação, lojas, serviços de Baby Copa e Babysitter. Já o Transamérica, na ilha de Comandatuba, é um ícone. Com uma pista particular para pouso até de aeronaves comerciais, seu tamanho impressiona principalmente pelo campo de golfe existente. Localizado em uma antiga fazenda de plantação de coco, em uma área de dois milhões de metros quadrados, conta com 363 unidades, divididas entre apartamentos, suítes e bangalôs. O luxo à beira-mar é completado com SPA, loja de artesanato, charutaria, livraria, cyber point e salão de beleza. A ampla gama de atividades de lazer também conquista adultos e crianças. São mais de 80 opções, entre o complexo de piscinas, atividades náuticas e pesca, health club, tênis, futebol, squash, surfe, arco e flecha etc. Agora, é só escolher onde passar as próximas férias de verão.

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SAÚDE

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Por Alessandra Karla Leite Fotos Cao Ferreira Produção Cris Ribas


Especialistas trazem dicas que mostram como é possível manter organismo e pele saudáveis em períodos de temperaturas elevadas

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eixar a água colorida, com gostinho de morango, hortelã, maçã ou qualquer outro sabor que você aprecie. Vale tudo para adquirir o hábito de ingerir bastante líquido durante o dia. Afinal, são necessários 35 ml de água para cada quilo de peso em 24 horas. Para quem não tem o costume de tomar água, este é um número simplesmente inatingível. Mas, é preciso lembrar que, em períodos de temperaturas elevadas – como a da região amazônica nos seis meses de verão – é fundamental acrescentar mais 10 ml a esse cálculo. Adepta das águas coloridas e de sabores diversos, a médica nutricionista Sheila Mustafá alerta para o perigo da desidratação em meses muito quentes. “Eu faço isso no consultório, deixo a água com diversos sabores. Torna-se até um diferencial agradável para receber visitas. É preciso que as pessoas fiquem mais sugestionadas ao consumo da água”, aconselha. A distribuição dessa água no organismo, conforme as recomendações da nutricionista, deve ser feita longe das grandes refeições. A cada 40 minutos, um copo de água de 150 ml deve ser ingerido. Esse distanciamento, explica Sheila, se dá para que não haja uma sensação pesada após o consumo de alimentos, especialmente no verão. Mas as dicas de como sobreviver ao verão amazônico com saúde não param por aí. Além da ingestão de líquidos, o hábito de comer frutas leves e alimentos coloridos também é essencial. Que tal trocar o abacate por alguns morangos? Não que seja necessário eliminar o abacate da dieta, especialmente porque o fruto ajuda a queimar gordura se consumido sem exageros, embora o morango seja mais leve. “Nós podemos consumir de cinco a seis frutas por dia. Não devo comer um pé de abacate, que é saudável, porém calórico. Mas posso substituir por outras frutas mais lights”, sugere. Outra grande amiga da hidratação do organismo e, consequentemente, da pele, é a água de coco, que recupera nutrientes e sais minerais do corpo.

Poder do açaí Abundante na região amazônica, o açaí pode ser uma alternativa de alimentação saudável. Mas, atenção: o açaí puro, sem o xarope de guaraná, por exemplo, pode causar sensação de peso. Uma dica é tomar açaí com morango e água de coco. Além de ficar uma delícia, essa mistura é rica em ômega três, que recupera a membrana da pele e a mantém hidratada. Embora deliciosos e refrescantes, os sucos, se tomados em exagero, podem causar ganho de peso. “Suco é bom, mas é preciso ter cuidado com os mais calóricos para não engordar”, alerta.

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Qualquer suco deve ser batido no liquidificador e não há necessidade de coar. Suco vermelho • 1 xícara de frutas vermelhas (morangos, mirtilo, framboesa) com 150 ml de água de coco Suco amarelo • Suco de maracujá (preparado com a própria fruta) batido com uma fina fatia de limão e uma folha pequena de couve manteiga Suco verde • Suco de limão com couve manteiga

Quanto mais colorido melhor No período do verão, a dica é esquecer as saladas com alguns ingredientes mais pesados, como cenoura e batata. Juntas, e consumidas com arroz, farinha e feijão, por exemplo, elas podem causar a sensação de muito cansaço, principalmente quando há exposição ao sol. É preciso balancear os ingredientes considerando o prato principal. Outra ideia é criar saladas mais leves, em um mix de folhas com frutas. “Pode-se escolher dois tipos de folha verde, alface com rúcula ou agrião e acrescentar maçã verde ou vermelha. Outra alternativa é fazer saladas refrescantes, com frutas como o abacaxi”, sugere Sheila. Confira algumas dicas repassadas pela nutricionista Sheila Mustafá.

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Salada chique • Ingredientes: uma cenoura / um bulbo de erva-doce / folhas de alface romana inteiras / folhas de endívia / uma colher de sopa de óleo de oliva extra-virgem / um limão siciliano / sal e pimenta-do-reino moída na hora / um punhado pequeno de dill (endro) fresco. Preparo: pique a alface, a endívia. Descasque, apare e pique a cenoura, o funcho (as folhinhas também) e os rabanetes. Coloque tudo no centro da tábua e continue a picar, misturando todos os ingredientes. Misture tudo para que fique envolvido pelo tempero e polvilhe um pouco de dill picado. Salada de raízes e rúcula • Ingredientes: algumas cenouras / um maço de minirrúcula / alface americana / meia xícara de chá de pecãs ou nozes torradas. Misture todos os ingredientes e sirva. Temperar com pouco azeite, sal e limão.


Desidratação da pele Em tempos de muito calor, é normal que se tome mais banho e, com isso, a pele acaba ficando desidratada. Para amenizar o desgaste cutâneo, a especialista dá algumas dicas. Com imaginação, é possível fazer sucos alternativos, bater folhinha verde com maçã ou pêra, e água de coco. Ou quem sabe suco de maracujá com folhinha de couve. O importante, diz Sheila, é usar a criatividade para repor o líquido no corpo e manter a pele com os nutrientes necessários. Além dos cuidados com a limentação, o protetor solar não pode ser esquecido jamais. Diferentemente do que se imagina, o fator de proteção é o que menos importa. O que fará realmente a diferença é a reaplicação do produto de duas em duas horas. A partir do fator 15, segundo a dermatologista Montaha Jurdi Jasserand, a pele já está protegida. Ela explica que, em lugares que estão sob radiações permanentes o ano inteiro, como em Manaus, é importante atentar para os produtos que contêm proteção contra os raios UVA e UVB. “Temos inúmeros no mercado. E precisamos nos proteger seriamente, já que os

danos são variados. Vão desde queimaduras até câncer de pele”, alerta Montaha. Além de todos os males causados pela exposição desprotegida, vale destacar que o sol é o grande vilão do envelhecimento cutâneo. Estudos mostram que usar o protetor devidamente pode dar à pele uma expressão dez anos mais jovem. Dados recentes da Sociedade Brasileira de Dermatologia apontam uma redução de até 85% no índice de câncer de pele, quando se tem o cuidado de usar protetor solar continuamente até os 18 anos de idade. “Não existe mais desculpa para deixar de usar. Tem um protetor indicado para cada tipo de pele. Para as mais oleosas têm os de rápida absorção. Até quem gosta de usar base como maquiagem pode optar pelas que contêm proteção. São confiáveis”, aconselha. A especialista sugere que, além de todos os cuidados externos e com a alimentação, todos os recursos devem ser utilizados na proteção. Inclusive acessórios, como chapéus, óculos escuros com proteção contra os raios ultravioleta e sombrinhas, entre outros.

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Amazônia saudável O tipo de alimentação está diretamente relacionado ao processo de envelhecimento saudável, independentemente da temperatura de uma região. No caso específico da Amazônia, especialmente de Manaus, é preciso ter cuidados redobrados. É o que alerta o médico Euler Ribeiro, geriatra e especialista em longevidade. “Tivemos temperaturas muito altas neste verão e com umidade muito baixa. Chegamos a 18%, quando o normal é 90%. Nestes casos, a ingestão de líquidos deve ser pelo menos 10 ml a mais”, sugere o especialista. Diferentemente do que se acredita pelo senso comum, as carnes vermelhas não devem ser excluídas completamente, por terem o ferro que o peixe não tem, apesar de ser a alimentação mais aconselhada em tempos de calor. “Deve-se evitar carne vermelha, mas não excluí-la. O correto é retirar as gorduras visíveis e evitar ao máximo as frituras. Gordura é mais saturada na carne fria e os alimentos devem estar aquecidos no momento do consumo”, aconselha. Os sucos naturais, diz o geriatra, são superindicados para a temporada de calor. Mas, atenção: usar sempre o açúcar natural das frutas. Manga, melão, abacaxi, melancia, laranja, cupuaçu e graviola são frutos fáceis de encontrar na região. “É cultural esse hábito de adoçar os sucos, mas não é saudável”, afirma.

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A graviola, por exemplo, tem um princípio básico quimioterápico, anticancerígeno. “Recomendo duas vezes por semana o suco da graviola. Outra dica que sempre repasso é consumir todos os dias uma colher rasa de guaraná em pó, que estimula o sistema nervoso central, além de ser também anticancerígeno”. Uma castanha-da-amazônia por dia e o fruto do açaí também são altamente benéficos à saúde, conforme o especialista. Mas, o açaí, afirma, não deve ser consumido com frequência no verão, por ser muito calórico. A castanha corresponde a um bife de 150 gramas. Já o pão francês pode ser substituído por uma tapioca, sem culpas. Além de ser mais leve, a iguaria regional é mais saudável, recomenda Ribeiro.


LANÇAMENTO NOVA COR LE CREUSET

www.lecreuset.com.br 129


LETRAS

Por Wilson Nogueira Fotos Ricardo Oliveira

Quando o poeta é a própria poesia

O

s vestígios do poeta se eternizam em palavras que espalham aromas, cores, sabores, sons e texturas de uma experiência singular. Assim, pode-se compreender o poeta como um ser que potencializa a reflexão da vivência pela arte de viver, porque suas palavras – descobertas em profunda prospecção – são lapidadas e tecidas para dar sentido à existência não só como ela é, mas, sobretudo, como ela poderia vir a ser. Mas é preciso reconhecer que essas linhas, ainda que bem traçadas, não definem o poeta por inteiro: esse ser que faz da palavra nau que viaja por mundos impossíveis. Luiz Bacellar é um desses poetas cuja produção dificulta o trabalho dos que se ocupam da rotulação da criação poética para fins de confinamento em alguma noção ou conceito literário. Sua obra é conhecida e reconhecida desde muito cedo. Em 1959, ele ganhou o Prêmio Olavo Bilac, da Prefeitura do Rio de Janeiro, com o livro “Frauta de barro”, publicado em 1963. A comissão julgadora do prêmio estava formada por Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e José Paulo Moreira da Fonseca. “Bacellar é a poesia do seu próprio poema”, define-o o coordenador editorial do Grupo Valer, TenórioTelles, que reconhece Bacellar com um dos maiores poetas do Brasil contemporâneo. Para Tenório, Bacellar é, também, uma figura humana exemplar e necessária à compreensão da vida como uma obra de arte. “Bacellar vive para a poesia; é da poesia que ele alimenta a sua alma criadora”, explica. Tenório, também professor de literatura brasileira, abre o coração para falar sobre alguém que, antes de tê-lo amigo, é o poeta admirado por sua geração. “Bacellar é um criador versátil que surpreende o leitor pela beleza e pela reflexão, seja a sua obra um rondel

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ou um haicai”, acentua. Há entre o editor e o poeta uma amizade que amadurece com o passar dos dias e dos anos. Por dever de ofício de ambos, a convivência tem seus momentos de tensão, mas logo superados pelo diálogo edificante. “Imaginem a minha reação quando Bacellar quer fazer alterações em seus poemas que os considero clássicos? Imaginem como ele reage?” Isso mesmo: Bacellar é crítico rigoroso e revisor incansável da sua própria obra. O editor atesta que Bacellar é um poeta que evoca em seus versos os sentidos e os sinais contidos nas pequenas metáforas da vida, porque se trata de um artista atento às coisas simples da existência. “No centro da grama/Seca da campina/O girassol resiste”, diz o haicai de Bacellar, mencionado por Tenório como a imagem de um momento de extrema beleza. A vida do poeta se enche de novos ares nessa incessante observação do movimento do mundo real e imaginário. Bacellar mora no centro de Manaus e mantém hábitos pouco surpreendentes. Faz o desjejum em alguma cafeteria do Centro, passa no banco para conversar com amigos e ler os jornais do dia, depois segue para a Livraria Valer, na rua Ramos Ferreira, onde garimpa suas pedras preciosas. O almoço é feito na companhia de amigos ou de parentes. À tarde, depois da sesta, o poeta vai ao cinema em um dos shoppings da cidade – e antes ou depois da sessão entregase à atividade de caçador de bons livros. “É nessa movimentação diária que Bacellar captura a matéria-prima da sua obra, que é permeada pela pulsação dos seres humanos e da natureza. Um gesto, um evento, um dístico ou mesmo um objeto impregnado no olhar comum dos passantes se transforma num diamante polido pela imaginação de Bacellar, porque ele não é só mais um


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Obras A aranha rendeira vai de um ponto a outro ponto retecendo o orvalho

• Frauta de barro (1963) • Quatro movimentos (1963) • Sol de feira (1973) • O Crisântemo de cem petálas

Coautoria com Roberto Evange - Haicais (1995) lista

No centro da grama seca da campina o girassol resiste.

passante: ele é um poeta!”, ensina Tenório, que revelou a quase rotina do escritor. Na arte da composição de rondós, o doutor em sociologia Renan Freitas Pinto iguala Bacellar, na apresentação da sexta edição do “Sol de feira” (Editora Valer), aos notáveis Manuel Botelho de Oliveira, Alexandre Gusmão (16951753) e Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784). “Após quase três séculos, um poeta do Amazonas se empenha no cultivo de um pomar em parte já desvendado, mas que em algum lugar guarda surpresa de frutos nunca antes cantados. Pessoalmente vejo nesse livro um grande benefício a um gosto quase perdido ao nostálgico saborear dos frutos que vão desaparecendo um a um. Tecnicamente, e também de certa forma em seu tema, o livro poderia ser comparado aos pomulários góticos da França”, escreve Renan. “Frauta de barro”, o livro da estreia de Bacellar, em 1963, acaba de ter sua nona edição. Essa obra, bem recepcionada por Carlos Drummond de Andrade, a essa altura dispensa apresentação. Mas da criatura cuida o criador como se ela estivesse a vir à luz. O próprio poeta abrigou os exemplares em capa dura ao alcance da vista para imprimir um a um, em alto relevo, o seu brasão anelar de Visconde de Monte Alegre. A edição especial de “Frauta de barro”, que traz na capa o fac-símille da imagem da primeira edição, tornou-se relíquia no nascedouro, para a felicidade e deleite dos leitores do presente e do futuro. Tainá Vieira, 23, estudante de letras do Centro Universitário do Norte, é leitora contumaz das obras de Bacellar. “Em minha opinião, Bacellar é o maior poeta da literatura amazonense”. Ela se revela admiradora do poeta, mas explica que não se trata de uma estima gratuita. “Já analisei os rondós da jaca, do limão e da goiaba: eles revelam uma sen-

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• Quart teto - Obra reunida (19

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• Satori - haicais (20 02) • Borboletas de fogo (20 04) • Quatuor (20 05)

sualidade feminina ímpar. A poesia dele [Bacellar] é sempre uma composição diferente que passa ao largo da repetição ou da mesmice”, afirma. Na leitura de “Noturno do bairro dos tocos”, poema que se refere ao cotidiano do hoje bairro Aparecida, na área histórica de Manaus, Tainá revela que, por influência de uma menção ao “Canto nove”, pôde imergir no mundo de “Os lusíadas”, do poeta português Luiz Vaz de Camões (1524-1580). “Luiz Bacellar é o erudito que articula o local e o universal com maestria”, ressalta Tainá. O poeta e contista Rayder Coelho, 35, compreende que os poemas de Bacellar são apropriados para aguçar o interminável debate dos críticos literários acerca da primazia do talento ou da inspiração da arte poética. “Em “Satori”, há haicais que demonstram, a meu ver, que Bacellar já nasceu poeta. Ele é um haijin de mão cheia!”, entusiasma-se Rayder. Ele também compartilha da opinião de Tainá: “Bacellar é um poeta regional e universal ao mesmo tempo. Trata-se de uma distinção entre os poetas do Amazonas, a maioria ainda é filiada a um certo provincianismo estéril e caricaturado”, comenta. Para o jovem poeta, o autor de “Satori“ é dotado de inquestionável formação intelectual, mas, sem a sensibilidade que lhe aflora na pele, até que poderia ser poeta, mas não seria o poeta. Quem conhece Bacellar, percebe que seu jeito introspectivo nunca foi empecilho para uma boa conversa. Como diz Rayder: “Ele parece inacessível, mas só parece, porque os seus sentidos sempre estão em busca de diálogos abertos a temas variados. Eu já tenho meu jeito de me aproximar dele”, explica. É isso mesmo, e ele só está ausente neste texto porque se recupera de uma cirurgia na vesícula. Ausente em termos, uma vez que, como disse Tenório, “Bacellar é a poesia do seu próprio poema”.


Perfil Manaus, no dia 14 de Luiz Bacellar nasceu em anssou a sua infância no setembro de 1928. Pa ms, hoje Aparecida. Co tigo bairro dos Toco io lég Co no São Paulo, pletou seus estudos em e u-s ço Janeiro, aper fei São Bento. No Rio de tropologia e museolo em pesquisa social, an de Darcy Ribeiro. Exer gia, com a orientação e a ur rat lite professor de ceu magistério como II, Colégio Dom Pedro língua portuguesa, no do é um dos fundadores em Manaus. Bacellar liem 1954, movimento Clube da Madrugada, a. rd ua lítico de vang terário, ar tístico e po

Pé de meia só num galho sobre o igapó: ninho de japó Formigas na porta Carregam o corpo Da cigarra morta Haicais extraídos do livro “Satori”

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Por Maza Lopes

EVENTO

Doce lançamento

Alessandra Santiago

A Capital Rossi e a chocolatier Thalita Avelino provaram o poder de reunir o maior número possível de bacanas no espaço decorado do futuro Easy, o mais novo empreendimento da construtora que será erguido na rua Recife. Ah, teve sorteio de dois relógios Mont Blanc, regalo da Orium Joalheria, de David Benzecry, e a Thalita mostrou as novas delícias para rechear os paladares mais exigentes.

Virgínia Araujo, Cláudia, Thalita e Thaísa Avelino

David Benzecry e Pauderley Avelino

Milena Desterro, Ana Valéria Mattos e Irene Rezende Cleide Avelino entre Roger e Marlidice Perez

Ariela Castelo Branco

Soraya Vianez, Olívia Maranhão e Gë Castelo Branco

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Larissa Vieitas e Renata Braga

Gizella Bolognese, Ednéa Ribeiro e Angela Bastos

Dennis Benzecry


Versão 2011 Como já é tradicional a balada show que Neibe e Mário Ricardo Gomes preparam para festejar o próprio e a filha Maitê, a versão 2011 aconteceu no salão de festas do Condomínio Saint Germain. De convidados, os bacanas de sempre, o bufê também bacana era do Le Lieu - diga-se Sídia Góes - e o som de DJ animou a pista da disco montada para os mais jovens se esbaldarem.

Derly, Maitê e Mário Gomes

João Paulo e Ana Tereza Marques

Luciana e Laercio Gonçalves

Regina Stein e Iolanda Oliveira Rafael Auler e Mayra e Beth Coelho

Aldenira e Hélio Lentz

Mariah, Neibe, Maitê e Mário Gomes

Ricardo e Vanessa Benzecry

Maércio e Sônia Souza

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Nobre prestígio

Selma Reis e Daniel Levi

A querida Selma Holanda Reis mostrou a força do prestígio que possui nos espaços do salão de festas do Condomínio Alphaville. Toda Manaus que importa para a Selma se fez presente e pôde degustar o menu sensacional do Empório dos Reis.

José Mendes e Dunia

Cláudia David e Ana Gurgacz Valdenice Garcia e Cristiane Topdjian Yara Chaves Raman

Sídia Góes

Alex Deneriaz e Ana Cláudia Moura

Ediméia Cavalcante

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Zélia Peixoto e Jéssica Tayah

Renata Sabbá

Érika Leão

Circe Batista


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IMAGEM

“Tenha felicidade bastante para fazê-la doce”

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Foto Ricardo Oliveira

Clarice Linspector • Do poema ‘O Sonho’


DAS NOSSAS SERINGUEIRAS EXTRAÍMOS NOVAS OPORTUNIDADES.

Muita gente já descobriu. A borracha no Amazonas voltou a gerar boas oportunidades e começou a movimentar uma nova cadeia produtiva. O Governo do Estado aumentou em 30% o auxílio pago ao seringueiro, financiou mais uma usina de beneficiamento da borracha e incentivou a implantação de uma nova fábrica de pneus. Agora, do látex ao pneu, tudo é produzido dentro do Estado. E a cadeia se completa nas indústrias de motos e bicicletas do Polo Industrial de Manaus. É a borracha, mais uma vez, em um bom momento no Amazonas.

NOVA CADEIA PRODUTIVA SERINGUEIRO

POLO INDUSTRIAL

O seringueiro é o ponto de partida da nova cadeia produtiva: é ele quem extrai o látex na floresta. Por cada quilo extraído, o seringueiro, que antes recebia R$ 0,70, passou a receber R$ 1,00 de subvenção do Governo do Amazonas a partir da safra 2011-2012.

A produção da fábrica de pneus abastece as indústrias de motos e bicicletas do Polo Industrial de Manaus.

FÁBRICA DE PNEUS Da usina de beneficiamento, o látex chega em forma de matéria-prima à fábrica de pneus, implantada com incentivo do Estado. Quando estiver em pleno funcionamento, a quantidade de borracha consumida pela fábrica será 5 vezes maior do que toda a produção atual do Amazonas.

USINA DE BENEFICIAMENTO O látex é vendido pelo seringueiro para a usina de beneficiamento de borracha, que foi financiada pelo Governo do Estado.


TALENTO E NATUREZA: O ARTESANATO AMAZONENSE GANHA MERCADO INTERNACIONAL

O artesanato do Amazonas está fazendo sucesso no exterior. O Governo do Estado incentivou o associativismo, ofereceu cursos aos artesãos e divulgou o trabalho no mercado internacional. Resultado: só a rede de lojas El Corte Inglés, uma das maiores da Europa, encomendou quatro mil peças. São adornos, esculturas, utensílios. Tudo feito com materiais da floresta, sem agressão à natureza. Isso ajuda a vender lá fora. E a gerar emprego e renda aqui.

NAS VITRINES DA EUROPA

A rede de lojas El Corte Inglés já encomendou 4 mil peças.

MATÉRIA-PRIMA NATURAL E RENOVÁVEL São usados os mais diversos materiais: sementes, escamas e couro (peixe), cipó, piaçava e resíduos de madeira, entre outros.

BELEZA ÚNICA

Com matéria-prima da floresta são produzidos adornos, roupas, esculturas e utensílios.

CURSOS DE CAPACITAÇÃO

Os artistas recebem cursos de design, etiquetagem, valoração do preço e manejo sustentável dos recursos naturais.


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