Desenhos do Confinamento

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DESENHO, VERBO Junho 2020


ANA CLARA ABRAHÃO SANTANA CLARA LACOMA VISIBELLI CLARISSA MAGALHÃES GIRÃO ISABELA STEFANUTTO ARDITO MARIANA C. LANDELL BALBINO RAFAEL BRUNO MATIAS DE SOUZA SABRINA PEGORIN BRIER SOPHIA CAETANO DE FARIAS VIRGÍNIA RIGOTTI BRITO




Desenho, Verbo O que é um desenho? Para que fazer desenhos? Onde estou no meu desenho? Essas foram algumas das perguntas norteadoras no início de Desenho, Verbo, disciplina eletiva da área de Linguagens dedicada ao Desenho e oferecida para o Ensino Médio. No início, quando podíamos nos encontrar presencialmente, experimentamos práticas diferentes do ato desenhar. A ideia era fomentar mais perguntas através do próprio processo de desenhar. O desenho sendo pergunta e resposta para sondar o desenho como linguagem da qual nos apropriamos para pensar, para nos comunicar e para nos expressar.










Desenho em tempos de pandemia Diante da situação de quarentena, o que desenhar? Antes dela, estávamos começando uma pesquisa sobre o desenho de paisagem. Com a restrição da movimentação, que paisagem se insinua para cada um de nós? Assim, os primeiros desenhos foram paisagens do confinamento. Mas, à medida que os trabalhos foram sendo feitos, percebemos que o conceito de paisagem precisaria ser ampliado. A paisagem por vezes pode ser interna. A paisagem pode até se abstrair em linhas e massas, afastando-se de uma ideia naturalista de paisagem. E nesse percurso de expandir conceitos, chegamos ao autorretrato: quando a paisagem sou eu. Eu desenho, eu me olho. Olhar para mim e desenhar. E sair de mim e encontrar outros eus, fantasiosos, imaginados... Somados aos desenhos feitos, foram lidos textos que deflagraram das reflexões por escrito sobre o processo do desenho, as quais também compartilhamos por aqui.


ANA CLARA

“Desde a primeira aula até a última focamos muito em materiais para desenhar, então, minha visão era muito “ quadrada”, não costumava diversificar nos materiais, nas posições da mão durante o desenho, em como eu posicionava o caderno, etc. Todo esse processo, por mais que tenha sido em pouco tempo, me fez descobrir um estilo que tinha em mente mas não conseguia colocar no papel! “



CLARA “Percebi que tenho muita dificuldade em desenhar no caderno, por ele ser pequeno e não ter muito espaço, assim acabei optando que, durante a quarentena, usaria diferentes tipos de folha, mas todas maiores que as do caderno usado em aula.”


“Felicidade em tempos de isolamento é uma coisa difícil de se sentir. São duas palavras opostas e que felizmente acabaram se encontrando, por um tempo curto, mas se encontram”


“Saudade, sentimento péssimo e enigmático É ouvir os áudios Ver as fotos Sentir um aperto no peito de lembrar daquele abraço forte do contato”



CLARISSA

“Um exercício que me interessou e me fez ter vontade de repetir outras vezes, em um desenho mais livre, foi o da gradação de tonalidades. Acho que meu maior interesse veio do uso de diferentes lápis (que é algo de que gosto muito de experimentar e de ver onde me leva) e também da forma de deslizar os lápis pelo papel. Ora mais forte e outras mais fracamente para encontrar o efeito.”


“(...) me peguei fazendo um desenho de forma muito dedicada no meio de uma resolução de atividades de outra matéria”


“Eu escolhi experimentar um pouco com maquiagem básica e lápis aquarela. Tentei colocar as cores certas enquanto ia fazendo isso para combinar o flash e esse “filtro” que quis usar!”



ISABELA

“O desenho é feito, como o próprio Grassman (MENEZES, 2010) disse, por uma vontade. Minha vontade vem momentaneamente, mas acho importante às vezes parar um tempo para deixar que essa vontade venha.”


“Acredito que esteja mais observadora, que esteja prestando mais atenção em alguns detalhes em que não prestava e acredito que esses possam me ajudar como inspirações para desenhar, ou até mesmo como estímulo para aprimorar minhas técnicas de desenho e arte.”


“Estou conseguindo conhecer jeitos diferentes de me expressar através do desenho, assim, ampliando meu conhecimento e me desafiando por formas que eu não conhecia. Consigo criar e explorar meu traço, que é único.”




MARIANA “Está cada vez mais difícil achar alguma paisagem que me dê vontade de desenhar. Outro dia, estava sentada na janela e comecei a olhar para alguns prédios em que nunca tinha prestado muita atenção, mas o resultado não me agradou muito. Tenho tentado achar formas alternativas de desenhar. Tentei rabiscar com caneta de lousa na janela do meu quarto e no espelho, o que foi muito divertido. Sinto que quando consigo realizar o que me vem na cabeça sem precisar me forçar ou tentar controlar muito a situação, isso acaba servindo como uma forma de escape. Um escape físico mesmo, sinto como se meu corpo não estivesse mais trancado em casa. Estou fazendo algo novo em um lugar desconhecido. É um sentimento muito bom.”






RAFAEL





SABRINA

“Tenho esse jeito mais perfeccionista no meu modo de viver (o que às vezes pode não ser bom, assim como pode) que eu levo para os meus desenhos, e ter de refazer a mesma ideia me confunde na hora de desenhar porque eu acho “mais correto” na minha cabeça existir uma única combinação de traços para uma mesma ideia de desenho.”





SOPHIA



VIRGÍNIA “Comecei a desenhar muito mais depois do início na disciplina, percebo que nunca consigo partir com uma ideia já pronta para desenhar. Quando penso no que vou desenhar, sai totalmente diferente no papel. Com a disciplina, percebi que posso apenas desenhar sem ter algo a planejar, apenas com os recursos de memória, e aos poucos ir formando um desenho.”


“(...) percebo mudança na caligrafia do desenho quando mudo o tamanho do papel bruscamente”


“Neste período de quarentena comecei a desenhar mais, e ando também planejando meu desenho pois tenho vontade de desenhar coisas específicas, porém, acontece que os desenhos planejados são muito frustrantes... prefiro a experimentação.”



REFERÊNCIAS DODSONn, B. Keys to Drawing. Cincinnati: North Light Books, 1985 FELDENKRAIS, M. O poder da autotransformação. A dinâmica do corpo e da mente. São Paulo: Summus Editorial. 1994 GOES, R. Autorretrato. Rio de Janeiro: Ed. 7 Letras, 2013 MENEZES, F. C. Uma história íntima do desenho.Sobre experiências de formação do desenho & dos desenhistas. Dissertação de Mestrado. UNESP, 2010. TIBURI, M.; CHUÍ F. . Diálogo|Desenho. São Paulo: ed. Senac, 2010. SHERMAN, C. The Complete Untitled Film Stills. New York: The Museum of Modern Art, 2003 INTERNET: CARRIE MAE WEEMS https://youtu.be/pPDInpNoO50 HENRI MATISSE https://www.moma.org/audio/playlist/6/302 MARCIUS GALANhttp://marciusgalan.com/pt-br/series/insulator/ SGAIRE WOODS https://youtu.be/L6XkzXj4oq8 TONY ORRICO https://tonyorrico.com/penwald-drawings/archive/ YASMIN FLORES https://www.yasmimflores.com/projects/6305545


DESENHO, VERBO Disciplina Eletiva / Ensino Médio/ Colégio Oswald de Andrade Professora: Mirla Fernandes Coordenação de Área: Vivian Gusmão Coordenação Pedagógica: Laura Meloni Nassar e Tarso de Miranda Loureiro


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