Revista Aliança de Misericórdia Fev/Mar 2018

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Fevereiro/ Marรงo 2018 - nยบ 181 - ano XVI

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O Movimento Eclesial Aliança de Misericórdia é uma Associação Privada de Fiéis, com sede na Arquidiocese de São Paulo, cuja identidade se encontra em sua Palavra de Vida “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres...” (Is 61, 1-2 e Lc 4, 18-19). O Movimento está presente em mais de 40 cidades do Brasil e outros 7 países (Bélgica, Itália, Polônia, Venezuela, Portugal, República Dominicana e Moçambique), através da adesão dos membros a um dos Elos de pertença.

Oceano de Misericórdia

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Voz da Igreja

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Revolução da Ternura

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Toque de Misericórdia

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Evangelizar para Transformar

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Palavra do Mês

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No âmbito religioso a Aliança de Misericórdia acolhe e une as forças de homens e mulheres, celibatários e casados, leigos e clérigos, que, de várias formas e níveis, chamados por Deus, tornam-se “filhos da misericórdia” para evangelizar as ovelhas perdidas (cf. Lc 15, 4-7), confiantes na potência do Espírito Santo, realizando todas as obras de Misericórdia que as próprias forças permitirem. Unido aos trabalhos de evangelização, o Movimento realiza diversas obras sociais junto à população carente das periferias e  r u a s ,  c onju ga ndo  h a r mon io s a ment e evangelização e caridade como faces de uma só moeda, e sendo reconhecida juridicamente como entidade de utilidade pública em âmbito municipal, estadual e federal.

Caná - Famílas para Deus

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Espaço Jovem - Geração Acordi

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Aventuras no Paraíso

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Mensagem

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Saiba mais em nosso site: www.misericordia.com.br

ASSOCIAÇÃO ALIANÇA DE MISERICÓRDIA CONTRIBUA AJUDANDO-NOS A RESGATAR VIDAS!

Associação Aliança de Misericórdia CNPJ: 04.186.468/0001-73 AG. 0036 | C/C 64921-8 AG. 3137-2 | C/C 40596-5 AG. 3372 | C/C 130007013 AG. 2815-0 | C/C 16013-X

Fundadores: Pe. Antonello Cadeddu e Pe. João Henrique Presidência: Pe. Custódio, Mary de Calcutá e Pe. Evandro Coordenação de Comunicação: Guilherme Augusto e Bruno Martins Editora: Jaqueline Sampaio Diagramação: Bianca Sousa e Fabiana Mendes Foto Capa : Ismael Martínez Sánchez Fotolito e Impressão: Lumengraf Tiragem: 7.000 exemplares - Periodicidade Bimestral Endereço: R. Avanhandava , 616 - Bela Vista - 01306-000 São Paulo/SP Tel - fax: (11) 3120-9191 E-mail: revista@misericordia.com.br


Oceano de Misericórdia

Especial Arco-íris de Misericórdia

Artistas Danúbia do Menino Jesus Missionária da Comunidade de Vida

A nossa missão irradia os raios da Divina Misericórdia como um arcoíris da Nova Aliança de Deus. Da mesma forma que a luz se decompõe nas diversificadas cores do Arco-Íris, sinal da Nova Aliança da Misericórdia de Deus entre o céu e a Terra (cf. Gn 9, 8-17), assim Seu amor reluz nas diferentes obras de Misericórdia, materiais e espirituais, que somos chamados a realizar pela diversidade dos carismas (cf. IPd 4, 7-11; ICor 12, 4-11) com que o Espírito Santo nos capacita. Durante os primeiros anos de Movimento, o Senhor nos confirmou o sentido das cores do arcoÍris. A criatividade do Amor no nosso carisma deve ser expressa nas várias modalidades da nossa entrega e do nosso anúncio.

dança, pintura, escultura e artesanato – o Amor e a Misericórdia de Deus, tentando “imitar” a beleza d´Ele. A arte é um grande meio de evangelização para anunciar o que Deus espera de nós: fazer com que a beleza viva no meio de Seu povo.

Nesta edição da Revista vamos falar sobre os Artistas da Misericórdia, que são chamados a manifestar a Misericórdia de Deus através da cor Laranja.

Em meio a um mundo tão dominado pelo consumismo exagerado e pelo valorizar apenas do externo e passageiro, o belo que somos chamados a expressar, ultrapassa esses parâmetros e chega ao mais profundo do coração do homem para transformá-lo em ser humano segundo o coração de Deus.

“Deus disse: que as águas que estão sob o céu se reúnam num só lugar…e Deus viu que isso era bom” (Gn 1,9-10). Esta cor tão alegre e vibrante foi a escolhida para representar os artistas, porque assim como ela mesmo expressa, a Arte é fonte inesgotável de vida e torna qualquer ambiente e coração, revigorado e envolvido.

“A criatividade do amor nos leve a ‘inventar’ continuamente, movidos pelo Espírito Santo, com maior ardor, novos caminhos para alcançar a todos”. (Carta Testamento dos Fundadores)

Por seis vezes a Palavra de Deus nos fala, no livro do Gênesis: “e Deus viu que isso era bom”, para expressar as maravilhas que Ele fez para o homem. Tudo na natureza tornou-se uma arte perene do dedo de Deus, o Artista dos artistas fez tudo bom, belo, maravilhoso, esplendoroso a Seus olhos, e nós não podemos deixar de admirar a arte d’Ele e Sua perfeição. O Artista dos artistas deu ao homem o anseio de ser artista para louvá-Lo. Os Artistas da Misericórdia expressam nas artes – música, teatro, poesia,

Ser Artista da Misericórdia é ultrapassar os limites do palco, luz, aplausos e multidões e ir além. É entrar com humildade em todos os lugares onde há ovelhas que precisam ser cuidadas e resgatadas. “Os Artistas da Misericórdia se comprometem, por meio da arte a revelar ao mundo a beleza, a harmonia e a ternura do coração de Deus.” (cf. Estatuto Aliança de Misericórdia, n.18)

“Vivendo e agindo é que o homem estabelece a sua relação com o ser, a verdade e o bem. O artista vive numa relação peculiar com a beleza. Podese dizer, com profunda verdade, que a beleza é a vocação a que o Criador o chamou com o dom do “talento artístico”. E também este é, certamente, um talento que, na linha da parábola evangélica dos talentos (cf. Mt 25, 1430), se deve pôr a render.

Na busca constante de “Evangelizar para transformar” os Artistas da Misericórdia tem esse papel de no mundo ser a voz mais atraente entre tantas vozes que levam a uma escolha pelo que passa e que conduz a morte. Nossa música, dança, teatro e demais artes devem ser a ponta de lança que, com seu formato e expressões plenamente puras, chegam onde outros meios não podem chegar, de fato, convencendo que a beleza de Deus é a que realmente almejamos. Em nosso Movimento esse “divino” contido em nossas expressões se mistura com a realidade e cotidiano do qual todos têm acesso e não podem deixar de se identificar. Partimos das realidades sociais mais vulneráveis até as de cunho mais elevado com o objetivo de que, de alguma forma, possam ver-se em meio aos personagens do enredo e assim se reencontre com seu perfeito Criador e consigo mesmas. Essa experiência é vivida de forma muito concreta através de nossas evangelizações aos mais distantes da Boa Nova da Salvação, por isso nos colocamos em particular entre os excluídos, moradores de rua, adolescentes da Fundação CASA (antiga Febem), presos, drogados, garotos (as) de programa, jovens distantes de Deus, para assim colhermos almas para seu Reino como fruto de nosso chamado e nossa missão.

Tocamos aqui um ponto essencial. Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha divina que é a vocação artística — de poeta, escritor, pintor, escultor, arquiteto, músico, ator... —, adverte ao mesmo tempo a obrigação de não desperdiçar este talento, mas de o desenvolver para colocá-lo ao serviço do próximo e de toda a humanidade”. ( São João Paulo II, Carta aos Artistas n.3)

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Voz da Igreja

Revolução da Ternura

Preparando-se espiritualmente para o casamento “Então Tobias levantou-se do leito e disse a Sara: “Levanta-te, minha irmã”! Oremos a nosso Senhor para que tenha compaixão de nós e nos salve” (Tobias 8,4 ss)

Como viver bem a Semana Santa? A Semana Santa e o Tríduo Pascal nos ajudam a vivenciar aquele que é o ápice da nossa fé: a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. E para bem vivenciarmos este momento, existe uma preparação específica: a quaresma, tempo de penitência, meditação e recolhimento. A quaresma é um grande retiro pregado pelo próprio Jesus para que o nosso coração, assemelhando-se ao d’Ele, esteja pronto para a intensa vivência de cada um dos dias da Semana Santa.

SOBRE A ESMOLA, que nos remete à caridade e o amor em obras, diz o Senhor: “quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti” (cf. Mt. 6,2). Fazer o bem sem olhar a quem, é princípio desse tempo, colocando-se assim no molde do Cristo que, estando na Cruz, perdoou e inaugurou o Paraíso para e com um ladrão, a quem hoje chamamos de Dimas.

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SOBRE A ORAÇÃO, Jesus diz: “quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa” (cf. Mt 6, 6). Rezar é ligar-se a Deus. Ninguém vence o deserto se não for íntimo de Deus e mais do que isso: quem não reza não passa da cruz à vida, ou seja, não vive a Páscoa do Cristo.

QUANTO AO JEJUM, o Evangelho nos lembra: “quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto” (cf. Mt 6, 17-18). Jejuar nos ajuda no autocontrole. Quem tem domínio sobre si, vence com Cristo, tentações em todas as áreas da vida, em especial na afetividade e sexualidade. Como disse

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Robson Landim Jornalista e Colaborador da Aliança de Misericórdia

o próprio Jesus em outra ocasião, “há demônios que só são expulsos com oração e jejum” (Mt 17,21). Aquele que controla suas emoções e atitudes, mais facilmente se encontrará com o Cristo. Depois desse pequeno itinerário da quaresma, para bem celebrarmos a Semana Santa, basta participarmos de forma digna e de coração aberto das celebrações propostas: o Domingo de Ramos, a Quintafeira do Lava-Pés, a Sexta-Feira da Paixão, o Sábado Santo e o Domingo da Ressurreição. Além disso, vale ressaltar a importância da CONFISSÃO SACRAMENTAL, visto que a Igreja nos ensina que devemos nos confessar ao menos uma vez por ano (não apenas uma vez) pela Páscoa da Ressurreição. Vivenciar não é apenas participar, mas deixar-se tocar pelo mistério de cada uma das celebrações, seguindo assim os passos do próprio Cristo que entra glorioso em Jerusalém, carrega a pesada cruz, que é crucificado entre os ladrões, mas que ressuscita, vencendo a morte de uma vez por todas.

Então escrevi todas as lembranças que vinham na minha mente, coloquei ali tudo o que poderia causar danos ao meu casamento e assim meu noivo também o fez. Quando terminamos, nos foi pedido para trocar os papéis. Confesso que tremi, porque tinha algumas coisas das quais ainda sentia vergonha. Assim fizemos e lemos a folha um do outro.

Quando um casal de noivos marca a data do seu casamento, a primeira coisa que deveriam pensar, além da Igreja, padrinhos... é reservar um dia ou final de semana para rezarem e fazer um retiro espiritual. O período de preparação para o casamento exige muito dos noivos, mas muitos se perdem na busca pela perfeição da festa e da cerimônia, tantos detalhes e coisas para fazer que não dedicam tempo para rezarem juntos.

Após esse momento, ficamos a sós na presença de Jesus, não houve críticas e nem remorsos, perdoamo-nos, confirmamos nosso amor e decidimos seguir em frente no chamado de ser família.

Como seria lindo se os casais de noivos se retirassem alguns dias antes do matrimônio para rezarem e ouvirem a Deus. Esse é um gesto de abandono, no outro e em Deus, confiar que Ele cuida de tudo.

Essa dinâmica era para que pudéssemos chegar ao altar sem nenhum segredo com o outro e deixar ali, diante do sacrário, todo o passado para iniciarmos uma nova vida juntos.

Uma semana antes do meu casamento, Ricardo e eu tivemos a coragem de deixar tudo e irmos para um retiro com a nossa Comunidade de Vida. Mas exatamente no sábado que antecedia a data, mais uma vez paramos para fazer um retiro espiritual, conduzido por outro casal da Aliança. Era de manhã e passamos meio dia dentro de uma capela num eremitério. Rezamos, partilhamos e fizemos a celebração da Palavra.

Quando terminamos, a sensação foi de liberdade e de experimentar a misericórdia de Deus em nossas vidas! Esse momento fez a diferença no dia do nosso casamento, estávamos leves, puros e prontos para assumirmos o matrimônio. Outra coisa especial foi a oportunidade de nos confessarmos antes da cerimônia, eu ali dentro do carro vestida de noiva me confessando, realmente estávamos fazendo a experiência da misericórdia de Deus em nossas vidas!

O momento mais especial para nós foi o ato penitencial, nos foi pedido para escrevermos numa folha individualmente os atos que tivemos no passado e no namoro, que pudessem prejudicar nosso matrimônio no futuro.

Patrícia Elias Viola Jornalista e Missionária da Comunidade de Vida

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Toque de Misericórdia

Antes mesmo de viajar, sabíamos que seria realizada uma festa de Natal para as crianças, por isso antes de irmos conseguimos doações de doces para fazermos lembrancinhas. No dia da entrega, pudemos confirmar quanto Deus é grandioso; a princípio fizemos um total de 110 saquinhos, posteriormente aumentamos pra 130. Ao distribuirmos, a missionária Ana soltava as crianças de 1 em 1 da sala de atividades e eu e o Walter distribuíamos os saquinhos. Quando estavam acabando, perguntei quantas crianças ainda haviam, ela respondeu “18” e me perguntou quantas lembrancinhas ainda tinham, contei e me arrepiei, pois existiam exatamente 18 saquinhos. Ali vi o cuidado que Deus tem com cada um de nós.

Descobri que Deus está presente no sorriso de cada um de nós! No final de 2017 eu e meu namorado Walter, ambos com 23 anos, vivemos a experiência de conhecer a Fraternidade Nossa Senhora de Fátima, nova missão da Aliança de Misericórdia em Maputo, capital de Moçambique, na África. Quando chegamos, estava sendo realizado o primeiro Encontro Thalita Kum na África. Depois de uma longa viagem , o plano era descansar, no entanto, chegamos em um momento do encontro que precisavam de ajuda com os jovens. Não pensamos duas vezes e fomos. Foi a primeira ação naqueles 10 dias que viriam; senti-me angustiada por aqueles jovens que choravam tanto, via sofrimento naquelas lágrimas que me apertavam o peito, mas ao mesmo tempo, um conforto no abraço forte que dava em cada um deles. Estava muito calor e muitos cheiravam forte, mas a única coisa que eu queria era ficar estática naqueles abraços. No final do encontro, conheci duas meninas lindas, sorridentes, simpáticas e envergonhadas, Marcela e Margarida, de 15 e 14 anos respectivamente, que me falaram: “como seu cabelo é lindo, podemos trançar?”, e ficaram prendendo e soltando diversas vezes. Aquilo as estava deixando felizes. Ali comecei a enxergar como as coisas simples para aquelas pessoas eram motivo de sorrisos.

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Conhecemos o povoado próximo inteiro, entramos em uma casa simples, onde a Mamá não tinha os movimentos das pernas, então ficava o dia todo ali mesmo, sentada na esteira. Vi naquela mulher a necessidade de Deus para viver, ela não tinha nada aos meus olhos, mas aos olhos dela ela tinha tudo. Sorria a todo momento e não reclamava de nada, só pedia oração, só queria ter Deus em sua vida acima de qualquer circunstância. Fomos conhecer a Casa do Gaiato, que abriga 450 meninos, desde bebês até a maioridade. Uma bela estrutura com várias casas que dividem os meninos por faixa etária, hospital, escola, áreas de recreação e igreja. Conversando com o coordenador da escola que nos apresentou o local , percebemos que não se tratavam de crianças para adoção, mas sim casas lares, onde vivem apenas com seus coordenadores. Aquilo foi me corroendo internamente. Como seria possível pra uma criança entender o significado do amor sem uma família, pai ou mãe para amá-la intensamente? Queria ficar ali, abraçá-los e fazer com que se sentissem amados. Neste dia conheci o Paulo, um menino de 2 anos que me pediu colo e ficou agarrado no meu pescoço. Um dos monitores da casa pegou-o para lhe alimentar, no entanto, ele voltou correndo pela porta pedindo novamente

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meus braços. Pra mim era nítido que queria ficar comigo, aquele menino que tinha um olhar tão triste, mas que em meus braços parava de chorar. Me emocionei, pois acalmava aquela criança que tinha acabado de conhecer, e se isso aconteceu, era porque ele sentia segurança nos meus braços. Perguntei a minha mãe se poderia levá-lo comigo, meus pais disseram sim pela vontade, mas que não seria possível. Desde então, tenho o desejo de adotá-lo assim que possível. Aliás, aquele ser tão ingênuo e indefeso no meio daquelas pessoas que estavam presentes, procurou o meu colo e me escolheu, porque eu não o escolheria também? Deixei o Paulo e vim embora com o coração partido.

Em um dos dias realizamos evangelização de rua junto a um grupo que distribui sopa todos os dias para moradores de rua em três pontos da capital. Nos impressionamos com a compreensão daquelas pessoas, a cada ponto que parávamos, as pessoas já estavam em filas e existia um passo a passo, onde lavavam as mãos, depois pegavam a sopa e podiam repetir até três vezes. Quando acabavam, lavavam as cumbucas e colheres, entregavam e então recebiam uma fruta de sobremesa. Um trabalho incrível! Imagino que não seja fácil realizálo todos os dias, mas era visível a gratidão de cada morador de rua. No último ponto, um deles comeu quatro vezes, cada uma delas em menos de 5 minutos para não acabar a sopa. Ele nos falou que aquela era sua primeira refeição no dia, às 22h, e que se dependesse dele comprar comida, morreria de fome, pois era viciado em crack e

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que todo dinheiro que conseguia usava no vício; mencionou não ter mais solução, pois precisava ser internado e essa opção não existia. Aquele homem forte, comunicativo, expressivo, que tinha um futuro pela frente, estava se acabando no vício e eu me sentia impotente, pois não conseguiria mudar isso de uma hora pra outra e sabia que não estaria lá por tempo suficiente para ajudá-lo. Agora tenho em vista ajudar aquela fraternidade de todas as formas possíveis, pois sei que eles podem fazer mais por aquele homem. Durante a viagem também conhecemos a Vovó Laurinda, uma senhora com um vigor físico impressionante. Mesmo só tendo os movimentos do seu braço direito, corta lenha, lava roupa, faz comida. É claro, as condições da sua casa são extremamente de pobreza, mas mesmo assim ela só fez questão de nos encher de brilho, esperança e paz, querendo cantar, orar e sorrir. Essa viagem ficou marcada para sempre em nossas vidas! Lá passamos a enxergar que ainda temos tempo para corrigir os frutos negativos da nossa adolescência, e também agradecer, pois tivemos o privilégio de presenciar Deus puramente em nossos corações. Não adianta só reclamarmos, nos entristecermos, mas sim depositarmos em Deus todas nossas orações e sonhos para que possamos construir um mundo melhor para todos.

Phablícia Incerti

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Evangelizar para Transformar

Ao longo desses 18 anos, a Aliança de Misericórdia vem alcançando os jovens através desta evangelização e, impulsionados pelo Espírito Santo, hoje temos mais de 40 grupos espalhados pelo Brasil e exterior. O fascínio do TK é o fato de ser organizado e preparado inteiramente por jovens e de ser direcionado a jovens afastados da vida da Igreja ou que já se envolveram em maus caminhos. Podem participar do TK também jovens que têm uma caminhada de fé, mas, sobretudo para aprender um estilo de evangelização e fortalecer sua experiência. Quatro dimensões constituem os pilares do TK e estão ligadas diretamente às DGAE (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora). São elas:

Encontro Thalita Kum O Thalita Kum (TK) é uma Evangelização feita por jovens para jovens. Muitos jovens são vítimas do empobrecimento e da marginalização social, de uma educação que não responde às exigências de suas vidas, do tráfico, da prostituição, do alcoolismo, de abusos sexuais e do vazio interior e existencial. Muitos vivem ADORMECIDOS pela mídia e redes sociais e alienados por imposições culturais e pela cultura do imediato. Todo jovem traz em si uma sede por significado, e busca respostas para seus questionamentos.

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DIÁLOGO: O TK nasceu do diálogo com o mundo dos jovens mais afastados, mais envolvidos nos vícios e na malandragem. Neste ponto abordamos também uma dimensão ecumênica.

SERVIÇO: “Ninguém resiste ao amor”, este poderia ser o lema do TK. Do primeiro momento até o último, os jovens cursistas hão de se sentir amados incondicional e totalmente, sem julgamento nenhum. ANÚNCIO: “Evangelizar consiste essencialmente no anúncio de Jesus Cristo morto e ressuscitado, como a “Boa Nova” do Reino e sinal do amor salvífico de Deus para com o mundo”. (DGAE, doc. 61, nº 70). COMUNHÃO: Faz parte da natureza do TK “evangelizar em comunhão”, a experiência é proposta por uma equipe, ninguém sobressai a não ser a presença de Deus que opera potentemente. Este anúncio querigmático de um Deus que nos ama e nos salva é a base de todos os temas e o fio condutor da experiência, fazendo ecoar aos jovens que evangelizam as palavras de Dom Gil Antônio Moreira à Aliança de Misericórdia: “Evangelizar para transformar”. Essa é nossa missão! E tantos são os jovens que mudaram sua

história através da experiência de amor que viveram no TK. Me recordo de um jovem que chegou para fazer o TK muito drogado e portando arma de fogo. Durante todo o encontro ele se mostrou fechado para as experiências e desejava ir embora a todo momento, porém, acreditamos até o fim que sua hora iria chegar. No sábado à noite, após um momento de oração, ele me chamou até o alojamento e me entregou a arma dizendo que a partir daquele momento queria abandonar o crime e a vida que estava vivendo! Sua vida e história tomaram um outro rumo pela graça do amor que ele encontrou naquele final de semana. E assim tantos outros estão conhecendo a Deus por meio desta evangelização. E você que deseja viver também este encontro; entre em contato com a Aliança de Misericórdia e saiba qual o local mais próximo ou como levá-lo para sua cidade. Esperamos por você! Informações - (11) 97303-3424

Viviane Soares Missionária da Comunidade de Vida

Para atender a essa necessidade, o Encontro TK nasceu para “despertar”, os jovens a iniciarem uma caminhada, a viver e dar sequência ao projeto de Jesus que é o Reino de Deus! Para apresentar ao jovem o sentido de ser e existir, mostrando que sua vida aqui nesta terra é passageira e deve se tornar um trampolim para o céu. Através de palestras querigmáticas, dinâmicas, orações e muita animação o encontro visa proporcionar uma experiência forte com o amor de Deus, profunda conversão e impulsionar a missionariedade.

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Notícias

Notícias

VÍNCULOS EM MOÇAMBIQUE

ORDENAÇÃO SACERDOTAL No dia 25 de novembro, aconteceu na Catedral da Sé em São Paulo, a ordenação sacerdotal de 11 novos sacerdotes para a Arquidiocese de São Paulo. Dentre esses, dois fazem parte do Movimento da Aliança como missionários de vida; são eles os padres Jefferson Aparecido e Rodrigo Moraes Pereira.

Aconteceu no dia 10 de dezembro, a Missa com os primeiros vínculos do Movimento Aliança de Misericórdia em Moçambique. A Missa foi presidida pelo Pe. João Henrique e contou com a participação de várias pessoas da comunidade local e amigos do Movimento, tornando a festa ainda mais bela. Toda vez que se celebram as promessas ou vínculos é fato que Deus, através do Carisma, abraça aquele povo e manifesta a Sua face. No caso do nosso carisma, Deus mostra Seu rosto misericordioso. Esse é o desejo de cada membro do Movimento: ser expressão da Misericórdia de Deus.

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A Catedral estava repleta de amigos e parentes e o clima era de grande alegria. Na homilia, o cardeal Dom Odilo Pedro Schere, ressaltou a Festa de Cristo Rei que marca o final do ano litúrgico e convidou todos a renovarem as esperanças. Após a celebração, foi realizada uma recepção na Casa de Formação IES (Imaculada do Espírito Santo), que reuniu cerca de 500 pessoas. Damos glórias a Deus pelo sim de cada um!

MISSÃO THALITA KUM EM SP

O Natal dos Pobres aconteceu no dia 17/12 e é um evento dentro da Missão Thalita Kum. Neste ano, participaram a Aliança de Misericórdia, Toca de Assis, Fraternidade O Caminho, com o apoio do Vicariato do Povo de Rua. Foram 250 voluntários, que atenderam cerca de 1.400 pessoas. A festa, exclusiva para os “irmãos de rua”, tem o desejo de trazer dignidade para o Natal de cada um. Eles podem sentar numa mesa limpa, comer uma comida saborosa e serem servidos como os convidados especiais de uma grande festa.

Aconteceu entre os dias 16 e 21 de dezembro em São Paulo/SP, a Missão Thalita Kum com o tema “Ele está no meio de nós”. Aproximadamente 200 jovens anunciaram a Boa Nova por meio de várias evangelizações; música, dança, teatro e pregações. Estas atividades se concentraram em praças movimentadas do centro da cidade, como Patriarca e São Bento. Outros grupos dormiram nas ruas, visitaram penitenciárias, hospitais e até o transporte público pôde ouvir o Evangelho. A Missa de encerramento aconteceu na Igreja da Boa Morte e foi presidida pelo presidente da obra, Pe. Custódio. Os jovens contaram os testemunhos e voltaram para suas casas felizes por terem sido anunciadores da misericórdia do Senhor.

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NATAL DOS POBRES

MISSÃO THALITA KUM NA VENEZUELA

FESTA DA VIRADA

Entre os dias 16 e 21 de dezembro aconteceu na Venezuela a "Misión Thalita Kum", com o tema “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1). A missão contou com o apoio da Diocese de Ciudad Guayana, cidade onde está localizada a fraternidade da Aliança. As evangelizações aconteceram por meio da dança, teatro, tu a tu, pregações e missas diárias, além da presença de Jesus Eucarístico, que atraiu muitas pessoas durante esses dias.

A Missa foi celebrada pelo Arcebispo Cardel Dom Odilo Pedro Scherer e também estavam presentes Dom Eduardo, Pe. Júlio Lancellotti, Pe. Custódio, Pe. Evandro e Pe. Helmo Cura, auxiliar da Catedral da Sé. Foi um momento muito bonito de comunhão entre as Comunidades e um ato profético de unidade dos diversos carismas e expressões que existem na Igreja. Mesmo com toda dificuldade, muitos jovens e casais se disponibilizaram para anunciar o nascimento do Menino Jesus. A Missão terminou como um grande desafio superado por todos, e a recompensa veio através das pessoas que se aproximaram para testemunhar, e, principalmente agradecer por tudo aquilo que a Missão Thalita Kum estava proporcionando para o povo venezuelano.

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No último dia do ano de 2017, aproximadamente 900 pessoas se reuniram na Casa de Formação IES em São Paulo/SP para celebrar o aniversário do Movimento Aliança de Misericórdia e interceder pelo ano de 2018. Durante a homilia, Pe. Antonello deu algumas dicas para iniciar o ano com a presença de Jesus vivo. A primeira: permanecer unidos em família; a segunda: tocar as feridas de Jesus e amá-las, acolhendo também as chagas e limites das todas pessoas e as nossas; e a terceira: perdoar para ser perdoado. Depois da Missa, aconteceu um momento de louvor e adoração pedindo a Deus palavras e profecias para o novo ano. Uma das palavras proclamadas foi tirada da Carta de São Paulo aos Romanos 5, 4-5: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.

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Palavra do Mês

SEGUINDO OS PASSOS DE MARIA, NOSSA MÃE Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre,e Isabel ficou repletado Espírito Santo (Lc 1,39-41)

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Palavra do Mês

“Maria foi apressadamente ao encontro de Isabel” (Lc 1,39) Maria mais uma vez nos educa e ensina o caminho da caridade, do serviço e da evangelização. Ela nos ensina a tornar “divino” cada momento do nosso dia e a transformar cada relacionamento humano em experiência do Céu. Ela, como Mãe, nos educa para vivermos a Palavra no concreto da nossa vida, no dia-a-dia da nossa existência e a descobrir no amor e no serviço aos irmãos a síntese do Evangelho. Tudo deve ser feito com os olhos de Deus, no amor de Deus, na Sua presença. Maria e Isabel nos ensinaram isso quando se encontraram depois da anunciação do anjo à Maria: “Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo” (Lc 1,39-41). O termo “naqueles dias”, que Lucas usa, indica um tempo bem definido. Anteriormente, o evangelista tinha escrito “quando Isabel estava no sexto mês”. É um tempo que lembra o livro do Gênesis, quando Deus criou o homem no sexto dia. O número seis é composto pela soma de três mais três, e este número pela Bíblia diz “limite, finitude”.

Diz que nós somos criaturas cheias de limites, pecados. Maria, no sexto mês, vai apressadamente para servir Isabel. Maria sabe que encontraria uma pessoa limitada e ainda mais velha, sem forças. Maria não foi até Isabel para anunciar a todos o grande milagre que Deus fez nela. Nada disso! Ela foi para servir uma pequena e mísera criatura, colocandose totalmente à disposição dela. Maria serve, no silêncio, o “nada” que está na frente dela. Serve à criatura imperfeita, e, nela, quer servir à humanidade que sentia falta de Deus. Isto para nós se torna um grande ensinamento, porque devemos entender que nunca devemos servir as pessoas para receber em troca qualquer favor. Não podemos servir por interesse ou para ganhar alguma coisa. Como Maria, devemos ser conscientes em servir aqueles que Jesus escolheu: os pobres, limitados, os últimos. Quantas vezes, ao contrário, ajudamos aquela pessoa rica ou inteligente que pode dar um retorno em dinheiro ou em agradecimento?! Maria escolhe aquilo que Deus escolheu: o último.

“Maria foi apressadamente ao encontro de Isabel” (Lc 1,39)

E faz isso apressadamente... Ela não se preocupa com o seu estado físico, com o fato de que no seu ventre está presente o Filho de Deus. Ela tem pressa de servir sem olhar para si mesma. A caridade é válida quando a pessoa não vive organizando-se ou fazendo “planos quinquenais”. A Igreja, em geral, no serviço da caridade, muitas vezes, se deixou pegar demais com programas, sínodos, discussões que terminam depois somente no papel e aí morrem. E nós? Quantas vezes deixamos de lado aquilo que foi para nós salvação, como o nosso encontro pessoal com Deus, porque começamos a “raciocinar inteligentemente” e isso toma conta da nossa cabeça, sem pensarmos que nós reencontramos Jesus através destes meios de evangelização? Maria apressadamente se colocou a servir, porque o outro necessitava se encontrar com o Salvador. E nós, apressadamente o que fazemos? Será que a morte espiritual e até física dos outros hoje nos deixa indiferentes?

de Deus se manifesta. Lucas, neste versículo, quer nos lembrar de uma verdade fundamental: o meu serviço se realiza milagrosamente e maravilhosamente se eu, como Maria, estou em Deus e tenho Deus em mim. A minha ação caritativa terá valor somente se eu vivo em Deus, se a minha alma está em sintonia com o Criador e realizo aquilo que Jesus nos mandou fazer: amar em Deus, servir em Deus. Não posso e nunca devo fazer caridade só porque sinto um desejo puramente humano, ou para me sentir realizado como pessoa, de forma egoística. Frequentemente, o nosso agir, infelizmente, é puramente humano, filantrópico. Sirvo os pobres em busca de gratificações, ou ainda quando estou em companhia de amigos. Faço para eles uma visita, para sentir-me realizado, feliz, mais santo? Tudo, com o tempo, passa! Quantos de nós, no começo, na empolgação da conversão, passávamos noites inteiras nas ruas, com os moradores de rua e agora, será que vivemos essa mesma radicalidade? Se for assim, significaria que não

estávamos e não estamos em Deus! Se Jesus não está no centro da minha vida, então, não vejo mais Jesus que está vivo nos pobres.

“Maria foi apressadamente ao encontro de Isabel” (Lc 1,39)

Maria vai apressadamente para servir, mas ela vai com Jesus vivo nela, no seu ventre. Ela oferece a única coisa que tem: Jesus. Não vai para fazer o bem, mas vai para levar Jesus à Isabel. Esta é a verdadeira caridade! É a presença de Jesus no meu ser que me move constantemente a amar e servir sem limites. Eu me torno assim “Jesus para o outro”. O servir, a caridade, têm sentido exclusivamente se eu “sou Jesus”, se amo o Amor, se vivo a Palavra, a Eucaristia. O dar aos outros de mim mesmo, com o tempo, cria somente fracasso, cansaço, rejeição, até ódio do outro, porque o outro, amado humanamente, mostra e mostrará sempre mais os seus limites, egoísmo, sujeira, pecado. A santa caridade se realiza só se amo como Jesus e em Jesus. Maria não se preocupou se Isabel era velha, se vivia longe, se estava com medo ou escondida dos outros. Maria levou para Isabel Jesus!

“E Isabel ficou repleta do Espírito Santo” (Lc 1,41). Este é o resultado do amor de Maria: Isabel recebeu o Espírito e ficou cheia de alegria. É lindo ver como a presença de Jesus dada através de Maria atrai o Espírito. A nossa caridade, o serviço aos últimos ou a cada pessoa que encontramos, deve ter como ponto inicial e final comunicar o Espírito Santo, levar o outro a renascer no Espírito: Jesus em mim, que se encontra com o Jesus no outro e o amor recíproco gera um Pentecostes! Esta deve ser a nossa meta, levar o Espírito Santo para qualquer pessoa que servimos nas obras da caridade. Que o outro, encontrando-nos, possa enfim, exclamar como Isabel: bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre!

“Maria entrou na casa e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre” (Lc 1,40-41). É maravilhoso aquilo que nós lemos neste brevíssimo versículo. São duas pessoas que se encontram e a presença do Espírito

Pe. Antonello Cadeddu Fundador da Aliança de Misericórdia

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Caná - Famílias para Deus

É claro que não podemos negar que existem os benefícios da tecnologia e hoje a Internet está presente em nossa vida, quer para se comunicar com alguém, pagar uma conta ou até conferir a receita de um bolo. Mas precisamos estar atentos sobre seus impactos no desenvolvimento cognitivo e social das crianças.

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Um ítem muito comum em nossas casas é a televisão. Será que já paramos para verificar a classificação de um filme que nossos filhos estão assistindo? Muitas vezes analisamos somente o colorido da capa e as imagens, mas será que paramos para analisar o conteúdo, a história e mensagem que este filme está trazendo? Existem inúmeras pesquisas que mostram o quanto a exposição excessiva à TV, tablet, celular está associada ao desenvolvimento de distúrbios do sono, ansiedade, obesidade, comportamento compulsivo, agressividade e hiperatividade. Sem falar nos casos de depressão e suicídio infantil que têm se tornado muito comuns infelizmente.

Desde que nasceu nosso terceiro filho, as frases mais frequentes que ouvimos são “Vocês são muito corajosos!” ou “Como conseguem?”. Bem, na realidade não é mesmo tão fácil educar 3 crianças pequenas (um menino de 7, uma princesinha de 4 e o pequenino de 2 anos), mas com a graça de Deus que nos dá sabedoria e disposição, temos forças para seguir em frente nessa missão que Ele nos confiou. Uma das maiores dificuldades na família atualmente é a ‘falta de tempo’, precisamos correr contra as horas pra dar conta de todos os compromissos. E para isso, é muito importante estabelecer uma rotina, a fim de garantirmos um tempo de qualidade e atenção ao bem mais precioso: nossos filhos. Atualmente tem se falado muito na era digital, onde as novas tecnologias ganham cada vez mais espaço na vida das pessoas. E é muito comum ver um celular ou tablet na mão de uma criança para que os pais tenham uns minutinhos de descanso ou mesmo para preparar o jantar enquanto o pequeno se distrai.

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Não existe uma fórmula mágica, nem tampouco pais perfeitos, aliás, nossas imperfeições ensinarão nossos filhos a lidarem com as frustrações e dificuldades que a vida lhes trará um dia. Porém, dedicando seu tempo para criar uma rotina que valorize o estar junto, mesmo que para nós pais seja mais trabalhoso, evitaremos sérios problemas futuros causados pelo isolamento da exposição às telas, inclusive os vícios, distúrbios psiquiátricos e atrasos no desenvolvimento.

As crianças não têm ainda o senso crítico que lhes permita abstrair o que lhes faz mal e aproveitar o que é bom. Elas simplesmente absorvem TUDO o que veem e ouvem. Por isso a importância de nós adultos selecionarmos não só o conteúdo, mas os horários e o tempo em que ficam expostos a estas influências. Uma dica é estar junto, dar atenção, entrar no mundo deles para compreender o que querem e o que precisam. Com seu comportamento os filhos nos mostram o que estão sentindo e o que esperam de nós. E não é difícil identificar o caminho que os traz de volta à harmonia quando estão birrentos ou até isolados. Brincar junto, fazer um passeio, criar momentos de intimidade, fazê-los participar da rotina da casa, tudo isso gera vínculo entre pais e filhos. Preencha os espaços vazios com amor e carinho e com certeza eles se sentirão importantes para vocês pais e para o mundo também.

Faça o melhor que puder e você colherá bons frutos da sua dedicação e esforço empreendidos nessa grande missão que nos foi confiada, não por mérito, mas por graça de Deus, que nos quis fazer participar de sua criação. Caso você tenha alguma dúvida ou queira se aprofundar neste assunto, estamos à disposição.

Eduardo e Patricia (Psicóloga) Casal missionário na Comunidade de Vida psimello@gmail.com

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Rede pelo Bem

ANO ELEITORAL É BOM JÁ COMEÇAR A PENSAR... O que se espera de um bom político? Coragem, moral e vida pessoal modesta, e para ter isso, precisa ter ética, valores e vontade de trabalhar pelo coletivo. Hoje em dia não se encontram muitos políticos que queiram trabalhar pelo coletivo – na sua maioria se empenham para si mesmos ou no máximo pelo seu curral eleitoral. Por que deveria ter vida pessoal modesta? Porque política não deveria ser “dinheiro”! Não dá para ser também aquele político que articula divergência, que só quer bater, xingar, que polemiza, só quer fazer inimigos: esse não é o político que vai de fato nos trazer benefícios! Precisamos de uma estabilidade! Precisamos de convergência! Não basta ser um bom gestor na sua empresa. Política não é a mesma coisa. Alguém poderia dizer: “Eu sei administrar. Eu tenho carisma. Então vou ser um bom político”. Não é bem assim! Política se conquista com dedicação e tempo. Parece que as pessoas percebem que se o candidato usa o cargo como trampolim, as pessoas se sentem traídas por quem elegeram. “A corrupção está no DNA da humanidade; por isso é preciso criar sistemas que coloquem os corruptos na Luz. Chamamos isto de pecado original, temos essa corrupção endêmica dentro de nós,

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mas existe uma corrupção sistêmica, quando o sistema está corrompido e todos são forçados a se tornar corruptos também, é o tal do ‘jeitinho brasileiro’, da lei que ninguém observa. (...) A melhor maneira de combater a corrupção sistêmica é acender a luz na internet, na mídia e no sistema judiciário.” Pe. Joãozinho, SCJ (Mini Sermão - 10/11/17). Isso tem muito a ver com o que podemos fazer, o que podemos mudar para as próximas eleições. Falamos muito em trazer pessoas novas para dentro da Política, quem sabe empresários, pessoas de outros ramos, mas será que isso é bom mesmo? Será que esse é o caminho? A novidade que de fato nos ajudaria é quem pensa no coletivo, quem pensa na comunidade. Mais do que ser novo ou empresário, deve ser uma pessoa ética que pense no Bem-Comum.

O que os candidatos a governar nosso país vão enfrentar hoje? Para o IBGE temos 13 milhões de desempregados, mas esse número não é real, porque somente conta quem está procurando emprego, e não inclui aqueles desempregados que não estão à procura de emprego. Então de fato podemos falar de :

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Temos um Sistema Político com 35 partidos, em sua maioria sem ideais, com o objetivo voltado para o dinheiro, e temos mais 35 partidos na incubadora, esperando para serem registrados! Temos, na verdade, um sistema que precisa ser revisto!

Que tipo de candidato procuramos?

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Alguém preparado, experiente, que faça um bom time – pois ninguém governa sozinho, que passe um sentimento de confiança, não prometa mágicas, que faça um bom controle monetário, que tenha uma pauta reformista – mas sem excessos, que gere empregos, e que una o país com coerência – com a desunião que estamos hoje, nenhum país cresce. Nosso Sistema Político é tão desigual e tão injusto que pudemos reeleger pessoas que deram provas de que não fizeram um bom governo. Temos que ter consciência, porém, que a Reforma Política de que precisamos, vai vir aos poucos, não adianta querermos mudar de um dia para o outro algo que está em vigência há 100 anos! *Extraído da Palestra de Rosângela Lyra para a Rede Pelo Bem em 13 de novembro de 2017.

MILHÕES DE DESEMPREGADOS

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Espaço Jovem - Geração Acordi

amor pode transformar este mundo! Contudo, não era claro para nós ainda qual ideal éramos chamados a viver: Liberdade dos filhos? Amor do Pai? Pureza de coração?

“Evangelizar é tornar o Reino de Deus presente neste mundo!” Pouco tempo depois do Papa Francisco ter dito esta frase em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium “A alegria do Evangelho” (publicada em 24 de novembro de 2013), começava a germinar a pequena semente da Geração Acordi, em 2014. O ponto de partida de toda essa aventura foi uma nova revelação do amor do Pai e a verdade libertadora da filiação divina que caía mais profundamente nos nossos corações. Mais uma vez, o carisma da misericórdia nos surpreendia com sua beleza inovadora!

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O tempo foi passando, e com muita confiança, buscando sempre uma escuta atenta aos sinais de Deus, entendemos que se apresentava a nós aquele tão desafiador convite que Jesus propunha aos jovens e a todos os que o seguiam: “buscai em primeiro lugar o Reino de Deus” (Mt 6,33). Realmente, “buscar em primeiro lugar o Reino de Deus” era um ideal que condensava e iluminava todas as experiências que estávamos vivendo: saber sermos filhos amados do Pai; o desejo de nos tornar uma verdadeira família, vivendo como irmãos; compreender que somos responsáveis por este mundo, a mais bela herança que recebemos do Pai, e que devíamos por isso, ser profetas do amor, da esperança e da justiça, neste mundo tão ferido pela orfandade de Deus, tão vazio da falta de sentido, tão destruído pela injustiça e corrupção, causadora de uma espiral de violência enorme que ninguém sabe aonde vai chegar.

Não apenas a frase do Papa Francisco, mas também a Igreja do Brasil, que neste ano, está vivendo o ano do laicato, cujo tema é: “Cristãos, leigos e leigas,

sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino”, são alguns sinais eloquentes que revelam como a experiência da Geração Acordi está inserida neste sopro do Espírito Santo para os dias de hoje! Então jovens da Geração Acordi, a nossa aventura está apenas começando! Com Jesus, vamos trazer fogo à terra! (cf. Lc 12,49). Fogo do amor misericordioso do Pai, que é capaz de transformar, seja

a pessoa mais ferida, como a realidade mais triste que exista. Nada pode conter o fogo da misericórdia! Estamos vivendo um momento único na história da humanidade e também na história do Brasil. Momento em que iremos determinar qual futuro vamos deixar para as próximas gerações: um mundo dilacerado pela guerra, pela miséria, pelo individualismo, ou um mundo melhor, mais humano, mais fraterno, mais embebido com os valores do Evangelho do Reino! Jovem, não vamos viver esta vida como turistas, mas vamos sim deixar a nossa marca, isto é, deixarmos a terra mais parecida com o céu! Vamos implantar uma verdadeira cultura do Reino de Deus neste mundo. Na verdade, nosso ideal do Reino nada mais é do que vivermos “assim na terra como céu”!

Fomos entendendo aos poucos que o Pai estava suscitando uma nova geração e nos convidava a abraçar um ideal de vida. Ideal é o sentido maior que orienta a nossa existência, sentido pelo qual estamos dispostos até a morrer se for preciso! O Pai suscitava uma geração de jovens acordados pelo seu amor, jovens não mais adormecidos pela alienação das ilusões deste mundo, jovens que reconhecem sua identidade profunda, e que por isso, querem dar continuidade a revolução do amor iniciada por Jesus. Jovens que, como o jovem Jesus, acreditam que só o

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São José,

“A

AGENDA

exemplo sempre atual para os homens do nosso tempo!

ssim, tomei por advogado e senhor, o glorioso São José, encomendando-me muito a ele. Vi com clareza que esse pai e senhor meu me salvou, fazendo mais do que eu podia pedir, tanto dessa necessidade como de outras maiores, referentes à honra e à perda da alma. Não me lembro até hoje de ter-lhe suplicado algo que ele não tenha feito”(Santa Teresa D´Ávila). Desde muito cedo aprendi a admirar as maravilhas de Deus na vida de seus santos. Confesso que entre as tantas opções de literatura que se encontram à nossa disposição, as biografias desses grandes homens e mulheres de fé são as que mais me prendem a atenção e fazem um bem imenso à minha alma. Contemplá-los tão humanos, cercados de fraquezas e, ao mesmo tempo, tão cheios de Deus, me inspira a não desistir na busca pela santidade. Dentre tantos, São José, patrono da Igreja, emerge como um daqueles por quem possuo um grande carinho e uma devoção especial. Assim como Deus não escolheu qualquer

mulher para ser a mãe de seu Filho, com o mesmo cuidado elegeu José para ser o pai adotivo de Jesus. De fato, José foi um exemplo de virtudes! Chamado de “justo” pelas Escrituras, destacou-se pelo esmero com que desempenhava seu ofício. Ao mesmo tempo, soube equilibrar o seu tempo para ser fiel a Deus (nos preceitos que lhes eram próprios como judeu) e aos cuidados com a sua família. Com os olhos fixos no alto, guardou a castidade da Virgem Santíssima e foi, dentro de sua casa, uma presença de pureza. Capaz de sonhar sonhos grandes, manteve-se com os pés no chão. Homem prudente,

marcado pelo silêncio e pela escuta, procurou sempre na oração, tomar as melhores decisões. Não teve receios em sacrificar a si mesmo, seus sonhos e vontades, em prol dos planos de Deus e de sua família. Em uma época em que enfrentamos o esfacelamento da figura paterna e da própria masculinidade, São José nos aponta o caminho para sermos homens segundo o Coração de Deus: o trabalho duro unido a uma profunda vida de oração; o silêncio inerente à virtude da pronta obediência; a capacidade de sacrificar-se por amor na certeza de que há mais alegria em dar do que receber! Que o Senhor nos ajude a contemplar a sua vida e imitar os seus exemplos. Neste ano que se inicia, façamos como o PapaFrancisco: confiemos nossos desejos e sofrimentos ao Patriarca São José, na certeza de que ele vela por nós e por toda a Igreja de Deus.

Pe. João Fernando Padre da Aliança de Misericórdia

INFORMAÇÕES Vigília MMAE Primeira Sexta-feita do mês | 22H-05H Em todas as cidades onde a Aliança está presente

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MIS SA DO S AM IGO S Pe. Antonello e Pe. Isaac

FEVEREIRO

Paróquia Assunção de Nossa Senhora Al. Lorena, 665 - São Paulo/SP

ENCONTRO DE CURA com Pe. Antonello Rua Nilo Bruzzi, 31 – Jd. Botuquara São Paulo/SP

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MARÇO

03 E 04 MARÇO MISSA DOS AMIGOS com Pe. Isaac Madureira

JAM Primeiro Domingo do mês | 09H Em todas as cidades onde a Aliança está presente Missa da Misericórdia - Botuquara Toda Terça-Feira | 20H Casa IES - Botuquara - São Paulo / SP Mais informações: (11) 3943.3725 Igreja Nsa. Sra. da Boa Morte Missa: Segunda a Sexta às 18h | 6ª às 12h | Sáb. às 15h Dom. às 10h e 18h Sexta: Atendimento de Oração das 14h30 às 17h30 Segunda: Grupo Pe. Pio às 19h30 Fraternidade Pe. Cícero Quarta às 19h Sítio Venha Ver, 420 - Bulandeira, Barbalha - CE Casa São João Batista Dom. às 10h Sítio Riacho do Meio S/N, Dist.Caldas Barbalha - CE Grupo de Oração com missionários da Aliança de Misericórdia Toda Quarta-feira às 19h30. Paróquia Assunção de Nossa Senhora Al. Lorena, 665 - Jd. Paulista - São Paulo - SP

Paróquia Assunção de Nossa Senhora Al. Lorena, 665 - São Paulo/SP

PARTICIPE CONOSCO!

Saiba mais: /iesmisericordia @iesmisericordia @aliancademisericordia /aliancamisericordia www.misericordia.com.br



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