Revista Aliança de Misericórdia - Out/Nov 2017

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Outubro e Novembro/2017 - nยบ 179 - ano XVI



O Movimento Eclesial Aliança de Misericórdia é uma Associação Privada de Fiéis, com sede na Arquidiocese de São Paulo, cuja identidade se encontra em sua Palavra de Vida “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres...” (Is 61, 1-2 e Lc 4, 18-19). O Movimento está presente em mais de 40 cidades do Brasil e outros 6 países (Bélgica, Itália, Polônia, Venezuela, Portugal e República Dominicana), através da adesão dos membros a um dos Elos de pertença.

Oceano de Misericórdia

Revolucão da Ternura

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Ano Mariano

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Toque de Misericórdia

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No âmbito religioso a Aliança de Misericórdia acolhe e une as forças de homens e mulheres, celibatários e casados, leigos e clérigos, que, de várias formas e níveis, chamados por Deus, tornam-se “filhos da misericórdia” para evangelizar as ovelhas perdidas (cf. Lc 15, 4-7), confiantes na potência do Espírito Santo, realizando todas as obras de Misericórdia que as próprias forças permitirem. Unido aos trabalhos de evangelização, o Movimento realiza diversas obras sociais junto à população carente das periferias e ruas, conjugando harmoniosamente evangelização e caridade como faces de uma só moeda, e sendo reconhecida juridicamente como entidade de utilidade pública em âmbito municipal, estadual e federal.

Aliança no Mundo

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Palavra do Mês

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Caná - Famílas para Deus

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Comunidade de Aliança

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Espaço Jovem - Geração Acordi

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Mensagem

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Saiba mais em nosso site: www.misericordia.com.br

ASSOCIAÇÃO ALIANÇA DE MISERICÓRDIA

CONTRIBUA AJUDANDO-NOS A RESGATAR VIDAS!

Associação Aliança de Misericórdia CNPJ: 04.186.468/0001-73 AG. 0036 | C/C 64921-8 AG. 3137-2 | C/C 40596-5 AG. 3372 | C/C 130007013 AG. 2815-0 | C/C 16013-X

Fundadores: Pe. Antonello Cadeddu e Pe. João Henrique Presidência: Pe. Custódio, Mary de Calcutá e Pe. Evandro Coordenação de Comunicação: Guilherme Augusto e Bruno Martins Editora: Jaqueline Sampaio Diagramação: Bianca Sousa Fotos: William de Oliveira Fotolito e Impressão: Lumengraf Tiragem: 9.000 exemplares - Periodicidade Bimestral Endereço: Rua Avanhandava, 616, Bela Vista - 01306-000 São Paulo / SP Tel./fax: (11) 3120-9191 E-mail: revista@misericordia.com.br Retratação: Gostaríamos de dizer que o texto”(...)Muitos se viram em situação de rua após se envolverem com a dependência química, ou vício do álcool, e por esse motivo sem condições de sustentarem um emprego(...)”, publicado na página 13 da edição 178 da Revista Aliança de Misericórdia, não teve o intuito/objetivo de desprezar ou vexar os formandos da turma de elétrica e sim, demonstrar os dados estatísticos daquela turma e mostrar que são pessoas batalhadoras e guerreiras que alcançaram o objetivo da conquista do certificado do curso de elétrica.


Oceano de Misericórdia

A nossa missão: “Evangelizar para transformar” Nestes dias recebi uma carta de uma de nossas missionárias casadas que escrevia: “Após a comunhão tive uma visão interior. Me vi arrebatada na porta do Céu e Jesus me mostrou, então, uma multidão de pessoas, algumas conhecidas, outras não, e me disse: ‘Estes são os irmãos que chegaram até Mim graças ao seu sim!’. Quando voltei em mim percebi o quanto Jesus conta com o meu sim e com o sim de cada um de nós!”. Esta experiência me lembrou de um sonho de Dom Bosco. Ele viu no Paraíso uma multidão que não se podia contar e soube que eram todos os que teriam encontrado a salvação ao longo dos séculos graças à sua adesão ao chamado de Deus... Soube, porém, que poderiam ser muito mais se ele tivesse tido mais fé!. Responder ao chamado de Deus significa poder sonhar com Ele um mundo melhor e aderir a Cristo com todas as próprias forças para a salvação da humanidade. Para nós não foi diferente.

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Era 1º de Novembro de 1999 quando, após um longo discernimento, “nos rendemos” a Deus e com a Maria Paola, Pe . Antonello e os primeiros companheiros dissemos o nosso “sim para um mundo melhor!”. Mal podíamos imaginar que o Senhor pudesse contar tanto com a nossa pobre entrega e que, acolhendo o nosso nada, o Senhor pudesse nestes poucos anos, alcançar, transformar, curar e libertar tantas vidas!! Sim, Deus precisa de mim, precisa de ti, precisa de nós! Somos preciosos para Deus! Somos únicos para o Senhor. Existem pessoas que só você poderá levar até Ele! Existem corações que só a sua palavra poderá transformar, existem vidas que só o testemunho e a entrega da sua vida poderão resgatar. A Aliança nasceu para evangelizar, para manifestar com a Palavra, a oração e a caridade, concreta, a Misericórdia de Deus que transforma os pecadores em santos e testemunhas da Sua Misericórdia. A Aliança nasceu para “ irradiar” Misericórdia, para “contagiar a Misericórdia divina” ao mundo que “não encontrará paz até que não se voltará à Misericórdia” como dizia Jesus para Santa Faustina no seu diário (D. n.300). Este é o nosso carisma :

“Evangelizar para transformar”. Evangelizar com toda a força e criatividade do Espírito Santo, buscando todos os caminhos possíveis para alcançar a todos, descendo até o fundo do inferno, se for possível, para levar a força o poder deste Amor que nunca cansa de perdoar e renovar em cada criatura o seu “chamado à santidade, restaurando a “imagem” divina que o inimigo quer desfigurar pelo pecado. “Esta é a vontade do Pai, que não se perca nenhum destes pequeninos!” (Mt 18,14).

Nesta “loucura do amor”, gostaria de lançar um convite e um apelo para todos os membros da nossa Aliança de amigos que desejam doar um ano, ou mais tempo da própria vida para evangelizar, para nos procurar.

Deus precisa de ti e evangelizar é questão de vida e de morte! Entre em contato conosco! M a n d e n o m e, te l efo n e e e n d e re ç o p a ra : fa l e c o n o s c o @ m i s e r i c o rd i a .c o m . b r

Pe. Joào Henrique Fundador da Aliança de Misericórdia

Por isso cremos que o “todos” é a nossa vocação. “Fazer-se tudo a todos, para tentar salvar a qualquer custo, alguém!” (1Cor 9,19). Pessoalmente sinto-me cada vez mais apaixonado por este chamado. É um fogo que queima dentro e me consome sem consumir-me, pelo contrário, alimenta cada vez mais uma chama que deseja alastrar-se até os últimos confins da terra: China, África, Austrália, Ásia, América, Europa... onde o Senhor já nos enviou e, ainda nos enviará, se assim Ele quiser.

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Ano Mariano

300 anos do encontro em Aparecida Este ano de 2017 está sendo muito especial em virtude do Ano Mariano, onde pudemos acompanhar carinhosamente o centésimo aniversário da aparição da Virgem de Fátima com a canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco, em Portugal, e os 300 anos de aparecida. Em especial para nós brasileiros, somos convidados a desviar nossos olhos, ouvidos e coração da complexa realidade pela qual passa o nosso belo país neste momento, para contemplar o que Deus realizou a Domingos Alves Filho, João Alves e Felipe Pedroso, recrutados pelo Estado a recolher peixes para o banquete do governador da Província. Naquela ocasião, após 12 horas de trabalho árduo, ao anoitecer, estes homens em suas duas canoas, colheram do Rio Paraíba apenas uma imagem de terracota sem a cabeça e de autor anônimo (atualmente sabemos que, possivelmente, é uma obra de Frei Agostinho de Jesus). Confusos, os pescadores embrulharamna em suas camisas e tentaram jogar mais uma vez suas redes. Conseguiram a cabeça, deixando-os mais surpresos

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ainda, porque, o mais normal seria sua queda nas águas, pois a cabeça era menor que a malha da rede. Quantas vezes este ano talvez não pudemos nos sentir assim, não é mesmo? Por isso é bonito notarmos quando, como a eles, o Espírito não nos deixa estacionar, impulsionando-nos a prosseguir, mesmo sem um sinalzinho de certeza da vitória. O Providente Deus acompanha sempre os povos todos em sua história e, como ao nosso, aos quais desde os Santos Antônio de Santana Galvão e Paulina, vem deixando seus humildes rastros para nos animar a fé que leva a seguir os passos que o Espírito indicar pela intercessão de nossa Mãe e Padroeira, Aparecida. Quantas surpresas ainda não estão ocultas em nossas vidas, para que, mesmo cansados, joguemos nossas redes e colhamos? A maior novidade que experimentaram estes simples pescadores está hoje ao nosso alcance, pertinho, em cada encontro fraternal, em nossas paróquias, grupo de oração, Comunidades de Aliança, de Vida, através dos enfermos, encarcerados

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que visitamos, amigos, familiares e tantos outros, quando guiados pelo mesmo Espírito que agiu neles ordinariamente em Aparecida, somos estimulados a sair de nós mesmos rumo ao próximo. Cada um de nós! Que possamos peregrinar a este Santuário Mariano, desejosos de meditar este convite divino, abertos a pagar o nobre preço que o amor exige nas coisas mais cotidianas de nossas vidas! Foi como eles começaram e parabéns a você, porque já começamos também. Que, como eles, permaneçamos fieis no anoitecer das dificuldades também lançando nossas redes juntos! Que como a Mãe Santíssima seja possível, com nossa colaboração em fidelidade, não apenas nos darmos inteiramente, mas sim enchermos as redes com a alegria dos corações curados de nossos amados e daqueles que serão alcançados pela Misericórdia Divina, que conosco querem contar! Silmara Isabel da Silva Missionária da Comunidade de Vida


Revolução da Ternura

Ser mulher no seio da Igreja Para falar deste assunto, temos que voltar às origens e perguntar: quem é a mulher criada por Deus? Mas primeiro, vamos fazer um “detox mental”.!

que a mulher deve fazer coisas e faz coisas, como todos nós fazemos. O objetivo da mulher é criar harmonia e sem a mulher não há harmonia no mundo. Explorar as pessoas é um crime que, lesa a humanidade: é verdade. Mas, explorar uma mulher é algo ainda pior: é destruir a harmonia que Deus quis dar ao mundo”.

O cristão deve olhar o mundo como Deus o vê. Não se pode confiar na linha filosófica que fala que é o indivíduo quem define o seu sexo/gênero. Os avanços nas ciências humanas são importantes, porém, todas as vezes que a dignidade humana é deturpada por qualquer ideologia, afastando o homem do encontro com a sua Imagem e Semelhança, ela é nefasta e deve ser ignorada.

Quando o Papa Francisco diz que a “ funcionalidade não é o objetivo da mulher” ele vai contra a ideia utilitária das pessoas, não é esse o agir de Deus e muito menos da Igreja. Discutir qual é o papel da mulher dentro da instituição católica vai além dela ter esta ou aquela função; deve estar ligada à sua missão e responsabilidade no mundo, à sua visão sobre questões cruciais que é muito diferente da do homem.

Raízes bíblicas

Na primeira narração da Criação em Gênesis 1,26-31, quando Deus cria o gênero humano, os dois, o par, é Imagem e Semelhança de Deus! Ambos levarão a Criação à plenitude (Cf. Rm 8,18-19). Na segunda narração (Cf. Gn 2,4b-25), Deus cria primeiro o homem e o faz passar pela experiência da solidão. Adão olhava ao seu redor, via todos os animais, mas não encontrava seu semelhante. Por isso, Deus o fez dormir e da sua costela (coração) fez a mulher, indicando a dignidade de ambos.

No mês de agosto de 2016, o Papa nomeou uma comissão para examinar o papel da mulher na Igreja enquanto instituição. Seis mulheres e sete homens estão estudando questões relacionadas ao diaconato feminino presente nos primeiros séculos da Igreja (Rm 16,1), e também como aumentar a participação das mulheres em momentos de tomadas de decisões.

O pecado original destruiu esta relação harmoniosa; homem e mulher ao longo da história vivem tensões intermináveis ligadas ao poder e ao domínio. Com os movimentos feministas (tirando as aberrações), a mulher foi ganhando espaço significativo em setores que antes eram de domínio masculino; ela não é mais exclusiva do lar, provê o sustento da casa e toma conta das finanças.

Além desta Comissão, o Papa vem fazendo algumas mudanças significativas: nomeou uma reitora para a Universidade Pontifícia e incentivou as funcionárias do Vaticano a se organizaram numa Associação. Vale a pena acompanhar cada passo desta significativa mudança que está por vir na Igreja, tendo cada vez mais claro que, ser mulher na Igreja é ser como Deus a pensou e a definição quem dá é próprio Papa Francisco:

E o que diz a Igreja?

Numa audiência do dia 8 de março de 2017 o Papa Francisco disse:

“Sem ela (mulher) o mundo não seria belo, não seria harmônico. Gosto de pensar, mas isso é algo pessoal, que Deus criou a mulher para que todos nós tivéssemos uma mãe”. Fonte: Rádio Vaticano

“Foi a partir do sonho de um homem que Deus criou a mulher, portanto não se pode entendê-la sem sonhá-la. Muitas vezes, ouvimos: É necessário que nesta sociedade, nesta instituição, que aqui tenha uma mulher para que faça isso ou aquilo. Não, não! A funcionalidade não é o objetivo da mulher. É verdade

Saiba mais em: http://bit.ly/jesuseasmulheres

Fernanda Tabosa Colaboradora da Aliança de Misericórdia

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Toque de Misericórdia

Nivaldo, o nosso bom ladrão! Robson Landim Colaborador da Aliança de Misericórdia

“Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra Ele: Se és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo e salva-nos a nós! Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas Este não fez mal algum. E acrescentou: Jesus, lembra-Te de mim, quando tiveres entrado no Teu Reino! Jesus respondeu-lhe: Em verdade vos digo: Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,39-43) O diálogo entre Jesus e Dimas, mais conhecido como “Bom Ladrão” é a prova de que até o nosso último suspiro podemos declarar que Jesus é o Rei, Senhor e Mestre de nossa vida e existência, por mais que até segundos antes isso não fosse verdade. E isso me faz lembrar o nosso bom ladrão, o Nivaldo, primeiro membro da Aliança de Misericórdia, ícone do carisma, sorriso de Deus, a “benção poderosa” . O Nivaldo veio de uma realidade de periferia, tráfico, drogas, perdição, roubo e, claro, desesperança! Também foi por causa dele que há 17 anos a Aliança foi fundada. Ele acreditava que nenhum outro lugar o aceitaria por causa de sua história de vida. E por isso disse ao padre João Henrique: “o senhor precisa fundar essa comunidade!”. Nivaldo, nesse período em que lembramos das missões, é exemplo de despojamento, doação, missionariedade. Saindo de uma realidade de escravidão, ele se fez livremente escravo de amor do Deus

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crucificado, até mesmo assumindo o nome “Nivaldo da Cruz”. O nosso “bom ladrão” deixou de assaltar pessoas para “roubar almas para Deus”, indo à antiga FEBEM (Fundação Casa), por exemplo, e ali, através do testemunho de sua vida e conversão, levando tantos outros jovens a um verdadeiro e poderoso encontro com o Cristo que liberta, ama e envia. Como celibatário, Nivaldo da Cruz era todo de Deus e dos irmãos. Dos irmãos mais pobres dos filhos da Aliança dos irmãos de comunidade. O padre Custódio, presidente da Aliança, falou sobre isso no programa “A Arte da Vida” que fala sobre o Nivaldo (assista acessando http://bit.ly/ NivaldoDaCruz):

“Esse era um sinal forte da vida do Nivaldo: o amor concreto, a forma de cuidar dos pobres era algo muito forte na vida dele e ao mesmo tempo era uma disponibilidade plena, a ponto que ele buscava uma doação total onde não se cansava por querer fazer o bem. Era dessa forma que o Nivaldo vivia,

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“O amor não cansa


“ainda hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,3)

trabalhava, realizava sua missão. Era dessa forma que ele mantinha o seu contato com as pessoas: procurando em cada palavra, em cada gesto, manifestar o amor de Deus. Em sua vida procurava acima de tudo ser uma imagem do amor de Deus. Desse amor que não cansa e não descansa”.

16 de setembro do ano de 2001. Nesse dia, na FEBEM, Nivaldo dizia aos meninos e a todos os presentes: “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso”, pregando sobre o bom ladrão. Nesse dia essa promessa do próprio Cristo se cumpriu na vida do nosso bom ladrão.

Como missionário celibatário, Nivaldo era irmão e pai de todos. Sendo pai de todos, foi bom pastor, dando a vida, literalmente, pelas ovelhas confiadas pelo Bom Pastor por excelência.

Ele morreu como semente que precisa morrer para dar a vida. Ele morreu como bom pastor que foi até o fim para que suas ovelhas tivessem vida e vida em abundância, vida em Cristo.

Nivaldo, o bom ladrão da Aliança, roubou o Paraíso para si, mas também para tantos outros. Quantos não se converteram por conta das palavras, da vida e do testemunho dele?

Nivaldo morreu, mas vive! Vive na glória de Deus, de onde deve nos olhar e dizer com um sorriso de orelha a orelha: “O Senhor te ama, benção poderosa!”. Deus te abençoe!

“Deixe-me ir buscar esse irmão que está perdido”

e nem descansa” 09

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Aliança no Mundo 990

150 º N

ALIANÇA NA ITÁLIA Rafael e Lilian Casal missionário da Comunidade de Vida

A Aliança de Misericórdia chegou em terras italianas, mais precisamente na Sardenha (ilha da Itália), no ano de 2008, com missões bimestrais que os missionários de Portugal faziam, para poder expandir o Movimento na Europa.

Em março de 2015, a primeira casa de acolhida da Aliança na Europa foi inaugurada! Os Filhos da Aliança eram acolhidos - e ainda são - na casa onde nossa querida Maria Paola nasceu. Mas a providência sempre nos sustenta, e não demorou para que um homem nos desse um terreno de 90 mil metros quadrados, cheio de oliveiras e espaço para cultivar.

Iniciaram um pequeno grupo de adultos que se reunia para meditar a Palavra, rezar e partilhar. Este núcleo, com o passar do tempo, começou a organizar iniciativas para recolher fundos para a missão da Aliança no Brasil, e assim, vem contribuindo até os dias de hoje!

Contemporaneamente, a Aliança chegou em Roma, onde aconteceram o encontro “Thalita Kum”, JAM e várias missas com os nossos padres João Henrique e Antonello. Devagar, estamos percorrendo as vias que Deus nos mostra e entrando pelas portas que Ele nos abre.

A evangelização porém, era sempre um desafio! Até que, com muita paciência e oração, conseguiram realizar em dezembro de 2011, um Encontro Thalita Kum. Foi uma experiência maravilhosa e cheia de vida nova em Cristo, tanto para o grupo de adultos, quanto para os jovens que participaram.

Estamos caminhando como Movimento vivo e cheio de vida! Contamos com o sim de muitas pessoas, entre elas, pouco mais de 40 vinculados entre Vítimas da Misericórdia, Amigos e Comunidade de Aliança; uma Missionária no Mundo, Fulvia; e nós, Rafael, Lilian e nosso filho Daniel como Comunidade de Vida.

Os encontros “Thalita Kum” foram tomando força e hoje, em 2017, podemos somar aproximadamente 20 encontros já realizados em terras italianas.

Somos agradecidos a Deus por todo o bem que Ele nos fez e continua fazendo na vida e no dia a dia! Pedimos a oração de todos pela missão que estamos iniciando como Comunidade de Vida em Roma. Mudamos para cá em agosto, e agora, é começar tudo aqui!

A missão cresceu, e em setembro de 2013, nós, casal missionário, fomos enviados para a Sardenha. Começamos assim, a percorrer com eles um caminho formativo mais sólido, e mais pessoas aderiram ao Movimento.

Com carinho, Rafael e Lilian.

A Aliança então, ganhou mais força, e deu vida a dois grupos semanais: um em Sinnai e outro em Cagliari; os encontros Caná e Ruah começaram a ter rosto, bem como a pastoral de rua e a evangelização aos jovens.

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Confira o testemunho de uma jovem participante do Movimento na Itália: “Me chamo Francesca, tenho 28 anos e moro em Sinnai (Cagliari). Conheci a Aliança de Misericórdia em março de 2011 quando me convidaram para participar do segundo Thalita Kum da Itália. Eu não tinha ideia do que era este encontro, mas disse sim, sem fazer nenhuma pergunta. O Senhor me chamou em um período da minha vida muito difícil: estava cansada de tudo, nada estava bom, brigas com minha mãe que não me aceitava e me comparava com minha irmã, porque ela fazia bem tudo, e eu, nada! Isso, no passar dos anos, me fez não ter confiança em mim mesma. Meus pais tiveram uma educação muito rígida, na casa deles reinava o orgulho, não sabiam o significado da palavra “afeto”, e cresceram sem o abraço dos seus pais, e consequentemente, minhas irmãs e eu, crescemos sem conhecer o carinho dos nossos pais. Minha vida tornou-se escura, sem sentido e me sentia muito sozinha... Pensava encontrar a felicidade saindo para me divertir em discotecas e barzinhos, mas quando passava o efeito do álcool, tudo voltava a ser como antes. Mas o Senhor, quando eu pensava que tudo estivesse perdido, me pegou pela mão, e através dos irmãos da Aliança, fez sentir-me amada, única e especial. Me fez sentir que sou fruto do Seu amor, que sou “Preciosa aos Seus olhos...” Neste maravilhoso encontro com o Amor, uma luz belíssima entrou no meu coração, e eu comecei a ver tudo com um olhar diferente, e apreciar os Seus dons e aprender a amar a minha família. E é isso mesmo que a Aliança me ensina: amar e acolher cada irmão que encontramos, porque cada pessoa, qualquer que seja a sua história, é uma flor preciosa no jardim de Deus e Ele cuida de cada flor com Amor!”

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Notícias

MISSÃO

NA ÁFRICA Ana Clara

Missionária da Comunidade de Vida

Viajamos dia 19 de julho, com o coração cheio de expectativa e esperança para Maputo. Moçambique – com a missão de começar a primeira fraternidade africana da Aliança de Misericórdia!

A providência tem sido um grande sinal nestes poucos dias! Quando chegamos a casa ainda não tinha energia elétrica e água, tínhamos que armazená-la nos baldes e bacias para uso durante o dia (já percebemos que as pequenas “faltas” vão ser uma grande escola para nós! Estamos aprendendo a ser Fraternidade Belém, COMO os pobres, fazer e viver como o povo daqui) mas durante a segunda semana conseguiram ligar a energia da casa e foi uma festa! Os mais pequeninos já começaram a nos ajudar, com doação de um suco, de verduras, da xima – o prato mais comum, dos pobrezinhos, feito com farinha de milho branco, água e um pouco de sal; e o dia que mais nos comovemos, quando ganhamos flores!

Foram muitos os sinais de providência e desejo de Deus de começar esta missão – o aluguel da casa, a proximidade da Igreja, benfeitorias para o início dos trabalhos – tudo nos mostrava o quanto essa fraternidade era da Vontade do Pai! Enfim chegava o momento e a hora de começarmos nosso trabalho na África. Chegamos e fomos acolhidos com muita alegria e cantos africanos pelas Irmãs Concepcionistas. Desde as visitas do Pe. João Henrique e da Mary experimentamos de forma extraordinária o cuidado de Deus na acolhida do Bispo da Diocese, Dom Francisco Chimoio, que está feliz com a nossa chegada, para realizarmos o trabalho que ele tanto deseja de proximidade com os mais pobres e os irmãos de rua. Experimentamos igualmente a amizade do Núncio Apostólico, o amor e colaboração de outras comunidades que se colocaram à nossa disposição neste começo, como a Comunidade Missionária de Villaregia, os padres salesianos e diocesanos.

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Imaginem, numa terra seca, árida, em que faz anos que não chove... na nossa chegada recebemos flores! Para confirmar a Palavra que sentimos ser da nossa Fraternidade: “Alegre-se o deserto e a terra seca, cubra-se de flores; Sim, rejubile-se com grande júbilo e exulte. Eis que o vosso Deus vem para vos salvar!” (cf. Is 35, 1-2.4). E também outro sinal – já choveu duas vezes desde que nós chegamos, e o povo está em grande alegria porque vai ser possível plantar. Deus é muito bom e cuida muito de nós!

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O povo africano é muito agradecido, por tudo que recebe. Por isso uma das primeiras palavras que aprendemos foi Khanimambo: obrigado! Temos aprendido a cada dia com essa cultura riquíssima e também sonhando em evangelizar, realizar trabalhos sociais para diminuir a desigualdade que percebemos entre pobres e ricos, e também corrupção, tristeza, violência e divisão. Deus está aqui, ama muito esse povo e nós queremos ser esse sinal da Misericórdia aonde formos.

de Deus e é cuidada pelo Pai. Queremos muito fazer um trabalho com tantos idosos abandonados, quem sabe ela será a primeira Vítima da Misericórdia na África! Alguns jovens já se aproximaram para iniciar o Thalita Kum, e um senhor, chamado Fernando, veio à nossa casa e pediu se não poderíamos dar um estudo bíblico, porque o que ele mais queria era aprender da Palavra de Deus. Demos os primeiros passos e contamos com a oração de cada um de vocês!

Neste primeiro mês se abriram as portas para a missão carcerária: estamos visitando toda sexta-feira a penitenciária para jovens infratores. O nosso desejo é nos próximos dias começar com as visitas às famílias e crianças é um costume daqui ser apresentado aos líderes antes de realizar qualquer trabalho, para que as famílias nos conheçam e confiem em nós. Ficamos profundamente tocados na casa da Vovó Laurinda – uma senhora paralítica, abandonada pela família, que cuidar, sozinha da sua casa e que conta com a ajuda de todos para ter água e comida. Ela já passou por tanta necessidade que uma vez, pela escassez de água, teve que beber a própria urina; mas em sua casa encontramos o céu e um lírio do campo – não semeia, não ceifa, mas está nas mãos

Estamos unidos pelo Coração Imaculado de Maria e sentimos que cada membro da Aliança está realizando esse sonho de Deus conosco aqui na África. Nas vossas adorações eucarísticas e comunhões se lembrem de nós! Ainda não temos Jesus Eucarístico na capela – essa é a maior falta, mas que veio pra nos ensinar e relembrar o valor da presença de Jesus! Que possamos juntos nos encontrar com Ele em cada pessoa, no sorriso das crianças e das mamas, nas mãos estendidas dos irmãos de rua. Com imenso carinho fraterno, vossos irmãos da Fraternidade Nossa Senhora de Fátima – Moçambique África 2017.

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Palavra do Mês

Amar Jesus nos irmãos: O quarto grau do amor 19

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“ Quem

acolhe a um destes pequeninos é a mim que acolhe “. (Mc 9,37)

“Quem acolhe a um destes pequeninos é a mim que acolhe”. (Mc 9,37) Esta Palavra nos convida a dar mais um passo no caminho do amor: eu posso amar o irmão como amo Jesus, reconhecendo Jesus no irmão! No início da Aliança de Misericórdia, fomos visitar os mendigos na praça da Sé, em São Paulo. Estávamos um pouquinho angustiados porque não sabíamos se realmente era da vontade de Jesus começar esta Obra. Nos aproximamos de um senhor bêbado, falamos com ele e rezamos. Ele, a certo ponto, ia embora, mas logo parou, nos olhou, e, com ar seguro e decidido, nos disse: “Vocês estão se perguntando se devem começar uma comunidade para nos ajudar. Deus quer isso. Vão em paz”. E foi-se embora. Nós ficamos de boca aberta e choramos. Deus tinha nos falado através deste pequenino.

“Quem acolhe a um destes pequeninos é a mim que acolhe”. (Mc 9,37) Esta Palavra do Evangelho de São Marcos ilumina nossa compreensão sobre o capítulo 25 do Evangelho de Mateus. Neste trecho do “ julgamento final” o Senhor nos diz que no último dia Ele nos revelará que tudo o que fizermos ou deixarmos de fazer a um dos pequeninos famintos, sedentos, presos, nus ou enfermos, na realidade o teremos feito ou deixado de fazer para Ele mesmo. Esta nossa escolha e atitude perante os pobres determinará então, de fato, a nossa eterna felicidade ou a nossa eterna condenação (cf. Mt 25,31-46). Vale a pena ler por extenso uma parte deste trecho, para a nossa meditação pessoal: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos

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com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25,34-40). Nestes versículos logo podemos evidenciar dois elementos: o “Quando” e o “Agora”. O “Quando” fala-nos daquilo que será o nosso encontro com o Rei-Salvador Jesus Cristo no juízo final, no fim do mundo. O “Agora” descreve o que nós devemos fazer hoje, agora, para sermos proclamados beatos não somente no fim do mundo, mas desde já. Ainda à luz do capítulo 25 podemos ressaltar três aspectos essenciais: 1. Na parábola das “dez virgens” (Mt 25,1-13) entendemos que precisamos adquirir o óleo que permite ver/ compreender a Palavra. Somente vivendo a Palavra vamos compreender como amar o outro para viver sempre com o outro. A Palavra é a luz para enxergar o caminho do Céu! 2. Na parábola dos talentos entendemos que precisamos crescer no dom do amor recebido (cf. Mt 25,14-30). Nunca podemos ser superficiais e relaxados. O amor ao outro deve continuamente crescer. Temos que ser atentos e ativos no amor, pois só o amor permanece. Amar é o melhor investimento da nossa vida! 3. No trecho do julgamento final aprendemos a amar o Senhor nos irmãos pequeninos e mais necessitados: (Mt 25,31-46). No amor constante ao outro encontro totalmente Outro, soberano e eterno! O julgamento que o Rei fará no “quando” será o mesmo do que o que nós, no “agora”, fazemos ao pobre, ao pequeno. Jesus, o Rei, não fará outra coisa senão aquilo que nós agora determinamos na nossa vida, pelas nossas escolhas. Para poder entender bem o texto precisamos ter presente que este trecho vem depois das duas parábolas citadas e logo antes dos capítulos que relatam a paixão. No caminho da cruz, o “Rei” se apresenta condenado,


amarrado, chicoteado, nu e ferido, e é crucificado. Nos mais pequeninos dos irmãos, o cristão vê o seu “Rei”. Neles, de fato, continua a paixão de Cristo pela salvação do mundo! Neles encontramos o próprio Cristo!

“Quem acolhe a um destes pequeninos é a mim que acolhe”. (Mc 9,37) Amando o outro, nós amamos a Deus e nos tornamos já nesta vida, beatos, bem-aventurados. Eu me realizo como filho vivendo como irmão. Os pobres são os bancários (cf. Mt 25, 27) que permitem dar frutos aos meus talentos. O Evangelho fala claro. Em cada pequeno do mundo eu encontro o rosto do Salvador. Neles, o Senhor se identifica. Eles, como Jesus, carregam em si mesmos os nossos males. Todos os “pobres Cristos” do mundo são Ele, o Crucificado, são os nossos juízes e salvadores. Santa Teresa de Calcutá beijava os Cristos do mundo. Realizou o “quando” e o “agora”. São Francisco beijou o leproso Cristo. Amou o “agora” para viver no “quando”, na beatitude eterna. Nós devemos beijar e dar a vida

para os pobres e assim beijaremos o Cristo que se apresenta para nós “agora”, hoje. Um dia tiramos da rua uma criança de quatro anos. Ela se aproximou no dia seguinte e me falou, cheia de alegria e gratidão: “Tio, eu dormi esta noite pela primeira vez numa verdadeira cama limpa. Podemos pegar a Kombi, ir juntos na praça da Sé e tirar todos os meus amiguinhos da rua? É tão lindo viver aqui e eu não estou feliz pensando nas outras crianças sofrendo”. Esta criança sem tanta teologia já tinha entendido tudo! Queremos todos tornarmo-nos santos?! Se você quer ser bem-aventurado no fim da vida, ame hoje o Cristo nos pobres que encontra na rua: nos mendigos, nas prostitutas, nos traficantes, nos jovens ou adultos perdidos, sem vida... porque é somente amando o outro que eu amo o Outro-Jesus. Assim eu me torno pessoa, irmão e filho de Deus! Fiquemos, porém, atentos. O pequenino é pequeno e deseja e precisa ser amado para que ele compreenda, quem sabe, que pode amar, que é capaz de amar.

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Muitas vezes você experimentará que este pequeno não responderá ao amor, mas se tornará exigente, cansativo, irresposável, traidor, caluniador, acusador. Diante desta realidade você deverá responder sempre como Cristo Jesus. Ele se fez “nada”, e mesmo sabendo que não foi amado, mas acusado, rejeitado, crucificado, ainda assim ama e salva! A bem-aventurança consiste nisso: aceito o pecador (eu que também sou pecador) e indo além da resposta positiva ou negativa do outro, amo Jesus. Sentindo-me amado por Deus, amo como filho-irmão o meu irmão.

Pe. Antonello Cadeddu Fundador da Aliança de Miserícordia

OUT / NOV 2017


Caná - Famílias para Deus

NOSSA CASA

TERRA DE MISSÃO “VAI PARA A TUA CASA E PARA OS TEUS E ANUNCIA-LHES TUDO O QUE FEZ POR TI O SENHOR NA SUA MISERICÓRDIA”. (MC 5,18)

Jesus havia liberto um homem geraseno das mãos do demônio e este homem, cheio de gratidão desejava seguir Jesus, caminhar com Ele, estar perto d´Ele, porém Jesus não o permite e lhe manda ir até sua casa e lá anunciar tudo o que o Senhor, em sua infinita misericórdia, havia lhe feito. Acreditamos ser este o envio que Jesus faz a cada um de nós que formamos uma família e que tivemos uma experiência com o amor misericordioso do nosso Deus, porque a nossa casa é nossa terra de missão. Quando nós experimentamos o amor de Deus é natural querermos dar tudo por Ele. Queremos evangelizar todo mundo, entrar em todas as pastorais, queremos dar a vida, mas para nós que formamos uma família, temos um(a) esposo(a), filhos, precisamos entender que nossa terra de missão por excelência é nossa casa. Não adianta nada cuidarmos de todo mundo de fora e deixar nossa casa abandonada. Nossa evangelização não terá frutos, porque deixamos o essencial de lado, nossa família, que foi confiada a nós para a levarmos a Deus. Conhecemos famílias, onde a esposa ficava somente dentro da igreja, algumas vezes até para fugir da responsabilidade de casa e quando se deu conta, já havia perdido o esposo. Conhecemos também

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famílias, onde era o esposo que ficava somente dentro da igreja e da mesma forma, quando se deu conta, já havia perdido a esposa. Ou ainda, casais que se consumiam pela missão, pelas pastorais e hoje seus filhos tem ódio da Igreja, porque pensam que a Igreja roubou seus pais. Nós em 2008, estávamos em uma casa de acolhida feminina na cidade de Salto, no interior de São Paulo, este foi um período onde nos perdemos totalmente, nos esquecemos da nossa terra de missão e isto nos custou muito. O Luciano iniciava os trabalhos na casa feminina às 07h30 da manhã e encerrava às 22h30, sua atenção estava voltada somente ao trabalho missionário, ao cuidado com a casa de acolhida. Aconteceu que, quando vimos, eu Elisangela estava com início de depressão e o Gabriel, nosso filho, que na época tinha um ano e meio, estava sem referência alguma, solto pela casa. Quem viu esta situação por primeiro e teve a sensibilidade em perceber que algo não ia bem, foi nosso fundador o Pe. João Henrique, em uma visita que nos fez. Foi ele quem nos alertou por primeiro e antes que nos perdêssemos totalmente nos pediu de voltar para a nossa cidade no Paraná. Lá aprendemos a ser família novamente e, depois deste período de reflexão e retorno a essência da vida em

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família, voltamos para a comunidade. Este período foi de três meses, e nos ajudou a entender esta verdade. Então o que queremos dizer? Que os casais, as famílias não devem se envolver com pastorais, trabalhos dentro da Igreja? Muito pelo contrário, devem sim, porém não podemos deixar de lado nossa casa. Deus não é incoerente, nunca nos pedirá uma missão que nos roubará o nosso ser família, por isso nossa missão é sempre uma extensão de nossa família, que é nossa primeira missão. Hoje continuamos na Comunidade de Vida e este ano estamos na cidade do Rio de Janeiro, onde temos como missão uma escola de evangelização e todo o trabalho da propagação do carisma nesta cidade; isso tudo tem suas exigências, suas necessidades, onde se tem muito a evangelizar, porém não descuidamos da nossa família, e buscamos dar a atenção devida um ao outro e aos nossos filhos, com muito equilíbrio, vivendo a nossa missão em família. E como é bom ser família para Deus!

Luciano e Elisangela Casal missionário da Comunidade de Vida


Comunidade de Aliança

Wellington do Amaral Trindade Missionário da Comunidade de Aliança

Viver a missão na Aliança de Misericórdia é uma graça de Deus que primeiro nos santifica, depois eleva em nosso coração o grau do amor e por fim somos seduzidos a evangelizar rompendo todas as barreiras humanas que surgem pelo caminho. Nesta vivência missionária no elo de Aliança, precisamos refletir na própria vida o que viveram os Apóstolos em Atos 1 e 2, em três passos, que formam o tripé do nosso carisma.

1º PASSO: ORAÇÃO Jesus, antes da ascensão, pede aos apóstolos que continuem em Jerusalém e esperem o cumprimento da promessa, a vinda do Espírito Santo. Com isso, para conseguirem permanecer e obedecer uniram-se para ORAR. Toda nossa missão deve ser alicerçada na ORAÇÃO que é onde nos relacionamos intimamente com Jesus. É nesta dinâmica, de puro amor, que encontramos forças para permanecer. Em nosso dia a dia, não conseguiremos permanecer fieis ao nosso chamado à missão se não nos encontrarmos diariamente com o Senhor, e é a oração que permite este encontro.

A pratica ` do Carisma no dia-a-dia 2º PASSO: FRATERNIDADE A fraternidade bem vivida é consequência de uma vida íntima com Jesus na oração. Os apóstolos ao se olharem, viam Pedro, que negou Jesus, viam Tomé, fraco na fé, viam João e Tiago que fugiram quando Jesus foi apreendido pelos guardas em sua agonia mortal. Enfim, humanamente olhando eram todos cheios de misérias, mas a oração e o amor adquirido na fraternidade os cegavam para as limitações do outro e prevalecia o olhar de como Jesus os enxergava. Foi a FRATERNIDADE que os permitiu esperar a grande manifestação do Espírito Santo. Para nós não é diferente, precisamos romper a barreira do egoísmo e do julgamento para conseguirmos viver este passo. Por amor ao irmão nos aprofundamos no relacionamento com Jesus para que possamos amar como Ele.

3º PASSO: MISSÃO Após a vivência concreta da vida de oração que reflete numa fraternidade harmoniosa, a missão é algo que se inflama nos corações.

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Todos são chamados a viver a missão do anúncio. Esta é a nossa essência. É a consequência de Pentecostes. Em Isaías 61 diz: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção e enviou-me a levar a Boa Nova.”. Nossa missão é ANUNCIAR, levar a Boa Nova. Precisamos da unção de Pentecostes sobre nós constantemente, pois assim somos impulsionados à missão e a testemunhar com a vida. Na realidade que vivemos hoje, a fraternidade tem sido roubada pelo egoísmo de forma que o cansaço, as decepções, as mágoas, o medo do compromisso, entre outros sentimentos têm diabolicamente nos afastado de estar no meio dos irmãos, e isso que enfraquece a missão. Por isso, se não amamos, não rezamos; se não amamos, não convivemos com os irmãos, se não amamos, a missão não tem valor. Somente o amor nos move além de nossas forças!

OUT / NOV 2017


Rede pelo Bem

Acordi Profeta:

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Rafael e Rosana Menezes Missionários da Comunidade de Vida

“(...) CHAMO-VOS, COMO CRISTO ENVIOU OS APÓSTOLOS. O FUTURO DA IGREJA DEPENDE DE VÓS, A EVANGELIZAÇÃO DA TERRA NOS PRÓXIMOS DECÊNIOS DEPENDE DE VÓS! - SÃO JOÃO PAULO II Hoje na Aliança de Misericórdia estamos vivenciando a realidade da Geração Acordi, que tem como base três dimensões: ser filho, ser família e ser profeta. A respeito desta terceira dimensão, surgiu-nos um convite para que a juventude assumisse o seu papel de “ser profeta”. Assim sendo, iniciou-se o “Acordi Profeta” como um chamado para que os jovens despertem, acordem para as realidades sociais, culturais e políticas da nossa sociedade, assumindo uma atitude transformadora e ativa de anunciar a verdade e denunciar as mentiras e os absurdos que estão acontecendo em nosso mundo.

anunciam como verdades absolutas. Observamos que muitas vezes ficamos esperando dos outros para realizar as mudanças necessárias, esquecendo que cada um de nós é responsável por essas mudanças. Surge em nós o desejo de ser essa mudança a partir do lugar onde estamos. Conversamos, ainda, sobre o relativismo que tem se inserido em todos os lugares e, infelizmente, até dentro da nossa Igreja. Neste encontro, nossa irmã Kellen, de Salto, partilhou que estava chocada e triste ao enxergar como a sociedade atualmente está tentado implementar uma educação sem nenhuma moral, sem nenhum valor cristão, numa clara tentativa de manipular nossas crianças. Ela se comoveu ao lembrar de seus sobrinhos e dos filhos que deseja ter, pois, sabe que se nada for feito para barrar essas ideologias, eles enfrentarão essa realidade.

Percebemos que existe nos jovens que querem aderir ao Acordi Profeta um desejo de SER RESPOSTA a essa sociedade, de fazer a diferença em sua própria realidade (na escola, faculdade, trabalho, Igreja, família...), vivenciando e proclamando os valores do Reino. Essa juventude sente-se completamente incomodada com as ideologias de morte e injustiça que estão sendo propagadas e escolhem se levantar para combater as investidas dessas ideologias contra a vida, a família e a justiça. O Acordi Profeta, então, surge para nos fazer acordar, sair do nosso comodismo para que possamos viver a verdadeira liberdade para a qual fomos chamados.

Sabemos que existe uma Verdade, nós a conhecemos e será esta que nos libertará (cf. Jo 8,32). Compreendemos que é necessário retirar “as escamas” dos nossos olhos – que as ideologias têm colocado em cada um de nós – para recuperarmos a visão perfeita de tudo (cf. At 9,18). Não nos deixemos mais entorpecer, não vamos mais perder tempo sendo manipulados, vamos trilhar o verdadeiro caminho que é Cristo Jesus (cf. Jo 14,6). Vamos juntos acordar e anunciar a Verdade para transformar nosso mundo!

No dia 22 de julho, na cidade de Salto, tivemos o primeiro encontro para juntos sonhar e construir esse caminho. Partilhamos os desafios, dificuldades e conflitos que enfrentamos e começamos a pensar em como modifica-los. Notamos a necessidade de aprofundarmo-nos no conhecimento para combater os falsos argumentos que tantos meios de comunicação

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“O MUNDO NÃO ESTÁ AMEAÇADO PELAS PESSOAS MÁS E SIM POR AQUELES QUE VEEM E, DIANTE DO MAL, NÃO FAZEM NADA” ALBERT EINSTEIN 24


O mundo não está ameaçado pelas pessoas más e sim por aqueles que veem e, diante do mal, não fazem nada.

Albert Einstein

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Espaço Jovem - Geração Acordi

Fala ! a r e l Ga

Desde a primeira edição da Revista Aliança de Misericórdia deste ano de 2017 estamos falando aqui sobre a Geração Acordi. A princípio, como tudo o que é novidade, existiam muitas dúvidas sobre essa nova geração que se levanta e por isso, escolhemos explicar aqui, de forma separada, cada dimensão que a compõe. Neste mês, queremos compartilhar com vocês uma carta escrita pelo Padre Leandro Rasera, logo no começo do ano. Alguns trechos da carta já estiveram nos textos anteriores a esse, mas agora te convidamos a puxar na memória tudo o que viemos falando e também lançar uma pergunta:

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E você, já é um jovem acordado? “Tenho buscado humildemente captar aquilo que o Pai deseja para nós com essa “tal” de Geração Acordi”. “Gostaria de partilhar o que senti durante uma Missa que celebrei com os padres Custódio, João Henrique, Evandro e também o diácono João Fernando.

o ideal que Jesus suspirou, se entregou - até a morte - e de forma apaixonada: o Reino de Deus. Esse é o ideal da Geração Acordi!

Não estava ainda 100% claro que o ideal da geração Acordi deveria ser “liberdade de filhos”, pois isso poderia dar margem para cada um interpretar liberdade de modo diferente do que de fato ela quer dizer pra nós: “disponibilidade total para o Reino de Deus”. Afinal, é para isso que somos livres, para sermos completamente engajados no projeto de amor do Pai, e dizer como Maria “Faça-se o que Tu queres”...

A liberdade de filhos é o caminho pelo qual viveremos esse ideal, mas a meta da nossa geração não é a liberdade, mas o Reino. A Geração Acordi vem pra acordar os jovens para o Reino! Queridos, se entendemos que a Geração Acordi é como a “roupagem jovem” do Carisma da Aliança, e entendemos que a Aliança nasceu pra viver o Evangelho, não poderia ser diferente. A causa de Jesus é também a nossa, dedicar toda nossa vida para que o Reino do Pai se instale sempre mais no mundo!!

O “Reino” é algo que deve ser muito claro para nós, porque é o que garantirá que a nossa geração não seja apenas um “grupo de oração” ou um movimento espiritual que não se torna um fator de transformação. Se não existirmos pra transformar, não tem sentido começar!

É isso que o Papa Francisco tem apelado sobretudo aos jovens: sejam revolucionários! Não passem por esse mundo sem deixar uma marca!

Essa era minha inquietação: como colocaremos o comprometimento com o Reino no coração dos jovens? No retiro, falaremos das 3 dimensões, mas se todas elas não se orientarem para a construção de uma sociedade nova, qual é o seu sentido?

Com humildade, porém com profunda gratidão e emoção, sinto que tudo o que estamos vivendo são, de fato, primícias daquilo que o Espírito Santo quer realizar na Igreja, e o Papa tem apontado essa direção. Irmãos, rezem, reflitam sobre isso, e se confirmarem essa revelação, podemos assumir esse ideal pelo Reino de forma mais clara e ainda mais intensa!

Estava com essas questões no coração e na oração, contudo me veio uma iluminação muito clara e simples, que pra mim trouxe grande serenidade.

Os amo muito, e sou feliz por estar construindo com vocês mais este sonho de Deus. Deus os abençoe!

Foi como uma peça que faltava no quebra-cabeça: o verdadeiro ideal da Geração Acordi deve ser justamente

Pe. Leandro Rasera

“Eis que deixamos tudo, pra Te seguir por amor, por amor. Já não me encontro mais aqui, só o Teu amor me faz feliz, me faz feliz. E o Teu amor me faz dançar, dançar, dançar. E me fez livre pra voar, voar, voaaaaar” (Música: Eis que deixamos tudo , Composição: Acordi )

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Mensagem

A MISSÃO NO CORAÇÃO DA FÉ CRISTÃ “A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Esta é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho, Verdade e Vida (...) Seguindo Jesus como nosso Caminho, fazemos experiência da sua Verdade e recebemos a sua Vida, que é plena comunhão com Deus Pai na força do Espírito Santo, liberta-nos de toda a forma de egoísmo e torna-se fonte de criatividade no amor. Deus Pai quer esta transformação existencial dos seus filhos; uma transformação que se expressa como culto em espírito e verdade, ou seja, numa vida animada pelo Espírito Santo à imitação do Filho Jesus para glória de Deus Pai. Assim, o anúncio do Evangelho torna-se palavra viva e eficaz que realiza o que proclama, isto é, Jesus Cristo, que incessantemente Se faz carne em cada situação humana (cf. Jo 1, 14). Façamos missão inspirando-nos em Maria, Mãe da evangelização. Movida pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na profundidade da sua fé humilde. Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso sim à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte”. Mensagem do Papa Francisco para o Dia das Missões 2017

Leia na íntegra: misericordia.com.br


AGENDA ROMARIA À 01 APARECIDA

OUTUBRO

PEREGRINAÇÃO E VÍNCULOS DA ALIANÇA DE MISERICÓRDIA

Palestra Rede Pelo Bem

ABORTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS Av. Brasil, 173 – Jd. Paulista, São Paulo/SP Com Dr. Ives Gandra

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OUTUBRO

COM OS PADRES JOÃO HENRIQUE E ANTONELLO

Paróquia Assunção de Nossa Senhora Al. Lorena, 665 - São Paulo/SP

COM PE. ANTONELLO E BANDA VIDA RELUZ Rua Jacitara Tipiti, 2 - Jardim Guairaca - São Paulo/SP

NOVEMBRO

OUTUBRO

MISSA DOS AMIGOS

CONGRESSO DOS ARTISTAS

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28À 29 OUTUBRO

ENCONTRO DE CURA COM PE. ANTONELLO Rua Nilo Bruzzi, 31 – Jd. Botuquara - São Paulo/SP

INFORMAÇÕES Vigília MMAE Primeira Sexta-feita do mês | 22H-05H Em todas as cidades onde a Aliança está presente JAM Primeiro Domingo do mês | 09H Em todas as cidades onde a Aliança está presente Missa da Misericórdia - Sé Toda Quinta-feira | 19H30 Catedral da Sé, Centro - São Paulo / SP Mais informações: (11) 3120.9191 Missa da Misericórdia - Botuquara Toda Terça-Feira | 20H Casa IES - Botuquara - São Paulo / SP Mais informações: (11) 3943.3725 Igreja Nsa. Sra. da Boa Morte Missa: Segunda a Sexta às 18h | 6ª às 12h | Sáb. às 15h Dom. às 10h e 18h Sexta: Atendimento de Oração das 14h30 às 17h30 Segunda: Grupo Pe. Pio às 19h30 Fraternidade Pe. Cícero Quarta às 19h Sítio Venha Ver, 420 - Bulandeira, Barbalha - CE Casa São João Batista Dom. às 10h Sítio Riacho do Meio S/N, Dist.Caldas Barbalha - CE Grupo de Oração com missionários da Aliança de Misericórdia Toda Quarta-feira às 19h30. Paróquia Assunção de Nossa Senhora: Al. Lorena, 665 - Jd. Paulista - São Paulo - SP Saiba mais: /iesmisericordia @iesmisericordia @aliancademisericordia /aliancamisericordia www.misericordia.com.br



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