REVISTA SER MISERICÓRDIA #18

Page 1


DEZEMBRO 2024

REVISTA COM CONTEÚDOS MULTIMÉDIA/ DIGITAIS

IRMÃ IVANI - MISSIONÁRIA DA CONSOLATA A RELIGIOSA DEDICADA AO

BAIRRO DO ZAMBUJAL

PÁG. 14

CONSTANTINO PINTO - PROVEDOR SCMA

SER MISSÃO

PÁG. 2

No último ano fomos convidados a refletir sobre o significado de ‘Ser Próximo’. Num mundo marcado por conflitos, desigualdades e crises, fomos desafiados a construir pontes de proximidade e empatia, reconhecendo que o verdadeiro encontro com o próximo exige de nós a capacidade de sentir a presença do outro, de o escutar e de ser disponível para ele. Inspirados pelas obras de Misericórdia, saímos ao encontro de quem sofre, acolhendo, consolando e curando feridas, mesmo quando as circunstâncias se apresentavam como verdadeiramente adversas.

NESTE TEMPO DE INCERTEZA, QUANDO A FRAGILIDADE HUMANA É MAIS EVIDENTE, ‘SER PRÓXIMO’ ENSINOU-NOS A IMPORTÂNCIA DE NÃO NOS ISOLARMOS NOS NOSSOS PRÓPRIOS PROBLEMAS, MAS DE RECONHECERMOS QUE SÓ JUNTOS PODEMOS SUPERAR AS ADVERSIDADES.

Agora, avançamos para um novo desafio: ‘Ser Missão’. Este tema convida-nos a transformar o encontro em ação, a sermos agentes de esperança num mundo que tanto precisa de gestos concretos de amor e de Misericórdia.

Se o encontro nos permite compreender as necessidades do próximo, a missão exige de nós um compromisso ativo para aliviar o sofrimento e devolver a dignidade.

SER PRÓXIMO, SER MISSÃO:
as Obras de Misericórdia em Tempos de Adversidade

Num tempo em que “assistimos” a guerras, a crises económicas, a desastres ambientais e a um aumento generalizado da pobreza, ‘Ser Missão’ torna-se mais urgente do que nunca. As obras de Misericórdia continuam a ser o nosso guia. É de novo hora de alimentar os famintos, de vestir os nus, de acolher os que não têm abrigo, de lhes dar proteção, devolvendo-lhes a dignidade e repondo a justiça.

Constantino Pinto
Provedor da Misericórdia da Amadora

Ser Missão é também erguer a voz por aqueles que não podem fazê-lo, promovendo a reconciliação onde há divisão e o perdão onde há rancor e imperam os ódios.

A missão, porém, não é uma resposta apenas às crises externas, mas também aos desafios interiores de cada um. Neste mundo conturbado, somos chamados a ser mensageiros da paz e da esperança, reconhecendo que cada gesto, por mais pequeno que seja, conta e de que cada existência que ajudamos a dignificar se torna num verdadeiro testemunho de fé e amor.

Entre ‘Ser Próximo’ e ‘Ser Missão’, sentimos que não há qualquer separação, mas sim, uma continuidade. No Próximo criamos laços, na Missão damos-lhes sentido e levamo-los à prática, introduzindo-os no nosso quotidiano. Este é um apelo de Misericórdia: agir com coração aberto, mesmo diante das maiores adversidades, confiantes de que o amor é mais forte do que qualquer desafio.

Por tudo isto, neste novo ano, sejamos verdadeiramente Missão. Que cada um de nós, inspirado pelas obras de Misericórdia, seja uma luz no meio das sombras que teimam em impor-se. Que tenhamos a coragem de enfrentar as dificuldades do mundo com a certeza de que cada gesto de amor, por mais pequeno que pareça, pode transformar vidas e reacender a esperança.

SEJAMOS PRÓXIMOS, SEJAMOS MISSÃO. FAÇAMOS DA MISERICÓRDIA O CORAÇÃO QUE MOVE AS NOSSAS VIDAS, ESPECIALMENTE NESTES TEMPOS DE INCERTEZA.

MISSAO

TERRITÓRIO DE ESPERANÇA misericórdia

EDUCAÇÃO

A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR é crucial para o desenvolvimento integral das crianças.
Como tal, é muito importante garantir que todos tenham igualdade de oportunidades no acesso a esta etapa do percurso educativo.

Neste caminho espalham-se sementes para as próximas gerações. As próximas gerações começam hoje, no agora. A reflexão sobre a educação em todos os níveis de ensino é fundamental para garantir um futuro melhor. Mas, não basta refletir, há que agir e a educação pré-escolar nos dias de hoje está repleta de desafios.

Um dos grandes desafios em Portugal está na valorização desta etapa. Apesar de uma crescente valorização sentida nos últimos anos, de uma maneira geral, ainda se sente socialmente a falta de reconhecimento da educação pré-escolar como um nível educativo. O pré-escolar não pode ser visto como um “depósito com guarda de crianças”, pois em todo o percurso da rotina diária de uma criança num Jardim de Infância existe uma intencionalidade educativa.

Por outro lado, existe alguma tensão no responder às exigências de uma preparação mais formal para o ensino básico.

NO MEU ENTENDER, A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR NÃO PODE SER VISTA APENAS COMO UMA PREPARAÇÃO PARA O ENSINO FORMAL, MAS SIM E FUNDAMENTALMENTE COMO UMA ETAPA CRUCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO.

Não chega dominar letras e números antes de entrar no ensino formal, é fundamental ajudar a criança a adquirir as mais variadas competências: na estruturação da linguagem, na forma como se relaciona com o Mundo, como comunica e expressa as emoções, na construção da sua autoestima e da sua autonomia, no desenvolvimento da criatividade e da imaginação e na capacidade de resolução de problemas, entre outras.

Cabe ao educador proporcionar um ambiente facilitador do desenvolvimento de cada criança, ao mesmo tempo que disponibiliza um contexto rico e estimulante que desperte a curiosidade e o desejo de aprender, e que lhe proporcione a possibilidade de adquirir competências para ser construtora das suas próprias aprendizagens: Aprender a aprender.

A tudo isto acresce o desafio de responder às características individuais de cada criança, apoiando as suas aprendizagens e progressos, usando Práticas Pedagógicas diferenciadas, que possam valorizar também o tempo, o espaço, o ritmo e a forma de aprender de cada um.

Para que todos estes ingredientes concorram para a formação integral das nossas crianças, acrescento uma parceria indispensável neste caminho: Família e Escola. A sintonia entre família e escola é um pilar no desenvolvimento da criança.

Patrícia Gaspar
Educadora Infância Escola Luís Madureira

A integração entre os dois mundos, familiar e escolar, amplia as experiências educativas e sociais. Quando há um bom relacionamento entre escola e família, o desempenho escolar e a própria formação pessoal e social tendem a ser melhores, pois os valores e princípios compartilhados criam uma base sólida para a aprendizagem e socialização. A comunicação e a empatia são facilitadoras deste processo.

Não poderia terminar esta reflexão, sem abordar a importância das emoções e do brincar como fulcrais e imprescindíveis para o trabalho desenvolvido na Educação pré-escolar.

Segundo António Damásio, a aprendizagem está profundamente ligada às emoções e ao movimento. A experiência sensorial e emocional organiza a mente e constrói o conhecimento.

Brincar, nesse contexto, não é apenas um passatempo, mas sim a base para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Como tal será essencial para preparar as crianças para um futuro repleto de belas possibilidades e até algumas frustrações. Na nossa sociedade têm surgido alguns constrangimentos na área da Educação, que de uma maneira geral acabam por se refletir no desenvolvimento da criança de uma maneira geral. Constrangimentos esses que dariam para muitas outras reflexões, que ficam para uma outra oportunidade.

Por agora resta-me dizer que a resiliência e o amor por esta área me fazem acreditar que “...o que de melhor se faz numa escola para educar as crianças não se pode mostrar. Porque não se educa apenas com pedagogia e com didática, porque educar só acontece quando uma relação se estabelece, se desenvolve e se confirma na intimidade de cada uma das crianças e dos adultos...” (João dos Santos). Desta forma, posso acrescentar que trago no coração memórias fantásticas que fotografei com o olhar, que arrisco dizer, que só quem trabalha nesta área consegue registar.

ASSIM, ACREDITO QUE DE ALGUMA FORMA SEGUIREMOS COM A NOSSA MISSÃO E CONSEGUIREMOS CONTINUAR …

Marina Duque

Sandra Sequeira

A MISSÃO DAS RESPOSTAS SOCIAIS

DA

3.ª E

4.ª

IDADES NÃO RESIDENCIAIS

Numa era de constantes mudanças e desafios ao nível individual, social, económico e político, somos chamados a pensar e refletir sobre a essência e importância das respostas sociais da Terceira e Quarta Idades não residenciais na Misericórdia da Amadora.

Enquanto instituição, mas também enquanto profissionais e cidadãos questionamo-nos sobre qual deverá ser o nosso posicionamento e a nossa missão hoje e no futuro.

Os SAD’s e os CD’s da Misericórdia da Amadora apoiam cerca de 292 pessoas do concelho, quer ao nível da prestação de cuidados de conforto e bem-estar, quer ao nível da diminuição do isolamento, estimulação cognitiva e promoção de autonomia funcional. Neste sentido, desenvolvem o seu trabalho com o objetivo de promover o bem-estar e a autonomia da pessoa idosa, assegurando a sua integração social e o acesso aos cuidados de saúde.

As vagas em Respostas Sociais “Residenciais”, os Lares, atualmente com o nome de Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI’s), são insuficientes, especialmente nas grandes cidades e/ou regiões mais povoadas. Por outro lado, sempre que possível, devemos garantir as condições necessárias para que a pessoa idosa permaneça no seu domicílio, no seu ambiente, o maior tempo possível, retardando a sua institucionalização.

Deste modo, as respostas sociais “não residenciais” começam a desenvolver a sua atividade com maior representatividade e a surgirem como potenciais “respostas do futuro”, juntando dois eixos importantes: o primeiro eixo, a vontade do

idoso em permanecer no seu domicílio, no seu espaço de memórias e conforto, promovendo a sua qualidade de vida e mantendo as suas redes relacionais. O segundo eixo, o adiamento da institucionalização evitando a sobrecarga das respostas residenciais.

A evolução social mostra-nos que a população idosa será diferente (em interesses, informação, necessidades…) em 10, em 20, em 30 anos. Este é o enquadramento que nos leva a pensar e questionar sobre a nossa Missão e sobre o tipo de resposta que queremos dar às necessidades, não só das pessoas de agora, mas também das pessoas no futuro.

Os problemas que se nos apresentam são cada vez mais complexos e desafiantes. A dimensão social envolve uma grande parte da vida da pessoa e os problemas de hoje acontecem, maioritariamente, numa teia que enreda as dimensões da família, saúde, financeira, psicológica, emocional e quer os/as Técnicos/as, quer os Cuidadores Formais e Informais devem estar preparados para lidar com esta complexidade.

COLOCAMOS A PESSOA NO CENTRO DA NOSSA INTERVENÇÃO, MAS ISSO POR SI SÓ, NÃO É SUFICIENTE. A INTERVENÇÃO DEVE SER SISTÉMICA E HOLÍSTICA, PROMOVENDO CADA VEZ MAIS A RENTABILIZAÇÃO DE RECURSOS NUMA DIMENSÃO INTERDISCIPLINAR.

Alexandra Andrade Ana Mendes
Sofia Landim
Diretoras do SAD e CD’s da SCMA

Essa base deverá permitir e potenciar, quer os intervenientes diretos, quer a Comunidade, a terem uma voz ativa e serem chamados a refletir.

A nossa intervenção já não passa apenas pela pessoa cuidada, mas também pelos familiares e cuidadores informais (o sistema da pessoa), através do acompanhamento e da sua capacitação em várias vertentes. Uma intervenção tipificada onde os serviços passam essencialmente pela satisfação das necessidades básicas como a higiene pessoal ou a alimentação, apresenta-se como importante, mas insuficiente face às exigências atuais. Precisamos subir na pirâmide e atuar nas necessidades mais complexas, como as psicológicas e emocionais, apoiando e envolvendo as famílias, numa estreita articulação com as respostas e parceiros da Comunidade. Mais do que prestar um serviço de qualidade, queremos prestar um serviço personalizado, adequado e que dignifique a pessoa idosa nas suas várias dimensões.

A nossa missão, quer enquanto técnicos, quer enquanto cuidadores/as, passa por estarmos atentos/as, não só às necessidades da pessoa, mas também às expectativas, sentimentos, emoções e desejos, analisá-los à luz dos desafios socioeconómicos de cada momento e fomentar e potenciar as respostas e parcerias necessárias, trabalhando em rede e de forma multi e interdisciplinar.

A nossa missão, enquanto sociedade, poderá passar por trabalhar no sentido de garantir uma interdependência dos setores público, privado e social, apostando numa maior disponibilidade e

abrangência das respostas da comunidade, numa maior facilidade ao acesso às mesmas, assim como numa maior integração entre elas, não só ao nível social, mas também ao nível da saúde.

A integração dos cuidados sociais e de saúde na Comunidade será porventura o caminho a seguir. A missão das respostas não residenciais será a de garantir e dignificar cada vez mais a intervenção junto das pessoas, colocando-as no centro da intervenção, promovendo e garantindo a prestação de cuidados em todas as suas vertentes (física, psicológica e social) pelos vários profissionais, numa intervenção multidisciplinar devidamente concertada e articulada, de forma a que possam permanecer no seu meio, mantendo a sua rede relacional, garantido a sua identidade, qualidade de vida e o respeito pela dignidade humana.

A nossa casa é o nosso porto de abrigo, é o reflexo do nosso crescimento, é o nosso património, é o nosso ninho de memórias passadas e futuras. Ter a possibilidade de envelhecer no nosso ninho condignamente é honrar a nossa memória, preservar a nossa história, continuando a escrevê-la nas páginas familiares que guardam o livro da nossa vida.

“O IDOSO NÃO É UM ESTRANHO. O IDOSO SOMOS NÓS: CEDO OU TARDE, MAS, INEVITAVELMENTE, MESMO QUE NÃO PENSEMOS NISSO. E SE NÓS NÃO APRENDERMOS A TRATAR BEM OS IDOSOS, DO MESMO MODO SEREMOS TRATADOS.”

Papa Francisco, “Os idosos somos nós” Libreria Editrice Vaticana, 2016 Città del Vaticano

FORMAÇÃO

PESSOAS & FORMAÇÃO

UMA RELAÇÃO TRANSFORMADORA

“As vossas universidades, as vossas empresas, as vossas organizações são canteiros de esperança para construir outras modalidades de entender a economia e o progresso, para combater a cultura do descarte, para dar voz a quantos não a têm, para propor novos estilos de vida. Enquanto o nosso sistema económico-social ainda produzir uma só vítima, e enquanto houver uma só pessoa descartada, não poderá haver a festa da fraternidade universal.”

Carta do Papa Francisco para o evento “Economy of Francesco” [Assis, 26-28 de março de 2020]

A Santa Casa da Misericórdia da Amadora (SCMA) desde 2022 que é uma ENTIDADE FORMADORA CERTIFICADA, com o estatuto atribuído pela Direção de Serviços de Qualidade e Acreditação (DSQA) da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) e incorpora 3 eixos estratégicos: cumprimento dos requisitos normativos da certificação alinhados com a norma da gestão da qualidade; reforço das qualificações dos/as colaboradores/as e promoção do desenvolvimento (cultura) organizacional.

O posicionamento da formação na instituição é uma aposta de investimento no potencial humano de quem cuida e na certificação das suas competências pessoais, sociais e profissionais, com o propósito de desenvolver serviços e respostas sociais humanizadas, inclusivas e tecnicamente qualificadas.

O propósito de capacitar quem cuida, assente numa cultura do cuidado, é o elemento transversal da atividade formativa porque é através da valorização das pessoas e das equipas que se reconhece e avalia a qualidade do serviço prestado, das relações de confiança e de pertença entre colaboradores, utentes, parceiros e comunidade(s) envolvente(s).

O investimento na formação pode ser mais uma ferramenta que as organizações têm ao seu dis-

por para acompanhar a mudança e, através dela, contribuir para o desenvolvimento de novos horizontes de esperança, colocando-se ao serviço, de cada um e de todos os colaboradores, na disponibilização de recursos que permitam caminhos favoráveis à transformação das condições da qualidade vida individual e coletiva.

A formação enquanto espaço e momento de interação, suportado em metodologias participadas e ativas, que coloque no centro da sua avaliação a sua verdadeira essência, que é a qualidade das relações estabelecidas como fator crítico para aprendizagens significativas, permitirá funcionar como experiência socialmente útil e que contribuí para o desejado elevador de mudança e transformação.

A DIMENSÃO RELACIONAL QUE A FORMAÇÃO OFERECE, É AVALIADA PELOS FORMANDOS NOS RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS DE REAÇÃO COMO A DIMENSÃO PRIVILEGIADA PARA O SUCESSO FORMATIVO. O DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL RELACIONAL POSITIVO NAS ORGANIZAÇÕES É CRITICO PORQUE É A PARTIR DAS RELAÇÕES HUMANAS QUE A MUDANÇA PODE SER TRANSFORMADORA E QUALIFICANTE, CAPAZ DE CONSTRUIR NOVOS CAMINHOS DE ESPERANÇA.

As relações entendidas como recursos e a sua otimização podem desencadear intervenções, no caso formativas, que abrangem a totalidade das dimensões humanas (emocional, espiritual, social) e que, alinhada com o bem-comum dos objetivos estratégicos que formação da SCMA incorpora, beneficia todos porque concorre para missão de saber acolher, cuidar e humanizar.

É a relação que transforma. É a experiência, independentemente da sua natureza (emocional e espiritual), individual ou coletiva, que aumenta e movimenta a ação. Todos juntos e cada um, nos diferentes espaços relacionais (família, organizações e comunidades), podemos olhar para dentro e fazer acontecer de forma diferente, seguindo um propósito aspiracional maior e inspirador de relações de encontro e de caminho com o outro.

A decisão de servir os colaboradores com a prioridade de investimento em Pessoas & Cultura Organizacional, tem em si a premissa de que a qualidade das relações socioprofissionais é geradora de oportunidades internas e externas de que todos podem beneficiar e, mais do que números e relatórios, sistemas e normativos legais, inspeções ou auditorias, importará sempre medir na formação da SCMA o potencial transformador que desencadeia nos percursos profissionais (avaliação de desempenho) e na vida de cada um e uma e de todos, deixando transparecer em cada sessão de formação a liberdade e a confiança de como nos diz o Papa Francisco “Ousar fazer diferente”.

UMA IGREJA SINODAL É UMA IGREJA POBRE E PARA OS POBRES

É no seu período como reitor do Colégio Maximo de San José, diretor das faculdades de filosofia e teologia e, no exercício dessas funções, responsável pela formação dos estudantes jesuítas, que encontramos as raízes do pensamento teológico, de modo particular de uma Igreja Sinodal, de Jorge Mario Bergoglio, futuro Papa Francisco. Bergoglio introduz na formação dos jovens estudantes jesuítas o que Austen Ivereigh, biógrafo do Papa, qualifica como «um elemento radical extra, muito pouco frequente na instrução jesuítica desse tempo e que ele tinha ido buscar às missões iniciais que tanto o tinham inspirado. Era a opção pelos pobres, traduzida em trabalho braçal, em cuidados pastorais interativos e num profundo respeito pela cultura e valores populares (…) uma inculturação total na vida do santo povo fiel a Deus»1

É nesta relação com os pobres do «pueblo fiel de Dios», - expressão tão cara ao Papa Francisco -, nomeadamente na escuta, que encontramos a categoria teológica central do seu pensamento eclesiológico e o núcleo germinal de uma Igreja Sinodal. Escreve Bergoglio «apurar os nossos ouvidos para captar o seu desejo de mudança, implica humildade, afeto, o hábito da inculturação e, sobretudo, a rejeição de qualquer pretensão absurda de nos tornarmos a “voz” do povo, imaginando talvez que ele não a tem… A primeira pergunta de um pastor que pretende reformar as es-

truturas deve ser: O que me pede o meu povo? O que espera ele que eu faça? E, depois, atrever-se a escutar» 2

No entendimento do Papa Francisco é fundamental escutar o «santo Povo fiel de Deus». Aliás, a transformação o Sínodo dos Bispos de evento em processo, com a Constituição Apostólica Episcopalis Communio (2018), é a concretização, na fase preparatória em que se consulta o Povo de Deus, dessa sua convicção. Francisco, em linha com o Vaticano II, enfatiza que uma das características do Povo de Deus é a sua infabilidade. Infalível in credendo, que o Papa Francisco explica assim: «quando quiseres saber o que a Santa Mãe Igreja crê, vai ao Magistério, porque ele está encarregado de te ensinar, mas quando quiseres saber como a Igreja crê, vai ao povo fiel» 3. O Povo de Deus é o sujeito da Igreja. É a Igreja. Tal afirmação significa reconhecer que todos os membros da Igreja — leigos(as), religiosos(s), padres e bispos — têm uma voz e um papel ativo na vida e nas decisões da Igreja. Cada batizado é chamado a participar da missão, não como espectador, mas numa corresponsabilidade diferenciada na vida e missão da Igreja.

1

2

3 Discurso do Papa Francisco à 18ª Congregação Geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 25 de outubro de 2023.

Padre Paulo Terroso Equipa de Comunicação do Sínodo sobre Sinodalidade e Reitor da Basílica dos Congregados - Braga
Austein Ivereigh, Francisco, o Grande Reformador. Os caminhos de um Papa Radical, Vogais, Amadora 2015, p. 230.
Bergoglio, Criterios de Acción Apostólica, Boletín de Espiritualidad, n.º 64 (janeiro de 1980).

No povo fiel, os pobres têm um lugar privilegiado, pelos quais a Igreja fez uma opção preferencial. No pensamento de Francisco, que resulta do modo como sempre incarnou o Evangelho na sua missão apostólica, os pobres «têm muito para nos ensinar. Além de participar do sensus fidei, nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor. É necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja. Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles»4

Surpreendentemente, ou não, numa leitura atenta dos vários documentos sinodais publicados ao longos deste três anos (2021/24) - o Documento final não é exceção! - verifica-se uma escassa referência aos pobres, migrantes, refugiados, requerentes de asilo, sem-abrigo, marginalizados, vítimas das alterações climáticas… quando comparamos com a centralidade, a prioridade, as alocuções e discursos vigorosos que eles têm no

magistério do papa Francisco. A leitura parece-nos óbvia e é esta: falta-nos a familiaridade com os pobres, como um dom sacramental, do qual não só se pode aprender muito de Jesus Cristo, mas, sobretudo, ser Cristo. Há um movimento de despojamento, de abaixamento, que todo o batizado é chamado a fazer à imitação de Jesus Cristo, tal como nos demonstra S. Paulo na Carta aos Filipenses: «Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: / Ele, que é de condição divina, / não considerou como uma usurpação ser igual a Deus;/ no entanto, esvaziou-se a si mesmo, / tomando a condição de servo. / Tornando-se semelhante aos homens / e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, / rebaixou-se a si mesmo, / tornando-se obediente até à morte / e morte de cruzı» (Fl 2, 5-8).

De outro modo, não se pode falar de pobreza sem fazer uma experiência com os pobres. Não se pode ser Igreja sacramento de Cristo, se não nos configurarmos com Cristo pobre. Para que Cristo fosse ao encontro de todos, dos últimos, fez-se o último dos últimos. D. António Couto, bispo de Lamego, na sua intervenção no Sínodo sobre a nova evangelização (2012) disse: «Sim, temos necessidade de anunciadores do Evangelho sem ouro, prata, cobre, alforge, duas túnicas… Sim, é de conversão que falo, e pergunto-me: porque é que os Santos lutaram tanto, e com tanta alegria, para

4 Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium (24 de novembro de 2018), 198

serem pobres e humildes, e nós esforçamo-nos tanto para sermos ricos e importantes?» Fica a interrogação.

Uma inconfidência profética. Na 13ª Congregação Geral da segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, nas intervenções livres sobre o projeto do Documento Final, o cardeal polaco Konrad Krajewski, esmoleiro do Papa, intervém para dizer que no documento não se parte dos pobres e não se dá centralidade aos pobres.

O cardeal Krajewski que, no dia 7 de outubro esteve, ele próprio, com um cesto na mão, à entrada da Sala Nervi, a recolher os donativos para a pa-

róquia de Gaza, junto dos participantes da Assembleia do Sínodo, sabe bem o que está a dizer.

Não se trata de mais um parágrafo, nem sequer de dedicar um capítulo aos pobres, mas de uma verdadeira conversão eclesial, de sermos uma Igreja que incarna Cristo pobre e servo. É!

A AFIRMAÇÃO DE UMA IGREJA SINODAL É ESSE SONHO, ESSE DESEJO RADICAL QUE O PAPA FRANCISCO VERBALIZOU NO TERCEIRO DIA DO SEU PONTIFICADO, A 16 DE MARÇO DE 2013, NO ENCONTRO COM OS REPRESENTANTES DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL QUE COBRIRAM O CONCLAVE, «AH, COMO EU QUERIA UMA IGREJA POBRE E PARA OS POBRES!». EIS A IGREJA SINODAL!

A

IRMÃ IVANI

é missionária no bairro do Zambujal e na Santa casa da Misericórdia da Amadora.

Empenhada em ajudar quem mais precisa e a promover a dignidade humana, aceitou rever o caminho que a trouxe até ao atual território de missão.

CONTEÚDO MULTIMÉDIA

Ivani nasceu no último dia do ano de 1945. Tinha doze irmãos, agora são só oito. O pai trabalhava numa serração de madeira, antes de a família se mudar para a cidade de Madureza, do interior do estado de São Paulo. A religiosa conta-nos que viviam as dificuldades próprias de uma família numerosa. Não havia muitas condições para estudar. Depois de concluir a primária, trabalhou numa livraria.

Quando a família se mudou para São Paulo, arranjou emprego na padaria de uma família portuguesa. Começava às seis da manhã, a hora de maior movimento. Ia a pé para o trabalho e regressava a casa com pão e leite que os proprietários lhe davam. Queria ser catequista, ajudar na paróquia, e porque tinha de trabalhar também ao domingo, deixou a padaria. Foi vendedora ambulante e, neste ofício, viveu um momento que a marcou para sempre…

Irmã Ivani [IV] - Nós éramos um grupo de moças, de 18 anos, a trabalhar em equipe, e tínhamos a nossa chefe, que era a Dona Marta. Nós íamos juntas, duas a duas, para os bairros de São Paulo.

Uma certa manhã calhou-me um bairro chique de São Paulo. A gente vai com aquela esperança “aqui, vou vender bem”. Mas, olha, bato lá logo cedo numa casa, e um senhor lá da janela grita e me diz cada palavrão… e diz ”esses da rua, não têm o que fazer, vem não sei o quê...” e ali descarregou uma série de coisas e eu caí num choro… depois não dizia nada, nada, nada, e só chorava.

Revista Ser Misericórdia [SM] – E o que fez? [IV] – Eu não podia vir embora sozinha daquele lugar e tive que esperar a equipe até às cinco da tarde. Aí, a minha colega me ajudou e me levou à nossa chefe. Acabei por ficar ali com a Dona Marta e fui-me acalmando aos poucos. Depois, à tarde, eu não fui para casa e fui onde o meu irmão estava trabalhando, o José Carlos.

Eu só disse para ele, eu não voltaria mais naquela empresa, “não volto mais nesse trabalho”. O meu irmão arranjou-me um trabalho num bar ao pé da empresa dele. Quando chego lá, o trabalho era por turnos. Entrava às seis da manhã e saía às duas da tarde. Entrava às duas da tarde, saía às dez da noite. Outras vezes a gente ficava até à meia-noite, porque tinha de fechar, fazer limpeza, tudo isso. Quando era turno noturno, o meu pai ia me buscar. Como eu era uma jovenzinha, dezoito, dezanove anos, ele sentava lá e ficava numa mesinha sentada até que eu terminasse o trabalho... mas aquele ambiente também não era para mim.

[SM] – Também foi trabalho de curta duração…

[IV] – O bar era na frente de um cinema. À dez e meia, onze horas da noite, onze e meia, saiam aquelas pessoas do cinema, iam todas para o bar. O pior é que vinham certos homens que não davam respeito nenhum.

Eu procurava servir com delicadeza e pegava na mão, e vinha com histórias. As historinhas daqueles homens que não têm respeito nenhum, não... Fiquei uns dois, três meses.

[SM] – E o que arranjou a seguir?

[IV] – Depois um colega nosso, ali vizinho da nossa casa, trabalhava no Grêmio da Faculdade Politécnica e ele disse: “Ivani, eu te levo lá…”

O Grêmio tinha uma Bilioteca que estava precisando de gente.

Depois passei a atender os alunos ao balcão na venda de livros e material escolar, pois iam lá todos os alunos da Faculdade. Acabei por ficar responsável da venda dos livros e aprender de contabilidade. Trabalhei ali sete anos.

[SM] – E a paróquia e a catequese?

[IV] – Nesses sete anos continuei a trabalhar também na minha paróquia. Eu era secretária do conselho paroquial. Nós tínhamos uma atividade muito grande na Paróquia N.ª Sr.ª das Graças. Na Vila Nova Castelinho, onde eu morava.

[SM] – E porque é que o Grêmio terminou?

[IV] – Começou a ficar tudo muito confuso… Tempo da Revolução. Então os alunos estavam muito revoltados contra o governo, e traziam ali boletins subversivos para imprimir.

[SM] – E foi um desses boletins que comprometeu o seu trabalho?

[IV] – Sim. Um certo dia eu chego de manhã e um professor mais uns alunos trouxeram esse boletim. Dei o orçamento e pedi: “Me tragam a autorização do nosso diretor que eu mando para imprimir”. Entretanto chegou a hora de eu sair e fui para casa.

Quando chego no outro dia cedo, estava a polícia à porta do Grêmio à minha espera. Eu cheguei e eles disseram: “Você é que é a Ivani?” e eu disse, “sim, sou eu”.

Como tinha saído mais cedo e tinha a ordem de serviço assinada com o meu nome, o boletim foi impresso. Levaram-me para a investigação criminal dentro daqueles carros lá... pela cidade de São Paulo. No fim do dia, mandaram-me para casa. Nunca mais me chamaram e eu continuei no Grêmio até entrar no Instituto das Missionárias da Consolata.

[SM] – Um “chamamento”?

[IV] – E com alguma confusão na família. O meu irmão que tinha um trabalho foi chamado para o serviço militar. O meu irmão mais velho tinha casado. A outra minha irmã estava para casar. Praticamente só eu é que trabalhava para sustentar a casa e eu dizia: “meu Deus, e agora? O que é que eu vou fazer? Eu vou pedir a conta? Pedi a conta do mesmo jeito.” A minha mãe não queria que eu entrasse no Instituto. Ninguém queria. Nem o meu irmão…

[SM] – Como resolveu?

[IV] – Com o fundo de garantia que eu recebi, fiz uma boa compra para casa e disse: “Mãe, agora não justifica eu ficar fechada aqui em casa só por causa do arroz e feijão. Vocês têm aqui um saco de arroz, um saco de feijão e um saco de sabão. Fiz uma boa compra para casa.”

Depois, no dia de eu entrar, porque eu ia todos os dias de manhã na missa, os meus colegas do Grêmio me compraram uma mala e compraram tudo aquilo que eu precisava e que o Instituto pedia que levasse. Compraram tudo. Me deram a mala prontinha.

[SM] – Então lá entrrou na Consolata?

[IV] – Entrei no Instituto a 16 de fevereiro de 1972 e em 1975 fiz os votos perpétuos. Em 1977 fui mandada para uma missão lá no interior de São Paulo. Éramos três irmãs lá. Não tinha padre. O padre ia lá uma vez por mês, e nós tínhamos 22 capelas longe umas das outras.

[SM] – Quais eram as vossas atividades?

[IV] – Nós atendíamos durante o mês em cada uma das capelas e íamos visitar essas comunidades rurais. A cada dois meses fazíamos um encontro com os animadores dessas comunidades. Era Deus que agia através deles todos. Quando nós colocamos e damos a nossa disponibilidade, é Deus que faz.

[SM] – E quem era a irmã Ivani?

[IV] – Uma jovenzinha ali e que assim teve tantas peripécias que a gente foi enfrentando, que depois dizia: “Ivani, não é você que está fazendo isso”. Ali cada

vez mais eu tomava consciência que era Deus que age no momento certo.

[SM] – Após essa primeira missão o que aconteceu?

[IV] – Voltei para o centro de São Paulo, me fizeram estudar administração, eu fiquei como ecónoma, estudava à noite e durante o dia trabalhava na escola, como administradora de uma escola que nós tínhamos. Fiquei ali até fazer os votos perpétuos, porque eram sete anos de votos perpétuos. Fiz o curso de administração e técnico de contabilidade. Daí quando eu terminei o curso, falaram agora você vai para a Itália e me mandaram para Itália para trabalhar na administração geral. Fiquei na Itália de 1981 até o fim de 1982. Quando chegámos a 1984 surgiu essa emergência e me mandaram para Moçambique. Fiquei lá até 1994 (10 anos), e por motivos de saúde regressei a São Paulo. A médica viu os meus exames e disse: “filha volta para a tua missão, você não tem câncer não”, olha, dei um pulo…

[SM] – E é aí que vem para Portugal?

[IV] – Sim. Em conversa com a minha madre, ela informa-me que “estamos precisando de uma urgência tua em Portugal, vai lá em Lisboa, porque tem as irmãs doentes e tem uma situação muito frágil”, então eu vim em 94 para Lisboa. Fui para a Itália em 95 e fiquei até 2007, 12 anos por ali. Regressei 2007 a Lisboa e estou até hoje aqui.

[SM] – Qual foi a missão nesses anos?

[IV] – Foi sempre ligado à parte da gestão e da administração geral, e para mim foi muito positivo porque quando eu estava em Moçambique, que vi aquela miséria toda, para mim não existia outra situação pior do que aquela que a gente viveu em Moçambique. Mas consciêncializei que não é só Moçambique que tem miséria não, a miséria está um pouco em todas essas nossas missões aí, então me deu aquela aquela visão mais ampla da situação de miséria que há no mundo.

[SM] – O que é que pediram para fazer aqui em Portugal?

[IV] – …ecónoma da casa, toda essa gestão de bancos, essas coisas aí. Depois vim parar aqui ao Bairro do Zambujal. Nós começamos a missão aqui em 2004 e eu cheguei em 2007, tinha a irmã Rafaelita que ficou muito doente e eu tive que levar para frente as atividades aqui e foi assim que eu entrei nesta grande história.

[SM] – Qual foi o seu primeiro contacto com a Misericórdia da Amadora?

[IV] – O Padre Matias [missionário da Consolata e capelão da SCMA] me convidou para animar a liturgia nas casas, nos centros e nos lares. Então eu comecei e gostei. Gosto e quero continuar a ajudá-los (os utentes) a cantar, a fazer uma missa mais animada e não uma missa ali de gente que está a dormir. Tanto nos lares, no Centro Rainha Santa Isabel… estamos aí, dando esse apoio. Eu não me sinto mais missionária porque fui a Moçambique ou mais missionária porque estou aqui, mas porque eu tenho essa dimensão fraterna, universal dentro de mim. E eu acho que quando a gente toma consciência que o nosso batismo nos envolve, a gente sente um pouco quase que essa responsabilidade de fazer alguma coisa… e foi aí que nasceu a minha vocação missionária.

[SM] – Os missionários asseguram a eucaristia e a catequese no bairro do Zambujal. Que outras atividades têm?

[IV] – Nós temos uma atividade bastante direta com as mulheres aqui no bairro. Aos sábados tem um grupo bom de mulheres que está fazendo curso de costura e outras fazem trabalhos em casa de croché.

O padre Matias tem a responsabilidade da catequese e eu tenho a responsabilidade das mulheres e um pouco também da liturgia. Estamos aí, colaboramos naquilo que se pode. Agora, nós queríamos tanto construir a nossa paróquia. Temos uma conta no banco estamos juntando dinheiro para nós fazer-

EM 30 SEGUNDOS

. Um Lugar: Maputo - Moçambique Trabalhei lá 10 anos e gostei muito. Andava de província em província para ver as necessidades das comunidades. Como estavamos em guerra, os tempos eram muito difíceis, e não se encontrava nada ali, eu tinha que pensar as necessidades das nossas irmãs. E em Maputo trabalhei nos bairros da periferia e organizei grupos de catequese ali. Então, se eu voltasse, eu voltaria lá para aqueles bairros onde eu iniciei a minha missão.

. Um prato: Arroz e Feijão Sem dúvida arroz e feijão. Comer arroz sem feijão não tem sentido. Comer feijão sem arroz também não tem sentido…

. Um livro: Na Escola do Pai No meu tempo de formação, nós tínhamos um livro que eu gostei muito. O título era ‘Na Escola do

Pai’, e tinha um pouco a espiritualidade do nosso fundador, Pe. José Allamano. Eu gostava imenso. Estava sempre com ele nas mãos para ver se eu aprendia alguma coisa. Se aprendi, não sei… (risos)

. Um filme: Música no Coração

Eu não sou muito apreciadora de filmes, porque não tenho tempo para ir atrás de ver essas coisas… mas quando eu era jovem, uma amiga minha me levou a ver um filme. E era ‘A Noviça Rebelde’Música no Coração…

. Um papa: João Paulo II

Ele entrou no coração do mundo, no coração dos jovens. João Paulo II foi uma figura extraordinária, na sua simplicidade, e na capacidade de relacionamento com todos. Eu acho que João Paulo II marcou e continua a marcar ainda hoje, a vida de muita gente que teve contato.

mos a nossa paróquia, ao menos para pagar o terreno. Depois da obra arrancar, há mais motivação. Seria muito bom…

[SM] – E como é que vê o papel da mulher na Igreja católica?

[IV] - Ah, bem. Eu acho que a mulher não chegará mais a ser ordenada no sacerdócio. Até que pode colaborar como diaconisa, pode ser ministra do altar, animadora litúrgica, tem tanta atividade. Eu acho que o Papa está com a cabeça no lugar.

Agora, os padres devem considerar mais a presença feminina nas paróquias. Às vezes os padres são machistas…

[SM] – Como é que vê o caminho sinodal da Igreja nos dias de hoje?

[IV] – Eu acho que é um desafio muito grande, essa abertura que a Igreja faz para abrir isso à participação de todos. É uma riqueza, acho que o Espírito Santo está trabalhando através do nosso Papa Francisco, porque é uma riqueza realmente grande, esse caminho sinodal.

[SM] - Como assistiu aos dias difíceis que o bairro passou recentemente?

[IV] - Eu senti o apelo de estar presente, de fazer parte daquilo que o bairro vivia, de fazer parte no sentido de ser presença nas famílias que estão a sofrer. Especialmenste naquelas que perderam os seus ente queridos…

Dentro da cultura cabo-verdiana, quando uma pessoa morre, acompanhar a família por sete dias a oração do terço e estar com eles é fundamental, e esses são os momentos em que nós (missionários) procuramos realmente ser presença.

[SM] – Esse é o trabalho que realiza fora do centro?

[IV] – Sim estar com as pessoas nos momentos mais difíceis, apoiá-las, visitar os doentes tudo isso.

[SM] - Qual a importância das instituições sociais que trabalham no bairro? Conheces todas, certo?

[IV] - Sim, conheço. Eu acho bonito, porque é escolher realmente um bairro com pessoas que precisam dessa presença e parece que ainda são poucas para responder a todas as situações. Isto apesar de serem muitas. Mas creio que o bairro não precisa mais de obras sociais.

[SM] – E a Misericórdia da Amadora?

[IV] - A Misericórdia alargou a sua tenda e está abrangendo muitos setores, entre tantas creches que há, entre tantos Lares, entre tantos Centros de Dia. Eu admiro a capacidade de quem está na gestão de tudo isso, o Constantino (Provedor), o Girão (Diretor Geral) porque realmente não é coisa de pouco.

[SM] - O que é preciso fazer para atenuar o estigma a que está ‘condenado’ o Bairro?

[IV] - Olha, aquilo que é difícil é entrar e envolver os jovens. É difícil a gente encontrar um esquema para envolver os jovens numa caminhada diferente. Nós tentamos já várias vezes, mas ainda não conseguimos. Envolver os jovens, dar um outro olhar para a vida, para a atividade. E depois poder abrir horizontes naquilo que mais falta… possibilidade de trabalho, possibilidade de habitação para essa gente.

OPINIÃO

O QUE É – HOJE – A “VERDADE”?

Integrar um grupo, sentir a “pertença”, parte identitária, não exclui a compreensão da diferença. É no “diferente” que se legitima e completa uma identidade, não no confronto ou aniquilamento, mas no reconhecimento, que, dependendo da circunstância, pode fazer encontro.

Num tempo varrido pelo afunilamento de visões, pela banalização de preceitos éticos, pelo algoritmo como armadilha – ampliada na Inteligência Artificial –, diluem-se as relações humanas, entendendo-se estas num circuito de ecologia integral, ou seja, abrangendo tudo o que tem a ver com a vivência sustentável na casa comum. É assim num grupo religioso, num partido político, numa empresa, numa instituição, numa família, em qualquer espaço onde se debatem ideias e convicções. Certezas apresentadas como absolutas são da ordem factual e verificável, das ciências exatas, raramente da construção de complexos processos relacionais, sociais, ou até religiosos, necessariamente plurais, interpretados e interpretáveis na contingência.

Vivemos num tempo dominado pela pressa, pelo preconceito, radicalizando perceções. Um registo comunicacional em velocidade, hiperemotivo, condicionado pelas redes, com precariedade e produção de baixo custo. Os nossos instrumentos cognitivos estão reféns de uma tribalização temática que encurta o alcance, precipita, dando

espaço à manipulação, ao engano e ao cinismo, construindo espirais opinativas que mastigam o verbo “achar”. É um ambiente mediático tendencialmente beligerante, que promove o confronto – o princípio da moderação é entendido como a mera mediação possível entre opostos e não como corresponsabilidade de diferentes.

Assim, neste cenário, o que é a “verdade”? Até na Bíblia a pergunta não tem uma resposta imediata, lança uma busca interpretativa. Retirando a carga simbólica e exegética do texto, entendemos uma ideia de “verdade” que se consagra numa vida concreta em processo de interdependência. Um ser humano, que, na fé, é Deus feito homem, depende de outro ser humano, de uma decisão instalada na incompreensão e na hipocrisia.

Dizia o papa Bento XVI, em 2010, num encontro com agentes da cultura em Lisboa, que a “verdade”, no caso em contexto cristão, tem de dialogar hoje com as “verdades” dos outros.

Reeditemos então este exercício retórico – “o que é a verdade?” –, sobre o qual se construíram, com evidentes paradoxos, toda uma civilização de valores éticos e morais.

Se os instrumentos comunicacionais estreitam os campos de interpretação e compreensão, acabam também por ampliar e polarizar equívocos, desdobrar medos e incerteza, promover segui-

Joaquim Franco
Secretário da Mesa Administrativa

dismos acríticos. A linguagem dominante, escrita e oral, é tendencialmente maniqueísta na abordagem e manipuladora nas emoções, constrói e destrói “pós-verdades” com a mesma precipitação com que, mediaticamente, se consome e tritura a atualidade.

Reformulando a pergunta, que “verdades” desenham hoje uma orientação comum no equilíbrio entre a emoção construtiva e a razão? O que é hoje a “verdade”?

Tomemos a visão da figura geométrica usada pelo papa Francisco quando fala das buscas de Deus em forma de poliedro. Temos algum desígnio poliédrico que abarque as diferenças fazendo-as convergir para um mesmo ponto – um mesmo propósito – reconhecendo as diferentes distâncias em relação ao centro?

O tempo líquido, na intuição de Bauman, não é propenso e a pluralidade sem linhas valorativas, pode limitar convergências solidárias.

A bússola da “verdade” reorientou o azimute. Mais do que orientador, com respostas inquestionáveis, o “norte” magnético da “verdade” é relacional, mais complexo e exigente. A crise está na ética da relação, revela-se brutalmente na incapacidade de escutar, de dialogar entre convicções, para dar prioridade à construção de equilíbrios.

Como preservar a harmonia familiar sem que todos se sintam respeitados e cuidados? Como construir projetos de paz social sem o exercício político do diálogo? E há busca espiritual ou religiosa sem promover a prática da corresponsabilidade, a elevação da partilha? E quando organizações sociais ou políticas perdem a capacidade de mediação, de diálogo, consumidas pela lógica do poder?

O princípio da “amizade social”, ou “amor social”, não é válido apenas em contexto religioso. (Re) lançado no debate político e cultural pelo papa Francisco, através da encíclica Fratelli Tutti, chega a muitas fronteiras, a todas as fronteiras, supõe uma visão ampla e, prioritariamente, humanista, capaz de preservar a “verdade” ético-relacional diante da voracidade do poder e da ganância, normalmente alinhada com interesses não comuns, imparável na avalanche algorítmica.

Quero? Posso? Devo? Como sugere Cortella, teremos de voltar às três grandes questões da vida humana? Há coisas que eu quero, mas não posso. Há coisas que eu posso, mas não devo. Há coisas que eu devo, mas não quero. A essência deste equilíbrio de vontades traduz-se num esforço de discernimento, sem o qual rasgamos os pressupostos éticos da comunicação, da convivência social e política. A “verdade” é plural e relacional.

Iniciei muito jovem o meu percurso ligado ao poder local na Amadora, com apenas 23 anos, na Assembleia de Freguesia da Reboleira. Desde então, foi com o espírito do serviço à causa pública que abracei todos os desafios que me foram lançados.

Com apenas 28 anos fui desafiada a ser membro da Assembleia Municipal da Amadora e um ano depois a deputada na Assembleia da República, onde foquei o meu trabalho em áreas em que me revia, como a juventude e o desporto, a paridade, a igualdade de oportunidades e a família.

O que me motivou sempre foi o amor à causa pública, a missão de podermos contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, para o crescimento do nosso país, do nosso território. E assim continuei o meu percurso, como vereadora e vice-presidente desta Câmara Municipal e, de 2013 a 2024 como presidente, com total entrega, dedicação e sentido de responsabilidade.

O exercício de funções autárquicas tem como premissa principal a proximidade à população, aos seus anseios, o conhecimento do terreno. Presentemente, como membro do Parlamento Europeu, tento, diariamente, que essa experiência de serviço público possa ser fator diferenciador que ajude a construir pontes e soluções de compromisso.

UMA JANELA DA AMADORA SOBRE BRUXELAS

AGORA, A MAIS DE DOIS MIL QUILÓMETROS DA CIDADE QUE ME VIU NASCER E CRESCER – A AMADORA, CONTINUO A TRILHAR ESSE CAMINHO, CERTA DE QUE HÁ, CADA VEZ MAIS, UMA RELAÇÃO ENTRE AS POLÍTICAS LOCAIS E AS POLÍTICAS EUROPEIAS.

Se, de facto, somos localmente responsáveis pelos nossos programas de ação e pela sua concretização, também é verdade que o Parlamento

Europeu adota leis que afetam todos, com grande impacto nas nossas vidas. Os investimentos financiados pelo orçamento da União Europeia beneficiam as regiões, as cidades, as empresas e todos os cidadãos europeus.

Medidas essas que nem sempre são percetíveis para os munícipes, mas cuja forma, enquadramento, e o cumprimento das metas europeias têm influencia em muitas das políticas públicas locais.

A título de exemplo, é com recurso a estes fundos, neste caso o PRR, que está a ser construída na Amadora a Unidade de Saúde Familiar Ribeiro Sanches, em S. Brás, e que vai ser beneficiada a EB 2+3 de Alfornelos. Foi também através do Portugal 2020 que a Santa Casa da Misericórdia da Amadora teve apoio na construção da Creche Luís Madureira e viu financiado o Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS).

Aqui, no Parlamento Europeu, contribuímos para a construção de uma Europa mais justa, mais inclusiva e mais próspera, encontrando caminhos para soluções comuns para diversos desafios que as comunidades locais enfrentam, como a habitação, a proteção social, a promoção de uma saúde de qualidade, a pobreza e a exclusão.

Nestes 4 meses como eurodeputada tive o privilégio de integrar a Comissão dos Orçamentos e

a Comissão do Controlo Orçamental, bem como ser a relatora do Quadro Financeiro Plurianual 2028/34 do Parlamento Europeu.

Este é um plano que indica o montante que pode ser investido em políticas que reforcem o futuro da Europa, essencial para que a política europeia de coesão continue a possibilitar canalizar apoio financeiro para apoiar e reforçar o investimento a nível local e regional em Portugal.

Na qualidade de relatora do Parlamento Europeu para o quadro financeiro plurianual pós 2027, tenho o privilégio de trabalhar lado a lado com todos os eurodeputados para garantir que o Parlamento Europeu tenha uma posição forte e unida.

É, sem dúvida, um enorme desafio, que encaro com determinação, empenhamento e compromisso, com o meu País e com os valores europeus.

E MESMO FISICAMENTE DISTANTE, FAÇO QUESTÃO DE CONTINUAR A ACOMPANHAR A ATIVIDADE DA NOSSA AMADORA E ORGULHO-ME DO TRABALHO QUE AS INSTITUIÇÕES, COMO A SCMA, CONTINUAM A FAZER EM PROL DOS AMADORENSES.

A distância deixa de ser longa quando a percorremos com afeto.

No

âmbito da ação de formação interna “CUIDAR DE QUEM CUIDA” da SCMA, a Instituição promoveu o Seminário do Cuidador com Amor no dia 5 de novembro, data em que se comemora o Dia Mundial do Cuidador Informal, com o intuito de prestar homenagem a todas as pessoas que, de forma informal, cuidam.

A Misericórdia da Amadora juntou-se a esta causa e promoveu o Seminário Cuidador com Amor para homenagear os Cuidadores Informais, mas também os colaboradores da Instituição.

Dos vários momentos de partilha e de encontro fizeram parte oradores com uma visão muito própria do ato de cuidar. Os testemunhos permitiram refletir, questionar e sentir diferentes temáticas nesta área, nomeadamente: «Os principais desafios do ato de cuidar»; «Lidar com o impacto do ato de cuidar» e a «A importância do autocuidado no ato de cuidar».

O Dia do Cuidador com Amor deu a conhecer projetos e estudos locais e nacionais sobre o ato de cuidar, bem como testemunhos e experiências de diversos cuidadores.

E, porque o Amor se semeia, a Misericórdia da Amadora procurou valorizar o Cuidador naquelas que são as suas diferentes competências. Ver o Cuidador como uma “sementeira de afetos” é acreditar no mérito do seu papel social, reforçando a importância da promoção do seu autocuidado, bem-estar e qualidade de vida.

CONTEÚDO MULTIMÉDIA

Ana Quintais
Sandra Vicente
Paulo Calvino
Pedro Santos
Equipa Organizadora do Seminário

SER MISERICÓRDIA É SER MISSÃO; É SER CUIDADOR DE QUEM CUIDA, COM AMOR!

PE. ZÉ MARIA

MEMÓRIA DE UM IRREQUIETO

CONSTRUTOR DE PONTES

O padre jesuíta José Maria Brito – o Zé Maria, entre amigos –era de uma generosidade contagiante. Raramente declinou um convite para entrar no jogo difícil do debate mediático, sem medo dos temas. Preparado, e mesmo não estando preparado, enfrentava o desafio. Não tinha medo dos assuntos fraturantes, mas tinha sempre a preocupação de medir as palavrapara fazer pontes.

CONTEÚDO MULTIMÉDIA

Era um homem de projetos, mas não é essa disponibilidade, que ele entendia como missão, que me leva a dizer que o Zé faz muita falta. A sua grande convicção evangélica residia na disponibilidade para escutar, fosse um amigo à mão ou à curta distância de um apelo. As suas dúvidas mais profundas, ou as mais refletidas, reveladas à mesa do almoço ou num qualquer encontro ocasional, passavam facilmente a ser de todos os que as partilhavam. Como as nossas hesitações nos pedregosos e tantas vezes insustentáveis labirintos da vida, eram rapidamente assumidas por ele, passando a ser suas, rezadas e discernidas, para mais tarde as dialogar.

Em 18 de abril de 2024, quatro dias antes da morte inesperada, tivemos na SCMA a alegria de o ver e ouvir durante a conferência que teve o Sínodo sobre a Sinodalidade como pano de fundo, ao lado de Rita Sacramento Monteiro e Eugénia Abrantes, para debater a “responsabilidade política e social” a partir do repto do Papa Francisco: “todos, todos, todos”.

Zé Maria tocou nas feridas da Igreja e da política doméstica: “Hoje é muito difícil conversar, não temos capacidade de escutar, há muita mobilização do ressentimento, tendência para diabolizar o outro, que é diferente, de o descredibilizar”. Detestava as expressões “politicamente correto” ou “politicamente incorreto”. São preguiçosas, explicou,

anulam o sentido crítico e “destroem o espaço moderado”.

Hoje, “que comentadores moderados é que valorizamos?”, perguntou – uma inquietação que partilhava insistentemente –, “quem nos inspira numa atitude de moderação e ponderação?”

O ambiente ficou um pouco pesado na conferência, com as interpelações da assistência. Pairou um certo pessimismo, sobretudo quanto à juventude e à educação. Mas o Zé Maria foi ao âmago do evangelho para apontar um sentido – era sempre assim! – dizendo que “o pessimismo é muito desmobilizador, também acontecem coisas boas e o sentido crítico” precisa do “olhar da Páscoa”. O “olhar da Esperança”, concluiu, “exige o cuidado de não se dizer que está tudo mal, porque senão esta é mesmo uma profecia que se cumpre a si própria”.

NÃO HÁ MUITOS(AS) COMO O ZÉ MARIA. E OS(AS) QUE HÁ SABEM QUE ESTA NÃO É A HORA DE PAUSAR. PERMANECE O MUNDO E A COMUNIDADE DE FÉ NA QUAL ELE TANTO SE EMPENHOU NOS TURBULENTOS TRABALHOS DA COMUNICAÇÃO, DA SOLIDARIEDADE E DA ESPIRITUALIDADE.

O vazio que deixou está cheio de desafios. A SCMA presta homenagem à sua memória e exemplo.

NOTÍCIAS

10.ºANIVERSÁRIO

CRECHE RAINHA DONA LEONOR

No dia 18 de outubro, a Creche Rainha Dona Leonor - CRDL, celebrou o seu 10.ºaniversário com a presença de crianças, pais, auxiliares, educadoras e alguns elementos da equipa da SCMA.

Um momento de confraternização simples e de celebração pelos “10 anos a trabalhar em prol dos mais pequenos e das suas famílias”, lembrou a Drª. Isabel Rodrigues (Responsável para a Educação da Mesa Administrativa), bem como a Educadora Joana Valente (Responsável da Creche) a recordar “todos os colaboradores que por cá passaram e aqueles que continuam a dedicar o seu tempo, no objetivo comum de fazer crescer em felicidade estas crianças..”

Muita música, um boneco gigante da Minnie, lanche e o tradicional bolo de aniversário fizeram as delícias de todos, dos mais pequenos aos mais velhos..

PASSEIO DE VERÃO

3.ªIDADE SCMA

A Misericórdia da Amadora realizou em julho, o passeio verão da 3.ªidade para os utentes que se encontram nas ERPI’s da nossa instituição, com um especial atenção aos utentes de mobilidade reduzida, que puderam desfrutar de uma tarde de verão magnífica.

Passeio através da Marginal, a ver o mar e com lanche no Parque Marechal Carmona em Cascais. A parte mais emotiva foi o lanche que os utentes deram aos muitos patos que se encontravam no Jardim.

Em ano de ‘Ser Próximo’ juntámos neste evento, os seniores do Lar Santo António - LSA, do Lar Sagrada Família - LFS e da Unidade Residencial Aristides Sousa Mendes - URASM.

PONTO FINAL

FUI PEREGRINO E ME ACOLHESTE…

Ao longo de mais de cinco séculos de história, as Misericórdias portuguesas estiveram sempre na primeira linha no apoio às suas comunidades.

Da educação à saúde, dos mais novos aos mais velhos, as Misericórdias souberam sempre encontrar respostas adequadas à realidade social do nosso país.

ATUALMENTE, UM DOS MAIORES PROBLEMAS QUE AFETA A NOSSA SOCIEDADE É O PROBLEMA DA HABITAÇÃO, OU MELHOR, A FALTA DE HABITAÇÃO.

De facto, é um drama vivido nas nossas cidades. Salvo melhor opinião, o problema não está na falta de habitação, mas sim no preço exorbitante e completamente desproporcional e desajustado das mesmas.

Sendo a vida uma peregrinação na terra, todos nós somos peregrinos. Logo, é fundamental acolhermos todos os peregrinos que precisam de acolhimento permitindo e facilitando acesso a uma habitação digna, a valores que se possam suportar.

Quantos jovens não conseguem sair de casa dos pais por falta de capacidade económica? Quantos casais não conseguem comprar ou arrendar uma casa? Quantos profissionais não conseguem fixar-se numa localidade por falta de habitação?

Na minha opinião, as nossas Instituições deveriam, em conjunto, encontrar uma resposta a este drama. Como já o fizeram noutras ocasiões e para outros dramas em que as misericórdias se uniram e criaram redes para responder a problemas na educação, na saúde ou no envelhecimento.

Está na altura de todos em conjunto dizermos “PRESENTE” ao problema da habitação.

NÃO PODEMOS FICAR ALHEIOS A ESTA PROBLEMÁTICA, QUANDO UMA DAS OBRA DE MISERICÓRDIA É O ACOLHIMENTO, COMO PODEREMOS ACOLHER SEM UM LAR?

As misericórdias podem e devem combater este problema através de políticas eficientes, estabelecendo parcerias com as autarquias e outros parceiros públicos e privados, no sentido de se promover um investimento em habitação acessível e a custos controlados.

Pensar na habitação como uma estratégia das Misericórdias poderá responder às necessidades das comunidades, mas também desenvolver políticas de sustentabilidade para as nossas instituições.

FICHA TÉCNICA | Revista Ser Misericórdia n.º18

Na nossa Instituição, estamos empenhados em fazer parte da solução para este problema.

O ano de 2025 será um ano jubilar para a Igreja Católica. “Peregrinos de Esperança” é o tema do ano Jubilar. Esperança e Peregrino duas palavras que se interligam de uma forma tão bonita. Vamos então acolher todos os peregrinos que procuram e precisam de uma pousada para descansar e aí ganhar forças para o caminho.

Desejo a todos um Santo Natal e um Ano Novo cheio de novos e desafiantes projetos

UM SANTO NATAL

PRÓSPERO ANO DE 2025

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.