SER MISERICÓRDIA #4 | SUPLEMENTO 25 ANOS

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. É concedida personalidade jurídica à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Amadora e aprovado o Compromisso pelo Patriarcado de Lisboa. . Eleição em reunião geral de membros dos nomes votados para constituírem a Comissão Instaladora da SCMA. . Eleição do Provedor a partir dos membros eleitos. Foi eleito por unanimidade o Dr. Luís Madureira que em função do seu cargo, escolheu os restantes membros para completar a Comissão Instaladora. . Homologada a Comissão Instaladora da SCMA Provedor – Dr. Luís Madureira; Vice-Provedor – Drª Maria João Ferreira; Secretária – Drª Margarida Lencastre; Tesoureiro – Sr. F. Rolando Raposo; Vogal – Prof. Dr. Jacinto Ferreira; Vogal – D. Ismália de Carvalho; Vogal – Sr. Sotero Mendes Almeida. . 1º Espaço arrendado na Cova da Moura com Jardim de Infância (60 crianças) e (80 em ATL) – (Irmã Purificação). . Sem instalações próprias realizou-se a 1ª Colónia de Férias em Sesimbra com o apoio da Misericórdia de Sesimbra envolvendo cerca de 100 crianças carenciadas da Amadora.

1988

. 1º Apoio Domiciliário para 10 utentes. . O IGAPHE cede loja no Bairro do Zambujal para a instalação dos Serviços da SCMA. (nunca foi usado para tal). Mas funcionou um ATL. . Recuperação do imóvel da Quinta das Torres em colaboração com o IGAPHE onde se instalou o 1º Centro de Dia. . 1ª Reunião da Comissão Instaladora da SCMA, na Quinta das Torres, tendo ficado deliberado que a partir desta data este edifício seria a sede da Misericórdia. . Inauguração do Centro de Dia na Quinta das Torres (Prof. Dr. Cavaco Silva). . Aquisição de um terreno na Buraca à Direcção Geral do Património do Estado.

2011

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA AMADORA XXV ANIVERSÁRIO


. Tomada de posse dos primeiros Corpos Sociais da SCMA. . Aquisição de outro terreno ao IGAPHE (Complexo Desportivo). . Contrato com o “Horto do Campo Grande” para exploração florícola da Quinta.

. Início do Projecto ADICA – Apoio Domiciliário Integrado do Concelho da Amadora. . Alargamento do Apoio Domiciliário (para 20 utentes). . Aquisição de um Apartamento - r/c – no Centro da Amadora – (Bairro Janeiro). Seria para acolher crianças da 1ª Infância abandonadas e/ou em risco. Dificuldades de vária ordem impediram a SCMA de concretizar esse objetivo. Depois de obras de adaptação instalaram-se os Serviços Administrativos (que funcionavam na Quinta das Torres) e o Apoio Social (1991). . Dá entrada na CMA o projecto do Lar Sagrada Familia para aprovação. O projeto foi oferta da Assembleia Distrital (Arq. Sousa Dias).

. Contrato para Instalação da Gasolineira (SHELL). . Programa Nacional de Luta Contra a Pobreza do Ministério do Emprego e Segurança Social cujo objetivo era a criação de Centros Comunitários em áreas degradadas da Buraca (Comissária – Drª Irene Aleixo). “Aposta no Desenvolvimento da Buraca”. Foi o projecto que mereceu das entidades responsáveis resposta positiva. . Início da construção do Centro S. Francisco e aquisição de 3 lojas no Bairro do Zambujal – Centro Santa Clara - tudo ao abrigo do Programa de Luta Contra a Pobreza.

. Abertura Centro São Francisco e Centro Santa Clara de Assis. . Início do projecto para a construção dos 102 fogos a custos controlados.


. Início da construção do Lar Sagrada Família. . Inauguração dos Centros Infantis Centro São Francisco de Assis e Centro Santa Clara de Assis – Cova da Moura e Zambujal pelo Ministro Dr. Silva Peneda. . Projeto “Promoção da Saúde e Prevenção da SIDA na Comunidade Migrante da Amadora. Candidatura a fundos da CE como entidade promotora e tendo como parceiros a CMA e a AADS – Associação de Apoio a Doentes com SIDA. A SCMA apresentou este projeto em 1994 no Japão – Yokohama – no Congresso Internacional de HIV e em Vancouver – Canadá no ano seguinte – 1995 também no Congresso Internacional e HIV.

. Construção dos 102 Fogos na Buraca. Habitação a custos controlados para atribuição a casais jovens do concelho. . Ao abrigo do Programa de Luta Contra a Pobreza – (novo Projeto) “Projeto Comunitário da Quinta das Torres” – foi possível adquirir a Quinta das Torres. Inicio do projeto do Complexo Social da Quinta das Torres. (Comissárias – Drª Irene Aleixo e posteriormente Drª Elza Chambel).

. Construção dos 92 fogos do Zambujal (posteriormente adquiridos pela CMA). . Inauguração do Lar Sagrada Família pelo Prof. Dr. Cavaco Silva e no mesmo dia entrega das chaves dos 102 fogos a famílias carenciadas e a jovens casais. . Transferência dos Serviços Administrativos para a Quinta das Torres. . Início da construção do Lar Santo António.

. Aquisição ao IGAPHE de mais um lote de terreno no Plano Integrado do Zambujal para a construção de 60 fogos. . A SCMA ganha o 1º prémio de concepção/construção atribuído pelo INH.

. Candidatura a dois Projetos que serão posteriormente aprovados: “Recria” e “Integrar”.


. Início do Projeto “Viver Positivo” da Comissão Nacional de Luta Contra SIDA. . Candidatura ao Projecto PAII. . Inauguração do Complexo Social da Quinta das Torres. (“Lar Santo António” e “ Escola Luís Madureira”) . Início da construção dos 62 fogos do Poço do Montijo. Habitação a custos controlados

. Inauguração da Unidade de Cuidados Paliativos.

. Aquisição do Lote 9.

. Início da construção do Lote 9 da Buraca. (Habitação a custos controlados.) . Celebração de Protocolo com a Câmara Municipal da Amadora, no âmbito do Programa Aprender & Brincar, relativo à componente de apoio à família. . Novas instalações do Centro Sta. Clara de Assis.

. Projeto Clique Solidário (combate à info - exclusão) . Inauguração Edifício 2 Escola Luís Madureira, extensão ao 2º e 3º Ciclo.

. Início do projeto “Rumos de Futuro” (da prisão à inclusão). . É celebrado Protocolo com a Câmara Municipal da Amadora para a implementação de Actividades de Enriquecimento Curricular no 1º ciclo de escolas do concelho. . Sagração da Igreja da SCMA e dedicação a N. Srª das Misericórdias.


. Início do Projeto “Crescer a Saber”, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian, com o apoio do Instituto da Droga e da Toxicodependência. . É celebrado Protocolo com a Câmara Municipal da Amadora para implementação do Sistema Telefónico de Assistência Permanente (Help Phone) nas residências de idosos moradores no concelho. . É celebrado o Protocolo de Colaboração com o ISS para acompanhamento de 250 Famílias beneficiárias do Rendimento Social de Inserção(RSI). . Abertura da Unidade de Grandes Dependentes. . Aprovada a criação da empresa de inserção “Novo Espaço”.

. Alargamento do Protocolo de Cooperação com o ISS para acompanhamento de 250 para 400 Famílias beneficiárias de Rendimento Social de Inserção. . Inauguração da CLIMA – Clínica Médica de Alfragide da SCMA. . Inauguração da Creche Santa Teresinha do Casal Da Mira.

. Inauguração do Centro de Dia e SAD do Casal da Mira. . Inauguração do Centro de Dia e SAD Rainha Santa Isabel. . Celebração de Protocolo com a Câmara Municipal da Amadora, denominado por AmaSénior, para distribuição de refeições aos fins-de-semana e feriados, a idosos do concelho, em parceria com a AFID e SFRAA.

. Assinatura do Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS) para a Amadora, a desenvolver no bairro de Santa Filomena.

. Criação e gravação do hino “Ser Misericórdia é Bem Servir”. Participação de todos os colaboradores da Instituição. . Inauguração da Unidade de Cuidados Continuados da Sagrada Família.


Gravação do Hino dos 25 anos da SCMA

Concerto dos Figo Maduro

Unidade de Cuidados Continuados da Sagrada Família.


Dr. Luís Madureira 1º Provedor da SCMA

EM 18-12-1988 POR OCASIÃO DAS CERIMÓNIAS DA INAUGURAÇÃO DA MISERICÓRDIA E DO SEU CENTRO DE DIA PARA IDOSOS, NA QUINTA DAS TORRES, O DR. LUÍS MADUREIRA, 1º PROVEDOR DA MISERICÓRDIA DA AMADORA, PROFERE O DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DA INSTITUIÇÃO E DE UMA MANEIRA MUITO SIGNIFICATIVA ELENCA TODA A IMPORTÂNCIA VISÃO E MISSÃO DE UMA MISERICÓRDIA. CONCEITOS ACTUAIS QUE VALE APENA RECORDAR...

«No gesto benévolo da honrosa presença de Vas. Exas. Seja-me permitido ler e sublinhar a afirmação implícita do reconhecimento e valor que concedem à instituição que hoje aqui faz a sua solene apresentação publica, em atitude de compromisso adulto na construção de uma cidade melhor. A Santa Casa da Misericórdia da Amadora nascida pelas mãos de uns poucos rapidamente acedeu à generosa ajuda de muitos e aqui, desta forma tão distinguida, colhe forças que a hão-de animar a projectar-se, definitivamente, no tempo e na história das Misericórdias Portuguesas. No Congresso Nacional das Misericórdias, realizado em 1976, em Viseu, onde foi criada a União das Misericórdias Portuguesas, definiram-se estas como “Associações de fiéis, denominadas Irmandandes da Misericórdia ou Santas Casas da Misericórdia, com personalidade jurídica, canónica e civil, com o fim especifico de praticar obras de misericórdia corporais e espirituais e de promover o culto publico a Deus, gozando de autonomia administrativa e de confiança dos seus benfeitores e beneficiando de protecção histórica da igreja , dos reis e do estado”.

Mas a presença de todos V. As. Exas que, ao justo descanso de uma manhã de Domingo, preferiram honrar-nos com a vossa amizade, há-de ser interpretada como reconhecimento e homenagem à população da Amadora por tão generosamente ter acolhido a sua Misericórdia.Que Deus lhes pague por, desta forma tão clara, nos ter vindo reafirmar que “ a grandeza dos Homens se mede pelo seu poder de comunhão”. No IX congresso Ibero-Americano de segurança social, em 25.05.1987, afirmou V. Exa. Senhor Primeiro Ministro que “a lógica desumanizante da estatização, deve contrapor-se nova Filosofia baseada na racionalização, desburocratização e descentralização dos equipamentos e serviços colectivos, por forma a colocá-los mais próximos dos utilizadores e das suas necessidades concretas”. “E que importa reposicionar o conceito de solidariedade na sociedade, através de um quadro de novas formas de solidariedade social que estimule a iniciativa e o sentido de generosidade e sobretudo torne mais humana a acção social". Também na mesma ocasião afirmou V. Exa. Que “O estado não pode ser único suporte do progresso e muito menos ser arvorado em monopolista da solidariedade Social”.

Hoje, como em 1498, data da sua fundação, as Misericórdias continuam a receber personalidade jurídica na ordem canónica e na ordem civil. No quadro jurídico actual para as instituições particulares de solidariedade social, as Misericórdias podem, nas condições ai previstas, ser reconhecidas como pessoas colectivas de utilidade publica. A Misericórdia da Amadora foi já reconhecida como tal.

No programa do governo a que V. Exa. preside, consta o incremento de acções tendentes a apoiar as iniciativas das instituições particulares de solidariedade social e o estimulo á gestão do equipamento estatal por tais entidades, quando isso e mostre adequado.

Senhor Primeiro Ministro, Senhor Cardeal Patriarca, A presença dos mais altos dignitários do governo e da igreja diocesana de Lisboa, nesta cerimónia simples, honra os Homens do estado e da igreja que com particular lucidez e sentido de responsabilidade defenderam, ao longo dos séculos a existência, em dignidade, desta nobilíssima instituição, erigida, por decalque, dos sentimentos mais profundos de um povo generoso e crente. O mesmo povo que hoje, afinal é tido como indispensável para a construção da Europa da solidariedade e da esperança.

A Santa Casa da Misericórdia da Amadora não é e, espero, não será uma estrutura funcionalizada que, passivamente, aguarde mais competências ou mais subsídios. É uma estrutura de gestão flexível, preparada para rapidamente se adaptar ao desenvolvimento de novas valências em que se combinem, harmoniosamente, o trabalho do profissional competente com o trabalho do voluntário qualificado. E de trabalho voluntário conta já com muitos milhares de horas. Por vocação cabe a uma Misericórdia a pratica das obras de misericórdia, e estas para além da sistematização de


muitos conhecida, são tantas quantas as necessidades reais dos Homens, no fluir dos tempos. Se por compromisso a Misericórdia da Amadora, e penso que única nesse aspecto, focaliza as carências humanas no quadro familiar, essa focalização não a exime ao dever do tratamento personalizado. E grande é o Universo que poderá ser chamada a atender: A Amadora, nascida de um progresso de urbanização onde imperou o caos, por razões que a sociologia facilmente poderá explicar, conta hoje com mais de 170 mil habitantes que herdaram, para a organização social do seu quotidiano o caos da urbanização que os condicionou. NÃO OBSTANTE AS RESERVAS AOS DADOS ESTATÍSTICOS, PARECE-ME OPORTUNO REFERIR QUE SEGUNDO OS DADOS OFICIAIS A AMADORA CONTA COM: - CERCA DE 53 MIL FAMÍLIAS; - CERCA DE 11 MIL HABITANTES A VIVER EM APROXIMADAMENTE 3 MIL BARRACAS; - 8 MIL FAMÍLIAS CONTAM UMA OU MAIS PESSOAS COM IDADE SUPERIOR A 65 ANOS; - QUASE 50% DAS FAMÍLIAS CONTAM COM DOIS ACTIVOS; - 14 MIL CRIANÇAS CONTAM MENOS DE 4 ANOS; - 30 MIL CRIANÇAS CONTAM MENOS DE 10 ANOS; - E SERÃO CERCA DE 24 MIL OS JOVENS COM IDADES ENTRE AOS 15 ANOS E OS 20 ANOS; - MAIS DE 50% DOS ACTIVOS TRABALHAM NO SECTOR TERCIÁRIO; Embora sem possibilidade de confirmação, dentro dos elementos informativos de que disponho, e é muito provável que cerca de 1/3 da população negra africana que demandou a grande Lisboa se tenha fixado no concelho da Amadora. Numa cidade assim não é preciso grande imaginação para descobrir as graves carências a que urge por cobro. Mas será preciso, isso sim, muita coragem e alguma santa loucura para as enfrentar e lhes contrapor acção que as mitigue ou solução que as extinga. Pois foi com bastante de loucura, embora não santa, e com determinada coragem que um pequeno grupo sonhou com uma Misericórdia. Poderia esse grupo ter pensado num lar, ou num infantário. Mas a Amadora não precisava de um jardim infantil: Precisa de muitos. Amadora não precisa de um lar: Precisa de muitos, quando esgotadas todas as hipóteses, de fazer permanecer o idoso na sua casa. Manter o idoso na sua casa, sempre que possível, assistir a criança quando o pai e a mãe trabalham, dar amparo aos jovens nos momentos de fuga ao desentendimento familiar ou cedência aos estímulos desviantes, ajudar as famílias em dificuldades, descobrir, nas crianças, aptidões para a arte, prestar ajuda aos enfermos; promover formas de útil ocupação de tempos livres, o f e re c e r e s c o l a s a l t e r n a t i v a s , p ro p o rc i o n a r aprendizagem profissional a alunos com insucesso escolar, promover o desporto, desenvolver actividades que contribuam para a velhice saudável e criar condições para a retardar, reclamar o pão dos pobres e a casa dos sem abrigo, integrar os diminuídos, estabelecer pontes

entre ricos e pobres, são apenas alguns exemplos do programa da solidariedade que a Amadora e reclama e a que tem direito. Urdir, na teia do tecido social, a justiça e a solidariedade; colocar, as famílias no coração da nossa cidade e programa grande que interpela a todos, mas que reclama igualmente a experiência sedimentada no trabalho constante e humilde de que as Misericórdias deram provas. Neste breve apontamento se funda e radica a ideia de uma Nova Misericórdia no declinar dos 500 anos da fundação desta prestigiosa Instituição. Mas ideia de que há muito ia ganhando forma nas preocupações de alguns residentes, colheu impulso no congresso diocesano da pastoral familiar, realizada em Maio de 1985. A Amadora esteve lá e ouviu os apelos de V. Eminência, senhor Cardeal Patriarca, aos movimentos associativos, como forma de atacar e dar soluções aos muitos problemas que afligem as nossas família. E esteve também no 1.º colóquio sobre a pobreza que se realizou no nosso país. Senhor Primeiro Ministro a obra que hoje aqui inauguramos é obra de trabalho voluntário, em acumulação na maioria dos casos, com responsabilidades profissionais não pequenas. Que ninguém force as portas de entrada para a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, sem que tenha compreendido e esteja disposto a aceitar todas as implicações da dimensão eclesial e da dimensão da acção social desta instituição, para que nela perdure , preservado e acrescido o espirito que presidiu a fundação da sua irmã mais velha, há 490 anos e mantenha como especificidade própria, a defesa esclarecida da família. Mas, ao contrário, que todos com ela colaborem na humanização da nossa cidade: que ninguém tenha medo do trabalho fundado na humildade. Nele só haverá colaboração e nunca concorrência. A Misericórdia da Amadora manifesta total abertura à colaboração com todas as instituições, particulares e públicas, integradas ou não nas estruturas do poder local ou do poder central. Com a ajuda de cada um, cobrir-se-á de glória esta nova Misericórdia ao serviço de todos. Que os seus dirigentes não confiem nunca demasiado em si próprios, para que não conheçam o desanimo. O trabalho nunca lhes faltará : Pois que, e cito autor abalizado, “ O Homem não pode ser uma fome sem alimento, uma sede sem água ou uma pergunta sem resposta”. QUE A HISTÓRIA DA AMADORA BENDIGA E DEUS PROTEJA QUANTOS AQUI ESTIVERAM PRESENTES.»


Joaquim Raposo Presidente da Câmara Municipal da Amadora

Com o lema “Ser Misericórdia é bem servir”, a Santa Casa da Misericórdia da Amadora foi fundada há 25 anos com o objectivo de satisfazer carências sociais segundo os princípios da Doutrina Social da Igreja. Um quarto de século depois a SCMA é uma das mais activas instituições particulares de solidariedade social do concelho, que muito evoluiu no sentido de diversificar e consolidar uma série de valências, dando resposta a diferentes grupos etários mais carenciados da população. Ao longo dos últimos 13 anos à frente da Câmara Municipal da Amadora pude assistir à consolidação dos pilares que fazem da Misericórdia da Amadora um

exemplo a seguir no apoio consolidado aos mais desfavorecidos e vulneráveis. Em plena celebração dos 25 da SCMA não posso deixar de realçar o seu fulcral contributo para a melhoria da qualidade de vida de muitos munícipes da Amadora. O trabalho em parceria com instituições como a Santa Casa da Misericórdia tem-se revelado uma mais valia na prossecução das nossas e, também vossas, políticas sociais. É precisamente nas parcerias que reside o sucesso das políticas de responsabilidade social. São vários os reais exemplos do excelente trabalho desenvolvido pela SCMA em todo o concelho junto da infância, juventude e terceira idade, em áreas tão distintas como a saúde e a intervenção social. Com o apoio da Misericórdia conseguiu-se aumentar a resposta às famílias em diversos graus de ensino, com destaque para as creches, bem como em lares, centros de dia e no apoio domiciliário. Por tudo isto e muito mais, congratulo a Santa Casa da Misericórdia da Amadora pelos seus 25 anos de existência. A todos, aos seus utentes, profissionais, técnicos e voluntários, em nome da Câmara Municipal da Amadora desejo que continuem a “bem servir”, com a vontade e empenho que tanto vos caracteriza no desenvolvimento de um trabalho fulcral para a melhoria da qualidade de vida dos amadorenses!

Manuel de Lemos Presidente da União das Misericórdias

consigo próprio e com os outros; compromisso que representa, antes de tudo, uma postura de preocupação social, num quadro de valores em que o voluntariado e a consciência de que há sempre alguém que podemos ajudar, é trave mestra do nosso percurso de vida. VIVER A MISERICÓRDIA É VIVER A SOLIDARIEDADE COMO VALOR ANTES DE A VIVER COMO UMA MERA TÉCNICA!

SER MISERICÓRDIA Ser Misericórdia é sobretudo uma atitude social institucional e pessoal! Institucional… porque as Misericórdias são em Portugal Instituições pentaseculares nascidas nas comunidades com o objectivo de ajudar os mais pobres e necessitados sem distinção de credo, raça, cor ou rendimento. Tudo em nome de uma Missão que se ancora nas Obras de Misericórdia e numa natureza e numa identidade que o tempo moldou e a sociedade reconheceu. Nomeadamente, em períodos de crise, as Misericórdias, sobretudo em sede de Cooperação com o Estado, são as grandes almofadas sociais que se colocam sempre do lado das soluções não do lado dos problemas. Uma Misericórdia não está, uma Misericórdia é! Pessoal… porque aderir e fazer parte da Irmandade que sustenta a Misericórdia, representa um Compromisso

Um Irmão de uma Misericórdia também não está, é! A meu ver a Santa Casa da Misericórdia da Amadora integra bem estas duas vertentes: como instituição, porque embora jovem no universo do movimento das Misericórdias, desde muito cedo se assumiu como um actor da comunidade desenvolvendo, por si só, ou em parcerias com o Estado, a Autarquia e outras Instituições públicas, sociais e privadas que operam no mesmo âmbito geográfico, instrumentos de protecção social que a afirmaram no contexto local e mesmo no contexto mais vasto da própria União das Misericórdias Portuguesas. Instrumentos que se pautaram pela qualidade, inovação e avaliação das necessidades da sua comunidade. E também pessoal porque desde os Órgãos Sociais aos quadros técnicos, é patente a preocupação e o empenho no Compromisso pessoal de cada um, em viver a sua actividade de Misericórdia no respeito pela sua Missão e pelos seus Valores.


O meu nome é Carlos Manuel Matos. Sou Missionário do Verbo Divino e actualmente desempenho o serviço de Capelão no Hospital S. José. Sou Irmão da Santa Casa da Misericórdia da Amadora há sensivelmente dois anos. Há várias formas de testemunhar. Pode ser de uma forma apenas factual, ou então pode ser uma expressão que vem do coração. Seguirei a segunda via. Gostaria de começar com uma pequena história pessoal. Há pouco tempo fui chamado para assistir espiritualmente uma senhora, que participava todos os dias na missa das 18h00 na Capela do Desterro. Quando cheguei ao quarto onde a senhora estava, os familiares disseram-me que ela já não estava consciente. Mesmo assim aproximei-me e chamei por ela. “Aurorinha é o P. Carlos”. Abriu os olhos, sorriu e disse-me: “Meu querido amigo dê-me um beijo”. Atendi o seu pedido. Esta foi a nossa oração e acredito que foi uma obra de Misericórdia. Algo tão simples. Conheço o serviço da Santa Casa por aquilo que oiço mas sobretudo por aquilo que vejo. Poderíamos dizer que 25 anos são poucos, talvez lhe falte uma tradição secular, no entanto existe serviço, dedicação e sobretudo uma grande preocupação social e de gestão revestidas de um sentido que dão as mãos às Obras de Misericórdia reveladas em Mateus 25. O beijo que a

“Aurorinha” me pediu, foi algo muito simples. Marcou-me profundamente e esta senhora sentiu uma oração que não vem na tradição, mas foi eficaz. É assim que eu vejo o serviço que a Santa Casa presta à comunidade da amadora. Nestes tempos de crise os gestos simples e bem geridos são os que mais respondem aos desafios. Todos os Domingos reúne-se uma comunidade na Capela da Misericórdia, situada no Colégio Luís Madureira. Ai celebramos a Eucaristia. É um momento bonito. No entanto o que mais me marca são as eucaristias com as crianças e os idosos. Nessas alturas sinto uma grande honra por ser Irmão.

Pe. Víctor Gonçalves

MISERICÓRDIA: ENTRAR NO CORAÇÃO DE DEUS Não foi fácil descobrir que Deus tem coração. Nem que a sua omnipotência significa poder amar sempre, muito para lá dos limites e fragilidades humanas. Gostamos de pensar ainda que o lugar de Deus é no céu, acima deste viver de sangue e alegria, e que Ele governa com distância, favorecendo uns e ignorando outros pesando o fervor ou a indiferença que lhe dão. Somos especialistas em estabelecer fronteiras, marcar territórios e definir limites, pesar o amor e contar a dádiva, dizer até onde o coração pode estender-se. Mas com Deus não é assim: a beleza da criação já reflectia a bondade infinita, a aliança e os mandamentos apontavam o amor responsável, mas o escândalo supremo tem o nome de Jesus Cristo, Deus feito homem de corpo e alma a abraçar o alto e o abismo, a grandeza e a miséria que são tão nossas. Com Ele entramos no coração de Deus e descobrimo-nos em casa, aprendemos a conjugar em todas as situações os verbo ser, e dar, e amar, e “felizar” (que é a arte de fazer feliz alguém).

Com Jesus, o outro não é mais um estranho e torna-se irmão, deixa de ser distante porque nos aproximamos: e juntos fazemos comunhão. Misericórdia é uma palavra dinâmica; dizê-la exige uma acção, um movimento de ternura e bondade, que leva vida onde tudo parece morrer e salvação onde tudo parece perdido. Ela não tem donos nem precisam dizer-se crentes aqueles que a vivem, mas quem vai descobrindo o rosto de Jesus percebe que nela também se revela o coração de Deus.


As Misericórdias são em Portugal uma das instituições com maior história e alcance na resposta associativa local e bem tipificada aos desafios de ordem social. Como muitas outras instituições, elas são, na natureza do seu acto fundador e no reconhecimento público da sua importância para o bem das comunidades, uma das mais ricas expressões do princípio da liberdade de iniciativa e do seu decisivo contributo para o desenvolvimento deste mesmo bem social. Com efeito, coube a estas instituições contribuir, ao longo dos tempos, como nenhumas outras, para humanizar, com a solidariedade e a caridade, a desprotecção dos indivíduos e das famílias face aos acasos do destino, às crises e insuficiências dos sistemas sociais e às limitações da organização do Estado. Embora não caiba no espaço de um olhar breve entrar em grandes considerações de ordem doutrinária convém não deixar na sombra a matriz cristã a que se pretendem ligadas nos princípios e na acção estas instituições, ao falar desta moderna e dinâmica instituição que é a Misericórdia da Amadora. A eles subjaz uma diferenciadora visão da pessoa humana e da sua dignidade, da sua abertura aos outros compreendida na fraternidade, do seu lugar na sociedade e no mundo. É a convicção, a assimilação e o trabalho realizado sobre estes valores que há-de levar cada Misericórdia a distinguir, a afirmar e a realizar a sua missão em complementaridade activa com as outras instituições, entre elas o Estado e as autarquias, sem se deixar menorizar ou instrumentalizar, e sem perder de vista o seu ideal de serviço. PENSO QUE A MISERICÓRDIA DA AMADORA É UM CASO FELIZ E PARADIGMÁTICO DA ACTUALIDADE DO MODELO DE SERVIÇO E INTERVENÇÃO SOCIAL PROSSEGUIDOS PELAS MISERICÓRDIAS. Do ponto de vista do meu contacto pessoal e institucional, os dois anos que levo como Pároco da Amadora, seriam, em princípio, uma base reduzida de conhecimento e relação para caracterizar de modo justo o percurso, a dimensão da obra e a coerência da inserção do seu Compromisso na actividade realizada. Em Arruda dos Vinhos, acompanhei e, mais do que isso, vivi sempre muito por dentro os passos de uma Misericórdia histórica que cresceu muito nos últimos

quinze anos e que hoje tem uma dimensão equivalente à da Amadora. Já então como capelão e como membro da Mesa administrativa ouvia falar muito do sucesso da Misericórdia da Amadora. Ouso por isso afirmar que tenho as melhores razões para fazer um balanço muito positivo e testemunhar a minha admiração pelo que hoje me é dado não só ouvir, mas também conhecer. Comprova-o o bom entendimento pessoal e a estreita relação de colaboração com a nossa Paróquia e com as Paróquias em que tem implantadas as suas estruturas de funcionamento. A este traço institucional acresce, de modo quase natural e muito especial, o facto de muitos dos elementos dos Corpos sociais desta Misericórdia e outros quadros técnicos terem a comunidade paroquial da Amadora como sua referência na origem e no quadro do seu itinerário de formação na juventude. Felicito a Misericórdia da Amadora pelo seu património de credibilidade construído ao longo destes 25 anos de vida. Para isso contribuíram a visão e a determinação dos que a fundaram no contexto dum novo concelho, cuja área e dimensão de desafios sociais deixava lugar aberto a novas instituições; continuando e sustentando este impulso, sucederam-se novas Mesas administrativas cuja dedicação, competência, dinamismo e arrojo está à vista de todos. Herdeiras, com os Irmãos, de um espírito e de uma filosofia social bem ancorados na tradição, souberam, com os funcionários e as forças da sociedade política e civil, consolidar uma instituição moderna no estilo, qualificada no desempenho e abrangente na resposta.


MISERICÓRDIA… DO EU AO NÓS! Falar de misericórdia, é falar de uma das categorias essenciais dos atributos de Deus no Antigo Testamento, que em Jesus Cristo se vai transformar na chave de leitura das relações de Deus connosco, e em desafio para a chave de leitura das nossas relações com os outros, como sinal distintivo e condição sine qua non para a nossa relação com Deus. Ninguém pode pretender ter uma relação com Deus se não tiver uma relação com os outros. Uma relação de coração, uma relação de intimidade, de empatia, de SER. De ser com e para. E aqui está o desafio, mas também a condição do próprio existir. Tudo o resto não passa de folclore… Com efeito, no A.T., o conceito de Deus como misericórdia e verdade, perpassa todo o texto, numa atitude “desafiadora” que “empurra” o leitor a ir mais longe na sua compreensão de si próprio e de Deus. Trata-se de um empurrão no sentido de entender o sentido profundo da própria revelação, ou seja, o do matrimónio de Deus com toda a humanidade, com toda a criação. Com efeito, atrever-se a fazer o esforço de entender Deus que “tem coração”, que tem “entranhas”, que é relação de intimidade, logo, que é capaz de se “comover”, que é capaz de empatia, é tocar a essencialidade essencial de ter, ser e viver uma relação de intimidade e de TU, quando e onde o TU se transforma na categoria reveladora do EU, que fatalmente terá de me levar a construir uma relação de NÓS, em primeiro lugar com os outros e depois, só depois, com Deus. Um dos atributos fundamentais de Deus, que o Antigo Testamento apresenta, está representado pela palavra hebraica hesed, - misericórdia, coração misericordioso… podem ser expressões semelhantes, mas não chegam para transmitir toda a grandiosidade que o conceito original encerra.

Antes de conhecer a Santa Casa da Misericórdia da Amadora, na rua Ramiro Martins (Casal da Mira) a minha vida vagueava como se fosse apenas bocejante. Uma vida sem sabor. Nem mais nem menos. Depois, por intermédio da Dra. Ana Maria, proprietária da farmácia aqui ao lado, travei conhecimento com a Dra. Rute Brás, e, por actos de magia, tudo (ou quase tudo) mudou na minha vida. Tornou-se menos insípida, mais colorida, mais vivaz, enfim e, em suma, a entender, tudo o que representa esta instituição de solidariedade social: com 25 anos a bem servir, como assisadamente rezam os posters profundamente disseminados nas paredes da Santa Casa ou, mais ajuizadamente, no Centro de Apoio à Terceira Idade. Foram as refeições, os passeios (à praia, a Fátima, a Tomar, ao jardim zoo, etc). Por tudo isto que ficou supracitado e muito mais que não cabe neste espaço, bem-haja a Santa Casa da

Ao partir de duas afirmações centrais do Antigo Testamento acerca dos “atributos” de Deus, misericórdia e verdade (hesed e 'emet), a Escritura coloca nesta frase toda a carga de identificação e de caracterização dos anawim, ou seja, dos pobres em espírito, ou seja, daqueles que são precisamente gente que vive este mesmo sentimento de Deus, esses que reconhecem que tudo o que têm receberam de Deus e que, por isso, se abrem sem condições aos outros. Um Deus de hesed, um Deus de misericórdia, em última análise, e indo à etimologia dos termos usados, é um Deus com “tripas”, – diríamos nós de uma forma mais poética, com coração –, que desafia o anaw, que desafia cada um de nós, para esta mesma atitude diante de vida. Longe de ser simplesmente uma elucubração tão ao gosto das liberdades poéticas, o convite que fica, neste elemento de bem-aventurança, de felicidade, é justamente este de ter um coração capaz de bater ao ritmo do coração de Deus. Um coração apaixonado, um coração não solitário; casado com a vida e com o mundo, da mesma forma que Deus casou com a criação inteira, sem excepções. Deus casou com todos… até com os católicos...

Misericórdia da Amadora, e bem-haja sobretudo, a Dra. Rute Brás que, como já escrevemos um dia algures é verdadeira, a enclítica «alma mater» da instituição. O seu reality show. José Inácio Teigão Utente de Centro de Dia


Mª Joaquina André Ferro Utente Lar de Santo António

“ Eu, Mª Joaquina André Ferro, entrei para o Lar de Santo António há quatro anos, devido a um AVC do qual fiquei muito debilitada. Isto fez com que não pudesse estar em minha casa, pois vivia num 2º andar, sem elevador, com umas escadas que não podia subir nem descer, e só saía dali com a ajuda dos Bombeiros, que me iam buscar e

levar à fisioterapia, três ou quatro vezes por semana. Uma vez sozinha em casa caí e estive três horas no chão a pedir socorro, pois não havia vizinhos por perto para me ajudarem. Entretanto, passado esse tempo, chegou a minha cunhada, que vivia no 1ºandar, e que me ajudou a levantar. Foi depois desse dia fatídico que tomei a decisão de vir para o Lar de Santo António. Vinha muito debilitada, dependia de tudo e de todos para fazer as coisas. Fui muito bem recebida e bem tratada. Hoje em dia faço as minhas coisas, arranjo-me sozinha, só necessito ajuda nos dias de banho. Não tenho razão de queixas do pessoal, são todas impecáveis e têm-me dado muito alento para recuperar, e também respeito muito o trabalho delas, já que era um trabalho que eu não conseguia fazer. Em relação à alimentação, uns dias é boa, outros nem tanto.”

Diogo Fernandes e Joana Sá Alunos da Escola Luís Madureira (9ºA)

Nesta instituição há sempre alguém pronto a ajudar, sem pedir nada em troca. Apesar de a nossa realidade ser um pouco diferente de todas as outras valências – pois frequentamos uma valência que é privada – consideramos que os profissionais desta casa, desde funcionários à direção, muito investiram na nossa formação e para a aquisição de valores que esperamos manter pela vida fora.

Somos dois alunos do nono ano da Escola Luís Madureira, valência da Santa Casa da Misericórdia da Amadora. Viemos falar sobre a nossa vivência nesta escola, que já frequentamos desde os seis anos de idade.

Um dos momentos que guardamos na memória remonta ao ano letivo 2010/2011, quando fomos ao lar de idosos de Sagrada Família e pudemos partilhar uma tarde de tarefas com os mais velhos (no âmbito do Ano Europeu do Voluntariado). Foi importante sentirmo-nos úteis em pequenas tarefas, como por exemplo, descascar batatas.

Desde pequenos que nos têm sido transmitidos os verdadeiros valores da vida, não só nas nossas orações como nas tarefas do dia-a-dia. Ensinaram-nos que a idade não é uma barreira para as amizades, mas sim uma porta aberta para novas sabedorias.

São estes e outros momentos, assim como as pessoas que nos acompanham, que nos ficam na memória e fazem de nós as boas pessoas que irão ser o futuro de Portugal e do mundo.

Com as experiências de vida dos avós daqui do lado (Lar de Santo António) aprendemos coisas novas todos os dias: saberes importantes para a nossa vida como cidadãos do mundo.

Desejamos que os próximos vinte e cinco anos sejam tão frutíferos como estes que agora celebramos. Parabéns, Santa Casa da Misericórdia da Amadora!


O meu nome é Aida Morgado Ferrão da Veiga Moreira, sou sobrinha do Sr. António Pereira Morgado e responsável por ele perante a Santa Casa da Misericórdia da Amadora, Lar Sagrada Família. O meu tio começou por usufruir dos serviços do Centro de Dia e a partir de 22 de Março de 2002, passou a viver neste Lar. Todos os dias desde que ele passou a frequentar esta unidade, dou Graças a Deus pelo apoio que está a ter. Solteiro, sozinho, doente, incapaz de tomar conta de si próprio e com dificuldade de relacionamento, valeu-lhe a compreensão e capacidade de prestação de serviços que aqui encontrou. Tinha deixado de ter refeições e medicação a horas, desmotivado e sem interesses, levantava-se tarde, saía de casa pelas 20h para fazer a única refeição quente do dia e regressava tardíssimo a casa. Foi assaltado mais do que uma vez, o que o marcou muito. A procura de informação para ajuda, junto da responsável em funções na vossa unidade em funcionamento na Avenida Pedro Álvares Cabral na Amadora, foi a luz ao fundo do túnel para alteração da qualidade de vida do meu tio. A compreensão da situação, a exposição das normas de funcionamento e a oferta de uma possibilidade de mudança desde que desejada, foram claras e amavelmente explicadas ao meu tio. A visita às instalações e o reconhecimento de que a orientação de vida que estava a ter não podia continuar fez-lhe desejar a integração. Ficou em lista de espera e finalmente aceite. Ele desejava privacidade e apoio. Tem-nos Tido. Tenho registado ao longo dos anos que aqui tem estado, a atenção que tem tido para lhe proporcionarem estabilidade emocional. Em particular a manutenção de permanência no mesmo quarto e preocupação de

compatibilização com companheiro de partilha do mesmo. O meu tio apesar das dificuldades de relacionamento que tem, teve melhoras neste aspecto. Fica feliz com as festas de confraternização (à excepção dos Santos Populares porque não aprecia “santinhas”) e com as deslocações em autocarro para ver as iluminações de Natal. Nunca me manifestou queixas do pessoal, aliás diz-me sempre: “Elas trabalham muito”. Às vezes refere-me a dificuldade em tomar algumas refeições, pelo facto de não poder mastigar alimentos duros e haver ementas em que este aspecto não será atendido. Registo o acompanhamento que os enfermeiros tem tido, com a situação das pernas e pés do meu tio e que ele por vezes não facilita a sua intervenção. É tranquilizante para mim saber que o meu tio está abrigado, respeitado, tratado pelo seu nome, sem maus tratos, que lhe proporcionam uma vida regrada e com manutenção de cuidados de saúde. Também me tranquiliza a franca visibilidade do espaço e acesso a

Ricardo Gaspar Familiar de Utente de SAD

Porque a vida é feita de pequenas coisas e, o somatório dessas mesmas coisas dá sentido à vida que é um caminho com muitos obstáculos que mais facilmente se ultrapassam com o auxílio de outros… Pois bem foi em Agosto de 2009 que o meu avô perdeu as suas pernas fruto da doença Diabetes. Para uma pessoa que sempre foi independente ver-se numa situação de dependência total é pois uma situação traumatizante a todos os níveis. Depois de muito procurar uma solução, finalmente encontrei o Centro de Apoio à Terceira Idade do Casal da Mira. Desde o primeiro momento a simpatia e disponibilidade com que fui recebido é excepcional! No dia seguinte após a Dr.ª Rute Brás me ter recebido e ter exposto a gravidade da situação logo se deslocou à habitação para se inteirar da mesma. Nas palavras da D.Aurora (minha avó de coração apesar de não ser de sangue) foi um Anjo que ali apareceu naquela casa. Desde a primeira hora que se estabeleceu uma relação para além do profissional, estabeleceu-se uma relação de afectos entre os funcionários e os meus avós. Pelos gestos simples da companhia, do ir buscar o pão, do dizer Bom Dia!, do

dizer Boa Tarde!. Gestos simples mas que tanto valor têm, porque a vida é feita de afectos e de pequenos gestos. Sobre o serviço prestado nada se pode dizer de mal ou de contra, antes pelo contrário tudo sempre correu pelo melhor. Um agradecimento especial a todas as auxiliares por darem o seu contributo diariamente, duas vezes por dia, sete dias por semana e 365 dias por ano no desempenho da sua função e, ainda pelo afecto, carinho e respeito com que cativaram os meus avós. Muito Obrigado!


“Afecto” é a expressão que melhor define a Escola Luís Madureira.No dia a dia, experimentamos o carinho, o cuidado, a atenção, a preocupação e o interesse que todos os funcionários, docentes e não docentes (desde aqueles que todos os dias nos recebem à porta até outros com quem nos cruzamos sem saber o nome), nutrem pelas crianças e suas famílias. Norteada por princípios de educação e formação moral e cristã, na ELM estabelecem-se e fortificam-se os laços de afecto – as crianças sentem que pertencem à escola e que a escola lhes pertence (“… Eu sou da ELM …”,

dizem elas).Também a qualidade e a estabilidade do corpo docente e não docente constitui um elemento essencial no sucesso da escola e no crescimento harmonioso dos nossos filhos, pois, entendo, transmitelhes as mesmas sensações, princípios e valores que a Família deve transmitir: a afectividade, a segurança, a educação, a confiança, o respeito, a estabilidade e a cumplicidade, entre outros. Motivo de orgulho para todos nós é a integração geracional proporcionada pela “convivência” entre a ELM e o Lar Santo António, que os transforma num lugar único: o convívio entre novos e velhos é algo que nos distingue e unifica, tornando as nossas crianças mais solidárias e os mais velhos ainda mais válidos pela partilha das suas experiências. É por estas razões – entre muitas outras, que o reduzido espaço não permite aqui transmitir – que eu entendo que a ELM assume um papel essencial na vida das nossas crianças, na sua alegria, na sua formação cívica e consciência moral, no respeito que têm pelos outros e pelo mundo que nos rodeia. E são elas que, muitas vezes, nos recordam e “transmitem” estes valores. No 25º Aniversário da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, felicito a todos pela importante e vasta obra que vêm desenvolvendo, agradecendo-vos todo o bem que nos têm proporcionado. Muito Obrigado.

Luísa Rodrigues Voluntária da Equipa do RSI

Todo este meu processo começou desde que sou beneficiária de Rendimento Social de Inserção (RSI). Apoiada pelos Técnicos da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, nas necessidades inerentes a um constante desemprego, fui motivada a enfrentar um novo caminho sempre de olhar em frente, com a esperança que um dia tudo mudava. Sim! Um dia tudo mudou! Um simples telefonema da Coordenação da Equipa RSI da Santa Casa da Misericórdia da Amadora a convidarme para fazer parte de um projecto como Voluntária, missão que sempre gostei de um dia poder por em prática, bastou para aceitar este desafio. O Projecto “MOMIE”, como se chamava, consistia em poder repartir experiências e conhecimentos que fossem úteis para aqueles que se apresentavam na mesma situação que eu. Agora, voluntária! Receava não conseguir tamanha façanha, mas, com a colaboração exemplar da Equipa do Projecto, com a valorização que é dada à colaboração enquanto Voluntário, com o apoio incondicional de ambas as partes na ajuda ao próximo,

tudo contribuiu, de forma muito activa, para o sucesso e eficácia pretendida. E assim, seguiram-se outros Projectos. A Semana da POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL foi outra dinâmica em que participei como voluntária e que consistiu em confrontar os mais jovens com esta dura realidade que faz parte dos nossos dias. Este Projecto foi preenchido com a pintura de alguns quadros em acrílico sobre tela, pelos jovens participantes, que depositaram na pintura a sua expressão relativamente a estas realidades. A SALA de ESTUDO é outro Projecto com sucesso garantido que abracei, pois fazer com que os estudos sejam considerados uma prioridade é uma valiosa arma de futuro para qualquer pessoa, seja qual for a sua condição social, ideologia, etnia ou idade. Todos estes projectos foram e são, vividos com a maior entrega, que fizeram de mim uma voluntária empenhada. Não preciso de ginásio para queimar calorias pois quero engordar com a experiência e o conhecimento, não preciso ir ao psicólogo, pois a dádiva aos outros, o grande apoio que recebo, o profissionalismo, a elevada auto-estima que toda a equipa da Santa Casa da Misericórdia da Amadora me transmite, chega para me considerarem curada. Comprimidos nem pensar, a cabeça anda tão ocupada que não tem lugar para eles.O entusiasmo de conseguir concretizar os Projectos e pensar em outros que me possam vir a convidar, deixame sem tempo livre para me lamentar, pois afinal existe quem esteja pior que eu, e, junto a esta receita a gratificação que é o ser Voluntário não deixa espaço para pensar na crise.


O meu nome é Armando Almeida e sou voluntário da SCMA (mais propriamente do Lar Sagrada Família) há treze anos. Como comecei e porquê! Eu trabalhava em contabilidade, era preciso trabalhar muitas horas extra horário, fins-de-semana etc. O stress começou a aparecer e ia aumentando de forma galopante, os sintomas eram muito fortes e entrei em esgotamento profundo. Esta doença tem um nome próprio “Síndrome de Burnout”. Fiz um longo tratamento psiquiátrico mas a minha recuperação não ultrapassou os 70% com incapacidade profissional. Fui aposentado por invalidez. Mas eu era um homem ainda muito novo para ficar inactivo, o que também não me favorecia nada em relação à minha doença. Foi aí que tive a sorte de encontrar pessoas que me propuseram fazer Voluntariado na SCMA. De inicio fiquei apreensivo porque sentia medo de quase tudo, principalmente do fracasso e da incapacidade, mas decidi aceitar.Foi a melhor decisão que podia ter tomado. Passei a sentir-me útil ajudando quem mais precisava, e a minha auto-estima subiu consideravelmente. Encontrei também pessoas extraordinárias em todas as áreas que me apoiaram muito. Sinto enorme prazer em ajudar todos aqueles que precisam de mim, nomeadamente os idosos.

O nome da nossa revista teve origem no «Sermisericórdia», que é um boletim interno mensal onde, para além do editorial, são publicadas notícias daquilo que vai acontecendo nas diversas valências. Nesse boletim, também é publicada uma listagem com o nome dos funcionários que fazem anos durante esse mês. Este ano a propósito da comemoração dos 25 anos da instituição, pedimos às pessoas que fazem o editorial para focarem um acontecimento que tivesse sido marcante durante estes 25 anos.. Durante este período festivo que estamos a viver houve dois acontecimentos muito bons. Um foi um convite da mesa administrativa para que todos os funcionários estivessem presentes no dia 12 de Março, um sábado, pelas 9h no centro Rainha Santa Rainha Isabel. Não foi revelado o motivo desse encontro. Depois de muito suspense, chegou o sábado e estiveram presentes cerca de 200 pessoas. Havia à nossa espera um pequeno almoço, a seguir a Sra Provedora apresentou um hino sobre a instituição (da sua autoria). Durante toda a manhã, ensaiamos com ela, o hino e, por volta das 13h fomos para auditório movidos por uma grande alegria, gravar um videoclip. Outro momento bastante bom, realizou-se também no auditório do Centro Rainha Santa Isabel, e foi uma conferência proferida pelo Frei FernandoVentura “Ser solidário”. Tinha muita curiosidade em escutá-lo devido à maneira como ele costuma falar da crise política na Sic.

Tenho assistido ao grande crescimento da SCMA num curto espaço de tempo, e isso de certa forma deixa-me orgulhoso por assistir a esse crescimento, sinto-me em família, e considero o Lar Sagrada Família a minha segunda casa. Foi sem dúvida a minha melhor terapia a seguir aos antidepressivos. Por tudo isto e muito mais só tenho que dizer… Parabéns Santa Casa! São apenas 25 anos de existência, mas uma grande obra feita na área de Bem Servir. Pessoalmente resta-me dizer Obrigado. E não parem, os mais desfavorecidos contam convosco!

Daniel Santos Colaborador da Instituição

Mas o Frei Fernando Ventura vai mais longe quando diz: “a crise maior que nos mata, é esta solidão solteira que nos habita” somos incapazes de fazer a passagem do “eu” para o “nós”. Deu o exemplo de muitos casamentos que deixam a sua essência mais profunda de duas pessoas que se amam, ao ponto de partilharem tudo para serem apenas dois solteirões que dividem um tecto. Este exemplo do casamento é feliz porque esta relação “social a dois” é o reflexo da vida comunitária ou viceversa. Este meu Eu que necessita do teu Tu para me sentir mais Eu… Ao longo da sua palestra, muito bem disposta, deu muitos exemplos bíblicos dizendo que o texto mais revolucionário é o das bem aventuranças. Eu sou mais pessoa, na medida em que sou para o outro. É uma aventura que me faz sair do meu Eu solitário, para, com o outro, encontrar o meu Eu mais profundo.


Quando nasceu a Santa Casa da Misericórdia da Amadora, não tive o privilégio de a ajudar a nascer e abraçá-la como outros o fizeram, porque nessa altura, e por ser a minha profissão de enfermeira obstetra, ajudava a nascer seres pequeninos que abraçava, davalhes as boas vindas a este mundo maravilhoso e dizialhes: que Deus vos proteja! Ao longo da minha carreira profissional e ao longo destes vinte e cinco anos, algumas das crianças que ajudei a nascer, crescem passo a passo com a Santa Casa, ajudando-a a povoar estes espaços encantados onde mais parecem” pardalinhos” a esvoaçar. São estes, e os que já fizeram o seu percurso ao longo de nove anos, (refiro-me aos alunos da Escola Luís Madureira), que além de construírem, pouco a pouco a sua socialização, aprendem não só a ler e escrever mas também a adquirirem grandes valores que levam para outras comunidades, ajudando também outros a crescer para construírem um mundo melhor. Ao acompanhar o crescimento desta Santa Casa, vi como aumentavam também os Irmãos à sua volta e então, quis também fazer parte dessa Irmandade. Acolheram-me de braços abertos, tendo ficado grata porque sabia que mais tarde, poderia vir a colaborar no

desenvolvimento da área da saúde. No Ano de 2000, fui convidada para fazer parte de uma equipe fantástica, colaborando na implementação da primeira UNIDADE DE CUIDADOS PALIATIVOS, localizados no Lar de Santo António. Bendigo aqueles que se lembraram da necessidade desta Unidade. Ao longo de sete anos passaram por nós mais de mil doentes em fase terminal, a quem lhes foi dada a oportunidade de aliviar o seu sofrimento físico, psíquico moral e social. Sofrimento físico, porque se a dor não for controlada está sempre presente; sofrimento psíquico porque em muitos destes doentes a sua sanidade mental está comprometido pela própria doença; sofrimento moral, porque muitas vezes a revolta está presente quando surgem tantas dúvidas: porquê a mim? Porquê a nós? O sofrimento social porque é sempre acompanhado pela preocupação devido às condições complicadas dos entes queridos que deixam. Cuidar destes doentes não passa só pela higiene e conforto que é primordial mas sim, muito mais que isso, e que podemos acrescentar: Dar vida aos dias que lhe restam, com a melhor qualidade possível. Acompanhar a família nestas situações, foi também fundamental, ela sofre tanto que por vezes a sua fé é abalada. Compete não só à equipa de enfermagem, mas a toda a equipa multidisciplinar, estar atenta a todos estes sinais, e arranjar estratégias para o alívio da sua dor, para que possam fazer o luto com mais tranquilidade. Hoje sou colaboradora no Lar de Santo António, no Centro de Dia Rainha Santa Isabel e na Clínica Médica de Alfragide. Nestas três valências espero continuar a minha missão de Bem Servir com dignidade, para que, quando fizer passar este testemunho ele sirva de motivo para reflexão, do quanto é importante a prática do bem, tendo como base as sete primeiras Obras de Misericórdia onde se inclui ASSISTIR OS ENFERMOS.

Manuel Tiago Diretor Operacional SCMA

O EQUÍVOCO DAS CERTEZAS. Quando se fala de Misericórdias, o comum dos cidadãos configura de imediato um cenário bem diferente da realidade destas Instituições; esta constatação é diária e em vários enquadramentos. Não raras vezes dou

comigo em acesas argumentações com aqueles que não querendo conhecer as realidades, escudam-se na ficção (para eles certezas) de que as Misericórdias são detentoras de todo o ouro que veio do Brasil. Sem receio do risco de quem já teve certezas não confirmadas, e está há relativamente pouco tempo na área da economia social, quero partilhar em forma de testemunho com os leitores da Revista “Ser Misericórdia” os equívocos que tenho vindo a registar desde 2005 altura em que assumi responsabilidades profissionais na Santa Casa da Misericórdia da Amadora. Até então, entendia que pelo facto de pagar impostos e contribuir para a segurança social, cumpria na íntegra as minhas obrigações para com a sociedade; esta atitude é adoptada pela maioria dos Portugueses enquanto cidadãos e pelo próprio tecido empresarial no seu conjunto, salvo honrosas excepções que paulatinamente vão surgindo. A responsabilidade social como pilar de suporte ao desenvolvimento integrado e


No ano da comemoração dos 25 anos de existência da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, fui convidado a escrever um artigo onde relatasse alguns dos factos que me tivessem marcado particularmente. Como alguns saberão, entrei para esta Santa Casa há quase 20 anos, numa altura em que a Instituição tinha cerca de 9 funcionários e apenas 2 Valências, tendo nessa altura passado a ser o vértice e a base da pirâmide administrativa. Actualmente já ultrapassámos os 400 colaboradores e temos 43 Valências, pelo que neste período tão curto para tão grande crescimento muitos são os acontecimentos que me vêm à memória. Tanto pela positiva como pela negativa, dois dos factos pessoalmente mais marcantes estão inevitavelmente ligados ao nosso fundador e primeiro Provedor, Dr. Luis Madureira. Pela positiva, naturalmente, a minha admissão nesta Santa Casa e o privilégio que constituiu o facto de ter trabalhado quase diariamente com um homem de grande carácter, possuidor de invulgar inteligência e enorme sensibilidade humana, desprovido de vaidade e sempre disposto a ajudar o próximo. Como facilmente se compreende pelo que atrás ficou dito, o facto marcante pela negativa prende-se com o seu súbito e precoce falecimento, que em todos os que com ele trabalharam deixou um enorme vazio impossível de ser preenchido, porque a perda de um amigo é irreparável. Mas ao longo destes anos muitos outros factos me marcaram, dos quais destaco três: . A inauguração do Lar da Sagrada Família, em 1995, por ter sido o primeiro equipamento social construído de raiz pela Misericórdia da Amadora e por ter tido um tão elevado número de individualidades na sua cerimónia, nomeadamente Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, Presidente da Assembleia da Republica, PrimeiroMinistro, Ministro da Administração Interna, Ministro das Obras Públicas, Governador Civil de Lisboa, Presidente do Centro Regional de Segurança Social, Presidente do IGAPHE, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas, entre outras individualidades locais; . O primeiro empreendimento de habitação a custos controlados designado por “102 Fogos da Buraca”, inaugurado em 1996, foi dos acontecimentos mais marcantes, desde logo por afirmar a capacidade concretizadora da Misericórdia da Amadora, mas

também porque essa construção foi distinguida com o 1º Prémio do INH em 1996 no concurso nacional que aquele Instituto promovia anualmente, tendo merecido a presença do Senhor Primeiro Ministro na entrega das chaves aos primeiros moradores. . O processo de edificação da Escola Luis Madureira (Creche, Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico) que a Santa Casa concretizou em 1998, no âmbito do projecto “Renovação Urbana” com recurso a fundos comunitários onde - muito antes de ser implementado oficialmente - foi introduzido o conceito de “intergeracionalidade” através do seu inovador projecto educativo, o qual foi considerado como modelo de “boas práticas europeias”, tendo por essa distinção originado visitas de vários grupos compostos por elementos de diferentes nacionalidades da União Europeia (à data Comunidade Económica Europeia) a este nosso equipamento. Este meu testemunho sobre factos passados que estiveram na base das importantes realizações posteriores que todos conhecemos, pretende apenas reforçar o sentimento de orgulho por pertencermos a esta jovem mas já grande instituição que é a Santa Casa da Misericórdia da Amadora. Muito mais acontecimentos poderiam ser aqui relatados, mas este artigo já vai longo, por isso termino, parafraseando o Padre António Vieira quando em jeito de despedida numa carta que escreveu a um seu amigo, disse e passo a citar: “desculpe meu amigo mas não tive tempo para ser mais breve”.

sustentado do País, ainda não foi assumido por todos; é óbvio que se trata de um enorme equívoco. A associação que o comum cidadão faz entre o universo das Santas Casas e a de Lisboa, versos verbas dos jogos, é equívoco que considero propositado; todos nós já ouvimos alusões a esse “pote de mel”, (e sempre com um sorriso de quem descobriu algo que não queríamos que se soubesse); como justificativo da obrigação das Santas Casas em cuidar dos mais desfavorecidos, o equívoco ainda é menos aceitável pela certeza e ignorância demonstrada no sorriso. Colocar tudo no mesmo saco, (Estado, Misericórdias, Segurança Social, Igreja, etc.) “porque temos de

pertencer a alguém”, como se as Misericórdias não fossem Instituições Particulares com estatutos e identidade própria, é outro dos equívocos que registo com mais frequência; não é fácil desmontar estas ligações; estão erradamente enraizadas na sociedade. A Santa Casa da Misericórdia da Amadora, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, com missão, visão e valores bem definidos, alicerçados na solidariedade, na dignidade humana e na excelência do serviço prestado. Hoje incomoda-me ouvir aquilo que também já pensei em matéria de Solidariedade Social. Devo isto à Misericórdia da Amadora. Obrigado.

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA AMADORA XXV ANIVERSÁRIO

2011


É muito difícil traduzir, num texto, o conjunto de ideias e vivências que a nossa Instituição já me permitiu acumular. Vinte e cinco anos volvidos sobre a sua fundação, dos quais tenho o privilégio de partilhar vinte, vi crescer e consolidar uma Instituição imbuída de um verdadeiro espírito solidário e de serviço à comunidade. A Misericórdia da Amadora, no curto espaço de vinte e cinco anos, conseguiu granjear uma reputação e um relevo notáveis. Fruto de uma gestão atenta e cuidada, de uma equipa humana empenhada e dedicada, a Misericórdia alcançou uma projeção de que todos nos devemos orgulhar.

Carlos Sampaio Presidente do Conselho Fiscal

OS NÚMEROS E AS PESSOAS A minha experiência de irmão da Santa Casa da Misericórdia da Amadora corresponde essencialmente ao exercício das minhas funções como membro do Conselho Fiscal, também conhecido como o Definitório (é uma curiosidade!). No meio dos indicadores económico-financeiros, e dos números de balanço, da demonstração de resultados operacionais, financeiros e líquidos, do orçamento e a sua execução, da evolução das contas e da sua análise, vai-se revelando a evolução contabilística e financeira desta nossa Santa Casa ao longo de todos estes anos. Os resultados e os indicadores pioram e nós ficamos mais preocupados, os resultados e os indicadores melhoram, o que tem sucedido nos últimos anos, e todos

A intervenção em áreas importantes e carentes na nossa sociedade faz da nossa Misericórdia um exemplo modelar. Seja-me permitido destacar, em particular, o âmbito da nossa vocação para acolher os mais pequenos, que iniciam connosco a sua vivência em comunidade. A confiança que os pais das nossas crianças em nós depositam é comprovada pelo número crescente que procura a nossa Instituição, o que muito honra toda a equipa da Escola Luís Madureira que tem a seu cargo a creche, o pré-escolar e o ensino básico. A Escola Luís Madureira em particular, ao desenvolver um projecto educativo que permite às crianças entrarem para a creche e terem um percurso escolar que, por agora, já vai até ao 9º ano, constitui um importante marco educativo, formativo e pedagógico na preparação do seu futuro. É, sem dúvida, um grande desafio que todos temos sabido aceitar. A função educativa é cada vez mais fundamental, e a formação em valores de cidadania e solidariedade são essências a uma vida em sociedade, com mais justiça e respeito pela dignidade humana. Também aqui, a nossa Instituição tem um modelo de valores e de princípios que só podem contribuir para bem servir. Não posso terminar sem dirigir um bem-haja ao Dr. Luís Madureira pelos ensinamentos que me transmitiu ao longo dos sete anos em que tive o privilégio de com ele trabalhar e que ainda hoje são os alicerces do meu dia-adia.

ficamos mais satisfeitos e tranquilos. Mesmo assim lá vão aparecendo uns saldos devedores “chatos”, fundos de Entidades Públicas que não chegam, ou pelo menos com a velocidade que desejamos para realizar os nossos projectos, enfim, preocupações que são discutidas com a Direcção Geral e os serviços de Contabilidade, os nossos principais interlocutores. Usando as novas tecnologias de contacto à distância, ou a velha tecnologia do encontro, o aprofundamento dos temas que referi está felizmente sempre ligado aos colaboradores e aos utentes que servimos, que como sabem são cada vez em maior número. Caso contrário, posso assegurar-vos que tudo isto era uma grande maçada, mesmo tendo em conta que sou economista e auditor financeiro. As nossas conversas acabam sempre por tocar os problemas existentes nas salas de aula, no acompanhamento das pessoas idosas e das crianças, no apoio domiciliário, na Clima, nos serviços administrativos, na Cozinha, nas pessoas que servem nas diversas Valências e naqueles que precisam de um sorriso, de uma palavra amiga, de brincadeira, de aprendizagem de conhecimentos, de alimento e outros bens, …, enfim, das pessoas concretas que são a razão da nossa existência e dos colaboradores que trabalham para atingir os nossos objectivos. Se não se importam, e porque estas palavras estão sempre presentes quando me desloco às instalações da Santa Casa, vou citar um texto em que Jesus Cristo leu uma passagem do livro do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a


ORGANIZAÇÕES E SUAS CONDICIONANTES Todas as organizações no desenvolvimento das suas actividades encontram uma série de condicionantes tanto de ordem interna como de ordem externa. As de o rd e m i n t e r n a , d e s d e o i n í c i o t ê m a v e r fundamentalmente com os Recursos Humanos e Financeiros que consegue agenciar e afectar aos projectos que se propõe realizar. No caso da Santa Casa da Misericórdia da Amadora os primeiros recursos financeiros que conseguiu agenciar, alocou-os ao aluguer da Quinta das Torres (hoje propriedade da SCMA) e a um Centro de Dia que funcionou no edifício onde hoje está instalada a Sede Administrativa. Os Recursos Humanos eram essencialmente Voluntários quer nos aspectos Técnicos quer nos Administrativos. Os primeiros profissionais foram sendo gradualmente contratados à medida que foram surgindo os projectos e os correspondentes Recursos Financeiros, os quais contribuíram por formar um grupo de funcionários competentes e dedicados, que em muito contribuíram para cimentar e desenvolver os alicerces da organização que hoje sustenta toda a actividade da Misericórdia que constitui o orgulho da Irmandade. As condicionantes de ordem externa resultam fundamentalmente dos poderes que emergem da interpretação e execução das Leis e regulamentos que os vários intervenientes na execução tendem adaptar ao seu ponto de vista e, com alguma frequência, aos interesses pessoais e/ ou corporativos. É frequente nos processos de licenciamento de qualquer actividade encontrarem-se orientações divergentes envolvidas em atitudes negligentes, tanto nos Serviços Municipais como nos serviços das empresas oligopolistas, nomeadamente nos domínios do Gás, Águas, e Electricidade. A nossa experiência em favor da Misericórdia regista a luta com alguns destes poderes que retardam em muito, a entrada em funcionamento de alguns dos nossos equipamentos , (Creches, Lares, Escolas …) A título de exemplo refere-se que o Lar da Sagrada Família e o Complexo Habitacional da Buraca (102 fogos da Estrada de Alfragide) foram programados para ficarem prontos em meados de 1995. No inicio do ano, com a construção já avançada, formularam-se os pedidos para as ligações da água, gás e electricidade. Em Abril/Maio seguintes convidaram-se as Entidades para participarem na Cerimónia de inauguração, em data a marcar, tendo em conta as agendas, especialmente a do 1º. Ministro (na época o Profº. CAVACO SILVA).

Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.” (Lc 4, 18-19) Eu também me sinto enviado a fazer o mesmo, ainda que tal missão seja tão difícil, e os números só fazem sentido se não nos esquecermos que eles reflectem a realidade da nossa humanidade e que o nosso lema é “Ser Misericórdia é bem servir”.

Alberto Churro Antigo Presidente da Mesa Assembleia Geral da SCMA

A data acertada foi 26 de Julho de 1995. As ligações da água e electricidade foram feitas sem grandes sobressaltos. Mas o gás do Lar da Sagrada Família foi o cabo das tormentas. As infra estruturas estavam prontas em Maio, faltando apenas a instalação do contador. Nos primeiros dias de Junho os Técnicos da Empresa do Gás deslocaram-se ao local. Depois de observarem, chegaram à conclusão que as válvulas (os terminais que ligam os tubos de entrada e saída do gás no contador) não eram as adequadas e deram indicações de quais eram as exigidas. A construtora substitui as ditas válvulas e contactou-se com a Empresa do gás a informar que as válvulas já estavam substituídas. Nova deslocação (por volta do dia 30 de Junho) dos Técnicos do gás, 2 Engenheiros da construtora, o Engº. Fiscal da Misericórdia e eu próprio. Os senhores da Companhia do gás chegaram à conclusão que as válvulas não eram aquelas mas outras, que depois se verificou que eram iguais às primeiras, que eles não tinham aceite. Teve de se contactar um elemento da Administração da distribuidora do gás a expor-lhe a situação, nomeadamente a data marcada para a inauguração que envolvia o 1º. Ministro.Dias depois foram os Técnicos, que tinham rejeitado as válvulas por 2 vezes que as instalarem com o contador sem nos avisarem previamente. Com o transformador de electricidade existente no complexo da Quinta das Torres viveram-se vicissitudes semelhantes. Aqui devido ao desentendimento entre 2 técnicos dos serviços o f i c i a i s e 2 E n g e n h e i ro s d o i n s t a l a d o r. Desentendimento este que retardou a entrada em funcionamento do transformador à volta de 4 a 5 meses. Estas condicionantes ainda existem e constituem um forte travão ao desenvolvimento económico e social do País, não só por retardarem a execução de muitos p ro j e c t o s , c o m o t a m b é m p e l o s c u s t o s desnecessários dos tempos mortos de muitos Técnicos qualificados e ainda pela ineficácia que as atitudes das pessoas representantes destas organizações que prestam serviços de utilidade “pública” à Sociedade geram nas próprias Organizações a que pertencem.


25 ANOS AO SERVIÇO DO PRÓXIMO A Misericórdia da Amadora celebra este ano 25 anos de existência. 25 anos! Muito ou pouco? Numa primeira leitura, olhando para a obra feita, temos a tentação de concluir que é já muito, não o tempo de vida, mas o que se fez, neste quarto de século, em favor dos irmãos que são a causa da sua existência, seja no apoio à infância, à terceira idade, na promoção do emprego, na ajuda à aquisição de habitação, e em tantas outras áreas em que sentimos que temos feito a diferença. Por outro lado, é necessariamente pouco, num país em que há Misericórdias com 500 anos e em que o que de bem se vai fazendo é sempre insuficiente face às necessidades e problemas que nos batem continuamente à porta, desafiando a nossa capacidade de reinventar soluções para problemas antigos com roupagens novas, nomeadamente no nosso concelho da Amadora. Esta casa de gente de bem nasceu da iniciativa de um grupo de verdadeiros cristãos que, nos anos 80 do século passado, atentos a diversas carências e problemas sociais que caracterizavam parte significativa da população do nosso concelho, entenderam não poder simplesmente olhar para o lado.

Para estes homens e mulheres, a quem hoje prestamos a nossa homenagem, só uma intervenção social organizada, assente nos princípios e valores da Doutrina Social da Igreja, poderia revelar-se eficaz na luta diária para ajudar as pessoas mais carenciadas a superar as dificuldades que caracterizavam o seu dia-a-dia. Assim entenderam também as autoridades eclesiásticas, que então consideraram pastoralmente oportuno aceder ao seu pedido para criar esta Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Amadora. 25 anos passados, não podemos esquecer que esta Santa Casa não é apenas "mais uma" instituição de solidariedade social, mas que, pela sua essência e razão de ser, se fundamenta na aplicação concreta desses princípios que devem nortear a relação do cristão com o seu próximo, nomeadamente os princípios da dignidade humana, do bem comum, da subsidiariedade e da solidariedade, os quais são permanentes e universais. Ignorar este sentido cristão que move o braço solidário seria desrespeitar a memória dos seus fundadores. Do seu primeiro Provedor, o Dr. Luís Madureira, lembro duas ideias fundamentais. Em primeiro lugar, a atitude de inquietação constante que nos leva a perceber que nunca podemos estar contentes com o que fizemos, quando ainda há tanto por fazer. Os nossos sucessos são estímulo e alento para o futuro, nunca factor de auto-satisfação e desmobilização. Em segundo lugar, mas não menos relevante, é a convicção de que, na verdadeira tradição das Misericórdias, o compromisso que assumimos é para ser vivido por cada um, activamente: só o envolvimento pessoal dos irmãos permite à Irmandade ser um instrumento real da Misericórdia Divina na vida daqueles que servimos. Este "ser presente" deve estender-se a benfeitores e colaboradores. Dou graças a Deus por sentir que, ontem como hoje, esta é uma Instituição em que os colaboradores não são "funcionários", mas membros activos da Irmandade, fazedores do bem, agentes da misericórdia que dá o nome à instituição e que é, talvez, a característica mais "humana" do Pai, em nome do qual nos aproximamos do nosso irmão que sofre. É por isso que tenho orgulho em pertencer a esta Santa Casa, cujos órgãos sociais têm sabido, nestes 25 anos, honrar a memória dos seus fundadores.

Joaquim Franco Secretário da Mesa Administrativa da SCMA

QUANTOS DIAS SÃO 25 ANOS? Quando a experiência é intensa e rica, quando se entrelaça nos nossos códigos e já não nos compreendemos sem ela, não fica refém das memórias mas faz da Memória uma nova experiência. Somos chamados à perfeição do(s) caminho(s) ao encontro do(s) outro(s), no aprofundamento de relações e na

aproximação de vidas, atenuando os dissabores inevitáveis que são memórias adormecidas no fundo do baú e determinam também o nosso carácter. Seremos melhores amanhã, se por isso fizermos hoje. E somos o que somos, na medida do caminho percorrido. 25 anos é muito tempo? Façamos um rápido exercício. Assim, do nada e sem tempo. O que contamos? As memórias de primeira instância darão para mais do que uma simples folha de papel? Com tantos dias contados, quantas lembranças imediatas vêm cá para fora? Assim, de repente, lembro também aquela reportagem que na TSF se chamou A Terceira Idade da Inocência – de uma terceira idade, que é cada vez mais quarta e quinta idade e aqui se cruza com a idade da inocência – que foi premiada como a Melhor Reportagem/Rádio em 1999, para alegria do jornalista e, acima de tudo, para justiça da instituição que lhe deu a ideia nas Histórias dos Avós. O jornalista não imaginava que seria, mais tarde, chamado à irmandade de um caminho de causas e efeitos, no qual recebeu mais do que deu e por isso deve muito.


FA Z E R M I S E R I C Ó R D I A … C O N S T R U I R SOLIDARIEDADE

A

“A Santa Casa da Misericórdia da Amadora não é, e espero não será uma estrutura funcionalizada que, passivamente, aguarde mais competência ou mais subsídios. É uma estrutura de gestão flexível, preparada para rapidamente se adaptar ao desenvolvimento de novas valências em que se combinem, harmoniosamente o trabalho do profissional competente, com o trabalho do voluntário qualificado … “ Dr. Luis Madureira 18 de Dezembro de 1988 Inauguração do Centro de Dia na Quinta das Torres e Apresentação Oficial da SCMA

Quando preparava a edição deste “Ser Misericórdia especial 25 anos”, li pela primeira vez o discurso do nosso fundador e primeiro Provedor o Dr. Luis Madureira, aquando da apresentação oficial da nossa Santa Casa da Misericórdia da Amadora. Para além de um discurso notável, que aconselho a sua leitura na íntegra, confesso que fiquei surpreendido com a actualidade do discurso. Foi escrito há vinte e três anos, mas, poderia ter sido escrito a semana passada, tal a sua pertinência. Entrei na Misericórdia há dezassete anos pela mão do Dr. Luís Madureira. Tive o privilégio de receber do Dr. Luís Madureira a grandeza do movimento das Misericórdias e a sua importância para as comunidades que usufruem do seu trabalho. Mostrou-me como se deve fazer caridade e solidariedade, respeitando sempre a dignidade daqueles a quem prestamos o nosso auxílio. Por fim, transmitiume a importância de servir sem pretender colher benefícios particulares ou protagonismos desmedidos. Sem desrespeito para com os restantes fundadores e

membros dos vários órgãos sociais, julgo que o Dr. Luis Madureira é o grande obreiro e o principal responsável pelo caminho percorrido por esta Misericórdia. Toda a obra tem de ter bons alicerces, devem ser sólidos e preparados para as intempéries. O Dr. Luis Madureira construiu esta casa virada para o futuro e deixou-a com a solidez necessária para que crescesse gradualmente. Passados vinte e cinco anos creio que conseguimos ser hoje uma Instituição dinâmica, voltada para o futuro e atenta à realidade que nos rodeia. Trabalhamos com e para as pessoas, inovando nas metodologias e estratégias, não descurando a sustentabilidade e o equilíbrio da Instituição. Somos hoje uma instituição altamente profissionalizada, que aposta na satisfação constante dos seus utentes/clientes, através da competência, formação e motivação de todos os funcionários. Fazer Misericórdia, Viver Misericórdia e Ser Misericórdia é fazer Caridade construindo a Solidariedade. Que os próximos vinte cinco anos sejam tão ricos como os primeiros e que os possamos viver com saúde e sempre com vontade de fazer mais e melhor.

A Memória não é traiçoeira. É o que é. Tem os seus mecanismos, os seus armários de interesses e de impactos, de traumas e de prazeres acumulados. O que me dizem então estes 25 anos? O mais importante não é o que as memórias imediatas permitem despejar num papel, mas o que desencadeiam, no inapagável, para que não mais me compreenda sem a experiência da Memória. Numa instituição como a nossa, de gente, gente com gente e para gente, as memórias têm rosto, voz, mãos que transportaram desdéns e afectos, dores e alegrias, misérias e esperanças. Não esquecemos alguns rostos. Alguns olhares e vozes nunca se apagarão. Há mãos que ainda nos tocam na cumplicidade dos sonhos. Há vidas que deram vida e mortes que venceram a morte. Mas podemos, honestamente, estancá-las e extraí-las deste todo, desta Memória que é história de vida cheia de histórias

incontáveis? Quantos dias são 25 anos? Somos um somatório de experiências, de Memória com memórias imediatas e profundas, escondidas ou à flor. Somos cúmplices e caminhantes num projecto que se constrói com a luz do Alto, d'Aquele que se diz, em Vida, na Presença que se revela na constância do outro, pelo outro e com o outro. Sou mais pessoa quanto mais for contigo, porque só contigo tenho acesso ao Outro para sermos Nós. Com um único preconceito… o critério do Amor. E, sem me esquecer de mim, serei ainda mais Eu se vir, no outro e com o outro, o mistério do Tu eterno. Quantos outros já experimentaram o nosso (re)Encontro? E quantos outros nos permitiram essa experiência contagiante que é a construção da Fraternidade e da Misericórdia? Quantos anos têm as memórias inapagáveis?



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