NOVEMBRO2011 #4
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ENTREVISTA COM MARIA JOÃO FERREIRA UMA DAS FUNDADORAS DA SCMA
SUPLEMENTO ESPECIAL XXV ANIVERSÁRIO DA SCMA CRONOLOGIA, DISCURSO DE APRESENTAÇÃO E TESTEMUNHOS
É ASSIM QUE CANTAMOS NO ANIVERSÁRIO DE ALGUÉM A QUEM QUEREMOS BEM. PELA MESMA RAZÃO, QUISEMOS FAZER DOS 25 ANOS DA NOSSA MISERICÓRDIA, UM MOMENTO MARCANTE NA VIDA DAQUELES QUE CONTINUAM A CONTRIBUIR PARA A SUA HISTÓRIA. E PARA QUE TAL FOSSE POSSÍVEL, DESDOBRÁMO-NOS EM IDEIAS E INICIATIVAS DIVERSAS, QUE A CUSTO REDUZIDO, PRODUZISSEM MAIS-VALIAS INCONTORNÁVEIS: O SENTIDO DE CORPO E DE PERTENÇA A UMA ORGANIZAÇÃO QUE A TODOS NOS DEVE ORGULHAR DE PERTENCER. POR ISSO, MESMO EM TEMPOS DE CRISE, NÃO HÁ CRISE QUE TRAVE A NOSSA VONTADE DE BEM SERVIR.
Senão vejam o que fizemos: - Concerto inaugural, pelo magnífico grupo Figo Maduro, onde foi divulgado o programa das comemorações dos 25 anos; - Concurso interno para criação de logótipo comemorativo dos 25 anos; - Organização de iniciativa de responsabilidade social de colheita de sangue, em parceria com o Instituto Português do Sangue; - Encontro geral de Colaboradores, com gravação audio e vídeo do hino da misericórdia (momento fantástico de partilha e de trabalho de equipa); - Produção de cartazes com rostos da nossa Misericórdia, colocados em todas as valências da instituição espalhadas pelo concelho da nossa cidade da Amadora; - Organização de Ciclo de três Conferências com distintos convidados como Frei Fernando Ventura, Bispo D. Carlos Azevedo, Manuel de Lemos (Presidente da União das Misericórdias Portuguesas), Bruto da Costa (antigo Ministro da Segurança Social e Presidente do Conselho Económico e Social ) e Eugénio de Andrade (Presidente da Cáritas Portuguesa) ; - Conferências temáticas, nas áreas da Educação e da Saúde, participação em feiras e outros eventos; - Exposição sobre os 25 anos da Misericórdia, patente no Centro da Cidade da Amadora ; - Jantar comemorativo (momento memorável) que permitiu juntar uma boa parte dos “culpados” do sucesso da nossa Casa: os nossos colaboradores, coordenadores, voluntários, irmandade e membros dos orgãos sociais bem como amigos que nos ajudem no cumprimento da nossa missão. - Celebração Eucarística, no dia 16 de Outubro, exactamente 25 anos depois do primeiro encontro de boas vontades que deram corpo a este projecto.
Nas vossas mãos está agora uma edição especial do nosso “Ser Misericórdia” onde, entre outros artigos, podem ler 25 testemunhos de vidas tocadas pela missão desta nossa Casa e que certamente deixará para o futuro, sinais das marcas que verdadeiramente interessam.. as que tocam os nossos corações.
Cristina Farinha Ferreira Provedora da Misericórdia da Amadora
Com este programa de comemorações pretendemos sensibilizar e despertar consciências para o trabalho que fazemos, mas também alertar para o muito que temos para fazer, com a plena noção que nos esperam tempos difíceis que vão exigir de cada um de nós um esforço acrescido nesta Missão de Bem Servir. Em jeito de balanço, se me pedissem para destacar algo nestas comemorações, não teria qualquer dúvida: Destacaria a enorme capacidade de organização, o profissionalismo, a dedicação , a qualidade e o empenho colocado pelos nossos colaboradores para o sucesso destas iniciativas, que a todos nos deve orgulhar, sem nunca serem descuradas as suas funções principais e o normal funcionamento das nossas valências… um esforço acrescido mas verdadeiramente embebido do mesmo espírito de bem servir que nos caracteriza. SÓ ASSIM É POSSÍVEL AS MISERICÓRDIAS SOBREVIVEREM HÁ 500 ANOS; SÓ ASSIM É POSSÍVEL A NOSSA MISERICÓRDIA FESTEJAR 25 ANOS; Para mim, enquanto Provedora desta Santa Casa é um orgulho e um privilégio enorme fazer parte desta grande equipa. Por isso, termino este editorial com uma palavra dirigida a todos os que, ao longo destes 25 anos, dia após dia, mês após mês, ano após ano, deram e dão o seu melhor em prol daqueles que mais precisam: as nossas crianças, os nossos jovens, as nossas famílias, os nosso doentes, os nossos idosos... Apaguem-se as luzes… Um… Dois…. Três! Parabéns a “vocês” nesta data querida…
A Equipa da Misericórdia da Amadora intervém, desde 2007, com Famílias beneficiárias de Rendimento Social de Inserção.
Inicialmente, o Protocolo tinha previsto o Acompanhamento Social de 295 famílias, residentes na Freguesia da Mina. Em 2009, o mesmo Protocolo foi renovado, e alargado o âmbito geográfico de intervenção a parte da Freguesia da Venteira, aumentando o número de agregados acompanhados para 450. Consequentemente, a Equipa Técnica foi reforçada com a integração de dois novos elementos, um técnico e um ajudante de acção directa.
ENQUADRADA NAQUILO QUE É A MISSÃO DE BEM SERVIR DA MISERICÓRDIA DA AMADORA, A EQUIPA TEM VINDO A IMPLEMENTAR E A DESENVOLVER DIVERSAS ESTRATÉGIAS E METODOLOGIAS DE TRABALHO CUJOS OBJECTIVOS SÃO ADEQUAR A INTERVENÇÃO ÀS REALIDADES FAMILIARES, SOCIAIS E CULTURAIS DA POPULAÇÃO ALVO, E TRABALHAR ESTAS FAMÍLIAS DE FORMA SISTÉMICA, SISTEMÁTICA, HOLÍSTICA E INTEGRADA.
Neste âmbito, e para além do Acompanhamento Clássico concretizado através de Atendimentos Sociais, Visitas Domiciliárias e Procura Activa de Emprego, a Equipa implementou e desenvolveu as seguintes Actividades e Núcleos de Trabalho que, em larga escala, têm contribuído para os resultados atingidos.
A reflexão e redefinição de metodologias e estratégias em que a Equipa se encontra, após quatro anos de intervenção, assentam nos seguintes pressupostos:
. BENEFICIÁRIO ENQUANTO AGENTE ACTIVO NO PROCESSO DE MUDANÇA: INTEGRAÇÃO DE PARES, EX-BENEFICIÁRIOS, NA INTERVENÇÃO SOCIAL DIÁRIA DA EQUIPA; . COMPREENSÃO DO ERRO E RECONHECIMENTO DA FALHA COMO CATALISADOR DA APRENDIZAGEM; . TRABALHO EM REDE ENQUANTO ELEMENTO POTENCIADOR DE SINERGIAS, RECURSOS E APRENDIZAGENS; . DISSEMINAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE INTERVENÇÃO; . COMPROMISSO; . AUTONOMIA FUNCIONAL; . CAPACIDADE CRÍTICA; . CRIATIVIDADE, PROACTIVIDADE E EMPREENDEDORISMO SOCIAL.
No âmbito da intervenção social, é desejo da equipa continuar a trabalhar em rede e de forma sistematizada nesta Medida Social por mais quatro anos (e depois deste outros tantos!), enquanto existirem Comunidades e Populações para Bem Servir.
«Dar de comer a quem tem fome.»
«Dar abrigo aos peregrinos.»
DAR DE COMER A QUEM TEM FOME. É o escândalo maior. Urgência de humanidade. Hoje e sempre, somos confrontados com o desígnio ético de matar a fome e as fomes do mundo. Hoje e sempre, somos chamados ao desconcerto. Os nossos gestos mais simples podem não matar a fome no mundo, mas é nos pequenos combates que começam as grandes revoluções.
DAR ABRIGO AOS PEREGRINOS. A vida é uma peregrinação. E todos somos peregrinos. Não sejamos ingénuos. Vivemos na interdependência. Somos chamados a exigir políticas justas de habitação, porque ninguém experimenta a justiça sem tecto, mas somos também chamados a acolher pessoalmente. No espaço e no tempo. Porque o tempo é hoje também um espaço inabitado de afectos.
ASSISTIR OS DOENTES. A fragilidade humana ganhou novas dimensões. As doenças do nosso tempo nem sempre são visíveis. Mas a consequência é a mesma. O que nos distingue? O que nos faz mais humanos? O apoio aos doentes e mais frágeis requer novas visões. Uma renovada atitude de disponibilidade. A começar na família. Os grandes centros urbanos trouxeram novos desafios. A emergência da organização e da criatividade. Porque um doente não é uma equação, exigem-se políticas de saúde que tenham em conta a integridade do ser humano, sem distinções ou subterfúgios economicistas. Quando se discutem os limites da morte e da vida, o despertar e o ocaso, exige-se uma sociedade empenhada no apoio aos doentes. E aliviar a dor é tão importante como alimentar a esperança.
DAR DE BEBER A QUEM TEM SEDE. Porque não há maneira de construir a paz enquanto houver quem não tenha o mínimo de dignidade na sobrevivência. É urgente e é necessário promover políticas que contribuam para a erradicação da pobreza. Mas que esta urgência de cidadania e humanidade não nos cegue nos propósitos da acção. As alterações climáticas e a cobiça do lucro, subjugam nações inteiras que enfrentam a seca e a penúria, geram migrações de refugiados e vítimas de guerras que desafiam a nossa capacidade de acolhimento. Dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, começa no combate à indiferença. Na acção de proximidade que constrói a consciência colectiva. Porque não há justiça enquanto a fragilidade do outro for instrumento para o subjugar.
«Dar de beber a quem tem sede.»
VESTIR OS NUS. “Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem”… De que serve gritar a solidariedade aos quatro ventos, se a nossa vida não for coerente. Nos “roupeiros” da nossa incoerência, quantos pobres vestiríamos? Na era do consumismo, da urgente mudança de comportamentos, exige-se também a sobriedade que abre caminho à partilha. Mas vestir os nus tem hoje uma dimensão mais profunda. Implica uma atitude que evita o culto do luxo, do exagero. Pela nossa irresponsabilidade, podem, no outro lado do mundo, sofrer crianças e velhos nas teias do comércio injusto.
SOCORRER OS PRISIONEIROS. Na sociedade do medo e da segurança virtual, onde cabe a misericórdia? Que espaço há para dar oportunidade aos que falham? Socorrer os presos é ajudá-los no seu processo de recuperação da dignidade, do direito à cidadania livre num contexto de perdão e arrependimento. Mas também ajudar as famílias desamparadas, os filhos que a circunstância atira para a crueldade da vergonha e do abandono.
ENTERRAR OS MORTOS. Cada pessoa é um templo, um ser com história e memória, que na morte encerra apenas o capítulo maior da existência. Se, no exercício da fé, acreditamos na vida eterna que há-de explicar a nossa humanidade, é na travessia que revelamos do que somos feitos. A morte não começa apenas quando pára um coração. Revela-se na caminhada da Vida. E se, no final da caminhada, a morte tem as vestes de uma incógnita indiferença… que não seja a indiferença a vencedora sobre a morte, mas o nosso derradeiro respeito que dará sentido ao ciclo da Vida.
«Vestir os nus.»
«Socorrer os prisioneiros.»
INSTRUIR, ensinando na sabedoria e no bem comum. ACONSELHAR, dando bons conselhos aos que necessitam. CONSOLAR, aliviando o(s) sofrimento(s). CONFORTAR, fortalecendo com Esperança. PERDOAR e SUPORTAR COM PACIÊNCIA as fraquezas do próximo. ROGAR A DEUS pelos vivos e pelos mortos, como etapa para a Eternidade.
Ter misericórdia não é ter pena de alguém. É ter e exercitar a compaixão e a solidariedade. Reconhecer que só somos à medida do outro. E que, sem o outro, nada somos. Ter misericórdia não é dar esmola, é entrar na carência do outro. Envolvê-la, entranhá-la, senti-la. Até que esta se torne a nossa preocupação maior. Até que a carência do outro seja a nossa carência, a nossa debilidade insuportável.
Texto: Joaquim Franco Fotos: Alunos da Escola de Teatro de Santos em quadros vivos das obras de misericórdia, pela ocasião do jantar do 25ºAniversário da SCMA
«Enterrar os mortos.»
Joaquim Franco Secretário da Mesa Administrativa
OS PRIMEIROS TEMPOS DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA AMADORA, A MOTIVAÇÃO DOS FUNDADORES, O CAMINHO PERCORRIDO E OS DESAFIOS QUE SE APRESENTAM FACE À DEGRADAÇÃO DA SITUAÇÃO SOCIAL DO PAÍS. 25 ANOS DEPOIS, SER MISERICÓRDIA ENTREVISTOU A CO-FUNDADORA MARIA JOÃO FERREIRA QUE ENTENDE HAVER UMA RESPONSABILIDADE ACRESCIDA PARA A IRMANDADE. DEVE ASSUMIR, PARTICULARMENTE NESTA ALTURA, A TAREFA DO VOLUNTARIADO.
Numa conversa, com recurso à memória e à experiência, sondamos também os momentos, alegrias e emoções, da actual presidente da mesa da assembleia geral. “nunca é tarde demais”, é o seu filme preferido, e podia ser mote para este tempo de crise, em que é preciso “repensar os verdadeiros valores da vida”.
Joaquim Franco (JF) - O que motivou a criação da SCMA? Maria João Ferreira (MJF) – Nos anos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, aportaram à Amadora populações oriundas em grande parte das ex-colónias. Estas populações estabeleceram-se na periferia organizandose em comunidades que promoveram a auto construção, ilegal e sem qualquer ordenamento. Nestes bairros cresceram os múltiplos problemas resultantes da fragilidade sócio económica dos seus habitantes. Foi a consciência das situações de pobreza e de degradação que moveram um grupo de cristãos da Amadora a arrancar com a aventura de criar uma Misericórdia tendo por inspiração o exemplo de outras já existentes.
JF - Que necessidades verificaram já no terreno? MJF – A inexistência de estruturas que no terreno pudessem dar apoio às populações no âmbito das diversas faixas etárias: infância, juventude e aos mais idosos.
JF - Como era a Amadora, em termos sociais, no ano em que foi criada a SCMA? MJF – Os apoios sociais disponíveis ao tempo eram manifestamente insuficientes para atender às populações carenciadas. Na verdade a Amadora era um dormitório de Lisboa e os que nela viviam provinham de movimentos migratórios e à procura de melhores condições de vida, o que nem sempre conseguiam.
JF - Foi difícil juntar aqueles que viriam a ser os “fundadores”? MJF – Não foi nada difícil. Na lista dos primeiros todos nos conhecíamos e existia já um elevado grau de convivência e amizade.
JF - O Dr. Luís Madureira assumiu a liderança do projecto. A sua marca e exemplo determinariam a Instituição ao longo de anos. Como recorda o primeiro Provedor? MJF – Recordo o primeiro Provedor como o amigo, com quem acima de tudo era um prazer trabalhar dada a sua dinâmica e o sentido de que havia uma missão a cumprir em prol dos mais necessitados. Essa missão soube transmiti-la a todos os que com ele tiveram o privilégio de conviver. Para além disto era um visionário, pois tudo aquilo que se propunha realizar na Misericórdia tem vindo a acontecer.
JF - Nas muitas reuniões e história daqueles primeiros anos, e além dos primeiros encontros, lembra-se de algum momento especial? MJF – É difícil definir um momento especial, porque sempre que se alcançava mais uma etapa daquilo que nos propúnhamos realizar, era só por si, um momento especial e um incentivo para ir mais além. No entanto, recordo o dia em que, em definitivo, se tomou posse da Quinta das Torres. Esse facto representava a posse de um património de relevo para a Misericórdia que proporcionaria uma base sólida para expandir as suas actividades. Claro que houve festejo!
JF - Passados 25 anos, que desafios enfrenta a cidade? MJF – Com a conjuntura do momento pudemos assegurar que a Amadora vai enfrentar múltiplos problemas, sobretudo no que respeita ao desemprego com a consequente problemática que atinge as famílias. Para muitos a fome não é palavra vã. Não se enfrentam os problemas de há 25 anos mas outros estão criados e será preciso estar atento. JF - E a SCMA? MJF – A Misericórdia da Amadora é neste momento uma Instituição sólida cuja actividade se desdobra a diversos níveis e com capacidade para assumir e dar resposta aos múltiplos problemas que a crise que o País atravessa, nos irá colocar. JF - Neste momento específico da história do país, com as dificuldades que já sentimos e vão agravar-se, que esforço específico, suplementar, se espera dos irmãos na nossa Sta. Casa? MJF – Na verdade está na hora em que todos temos que dar as mãos. Para a Irmandade da Misericórdia da Amadora o momento é de responsabilidade acrescida, devem chamar a si a tarefa de desenvolver iniciativas que visem os mais carenciados. Eventualmente poderá ser oportuno criar um banco alimentar. As soluções que se encontrem serão sobretudo através do trabalho voluntário dentro e fora da Instituição.
JF - Esteve particularmente ligada à UCP da SCMA. Que marcas lhe deixou essa experiência? MJF – Deu-me uma imensa satisfação. A certeza de ter proporcionado aos doentes um serviço de excelência e humanizado conforme comprovam os múltiplos testemunhos dos familiares, deixa-me orgulhosa pela excelente equipa que comigo tornou possível o sucesso. Nesta vivência sinto que foi mais o que recebi do que o que dei.
JF No que “recebeu”, certamente há muitas experiências da mais profunda emoção e sensibilidade! Como é lidar com a “morte”? Adequar a inevitabilidade sem preconceitos à urgência de dignificar o momento? MJF – Lidar com a morte para mim, católica, é um processo normal e inevitável mas que representa a passagem para a vida definitiva. A morte e ressurreição de Cristo, porque liberta o homem do pecado, redime a morte do seu sentido dramático de fim de vida. Junto dos acompanhei até ao fim na UCP nem sempre foi possível transmitir-lhes de que exactamente, não estávamos perante o “fim”. Lembro aquele doente que não sendo baptizado, mas sentindo que estava prestes a morrer, pediu para ser baptizado, o que se conseguiu, e pouco depois partiu em paz. Para nós foi gratificante e um enriquecimento espiritual muito grande. Nem sempre se viveu com serenidade porque outros exprimiram raiva, desespero e inconformismo perante a situação que viviam. O apaziguamento só era possível através do nosso comportamento humano que não se limitava ao alívio da dor.
JF - Como vê o exercício da solidariedade em Portugal? Tem a devida compreensão e respeito por parte dos “poderes” públicos? JMF – Os políticos ainda não encontraram a forma de maximizar todo o potencial que as Misericórdias têm através de uma estrutura que se estenda a todo o território nacional. O problema dos Cuidados Continuados é o paradigma das dificuldades dos políticos em trabalhar com as Misericórdias. Costumo dizer: Que seria da Solidariedade do Estado se as Misericórdias não existissem?
JF - A seu ver, o que é o Estado Social? JMF – O Estado Social procura proporcionar aos cidadãos apoios no domínio da saúde, educação e segurança social que lhes permita ter um desenvolvimento pleno. Na minha opinião o Estado não deve fazê-lo de forma exclusiva, antes deve procurar a interligação com a sociedade civil através das instituições intermediárias.
JF - Quando, percorridos estes 25 anos de trabalho e dedicação, olha para a obra feita… e por fazer…o que lhe vai na alma? JMF – Um imenso orgulho e bendigo a hora em que cheia de entusiasmo e com espírito de missão me dediquei a esta Santa Casa. Hoje, tenho a certeza de que os homens passam mas a obra fica e disto temos a prova.
JF - E sente forças para manter esse “espírito de missão”? JMF – Completamente. Enquanto gozar plenamente de todas as minhas faculdades penso poder continuar a “bem servir” esta Sta. Casa com toda a minha disponibilidade. Esta é uma paixão que só vai morrer comigo.
UM FILME Teria uma dezena de bons filmes para nomear, mas referencio este que muito me impressionou: “ Nunca é Tarde Demais” Jack Nicholson e Morgan Freeman.
MISERICÓRDIA É Um estado de alma e uma missão.
UM LIVRO Dois: “ OS Maias “ Eça de Queiroz e “ Os Thibault “ Roger Martin du Gard
A MINHA CIDADE É O local que escolhi para viver.
UMA PERSONALIDADE Madre Teresa de Calcutá
A “CRISE” É UMA OPORTUNIDADE PARA... Repensar os verdadeiros valores da vida e sobretudo mudar o estilo de vida.
ONDE PROCURA O SILÊNCIO? No topo da Serra da Arrábida com Thomas Merton e os seus “ Diálogos com o Silêncio”.
No dia 20 Janeiro no Auditório da SCMA, no Centro Rainha S.Isabel, inaugurou-se o ano do 25ºAniversário da nossa Instituição. Um momento abrilhantado pela presença do grupo musical «FigoMaduro», que cantou e encantou toda a plateia. Mais do que um projecto musical, os «FigoMaduro» são desde o início, um Projecto de Educação. Diz-nos Madalena a responsável por este grupo familiar que: «Ao ser mãe, naturalmente desejei sempre que os meus filhos fossem educados na Fé católica mas, simultaneamente, que essa educação fosse a par duma educação artística». Neste evento foi também apresentado o logótipo vencedor dos 25 anos da Misericórdia da Amadora. O concurso envolveu todos os colaboradores da Instituição que assim desejassem participar, tendo cabido à proposta da Professora Margarida Leite a distinção do 1ºprémio por parte de um júri reunido para o efeito. A cerimónia terminou com a apresentação das actividades comemorativas dos 25 anos e que estão descritas no quadro ao lado.
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Vem Saber Quantas letras são precisas para aprender a ler Vem, ensinar Que a vida tem valores que devemos respeitar É como uma flor Que se rega com amor E depois se vê crescer A sorrir Vamos bem servir! REFRÃO: Pé ante pé vamos todos caminhar Fazemos caminho a sorrir Pedra sobre pedra vamos todos construir Que o nosso lema é: Bem, Bem Servir É a força que nos guia no caminho a seguir Bem, Bem Servir Todos juntos nós sabemos que o vamos conseguir Há um olhar De uma vida tão vivida que tanto tem para nós dar Dar e receber Um gesto de atenção que tudo pode vencer É como uma flor Que se rega com amor para não enfranquecer
NO DIA 12 DE MARÇO TEVE LUGAR O I ENCONTRO GERAL DE COLABORADORES DA SCMA NO CENTRO RAINHA SANTA ISABEL. O UNIFORME: "CALÇAS DE GANGA", POIS SERIA UM ENCONTRO DE REGISTO INFORMAL E DINÂMICO, ÚNICO PORMENOR QUE NOS FOI DIVULGADO PELA ORGANIZAÇÃO - A MESA ADMINISTRATIVA... EIS QUE ENTÃO NOS FOI REVELADO O MOTIVO... CANTAR O HINO COMEMORATIVO DOS 25 ANOS DA NOSSA INSTITUIÇÃO!
A Sorrir Vamos bem servir!
Marcaram presença cerca de duas centenas de colaboradores. À entrada recebemos um crachá com o ícone comemorativo dos 25 anos de Misericórdia e um bilhete onde podíamos ler que momentos divertidos e de trabalho de equipa nos esperavam nessa manhã... Dirigimo-nos ao Centro de Dia e por nós esperava um pequeno-almoço agradavelmente preparado... Mas, eis senão quando a nossa Provedora toma a palavra e, olhando de soslaio para o nosso Director-Geral, revela: "Agora vamos contar-vos toda a verdade!» A VERDADE ERA ESTA - O DESAFIO DO TRABALHO DE EQUIPA ERA TRABALHO DE VOZ! E VESTINDO UMA MESMA CAMISOLA: A CAMISOLA DA NOSSA SANTA CASA: LITERALMENTE! Todos (já de t-shirt verdinha) fomos chamados a corresponder na construção melodiosa do hino da Santa Casa da Misericórdia da Amadora! Um hino criado para comemorar o 25º aniversário desta nossa casa de trabalho! Divididos em grupos, formou-se o "coro" do refrão, a três vozes, e o "coro" de solistas, os tais arbitrariamente escolhidos... Às onze e meia reunimo-nos todos no auditório para verificar o produto final... e com os arranjos de orquestração de um outro amigo, Luís Sales, a batuta da Dra. Cristina Ferreira e do mesário Joaquim Franco, o resultado do trabalho de equipa foi inacreditável! Luzes, câmara, acção... Filmados, gravados, todos tivemos uma quota parte na construção deste desafio, proposto pela nossa Provedora, de sua inteira autoria: letra e música originais.
A memória dos nossos 25 anos ficará para sempre registada nesta fotografia/cartaz comemorativo, onde se juntam em representatividade, todos os géneros dos intervenientes da nossa instituição. Tirada no complexo da Quinta das Torres tendo como pano de fundo a nossa Sede Administrativa, reveste-se de um carácter simbólico ao nível da sua composição e dinâmica. Cada ‘pedaço’ do 25ºaniversário está nas mãos de todos nós, Funcionários, Utentes, Colaboradores e Beneficiários. Este cartaz foi espalhado pelas nossas valências e outros organismos do nosso concelho, dando a conhecer a efeméride da nossa Instituição. É esta mesma imagem que também serve de capa a esta edição do «Ser Misericórdia» e que alguém já preconizou como um modelo a seguir aquando das bodas de Ouro da SCMA.
UMA MANEIRA DIFERENTE DE EXPOR
De 17 a 23 de Outubro, no espaço de Internet da Junta de Freguesia da Venteira, junto do Jardim Delfim Guimarães, decorreu a Exposição 25 Anos da Santa Casa da Misericórdia da Amadora. O intuito era simples: «Dar a conhecer a todos os cidadãos da Amadora o trabalho realizado pela nossa Instituição» Esta exposição esteve também patente na Escola Dr. Luís Madureira e no Centro Rainha Santa Isabel durante o mês de Novembro.
Carla Tavares Vice-Presidente da CMA
Foi no dia 15 de Outubro que se realizou o grande jantar de aniversário da nossa Instituição. Contámos com a presença de 300 convidados, entre irmãos, funcionários e voluntários. O jantar começou com uma dramatização, a cargo dos alunos da Escola de Teatro de Santos. A dramatização incidiu nas Obras de Misericórdia e foi magistralmente encenada pelo Professor Ricardo Gajeiro. O jantar decorreu num ambiente de festa e descontracção, onde não faltou animação e boa disposição. No final e antes do baile, as valências foram distinguidas pelo seu desempenho e trabalho junto das comunidades onde estão inseridas. Paralelamente ao jantar decorreu a exposição dos 25 anos da Instituição. Parabéns a todos os que contribuíram para este momento tão significativo e marcante.
Buraca - 2610 -143 Amadora Tel: 21 472 22 00 - Fax: 21 472 22 12 E-mail: santa.casa@misericordia-amadora.pt
2 - Lar de Santo António Estrada da Portela - Quinta das Torres Buraca - 2610 -143 Amadora Tel: 21 472 22 00 - Fax: 21 472 22 12 E-mail: lar.s.antonio@misericordia-amadora.pt
3 - Escola Luís Madureira Creche, Jardim de Infância, 1º, 2º,3º ciclos Ensino Básico Estrada da Portela - Quinta das Torres Buraca - 2610 -143 Amadora Tel: 21 472 22 80 - Fax: 21 472 22 91 E-mail: elm@misericordia-amadora.pt
Buraca - 2610 - 108 Amadora Tel: 21 4710170 - Fax: 21 472 22 12 E-mail: csclara@misericordia-amadora.pt
16 - ATL EB1/JI Alfragide Av. D. Luís I, 2610-181 Amadora Tel: 21 471 24 21
9 - Centro de São Francisco de Assis Rua 8 de Dezembro - Quinta de Outeiro Buraca - 2610 - 203 Amadora Tel: 21 490 46 55 - Fax: 21 472 22 12 E-mail: csfrancisco@misericordia-amadora.pt
17 - ATL EB1/JI Quinta Grande Av. das Laranjeiras, 2610-334 Amadora Tel: 21 471 34 83
18 - ATL EB1 S. Brás Praceta Padre Álvaro Proença, 2700-631 Amadora Tel: 21 491 21 50
10 - CLIMA Clínica Médica de Alfragide Alameda dos Moinhos, Nº1A Alfragide - 2610 -161 Amadora Tel: 21 154 38 60 - Fax. 21 154 38 69 Nº Verde: 800 104 004 E-mail: clinicamedica@misericordia-amadora
19 - ATL EB1/JI Vasco M. Rebolo Av. Conde Oeiras, 2720-124 Amadora Tel: 21 495 14 28
20 - ATL EB1/JI Aprígio Gomes 4 - Lar Sagrada Família Av. da República - Quinta de Outeiro Buraca - 2720 - 574 Amadora Tel: 21 490 00 68 - Fax: 21 490 00 71 E-mail: lar.s.familia@misericordia-amadora.pt
5 - Igreja Nossa Senhora das Misericórdias Estrada da Portela - Quinta das Torres Buraca - 2610 -143 Amadora Tel: 21 472 22 00 - Fax: 21 472 22 12 E-mail: santa.casa@misericordia-amadora.pt
Av. Canto e Castro, Urbanização Casal de Vila Chã Telefones: 21 492 07 89 / 21 492 09 26
11 - Centro de Atendimento e Serviço Social da Amadora Rua de Porto Santo, nº8 A 2700 - 666 Amadora Tel. 214 912 661 E-mail: rsi.scma@gmail.com
21 - ATL EB1 Mina Av. Miguel Bombarda (2700-585) Telefone/Fax: 21 493 55 37
22 - ATL JI Cerrado da Bica
12 - Creche Santa Teresinha
Pct. Cerrado da Bica (2700-182) Telefone: 21 492 84 91 Tel: 21 490 00 68 - Fax: 21 492 84 93
Av. Canto e Castro, Urbanização Casal de Vila Chã Tel: 21 491 56 38 E-mail: santa.casa@misericordia-amadora.pt
23 - ATL EB1/JI A-da-Beja R. Fernando Maia/Quinta da Plátano, 2650-374 Amadora Tel:/ Fax: 21 980 24 76
6 - Auditório da Santa Casa da Misericórdia da Amadora Rua Nuno Ferrari Buraca - 2700 Amadora Tel: 21 472 73 70 - Fax: 21 472 73 79
13 - Centro de Dia e SAD do Casal da Mira Rua Ramiro Martins, Nº5A Casal da Mira - 2650 - 015 Amadora Tel: 21 491 41 11 E-mail: terceiraidade.casaldamira@misericordia-amadora.pt
7 - Centro de Dia e SAD Rainha Santa Isabel Estrada do Zambujal, Lt.22B Buraca - 2700 Amadora Tel: 21 472 73 70 - Fax: 21 472 73 79 E-mail: centro.artedosavos@misericordia-amadora.pt
14 - Unidade de Cuidados Continuados da Sagrada Família Av. da República - Quinta de Outeiro Buraca - 2720 - 574 Amadora Tel: 21 490 00 68 - Fax: 21 490 00 71 E-mail: uccsagrada.familia@misericordia-amadora.pt
PROPRIEDADE E EDIÇÃO Santa Casa da Misericórdia da Amadora Estrada da Portela - Quinta das Torres Buraca - 2610-143 Amadora Tel: 214 722 200 - Fax: 214 722 212 E-mail: santa.casa@misericordia-amadora.pt
24 - ATL EB1 Ricardo Alberty R. 17 de Setembro, 2700-233 Amadora Tel:/ Fax: 21 491 21 80
25 - CLDS Contrato Local de Desenvolvimento Social Antigo Jardim de Infância de Sta Filomena Mina - 2700 Amadora Tel: 21 494 60 23 E-mail: clds.amadora@gmail.com
EQUIPA RESPONSÁVEL Manuel Girão, Manuel Tiago Costa, Daniel Santos e Cristina Baguinho
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