Lacos Amor n.º 24

Page 1

EDIÇÃO N.º 24 TRIMESTRAL | SCMG | Jul/Ago/Set | 2014 Gratuito

LAÇOS DE AMOR Uma família ao serviço da comunidade

VIA DA MISERICÓRDIA já é uma realidade


ÍNDICE EDITORIAL 85 ANOS DE HISTÓRIA O QUE ACONTECEU

3 4 7

Exposição de Paineis sobre António Almeida da Costa

12

Reportagem na Creche e Jardim de Infância

14

ENTREVISTA

20

Psicóloga Sívia Costa fala da realidade das crianças do CAT

20

ESPAÇO SAÚDE HISTÓRIAS DE VIDA

22 23

Cândida Alves acompanhou de perto o património de benemérito

23

NÚCLEO MUSEOLÓGICO ESPAÇO VOLUNTARIADO AGENDA SABIA QUE...

24 25 27 27


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

EDITORIAL

“Se o Senhor não edificar a sua casa, em vão trabalham os que a constroem” Caros Irmãos Escolhi esta Mensagem como abertura do Editorial desta Revista Laços de Amor, do terceiro trimestre deste mandato que termina em 31 de dezembro de 2014. Chegados ao mês de setembro do ano em curso e último deste mandato, manda o Compromisso da Irmandade que o Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Geral avise os Irmãos que está aberto o Ato Eleitoral, convocando os Irmãos a participarem ativamente neste momento da vida da Irmandade, apelando ao exercício democrático em que vivemos e incentiva a que apareçam Irmãos movidos pelo espírito do bem servir a Instituição em regime de voluntariado, gratuito e benévolo. Embora em muitas Misericórdias seja recorrente o recurso a Assembleias Gerais Extraordinárias para que os Irmãos decidam autorizar que os Irmãos dos Órgãos Sociais com mais de dois mandatos possam, em igualdade dos demais Irmãos, voltar de novo a candidatarem-se a novo mandato se eventualmente assim desejem fazê-lo, essa prática, não fazendo parte na nossa Misericórdia, acabou por acontecer este ano e a Irmandade reuniu-se em Assembleia Geral Extraordinária a 4 de julho, tendo os Irmãos presentes e em bom número aprovado a proposta apresentada, apenas com duas abstenções. Assim, tanto o Provedor como os demais Irmãos que tivessem exercido dois mandatos no mesmo Órgão ficaram em condições de, se assim desejassem, apresentarem-se ao ato eleitoral. Nesse sentido, espera-se e é desejável que do seio da Irmandade emerjam Irmãos, conduzidos pelo espírito de servir e em consonância com os princípios enunciados no Compromisso da Irmandade e com a cultura de Misericórdia com mais de cinco séculos, que apresentem a sua Candidatura para o quadriénio de 2015/2018, com a indicação dos elementos que compõem os três Órgãos Sociais a sufrágio. Como Provedor, faço, igualmente, um apelo aos Irmãos para que se disponibilizem para SERVIR a causa social, porque a nossa Instituição bem precisa, e sempre pensei que é urgente passar o testemunho a Irmãs e Irmãos mais jovens, não só para a conhecer e verificar a sua grandeza, analisando a sua organização administrativa e instituições anexas, mas também porque podem trazer novos contributos, novas ideias, refrescando as estruturas e despertando o capital humano para novos paradigmas o inovadores conceitos de modernidade. Só desta forma as Instituições se renovam e não envelhecem como é o caso da Misericórdia de Gaia com o seu percurso de vida de 85 anos, sendo credora da nossa admiração. Oxalá que este meu apelo seja entendido pelas gerações mais jovens, porque “é no dar que se recebe” como disse S. Francisco de Assis. Joaquim Vaz

(Provedor da Misericórdia de Gaia)

3


85

ANOS DE HISTÓRIA

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

A Misericórdia continuava, entretanto, a ser contemplada com legados e doações: • Na sessão da Mesa Administrativa de 27 de junho de 1969 foi presente uma carta do Exmo. Sr. Fernando Moreira Pais Nicolau de Almeida que, na qualidade de testamenteiro do Irmão desta Instituição, Exmo. Senhor Luís António Pinto de Aguiar, falecido em 9 de abril de 1969, comunica que aquele senhor incluíra no seu testamento as seguintes disposições: “Deixa à Misericórdia de Gaia de Vila Nova de Gaia o prédio da Rua do Choupelo, número trinta, desta Vila, com a obrigação de cuidar da conservação e limpeza do Jazigo-Capela que o testamenteiro fica incumbido de mandar construir no Cemitério da freguesia de Santa Marinha. Feito o Jazigo tomará a Misericórdia posse dele, onde apenas consentirá que sejam inumados os restos mortais do testador e de seus pais, não permitindo que daí sejam deslocados e devendo mandar ornamentar o mesmo Jazigo todos os anos nos dias dos fieis defuntos.” A Misericórdia aceitou este legado.

Novos legados e doações

4

• Na reunião de 24 de abril de 1970, a Mesa Administrativa tomou conhecimento da instituição de dois legados: - A Repartição de Finanças deste Concelho comunicou à Misericórdia que foi contemplada por D. Palmira Soares de Carvalho, falecida em 24 de novembro de 1969, com a quantia de Pte. 25.000$00, sem encargo. - Pelo Sr. Eng.º Fernando Pinto Oliveira, na qualidade de testamenteiro de sua tia, a senhora D. Isolina Lídia Cunha de Oliveira, falecida em 4 de dezembro de 1969, foi comunicado ter aquela senhora deixado a esta Instituição o seguinte legado: “A casa e o armazém que possuo em Santo Ovídio, com frente para a rua Soares dos Reis, travessa da Feira e trazeiras do armazém, rua de Trás-os-Vales, freguesia de São Cristóvão de Mafamude, Vila Nova de Gaia, composta a casa de rés-do-chão, primeiro andar e águas furtadas, e armazém de um cume, com usufruto a minha sobrinha e afilhada Fernanda Oliveira da Motta e Silva passando, por sua morte, a propriedade para a Misericórdia de Vila Nova de Gaia com as seguintes obrigações em memória da veneranda e saudosa avó Thereza, Pais e irmã Alice: Transformar o armazém num Albergue Nocturno onde peço coloquem ao fundo, ainda que pequena, uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, com a seguinte legenda “Deus fez a Noite e temeu-A”. A casa de habitação ser aplicada os seus rendimentos para ajuda das despezas e sustento do Albergue Nocturno”. A Mesa Administrativa deliberou o seguinte: 1) para poder avaliar com mais precisão do valor do legado e da área que os referidos imóveis ocupam, solicitar à Repartição de Finanças o fornecimento de certificados dos artigos matriciais e ao Senhor Presidente da Câmara, o fornecimento de uma planta topográfica; 2) pedir autorização à Direção-Geral da Assistência para aceitar o legado, com a condição de estes prédios serem vendidos e, com o seu produto, construir o Albergue noutro local do Concelho. Em resposta, aquela Direção-Geral informou que não se vê interesse na instalação de um Albergue em Gaia, uma vez que a Misericórdia já dispõe de três estabelecimentos para pessoas idosas: dois asilos e um lar, pelo se afigura que o legado em questão deverá ser aplicado na melhoria das instalações dos estabelecimentos


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

85

ANOS DE HISTÓRIA

existentes. Nestes termos referia ainda aquela Direção-Geral que, embora o artigo 25.º do Decreto-Lei n.º 35.108, permita dar uma aplicação diferente aos bens legados, seria conveniente que a Misericórdia entrasse em contacto com o testamenteiro da benemérita e lhe desse conhecimento deste parecer, contacto que foi feito. Na reunião da Mesa de 26 de novembro de 1969, o Senhor Provedor informou que o Sr. Dr. António Pedro Pinto de Mesquita, advogado do Sr. Eng.º Fernando Pinto de Oliveira, testamenteiro desta benemérita, o contactara para informar que, na sua opinião, a Misericórdia poderia reservar nos seus estabelecimentos assistenciais algumas camas para, deste modo, dar cumprimento ao legado, tendo a Mesa deliberado dar o seu acordo a esta sugestão. Em 1969 surgiu um acontecimento importante: por despacho ministerial de 14 de abril, publicado no Diário do Governo n.º 99-II Série, de 26 do mesmo mês, o Asilo, Creche D. Emília de Jesus Costa e António Almeida da Costa foi integrado nesta Misericórdia com todos os seus bens e valores. No ano de 1971, a Misericórdia passou a assumir novas responsabilidades, ou seja, as atribuições e competências das Comissões Regionais de Assistência, que foram extintas pelo artigo n.º 75.º do Decreto-Lei n.º 413/71, de 27 de setembro.

Decreto-Lei n.º 413/71, de 27 de setembro Artigo 75.º

Extinção das Comissões Regionais de Assistência 1 - São extintas as comissões regionais de assistência dependentes da Direção-Geral da Assistência. 2 - Excetuam-se as comissões distritais das ilhas adjacentes, que continuam a regular-se pelo Decreto-Lei n.º 36.262, de 5 de maio de 1947, até que seja dado cumprimento ao disposto no n.º 3 do artigo 98.º. 3 - O património das comissões extintas reverterá, por despacho ministerial, para as Misericórdias ou outras instituições de assistência do respetivo concelho ou para os centros de saúde distritais, no caso do número anterior. 4 - As instituições para as quais revertam os patrimónios referidos no número anterior não são responsáveis por encargos que excedam o valor dos bens recebidos. A extinta Comissão Municipal de Assistência era à altura presidida pelo Exmo. Sr. João Reinaldo Luís Pacheco, que era, simultaneamente, membro da Mesa Administrativa da Misericórdia, e embora a Mesa Administrativa tenha deliberado na sua reunião de 27 de novembro de 1971 continuar a fazer a assistência que durante longos anos foi feita, na Sede da Misericórdia, pela extinta Comissão Municipal de Assistência de Vila Nova de Gaia e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia tenha concedido à Misericórdia em dezembro desse ano um subsídio de quatrocentos mil escudos, para prossecução por parte da Misericórdia, da assistência aos pobres e às instituições do Concelho, que vinha sendo prestada pela Comissão Municipal de Assistência, até à sua extinção, e tal como previa o citado Artigo 75.º, foi enviada à Misericórdia a Circular Normativa n.º 6 da Direção-Geral da Assistência Social, que transcrevia o despacho de 22 de novembro de 1971, de Sua Excelência a Subsecretária de Estado da Saúde e Assistência. Foi dentro deste quadro que a Misericórdia foi autorizada, pelo ofício n.º 5.879, de 10 de dezembro de 1971, da Direção Geral da Assistência Social, a entrar na posse dos bens da extinta Comissão Paroquial de Assistência de Valadares, bens esses que resultaram do legado feito àquela Instituição, pela benemérita D. Isabel Mullier de Mesquita. Por sua vez, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia concedeu em dezembro de 1971 à Misericórdia, Pte. 400.000$00 para, de acordo com o que consta da ata de 31 de dezembro de 1971, “prossecução da parte desta Misericórdia da assistência aos pobres e às instituições do concelho, que vinha sendo prestada pela Comissão Municipal de Assistência, até à sua extinção”. A autarquia manteve ao longo dos anos a concessão desse subsídio, que foi crescendo significativamente à medida das necessidades sentidas pela Misericórdia. Luís Marques Gomes (Irmão e Assessor da Provedoria da Misericórdia de Gaia)

5


O QUE ACONTECEU... Criatividade, imaginação e muito boa vontade fez da Feira de Verão do Centro de Acolhimento Temporário N.ª Sr.ª da Misericórdia um sucesso.

6

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Feira de Verão

Os colaboradores do Centro de Acolhimento Temporário N.ª Sr.ª da Misericórdia (CAT) com a missão de fazerem mais e melhor pelas crianças que acolhem diariamente realizaram, no passado dia 11 de julho, um mercado de frescos e refrescos, doces e salgados, artigos novos e usados. O local escolhido foi o jardim do Complexo Social António Almeida da Costa que, neste dia, recebeu muitos visitantes. O sucesso deste evento deveu-se ao espírito voluntário de muitos dos colaboradores do CAT e da Creche e Jardim de Infância D. Emília de Jesus Costa que ajudaram na construção do mercado, e de todos os que por lá passaram, deixando o seu contributo. Esta iniciativa pautou-se por vários momentos de convívio entre colaboradores da instituição, bem como pela interajuda que existe entre equipamentos sociais da Santa Casa. Graças à Feira de Verão do CAT as crianças acolhidas pela instituição tiveram direito a um verão com bastantes atividades e com novas e saudáveis experiências.

Verão dos meninos do CAT

As crianças do Centro de Acolhimento Temporário N.ª Sr.ª da Misericórdia tiveram um verão repleto de atividades e animação. Apresentamos algumas imagens da experiência vivida pelos nossos meninos no Centro Hípico de Santa Maria da Feira.

Beach Walk solidária

O Wall Street English (WSE) de Vila Nova de Gaia organizou uma caminhada solidária - a Beach Walk - em favor das crianças em situação de risco social do Centro de Acolhimento Temporário N.ª Sr.ª da Misericórdia (CAT). A iniciativa realizou-se no passado dia 9 de agosto, com partida de Francelos em direção a Salgueiros. Uns optaram só pela caminhada, enquanto os que estavam mais em forma, optaram pela corrida. O Provedor da Misericórdia de Gaia teve a possibilidade de passar pelos alunos e professores do WSE e agradecer, pessoalmente, o gesto de solidariedade em relação às crianças do CAT.


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

O QUE ACONTECEU...

“Desfado” na comemoração dos 22 anos de existência A Estrutura Residencial Conde das Devezas comemorou no passado dia 4 de julho o seu 22.º aniversário.

O tema do evento deste ano foi bem português: “Desfado”. Vestidas a rigor com as cores e acessórios apropriados ao momento, as colaboradoras da Estrutura Residencial Conde das Devezas (RCD) proporcionaram uma coreografia da música “Desfado”, da fadista Ana Moura. Os convidados, residentes da unidade, elementos da Mesa Administrativa, utentes e colaboradores da instituição apreciaram a festa descontraída e surpreendente, como já é habitual da RCD.

O momento de soprar as velas foi protagonizado pelo provedor da instituição, Joaquim Vaz, e pelos residentes com mais idade no RCD - Aurélia Aguiar Pinto da Costa e José de Queiroz Monteiro Ralha, ambos com 97 anos. O dia continuou a ser de festa e de convívio com algumas participações dos residentes Elisa Juventina Bastos e Fernando França que fazem parte do grupo de animação da unidade, além da pianista Alice Jorge. Os residentes são a razão dos 22 anos de existência da Residencial Conde das Devezas.

7


O QUE ACONTECEU... Sol, praia, visitas e muito convívio caracterizam as atividades de verão dos utentes do Equipamento Social António Almeida da Costa.

8

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Sol, praia e passeios…

O verão dos utentes do Equipamento Social António Almeida da Costa (AC) foi repleto de passeios e de muito convívio. O bom tempo convidou os utentes a vários dias de praia e de ótimos momentos em esplanadas na orla costeira de Gaia. Mas nem só de sol e de praia foi o verão dos utentes da Santa Casa, a sombra e os piqueniques dos parques também estiveram no roteiro das atividades de verão do AC. Os jogos, os afetos e as partilhas de experiência continuaram a marcar os últimos meses de vivência no AC.

Reto à Esperança

No passado dia 4 de julho, o AC recebeu a visita da Associação reto à Esperança que, ao comemorarem 20 anos de existência, presentearam os utentes com as suas canções, encenações e testemunhos.


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Passeio à Sr.ª da Saúde

O QUE ACONTECEU... No passado dia 21 de agosto o Equipamento Salvador Brandão promoveu mais uma peregrinação a N.ª Sr.ª da Saúde.

Fé, convívio e animação marcaram um dos momentos de verão mais aguardados pelos utentes e colaboradores do Equipamento Social Salvador Brandão que é a peregrinação anual a N.ª Sr.ª da Saúde. O momento espiritual foi da responsabilidade do padre Zacarias e a animação dos utentes do equipamento. O tradicional almoço contou, este ano, com uma agradável surpresa: sardinhada confecionada pelo mesário Valentim Machado. O provedor da Misericórdia de Gaia marcou presença neste evento que foi do pleno agrado dos utentes da instituição. A tarde continuou animada com a música e boa disposição do grupo Rebuçadinhos.

9

Atuação

O Grupo de Cantares do SB foi convidado a atuar, no passado dia 4 de setembro, no Encontro de Coros, organizado pelo Centro Social S. Pedro de Vilar do Paraíso. Não é a primeira vez que os utentes da Misericórdia de Gaia são convidados a representar a instituição em vários eventos.

Passeios

Mira, Viana do Castelo, Vizela, Guimarães foram alguns dos destinos de verão dos utentes do SB…


O QUE ACONTECEU...

Passeios para todos

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Os utentes do Equipamento Social Tavares Bastos viveram os dias de verão da melhor forma.

Entre visitas culturais, provas de vinho e passeios ao ar livre foram muitas as iniciativas organizadas pelo Equipamento Social Tavares Bastos (TB) para proporcionar bons momentos aos seus utentes. O Palácio de Cristal, no Porto, e o evento BOEIRA PORTUGAL IN A BOTTLE foram alguns dos destinos escolhidos. Os utentes aproveitaram ainda a orla marítima para apreciarem as paisagens e conviverem. No entanto, a equipa de profissionais do TB teve o cuidado de organizar iniciativas de verão especiais para os utentes mais dependentes que se revelaram um sucesso. O TB tem a preocupação de incluir os seus utentes na comunidade de uma forma digna e responsável, adotando as melhores estratégias.

10

SIMULACROS

Misericórdia de Gaia preparada para o perigo Durante o mês de julho, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia promoveu simulacros de atuação em caso de incêndio e acidente em diversos equipamentos da instituição. De acordo com a indicação e aprovação da Autoridade Nacional de Proteção Civil, a Misericórdia de Gaia possui Planos de Segurança Internos nos quais estão previstas as formas de atuar em caso de acidente e incêndio. Nesse sentido, foram realizados simulacros em vários equipamentos da instituição que envolveram utentes, colaboradores e técnicos ao serviço da Santa Casa. Todos os intervenientes nesta ação tiveram conhecimento prévio da realização dos simulacros, bem como estiveram presentes os Bombeiros Sapadores de Gaia. A Misericórdia pretende replicar esta iniciativa anualmente com o objetivo de garantir o correto desempenho dos colaboradores e utentes em caso de perigo, salvaguardando, assim, a segurança de todos os que se encontram na instituição.


O QUE ACONTECEU...

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Município apoia Misericórdia de Gaia O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, afirmou, publicamente, a sua disponibilidade em cooperar com a Misericórdia de Gaia, assinando no passado dia 7 de julho, com e o vice-provedor da Irmandade, Pedro Nobre, dois protocolos de parceria.

11 O primeiro protocolo assinado entre o Município e a Misericórdia consiste num apoio financeiro de 5 mil euros para equipar as novas instalações do Centro de Acolhimento Temporário N.ª Sr.ª da Misericórdia (CAT). O pedido foi feito pelo provedor da instituição em dezembro do ano passado e teve a melhor atenção por parte de Eduardo Vítor Rodrigues. O CAT acolhe 15 crianças em situação de risco social dos 0 aos 6 anos de idade, estando a aguardar da parte do Instituto da Segurança Social a assinatura de um novo acordo que vise o aumento do número de vagas a disponibilizar para 19, bem como o aumento da idade de acolhimento das crianças para que seja de 12 anos. O presidente da Câmara e o vice-provedor da Misericórdia de Gaia estenderam novamente às mãos para selar o protocolo de apoio do Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner ao Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Vila

Nova de Gaia. A Santa Casa está, neste momento, a proceder ao tratamento e valorização de todo o seu acervo documental para o qual pretende contar com as

orientações técnicas dos profissionais do Arquivo Municipal. “Uma das instituições de referência histórica e social do município é a Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia”, referiu Eduardo Vítor Rodrigues ao deixar aos atuais elemento da Mesa Administrativa uma mensagem de apoio: “O provedor e a Misericórdia de Gaia contarão com toda a disponibilidade e apoio da Câmara Municipal para continuar com o trabalho de referência que tem

vindo a realizar”. A assinatura dos protocolos da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia com várias instituições do município, neste momento, prende-se com o facto de ter havido abertura de fundos comunitários para o efeito. Na cerimónia teve a palavra o Vigário Geral da Diocese do Porto, Pe. Américo Aguiar, frisando a importância dos protocolos assinados para que o resultado chegue “a bom porto, ou seja, aos munícipes”. Marcaram ainda presença nesta cerimónia a diretora adjunta da Segurança Social do Centro Distrital do Porto, Ana Venâncio, párocos e presidentes de junta de várias paróquias e freguesias gaienses.


O QUE ACONTECEU

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Solar Condes de Resende expõe legado de benemérito da Misericórdia

A exposição sobre o património do benemérito da Santa Casa, António Almeida da Costa, ficou aberta ao público durante o mês de julho no Solar Condes de Resende em Canelas.

12

No primeiro dia de exposição marcaram presença o provedor da Misericórdia de Gaia, Joaquim Vaz, o diretor do Solar Condes de Resende, Joaquim Gonçalves Guimarães e o presidente da Assembleia Municipal, Albino Almeida. “Estamos interessados em recuperar e valorizar o património da instituição para que tenha uma função social, porque foi com esse objetivo que o benemérito António Almeida da Costa nos deixou o seu legado”, esclareceu o provedor Joaquim Vaz. O presidente da Assembleia Municipal referiu aos convidados que é preciso apreciar os exemplos de empreendedorismo e de preocupação com a Em cima, a autora dos painéis, Susana Matos indústria e com o social de um conjunto de cida- Em baixo, Gonçalves Guimarães, Albino Almeida e Joaquim Vaz dãos de Gaia ao longo da história. No ano em que o Solar Condes de Resende assinala 30 anos de abertura ao público, o seu diretor, Joaquim Gonçalves Guimarães, frisou que “cultura é o que fica e não o que passa” e que o património de António Almeida da Costa ficou ao cuidado da Misericórdia de Gaia que o conserva para ajudar quem precisa, como é exemplo disso o Equipamento Social António Almeida da Costa. Após o período em que a exposição permaneceu no Solar Condes de Resende, seguiu para a Misericórdia de Gaia, onde esteve presente na Estrutura Residencial Conde das Devezas e em todos os Equipamentos Sociais da terceira idade.


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

O QUE ACONTECEU...

ESPECIAL A Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia foi homenageada pelo Município que batizou a última via da circulação do Centro Histórico de Vila Nova de Gaia como VIA DA MISERICÓRDIA. Esta nova Via liga a Via Rosa Mota à Rua de General Torres. O provedor da Misericórdia de Gaia, Joaquim Vaz, referiu que a instituição tem conseguido “a todo o custo” recuperar o seu património, que tem sido legado à instituição por muitos beneméritos, e que vai continuar a fazê-lo para o crescimento e evolução da cidade, que é uma referência para os gaienses e para todos que visitam Gaia.

Misericórdia de Gaia empresta nome a nova via de circulação

No passado dia 1 de agosto, o presidente da Câmara de Gaia inaugurou a Via da Misericórdia. Esta via é uma homenagem à economia social.

A Misericórdia e a Câmara de Gaia têm colaborado mutuamente na resolução de problemas do Município. “Estou certo que a VIA DA MISERIJoaquim Vaz , provedor da Misericór- CÓRDIA nos conduzirá a todos em dia de Gaia boa direção: ao futuro, progresso e inovação”, reiterou Joaquim Vaz. O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, frisou que a VIA DA MISERICÓRDIA “é uma forma de honrar todas as instituições que no dia a dia se dedicam a uma causa pública”. O edil referiu ainda que a Misericórdia de Gaia é uma instituição de economia social que “dignifica a cidade de Vila Nova de Gaia” e cujo trabalho é “muitas vezes invisível aos olhos”. Na cerimónia de inauguração estiveram presentes várias entidades de Gaia, bem como utentes e crianças dos diversos equipamentos sociais da Santa Casa.

Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia

Joaquim Vaz e Rosa Mota

Fernando Correia, Joaquim Vaz e Jorge Soares

13


REPORTAGEM

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

O mundo da Creche e Jardim de Infância

Valores, educação de referência, aprender a brincar, mas, sobretudo, muito mimo são as principais características da Creche e Jardim de Infância D. Emília de Jesus Costa (CJI).

14

Os longos anos de existência deste equipamento social da Misericórdia de Gaia faz com que tenha centenas de “filhos, netos e bisnetos”, ou seja, as crianças que outrora estiveram a CJI, hoje homens e mulheres, fazem questão de colocar os seus filhos no mesmo local que frequentaram e muitos destes “netos” mantêm a mesma prática com os seus bebés. No entanto, é habitual os antigos alunos da CJI matarem saudades das suas educadoras e auxiliares com visitas regulares à instituição, deixando muitos de boca aberta de espanto com a evolução destes jovens, mas que facilmente reconhecem pelo olhar ou por algum traço característico. As primeiras palavras, os primeiros passos, as primeiras conquistas são muitas vezes observadas pelas educadoras e auxiliares da CJI que transmitem aos papás orgulhosos. A CJI é uma referência ao nível de qualidade do ensino prestado e a

prova disso são os bons resultados que as crianças conseguem obter no primeiro ciclo de escolaridade. O segredo é muito simples: “Porque a brincar, estou a aprender”. A equipa da CJI tem este lema, porque acredita que os meninos e meninas que frequentam a CJI têm o direito de brincar muito e, bem orientadas, aprendem a matemática, a linguística, as artes, a música, a informática, o desporto, mas também a concentração, a partilha a entreajuda e muito mais. Respeitar o universo das crianças e promover a sua felicidade é o primordial objetivo da CJI D. Emília de Jesus Costa e, por isso, é a primeira opção de escolha de muitos pais e familiares. Já com algumas semanas de arranque do ano letivo 2014/2015, Laços de Amor ouviu os intervenientes deste projeto de excelência e os reais testemunhos dos principais beneficiários: crianDiretora com antigo ças e encarregados de educação.

aluno que foi visitar a CJI

Crianças Apesar das primeiras semanas de setembro serem muito complicadas para os novos alunos da CJI, para outros é bom voltar à “escolinha” e são os próprios a receberem de braços abertos os novos amiguinhos. Laços de Amor cantou os “bons dias” e ouviu os principais beneficiários da CJI: as crianças. As pinturas, a casinha e o local das construções são as principais preferências dos meninos. Todos os que foram ouvidos disseram gostar muito da sua educadora e a prova disso foram as várias manifestações de carinho, espontâneas, que foram surgindo durante as entrevistas com a entrega de desenhos, com o dar abraços e beijinhos.


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

REPORTAGEM

Laços de Amor ouviu as profissionais da CJI que todos os dias passam várias horas com as crianças e são as principais responsáveis, juntamente com a família, pelo desenvolvimento e autonomia dos “pequenos tesouros”.

Sala Vermelha (3 anos), Educadora Paula Poças e Auxiliar Maria do Carmo

“A exigência começa a ser maior” A Educadora Paula Poças tem estabelecido para este ano letivo trabalhar a autonomia e as regras: “Vamos trabalhar muito as regras, porque nesta fase dos 3 anos têm mesmo que saber que estar na sala não é o mesmo que estar no recreio. A exigência começa a ser maior”. A sala vermelha está dividida pelo cantinho da garagem e construções, área da expressão plástica onde têm várias técnicas à disposição, como a colagem, o recorte, a pintura, o desenho livre e o desenho orientado: “Nestas idades começam a surgir as primeiras formas. É interessante ver a evolução das crianças em outubro e em junho”. Existe ainda a casinha e cozinha em que se trabalha a expressão dramática, e a área da leitura com a Biblioteca que está perto do cantinho do Jesus, onde as crianças podem fazer algo mais calmo. “Podem levar os livros para a casinha, porque na nossa casa podemos levar os livros para o quarto, mas já temos de contrariar quando querem colocar carrinhos dentro dos tachos, por exemplo”, conta. Segundo a educadora, nestas idades as crianças têm que se focar na realidade, trabalhando a parte do imaginário numa fase seguinte. Da parte da equipa pedagógica uma das exigências maiores é “haver muita vigilância”.

Sala Amarela (3 e 4 anos): Educadora Cristina Freitas e Auxiliar Edite Beça

“Tudo isto é feito de afetos” Nas salas de Jardim de Infância o dia começa com o cantar dos bons dias, seguindo-se “uma atividade orientada da parte da manhã e atividades livres”, explica a educadora Cristina Freitas. Em cada dia da semana as Salas trabalham uma área diferente: a motora com ginástica, a linguagem, a matemática, a ciência, a música e as expressões: “As crianças são muito curiosas e gostam das experiências”. Em relação às Salas da valência de jardim de infância serem mistas, a educadora é perentória: “Para os pais faz muita confusão ter várias idades na mesma Sala, mas não podemos olhar as idades de maneira estanque. Na mesma faixa etária, as crianças têm maturidades diferentes”, revela. “E andam sempre nestas coisas, sempre aos beijos e aos abraços”, fomos surpreendidos no meio da entrevista por uma criança que correu do recreio para dar um beijo à educadora e voltou a sair. Segundo Cristina Freiras, este género de “atitudes” é frequente. “Estão constantemente a dar-nos beijinhos, a dar-nos flores. É um grupo muito afetuoso e nós também promovemos isso, porque tudo isto é feito de afetos. Não é preciso muito, são coisas gratuitas, não se pede nada em troca”, revela. Quanto à aprendizagem pedagógica, Cristina Freitas diz que existe evoluções significativas nas crianças em curtos espaços de tempo: “Na atividade de hoje, notei uma evolução em alguns, daí ter feito o reforço positivo, através do elogio. Quando está mal também o faço, mas de uma forma construtiva”. “Para mim continua a ser fundamental incutir os valores e dizer a verdade”, reitera.

15


REPORTAGEM

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Sala Verde (3,4, e 5 anos): Educadora Teresa Rodrigues e Auxiliar Helena Norberta

Grupos heterogéneos vs Grupo Homogéneos Dado que é um grupo muito heterogéneo, o grupo da Sala Verde exige de Teresa Rodrigues um trabalho muito específico: “Cada objetivo a nível da matemática, da linguagem, da formação pessoal e social tem que ser adaptado a cada idade”. Teresa Rodrigues realça ainda o espírito de entreajuda neste tipo de grupo que não existe nos grupos homogéneos. “Já estive com salas heterogéneas durante anos seguidos e cheguei à conclusão que têm um bom rendimento no ensino básico, o que contra-

16

ria o receio dos pais”, explica. Teresa não tem dúvidas de que as crianças fazem uma separação da vivência da escola e da família e, muitas vezes, não contam em casa o que fizeram na escola. Nesse sentido, a educadora entende ser fundamental envolver os pais na aprendizagem dos filhos e de informá-los do trabalho que é realizado com as crianças: “Pedimos para trazerem material para os projetos, já houve pais que aceitaram vir fazer uma apresentação para o grande grupo, como contar histórias e fazer experiências”. A educação para o silêncio na Sala Verde, e que vai de encontro ao projeto desenvolvido na CJI “Schiuuu: Chama o Silêncio”, é executado na área de motricidade. “É um projeto que me agrada muito, porque as crianças estão muito agitadas e acabam por nos agitar também”, refere. Sessões de relaxamento com música calma, umas festinhas na cabeça para os meninos sentarem-se e ficarem em silêncio ou mesmo, a pares, fazerem massagens uns aos outros são algumas das técnicas utilizadas na Sala Verde para promover a serenidade: “Nota-se resultados, ficam mais calmos e serenos”. “Tivemos a experiência de uma aula para adultos que veio ajudar-nos muito", confessa.

Sala Azul (4 e 5 anos): Educadora Céu Quaresma e Auxiliar Maria Manuela Carvalho

“Trabalhamos tudo em forma de jogo e brincadeira” Na Sala Azul existem atividades livres e orientadas em pequenos grupos para que a educadora possa verificar as dificuldades de cada criança: “Chamo muitas vezes à mesa os que têm mais dificuldades, enquanto os outros estão dispersos nos diferentes cantinhos”. Os objetivos para este ano são trabalhar as regras, o silêncio e a concentração: “Tentamos fazer tudo com exemplos para poderem assimilar melhor as situações”. Segundo a educadora, a mistura de idades “complicou mais na cabeça dos pais”. “É uma situação normal, porque todas as idades têm um enriquecimento próprio”, refere. Céu Quaresma demonstra que o grupo dos 5 anos aprende a ser mais solidário com os mais pequeninos, “numa ida à casa de banho, a orientá-los na sala ou quando alguém se magoa e perguntam o que sentem…”. Para a educadora, os mais novinhos evoluem mais ao terem o exemplo dos mais velhinhos. Para além da reunião de início do ano letivo, a Sala Azul promove várias vezes um Open Day, em que os pais podem entrar na sala para verem o trabalho que é realizado pelos filhos. “É para ti Céu”, fomos mais uma vez surpreendidos por uma menina que entregou um desenho à educadora. Aproveitamos de imediato para questionar se gostam da escola e da educadora e obtivemos como resposta um “Sim”, realçando que nas férias sentem “saudades da Céu”.


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

REPORTAGEM Sala de 1 ano: Educadora Carla Araújo e Auxiliar Fátima Pereira

“Estamos aqui para eles e por eles” Com o egocentrismo próprio de 1 ano de idade presente na sala da educadora Carla Araújo e da auxiliar Fátima Pereira é complicado, mas consegue-se trabalhar a autonomia e as regras. “Prevemos que no final do ano já consigam tirar uns sapatinhos e ir ao pote”, deseja a educadora, tendo como motivação o facto de em pouco tempo as crianças já saberem ir sozinhas para as suas respetivas caminhas na hora do descanso, bem como alguns em direção às suas cadeirinhas de refeição: “Nós é que os subestimamos, que são pequeninos e que não conseguem, mas eles captam tudo”. “É uma idade de descobertas, muito curiosa e muito bonita. É a sala mais trabalhosa a nível físico, mas também é uma idade que nos dá muito”, refere. “Nós somos as primeiras a descobrir as novas conquistas das crianças: a primeira palavra, o primeiro beijinho, o primeiro passo” e, por isso, todos os finais de dia a educadora tem uma novidade para contar aos pais. Em alguns casos, as crianças permanecem na creche 12 horas e a ligação à equipa pedagógica é muito forte: “É engraçado, porque acontece alguns casos em que as mães vêm buscá-los e eles não querem ir. É bom sinal, é sinal que eles estão bem”. O deixar pela primeira vez um filho na creche é bastante doloroso para a criança e para os pais, mas os largos anos de experiência e a forte dedicação das profissionais no acolhimento das crianças consegue minimizar a dificuldade do momento. “O segredo é muito afeto, muito carinho, muito abraço, muito colo. Eles têm que ganhar confiança em nós”, relata. Para a educadora, escola e família têm que desenvolver um trabalho conjunto e complementar para se conseguirem bons resultados. Conhecida por ser a educadora mais sentimental, Carla Araújo não esconde o brilho no olhar ao contar a felicidade que sente quando recebe um abraço ou um simples “gosto muito de ti”: “Compensa tudo, porque estamos aqui para eles e por eles”.

Sala dos 2 anos: Educadora Neuza Guimarães e Auxiliar Joana Pinheiro

“Sinto que os pais estão confortáveis por os filhos estarem felizes” A sala dos 2 anos, liderada pela educadora Neuza Guimarães e pela auxiliar Joana Pinheiro, tem como principais objetivos promover a autonomia das crianças, como deixarem as fraldas e passarem a ir à casa de banho: “Tentamos fazer com que fiquem mais independentes dentro da dependência deles de 2 anos”. Nesta sala, as crianças beneficiam, pela primeira vez, do cantinho da casinha, da biblioteca, dos jogos e da mesa de trabalhos. Segundo a educadora, é neste novo espaço que os meninos “aprendem que não podem estar todos nas mesmas áreas para terem possibilidade de experimentar todas”, a pegarem corretamente nos utensílios, a aprenderem as cores primárias, a encaixar, a enfiar…”. Neuza Guimarães acredita que nesta fase as crianças devem começar a ter noção do mundo que as rodeia. Um dos objetivo também trabalhados nesta Sala são os Direitos e Deveres das Crianças, bem como a promoção de certos valores: “Como ainda são muito egocêntricos, vamos trabalhar a partilha e a amizade”. “Os pais gostam de participar e sinto que estão confortáveis por os filhos estarem felizes”, refere. “Na reunião, quando os pais começam a falar das fitas que os filhos fazem em casa e das vergonhas no supermercado eu costumo dizer que devem estar a falar de outros filhos que não os que tenho na sala, porque eles aqui não são assim”, reitera.

17


REPORTAGEM

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Sala de 1 e 2 anos: Educadoras Vânia Silva e Simone Correia, Auxiliares Anabela Chaminé e Sara Silva

Schiuuu? “As crianças adoram” As Salas de 1 e 2 anos, das educadoras Vânia Silva e Simone Silva apostam, sobretudo, nas rotinas dos mais pequenos. Segundo as educadoras, as rotinas são uma forma de dar estabilidade e segurança às crianças. As crianças dos 2 anos estão a descobrir o mundo e, por isso, a educadora promove a aprendizagem com base na ação: “As crianças mexem, provam, cheiram e assimilam o conhecimento, porque aprenderam”. Desta forma não é de estranhar na Sala dos 2 anos da educadora Vânia Silva existirem vários cestos com limões, comandos estragados, embalagens… “É muito engraçado, porque quando mexem num limão uns utilizam como se fosse uma bola, outros atiram, porque pensam que vai pinchar, outros fazem cara feia”, conta. Para a educadora, é normal no mês de setembro haver choros na altura da adaptação, no entanto, Vânia Silva refere que os meninos recebem muito bem os “novos amiguinhos e convidam-nos para brincar”: “Às vezes custa mais aos pais do que as crianças. Mas se a integração for bem organizada é possível as crianças ficarem com o mínimo de dificuldade possível”.

18

Schiuuu Vânia e Simone promovem o projeto Schiuuu na creche da Misericórdia de Gaia em conjunto. De manhã, na altura de receberam as crianças, as luzes apagam-se, é colocada música de relaxamento e crianças de 1 e de 2 anos imitam os exercícios de relaxamento e de alongamentos efetuados pelas educadoras. O imaginar as ondas do mar ou uma flor ajuda no sucesso desta iniciativa. Apesar de serem muito pequeninos e enérgicos, o certo é que as crianças ficam concentradas nos exercícios e, segundo as educadoras, “as crianças adoram”. Simone Correia refere que no momento do descanso também colocam a música de relaxamento para as crianças adormecerem com serenidade. A hora das refeições é, para alguns pais, motivo de Hora das refeições… dores de cabeça. No entanto, parece não haver queixas das crianças em relação aos menus preparados pela cozinha da CJI: “Todos os meninos que passaram pela CJI têm como referência a nossa cozinha, dizem que têm saudades da nossa comida”, referem as cozinheiras Manuela e Paula, frisando que as crianças repetem muitas vezes o prato. “O que mais nos motiva e vê-los a comer com satisfação”, reiteram.“Temos uma mãe de um menino que, às vezes, nos telefona a perguntar como fazemos as ´batatinhas amarelinhas´ quando é Bacalhau à Brás, porque o filho só fala nisso”, comentam. Mas as histórias não ficam por aqui, desde os pais perguntarem às cozinheiras como confecionam certos alimentos, porque em casa as crianças não os comem, até “mandarem as mães aprenderem a fazer comida ou ligarem à Manuela” (risos). A equipa da CJI costuma ouvir muitas das crianças que já frequentam a escola primária que “a comida da escola velha é que era boa”. A massa é o prato preferido das crianças da CJI e, apesar da fruta ser variada todos os dias, de vez em quando os meninos têm uma surpresa: mousse de chocolate ou pudim.


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Bebés: Maria Celeste Maia, Cândida Pereira, Helena Saraiva

O mundo encantado dos bebés

REPORTAGEM Equipa de receção: Manuela Mota e Patrícia Godinho

Equipa de Auxiliares de Serviços Gerais: Maria Olinda Bravo, Aurora Silva e Alexandrina Cadinha

Encarregada de Educação

“Sei que estão bem entregues” Maria João Dias tem três filhos: O João que já frequentou a CJI D. Emília Jesus Costa e, atualmente, encontra-se na 3.ª classe do ensino primário, o Guilherme de 5 anos que frequenta a Sala Verde e o Duarte de 2 anos que está na sala dos 2 anos da educadora Neuza Guilherme e da auxiliar Joana Pinheiro. Na hora de buscar os dois filhos à CJI, Maria João leva também a sobrinha Lara que está na Sala dos 2 anos. A razão pela qual colocou os filhos na CJI da Misericórdia de Gaia é simples: “Nada fazia mais sentido do que deixar os meus filhos na CJI que eu e o meu irmão também frequentámos. Na altura era no Castelo”, que é o edifício da Casa do Costa. A famiA SCA é uma empresa líder mundial em produtos de higiene e florestais. liaridade com as educadoras e auxiliares daquele tempo, que tantas boas memórias proporcionaram à O Grupo desenvolve e fabrica artigos para o cuidado pessoal, papel encarregada de educação foram também o motivo para uso doméstico e industrial da sua escolha. Maria João já passou por várias situe produtos florestais. ações, enquanto encarregada de educação, na CJI. Vende os seus produtos O filho mais velho teve a mesma educadora desde a em mais de 100 países sob marcas líderes bem Sala dos Bebés até à Sala dos Finalista e o filho Guilherposicionadas a nível me já tem mudado de educadora, encontrando-se mundial como TENA e Tork, e regional como Libero, numa Sala Mista com outras crianças de 3 e de 4 anos. Lotus, Libresse ou Tempo. “Não houve qualquer problema com a mudança de Sendo o maior proprietário educadora e ele adaptou-se muito bem”, refere. Made florestas a título privado na ria João está atenta à situação do filho, acompanha o Europa, a SCA dá uma grande importância à gestão sustentável trabalho que a educadora realiza e tem a experiência dos recursos florestais. do filho mais velho que passou da CJI para o 1.º ciclo “muito bem preparado”. Maria João revela o episódio de quando assistiu ao seu filho levar outra criança mais nova para a sala: “A educadora pediu ao Gui se podia levar o menino mais pequenino para a sala. O Gui pegou na mão do menino e levou-o. Achei extraordinário, porque o meu Gui é tão regila e ia com tanta responsabilidade…”. Quanto às refeições só existe problema em casa: “Às vezes até me custa a acreditar que ele coma bem na CJI, porque em casa demora muito a comer" O principal para esta mãe é deixar todos os dias os filhos de manhã na www.sca.com CJI e ir trabalhar descansada: “Sei que estão bem entregues e gostam de estar aqui”.

19


ENTREVISTA

“Temos crianças bem resolvidas”

20

Sílvia Costa é psicóloga do Centro de Acolhimento Temporário N.ª Sr.ª da Misericórdia (CAT). Há 10 anos que Sílvia Costa recebe, acompanha e avalia centenas de crianças e famílias em risco social. A psicóloga conta a Laços de Amor a realidade destes meninos e meninas “iguais a todos os outros” que só querem alguém que os queira bem. Como é que se atua perante uma criança que está com um problema no CAT? Depende da problemática. Quando são bebés, os problemas são, sobretudo, de desenvolvimento, porque os pais não tiveram uma gravidez vigiada, ou foi uma gravidez com consumos. Quando são mais velhos é que começam a manifestar problemas mais graves. Se for uma enurese, temos de saber se aconteceu sempre ou se foi a partir de determinada altura e o que contribuiu para essa situação. Se houver dificuldades de aprendizagem, temos de fazer o respetivo despiste relativamente à causa: se é de origem emocional ou cognitiva. Quando as crianças entram no CAT existe uma diversidade de estados que podem apresentar. São diferentes de criança para criança ou pode-se traçar um quadro comum? O estado em que a criança chega ao CAT depende muito das idades. No caso dos bebés, podem demonstrar fragilidades a nível emocional ao chorarem muito, ou sofrerem de privação, no caso de uma mãe que seja consumidora. Relativamente a uma criança, por exemplo, com 4 anos, o impacto da institucionalização é muito maior e, nesta situação, apresentam problemas ao nível do sono, dificuldades em adormecer, dificuldades em comer…A equipa de profissionais do CAT trabalha, constantemente, no sentido das crianças nunca se isolarem, proporcionando-lhes atividades constantes, explicando o porquê de estarem no CAT e o que se está

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

a passar. E posso afirmar que temos crianças bem resolvidas. É mais complicado atuar com os juniores do que com os bebés? Em relação aos bebés basta dar-lhes o colo, a comida à horinha, o aconchego para dormir e pouco mais. Uma criança que é retirada do seu ambiente familiar, por muito mau que seja, é sempre traumatizante. Por outro lado, esta situação também depende quer da personalidade da criança, quer do modo como a retirada é realizada: Se foi pacífica ou se houve forças policiais, se entra no CAT acompanhada pelos pais ou sozinha. No entanto, quando a criança entra pela primeira vez no CAT está sempre presente um técnico para a receber, para explicar o que se está a passar, quais as rotinas, para lhe mostrar o quarto e as suas roupas, para apresentar os amigos e a equipa de trabalho. Quando as crianças entram no CAT há choro, revolta, tristeza? Há mais confusão do que revolta. Por norma, quando entram no CAT, as crianças questionam quando vão voltar a estar e a ver a mãe, e explicamos tudo. Não é tanto revolta, porque eles não entendem bem o que se passou, há mais confusão, claro acompanhada de choro, com dificuldades de adormecer, de se alimentar. Depois adaptam-se bem, percebem o funcionamento do CAT, sabem que falam ao telefone com a mãe, que recebem visitas. Tivemos uma criança, que na minha opinião, foi a que ficou mais feliz por ser retirada, porque dizia à irmã que estava feliz no CAT, porque comia, tinha água quente e tinha a sua roupa. Gostava muito dos pais, mas sabia que aqui estava melhor. Há um trabalho com as crianças, mas também com as famílias, certo? Certo. Com as crianças trabalhamos a parte emocional, com os pais é realizado um trabalho de competências parentais. Estimulamos a que encontrem emprego, a tratarem, se for o caso, das dependências, a fazerem uma gestão doméstica, a ensinar-lhes a cuidar dos filhos, a fazerem uma sopa, a cumprirem o plano nacional de vacinas… O que para nós é algo básico, para muitos pais não faz sentido, porque alguns destes pais também não foram tratados convenientemente, também já foram abusados. Regra geral como é que as famílias reagem a este trabalho: pacificamente ou nem por isso? Inicialmente não reagem da melhor forma. Na generalidade, as famílias ficam fragilizadas porque foi-lhes retirado o filho e não aceitam de imediato as nossas propostas. No entanto, tentamos criar uma relação no CAT com os pais e, com o tempo, aceitam. Temos alguns familiares que correspondem aos nossos conselhos e outros não.


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Ultimamente não têm correspondido tanto quanto gostaríamos. Ao longo destes anos qual tem sido a tendência? Menos cooperação. Antes tínhamos mães mais jovens e que esta era a primeira abordagem, por isso, aceitavam as nossas sugestões. Atualmente, é mais frequente encontrarmos pais em que este é o terceiro filho retirado e que antes destas intervenções já tiveram outras sem sucesso, mas temos sempre de tentar. O primeiro passo quando uma criança chega é trabalhar a família biológica, o seguinte é trabalhar a família alargada e o terceiro passo é a adoção. É notória a forte ligação que estas crianças estabelecem com a equipa do CAT… As crianças acabam por ter mais amor à equipa do CAT, porque é quem cuida delas. Para muitas destas crianças, os pais são umas pessoas que vêm cá uma vez por semana visitá-las, outros, nem isso. Parece impossível, mas existem casos de pais não ligarem para saber se o filho está bem ou mal, ou se está doente… Há pais que depois dos filhos estarem entregues sentem-se desresponsabilizados das suas funções. No entanto, dá-mos também abertura para os pais poderem acompanhar o filho às consultas, mas posso afirmar que, neste momento, de 15 crianças, temos só uma mãe que nos acompanha à consulta do filho. E em relação às visitas: Querem a visita ou é-lhes indiferente? Quando são mais crescidos e são retirados mais tarde gostam e exigem a visita, quando são bebés temos mais dificuldade em que permaneçam na visita, porque não têm aquele vínculo que seria normal. Quando a visita não é de qualidade as crianças também não querem estar ali, preferem ir brincar com os amigos. Nestes casos temos que ser nós, os técnicos, a estar na visita a brincar com a criança, porque é notório que os pais vêm por obrigação, porque sabem que se não vierem é-lhes retirado o filho. Quando há qualidade, a criança gosta da visita. Quando regressam de fim de semana da casa dos pais, os juniores partilham com os amigos o que se passou? Contam mais à equipa o que aconteceu, porque sabem que ferem os amigos com isso. E os amigos perguntam? Não. Não têm curiosidade, porque magoa-lhes. Nota-se que quando algumas crianças vão de fim de semana, os que ficam no CAT sentem-se tristes. Tentamos contornar essa situação com mais atividades e algum mimo extra. Como é o momento de retorno e de adoção para quem vai e para

ENTREVISTA quem fica? Qualquer regresso que façamos à família biológica é sempre gradual. A criança começa por ficar uma tarde, depois um dia, um fim de semana e, se tudo correr como o esperado, é entregue à família. No caso da criança ficar numa família adotiva é feita a seleção do casal pela Segurança Social e o casal vem conhecer a criança. O casal permanece um dia no CAT, no dia seguinte existe uma saída ao exterior da criança com a nova família, acompanhada pelos técnicos e, no terceiro dia, tentamos que a criança vá conhecer a sua casa nova. Depois da criança conhecer a sua nova casa e o seu novo quarto já fica muito mais motivada e feliz. Todos os meninos que acolhemos sabem que não ficam no CAT eternamente, que vão voltar para a sua família biológica ou vão para uma nova família que os vai cuidar muito bem. Já aconteceu casos de não quererem ir para a família adotiva? Já. Normalmente a primeira abordagem é sempre negativa, porque dizem que têm família. No entanto, quando começam a apanhar as mentiras dos pais que dizem que vêm às visitas e que não aparecem, bem como quando se apercebem que os amigos que foram adotados estão felizes, começam a perceber que talvez os pais biológicos não os mereçam e começam a ponderar ter alguém que cuide e que goste deles. Qual a situação que mais chocou a Sílvia Costa como profissional? A que mais me chocou foi a de uma menina, retirada com 5 anos, que tinha assistido à morte da mãe, tinha assistido à irmã a prostituir-se, tinha sido abusada pelo pai, e falava naturalmente disso. Como profissional foi um trabalho complicado de realizar, desde o ir com ela ao cemitério visitar a mãe, até tê-la sentada no meu colo a prestar depoimento no tribunal e fazer prova dos atos de abuso sexual que o pai cometeu com ela. Foi igualmente difícil a primeira visita do pai, porque inicialmente não foi impedido de visitá-la. A criança ficava em pânico quando sabia que o pai vinha vê-la, porque viu o pai a maltratar a mãe e a irmã, e sabia que era uma pessoa má. Foi um trabalho que me custou imenso desenvolver e demorou algum tempo até ela restabelecer o seu equilíbrio. A menina foi adotada e sei que está muito bem. E qual a situação que mais custou à Sílvia Costa mãe? Quando deixei pela primeira vez um menino que temos no CAT com a idade da minha filha na creche e ele chorou muito e eu também. Parecia que estava a deixar o meu filho no primeiro dia de creche.

21


ESPAÇO SAÚDE

Os segredos do pão

22

Existem fortes indícios de que o pão surgiu na região da Mesopotâmia, desde há cerca de seis mil anos, posteriormente difundido por várias civilizações da antiguidade. A origem do pão está intimamente ligada ao processo de sedentarização do homem, com o desenvolvimento da agricultura e respetiva produção de trigo. O processo de fermentação foi desenvolvido pelos egípcios, por volta de 4000 a.c. O primeiro pão fermentado teria sido descoberto por acaso. Basta que a massa esteja em condições de humidade e temperatura adequadas durante cerca de 4 a 8 horas. O fermento natural ou “massa velha” é uma porção de massa levedada que se adiciona à próxima fornada antes de cozer. Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico proporcionaram-se formas mais rápidas e intensas de produção de pão. O fermento de padeiro é um concentrado de leveduras (sacharomyces cerevisae). Estes micro-organismos encontram condições ótimas para se desenvolver, utilizando o amido da farinha do pão. A produção de dióxido de carbono e álcool, resultante da atividade dos micro-organismos, contribuem para o aumento do volume da massa. A porosidade, o sabor e aroma do pão, é o efeito da saída do gás carbónico e do álcool durante o processo de cozedura. As primeiras padarias surgiram em Jerusalém e a primeira escola para padeiros surgiu em Roma, por volta de 500 a.c. Com a expansão do império romano a prática do consumo de pão foi difundido por praticamente toda a Europa. Na idade média as padarias públicas foram extintas, voltando-se ao fabrico de pão caseiro. Só a partir do sec. XII, na França, volta a ser difun-

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

dida a panificação em padarias, tendo este País no sec. XVII um elevado destaque mundial na produção de pão. O pão é o alimento mais popular do mundo, produzido em quase todas as sociedades. Serviu de troca de moeda, pagamento de salários, de argumento na política, chegando inclusivamente a ser um dos motivos da eclosão da revolução Francesa. O pão tradicional português é um alimento elaborado com farinha, trigo ou outro cereal, água e sal, formando uma massa com uma consistência elástica que permite conferir-lhe várias formas. A esta mistura de base, podem acrescentar-se vários outros ingredientes, nomeadamente especiarias, gordura, frutos secos, sementes, carne, entre outros. Podem utilizar-se as seguintes proporções básicas: 58% de farinha (75% de farinha de trigo + 25% de farinha de centeio, à escolha); 40% de água; 1% de fermento de padeiro; 1% de sal. Condições de fermentação da massa, entre 24 e 27ºC e humidade relativa do ar entre 70 e 75%. O tempo para levedar de 2 a 3 horas e a temperatura de referência para cozer o pão de 240ºC. A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo de pão de cerca de 50kg/pessoa/ano. O pão tornou-se em todas as sociedades um alimento sempre presente com forte conotação cultural e religiosa. A simplicidade na sua produção, o facto do seu principal constituinte, o cereal, se encontrar difundido por todas as civilizações e a sua riqueza nutricional e energética, torna o pão ao longo da história da humanidade um alimento dominante, acessível e com enorme contributo para atender aos períodos de escassez alimentar ou às populações mais desfavorecidas. Atualmente, pela razão do elevado consumo energético das populações urbanas, combinado com a diminuição dos gastos de energia, pela via do sedentarismo, o pão tem sido um dos alimentos sujeito a uma maior contenção ao nível do seu consumo pelas pessoas, pela ideia instituída de que o “pão engorda”. O pão é um alimento saudável, que pode ser consumido em todas as idades, na medida justa das necessidades das pessoas, não devendo ser preterido para dar lugar a outras fontes de H. Carbono mais prejudiciais, nomeadamente, as oriundas dos produtos de pastelaria ou bebidas açucaradas. É aconselhado o incentivo no consumo de pão para as doses recomendadas, e de preferência elaborado à custa de farinhas integrais, não demasiado polidas, pela razão do seu valor nutricional e não apenas energético. Carlos Leite

( Nutricionista da Misericórdia de Gaia)


HISTÓRIAS DE VIDA

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

"Muita coisa mudou" Cândida Alves Costa celebra no próximo dia 6 de março 92 anos de idade. Nasceu e viveu toda a vida em Santa Marinha, bem como se pode afirmar que conheceu toda a vida parte do legado do benemérito da Misericórdia de Gaia, António Almeida da Costa. Fique a conhecer este testemunho vivo sobre o património do benemérito. Cândida Costa, atual utente do Equipamento Social António Almeida da Costa, entrou com 2 anos de idade na creche que existia, na altura, no Asylo e Creche D. Emília de Jesus Costa e António Almeida da Costa e que era gerido por irmãs religiosas. “As crianças ricas pagavam determinado valor na creche e as crianças pobres tinham um atestado da junta para não pagarem nada”, referiu como sendo o seu caso. A utente com mais de 9 décadas tem uma memória invejável. Lembra-se como se fosse hoje da entrada, bem como todos os recantos do antigo Asylo. “O Asylo tinha as estátuas de D. Emília de Jesus Costa e António Almeida da Costa na entrada principal, havia um corredor, uma capela, os quartos, a sala de reuniões, a sala do patronato, na parte de cima funcionava a creche e, na parte de baixo estavam os idosos”, recorda ao pormenor. A utente não esquece a “senhora D. Maria” que “mandava nas freiras e organizava tudo” e é com satisfação que Cândida Costa recorda as irmãs religiosas: “As freiras olhavam por nós, eram muito boas”. A história familiar e de vida de Cândida Costa valida a teoria de que o benemérito da Irmandade mandou construir a Creche para os filhos dos colaboradores de António Almeida da Costa e o Asylo para acolher os colaboradores idosos, uma vez que o pai da utente foi empregado do benemérito: “O meu pai Francisco Ferreira foi funcionário no palacete do senhor Almeida da Costa e fazia o campo. Mais tarde esteve internado no Asylo”. Com o passar dos anos, Cândida Costa passou também pelo patronato, que era “frequentado pelas crianças maiores até entrarem na escola”. Era no patronado que “as irmãs ensinavam as primeiras letras” e as meninas aprendiam algumas atividades, como a costura. Um outro aspeto que se encontra bem presente na memória de Cândida Costa é o quintal do Asylo que deu lugar aos esplêndidos jardins que são hoje em dia: “Havia um grande quintal com couves e pencas onde é agora o jardim. Havia uns carreirinhos onde as crianças brincavam”, lembra, afirmando

23 23 ainda que existia um porco. Também faz parte das suas memórias Leão, o cão “que estava na entrada do Asylo e que ladrava quando entrava alguém”. Décadas mais tarde, a utente entrou para o Lar António Almeida da Costa, com 80 anos, para frequentar a valência de Centro de Dia e viu esse mesmo quintal da sua infância a ser transformado em jardim. “Quando entrei aqui fiquei muito admirada, porque muita coisa mudou”, reitera. Cândida Costa tem uma filha, que trabalhou no Equipamento Social António Almeida da Costa e uma neta que frequentou a creche D. Emília de Jesus Costa, na altura a funcionar no Palacete Casa do Costa, antiga habitação do casal benemérito. Quando o escritor Fernando Correia, autor do livro “A Misericórdia – A Santa Casa de Vila Nova de Gaia” esteve no Equipamento Social António Almeida da Costa a apresentar uma exposição de painéis sobre o património do benemérito, Cândida Costa recordou-se de imediato da Fábrica de Cerâmica das Devezas, das casas e propriedades do benemérito. “Era assim mesmo”, frisa quando o escritor relata algum episódio daquele tempo, tempo e história de Cândida Costa, uma das utentes que se pode sentir mais em casa e em família no Complexo Social António Almeida da Costa e que podemos arriscar afirmar ser um dos locais que a tem acompanhado toda a vida: na meninice, na idade adulta e na velhice.


NÚCLEO MUSEOLÓGICO

Salvador Ferreira Brandão

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Nas duas últimas revistas Laços de Amor apresentámos os quadros patentes no Salão Nobre da nossa Santa Casa, com fotografias dos Irmãos que, ao longo dos anos, assumiram a função de Provedor. Na outra ala do Salão Nobre estão expostos quadros de duas figuras importantes dos primórdios da Misericórdia e de cinco dos seus maiores beneméritos. No primeiro caso, temos dois quadros a óleo: um do Irmão Dr. Miguel Joaquim da Silva Leal Júnior, “homem bom” que promoveu a criação da Misericórdia, e do Irmão Dr. Manuel Ferreira de Castro, primeiro Diretor Clínico do Hospital da Misericórdia. Os outros quadros a óleo dizem respeito aos seguintes beneméritos: - Salvador Ferreira Brandão; - António Almeida da Costa, da autoria de António Carneiro; - D. Emília de Jesus Costa, da autoria de António Carneiro; - D. Celina de Magalhães Tavares Bastos de Almeida Castelo Branco, oferta de António Joaquim, seu autor; - Joaquim de Oliveira Lopes. Está ainda patente um quadro a óleo, proveniente da herança de Salvador Ferreira Brandão, com a pintura representando a Santíssima Trindade, uma peça original de autor desconhecido, que tem sido atribuída ao século XVII. Luís Marques Gomes

24

(Irmão e Assessor da Provedoria da Misericórdia de Gaia) António Almeida da Costa

Joaquim de Oliveira Lopes

D. Emília de Jesus Costa

Santíssima Trindade

Serviços: - Uma vasta gama de produtos e serviços - Administração de vacinas - Controlo da tensão arterial - Uma equipa de profissionais disponível para aconselhar na área da saúde - Serviço de Podologia

D. Celina Tavares Bastos

- Consultas de Nutrição (em breve)

Segunda a sexta-feira das 9h00 às 20h30 e sábados das 9h30 às 13h00 R. Capitão Salgueiro Maia, 311/7; 4430-518 Vila Nova de Gaia Tel.: 227828971; Fax.: 227826246


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

ESPAÇO VOLUNTARIADO

Serviço de Voluntariado: Bodas de Prata

O Serviço de Voluntariado da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia celebrou, no passado, dia 1 de julho, as suas bodas de prata. Ao comemorar 25 anos de voluntariado, a Mesa Administrativa da Santa Casa decidiu descerrar uma placa comemorativa no Equipamento Social António Almeida da Costa que foi um orgulho para todos os voluntários da instituição. O dia foi assinalado por vários momentos de reflexão sobre o passado, presente e futuro deste serviço que, de ano para ano, tem aumentado o número de elementos, bem como tem recebido muitos voluntários cada vez mais jovens. O provedor da instituição, Joaquim Vaz, referiu que “é um privilegio para a Santa Casa ter diversos tipos de voluntariado: aos idosos, às crianças, ao domicílio, à comunidade”. “Agradeço a todos os voluntários o trabalho de dedicação e de entrega aos nossos utentes”, reiterou. Maria Augusta Ferraz foi uma das fundadoras do Serviço de Voluntariado da Misericórdia de Gaia há 25 anos e, atualmente, é assessora deste serviço, tendo iniciado, em 2003, o serviço de Voluntariado ao Domicílio. Maria Augusta Ferraz recordou as voluntárias que já partiram e deixou uma mensagem a todos os presentes: “Que o voluntariado da Misericórdia de Gaia continue a ser uma missão com muito amor”. O convidado especial deste ano foi o professor e investigador Jacinto Jardim que falou sobre emoções positivas. Como recordação deste dia, todos os voluntários receberam uma apresentação digital com os rostos, ações e histórias que marcam os melhores momentos do Serviço de Voluntariado da Misericórdia ao longo destes 25 anos. A sessão eucarística, celebrada pelo padre José Augusto, da Paróquia de Avintes, foi animada pelo Coro Infantil e Juvenil da Paróquia de Gulpilhares.

25


ESPAÇO VOLUNTARIADO

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Jacinto Jardim: “Precisamos de uma comunidade e instituições positivas” A comemoração das bodas de prata do Serviço de Voluntariado da Misericórdia de Gaia contou com a presença do professor e investigador Jacinto Jardim que falou sobre emoções positivas.

26

A palestra prendeu desde o primeiro minuto a atenção de todos os participantes pela pertinência do tema apresentado, pela dinâmica e animação promovidas por Jacinto Jardim. O orador começou por focar os valores fundamentais e emoções positivas que os voluntários devem ter, como o amor, a gratidão, a curiosidade, o entusiasmo, entre outros. Jacinto Jardim frisou ainda a importância dos voluntários viverem com alegria e boa disposição para combaterem as emoções negativas. Um outro aspeto apresentado foi a importância do descanso e da vitalidade: “Um voluntário ganha energia se estiver bem fisicamente, se descansar, se tiver momentos de silencio e de meditação”. O investigador deixou o alerta de que “O voluntariado precisa de gente nova” e que a comunidade precisa de “instituições positivas”. Das várias questões e comentários que a audiência fez, houve destaque para a necessidade dos voluntários aproveitarem a dimensão espiritual no acompanhamento aos utentes idosos. A sessão contou com muitas dúvidas e comentários dos voluntários que revelaram terem saído “muito mais esclarecidos” do encontro.

Momentos únicos com Douro Azul

A empresa Douro Azul proporcionou, no passado dia 3 de julho, uma viagem de barco às 5 pontes a todos os utentes interessados da Misericórdia de Gaia.

O dia de sol, a simpatia e o profissionalismo da equipa da Douro Azul foram convidativos para um passeio que se pautou por boa disposição. Antes da hora marcada, os utentes já estavam preparados para a viagem que não vão esquecer. O azul do mar, o verde das paisagens, a beleza das pontes… tudo tinha uma nova perspetiva para os utentes como se estivessem a observar pela primeira vez. No final do passeio de barco, a Douro Azul ainda brindou os “turistas” da instituição com um passeio de autocarro pelos pontos históricos e mais emblemáticos da cidade do Porto. As imagens falam por si.


AGENDA

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

OUTUBRO: Dia 1 - Comemoração do Dia Internacional do Idoso Dias 14 - Comemoração do Dia Mundial da Alimentação no Equipamento Social António Almeida da Costa Dias 18 - Comemoração do 86.º aniversário do Equipamento Social Salvador Brandão Dia 27 - Comemoração do 23.º aniversário da reabertura do Equipamento Social Tavares Bastos Dia 27 - Comemoração do Dia das Bruxas na Creche e Jardim de Infância D. Emília de Jesus Costa e no Centro de Acolhimento Temporário N.ª Sr.ª da Misericórdia

NOVEMBRO: Dias 4, 6, 11 e 18 - Projeto "A Casa vai a Casa" no Equipamento Social Tavares Bastos Dia 12 - Assembleia Geral de apresentação do Plano de Atividades, Conta de Exploração Previsional e Orçamentos de Investimentos e Desinvestimentos Dia 14 - Passeio a Penafiel dos utentes da Misericórdia de Gaia Dia 23 - Ato Eleitoral para os Órgãos Sociais da Misericórdia de Gaia para o triénio 2015/2017 Dia 29 - Lançamento da obra "António Almeida da Costa" no Salão Nobre da Misericórdia de Gaia

DEZEMBRO: Dia 5 - Encontro de Boas Festas na Estrutura Residencial Conde das Devezas Dia 6 - Lançamento da obra "Tanto ainda por dizer...", no Arquivo e Centro de Documentação da Misericórdia de Gaia De 17 -Festa de Natal do Equipamento Social Salvador Brandão Dia 18 - Festa de Natal do Equipamento Social António Almeida da Costa e Centro de Acolhimento - Festa de Natal da Estrutura Residencial Conde das Devezas Dia 19 - Festa de Natal do Equipamento Social Tavares Bastos - Festa de Natal da Creche e Jardim de Infância D. Emília de Jesus Costa

SABIA QUE... … Em novembro os Irmãos da Misericórdia de Gaia vão ser chamados para participarem em mais um ato eleitoral para o quadriénio de 2015/2018? ... António Almeida da Costa, fundador da Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devezas, um dos maiores beneméritos da Misericórdia de Gaia, era natural de Alcabideche, concelho de Cascais, e veio para o Porto com 20 anos de idade? ... Que o Palácio D. Chica, na rua Conselheiro Veloso da Cruz, junto à Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devezas, foi a primeira residência do casal Almeida Costa em Vila Nova de Gaia? FICHA TÉCNICA: PROPRIETÁRIO: Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia; DIRETOR: Dr. Pedro Nobre; EDITOR:

Dr. Pedro Nobre COORDENADORA: Dr.ª Marisa Pinho; REDATORA: Dr.ª Marisa Pinho; COLABORADORA: Dr.ª Manuela Pinto; DESIGN GRÁFICO: Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia; TIRAGEM: 750; PERIODICIDADE: Trimestral; SEDE DA REDAÇÃO: Rua Teixeira Lopes, n.º 33, 4400-320, Vila Nova de Gaia; PRODUÇÃO: Gráfica São Miguel, Rua Norton Matos, 731, Gulpilhares, 4405-671 Vila Nova de Gaia NOTA: Publicação isenta de registo na ERC ao abrigo da Lei de Imprensa 2/99 de 13 de janeiro, artigo 9 Os artigos foram escritos com base no novo acordo ortográfico

27


EQUIPAMENTOS SOCIAIS E UNIDADES DE EXPLORAÇÃO Equipamento Social Salvador Brandão R. Salvador Brandão 4405-702 Vila Nova de Gaia Tel.: 227622114 / 227625131 lsb@scmg.pt Equipamento Social António Almeida da Costa R. Almeida Costa, n.º 151 4400-013 Vila Nova de Gaia Tel.: 223754299 / 223751069 lac@scmg.pt Equipamento Social Tavares Bastos R. António Francisco Sousa, 216/38 4405-726 Vila Nova de Gaia Tel.: 227130031 ltb@scmg.pt Estrutura Residencial Conde das Devezas R. Particular às Árvores, n.º 96 4400-239 Vila Nova de Gaia Tel.: 223706526 lrcd@scmg.pt Creche e Jardim de Infância D. Emília de Jesus Costa R. Almeida Costa, n.º 151 4400-013 Vila Nova de Gaia Tel.: 223799110 Fax.: 223722490 cji@scmg.pt Centro de Acolhimento Temporário N.ª Sr.ª da Misericórdia R. Almeida Costa, n.º 151 4400-013 Vila Nova de Gaia Tel.: 227534494 ca@scmg.pt Clínica Fisiátrica R. Salvador Brandão 4405-702 Vila Nova de Gaia Tel.: 227539300 Fax.: 227539301 cft@scmg.pt Arquivo e Centro de Documentação da Misericórdia de Gaia R. Pinho Valente, n.º 106 4400-251 Vila Nova de Gaia Tel.: 22 375 805 9 asarq@scmg.pt Farmácia da Misericórdia de Gaia R. Capitão Salgueiro Maia, 311/7 4430-518 Vila Nova de Gaia Tel.: 227828971 Fax.: 227826246 far@scmg.pt Serviços Centrais R. Teixeira Lopes, n.º 33 4400-320 Vila Nova de Gaia Tel.: 223773350 Fax.: 223773359 geral@scmg.pt Departamento de Ação Social R. Teixeira Lopes, n.º 33 4400-320 Vila Nova de Gaia Tel.: 223773350 sas@scmg.pt Gestão do Património R. Teixeira Lopes, n.º 33 4400-320 Vila Nova de Gaia Tel.: 223773350 astec@scmg.pt

www.scmg.pt geral@scmg.pt www.facebook.com/misericordiadegaia


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.