ANÁLISE: A VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO BRASILEIRO

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Análise

A VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO BRASILEIRO

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Índice

Introdução.......................................................................03 Análises dos gráficos......................................................04 Método da análise...........................................................08 Ficha Técnica do Estudo.................................................09

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A violência no trânsito brasileiro A violência no trânsito no Brasil apresenta números cada ano mais alarmantes, colocando o país entre os que mais registram mortes em acidentes de trânsito no mundo. Para tentar reverter esse quadro, os governantes concentram esforços para reduzir os índices dessa realidade, trabalhando na criação de novas leis e ações preventivas, embora algumas barreiras inibem resultados mais eficazes. A falta de efetivo, equipamentos e, principalmente a impunidade, fazem com que os números continuem elevados e sem previsão de redução. Existe também outro motivo fundamental para que essa situação não se resolva: o comportamento da população. É através desta conscientização em massa que os números tendem a diminuir, como ocorre em muitos países, onde a população alterou conceitos, valendo-se de uma direção preventiva, respeito aos cidadãos e as leis de trânsito. A população tem um papel fundamental nesta luta e, ao lado do poder público, pode tirar o Brasil das primeiras colocações no ranking de mortes no trânsito. Brasil x outros países No Brasil, na década de 90, as leis de trânsito e a fiscalização ficaram mais consistentes, reduzindo pela metade os índices de mortalidade, chegando a 25 mortes/100 mil hab/ano, número ainda alto quando comparado aos países do primeiro mundo. Os índices do nosso país são semelhantes ao de países do terceiro mundo como El Salvador, Vietnam, Índia e países da África, que superam a média de 30 mortes/100 mil hab/ano. Segundo estudo da Organização Mundial de Saúde realizado em 2007, o Brasil ocupava a preocupante quinta colocação no ranking mundial de mortes causadas por acidentes de trânsito, com 35,1 mil mortes e atrás apenas da Rússia (35,9 mil), Estados Unidos (42,6 mil), China (96,6 mil) e Índia (105,7 mil). A pesquisa aponta que em países do primeiro mundo como Holanda, Suécia, Canadá, França e Japão, a incidência de acidentes apresenta os menores números mundiais. Esse fato é resultado do rígido controle sobre as determinações de trânsito e reflete nos baixos índices de mortalidade (possuem menos de 10 mil mortes/100 mil hab/ano).

Já em 2008, vemos que os Estados Unidos melhoraram substancialmente seus índices, reduzindo seu coeficiente para 12,5 mil/ 100 mil hab / ano.

Os dados mostram o alarmante número de mortes em acidentes de trânsito no Brasil, que é maior que toda a União Européia junta, composta por países de primeiro mundo e com maior conscientização das leis de trânsito. A preocupação a respeito desse tema tão delicado serviu de base para o desenvolvimento de uma análise para compreender o porquê desses resultados tão elevados causadores de tantas mortes no Brasil, apesar da existência de leis específicas e de um trabalho cada dia maior de conscientização da população. Através deste panorama geral, entendemos a situação atual e os reflexos destes resultados nas mídias on line e nos canais virtuais de relacionamento.

Números inalterados Há mais de uma década, os acidentes nas ruas e estradas do país são registrados em números preocupantes. Apesar das alterações inseridas no código brasileiro de trânsito em 1998, com a melhoria na segurança dos veículos e aumento da fiscalização eletrônica, as contribuições não foram suficientes para uma redução na mortalidade por acidentes de trânsito. Como aponta a tabela abaixo, a média de mortes permanece constante pelo período de dez anos. Apesar dos investimentos em conscientização da população aplicados neste período, o numero de mortes não sofreu nenhum impacto positivo, apresentando inclusive um aumento considerável. 3


Apesar dos avanços das normas de trânsito e da facilidade na divulgação ulgação de informações de prevenção, o número de mortes não foi reduzido. Em 1999, um ano após as alterações no código brasileiro de trânsito, houve uma redução no número de mortes. Mas nos anos seguintes os números subiram consideravelmente, mostrando ter sido apenas uma redução motivada pela novidade. Novas leis para salvar vidas

-32,00%

Espirito Santo

-18,06%

Alagoas

-15,80%

Distrito Federal

-15,01%

Santa Catarina

-11,20%

Bahia

-6,10%

São Paulo

-6,50%

Paraná

-5,90%

Fonte: Ministério da Saúde

Cientes dos números alarmantes de acidentes de trânsito no país, as autoridades brasileiras colocaram em vigor, nos últimos dois anos, duas novas leis visando à redução no númeroo de mortes.

Em 19 de julho de 2008 foi alterado o Código de Trânsito Brasileiro, inserindo uma lei de proibição do consumo de bebida alcoólica por condutores de veículos, batizado de “Lei Seca”. As ameaças de multa e a perda da carteira de habilitação por p 12 meses, fizeram com que o número de mortes diminuíssem 6,2%, ou seja, redução de 2.302 mortes por ano, como mostra o quadro abaixo. 2008 (antes da Lei Seca)

Rio de Janeiro

Destaque para o Rio de Janeiro, que através de uma fiscalização mais intensa por parte das autoridades e maior conscientização da população, conquistou uma redução de 32% no número de vítimas fatais. Avaliando nas mídias sociais a repercussão causada pela Lei Seca, a mais famosa lei no combate aos acidentes de trânsito, e as interações envolvendo Violência no Trânsito, tivemos o seguinte resultado no período monitorado.

Interações por palavra-chave chave – Plataforma PostX

Número de mortes 37.161

2009 (primeiro ano da Lei Seca Número de mortes 34.859 em vigor) Fonte: Ministério da Saúde

Há dois anos em vigor, a Lei Seca mostrou uma redução no número de mortes em 17 estados brasileiros. O quadro abaixo mostra os principais estados que obtiveram reduções significativas.

No dia 20/9 completou dois anos de vigência da Lei seca, o que reflete no aumento no número de comentários no dia e nos dias subseqüentes repercutindo sobre o fato.

O maior pico de registro de notícia foi registrado no dia 22/9, data que foi celebrado o dia Mundial sem carro. 4


O tópico Violência no Trânsito apresentou também aumento no volume de citações nas duas datas, mas sempre em número bem inferior que o tema Lei seca.

Mídias Sociais (Posts)

Tonalidade por palavra-chave Lei seca – plataforma postX

30,00%

Blog Youtube

57,14%

Twitter

Avaliação de (Posts)

12,86%

17,31% 5,77%

Negativo Positivo Neutro

Mídias Sociais (Comentários) 3,68%

76,92%

Blog

A palavra-chave Lei seca obteve mais de 75% de avaliações como Neutro, pois não continham nenhum tipo de opinião relevante a respeito. A maioria foram citações se referindo à notícia de que não haverá Lei Seca no dia das eleições em Outubro em alguns estado brasileiros.

As avaliações Positivas, em sua maioria, remetem a redução no número de mortes devido a Lei Seca e comentários de aprovação por sua vigência.

Já as citações Negativas são na maioria mensagens via Twitter, onde internautas avisam quais ruas estão tendo blitz da Lei Seca. Mas também contém opiniões de comerciantes de bares, casas noturnas e restaurantes, reclamando do consumo reduzido de bebidas alcóolicas, prejudicando os resultados financeiros dos estabelecimentos, ou de pessoas comuns, reclamando dos congestionamentos formados pelas blitz.

Para monitorarmos a rede social com o maior número de interações, podemos acompanhar o gráfico abaixo.

Youtube 96,32%

Mesmo não possuindo a maioria dos posts, os Blogs marcaram o maior número de comentários por parte dos internautas. Foram apenas 30% dos posts, mas os Blogs foram responsáveis por mais de 96% dos comentários nesta análise. São em Blogs que as pessoas contam histórias envolvendo violência no trânsito, fazendo críticas à impunidade, as leis flexíveis e auxiliando a população na prevenção de acidentes.

O Twitter obteve o maior número de posts, ficando com 57,14% das interações. São postadas opiniões pontuais, lembrando a comemoração dos dois anos de Lei Seca e manifestações alertando os locais onde são realizadas as blitz.

No Youtube são colocados, em sua maioria, vídeos preventivos e campanhas do governo visando a conscientização da população.

Interações por mídia social – plataforma PostX 5


Já nas mídias on line, avaliamos a repercussão destes dois tópicos nos principais veículos de comunicação para acompanharmos o quanto o tema tem sido discutido.

Por possuir ao mesmo tempo maior frota de veículos, população e meios de comunicação, a região Sudeste apresentou um maior volume de informações a respeito do tema.

A palavra-chave Lei Seca registrou 127 citações, mais que a soma total da mesma palavra-chave nas demais regiões do Brasil (102), embora pouco se falou da palavra-chave Violência no Trânsito, com total de 8 notícias, representando um dos menores números de notícias do país com esta palavra-chave.

MITI - Clipping Express Notícias x Trânsito - 17/09/2010 - 27/09/2010 250 200 150 100 50 0 Lei seca

Violência no trânsito

A região Sul, segunda maior frota de veículos do país, registrou-se também um volume grande de informações da palavra-chave Violência no trânsito, quase na mesma proporção de Lei Seca (38 x 22).

Notícias por palavra-chave - plataforma Clipping Express

O assunto Lei Seca também foi mais destacado na imprensa online, noticiando o fato da comemoração dos dois anos de sua vigência, durante o período analisado. Os meios de comunicação aproveitaram o ''gancho'' para realizar matérias e artigos a respeito do tema.

Muito do que foi citado de Violência no Trânsito estava inserido no assunto Lei Seca, representando parte da informação, e não um tópico isolado. Por exemplo: ''A Lei Seca ajudou a diminuir a violência no trânsito das cidades brasileiras''. O foco é a Lei seca.

Notícias por veículos da Grande Imprensa - plataforma Clipping Express MITI - Clipping Express Notícias x Trânsito x Grande imprensa - 17/09/2010 - 27/09/2010 Lei seca O Globo Online O Estado de S. Paulo Folha.com Estadão

1

1 1

10 4 4

16

5

Notícias por região - plataforma Clipping Express

Como pode-se observar no gráfico acima, o jornal que mais noticiou a palavra-chave Lei Seca foi o jornal O Globo, do Rio de Janeiro. O fato pode ser explicado pelo fato do estado ter sido o que mais obteve redução no número de mortes durante o período de vigência desta lei.

MITI - Clipping Express Notícias x Trânsito x Regiões 17/09/2010 - 27/09/2010 Sul Sudeste Norte Nordeste Centro-oeste Origem desconhecida 0

20

40

Violência no trânsito

60

80

100

Lei seca

120

140

Os jornais de São Paulo também registram um número significativo de notícias pelo fato já citado de ter o 6


maior número de veículos e população, o que impulsiona os números.

A outra medida, mais recente, endossou a luta pela redução de morte no trânsito brasileiro. A Resolução 277, do Cotran, para o transporte de crianças, conhecido popularmente como a “Lei da Cadeirinha”. Ela determina o uso obrigatório de equipamentos especiais para o transporte de crianças até sete anos e meio. A medida exige que crianças de até um ano de idade sejam transportadas no assento denominado conversível ou bebê conforto; crianças entre um e quatro anos de idade em cadeirinhas; e de quatro a sete anos e meio em assentos de elevação. Já as crianças até dez anos devem ser transportadas no banco traseiro. A punição prevê multas elevadas, pontos na Carteira Nacional de Habilitação e retenção do veículo, fatores que coíbem a população a cumprir a lei. Com o intuito ainda de diminuir o número de acidentes de trânsito, principalmente os que somam o maior número de casos - aqueles envolvendo motocicletas - o Conselho Nacional de Trânsito publicou uma medida onde os motoristas profissionais de moto, “os motoboys”, deverão fazer um curso obrigatório para exercer a profissão. O motivo: garantir que esses profissionais tenham maiores condições de atuação, conciliando as necessidades e características da profissão com respeito e segurança no trânsito. A medida passará a ser obrigatória em todo o Brasil a partir do dia 18 de dezembro de 2010.

Cissa Guimarães, foi atropelado e morto no Rio de Janeiro, quando andava de skate em um viaduto interditado. O motorista que atropelou Rafael estava supostamente fazendo racha e não prestou socorro à vítima.

São casos como esses que evidenciam a falta de conscientização de parte da população brasileira, que insiste em infringir as leis de trânsito e, por muitas vezes, são acobertados pela impunidade. Apesar da análise apontar que muitos cidadãos questionam autoridades e se preocupam com a violência no trânsito, fica a cargo do próprio cidadão reverter a situação. A justiça brasileira apresenta inúmeras falhas na aplicação das leis, que culminam na fragilidade do sistema e permite privilégios ao isentar das responsabilidades cidadãos que desrespeitam as leis de trânsito. Mas outra falha parte diretamente da população, que apesar de alertada sobre a postura responsável de condução de veículos, insiste em agir fora dos padrões estabelecidos pela lei. Apenas com a união dessas duas forças, governantes e população, é que poderemos reduzir os índices de mortalidade e acabar com a violência no trânsito.

Imprudência e impunidade no volante

Acidentes com vitimas fatais são comuns no Brasil. Existem alguns casos que obtém uma repercussão maior por parte da imprensa e uma comoção mais ampla da população, por envolverem pessoas famosas e/ou circunstâncias alarmantes.

Em 2009 o deputado estadual do Paraná, Fernando Carli Filho, envolveu-se em um acidente em Curitiba que matou duas pessoas. O parlamentar, que sobreviveu praticamente ileso ao acidente, é acusado de embriaguês e de dirigir em alta velocidade. Em 2010, outro caso teve grande repercussão nacional. O músico Rafael Mascarenhas, de 18 anos, filho da atriz 7


Método de pesquisa

As mídias sociais representam uma área movimentada para qualquer debate, principalmente em assuntos do cotidiano. Para analisar o buzz gerado pela população, realizamos um monitoramento de onze dias nas mídias sociais envolvendo as palavras-chave de referência. Utilizando a plataforma postX como ferramenta de rastreamento, conseguimos uma cobertura do Twitter, Orkut, YouTube, Blogs, Fóruns e Sites de Reclamação – Reclame Aqui, Reclamão e Reclamando.

As mídias on line foram utilizadas para mensurar a representatividade do tema estudado perante quase 4000 veículos de comunicação monitorados, através das plataformas Clipping Retroativo e Clipping Express. As plataformas permitiram embasar o conteúdo apresentado como panorama anterior e cenário atual sobre o tema e mensurar seu reflexo quantitativo e qualitativo nas mídias on line, apresentados graficamente por palavras-chave, por região e por veículo de comunicação.

Os dados avaliados para esta análise de apresentação são principalmente quantitativos, revelando em números o quanto as palavras-chave tiveram repercussão nas mídias sociais e mídias on line. Os dados qualitativos, permitiram a avaliação de uma amostragem de 10% das interações na plataforma postX, apresentando a tonalidade das citações como positivas, neutras ou negativas e sua categorização conforme os assuntos relacionados a cada interação, visto que as plataformas possibilitam sob vários aspectos e diversos gráficos avaliações quantitativas, qualitativas e categorizadas sobre toda a captura abrangida.

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Ficha Técnica da Análise

Total de notícias: 280

PostX

Notícias por palavra-chave

Palavras-chave: Lei seca e Violência no trânsito.

Lei seca: 229

Período monitorado: 17/09/2010 a 27/09/2010

Violência no trânsito: 51

Total de interações: 260 Número de posts: 70

Notícias por região

Número de cometários: 190

Sudeste: 136 Sul: 60

Interações por palavra-chave

Norte: 5

Lei seca

Nordeste: 23

Número de post: 63

Centro Oeste: 40

Número de comentários: 189

Indefinida: 16

Violência no trânsito Número de post: 7 Número de comentários: 1

Interações por mídia social Twitter: 40 Orkut:0 YouTube: 16 Blogs: 204 Reclamações: 0

Clipping Express

Palavras-chave: Lei seca e Violência no trânsito. Período monitorado: 17/09/2010 a 27/09/2010 9


Essa anĂĄlise foi desenvolvida pela MITI InteligĂŞncia. Acesse nosso site: miti.com.br Siga-nos no Twitter: twitter.com/fontemiti

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