Layo & Bushwacka Mixmag Brasil 2010

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layo & bushwacka

d u p l o I M PA C T O

Te x t o R i c a r d o S c h i e s a r i C r u z F o t o s F á b i o Ta v a r e s

Layo & Bushwacka são nomes de primeira grandeza da música eletrônica. Estão juntos desde 1988, já participaram dos maiores festivais do mundo e conseguem o feito de se manter criativos a cada novo trabalho. De passagem por Maresias para o último show da turnê Shake it Brazil, os ingleses falaram com a Mixmag sobre a carreira e a intimidade com o Brasil - eles já estiveram aqui mais de 20 vezes!

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público enche a pista esperando os DJs ingleses entrarem. Dançando, as pessoas acendem e apagam como flashes toda vez que as luzes são refletidas pela enorme sereia reluzente pendente no teto, acima do centro da pista. O efeito é estroboscópico. Às 3h da manhã, por toda Maresias, SP, retumbam os ecos do que acontece dentro do Sirena. O club faz fronteira com uma reserva de mata atlântica. A sensação é de isolamento. Há também um clima oriental no ar. Talvez pelos pisos e detalhes de madeira se misturarem um pouco com a natureza em alguns trechos. Ou talvez pelo cheiro delicioso que vem da temakeria que funciona lá dentro. Mas o Sirena é famoso mesmo por ter um dos melhores sound systems do país. E dá pra sentir isso a cada batida. N ão muito mais tarde, Layo chega sereno à cabine do DJ bebericando alguma coisa. “Já vamos entrar, o Bushwacka está chegando.” A dupla de DJs é freguesa do Brasil. Já vieram para cá mais de 20 vezes. Layo fala um português fluente que aprendeu com a namorada brasileira, com quem se casa - aqui - em abril. Bushwacka gosta de churrasco, mas passa longe da caipirinha - teve alguns problemas com álcool no passado. Ele ama a cidade de Trancoso: “É fantástica! Já cheguei a ficar um mês lá. É uma cidade muito tradicional, mas moderna ao mesmo tempo. Muito bom!”.

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Quando o show começa, eles estão se sentindo em casa. A apresentação foi a última da turnê Shake it Brazil (o nome batiza também o mais recente CD deles, lançado em janeiro), que passou também por Curitiba, São Paulo, Campinas, Trancoso, Cascavel, Balneário Camburiú e Praia de Xangrilá, no Rio Grande do Sul. Foi um final de ano agitado para a dupla. O house de pegada tecno - especialidade da dupla - bombou na pista principal do Sirena. E não terminou cedo. Lá pelas 5h30, eles continuaram a festa ao ar livre, e, no improviso, ficaram discotecando até quase às oito. Haja pique. Layo tem 39 anos e Bushwacka, 37. Apesar de não serem mais tão jovens, a energia dos dois comandando as pick-ups se espalhava pelo club. Ninguém queria ir pra casa.

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o mesmo dia, no final da tarde, Layo e Bushwacka nos receberam na casa de um amigo, dentro de uma área residencial perto da praia, em Maresias. Chovia forte estávamos no auge da época dos dilúvios diários que encheram parte do país de água.

A arquitetura do lugar sugeria o tom do encontro: molduras largas e protuberantes contornando as portas e janelas. Um banco de madeira apoiado em pés de ferro preto estilo século XIX criava uma atmosfera europeia perto da entrada, assim como alguns rococós discretos nas grades das varandas, também de ferro preto. Apesar da casa não ser dos DJs, o cenário parecia combinar com a imagem pronta que se tem de os ingleses serem pessoas conservadoras, sofisticadas e certinhas. Mas quando os entrevistados apareceram, percebemos que não é bem assim: De bermudão e camiseta, meio descabelado e sorridente, Layo se aproxima e diz: “Adoro essas reuniões. Ficar simplesmente nesta casa com os amigos, comendo, e jogando conversa fora... É super relaxante”, revela. Bushwacka chega depois. Ele gosta do Brasil: “Para mim o Brasil reúne tudo o que eu quero num lugar. As pessoas são realmente amáveis. Elas têm uma energia muito boa quando vão aos clubs, é algo muito forte. Elas querem dançar! Adoro a comida, o clima...”. Nos sentamos. E o papo segue:

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“O QUE NOS S E PARA D E M U I T O S P RO D U T OR E S É O FAT O D E N Ã O T E RMO S U M G Ê N E RO ESPECÍFICO. Q U A N D O FA Z E MO S NOSSA MÚSICA, S IM P L E S M E N T E A FA Z E MO S . N Ã O T E M Q U E T E R A V E R C OM NADA QUE ESTEJA N A MO D A”

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Será que nós temos mel? Te x t o A n g e l I n o u e

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uma mania internacional: Layo vai se casar em abril com uma brasileira, Madonna namora Jesus Luz, Matthew McConaughey é casado com Camila Alves, Marc Jacobs com Lorenzo Merlino, Tom Brady com Gisele Bündchen... Todo mundo com seu amor brasileiro à tiracolo. Na ala dos DJs, também

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ayo Paskin nasceu no norte de Londres. Foi o idealizador e sócio do lendário club The End, que encabeçou durante 13 anos em parceria com o amigo e DJ veterano Mr. C. Foi nessa época que conheceu Matthew Benjamin, o Bushwacka, que se formara engenheiro de som e se tornou residente do The End graças ao seu contato com Mr. C. Os dois passaram a gravar e discotecar juntos a partir da metade da década de 90. Suas referências e o cruzamento de estilos, característica presente em todo o trabalho do duo, resultaram em vários álbuns e singles de sucesso que influenciaram muitos artistas e os colocaram em posição de destaque na dance music. Essa carreira já dura 15 anos. Como vocês começaram a fazer música juntos? Bushwacka: Eu era engenheiro de som. Quando conheci Layo, estava produzindo para ele e um amigo dele. Depois de um tempo, começamos a criar faixas juntos. É o processo natural que os DJs costumam seguir. Agora já

vemos isso frequentemente. O alemão Tocadisco, não cansa de declarar seu amor pelo Brasil e sempre cita sua esposa brasileira nas entrevistas que dá. Quem sempre ouviu Radio One, desde quando não existiam muitas formas de comprar e ouvir os últimos lançamentos de música eletrônica,

“Muitos fãs nossos que apareciam anos atrás ficaram mais velhos e não saem mais para os clubs. Hoje é uma vibração diferente”

reconhece na hora a voz icônica de Pete Tong. O inglês - para muitos uma lenda - transformou sua paixão pela música na arte de discotecar e também é casado com uma brasileira, a modelo Carolina Acosta. Carolina já foi esposa de Sérgio Mallandro e do nadador medalhista Xuxa. Quem se casou

recentemente em terras brasileiras com uma representante das terras tupiniquins é o DJ do hit-chiclete “I Wish You Would”, que bombou nas pistas em 2007, Martin Ten Velden. O britânico casou-se com a curitibana Juliana Evans, no Parador Beach Club, em Santa Catarina. www.mixmag.com.br

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voltar antes ou depois do próximo Natal para passar mais ou menos o mesmo tempo que estamos passando agora. O Layo vai se casar aqui em abril também. Layo: Sempre conversamos sobre fazer uma gravação a sério aqui. Acho que é um passo natural para nós. É até um pouco vergonhoso que vindo tantas vezes para cá nunca tenhamos gravado nada pra valer, digo, com músicos brasileiros, etc. A música brasileira é muito rica e interessante de se trabalhar.

faz 15 anos que estamos fazendo isso. Acredito que nós nos demos muito bem. Layo: Tudo na vida é uma mistura das coisas que você fez no passado com aquilo que você deseja fazer no futuro. Vai ficando difícil fazer música à medida que o tempo vai passando, porque você já fez muita coisa. Trabalhamos com dance music há muito tempo e creio que ainda aparecemos com boas ideias. Acho isso ótimo, porque muitos artistas não produzem tanta música depois de um certo tempo, justamente porque é mais difícil. Vocês brigam muito na hora de compor? Bushwacka: Na verdade, não. Nós rascunhamos as ideias antes. Mas não buscamos sempre algo que nunca ouvimos antes, porque não vamos conseguir sempre esse resultado. Mas precisa ter alguma coisa. Tentamos sair do estúdio, no fim do dia, com algo que nós gostemos de tocar. Vocês deram o nome de “Love Story” para uma de suas músicas que mais fizeram sucesso em Reino Unido. É uma homenagem àquela famosa casa noturna de São Paulo? Layo: Compusemos a música e não tínhamos um nome para ela. Já sabíamos que a música tinha algo de especial, porque nós lançamos umas mil cópias e todos estavam falando dela. Numa das vezes que viemos para cá, um amigo disse: “vocês têm que conhecer um lugar!”. Quando fui ao Love Story, achei tão louco... E o nome é realmente muito legal. Irônico, sabe? Achamos um bom nome para a faixa. Tem algum lugar como o Love Story em Londres [conhecida como “a casa de todas as casas”, ficava no centro de SP. Lá, a festa bombava mesmo depois das 4h da manhã e patricinhas, descoladas e garotas de programa dividiam a pista numa boa] ? Layo: Não. Mas, mesmo se existisse um, não seria como o Love Story. Não seria um lugar que você poderia ir numa boa...

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fotos divulgação

Todo mundo diz que adora o Brasil, mas o que vocês gostam menos aqui? Layo: Eu não gosto do trânsito (risos). Acho que os problemas do país não afetam a minha vida quando venho ao Brasil. Digo, a pobreza e a violência, essa desigualdade... Quando você pensa nisso, é claro que não são coisas boas para um país, mas isso não me afeta quando estou aqui porque eu não experimento esse lado. O que vocês acharam do show de ontem no Sirena? Bushwacka: As pessoas gostaram, foi muito bom. O público nos parece mais jovem agora. Muitos fãs nossos que apareciam anos atrás ficaram mais velhos e não saem mais para os clubs. Hoje é uma vibração diferente. Layo: Não dá para saber como será seu público até começar a tocar. Você precisa antes conhecer o seu parceiro. É como conhecer alguém. Você primeiro tem que relaxar e, então, a conversação começa. Acho que foi um pouco assim ontem. Levou um tempo para achar o groove certo, mas depois tudo fluiu bem. Layo, onde você conheceu sua namorada brasileira? Layo: No Sirena (risos). Há quatro anos ela estava ficando aqui, nesta casa. Nós nos conhecemos em São Paulo quando fomos num club chamado Sambão, você conhece? Depois, quando estávamos tocando no Sirena comecei a bater papo com ela. Nos beijamos e passamos a noite juntos. Eu tinha uma namorada em Londres, mas não era sério (risos). Fiquei mais uns três dias aqui e voltei. Depois nos encontramos em NY, quando estava trabalhando lá. Em mais um ano ela se mudou para Londres. Seu português é ótimo! Ela deve ter te ajudado a aprender, não? Layo: São as aulas horizontais (risos). Demorou 5 anos para eu aprender. Claro que namorar alguém daqui ajuda muito. Vocês acabaram de lançar o “Shake it Brazil”. Quais são os próximos planos? Bushwacka: Nós definitivamente vamos


layo & bushwacka Como foi a sua história com o The End club? Layo: Eu fazia festas em Londres e meu pai era arquiteto. Eu disse pra ele que eu gostaria de ter um espaço em que desse para construir um club. Um dia, ele chegou em casa, eu tinha 22 anos, e disse que tinha ido ver um lugar muito interessante e que o dono disse que poderia dar num bom night club. Fiquei empolgado e fui ver. Só o fato de ser uma possibilidade já me fez pensar que era isso que eu queria fazer. Fui ver nosso amigo DJ, o Mr. C, que teve bastante sucesso no ano anterior com o The Shamen, que era um grupo bem conhecido. Ele ganhou muito dinheiro. Conversamos e ele disse: “OK, vamos nessa!”. Fizemos o primeiro depósito para que alugássemos o prédio e aos poucos fomos pegando dinheiro emprestado e investindo. Depois de uns dois anos, levantamos o club. Minha irmã trabalhava lá, meu pai era o arquiteto... Foi uma época muito boa. Como você dividia seu tempo? Layo: Teve um período em que ficou muito difícil. Minha irmã virou a chefe e eu, o diretor de criação. Aí melhorou. Tinha mais tempo de ir ao estúdio com o Matthew. Mas era intenso. Voltava de viagem no domingo e na segunda de manhã já tinha que estar no escritório. E eu adorava! Por que o club fechou? Layo: Recebemos uma boa oportunidade para vendê-lo. Acreditávamos que o club estava no topo e não iria mais alto depois de 13 anos. E nunca tínhamos tido uma boa oferta nesses 13 anos, portanto nos pareceu uma escolha - é uma história fantástica: ou vendíamos o club no seu auge ou talvez sobrevivêssemos por mais uns 10 anos. Mas ninguém mais queria isso. Um club tem que ser movido pela paixão de seus donos ou ele afunda. Quando o club é novo é mais fácil, mas depois de 13 anos você tem que ser criativo o tempo todo.

lançávamos um disco e nesse disco tínhamos faixas mais lentas, que não eram para a pista de dança, mas eram muito boas. Quando alguém comprava o disco, tinha a oportunidade de ouvir tudo numa sequência. Hoje, as pessoas compram músicas separadas. Isso mata um pouco o projeto como um todo. Que importância vocês acham que têm para a música eletrônica? Bushwacka: O que nos separa de muitos produtores é o fato de não termos um gênero específico. Quando fazemos nossa música, simplesmente a fazemos. Não temos nenhuma regra. Não tem que ter a ver com nada que esteja na moda. Simplesmente fazemos a música que vem dos nosso corações. Layo: Sim, acho que ainda conseguimos nos manter originais. Tem DJs que você percebe que soam como essa ou aquela pessoa. Não acho que soemos como ninguém. Acho isso muito importante. Qual foi o ponto mais alto e mais baixo da carreira de vocês? Layo: O período quando você está ficando famoso é ótimo. As pessoas te ouvem, falam de você... Você está na moda. É sempre bom. Entre o nosso primeiro e segundo discos talvez tenha sido o período mais divertido. Não acho que tivemos um ponto baixo... Tem anos em que você fala: “foi OK, mas, não baixo”. Acho que se ficasse muito baixo, não faríamos mais isso. Somos muito mente aberta. Se não estivermos gostando do que fazemos, saberemos que será a hora de não fazer mais. E esse seria o ponto baixo. Bushwacka, você teve alguns problemas com álcool... Bushwacka: Prefiro não falar disso nessa entrevista. O que posso dizer é que pode ser bastante difícil viajar pelo mundo e estar sempre dentro de clubs. Você tem que ficar esperto com algumas coisas. Dependendo da pessoa, é fácil de se perder. E quando você se perde, é bem difícil achar o caminho de volta. Que interesses pessoais vocês tem, fora a música? Bushwacka: Eu amo fotografia. É a minha segunda grande paixão. É tão criativo, eu

realmente amo fazer isso e tenho passado bastante tempo fazendo. Layo: Eu gosto de livros, literatura. De todos os tipos. Tenho sorte de viajar muito com o meu trabalho. Sempre tenho algum tempo livre em que não estou tocando nem fazendo nada. Aproveito para ler. Em algum ponto da minha vida sinto que deveria tentar escrever alguma coisa. Talvez ajude a se manter criativo. Layo: Sim, claro. Adoro viajar, conhecer lugares diferentes, culturas, comidas... Conhecem artistas brasileiros? Bushwacka: Gosto de uma cantora chamada Céu. Ela é fantástica. Layo: O meu cunhado é DJ de samba. Ele está me ensinando bastante sobre música brasileira. É muito interessante porque antes eu não achava que existiam tantos estilos diferentes. Mas, devagar, fui percebendo a sonoridade diferente entre a bossa nova, o choro, o samba rock, etc... Gosto daquela banda cujo vocalista morreu no final dos anos 90... Qual é o nome? Legião Urbana? Layo: Isso! Gosto muito deles. Adoro a música “Índios”. E na Inglaterra, o que vocês ouvem? Bushwacka: Acho que a banda que nós dois gostamos muito é Radiohead. Layo: Agora, de dance music não ouço tantas. Só algumas músicas soltas... Não ouvimos muita dance music, não é? Bushwacka: Definitivamente não. E por que escolheram esse estilo de música para trabalhar? Layo: Porque nós estávamos em Londres em 1988 (risos). E, estando lá nessa época, era algo natural, explosivo. Fazia parte da cultura. Era incrível. Acho que é igual em qualquer período... Sempre que uma nova cultura aflora, é explosivo! A atmosfera nas festas era elétrica! Porque nos primeiros anos, não havia tantas pessoas adeptas do estilo como hoje. Eram só uns 4, 5 clubs e galpões. As pessoas se reconheciam na rua. Puxavam conversa se escutassem a música que você estava ouvindo. Era muito diferente. Algumas coisas nunca mais vão se repetir...

O projeto Shake it veio em seguida? Bushwacka: Sim. Depois que o The End fechou, ficamos nos perguntando o que faríamos. Recebemos um convite de um club bastante grande, era uma boa oferta, mas não sentíamos que isso era o certo para nós depois de tanto tempo. Foi aí que surgiu a ideia de fazer festas em galpões, nos moldes daquelas que aconteciam antigamente no sul de Londres. Liam, que era o gerente do The End, falou sobre essa ideia. Decidimos fazer essas festas juntos, nós três. Procuramos alguns espaços, lugares, definimos datas e bolamos o nome. Fizemos 5 festas no ano passado e um grande festival em Londres. Cada uma era realmente fantástica, o sound system era animal. Tudo era underground, tinha um ar ilícito. Claro que era tudo legal, mas dava a impressão que você podia fazer o que quisesse ali - o que é otimo numa festa! Trazer o projeto para o Brasil foi um passo natural a seguir. O que mudou para quem quer ter um club hoje? O que o público pede? Bushwacka: É mais difícil com a música, nem tanto com os clubs. Antes era mais simples. Você fazia um disco, lançava o disco... Havia um sistema. As pessoas compravam os discos, os cultuavam, era legal. Com o computador, as coisas ficaram mais achatadas. Isso tornou mais fácil produzir música, lançar música. Mas ninguém mais quer comprar música. Então, de alguma maneira, algo se perdeu. Estamos numa época em que é preciso um novo modelo para as coisas voltarem a funcionar. Layo: Depois da internet, não se lê mais textos grandes, só pequenos trechos. Com a música é a mesma coisa. Quando começamos, www.mixmag.com.br

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