Fórum de Lideranças Jovens 2012

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Fรณrum de Lideranรงas Jovens

PROGRAMA COMUNIDADES SEMIร RIDO

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Fórum de Lideranças Jovens 23 a 27 de julho de 2012 PROGRAMA COMUNIDADES SEMIÁRIDO

Realização

Apoio

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Coordenação Marcoss Carmona Fotos Marcelo Valle As fotos e textos do capítulo Comunidades Representadas no Fórum foram produzidas pelas próprias comunidades Projeto gráfico Luiz Eduardo Lomba Rosa

www.coepbrasil.org.br/forum2012

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Sumário

Apresentação ................................................................................................... 07 Carta de Campina Grande ........................................................................... 12 Políticas Públicas ............................................................................................ 17 Conquistas e Desafios .................................................................................. 19 O Fórum de Lideranças Jovens .................................................................. 47 Comunidades Representadas no Fórum ................................................... 49 Apresentações Culturais ............................................................................... 96 Programa Comunidade Semiárido ........................................................... 100 Transcrição de Discursos ............................................................................ 106

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Apresentação

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Fórum de Lideranças Joven ocorreu entre os dias 23 e 27 de julho de 2012, em Campina Grande-PB, reunindo jovens lideranças de trinta comunidades participantes do Programa Comunidades Semiárido, executado pelo COEP em sete estados nordestinos: AL, CE, PB, PE, PI, RN e SE. O Programa conta com o apoio da Chesf, da Embrapa e da FBB. O Fórum teve como objetivo realizar um balanço das atividades do Programa Comunidades Semiárido pela visão dos jovens, envolvendo-os na reflexão sobre os caminhos para o futuro, além de criar laços de cooperação entre as comunidades integrantes do Programa da rede e buscar o seu fortalecimento.

Em 27 de julho, último dia do Fórum, foi realizada uma visita ao Assentamento Margarida Maria Alves, I no Município de Juarez Távora-PB - primeira comunidade parceira do COEP no Programa Comunidades Semiárido. A visita contou com a presença dos líderes jovens, autoridades e representantes de entidades parceiras, como o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; o presidente da Embrapa, Pedro Arraes; o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jorge Streit; o secretário de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca do Estado da Paraíba, Marenilson Batista; além do coordenador do Laboratório Herbert de Souza da Coppe/UFRJ e presidente do COEP, André Spitz.

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visita incluiu uma área de produção agrícola em barrage subterrânea, a criação de ovinos em sistema rotativo, a miniusina de beneficiamento de algodão e o telecentro comunitário. Ao final da visita apresentaram-se artistas populares das comunidades participantes.

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Os jovens participantes do FĂłrum redigiram a Carta de Campina Grande, um documento que declara os anseios de suas comunidades para o desenvolvimento regional, como a necessidade de aprimoramento tĂŠcnico e humano.

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“O COEP não nos trouxe dinheiro, mas nos trouxe conhecimento, união e muita perseverança. E o que a gente deseja muito é que o que estamos vivendo hoje, daqui a dez, quinze ou vinte anos, essa juventude, que está aqui presente, possa cultivar as ações COEP nas comunidades” Dona Preta - Associação dos Assentados Margarida Maria Aves I/PB

“A gente desenvolveu na comunidade tanto projetos educacionais , quanto projetos que venham a ajudar no desenvolvimento da comunidade” Ana Maria Marques - Associação dos Produtores Rurais de Uruçu/PB “ Os avanços que tivemos com a parceria do COEP foram muitos e significativos.(...) Esse apoio foi nos fortalecendo para que essa organização social de fato acontecesse através de mobilizações, através do trabalho coletivo.” Maria da Conceição Campos - presidente da Associação dos Agricultores da Quixabeira e Covões de Cima/AL “ A gente teve novas oportunidades, abriu novos olhares (...) A gente apareceu no mapa do Brasil” Geovani Brito - presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário da Localidade de Pão de Açúcar/PI

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“Nós discutíamos aqui um algodão convencional e hoje a comunidade discute o algodão agroecológico, discute o comércio justo, a sustentabilidade...” Marenilson Batista - secretário da Agricultura e Pesca do Estado da Paraíba

“A demanda por uma educação técnica mais focada para os problemas efetivos da comunidade: O caminho é esse!” Pedro Arraes - presidente da Embrapa “Estamos ajudando a sistematizar essa experiência para que isso possa ser difundido para outras partes do Brasil, para que possam aprender com isso que vocês estão construindo aqui.” Jorge Streit - presidente da Fundação Banco do Brasil

“Um dia como hoje significa uma lavada da nossa alma. Significa uma espécie de conforto, de oásis. Como naquela área da barragem subterrânea no tempo da seca, que fica tudo verdinho quando o resto é seco, hoje o nosso coração está assim. Está verde de emoção de ver o que está acontecendo aqui, e em todas as comunidades aqui representadas.” Gilberto Carvalho - ministro-chefe da Secretaria-Gral da Presidência da República 15


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Políticas Públicas

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Programa Comunidades Semiárido tem se empenhado para melhorar o acesso e discussão entre as comunidades sobre as políticas públicas. Em 2007, realizou um seminário com esse tema em Brasília, reunindo lideranças comunitárias e gestores de políticas de interesse para a juventude e para o agricultor. O ministro Gilberto Carvalho também esteve presente nesse evento. Os líderes comunitários foram convidados para uma visita ao Palácio do Planalto, tendo sido recebidos pela então primeira-dama. D. Marisa Letícia Lula da Silva.

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Conquistas e Desafios

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partir do balanรงo das atividades do Programa Comunidades Semiรกrido, realizado no Fรณrum, os jovens fizeram uma reflaxรฃo sobre as conquistas e os desafios para o desenvolvimento das suas comunidades. O resultado foi sintetizado em cartazes apresentados durante a visita ao Assentamento Maria Alves I.

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Comunidade de Quixabeira, Água Branca/AL Antes da parceria COEP • Centro da Comunidade - pavimentação inacabada • Via de acesso à Comunidade - condições precárias do serviço de pavimentação Depois da parceria COEP • Construção da praça - centro da Comunidade • Mutirões coletivos - trabalhos em grupo • Praça comunitária, telecentro e ampliação de pavimentação • Projeto Algodão - miniusina de beneficiamento, produção em grande escala • Projeto de Criação de Caprinos e Ovinos melhoramento de raças locais com a Boer-PO • Projeto Tecelagem - tear elétrico de produção, redes, mantas, tapetes, etc • Mobilizações sociais - oficinas de mudanças climáticas no telecentro comunitário • Assembléias gerais e reuniões do Comitê Mobilizador: jovens, mulheres, agricultores • Forrageira e reprodutores PO aos sócios da Associação: articulação conjunta COEP x Comunidade x Governo Municipal Conquistas importantes 1- Ativação da Associação 2- Fortalecimento comunitário 3- Valorização ao cultivo de algodão 4- Geração de renda 5- Inclusão social e digital 6- Articulação e mobilização 20

Principais desafios 1- Desenvolver o Projeto Tecelagem e corte e costura 2- Ampliação do Projeto Algodão 3- Organização comunitária e formação de novas lideranças jovens na comunidade / acesso às políticas sociais


Comunidade de Cacimba Cercada, Mata Branca/AL • Escola - na Comunidade não tem escola, temos que nos deslocar de nossa comunidade para outra para estudar, geralmente para a Comunidade Caraíbas • Telefone público - não temos sinal de telefonia móvel ou fixa, o único meio de comunicação é o telecentro, implantado pelo COEP, estamos nos mobilizando para conseguir um telefone público • Melhorias nas estradas de acesso à comunidade - as vias de acesso à Comunidade são muito ruins, principalmente na época de chuvas, onde temos estradas muito lisas e se formam grandes buracos provocando prejuízos para todos que querem entrar ou sair da Comunidade (ficamos isolados) Quantidade de famílias: aproximadamente 32 famílias Ações implantadas pelo COEP e parceiros • Telecentro comunitário • Oficinas e capacitações • Projetos animais

Objetivos da nossa Comunidade • Água encanada - a Comunidade Cacimba Cercada não possui água encanada, a água que consumimos provém de armazenamentos em cisternas, barragens e açudes • Posto de saúde - a Comunidade é muito carente no termo saúde, o posto de saúde mais próximo está a 8 km de distância, além disso é de difiícil acesso e raramente consegue atendimento

Objetivos conseguidos via mobilização do comitê mobilizador: • Batedeira de grãos • Cisternas • Comitê mobilizador

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Comunidade de Capinhos, Pariconha/AL A Comunidade hoje tem 384 famílias Conquistas da Comunidade com a parceria COEP • Inclusão digital • Máquinas de costura • Grupo de mulheres em ação • Curso de informática • Curso de manutenção em computadores • Projeto ovinos e caprinos • Reprodutor • Máquina de tela • Forrageitra • Oficinas presenciais • Comitê mobilizador • Assistência técnica veterinária Os desafios da Comunidade hoje • Conclusão da sede • Comprar mais máquinas de costura para aumentar a produção do grupo Mulheres Em Ação • Comprar um data show • Aquisição de cadeiras • Formar parceria com o Poder Público • Conscientizar sobre as quimadas e desmatamentos na Região • Reforma da casa de farinha

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Comunidade de Espinheiro, Aurora/CE

Quantidade de famílias: 143 Desafios da comunidade A Comunidade pretende adquirir uma mini fábrica de poupas de frutas para o reaproveitamento de frutas nativas da Comunidade, para ajudar os jovens desenvolverem uma ação do COEP e o fortalecimento da Comunidade. Agradecimento: Grupo de Jovens – Juventude trabalhando unidos *Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que não crê não pereça, mas tem a vida eterna. João: 3-16

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Comunidade de Anauá, Mauriti/CE

Participam 70 famílias Depois • Anauá hoje • Telecentro comunitário Conquistas • Telecentro comunitário • Criaão de caprinos • Representação de algodão Desafios • Melhoramento na criação de caprinos • Formação de grupo de artesanato • Parcerias para o telecentro • Inclusão e participação de mais famílias

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Comunidade de Oitis, Milgres/CE Em média - 60 familias Antes • Capelinha • Escola Conquistas da Comunidade com parceria do COEP • Telecentro • Assistência técnica • Animais e aprisco • Capacitações online e presenciais • Forrageira • Treinamento com a máquina de tela • Arca das Letras Desafios da Comunidade Perfuração de mais um poço para ampliar e melhorar o abastecimento de água para as famílias.

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Comunidade de Olho d`Água do Comprido, Missão Velha/CE

Tem um total de 110 famílias A Comunidade era assim: Não tinha prédio próprio a Associação, não tinha sistema de abastecimento, não tinham eventos na Comunidade. Agora a Comunidade está assim: Agora tem sistema de abastecimento d`água, tem prédio próprio a Associação e acontecem eventos diversos. Conquistas na parceria com o COEP: Projeto de ovinocultura, telecentro, Arca das Letras, cursos e participação nos foruns. Próximo desafio para a Comunidade: Um projeto de um trator com debrilhadeira de milho e feijão e reboque para transporte dos mesmos.

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Comunidade Lagoa de Dentro, São José de Piranhas/PB Aproximadamente 100 famílias Vista da sede da Comunidade hoje, mostrando apenas uma das inúmeras melhorias. Com a parceria do COEP a Comunidade deteve várias conquistas • Resgate do algodão • Usina de beneficiamento • Ovinos • Aprisco • Forrageira • AssistIencia técnica em extensão rural • Telecentro • Cursos e capacitações • Viveiro de mudas • Arca das Letras • Corte e costura • Barragens subterrâneas Os desafios que a Comunidade ainda tem que vencer • Recuperar máquinas de telecentro, que foram destruídas no incêndio • Conseguir com que o tear e a minifábrica de corte e costura voltem a funcionar

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Comunidade de Redondo, Cachoeira dos Índios/PB

24 famílias Desde o ano de 2007 a Comunidade de Redondo - Cachoeira dos Índios vem crescendo com o grande apoio do COEP. E juntamente com esse grande apoio e companheirismo conseguimos construir uma nova sede da Associação Comunitária. Logo conseguimos uma sala de telecentros no qual nos ajuda para trabalhos escolares, mini cursos de computação, pesquisas, postagens dos trabalhos realizados pelo COEP e maior interesse dos jovens da Comunidade no mundo digital. Construção do aprisco dos animais! Foi uma grande felicidade que o COEP nos presenteou mais uma vez! Criação de ovinos na comunidade, que sempre trouxe uma geração de renda melhor para os produtores da comunidade.

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Comunidade Barreiros, Cajazeiras/PB Quantidade de famílias: 50 Antes do COEP • A Comunidade tinha o prédio da associação, mas não tem como mostrar trabalhos porque não tem fotos. Depois do COEP • A Comunidade depois da parceria com o COEP evoluiu muito aumentando a renda das famílias em que nela vivem. Conquistas da Comunidade com parceria com o COEP • Forrageira • Barragem subterrânea • Animais ovinos • Telecentro: - Cursos de computação (informática) - Geografia social - Oficina: mídia, rádio e difusão - Aquisição de conhecimento - Encontro em comunidades (troca de experiencia) • Visita da universidade • Assistência técnica • Aprisco A Comunidade de Barreiros cresceu muito depois da parceria com o COEP. Foram muitas as conquistas. Como o telecentro que ajudou muito nos meios de comunicações, cursos de informáticas, oficinas 29

mídias, rádio e difusão. O algodão e criação de ovinos, além de dar o bom incentivo, ajudou muito mais nas rendas das famílias. As palestras da Universidade sobre meio ambiente, saúde e trabalho. As visitas dos agentes técnicos e supervisor também é um bom incentivo para os criadores de ovinos. As conquistas com o COEP foram essas e muito mais outras. A Comunidade de barreiros cresceu muito com essa parceria. Obrigado COEP!


Comunidade de Batalha, Monte Horebe/PB

20 familias Conquistas da Comunidade com a parceria do COEP • Telecentro • Capacitações online e presenciais • Jornada das Comunidades • Caprinos • Jornada das Escolas • Forrageira e aprisco Desafios da Comunidade • Coleta seletiva • Falta de água • Saneamento básico • Atendimento medico • Minifabrica de produtos de limpeza • Cursos na Comunidade • Condições para implantar agricultura orgânica • Comunicação telefônica de qualidade • Condições para que o jovem não saia da Comunidade

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Assentamento Queimadas, Remígio/PB 100 lotes / cerca de 120 famílias Antes • Agricultura: feijão, batata doce, milho, macaxeira • Forragens: capim, palma • Bovinos • Ovinos • Aves • Suínos *Associação Depois • Telecentro: inclusão digital • Comitê Mobilizador: mobilização na Comunidade • Ovinos • Acompanhamento técnico • Miniusina de beneficiamento de algodão Conquistas da Comunidade com a parceria do COEP • Acesso à Internet • Organização e mobilização na Comunidade • Significativos aumentos nos rebanhos, principalmente de ovinos • Melhoria na qualidade dos rebanhos (animais) Desafios da Comunidade • Organização do telecentro • Vinda da miniusina de beneficiamento e posterior aumento na produção de algodão • Novos projetos junto ao COEP União e perseverança... Isso fará a diferença! 31


Comunidade de Uruçu, Remígio/PB

200 familias Conquistas • A parceria entre o COEP e a Comunidade possibilitou as seguintes ações: inclusao digital; educação ambiental - recuperação das nascentes, viveiro, turismo rural, tratamento e monitoramento de residuos sólidos e projeto gerador, biblioteca rural e cisternas. Desafios • A sensibilização da Comunidade no que se refere à educação ambiental, principalmente a recuperação das nascentes; conquista de terra para atividade agrícola; participação da comunidade no desenvolvimento de atividades voluntárias.

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Assentamento Margarida Maria Alves, Juarez Távora/PB 53 famílias Conquistas da Comunidade com a parceria do COEP • Miniusina e a cultura do algodão • Telecentro • Criação de ovinos • Arca das Letras • Barragem subterrânea • Igreja Desafios da Comunidade • Implantar um projeto que gere emprego fixo dentro da própria Comunidade, impedindo que as famílias se desloquem de sua comunidade para a cidade grande • Recuperação das estradas que dão acesso à zona urbana • Um posto de saúde com atendimeto médico e odontológico

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Comunidade Pedra Branca, Cumaru/PE

Ações do COEP implantadas em Pedra Branca desde 2004, ações que contribuiram na geração de renda familiar • Criação de caprinos reprodutor Boer: melhoramento genético do rebanho, complemento da renda familiar • Máquina forrageira: facilidade na preparação da alimentação dos animais, aproveitamento da ração • Barragem subterrânea: conservação da umidade do solo, no período de estiagem a pastagem é sempre verde • Máquina de costura: qualificação de mão de obra, iniciativa própria para gerar a renda familiar • Sala digital: ação do COEP mais importante elegida pela comunidade • Construção de 15 cisternas: ajudou na convivência com a seca, melhoria de vida das famílias • Reforma de 15 cisternas: conservação da cisterna, contribuiu na limpeza da água para o consumo humano • Capacitação em informática - 29 usuários: ampliou o conhecimento dos usuários para o uso do telecentro, fez

com que os usuários fossem multiplicadores de conhecimento - Curso de assistência técnica para 3 jovens: contribuiu para a manutenção do telecentro, os mesmos fazem limpeza nos computadores e manutenção - Sede da Associação: com o incentivo do COEP construímos a Sede da Associação para a instalação da antena do Gesac

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Comunidade de Furnas, Surubim/PE 200 familias Antes • Trabalho coletivo pra a construção do açude comunitário em 1998 • Trabalho coletivo para a construção da Capela de Dom Bosco no ano de 2000 Depois • Capela de Dom Bosco • Miniusina de algodão • Telecentro Comunitário Miguel Arraes • Comunidade de Furnas • Posto de saúde • Horta comunitária Conquistas da Comunidade em parceria com o COEP • Algodão • Criação de animais • Telecentro: a comunidade pôde obter conhecimentos nessa nova área, através de cursos de inclusão digital para os jovens e adultos, ajudando a formar seus alunos para o mercado de trabalho, sendo a primeira implantação pública de computadores com acesso à internet no Município de Surubim-PE. • Grupo Renascer Artesanal: o Grupo Renascer Artesanal nasceu em 2007 da iniciativa do COEP em trazer cursos para a Comunidade, com esses novos conhecimentos as alunas criaram um grupo de artesanato.

Desafios: O desafio principal para a Comunidade se resume a dificuldade de manutenção dos seus projetos, com equipamentos que estão danificados e que por sua vez atrapalham a conclusão das suas ações, como por exemplo, bomba d`água para horta, telas, pvc para o telecentro (para evitar poeiras), ar condicionado, aquisição de material para a construção de um banheiro para o grupo de mulheres, mangueiras, fios, mão de obra, aquisição de peças para a instalação para mais máquinas para o telecentro, etc. Nós ainda necessitamos de um espaço para reuniões e outros fins, sendo assim um salão comunitário, para eventos, e para criar a possibilidade de apresentações e novos projetos, como grupo da 3a idade, grupo jovem e grupo de mulheres. 35


Comunidade Boa Vista, Jurema/PI

Famílias: 115 Conquistas • Telecentro comunitário - desafios: capacitação para monitores, novos equipamentos, parcerias para manutenção e aparelhos de ar condicionado • Projeto ovinos - desafios: parcerias para acompanhamento de médico veterinário • Comitê Mobilizador - desafios: parcerias para capacitação de jovens mobilizadores • Viveiro: produção de mudas - desafios: ampliação da área com telas, capacitação de produção de mudas e enxertia • Kit de irrigação - desafios: ampliação da área com novos kits de irrigação, aquisição de estufa para plantio de hortaliças

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Comunidade Pão de Açúcar, Várzea Grande/PI 110 famílias Conquistas e desafios Agricultura familiar Telecentro comunitário • Ampliação do número de máquinas • Continuar com as capacitações em informática • Realizações de eventos que atraiam as pessoas mais vezes para o telecentro • Conseguir equipamentos como o data-show Projeto de ovinos • Ampliação do projeto com a realização continuada dos repasses • Capacitação dos criadores em manejo Viveiro de mudas • Ampliação do grupo de trabalho • Abastecimento de água contínuo • Aumento da produção e comercialização das mudas Máquina forrageira • Contínuo uso, para a preparação de ração para os animais • Uso de forma adequada e eficiente atendendo a necessidade da comunidade • Adquirir recursos através de eventos para a compra de outra máquina

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Comunidade Quixó, São Raimundo Nonato/PI

32 famílias Conquistas • Telecentro - desafios: ampliação do espaço físico, aquisição para novas máquinas, capacitação para a confecção de novas peças • Corte e costura - desafios: ampliação do espaço físico, aquisição para novas máquinas, capacitação para a confecção de novas peças • Viveiro - desafios: capacitações para produção de novas mudas, capacitações para a produção assexuada através de enxertia ou estaquia • Aprisco/Ovinos - desafios: parcerias para construção de novos apriscos em cada propriedade de criadores (ovinos) • Máquina forrageira - desafios: ampliação do galpão para estocamento de rações, parcerias para a construção de um banco de postagem p/ o período de estiagem

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Comunidade de Solidão, São Braz do Piauí/PI

40 famílias Conquistas • Casa de doces - desafios: ampliar o grupo de trabalho envolvendo jovens e mulheres, qualificar mão de obra, produzir com mais qualidade, construir murada em torno do espaço físico da minifábrica • Telecentro - desafios: manter todas as máquinas funcionando, ter um número razoável de monitores, manutenção técnica • Viveiro de mudas - desafios: manutenção do espaço físico, conseguir o kit de irrigação, implantar canteiros de diversas hortaliças em nosso viveiro • Comitê Mobilizador desafios: organização, eleições para mudar os membros do Comitê em um período mais curto

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Comunidade Cacimba, Anísio de Abreu/PI 57 famílias Conquistas • Telecentro - desafios: manutenção de equipamentos, parceria para a manutenção, capacitação para monitores, ar condicionado • Viveiro de mudas - desafios: envolver mais membros da Comunidade no projeto, capacitação em enxertia, ampliar o setor e comercialização de mudas e hortaliças, construção de um poço artesiano • Casa de farinha - desafios: reforma, construção de sanitários, construção de um depósito para armazenamento, construção de novos reservatórios para lavagens e recepção de produtos, aquisição de equipamentos de últimas gerações. • Projetos ovinos - desafios: instalação de bancos coletivos de pastagens, construção de apriscos padronizados, acompanhamento de médico veterinário

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Comunidade de Baixa do Morro, Fartura do Piauí/PI 45 famílias Conquistas • Telecentro - desafios: continuar fazendo a manutenção dos computadores, renovar a cada 2 meses os monitores, aumentar a freqüência de jovens e moradores, intensificar o uso dos portais das Comunidades • Viveiro de mudas - desafios: fazer com que o grupo volte a funcionar juntamente com os jovens, buscar apoio para comercialização juntamente à Prefeitura, construção de barragem subterrânea • Kit de irrigação - desafios: aquisição de novos kits de irrigação, intensificar a produção de hortaliças e mudas, trazer mais jovens para dentro da área que é modelo na região, apoio para o projeto gerador de renda lanchonete e minioficina para motos • Aprisco/caprinos - desafios: incentivo para instalar banco de pastagem, galpão para máquina forrageira, abatedor comunitário, capacitação para aproveitamento dos produtos oriundos, continuar incentivando os agricultores para o repasse • Trator agrícola - desafios: aquisição de uma grade hidráulica, melhorar as instalações para abrigar o trator, sempre fazer a manutenção

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Assentamento Modelo I, João Câmara/RN

Conquistas da Comunidade com a parceria do COEP • Acesso à Internet • Capacitação de monitores • Treinamento para o uso da maquina de telas • Formação do Comitê Mobilizador • Outras parcerias Desafios • Melhoramento das estradas e no abastecimento da água • Desenvolver projetos que gerem empregos e renda • Valorização da cultura, do esporte e da educação

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Comunidade de Araçá II, Vera Cruz/RN

140 famílias Antes Após a chegada do COEP na Comunidade, em 2009, iniciou-se o processo de organização social e educacional, especialmente com a implantação do telecentro e da Arca das Letras, além do incentivo à geração de trabalho e renda. Conquistas • Telecentro • Arca das Letras • Reuniões Comitê • Capacitação • Terreno: Associação/ Sede • Padaria Desafios Construção da Sede; implantação de uma caixa d`água; geração de emprego e renda, evitando assim o êxodo rural.

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Assentamento José Rodrigues Sobrinho, Nova Cruz/RN

80 famílias Antes • O início da parceria Comunidade-COEP iniciou-se em 2004, dois anos após a fundação do Assentamento. Sendo formada inicialmente por 60 famílias. Depois • O Assentamento hoje • Telecentro • Viveiro de mudas • Quarteto de cordas Conquistas em parceria COEP-Comunidade: • Reforma da casa sede para funcionamento da escola, posto de saúde e telecentro • Melhoramento na estrutura e organização do telecentro • Geraação de renda através da ovinocultura • Rebanho do sr. Pedro Rodrigues • Quarteto tocando na Caixa Econômica Federal em Nova Cruz/RN no Dia Internacional da Mulher Desafios da Comunidade • Desenvolver trabalhos comunitários • Desenvolver equipes de trabalho • Desenvolver o senso de responsabilidade 44

• Concluir e publicar o livro com as histórias do Assentamento • Divulgar o que acontece na Comunidade nas mídias sociais • Criar um blog para comunidade • Criar um grupo de estudo de línguas e preparatório para o vestibular


Comunidade de Cuiabá, Canindé do São Francisco/ SE Aproximadamente 200 familias Comunidade antes da parceria do COEP • Estabelecimento onde era o posto de saúde da Comunidade que hoje esta localizado o telecentro. • Reunião com a Comunidade para a apresentação do COEP Comunidade depois da parceria do COEP Logo após a implantação do COEP na nossa Comunidade, foi nos dado a oportunidade de termos tecnologias mais avançadas. Novas conquistas com a parceria do COEP • Telecentro • Projeto Animais • Oficina de agroecologia • Oficina agroflorestal Nossos desafios Bom, nossa Comunidade ainda tem que passar por vários obstáculos, pra conseguirmos nossos principais objetivos, no caso será o nosso projeto planejado recentemente pela Comunidade.

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Assentamento José Ribamar, Nossa Senhora da Glória/SE Quantidade de famílias: 60 Ideais a ser alcançados • Restauração do telecentro • Incentivo ao turismo na comunidade • Saneamento básico • Construção de escola na Comunidade • Construção de quadra poliesportiva • Assistência técnica aos assentados

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O Fórum de Lideranças Jovens Dia 23 - Segunda - feira • Balanço das atividades do Programa Comunidades Semiárido na visão dos jovens. Conquistas, desafios e perspectivas para o futuro. Apresentação de casos de sucesso pelos líderes de cada comunidade. • Oficina: Núcleos de Direitos Cultura e Cidadania x Rede de Jovens. Desafios e Perspectivas​ Dia 24 - Terça - feira • Oficina de Elaboração de Projetos e Gestão de Empreendimentos Coletivos (Prof. Guilherme Soares – UFRPE) Dia 25 - Quarta - feira • Oficina de Formação de Agentes de Desenvolvimento Sustentável (Prof.a Lúcia Marisy Souza Ribeiro de Oliveira – Pró-reitora de Integração aos Setores Comunitários e Produtivos da Univasf – Universidade Federal do Vale do São Francisco)

Dia 26 - Quinta - feira • Oficina de Produção Audiovisual ( Jornalista Marcelo Valle) • Apresentação de casos de sucesso nas ações de desenvolvimento das comunidades parceiras Dia 27 - Sexta - feira ​• Visita ao Assentamento Margarida Maria Alves I, Juarez Távora - PB 47


Principais Objetivos do Fórum

I) Realizar um balanço das atividades do Programa Comunidades Semiárido e o planejamento dos caminhos para o futuro sob a visão dos jovens II) Iniciar as discussões para a formação dos “Núcleos de Cultura Direitos e Cidadania”, grupos comunitários em rede, com a função de mobilizar as comunidades em processos de organização, desenvolvimento, valorização da cultura local e III) Fortalecer as capacidades dos jovens líderes por meio das discussões oficinas e palestras.

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Comunidades Representadas no Fórum Fotos e textos fornecidos ou produzidos pelos jovens das comunidades.

Quixabeira, Água Branca/AL

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azenda de Coronéis - o Senhor Coronel Ulisses Luna, o proprietário da fazenda na época, condecorado com o nome em uma das mais conhecidas ruas do centro da Cidade de Água Branca, empregava vaqueiros, então os primeiros moradores da comunidade, como a família Ismael, uma das primeiras a habitar a comunidade,. Depois populares comuns de localidades rurais foram habitando ao longo dos anos. A fazenda deixava de existir e os pés de Quixabeira também, dando lugar a um sítio com cerca de 15 famílias entre os seus primeiros moradores e proprietários. Anos mais tarde o Senhor Manoel Lino era um dos maiores proprietários daquela comunidade, que logo vendeu aos posteriores, que desejavam trabalhar e habitar a comunidade. A comunidade se constituía em meio ao trabalho agrícola, cultivo de milho, algodão, feijão, mandioca e criação de bovinos, caprinos ovinos e suínos. Havia uma casa de farinha bastante popular na época do Senhor Manoel Teodoro e plantadores de toda a comunidade faziam sua farinha nela. Ao redor desta casa de farinha ficavam as casas de todos os seis filhos do Senhor Manoel Teodoro e cerca de 30 netos por ali povoavam. Sua esposa faleceu aos 87 anos em 1998. Ela era minha avó, Dona Maria José, ele não conheci. Ele era de pele negra e personalidade forte. 49


Em 1998 muitas coisas já haviam acontecido, outras deixavam de existir e outras tantas estavam por vir: o fim coronelismo; a fundação da Associação em 1994; a construção da 1ª capela; os novenários à Padre Cicero (festa local); a morte do sr. Manoel Lino em 1996 - homem exemplar, defensor e lutador da comunidade. Em 2002 ocorreu a reativação da Associação em parceria com o COEP e uma nova retomada da expansão populacional, a melhoria da qualidade de vida, o acesso aos serviços públicos, as políticas sociais, o desenvolvimento social e econômico. Atualmente a Comunidade, através da parceria COEP e da mobilização comunitária, possui água encanada, energia elétrica mono e trifásica, pavimentação central com praça comunitária, escola de ensino fundamental I, posto de saúde com atendimento médico, telefonia pública, telecentro de informática, artesanato e miniusina de beneficiamento de algodão dentre outros projetos implantados pelo COEP. Escrito por Ceiça Campos, presidente da associação local.

Representada por:

Maria da Conceição Campos

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Campinhos, Pariconha/AL

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egundo o pessoal mais velho comenta, Campinhos iniciou por volta de 1850 com a chegada de três famílias: João Alves, seu irmão Vicente e seu cunhado Antoninho. Todos com suas famílias construíram suas casas na redondeza e desmataram as áreas das proximidades de suas casas, deixando-as em forma de campinho. E quando procuravam suas criações, comentavam um para o outro: “Deve estar nos campinhos”. A partir desses comentários surgidos entre as três famílias, ficou denominado o nome da Comunidade de Campinhos. João Vicente, muito católico, construiu uma capela em 1897 e, como era devoto de Nossa Senhora, colocou nela o nome da padroeira Nossa Srª das Dores. No local é comemorado todo ano as novenas em homenagem à padroeira e é celebrada a missa do dia da festa, em 8 de setembro. Nessa ocasião costumam vir pessoas de várias comunidades vizinhas. A Comunidade Campinhos fica a 5 km da Cidade de Pariconha/AL e nela vivem aproximadamente 384 famílias, que têm atividades voltadas à agricultura de subsistência como a cultura do feijão, milho, melancia e mandioca, e onde tem também uma casa de farinha que atende os agricultores que trabalham com a mandioca. Além da agricultura, são desenvolvidas atividades de criação de caprinos, ovinos, bovinos, e alguns comerciantes e muitas famílias são beneficiadas através de aposentadoria e da bolsa família. A Comunidade tem posto de saúde com atendimento médico e odontológico, escola fundamental do 1º ao 9º ano (fundamental completo)

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Metade das famílias da Comunidade são descendente de uma tribo indígena chamada Karuazu, que tem todas as suas tradições, como a dança do toré e as festas comemorativas da tribo. A Comunidade tem também uma associação: a Associação Comunitária Rural Nossa Senhora das Dores, que foi fundada em 11 de agosto de 1995, através do primeiro presidente Jorge Bezerra dos Santos. Hoje o atual presidente é Marco Melo dos Santos e a Associação tem aproximadamente 100 associados que realizam assembléias mensais todo dia 3 de cada mês. Através da Associação, a Comunidade conseguiu buscar parcerias, como a do COEP, que atua na Comunidade desde 2006, trazendo desenvolvimento social e econômico e também ajudando na organização comunitária. Foi através do COEP que a Comunidade se mobilizou na busca de outros parceiros e se articula para conseguir as políticas públicas para a Comunidade.

Representada por:

Wendel Alves Mendes

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Cacimba Cercada, Mata Grande/AL

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acimba Cercada é uma comunidade rural, dividida entre os municípios de Água Branca e Mata Grande no Estado de Alagoas. Encontra-se aproximadamente a 25 km de Mata Grande e a 20 km de Água Branca. Em nossa comunidade grande maioria é de agricultores. Vivemos da agricultura de subsistência e cultivamos milho, feijão, batata-doce, mandioca, feijão de corda, algodão... entre outros. A Comunidade também tem outras culturas que permitem gerar renda, como a criação de animais ovino e caprino, atividade que vem crescendo a cada dia graças ao incentivo do COEP. Nossos eventos mais populares são os torneios de futebol amador e a festa da padroeira Nossa Senhora de Aparecida, festa que se encerra no dia 12 de outubro com missa, a realização da Primeira Eucaristia e uma pequena procissão. Num lugar bem pequeno no mapa do Brasil, pessoas buscavam água para sobreviver. Foi e continua sendo assim. Havia uma pequena nascente onde minava uma água um pouco salobra, que era utilizada para as necessidades dos lares. A mesma está atualmente localizada no terreno da família do sr. Luiz Teotônio e nesta fonte, que hoje é conhecida como “Fontinha”, nasceu o nome de nossa comunidade. O nome Cacimba Cercada vem desta pequena nascente de água salobra que estava cercada. Tornou-se um habito entre as pessoas de vários lugares dizerem que iam buscar água na

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“Cacimba Cercada”. E assim o nome pegou na Comunidade. Antes de ser chamada de Cacimba Cercada, nossa comunidade tinha por nome Caraíbas (atualmente o nome de uma comunidade vizinha),. Graças à parceria com o COEP, a Comunidade que era apenas um ponto minúsculo no mapa do Estado de Alagoas vem se destacando e crescendo cada vez mais. Esse crescimento também se deve ao trabalho exaustivo da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Cacimba Cercada e Caraíbas, fundada no ano de 1995,. A Associação, com apenas sete sócios no início e hoje com mais de 45 sócios, vem buscando melhores condições para nossa Comunidade.

Representada por:

Oclácio Cláudio Ferreira da Silva

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Espinheiro, Aurora/CE

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Comunidade de Espinheiro fica localizada no Município de Aurora-CE, na região centro-sul no Estado do Ceará. Seus moradores são pessoas simples pacatas que vivem da agricultura familiar e da pecuária . A história do da Comunidade de Espinheiro, contada por Francisco Antonio da Silva, fala que em 1907 um cidadão conhecido como Macare, que residia nesta localidade, dizia que havia muitas arvores de espinho e dai surgiu o nome da Comunidade. Em 1911 as culturas cultivadas eram: casa de farinha e engenho de cana de açúcar movido por animais. Em 1932 chegaram as primeiras religiões chamadas “turmas da meia noite” e conhecidos como “penitentes”. Diversão: reisado, bumba meu boi, forró pé de serra e arrecadações de dinheiro com leilões, com venda dos produtos da comunidade. Hoje a Comunidade tem uma população de 517 habitantes e possui 143 casas e duas escolas, uma desativada. O nível dessas escolas é um pouco baixo, por falta de professores qualificados, e o ensino só vai até a 4º serie. Tem também 3 igrejas sendo duas religiosas e uma evangélica. A Comunidade sobrevive da agricultura de subsistência, dos programas sociais e da pecuária. Os programas sociais tem como eventos festivos o Mês Mariano, o São João e as renovações.

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A Comunidade tem muitos desafios hoje: temos crianças de 11 anos que se deslocam 20 km para estudar na cidade, andando de pau de arara e atravessando rios em canoas na época do inverno; não tem água encanada na Comunidade; não existem postos de saúde; não existe quadra de esporte; e o único que nos temos é o telecentro. Mas sabemos que a nossa Comunidade tem um potencial imenso para se desenvolver e se tornar uma das comunidades mais desenvolvida do nosso Município. Representada por:

Joaquim Cardoso da Silva

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Ronildo Rodrigues da Silva


Engenho Velho, Barro/CE

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ngenho Velho : nome dado à Comunidade por causa de um antigo engenho de fazer rapadura movido a boi que existia. Com o passar do tempo, o engenho foi se degradando e os moradores falavam em ir para o Engenho Velho. A partir daí, surgiu o nome da Comunidade, Engeho Velho. O primeiro morador, Vicente Alves de Oliveira, chegou por volta de 1890 e aqui começou a construir sua família. Tempos mais tarde outras famílias começaram a chegar ao lugarzinho esquisito e de poucas casas, que no total somavam-se apenas três e o antigo engenho. Com o passar do tempo, chegaram a familía de sobrenome Cebo e a família Aprijo, que aqui, nesse pequeno lugar, começaram suas famílias. Atualmente existem aproximamente 130 famílias, que vivem da agricultura familiar e da criação de animais de pequenos porte. O sítio, como antes era chamado, passou a ser um distrito e ficou bastante conhecido e bem povoado.

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Em 1994, surgiu a Associação São Vicente de Paulo, com o objetivo de trazer melhorias para a Comunidade. Através da Associação, conseguimos o apoio com a Prefeitura de Barro, a Associação Artembi, Sisar e o COEP, que nos trouxe benefícios como: - Miniusina de descaroçar algodão - Tear - Telecentro - Criação de caprinos - Barragem subterrânea - Arcas das Letras - Cursos de capacitações A Comunidade desenvolveu-se e contamos com água tratada, colégio de ensino fundamental, correio, posto de saúde, associações e campo de futebol, onde há mais de 20 anos existe um torneio comemorativo ao Dia Natalino.

Representada por:

José Kleyton Gonçalves Santana

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Anauá, Mauriti/CE

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nauá antes: Anauá, um dos primeiros distritos de Maurity. Seu fundador, de nome Nezim Furtunato de Sousa, é filho do Coronel Manoel José de Sousa, que era dono de duas datas de terra, de nomes Pilões e São Berto Lameu. O mesmo queria saber onde se dividia as duas datas e fez uma promessa, que quando encontrasse a divisão entre as duas datas construiria uma capela e o seu padroeiro seria São Felix de Cantalice. Quando encontrou a divisão entre as datas de terras e os seus limites, ficou por ele determinado que seria edificado a Capela de São Felix de Cantalice, pois a data de Pilões ia até o Município de Milagres/CE. A de São Berto Lameu ia até o Município de Bonito de Santa Fé, na Paraíba. O mesmo faleceu sem construir a capela, mas seu filho, Nezim Furtunato de Sousa, cumpriu sua promessa, construíndo a capela, e teve como padroeiro São Felix de Cantalice. Foi a partir da construção da capela que surgiu a nossa Comunidade e o seu fundador ainda hoje é lembrado com muito orgulho e respeito. Anauá hoje Como era de se esperar, Anauá cresceu ,a população aumentou e hoje nossa Comunidade conta com quase ou mais de 400 famílias. Destas, quase 100 participam das reuniões e estão por dentro da nossa parceria com o COEP. A Capela de São Félix, o nosso padroeiro, vai completar 118 anos em 18 de novembro deste ano, mês em que celebramos a sua festa.

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Muitos dos nossos moradores são pessoas com muito talento que guardam a nossa cultura, com costumes que infelizmente estão tornado-se escassos. Mas nós, enquanto jovens, sempre que podemos estamos mostrando e resgatando a tradição do nosso povo, seja na música, cordel, ou na dança, seja em um texto como este. Nos últimos anos Anauá apresentou um crescimento satisfatório. Isto aconteceu graças à parceria do COEP com a nossa Comunidade, que trouxe vários benefícios, como a criação de caprinos, a implantação de um telecentro ou associação comunitária, onde a população pode acessar a Internet gratuitamente, contribuindo para a inclusão digital também na zona rural, além da forrageira, que é de grande utilidade para a alimentação dos animais. Tivemos também capacitações para membros da Comunidade voltadas para a área de informática, onde ao concluírem o curso estes receberam seus respectivos certificados, momento que foi devidamente registrado em fotos. Com o surgimento do programa Arca das Letras, a população pode contemplar os valores existentes em quem aprecia uma boa leitura. Várias comunidades foram beneficiadas com bibliotecas para a população, o que melhora muito o desempenho profissional de pessoas que hoje podem ser crianças, A leitura é a garantia para uma educação de qualidade e para tornar as pessoas cultas.

Representada por:

Francisco Stive Rogers Araruna 60


Oitis, Milagres/CE

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Comunidade de Oitis está localizada a 2 km da BR 116, a 14 km da Cidade de Milagres e a 473 km da capital do Estado, Fortaleza.

Tem este nome devido à existência na região de árvores conhecidas como Oitis. Temos em média hoje 60 famílias que sobrevivem da pecuária e da agricultura familiar; temos na nossa Comunidade uma escola de ensino infantil e fundamental; uma capela de oração, onde o padroeiro é São Domingos de Gusmão; uma quadra poliesportiva coberta; temos também um balneário natural, conhecido como “O Pinga”, que recebeu esse nome por lá existir rochas e delas pingarem água permanentemente; temos criações de ovinos, minibiblioteca e telecentro comunitário, estes últimos conquistados através da Associação Comunitária com a parceria do COEP. Através da Associação também conseguimos outros benefícios, como o abastecimento de água e a energia elétrica. Hoje a Comunidade pode se comunicar com o Brasil e o mundo através do nosso telecentro, que facilitou a comunicação e aproximou as famílias que moram em outras localidades, tais como o Sul do País e o Sudeste. Estamos sempre de braços abertos a receber todos que deseja nos conhecer!!! Sejam bem vindos.... Será um grande prazer!!!

Representada por:

Daniele Gonçalves 61


Olho d`Água, Missão Velha/CE

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Comunidade do Olho D’água Comprido está localizada a 6 km da Cidade de Missão Velha, às margens da Ce296. Ela faz parte de três municípios,Abaiara, Milagres e Missão Velha. Possui 110 famílias, as quais sobrevivem da agricultura e pecuária, e contam ainda com uma ajuda dos benefícios do governo. Essas atividades não fornecem uma renda compatível para custear os gastos das famílias, o que leva os jovens a procurar outros meios pra ajudar na renda familiar. A grande maioria faz uma migração intra-regional para estados vizinhos, onde trabalham de vendedores ambulantes nos chamados crediários, muitos deles abandonando os estudos. Possui hoje a comunidade telecentro, escola e sistema de abastecimento de água. Muito disso graças à associação comunitária e seus parceiros, onde as famílias se reúnem mensalmente para discutir sobre os problemas e encontrar soluções. Hoje está se formulando na Associação um projeto a fim de buscar um investimento para atender a agricultura aumentando a produção na comunidade.

Representada por:

Liduína Pereira da Silva 62


Redondo, Cachoeira dos Índios/PB

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Ccomunidade de Redondo está localizada na zona rural em Cachoeira dos Índios distante 6 km da sede do Município. A economia da comunidade se baseia na agricultura, principalmente no cultivo milho e feijão para consumo próprio e na criação extensiva de animais em pequenos rebanhos. A comunidade é totalmente eletrificada e dispõe de água encanada nas residências. Em 1996 os moradores se reuniram e fundaram a Associação Comunitária São José dos Pequenos Produtores do Sítio Redondo, com a finalidade fortalecer a luta pela melhoria das condições de trabalho e qualidade de vida. Ao longo desse tempo, além de descobrir a força do associativismo e adquirir consciência coletiva, através da associação a comunidade realizou várias conquistas, a exemplo da construção de um açude, da perfuração de três poços artesianos, instalação de quatro caixas d’água com distribuição em rede para as residências e construção da sede da Associação, obra realizada inteiramente com recursos e trabalho dos associados.

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Uma importante parceria foi firmada entre a Associação e o COEP em 2008. Este trabalho proporcionou novas conquistas para a comunidade. Podemos destacar a criação de um comitê mobilizador que junto com os membros da comunidade, identifica as potencialidades, elabora, encaminha e acompanha projetos; a criação de um tele centro comunitário com 5 computadores, ventiladores e impressora, além da capacitação de instrutores da própria comunidade; a aquisição de uma biblioteca comunitária, a Arca das Letras, para proporcionar o acesso ao conhecimento e o incentivo à leitura.; a complementação de renda através do incentivo ao plantio de algodão colorido e da criação de ovinos, com a aquisição de matrizes e reprodutores, através do sistema de repasse de fêmeas. A maior conquista, no entanto, foi sem dúvida a elevação da autoestima da comunidade e a conscientização de que é possível encontrar soluções inteligentes para os problemas. A transformação da realidade é um trabalho constante, um desafio diário que exige a participação e a dedicação de todos. É preciso sempre olhar para trás para agradecer, celebrar e cuidar das conquistas obtidas, mas, sobretudo, se faz necessário realizar esforços no sentido de aproximar as pessoas, uni-las para lançarmos um olhar sobre as nossas necessidades e planejarmos o futuro que queremos.

Representada por:

Alênicon Pereira de Souza

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Barreiros, Cajazeiras/PB

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Comunidade de Barreiros fica localizada no Sertão Paraibano, a 18 km do Município de Cajazeiras. Segundo relato dos moradores, o nome Barreiros se deve ao fato de que nessa região existiam grandes barreiros de onde se tirava o barro para a construção de casas e passou a ser povoada em meados de 1800 por moradores das proximidades. Além de ser pequeno em suas dimensões físicas, Barreiros também é pequeno em sua população, composta por 50 famílias, que vivem da agricultura familiar, da pecuária e da criação de animais de pequeno porte. A Comunidade começou a ser abastecida de água encanada, por meio de dois poços artesianos e energia elétrica, a partir do ano de 1996. Em nossas instalações possuímos uma escola municipal, desde 1972, que suporta alunos até o 5º ano do ensino fundamental, superior a isso as crianças e os jovens tem que se locomoverem para comunidades vizinhas e, a partir do ensino médio, para a cidade. Fundamos uma associação de moradores em 93, desde então presidida pela senhor José Pereira Sobrinho (Zezito). Possuímos uma horta orgânica que funciona desde o final de 2004, fornecendo hortaliças para o projeto de compra direta local da agricultura familiar, em parceria com o Governo da Paraíba, que distribui para

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as escolas, hospitais e creches da região, além de vender na própria comunidade. Faz parte da tradição da Comunidade a romaria para a Serra do Bento, que começou com a promessa de um morador e hoje atrai muitas pessoas, que anualmente sobem pra admirar a paisagem da serra. Assim como cavalgadas e a festa do Padroeiro Santo Antônio que ocorre todo mês de junho, com danças e comidas tipicas. A Capela de Santo Antônio vem sendo construída desde 2003, através do trabalho dos moradores e com ajuda de doações. O COEP começou a parceria com nossa Comunidade em 13 de janeiro de 2005 e, através desta parceria conseguimos muitos benefícios. Entre esses projetos estão a criação de ovinos, o cultivo de algodão, a Arca das Letras, a construção de barragem e o telecentro, que é uma das nossas principais instalações, um ponto de encontro para os jovens e um meio de estudo e trabalho, entre outros projetos que vem divulgando a comunidade. Enfim, o COEP vem sempre acompanhando esses projetos com técnicos, ministrando cursos de capacitação e desenvolvendo lideranças como a formação do Conselho Gestor. Além disso, devido a essa parceria a população teve sua renda aumentada consideravelmente e se sente incentivada a permanecer na comunidade.

Representada por:

Nalrigene Pereira Bezerra

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Batalha, Monte Horebe/PB

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úmero de famílias na comunidade: 20. Principais cultivos: batata-doce (destaque), capim, feijão, mandioca, milho e seriguela (exportação para outros estados). Criação de animais de tração (asininos e eqüinos), aves (galinha capoeira), caprinos, ovinos e bovinos. A comunidade possui casa de farinha rústica que está parada por falta da maniva e de incentivo para que os agricultores voltem a plantar. Artesanato (parado por falta da valorização do produto) Resultado e destaque na comunidade: articulação do comitê Mobilizador para adequação de espaço (escola local desativada) para instalação de tele centro comunitário. Articulação com o poder público local para doação de um brinde para sorteio para compra de uma impressora para o telecentro. Articulação do Comitê Mobilizador para adequação do espaço para o telecentro e aquisição do mobiliário, ventilador e fundo financeiro para manutenção do local além do forro e piso. Membro cursando faculdade pelo IFP campus Sousa. Escola para jovens e adultos (EJA). Jovem se destacando na área de comunicação (rádio comunitária). Palestras com agrônomos, técnicos, veterinários entre outros (na comunidade). Geração de renda (criação de caprinos). Comunitário aprovado para o programa Habilitação Social (programa do Governo do Estado) Representada por:

Januária Caldeira de Sousa

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Lagoa de Dentro, São José de Piranhas/PB

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Ccomunidade de Lagoa de Dentro está localizada no Município de São José de PiranhasPB, a 550 km da capital João Pessoa. É cortada pelo Rio Piranhas e está situada às margens da PB 384. Surgiu em meados do século XVIII, através da migração de criadores de bovinos, vindos da região do Vale do Piancó-PB, atraídos pelas terras férteis e por possuir água em abundância, suficiente para a criação da bovinocultura e mais tarde para o cultivo do algodão, uma fonte de riqueza que passou a fazer parte da nossa região. O nome Lagoa de Dentro foi originado por existir algumas pequenas lagoas na época, hoje quase todas soterradas. Uma das nossas maiores riquezas é ser cortada pelo Rio Piranhas, um dos maiores rios do Estado, que se estende desde o município vizinho, Bonito de Santa Fé/PB até desaguar no Oceano Atlântico no litoral do Estado do Rio Grande do Norte. Apesar de encontrar-se atualmente bastante assoreado, por conta da retirada extensiva de areia e destruição da mata ciliar, ainda é utilizado como fonte de águas para o consumo humano, pesca e irrigação.

Um marco importante na comunidade, segundo os habitantes mais antigos, foi a passagem de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que passou pelas nossas terras no dia 25 de outubro de 1925, onde pernoitou próximo a um riacho. Em se tratando de território, é dividida em pequenas propriedades, possuindo aproximadamente 100 famílias. A agricultura familiar e a criação de bovinos predominam nossa fonte de

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renda. Mas, na última década isso vem se diversificando, por conta da busca de parcerias, a exemplo do COEP. Através do Senhor Renato Cabral, natural da Cidade do Barro/CE, o COEP – Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida, chegou a nossa comunidade no ano de 2003, onde logo de início incentivou a revitalização do cultivo do algodão, com auxílio de assistência técnica especializada para o combate as pragas. Esse projeto, principalmente com a vinda de uma miniusina de beneficiamento, foi o carro chefe para a implantação de outros projetos, como: cisternas, barragens subterrâneas, telecentro, criação de ovinos, entre outros; evoluindo significativamente em geração de renda, servindo de referência para outras comunidades. Apesar de nossa evolução, ainda temos obstáculos a serem conquistados, como aumentar nosso quadro de sócios, reativar uma minifábrica de corte e costura e um tear, conseguir através de parcerias novas máquinas para o telecentro e construção de poços tubulares, para suprir as necessidades de água potável em nossa comunidade. Representada por:

Paulo Henrique Ferreira

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Uruçu, Gurinhém/PB

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ruçu é uma das comunidades que integram o Município Gurinhém/PB. A mesma está localizada a dois quilômetros da BR 230 na altura do quilômetro 98. A sua povoação teve início no final do século XIX, tendo sido encontrado uma grande produção de abelhas uruçu, seus moradores a intitularam de Sítio Uruçu, cuja população é de aproximadamente mil habitantes. Geograficamente cortada por uma estrada e próxima a rodovia acima citada e do Município de Mogeiro/PB, a possibilita o fácil acesso aos demais municípios paraibanos, fatores estes que contribuem para o seu desenvolvimento. Educação A educação em nossa comunidade teve início em meados do século passado. O Município ainda não era emancipado e fazia parte da comarca de Pilar/PB. A primeira escola era em domicílio e as primeiras professoras foram Antonia Silva e suas irmãs Maria das Dores (Dôra) e Maria (Mariinha) davam aulas sem fins lucrativos. Com a mudança destas para outra localidade, a escola terminou. Passados alguns anos, foi criada outra escola pelo Município de Pilar/PB, que tinha como professora Maria da Penha Silva. Na década de 60, depois da emancipação do Município, foi criada a Escola Municipal Rural Mista de Uruçu que também era em domicílio e mais tarde em 1973, passou a ser Grupo Escolar Municipal Anália Arruda da Silva e atualmente é Ecola Municipal de Ensino Fundamental Anália Arruda da Silva. As primeiras professoras desta escola foram Maria Bernadete da Silva e Maria de Lourdes Silva. A educação nesta comunidade, vem se desenvolvendo bastante, desde a sua criação, até os dias de hoje.

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Desenvolvimento Econômico A Comunidade de Uruçu dedica-se basicamente à agricultura. Porém, também há pessoas que trabalham no comércio (formal e informal), enquanto outras estão empregadas nas repartições públicas (prefeitura). Assim, cada um, com o seu trabalho, contribui para a economia da comunidade, do Município e do Estado. Formas de Organização Associação Comunitária dos Amigos de Uruçu - Acau, fundada de 22 de outubro de 1991, porém sem funcionamento, pois só em 1996, no terceiro mandato é que começou funcionar com uma diretoria ativa, tendo como presidente o Sr. Antônio Augusto da Silva; secretária, Josedita Francisca da Silva; e tesoureira, Sra. Ana Maria Marques da Silva. Neste período, mais precisamente em 1997, grande parte da Comunidade de Uruçu e Serra do Catolé foi eletrificada através da ação desta entidade e o Banco Mundial, representado pelo Projeto Cooperar, como também a aquisição de um telefone público. Em 1998, a Acau serve mais ao poder público municipal do que à comunidade. Então na escola da nova diretoria alguns sócios resolvem mudar a presidência, mas o então presidente é novamente reeleito. Mesmo sendo minoria, os sócios revoltosos afastam-se da Associação e ela volta ao que era sem nenhuma atividade. Surgimento da ADCPRU e a Atuação do COEP A Comunidade cresce em nível populacional e sente a necessidade de organizar-se para buscar melhorias. E em 15 de abril de 2001 fundou-se a Associação Comunitária dos Produtores Ruraus de Uruçu, tendo como presidente a Sra. Ana Maria Marques da Silva; secretário, o jovem Jailson Augusto da Silva; e tesoureiro, o Sr. José Severino da Silva.

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São várias as ações realizadas por esta Associação na aquisição de benefícios para a Comunidade, desde o ano de 2002 até os nossos dias, como: dessalinizador e mata-burros na estrada que liga a comunidade à BR 230 pelo Pronaf Institucional (Banco Mundial); construção de 56 cisternas, sendo 46 com a ajuda da Pastoral do Migrante (Cáritas) e 10 pelo COEP; financiamento para agricultores através do Banco do Nordeste; aquisição de sementes e defensivos agrícola; e a inclusão digital a partir da parceria com o grupo COEP, através de seus parceiros como: Gesac e outros, bem como a capacitação de jovens para atuarem no telecentro comunitário. O COEP atua na Comunidade desde o ano de 2006, inicialmente com a produção do algodão, propondo aos agricultores a atividade agroecológica. Entretanto, a proposta não obteve êxito, visto que os produtores não deram credibilidade a tal sugestão. Levando em consideração as condições de cultivo, tais como: acesso a terra, práticas agrícolas naturais, sobretudo o curto prazo de uso da terra, entre outros. No entanto, a parceria entre o COEP e a Comunidade possibilitou o surgimento de ouras ações, que propiciaram o seu desenvolvimento, as quais são: Inclusão Digital (Telecentro Comunitário), Universidades Cidadãs (Educação Ambiental – Recuperação das Nascentes, Viveiro, Turismo Rural, Tratamento e Monitoramento de Resíduos Sólidos e Projeto Gerador), Biblioteca Rural ( Arca das Letras) e Cisternas (Convivência com o Semiárido).

Representada por:

Adriel Luís da Silva

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Assentamento Margarida Maria Alves, Juarez Távora/PB

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assentamento que deu origem à Comunidade de Margarida Maria Alves foi estabelecido em 1997. É composto atualmente por 48 famílias de agricultores e agricultoras e está localizada a 15 km da sede do Município de Juarez Távora na Paraíba, que dista, por sua vez, cerca de 50 km de Campina Grande. Os moradores estão organizados por meio da Associação dos Assentados Margarida Maria Alves I. Entre os principais produtos cultivados, além do algodão orgânico, estão a fava, o feijão, a mandioca e o milho. Na comunidade são criados caprinos, ovinos, suínos, aves e bovinos. Uma das marcas registradas da comunidade é o “Labirinto” tipo de bordado tradicional da região, realizado por várias mulheres do local. Foi a primeira comunidade parceira do COEP no “Programa Comunidades Semiárido” que instalou, no ano 2000, em conjunto com a Embrapa, Chesf, Finep, entre outros, uma miniusina de beneficiamento que processa o algodão colorido e orgânico produzido na localidade e em regiões vizinhas. Entre as atividades do Programa estão, além da usina, a implantação de sistemas de criação de ovinos, a instalação de um telecentro comunitário de informática, de cisterna coletiva e de barragens subterrâneas demonstrativas para a produção agrícola. Representada por:

Maria do Socorro Caetano dos Santos 73


Assentamento Queimadas, Remígio/PB

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Assentamento Queimadas está localizado no Município de Remígio/PB e surgiu nos anos 1998-2000 com a luta pela terra e conquista e ocupação da Fazenda Queimadas pelos agricultores. A área foi ocupada por 150 famílias e passou a se chamar Assentamento Oziel Pereira, em homenagem a um militante do MST (Movimento Sem Terra). Depois as famílias se dividiram e formaram dois assentamentos, já que 50 famílias preferiram o assentamento em modelo de agrovila: o Oziel Pereira que continuou,com 50 famílias e o Queimadas com as outras 100 famílias. O nome é originário da própria fazenda, que tinha esse nome porque era localizada próxima a uma comunidade, que hoje ainda existe, chamada Sítio Queimadas. Esta acredita-se que teve esse nome por conta do desmatamento e queima da vegetação existente antes de os moradores chegarem ao local. O Assentamento é dividido em 100 lotes de terras de 10 ha cada. Ocupados inicialmente por 100 famílias de agricultores, hoje já são cerca de 120 famílias. Além dos lotes dos agricultores, existem também áreas coletivas e de preservação. A produção agrícola da comunidade foi durante muito tempo principalmente o milho e feijão e a criação de animais, ovinos e bovinos. Hoje esses produtos ainda são a base da produção familiar, mas com grandes avanços. Com a parceria de algumas instituições a comunidade tem evoluído significativamente, em estrutura, produção agrícola, recursos, etc.

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Em 2003 foi criada a Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Queimadas, que hoje possui cerca de 150 associados. Os agricultores dispõem de alguns projetos comunitários, como algodão agroecológico, criação de ovinos e reprodutores itinerantes, telecentro, forrageiras itinerantes, poço artesiano, Comitê Mobilizador; conseguidos principalmente com a parceria do COEP. Os agricultores também têm acesso a vários tipos de créditos e políticas públicas e também de assessoria técnica. A comunidade não é só trabalho, as famílias têm atividades como os banhos de açude e cachoeiras que ficam no Rio Pirangi Mirim, que corta o assentamento; os jogos de futebol; a pesca nos açudes da comunidade, principalmente na semana santa; as canjicas e as fogueiras de São João e São Pedro; a Festa das Crianças no mês de outubro; as comidas de Natal e Final de Ano; etc.. Emfim, embora ainda existam muitas dificuldades, muitos projetos a serem conquistados e melhorias sociais; a comunidade vem evoluindo, se mobilizando e se organizando para que possa conseguir seus objetivos. Com uma nova diretoria a partir de 2012 e a participação de jovens e mulheres, a comunidade pretende conquistar projetos como a miniusina de beneficiamento de algodão, a barragem subterrânea, a criação de aves caipira, e também reforçar as parcerias existentes e buscar novos parceiros.

Representada por:

Janailson Santos de Almeida 75


Pedra Branca, Cumaru/PE

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Comunidade de Pedra Branca fica a 8 km da sede do Município Cumaru e 120 km da capital Recife. Passa diariamente pela Comunidade ônibus, desde a sede do Município, com destino à capital, passando por várias cidades do agreste e região metropolitana Pedra Branca surgiu com a emancipação política do nosso Município, pois para ele ser emancipado deveria ser dividido em comunidades. Nesse período houve as divisões das comunidades, resgatando a história de cada uma e dando um nome. Como na Comunidade de Pedra Branca, que tem uma pedra enorme que era chamada de pedra branca e dai surgiu o nome Sítio Pedra Branca. A mesma sempre teve tradição de forró e hoje temos o Trio Pedra Branca, a festa carnavalesca com o Bloco Bicho de Chifre e as tradicionais festas religiosas dos padroeiros São Joaquim e São João. Com a criação da Associação Centro de Assistência Social de Pedra Branca, a partir do ano de 1995 a Comunidade teve avanço, passou a lutar pelo seus diretos de forma organizada e hoje temos vários parceiros do Estado e Município atuando na nossa Comunidade - e temos o COEP fazendo parte da nossa Comunidade. A Associação é formada pelos moradores de Pedra Branca e Queimadas. As duas comunidade juntas têm o total de 113 famílias e 400 habitantes. A economia da nossa Comunidade é baseada na agricultura familiar, na criação de caprinos, avicultura, suínos, na pecuária, na costura e na construção civil . Representada por:

Augusto César Alves Borba

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Furnas, Surubim/PE

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Comunidade de Furnas está situada na zona rural de Surubim, no Estado de Pernambuco, e tem esse nome devido a uma história que data do final do séc. XIX, de que uma onça escondia-se numa “furna de pedra”, onde hoje está localizado o sítio. Com cerca de 140 famílias, a renda é baseada fundamentalmente na agricultura de subsistência, criação de pequenos animais, aposentadoria e bolsa família. As parcerias com o COEP, UFRPE, IPA, Celpe, BB e Rotary, viabilizam ações nos segmentos da agricultura, criação de caprinos e ovinos, artesanato e inclusão digital. Abaf A Associação Beneficente dos Agricultores de Furnas foi fundada em 31 de julho de 1997, e está situada no Sítio Furnas, Município de Surubim, Estado de PE. É uma sociedade civil sem fins lucrativos, com os seguintes objetivos: a) Fortalecer a organização econômica, social e política dos produtores rurais; b) Racionalizar as atividades econômicas, desenvolvendo formas de cooperação que ajudem na produção e comercialização; c) Garantir os direitos dos associados junto ao poder público, principalmente no atendimento das necessidades de educação, saúde, habitação, transporte e lazer; d) Contribuir para a organização de movimentos voltados para a preservação ambiental.

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A Abaf sempre buscou parcerias que fortalecessem e viabilizassem as ações voltadas para melhoria da qualidade de vida da comunidade. Da parceria com o COEP foi inaugurado em nossa comunidade, no ano de 2005, o Telecentro Miguel Arraes, com o grande objetivo de iniciar a tarefa de inclusão digital dos nossos jovens. Atividades desenvolvidas na Comunidade de Furnas: • Curso básico de inclusão digital (dmbiente Linux) • Acesso livre da Comunidade ao telecentro, 6 dias por semana, no horário da manhã e da tarde, para realização de pesquisa e trabalhos escolares, além do acesso às redes sociais. • Manutenção preventiva básica nos microcomputadores, realizada pelos monitores. • Apoio ao Grupo Renascer Artesanal, composto pelo grupo de mulheres que dedicam-se a confecção de artesanatos e trabalhos manuais. • Horta Comunitária, apoiada pelo IPA, com duas famílias cuidadoras e cuja produção e vendida para a comunidade por preços diferenciados e para as escolas da rede municipal. • Cultivo e beneficiamento o algodão. Representada por:

José Rildo Arruda da Silva

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Ezequiel Felipe Correia Reis


Cacimba, Anísio de Abreu/PI Representada por:

Kívia Souza Ribeiro

Baixa do Morro, Fartura do Piauí/PI Representada por:

Rafael Ribeiro Cavalcanti

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Boa Vista, Jurema/PI

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comunidade Boa Vista localiza-se no Município de Jurema, no sudoeste do Estado do Piauí, fica a 11 km da sede do Município e faz parte do corredor ecológico da Serra da Capivara (SRN) e Serra das Confusões (Caracol). O povoado surgiu entre os anos de 1930 e 1935, com migração de famílias que aqui encontraram terras férteis. As famílias viviam da criação de animais e da agricultura familiar, com cultivo de milho, feijão, arroz, mandioca, cana de açúcar e mamona. Alguns moradores ficaram conhecidos como senhores do engenho, como o senhor Egídio Ribeiro, que em meados do ano de 1940 começou a abrir as estradas que hoje dão acesso a outros povoados. Segundo antigos moradores, antes mesmo da chegada dessas famílias, já existiam outras civilizações (existem vestígios do Homem Americano com desenhos rupestres) O povoado, por ter uma área de grande extensão, rodeada de serras, e ter uma caatinga diferenciada, com arvores de grande porte, deu origem ao nome de Boa Vista. Além da riqueza em terra férteis, o povoado tinha uma cultura bastante diversificada, com pratica do bumba-meio-boi, Roda de São-Gonçalo, pau de cebo, caretagem, quadrilhas, roda de capoeira e Pomba. O catolicismo era prenominante. Por volta do ano de 1950, começou a exploração por água subterrânea. Várias escavações foram feitas e os moradores descobriram que, além de uma terra fértil, existia ali um grande lençol de água potável. A água destes poços era usada no período de estiagem e no período de chuva todos poços era tampados para evitar a entrada de enchorrada. No dia 7 de maio de 1956 um episodio triste marcaria um dia para ser lembrado no calendário do Município. Nesta data Rogério Dias Nunes, Martinho Gomes Dias, Juvêncio Bispo Pereira e Raimundo Cavalcante da Costa faziam a remoção do lacre de um destes poços para fazer limpeza, mas não imaginavam que, por causa do tempo que poço ficou sem ventilação, armazenaria um gás (carbônico). Todos que, por ventura, se aproximassem seriam sugados para dentro do poço e, assim, ocorrerram quatro mortes, que até os dias de hoje são lembradas em memoria.

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No período do século XX, o povoado pertenceu a dois municípios, Caracol e Anísio de Abreu. Neste período já existia um número aproximado de 30 famílias, já mudando o estilo de vida do povoado. No ano de 1996 o povoado Jurema se emancipou da cidade e o povoado Boa Vista passou a pertencer ao Município de Jurema. Em 1997 formou-se a Associação dos Moradores do Povoado Boa Vista I e, com Associação, o povoado passou se associar a projetos sociais, que antes não conseguia por falta de formação do associativismo. Nos anos de 1997 e 1998, o povoado recebeu seus primeiros projetos pelo PCPR (Programa de Combate à Pobreza Rural): eletricidade, trator agrícola, cisternas e linha de crédito. No ano de 2001 o povoado recebeu o projeto de mamona, parceria com a Embrapa. No primeiro ano de plantio, o projeto foi abortado por falta de mercado com preço justo. Mas em 2005 a Embrapa novamente veio a estimular o povoado a plantar mamona, alegando que nossas terras eram férteis para cultivo. Em uma das visitas do representante da Embrapa, o povoado recebeu também a visita da Instituição COEP, que até então era desconhecida. No mesmo ano de 2005, seis pessoas do povoado foram fazer capacitações de agentes comunitários, formando-se a parceria com o COEP, pela qual foi instalado um telecentro comunitário, mudando a realidade do povoado que hoje é conhecido como Comunidade Boa Vista. A parceria com Coep nos mostrou que poderíamos buscar e desenvolver novos projetos, como a canalização da água em toda Comunidade, e, a partir do ano de 2007, novas parcerias foram consolidadas. Hoje, no ano 2012, a Comunidade, com 115 famílias, é exemplo em desenvolvimento, mantendo parte de sua cultura, sem fugir de sua raiz, e fazendo tudo com conhecimento das práticas e das tecnologias, inovando o cultivo da agricultura familiar e buscando sempre o caminho do conhecimento para um futuro melhor. Representada por:

Flaviana de Jesus Sousa 81


Solidão, São Braz do Piauí/PI

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Comunidade era uma fazenda desde o ano de 1840. Em 1953 o Senhor Moisés Bartolomeu de Carvalho “Marico”, (residente até hoje na Comunidade) chegou com sua família à essas terras vindo de outra comunidade e por ser um lugar escondido, longe da população, deu o nome de Solidão para a Comunidade, que até hoje é conhecida por esse nome. A Comunidade está localizada no Município de São Braz do Piauí/PI, a aproximadamente 8 km da sede. Na Comunidade moram 42 famílias, que vivem da agricultura familiar. Desde a primeira família já existia a cultura de fabricar doces e pães caseiros, que foi passando de geração para geração. No ano de 1996, os moradores da Comunidade resolveram criar uma Associação Comunitária para tentar melhorar o desenvolvimento comunitário e conseguir projetos através de algumas parcerias. Conseguimos apenas um projeto de cisternas, através do PCPR, e um de energia elétrica, que não foi concluído. Mas no ano de 2005 a nossa Associação recebeu apoio do COEP, que, em primeiro lugar, uniu ainda mais a Comunidade e logo resgatou o projeto de energia elétrica, trazendo depois vários projetos como: caprinocultura completo com forrageira, aprisco, assistência técnica, minifábrica de doces, telecentro e Arca das Letras. E através de outros órgãos públicos conseguimos cisternas, calçadão e equipamentos para o poço artesiano. Hoje a Comunidade se encontra mais organizada, motivada e decidida a buscar cada vez mais apoio e parcerias. Representada por:

Arailson da Costa Paes Landim

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Quixó, São Raimundo Nonato/PI Representada por:

Vinícius Ribeiro Américo Paes

Pão de Açúcar, Várzea Branca/PI

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história da Comunidade Pão de Açúcar Várzea Branca/PI tem início com o o povoamento em 1940, com a chegada de duas famílias que tinham recém comprado toda a área. Essas famílias deram origem a todas as 112 famílias que habitam a Comunidade hoje, com a união de pessoas derivadas das famílias, através de casamentos, com moradores de outros locais que foram atraídos para a Comunidade. O nome Pão de Açúcar é devido à similaridade de um morro da Comunidade com o existente no Rio de Janeiro. As pessoas que viajaram para trabalhar no Rio de Janeiro trouxeram a ideia para a nomeação da Comunidade, que até era chamado de Monte Alto por causa do morro. E as duas famílias que povoaram essa região começaram a explorá-la e começou assim o desenvolvimento local, a exploração da vegetação para

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plantações de subsistência, predominando a cultura de Feijão, Milho e Mandioca. Mas durante esses 62 anos nunca tinha se desenvolvido tanto quanto nesses últimos cinco anos. Uma historia de sucesso de uma localidade que se tornou uma Comunidade. Graças à criação da ADCLPA (Associação de Desenvolvimento Comunitário da Localidade Pão de Açúcar) em 1999, tendo como seu principal objetivo conseguir energia elétrica para a localidade e melhorar as condições de vida dos habitantes. A energia elétrica foi conseguida em 2003, o que foi um marco para a localidade, uma das primeiras do Município a ter energia elétrica. Mas isto só era o começo da transformação que estava por vir e que mudaria a Comunidade completamente. A chegada do COEP Nacional tornou a localidade o centro da atenção e fez surgir o grito em conjunto por melhorias na Comunidade, com protestos por melhorias na qualidade de vida. Foi o inicio dos trabalhos coletivos. Coletividade que veio aproximar as pessoas umas das outras e criar um relacionamento direto e com objetivos claros, conseguir melhorias para a Comunidade, que propiciem melhoria na qualidade de vida das pessoas . Comunidade esta que, com a chegada do COEP, se tornaria um local totalmente diferente. “O cidadão que se mobiliza por causas de interesse social e comunitário, cria laços de solidariedade que torna a sociedade mais unida”. Os resultados das mudança apareceram logo, as pessoas começaram a agir de modo diferente, pensando mais no coletivo do que em si mesmas, já que os agentes sempre estão incentivando a criação de laços entre elas, que juntas são mais fortes para ir em busca de melhorias. Com isso, as pessoas não esperaram mais as coisas e sim passaram a fazer com que elas aconteçam. Houve uma renovação da Associação, com uma equipe que contava com alguns novatos, inclusive na presidência, e em vários outros cargos, que teve dedicação total. E moradores foram aprovados em vestibulares, fato que antes parecia impossível para filhos de agricultores familiares.

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Com a chegada do COEP Nacional na Comunidade, houve a implantação de vários projetos, que beneficiaram a população e melhoraram a qualidade de vida de todos: viveiro de mudas que beneficiou 10 famílias, que produzem mudas para arborizar a comunidade e vender; projeto caprinovinocultura, que no instante inicial beneficiou 12 famílias carentes da comunidade com três matrizes de ovelha, que a partir desse momento começaram a criar ovinos, e hoje já foram feitos vários repasses beneficiando mais 6 famílias. Atualmente a criação de ovinos é a segunda maior geração de renda da Comunidade, sendo a primeiro a apicultura. O Comitê Mobilizador é uma grande força para que as coisas aconteçam na Comunidade: desde reuniões, eventos e outras ações coletivas. E o mais fantástico de todos, o ponto de referencia da Comunidade, o telecentro comunitário (migre.me/1U49O), que revolucionou tudo e todos, fazendo a Comunidade mudar, as vidas mudaram a rotina das pessoas mudarem, e começou um novo capitulo da história da Comunidade. Que beneficiou também as comunidades vizinhas, que estão usufruindo da melhor forma possível. Tornando-o um centro comunitário que esta sendo um local de encontro e de aprendizado para todos. Hoje na Comunidade a modernidade está presente em toda parte. Com todos estes benefícios a Comunidade tornou-se um lugar “saudável” pra viver. Mas isso não é o bastante, pois ainda há muito para melhorar, tendo a coletividade como a palavra-chave para todo esse desenvolvimento. Há muita esperança e confiança no futuro, na construção de uma comunidade limpa, organizada e que possibilite que os nossos moradores tenham oportunidades de crescimento e de viver bem. Pois é um local que tem muito a crescer, muito potencial a ser explorado, visando o seu desenvolvimento e sendo represetado diariamente por um estimulo permanente para que a coletividade seja protagonista das ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida local. Representada por:

Geovani Brito da Costa

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Assentamento Modelo I, João Câmara/RN

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Assentamento Modelo I está situado na zona rural, a 30 km do centro do Município de João Câmara, no Estado do Rio Grande do Norte.

A comunidade surgiu no ano de 1994, quando 600 famílias de agricultores rurais montaram suas barracas e ocuparam as terras pertencentes à Fazenda Modelo, na busca por reforma agrária, na luta pela conquista por um pedaço de chão, liderados pelos militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). A fazenda ocupava uma área de terra com 7.596 ha, desta 4.596 foi desapropriada para os agricultores. Em 1995, das 600 famílias que ocuparam a terra, apenas 152 foram cadastradas. Após o cadastramento, essas famílias construíram suas casas de taipa (pau-a-pique) e os traços de comunidade começaram a surgir. No ano de 1996, quando veio o projeto para a construção das casas de alvenaria, houve um desejo de alguns moradores de saírem dos arredores da sede da Fazenda para construírem suas casas próximo à RN 120, rodovia que liga João Câmara à São Bento do Norte, já que o assentamento estava a 8 km da rodovia. Assim se deu a divisão das famílias, formando os dois assentamentos. Estes continuaram com o mesmo nome da fazenda ocupada (Fazenda Modelo), mudando apenas para Assentamento Modelo I e II. Das famílias cadastradas, 70 preferiram ficar junto a sede da fazenda (Modelo I), enquanto 82 se mudaram para as proximidades da rodovia (Modelo II). Por isso é comum pessoas se confundirem entre os dois assentamentos, já que o II é o primeiro em distância da cidade.

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Na época, o modelo de divisão das famílias era em forma de agrovilas e, assim sendo, este é o modelo de nossa comunidade. Já a terra foi dividida em lotes com 25 ha cada. A casa que era a sede da fazenda, passou a ser a sede da associação dos agricultores da comunidade. Depois, por falta de um prédio escolar, esta passou a comportar o ensino das crianças da população, e até hoje essa casa, junto com o armazém comunitário, estão destinados para fins educacionais. Em uma das salas funciona o nosso telecentro comunitário, adquirido pelo COEP (Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida), nosso grande parceiro na busca por melhorias e pelo desenvolvimento na qualidade de vida da população. A produção agrícola da comunidade é destacada principalmente no cultivo do milho e do feijão. Já na criação há uma boa predominância de gado bovino, ovino e equino. Temos um solo muito bom e fértil, porém nossa maior dificuldade esta na água, já que nossa região é seca durante um período do ano e não há reservatórios, pois o solo não segura a água por muito tempo. Água nós temos, e muita, no sub-solo, mas fatam recursos para trazê-la para o solo e desenvolver uma agricultura no sistema de irrigação. São poucos os projetos que vêm sendo desenvolvido na comunidade. O que se encontra em destaque hoje é a criação de tilápia em viveiro, que vem dando um suporte para as cinco famílias que estão com este projeto, que foi trazido pela Arco (Agência Regional de Comercialização do Mato Grande), sendo monitorado e acompanhado pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Temos ainda os projetos Pais, Mulheres Mil, que vem trazendo estudo escolar e profissionalizantes para as mulheres da comunidade. Além destes projetos, podemos destacar alguns outros trabalhos que são realizados por alguns moradores, como criação de abelha no lote, criação de peixe em tanque na agrovila, pequenas criações de animais como galinha e porco, cultivo de hortaliças. No social destacamos muito a implantação do nosso telecentro, que esta contribuindo significativamente no desenvolvimento das

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atividades educacionais, assim como na inclusão digital de membros da comunidade. A formação do Comitê Mobilizador, que vem despertando o interesse de pessoas na busca por melhoria na qualidade de vida da população. A este ponto é de muita importância a colaboração do nosso grande parceiro que é o COEP, pois foi através deste que hoje esta sendo possível realizar este trabalho e contar um pouco da nossa história, resgatando nossas raízes. Além de desenvolver o social, o COEP também vem dando acompanhamento técnico aos agricultores e criadores da nossa comunidade. Na cultura e no lazer, temos o time de futebol de campo, que sempre traz diversão para a comunidade. Para esses fins, a escola é de grande somatória para a realização de eventos que vêm proporcionando o resgate e a preservação das culturas esquecidas. Podemos destacar: as festividades juninas, o aniversário do Assentamento no dia 24 de agosto, o folclore, Dia das Crianças e Natal, onde diferentes tipos de atividades são realizadas. Também são promovidas pela escola comemorações do Dia das Mães e dos Pais. É isso aí, por ainda termos muitos desafios para superar, muitas conquistas para buscar, com o objetivo de levar para toda a população uma qualidade de vida melhor e garantir um futuro onde todos possam usufruir seus direito de cidadãos, é que buscamos cada vez mais estar interagindo com outras comunidades e buscando novos parceiros que venham somar para o desenvolvimento e o progresso de nossa comunidade.

Representada por:

Maria de Fátima da Conceição Pereira

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Araça II, Vera Cruz/RN

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Comunidade de Araçá II está localizada no Município de Vera Cruz/RN, a aproximadamente 40 km da capital Natal. A mesma recebeu este nome por existir em abundância a fruta araçá - uma frutinha muito parecida com goiaba. Uma das nossas maiores riquezas é a água doce. A Comunidade fica localizada em um aquífero onde a água é superficial, basta cavar um poço e logo a água jorra doce e potável. No entanto, esta riqueza está sendo ameaçada por contaminação de agrotóxico, veneno usado pelos produtores agrícolas. Cada dia o veneno é utilizado em maior quantidade e variedade, contaminando o solo e a água que é usada pela população. Com isso, aumenta o risco de doenças como o câncer. Araçá II, é uma comunidade pequena, com aproximadamente 140 famílias, e a principal fonte de renda é a agricultura e a criação de ovino, entre outros animais. Após a chegada do COEP na Comunidade, através do Professor Deusimar Brasil da UFRN, em 2009, iniciou o processo de

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organização social e educacional, onde a Comunidade passou a se organizar. Daí por diante tivemos muitas conquistas, como o cinema através do Cine Mais Cultura, a Arca das Letras, o telecentro, um quarto forrageira, o projeto de ovinocultura, uma pequena sede para a Associação – AMAII, e um terreno para construção de uma sede ampla. Portanto, é notável a evolução. Contudo, ainda temos muitos obstáculos a serem vencidos, a começar pela mudança de mentalidade da população, fazendo com que perceba que uma comunidade unida e organizada tem força para conseguir o que deseja; a necessidade de parceiros para construção de uma nova sede e de muito mais pessoas no quadro de sócio, dando as mais diversas contribuições; e o aumento dos computadores no telecentro, que hoje não dá conta da demanda. Representada por:

Luzimar da Cruz Azevedo

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Assentamento José Rodrigues Sobrinho, Nova Cruz/ RN

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Assentamento de Reforma Agrária José Rodrigues Sobrinho surgiu do sonho de liberdade de trabalhadores rurais das redondezas da Cidade de Nova Cruz/RN. Estes, explorados por latifundiários, viveram grande parte de suas vidas subjugadas pelos mesmos, dando grande parte de sua produção e seu suor em troca do cultivo da terra para com grande esforço alimentar sua família. “Eram estes braços que fazia o Brasil crescer, mas parecia que este Brasil não olhava para eles!”

As primeiras ideias sobre desapropriação de terras surgem em 1998 em uma reunião no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Cruz/RN, realizada pelo então presidente Damião Gomes e o convidado José Ferreira de Lima, na ocasião presidente da Federação. Ferreira, como é chamado pelos agricultores, explicou-lhes que a desapropriação é um direito legal, desde que a fazenda em questão estivesse improdutiva. Contudo, os agricultores deveriam está unidos, deveriam desenvolver reuniões e metas, conhecer os próprios direitos e os riscos que corriam, pois só assim conseguiria alcançar o grande objetivo, o direito de cultivar a terra. Esta primeira reunião rendeu bons frutos. O Sr. Pedro Rodrigues de Souza, um agricultor simples de uma honestidade ímpar e com sede por justiça, cansado da exploração sofrida pelos latifundiários e também impelido por seus irmão envolvidos em movimentos de reforma agrária desde 1996 no Centro-oeste do País, decidiu reunir amigos na mesma situação e lutar pela desapropriação da Fazenda Genipapo – Conceição/RN. Esta estava improdutiva, a pesar de “aparentemente” apresentar solo fértil e grandes reservatórios de água, como muitas lagoas e açudes. O Sr. Pedro decide conversar com seus colegas e agitá-los com suas ideias. pede um espaço no programa a voz do trabalhador do STR e convida todos os agricultores em situações semelhantes, com coragem e fé, para mudarem suas vidas, lutando por melhoras, pois parece que só assim elas viriam! No mesmo espaço, ele marca uma reunião em prol da causa, que aconteceu em 27 de março de 1998, no Sítio Trigueiro – Nova Cruz /RR, em sua casa. Lá compareceram 44 agricultores, que, cansados da submissão aos fazendeiros, decidiram aceitar o convite e lutar 91


por melhores condições de vida. Compareceram também à reunião o presidente do STR, o Sr. Damião Gomes da Silva, e o presidente da Fetarn, o Sr. Ferreira de lima. A luta iniciava-se! Na segunda-feira seguinte à reunião, o Sr. Damião e o Sr. Pedro Rodrigues vão ao Incra, levam a relação com todos as 44 assinaturas e o pedido de desapropriação da fazenda é feito. O primeiro passo era dado! Era um momento de incertezas, medo, mas também de sonhos e fé. A união devia ser o pilar mais forte entre todos, pois só assim seriam fortes para enfrentar as “tempestades” futuras. As reuniões na casa do Sr. Pedro tornam-se frequentes. Os agricultores estão animados e dentre eles alguns se destacam por seu senso de liderança. São eles o Sr. João Moura, o Sr. Luís de Oliveira, o Sr. José e o Sr. Pedro Rodrigues, formando o grupo que lidera os demais, buscando informações para os demais, participando de reuniões na Fetarn, no STR. Uma destas participações ocorreu no Grito da Terra Brasil. Viajando para reivindicar seus direitos e pedindo para agilizar o processo de desapropriação da terra. Em meados de setembro de 1998, os agricultores, cansados de esperar uma resposta do Incra, decidem acampar ao lado da rodovia que liga a Cidade de Montanhas à Cidade de Nova Cruz, no intuito de pressionar as autoridades competentes. O acampamento é, então, situado em frente a uma das entradas da Fazenda Genipapo. Em união, constroem barracas de lona e levam suas famílias para lá. É uma época de poucos feijões, mas de grande partilha. As crianças correm entre os barracos, presenciam as reuniões e observam as discussões do grupo, passando a frequentar as escolas das comunidades próximas. As mulheres coziam os poucos alimentos e buscam lenha. Os homens reversam-se nas vigias a noite e reúnem-se durante o dia, buscam lenha e até cozinham quando preciso. Representada por:

Maria Paula da Silva de Sousa 92


Cuiabá, Canindé do São Francisco/SE

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o final do século XIX (anos de 1800), as terras de Canindé de São Francisco encontravam-se dentro de quatro fazendas (Cuiabá, Brejo, Caiçara e Oroco), propriedades de um capitão denominado Luíz da Silva Tavares. Por volta desse periodo um coronel as transforma em uma unica fazenda, que foi denominada de Canindé. Estima-se que os povoados Cuiabá , Brejo, Caiçara e Oroco de Canindé de São Francisco foram denominadas assim em consideração às fazendas. O povoado e assentamento Cuiabá foi uma luta da população para conseguir terra onde morarem, onde foi batalhado, mas foi conquistado, junto com o MST e o Incra. Nossa comunidade tem hoje uma escola de ensino fundamental completo, um posto de saúde batalhado pela comunidade, uma capela católica, duas igrejas protestantes, uma quadra de esporte, um telecentro comunitário, entre outros. Mas também não deixando de falar de nossas formas de sobrevivênciaque, que são : a criação de ovinos e caprinos; a criação de aves, como galinhas; hortas; plantação de milho, feijão e palma; comercialização de alimentos; etc. Enfim, nossa comunidade se resume em batalha, tecnologia, religiosidade, cultura e conquista.

Representada por:

Vanilza da conceição Oliveira 93


Assentamento José Ribamar, Nossa Senhora da Glória/SE

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ocalizada na Cidade de Nossa Senhora da Glória, interior de Sergipe, a Comunidade José Ribamar hoje possui cerca de 60 famílias e tem sua economia baseada na venda de leite bovino, criação de animais de pequeno porte e agricultura de subsistência no plantio de milho, feijão e palma forrageira. Temos uma capela onde são realizadas missas mensais, um telecentro, uma escola, uma sede da associação, e um grupo de mobilizadores com sede de mais melhoria para a Comunidade. Tudo começou com um grupo de mais ou menos 200 famílias de sem terras do MST (Movimento Sem Terra), que, em meados de abril de 2001, iniciaram o movimento, ocupando a região que até então era conhecida como F. Socorro (terras do sr. Americo Alves), que eram improdutivas. Ficaram acampados aproximadamente três à quatro anos, até que as famílias conquistaram a terra. Como as terras não eram tão férteis e chove pouco na região, tinha que ser no mínimo 50 tarefas para cada família e ainda tinha que ficar a área florestal. As terras não deram para todas as famílias e, dessas 200 famílias, só pegaram terra 32 e o restante ocupou outras propriedades improdutivas da região. Das 32 famílias que receberam terra, cada uma ficou com 58 tarefas e mais duas no fundo das suas casas. Mas nem tudo era bom, as estradas que davam acesso à Comunidade eram muito ruins e não tinha carro público, para levar os alunos para a escola, que viesse até a comunidade e nem escola na Comunidade. Então os alunos que estudavam da primeira à quarta série tinham que se deslocar aproximadamente quatro km até a escola mais próxima, no povoado vizinho de Morro do Pato. E quem estudava a partir da quinta série tinha que se deslocar os mesmos

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quatro km para pegar o ônibus escolar que levava para a sede do Município de Nossa Senhora da Glória. Depois de muitas reivindicações, consertaram as estradas que dão acesso à Comunidade e montaram uma escola na Sede da fazenda, enquanto que não constroem a escola. Hoje o ônibus vem buscar e deixar os alunos na Comunidade. E para acabar de melhorar, tivemos o prazer e a sorte de conhecermos o COEP, que trouxe para a nossa comunidade muitas coisas boas, como o telecentro comunitário, o projeto animais, equipamentos para fazermos a horta comunitária, criação do Comitê Mobilizador, projetos estes que trouxeram desenvolvimento e organização para a Comunidade. Por isso temos orgulho de dizer que moramos na Comunidade José Ribamar, pois tudo o que temos de bom em nossa comunidade, desde a conquista d a terra até a construção do telecentro, foi tudo conquistado através de luta e das reivindicações de nossos direitos.

Representada por:

José Inácio de Santana Aragão

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Apresentações Culturais

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presentações culturais de membros das comunidades que participaram do Fórum, feitas durante a visita ao Assentamento Margarida Maria Alves.

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Ronildo e Arailson são jovens das comnidades de Espinheiros/PB e Solidão/ PI, que participaram do Fórum e também mostraram seus talentos para a música Dona Sivu, da Comunidade de Pedar de Santo Antônio/ PB, fez uma apresentação de versos populares.

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Ciranda da Margarida

Ciranda apresentada pelas mulheres do Assentamento Maria Alves, cuja letra conta a história de Margarida Maria Alves, sindicalista que lutou pelos direitos dos trabalhadores rurais na Paraíba. Ê MARGARIDA,MARGARIDA Ê! TUA VIDA CORAJOSA NOS ENSINA A VIVER (bis) 1-Das Margaridas Nascidas ao pé da serra Uma ficou sempre viva Na lembrança desta terra. De flor do campo. Ela virou flor-mulher, No brejo paraibano Plantou luta, sangue e fé. 2-Flor Margarida Aprendeu que da semente Nasce o pão de cada dia Na vida da sua gente, mas a semente necessita ser plantada e sem terra sua gente será sempre escravizada. 3-queremos terra pois a terra é nossa vida e a vida é Dom de Deus assim pensou Margarida. Entrou na luta camponesa e ccompanheira nas fileiras do seu povo ela foi porta-bandeira.

4-O opressor ria dela sem temer quem já viu mulher sem nome enfrentar nosso poder? Um belo dia teve uma assombração; Margarida era cem, era mil, era Milhão. 5-Os oprimidos tinham agora liderança pra lutar dentro da lei contra a força da arrogância Mas quando a lei favorece o opressor A força da Margarida vai mostrando o seu valor. 6-O opressor ficou todo atacado: “contra mulher deste tipo vou ter que lutar armado” E logo logo contratou um pistoleiro que pra enfrentar o povoele é frouxo e traiçoeiro

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7-Mas Margarida não mudou sua bandeira. Não calou sua coragem nem largou sua bandeira Com sangue vivo ela assinou o seu nome: “Prefiro morrer lutando” A ter que morre de fome. 8-Ela tombou mas o assassino atroz não matou a sua luta. Nem calou a sua voz. Eles pensaram: “Nós matamos Margarida”. Mas estavam enganados foi ela que deu a vida. 9-O sangue dela na terra virou semente, fez de cada irmão de luta Margarida novamente. E para o céu. Ela voou como as aves. Roga a Deus teu povo, Santa Margarida Alves.


A

Ciranda é uma dança coletiva, sem preconceito quanto ao sexo, cor, idade, condição social ou econômica dos participantes, assim como não há limite para o número de pessoas que dela podem participar.

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Programa Comunidades Semiárido

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omposto por uma série de projetos específicos, o Programa atua em comunidades de baixa renda situadas em sete estados da porção semiárida do nordeste brasileiro: AL, SE, CE, RN, PI, PE e PB. Considera cinco eixos principais de atuação: “Organização Comunitária”, “Convivência com o Semiárido”, “Educação e Cidadania”, “Geração de Trabalho e Renda”, e “Meio Ambiente e Mudanças climáticas”. Teve início com o trabalho pela retomada da produção algodoeira por agricultores familiares da Paraíba. A cultura do algodão, anteriormente central nas pequenas propriedades desse estado, e em grande parte do nordeste, vinha sofrendo um declínio, abalada por dificuldades climáticas e pela abertura da economia às importações, que trouxe como conseqüência uma preferência da industria têxtil ao produto importado. Os preços relativos praticados no mercado internacional, face aos longos prazos de pagamento e a redução das alíquotas de exportação desencadearam uma grande vulnerabilidade do pequeno agricultor. O golpe final viria com o surgimento do “bicudo”, uma praga com grande potencial de destruição. Preocupados com o agravamento da situação de pobreza e com a pressão pela migração de milhões de agricultores aos grandes centros urbanos, o COEP em conjunto

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com a Embrapa desenhou, em 1999, um projeto que criava condições de produção agrícola sob um novo modelo, utilizando tecnologias já disponíveis para convivência com as pragas, para a obtenção de um produto de qualidade competitiva e inseria novas etapas da cadeia produtiva, de forma a agregar valor à produção. Surgiu, então, o Projeto Algodão – Tecnologia e Cidadania que transferiu tecnologias adequadas de produção, implementou mini-usinas de beneficiamento permitindo a venda do algodão em fardos de pluma e não mais em estado bruto, e buscou organizar os agricultores para o trabalho cooperativo. Um primeiro piloto realizado na comunidade Margarida Maria Alves em Juarez TávoraPB demonstrou o grande potencial da ação. A partir dos animadores resultados dessa experiência, viabilizou-se a reaplicação do modelo em outros 5 pontos do nordeste, nos estados da PB, CE, RN, AL e PE. Estava clara a importância do fortalecimento de atividades geradoras de renda para o estabelecimento de um processo de desenvolvimento comunitário mais amplo. A atividade, além de sua finalidade primeira, serviu como tema gerador para se trabalhar outras questões importantes como a organização comunitária, o trabalho cooperativo, a articulação para acesso a políticas públicas. Em resumo, para a articulação dos fatores necessários ao desenvolvimento social e humano nas comunidades. Novos projetos surgiram e questões como a convivência com o semiárido, o acesso a políticas públicas, a organização comunitária, o fortalecimento de lideranças e a inclusão digital passaram a ter maior centralidade. Foram implementados, desde então, 6 miniusinas de beneficiamento de algodão, construídas 194 cisternas, instalados 13 viveiros de mudas, 11 barragens subterrâneas demonstrativas, 33 projetos geradores de renda, 25 mini bibliotecas e realizadas mais de 2000 capacitações presenciais e on-line, registrando mais de 21 mil participações. 620 lotes de caprinos e ovinos com 3 ou 6 animais foram entregues a famílias participantes do Programa, integrando um sistema de fundo rotativo solidário em que os beneficiários reproduziam os rebanhos repassando

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novos lotes de matrizes geneticamente melhoradas a novas famílias, num ciclo de crescimento que beneficiou milhares de criadores. Em 2004, a partir de uma parceria com o Programa Gesac do Ministério das Comunicações, foi iniciado um processo de inclusão digital com a instalação de 47 telecentros conectados à Internet. A transferência de tecnologias, a implantação de elementos estruturantes que permitiram a retomada da produção, a reserva de água, o melhoramento e ampliação dos rebanhos de caprinos e ovinos, assim como os demais itens que compuseram os projetos, sem dúvida, tiveram papel importante no processo de organização e desenvolvimento das comunidades. Além disso, as atividades de mobilização comunitária que rodearam a implantação das tecnologias foram fundamentais. Apenas disponibilizar equipamentos e recursos não seria suficiente para desencadear o progresso dessas comunidades. O fortalecimento de lideranças, a organização para a gestão de bens coletivos, o constante acompanhamento e a criação de espaços de reflexão e planejamento representaram a “argamassa” que uniu os elementos presentes e possibilitou estruturar toda a ação. De maneira geral, as tecnologias disponibilizadas demandaram a organização dos grupos envolvidos para a criação de estratégias de gestão coletiva. As miniusinas, os telecentros, os viveiros de mudas, assim como a grande maioria das ações executadas consideraram não o benefício individual, mas o coletivo. De maneira estratégica, são os bens comuns que provocam um exercício de associativismo e de cooperação. São diversos os grupos presentes em uma comunidade. Homens, mulheres e jovens muitas vezes têm focos de interesse diversos. Por tradição ou pelas características das relações de poder tendem a focar-se em uma ou outra atividade, ou mesmo, em alguns casos, envolverem-se menos do que desejariam. Para aumentar a participação de jovens e mulheres e democratizar as decisões sobre os ativos e sua gestão a estratégia utilizada foi a criação de grupos de trabalho no âmbito das associações comunitárias envolvendo representantes de todas as faixas de público comunitário. Os “Comitês Mobilizadores”, como foram denominados, funcionam como um ambiente de reflexão, planejamento e decisão sobre os equipamentos coletivos e o rumo das atividades propostas.

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Os membros desses comitês representam a comunidade em fóruns realizados regularmente reunindo participantes de todas associações envolvidas no Programa. Esses eventos funcionam como momentos de avaliação de atividades, de planejamento de ações, de reflexão sobre os rumos do desenvolvimento de cada comunidade e ainda como oportunidade para a realização de capacitação de líderes multiplicadores. Atualmente há uma diversidade considerável de linhas de ação no Programa, sendo a geração de trabalho e renda o vetor inicial do processo. O desenvolvimento de atividades de forma participativa, seu amadurecimento e sucesso contribuem para o estabelecimento de laços de confiança com as comunidades, elevam sua autoestima e criam um clima de otimismo que permite que novas etapas sejam estruturadas com protagonismo dos atores locais. Apenas com a participação ativa das comunidades é possível viabilizar um processo realmente eficaz de desenvolvimento. Toda essa construção coletiva propicia, ainda, o surgimento de uma rede solidária de geração de conhecimento e promotora do desenvolvimento entre as comunidades participantes. Para facilitar a comunicação entre as diferentes comunidades e aprofundar os laços estabelecidos entre elas nos fóruns presenciais foram instalados os telecentros. Isso fortalece o grupo e permite o estabelecimento de uma rede de relações potencializadora de processos de cooperação e aprendizado, e da criação de uma “rede de comunidades” catalisadora do desenvolvimento comunitário. A constituição de uma rede de comunidades tornou-se um dos itens metodológicos de maior centralidade pois permite a organização de grupos de interesse maiores, mais organizados e fortalecidos. ​ troca de informações na rede facilita a A solução de questões comuns, potencializa o fortalecimento das capacidades comunitárias e o poder de liderança, sobretudo entre os mais jovens. Não raro e não por acaso, os telecentros tornaram-se pontos de encontro da comunidade, locais de reuniões e muitas vezes a sede da associação comunitária.

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O Programa estabelece, na realidade, um processo de “incubação” da organização comunitária baseado no protagonismo das lideranças locais, até o ponto em que os grupos fortaleçam sua capacidade de gestão de seu processo de desenvolvimento. Trata-se de um processo não somente de fortalecimento de capacidades, de estruturação local, mas que permite um crescimento em autoconfiança dos comunitários a partir da percepção das mudanças reais, do desenvolvimento de um senso de identidade comum e de confiança mútua. O COEP gerencia o Programa não como um “projeto” com ciclo predeterminado, cronograma e objetivos, mas como um processo, um compromisso ampliado e uma conversação com um número crescente de comunidades. O Programa tem sido adaptado para se adequar às experiências e as exigências das comunidades, incorporando o que os participantes aprendem ao longo do caminho. Inovações importantes tem sido incorporadas especialmente os comitês mobilizadores e as equipes de campo de agentes de desenvolvimento que acompanham as atividades cotidianas e apoiam as comunidades em sua jornada. Essa forma de condução tem contribuído de forma significativa para as conquistas das comunidades. ​ lguns dos avanços podem ser constatados pelo A aumento significativo do número de jovens que todos os anos, utilizando os telecentros como local de estudo, ingressam em universidades públicas, pelo aumento de renda obtido pelos criadores a partir do crescimento dos rebanhos de ovinos e caprinos, pela exportação de algodão colorido que gera renda em comunidades da Paraíba, pelo surgimento de empreendimentos coletivos como pequenas fábricas de doces, de tecidos e roupas, pela ampliação do número de membros das associações comunitárias, pelo crescente envolvimento dos jovens e das mulheres nas instâncias de discussão e decisão comunitária.

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Novas linhas de trabalho do Programa Comunidade Semiárido: Fortalecimento da Rede de Jovens Inclui uma série de ações para o fortalecimento da liderança jovem nas comunidades e de sua atuação em rede para o desenvolvimento comunitário. Pretende o aprofundamento da capacidade dos jovens em: articulação de ações e empreendimentos coletivos, acesso a políticas públicas voltadas ao jovem e ao agricultor e exercício da liderança Criação dos Núcleos Comunitários de Direitos e Cidadania Os Núcleos estarão voltados à mobilização comunitária frente às adversidades e para a busca soluções coletivas. Visam preparar a comunidade para o enfrentamento de questões de cunho econômico, os relacionados à saúde pública, à participação comunitária em instâncias de decisão e influência em políticas públicas, (como os conselhos municipais por ex.), às questões relacionadas à educação, à prevenção de impactos negativos provocados por fatores naturais, como as frequentes secas características da região. Trata-se de uma evolução dos “Comitês Mobilizadores” implementados pelo Programa nas associações comunitárias. Criação das “Comunidades Sustentáveis” Pretende implementar tecnologias sustentáveis em espaços coletivos como uma forma de demonstrar sua viabilidade e difundi-las como alternativa para melhoria da qualidade de vida de populações social e ambientalmente vulneráveis. Um mesmo espaço comunitário coletivo poderá receber, entre outras, tecnologias como as de geração de energia por painéis fotovoltáicos, as de aproveitamento de efluentes, as de captação e reserva de água das chuvas, as de produção agrícola em pequenos espaços com aproveitamento eficiente dos recursos disponíveis. A ação poderá contribuir, inclusive, para o aprimoramento de tecnologias com a participação popular e para a geração de novos conhecimentos.

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Trechos de discursos feitos durante à visita ao Assentamento Margarida Maria Alves

Gilberto Cravalho ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República “Um dia como hoje, poder vir aqui, vocês não sabem como isso significa uma lavada na alma da gente. Significa uma espécie de conforto, de oásis. Como aquela área da barragem subterrânea no tempo da seca que fica tudo verdinho quando o resto é seco. Hoje o nosso coração está assim, esta verde de alegria de emoção de ver o que está acontecendo aqui, o que está acontecendo em todas as comunidades aqui representadas. Foi esse sonho de ver o que a gente está vendo hoje, que tanto animou o presidente Lula e que anima a Presidenta Dilma a mudar a história do nosso país. Eu fiquei muito encantado com todas as palavras das nossas duas companheiras que falaram (Dona Margarida e Dona Ana) e dos nosso Jovens sobretudo, a Ceiça e o Geovani. E uma coisa que o Geovani falou me impressionou profundamente. Uma palavra simples que ele falou: “ a gente entrou no mapa”. Isso é uma grande verdade, porque durante muito tempo nesse país, o povo pobre, o povo que vive por esse país afora, nesse interior afora, não estava no mapa, não era considerado. Um povo para o qual o governo tinha apenas migalhas para dar (...) os recursos de todo o governo iam para as elites do país. Não cabia no Brasil, para esse tipo de governante, todo esse povo que nós temos. (...) E aí, a concentração da renda, a concentração do poder. “O que nós estamos fazendo aqui, é, simplesmente, cumprindo um dever de reconhecer que vocês tem espaço no mapa do Brasil. Vocês são cidadãos, vocês são dignos do acesso a todos os recursos e a todos os direitos. Vocês são pessoas em quem basta que a gente invista um mínimo de recurso, como aquela máquina que nos vimos (a miniusina de algodão), como os recursos básicos pra poder reorganizar uma comunidade e olha o que acontece: esse milagre extraordinário. Que não é o milagre apenas de poder comer, beber, se alimentar e estudar. É o milagre do ser humano se colocando de pé, se colocando na sua dignidade, se afirmando, construindo uma nova cultura. E isso não tem preço. É isso que faz uma nação, é isso que faz um país. É isso que tem sentido a gente fazer quando esta em um governo, o resto é o resto. O resto é fácil de fazer, o duro é mudar o ser humano. Vocês mostraram que são capazes de mudar, de se afirmar, de se emancipar, de se unir na solidariedade.”

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(Sobre o COEP) A gente tem um baita orgulho de vocês, porque vocês foram profetas. Vocês foram à frente, chamando a atenção do governo, já antes do governo do Lula, como era importante essa ação, como era importante dar oportunidade. Essa é a palavra: “oportunidade” para que as pessoas pudessem, se organizando, se mobilizando, se articulando, com um mínimo de recurso, rendendo um por cem, um por mil, a cada semente plantada, dando hoje essa primavera, esse fruto maravilhoso que a gente está colhendo. Então, o meu reconhecimento em nome da presidenta Dilma, o meu agradecimento pelo empenho de vocês e o desejo que vocês continuem teimosos ainda por muito tempo, junto com o conjunto do governo, fazendo esse trabalho porque, insisto, é o trabalho que conta. (...) a gente sabe o quanto custa de empenho, de luta, de briga, de dificuldade, de problemas internos da comunidade, de dificuldade para acessar os recursos, pra gente construir o que vocês estão construindo. O fato dessa comunidade aqui ter 10, 12, 15 anos de organização mostra o quanto leva tempo para que o trabalho social, para que o trabalho comunitário de resultado. Por quê? Porque nós estamos mudando a alma e o coração das pessoas. Nós estamos tirando as pessoas de seu isolamento, de seu egoísmo, de seu individualismo e estamos provando que junto é melhor, que quando a gente se junta tudo (se) facilita. Que quando a gente é solidário um ao outro a vida ganha outra dimensão, outra capacidade, outra possibilidade de a gente dar saltos em conjunto. Nosso poder cresce, quando os pequenos se juntam. Então a mensagem que eu tenho a dizer pra vocês, em nome da Presidenta Dilma, é a seguinte: contem com o nosso governo em todo o apoio que for necessário. Desde que vocês se juntem, se organizem e apresentem os projetos, nós continuaremos dando um jeito de usar a máquina pública para benefício do povo, de vocês organizados. Não parem, não parem, não parem. Se organizem, continuem lutando, nos faremos de tudo. Essa carta que vocês me deram (A “Carta de Campina Grande”) vai estar segunda feira na mesa da Dilma. Vou colocar para ela logo cedo, quando ela chegar e dizer: ‘Presidenta, aqui tem assinaturas sagradas de gente que luta e que precisa de fato do nosso apoio’ (...) Mas eu quero dizer aqui: continuem se organizando, continuem pressionando, continuem dialogando e contando com essa gente maravilhosa que é parceira, que apoia. (...) O nosso sonho é multiplicar Margaridas Alves e comunidades como essas aqui (...) por todo o Brasil. Se Deus quiser, o Brasil será um dia esse grande tecido, essa grande rede de comunidades organizadas. Porque, aí, nosso povo vai estar de pé e ninguém vai enganar, ninguém vai passar por cima, ninguém vai vencer um povo organizado e unido. Parabéns pra vocês, que Deus acompanhe, abençoe vocês dando sempre muita energia e força. Viva o Brasil, viva o povo brasileiro e viva as comunidades do COEP.

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Jorge Streit presdidente da Fundação Banco do Brasil “A Fundação Banco do Brasil e o COEP são parceiros muito antigos. Desde a origem do Coep a Fundação esteve junto.... Conversando com a Secretaria Geral da Presidência nós fomos despertando para a importância de estarmos juntos nesse programa. Vim aqui conhecer uma experiência prática do que está acontecendo no Programa Comunidades do Semiárido, para a gente ver ... como pode ajudar a ampliar isso... como a gente pode associar várias tecnologias sociais que a Fundação Banco do Brasil trabalha a essas comunidades, principalmente as ligadas à agroecologia – que a Fundação vem trabalhando com muito sucesso no Brasil todo. Já nos acertamos para fazer algumas experiências daqui para o próximo ano e estamos ajudando também a sistematizar essa experiência, a escrever essa experiência, para que possa ser difundida para outras partes do Brasil, que possam aprender com isso que vocês estão fazendo aqui. ...A Fundação tem mais ou menos mil desse telecentro que vocês tem aqui, espalhados pelo Brasil, e estamos agora no esforço de reelaborar o nosso programa de inclusão digital, principalmente para colocar nossas estações digitais mais integradas com os projetos produtivos nas comunidades. Porque temos muitos lugares em que existem a estação digital e o processo produtivo, mas um não dialoga com o outro, um não conhece o outro. ...Estamos fazendo esse movimento dentro da Fundação e isso que estamos vendo aqui para nós é muito importante, porque isso está na origem do projeto. A unidade de processamento do algodão depende de que o telecentro esteja funcionando, que os jovens estejam mantendo o telecentro, porque é preciso saber o preço do produto... no mercado internacional. ...As coisas todas se comunicando uma com as outras e não as coisas isoladas. ...O fato dessa grande mobilização da juventude que o programa permite é muito importante porque nós conhecemos cooperativas e associações de produtores no Brasil inteiro e na área rural está havendo um grande envelhecimento na base das associações e das cooperativas. Porque o jovem vai procurar outra coisa na cidade. Então essa integração da estação digital, a internet nas comunidades, faz com que o jovem venha para perto do pai e se aproxime da associação e da cooperativa, e renove a sua base. ...Vocês estão de parabéns e não achem que nós viemos aqui para ensinar. Nós estamos aqui para aprender, para ver como vocês estão fazendo o que podemos fazer para melhorar o nosso programa....”

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Dona Preta representante da Associação dos Assentados Margarida Maria Alves/PB “O COEP chegou aqui em 1999, encontrou uma comunidade pacata, sem conhecimento, sem união, uma coisa toda desorganizada. Eu quero dizer que o COEP não nos trouxe dinheiro, mas trouxe conhecimento, união e muita perseverância. E que a gente deseja muito que o que estamos vivendo hoje... daqui há dez, quinze, ou vinteanos, que essa juventude que está aqui presente possa cultivar as ações do COEP nas suas unidades. Porque esse é o caminho. A gent aqui não tinha nada, tinha apenas ganhado a terra do Incra e pronto... tinha uma associação já fundada também. Mas quando o COEP chegou, juntamente com a Embrapa, na pessoa do sr. José Mendes... começaram as mudanças. Vieram com a proposta da gente plantar o algodão, resgatar essa cultura que tinha sido totalmente erradicada do Estado da Paraíba, por causa do bicudo. Foi a partir do algodão, com a chegada do COEP, que tudo mudou nessa comunidade. Veio o plantio da algodão, depois veio a miniusina. Veio uma energia de qualidade, trifase, porque a usina não funcionava com energia monofásica. Veio o telecentro, que foi um sucesso, porque na sede do Município não existia Internet, e o filho do agricultor do Assentamento passou a ter Internet na sua própria comunidade, onde eles podiam pegar os seus trabalhos escolares. Isso a gente tem que agradecer às ações do COEP. Veio criação de carneiro e muitas coisas, principalmente a união. Porque a partir do algodão a gente começou a se unir, a trabalhar melhor e a adquirir renda. Porque com esse algodão tem plantios individuais e tem plantios comunitários. Onde a gente planta quatro hectares de algodão e todo mundo trabalha. Os homens cultivam, capinam e as mulheres, junto com os homens, plantam e colhem. E esse dinheiro todo é revertido para a conta da Associação, onde mantemos tudo que nós temos. ...E através da nossa organização e união conseguimos um trator para a comunidade... que é tudo para os agricultores... Esse açude aqui era quase aterrado há uns três anos atrás, nós gastamos do nosso bolso, da Associação... limpamos e o açude está grande, cheio e abastecendo esta vila. Cada casa tem água encanada, que vem do açude para aquela caixa e é distribuída aqui. Então temos as nossas dificuldades, a gente não conseguiu tudo isso com facilidade, porque quem lida com comunidade sabe que enquanto um aprova, outro desaprova. Mas temos que ter um grupo firme e forte, para mostrar a quem não quer que deve se juntar para aquilo dar certo. Porque um ou dois não faz nada, mas com uma multidão a coisa anda.”

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