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2.2 - Comunidades no âmbito do COEP Nacional

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

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COEP TO Nome: Santa Bárbara Cidade: Palmas/TO Local (Bairro): Setor Santa Bárbara N° de pessoas envolvidas: 42 famílias As famílias que possuem atividade como catadores de materiais recicláveis estão sendo apoiadas com capacitações e sensibilização para o cooperativismo. Com a articulação dos parceiros tem sido organizada a doação de materiais recicláveis, a integração dos catadores com o Movimento Nacional dos Catadores e a participação nas discussões junto ao poder público municipal e no Fórum Lixo e Cidadania, para a implementação da Coleta Seletiva em Palmas. Além disso, têm sido realizados momentos de confraternização e distribuição de alimentos. São ações que contribuem para a organização e fortalecimento do grupo, assim como para a inclusão social.

2.2. Comunidades no âmbito do COEP Nacional

Além do incentivo à adoção de, pelo menos, uma comunidade pelos COEP Estaduais, o COEP Nacional vem impulsionando a criação da Rede de Comunidades COEP no semi-árido nordestino, implementando, nesta região, os seguintes projetos:

Projeto Algodão: Tecnologia e Cidadania:

Em 1998, uma seca devastava o Nordeste. A TV exibia as cenas de miséria, por demais conhecidas. No mês de março, o COEP organizava uma reunião em Xingo - AL, justamente para articular atividades com as instituições governamentais regionais, a fim de se construir um plano de ações emergenciais e estruturais para se combater os efeitos sociais da seca na região. Uma das discussões foi em tomo da questão: O que o COEP poderia fazer em prol dos nordestinos atingidos pela seca? Sobre o tema, duas possibilidades surgiram: a primeira seria trabalhar pela garantia de água para as pessoas, animais e plantas; e a segunda, encontrar a possibilidade de produção agrícola para a geração de renda para as famílias, sobretudo na zona rural, pois são os agricultores os que mais sofrem os efeitos de secas prolongadas - da terra retiram-se os alimentos, tanto para consumo humano quanto animal e produtos para comercialização. Mas, qual seria o produto mais viável?

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Entre as alternativas possíveis, o algodão era urna das poucas que apresentavam viabilidade agrícola e econômica para o semi-árido; um produto tradicional em decadência, gerador de emprego e renda. surge então, a idéia de se negociar um projeto nessa linha de atuação, onde não se combateria a seca, mas se conviveria com a situação agroclimática adversa, procurando vantagens socioeconómicas e produtivas e, ainda, não iniciar a ação com a água, mas com o produto gerador de renda, no caso, o algodão. O problema maior do semi-árido não é a seca, mas a pobreza. A renda aumenta a auto-estima do individuo o que contribui para que saia da pobreza, por isso um projeto relacionado à produção agrícola foi escolhido.

O COEP, em contatos com a Embrapa Algodão de Campina Grande — PB, discutiu as novas tecnologias, novos sistemas de produção e a necessidade de implantar inicialmente um projeto piloto.

Em uma reunião conjunta de membros da comunidade, prefeito local, sindicato rural, associação dos produtores, padre da comunidade e parceiros do projeto foram discutidas as necessidades da comunidade, o interesse dos agricultores pelo algodão e os compromissos e responsabilidades possíveis e desejados em um projeto de desenvolvimento local, das partes envolvidas. Foi, então, escolhido o assentamento Margarida Maria Alves, no município de Juarez Távora — PB, que dista 33 Km de Campina Grande, para a implantação do projeto-piloto, em 1999.

O projeto-piloto foi estruturado com os seguintes componentes: treinamento dos agricultores para cultivo do algodão sob novas tecnologias com cultivares resistentes ao bicudo, convivência com a seca, utilização da curva de nível, descaroçamento, limpeza e prensagem do algodão na própria comunidade.

O grande diferencial do projeto foi a implantação, na própria comunidade, de uma mini-usina para o beneficiamento do algodão, permitindo que a produção fosse integrada à indústria. Assim, abriu-se a possibilidade de que os pequenos agricultores, que antes somente vendiam o produto em forma bruta, pudessem entregá-lo em pluma diretamente à indústria, aumentando seu rendimento e retendo a semente para plantio da safra seguinte, ou mais

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freqüentemente, para alimentação animal. Nas condições da agricultura familiar, a utilização de sementes da primeira geração ainda é viável.

Com o sucesso do projeto-piloto foi possível, em 2002, sua expansão para mais sete comunidades nas cidades de Barro-CE, São José de Piranhas-PB, Cumaru-PE, Surubim-PE, Bezerros-PE Nova Cruz-RN e Água Branca-AL: distribuidas em cinco estados nordestinos.

Com o término do projeto, em 30 de abril de 2005, é possivel relacionar, como resultados obtidos: Aumento de renda dos agricultores; A implantação de cinco mini-usinas de beneficiamento de algodão e de seis teares elétricos de médio porte; A transferência de tecnologia de cultivo da cultivar CNPA 7H adaptada às condições do semi-árido e de convivência com a praga do bicudo em seis comunidades participantes do projeto; O aumento da produção de algodão, tendo passado de 7 ha em 2001 para 283 ha em 2004/2005, com uma produção de mais de 104 toneladas de algodão em rama; O fortalecimento, a reestruturação e a legalização de associações comunitárias além da formação de uma instância de gestão local de atividades do projeto em cada comunidade: os Grupos Gestores Locais; A capacitação e sensibilização de membros da comunidade para o associativismo e organização comunitária; A implantação de oito Telecentros Comunitários de Informática; A capacitação de dez multiplicadores em informática em cada uma das seis comunidades trabalhadas; A melhoria na estrutura física ou a construção de sedes das associações comunitárias; O desenvolvimento e a obtenção de apoio para outros projetos complementares ao Projeto Algodão: Tecnologia e Cidadania.

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Projeto Pólos de Desenvolvimento Comunitário Integrado:

Como resultado da análise de dados do Diagnóstico Socioeconômico, elaborado no âmbito do Projeto Algodão: Tecnologia e Cidadania, por meio de reuniões com a comunidade, aplicação de questionários, e a prática de travessias orientadas, outros aspectos de relevância para comunidades dos municípios envolvidos, além do tema "Geração de Renda", vieram à tona. Questões como: disponibilidade de água adequada para consumo e agricultura, utilização de energia elétrica e de outras fontes; características de produção animal e vegetal, saneamento, saúde, dentre outras, chamaram a atenção para a necessidade de promover a transferência de tecnologias adequadas e de capacitar a comunidade em seu uso, para que se estabeleça um quadro favorável ao desenvolvimento socioeconômico dessas localidades. Outros fatores fundamentais observados junto à comunidade foram a necessidade de capacitação para gestão e de fortalecimento do processo de organização comunitária.

Nesse contexto, o Projeto Pólos de Desenvolvimento Comunitário Integrado tem por objetivo a implementação de iniciativas de referência de desenvolvimento econômico e social para a população de baixa renda de oito localidades do semi-árido nordestino, a partir da conjugação de diferentes variáveis. Implementar o Programa em comunidades dos municípios envolvidos no Projeto Algodão: Tecnologia e Cidadania, traz vantagens pelas relações já estabelecidas, além do fato de características e dinâmicas locais serem em parte conhecidas. O contato existente com parceiros, poderes e lideranças locais, possibilita o salto da fase de "estabelecimento de laços" tão importante na realização de qualquer ação desse tipo.

Mais do que disponibilizar tecnologias e recursos, em áreas corno "Água", "Energia" e "Segurança Alimentar" o programa irá investir na capacitação técnica e gerencial das comunidades, criando condições para que os beneficiários se tomem protagonistas de seu próprio desenvolvimento e tenham condições de obter a sustentabilidade dos processos e tecnologias implantados podendo melhor conviver com as condições locais.

' Os questionários foram realizados por amostra de domicílios.

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A enorme demanda das comunidades pelos benefícios oferecidos pelo PPOCI proporcionou, devido a impossibilidade de atender ao grande número de interesses, uma organização de modo a tentar envolver a maior quantidade possível de agricultores e suas famílias.

Assim, o COEP promoveu em 2004 um grande encontro dos Agricultores no município de Piranhas, (Xingo), em Alagoas, onde foi discutido a assinatura do termo para formação das Comunidades COEP. Além disso, foram amplamente tratado assuntos relacionados as prioridades de recebimento dos benefícios, o que resultou na criação e aprovação por parte dos Conselhos Gestores dos critérios de classificação dos beneficiários. A seguir, será apresentado o andamento do projeto, de acordo com os benefícios a serem implantados:

Cisterna:

A principio programou-se a instalação de Unidades Demonstrativas de cistemas em cada uma das comunidades, visto que, além de auxiliar pontualmente na captação de água para escolas, postos de saúde ou associações locais, iria capacitar os Agentes de Desenvolvimento Comunitário na construção de cistemas. Visto que a tecnologia foi reconhecida pelas equipes como de fácil absorção, definiu-se que as cistemas serão construídas diretamente. Os beneficiários foram definidos com a aplicação de critérios de seleção baseados na necessidade e participação em assuntos comunitários, definidos pela provia comunidade através dos representantes dos Grupos Gestores Locais. A previsão é que até fevereiro de 2006 se execute a instalação de das cistemas do projeto.

Barragem Subterrânea:

Com o objetivo de demonstrar a tecnologia e capacitar Agentes COEP de Desenvolvimento Comunitário, foram construídas duas barragens subterrâneas demonstrativas: uma no município de São José de Piranhas, na Paraíba, e outra no município de Barro, no Ceará profissionais da Embrapa Semi-Árido apoiaram na demarcação e no início dos trabalhos de construção, como também ministraram curso de capacitação de construção de barragens subterrâneas aos Agentes COEP de Desenvolvimento Comunitário.

Concluímos, com a implantação das unidades demonstrativas, que, em muitos casos, para sua construção será necessário utilizar a força mecânica, visto que dependendo das características do solo, das condições do terreno e do tempo o trabalho de escavação toma-se árduo. Foi concluído, também, que, pelas mesmas condições já apresentadas, o trabalho despendido, bem como a quantidade de material consumido na construção de cada barragem é muito variável. Assim, para sua construção, cada caso deverá ser analisado pelo Agente de Desenvolvimento Comunitário, juntamente com os profissionais envolvidos em cada localidade.

Fogão de Queima-Limpa:

Um primeiro fogão de queima-limpa demonstrativo já foi instalado na residência de um dos agricultores, na comunidade de Quixabeira, município de Agua Branca, em Alagoas. Sua montagem se deu napresença do desenvolvedor da tecnologia, o Prof. Dr. Gilberto Martins, Diretor da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Metodista de Piracicaba — UNIMEP, que realizou o treinamento de Agentes COEP de Desenvolvimento Comunitário na construção de fogões de queima-limpa.

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Na demonstração foi observado que o fogão apresenta peculiaridades para uso, distinguindo-se, assim, dos à lenha convencionais. Sua alimentação se dá com pequenos gravetos de madeira ou lenha que devem ser reabastecidos, no máximo, a cada quinze minutos, enquanto nos fogões tradicionais a alimentação do fogo é dada por um grande tronco que pode ficar por horas sem a necessidade de reabastecimento, consumindo porém uma quantidade de lenha maior e emitindo gases e fumaça que não ocorrem na queima limpa.

Ficou decidido que mais unidades demonstrativas deverão ser instaladas para que sejam especificadas em quais situações é mais conveniente seu uso.

Assim, serão montados outras 13 unidades para que se avalie as peculiaridades de uso em cada local. Dessa forma, haverá em sete das comunidades dois fogões instalados, prontos para se realizar o teste de uso e aguardando a adequação da tecnologia. Após o teste, será reprogramada a instalação dos futuros fogões.

Viveiros:

Foram realizadas reuniões nas associações de todas as comunidades participantes do PPDCI, para definição das normas de funcionamento dos viveiros. Várias comunidades já definiram e registraram em ata de reunião as características de funcionamento do viveiro, outras então em andamento com esse processo Será realizada uma capacitação para o manejo do viveiro dos Agentes COEP de Desenvolvimento Comunitário e multiplicadores

Após reunião das associações locais para definição do funcionamento, foram orçados os materiais e um primeiro viveiro de mudas foi construido na comunidade de Lagoa de Dentro, no município de São José de Piranhas, na Paraíba. Para a concretização das próximas quatro unidades, já está em fase de aquisição os materiais, faltando apenas a construção dos mesmos. É prevista a instalação de viveiros, até o inicio de 2006, nas comunidades de: Boi Torto, em Bezerros, Pernambuco; Assentamento Margarida Maria Alves, em Juarez Távora, Paraíba; Assentamento José Rodrigues Sobrinho, em Nova Cruz, Rio Grande do Norte; e Quixabeira, em Água Branca, Alagoas.

Deverá ser instalado apenas um viveiro por comunidade, que ficará sobre responsabilidade da associação comunitária local.

Pequenos Animais:

Após definição de beneficiários iniciou-se o processo de compra de animais. Além dos critérios de classificação foram usados para a seleção dos beneficiários critérios técnicos, como a capacidade de suporte alimentar imediato e de condições de terreno adequadas para criação.

Encontra-se em fase de conclusão o processo de entrega dos lotes de caprinos e ovinos. Foram entregues 378 animais, matrizes de caprinos e ovinos, somando um total aproximado de pouco mais de 90 lotes, de três ou seis animais, para todas as 8 Comunidades COEP participantes do projeto. Para a aprimoração genética das espécies,

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foram entregues também às comunidades 16 reprodutores RO. (caprinos — da raça Soer; ovinos — da raça Santa Inês), que atenderão grupos de até 24 matrizes.

Visando potencializar a ação do projeto nesta interface, foi sugerida e subsidiada pela equipe do projeto, a utilização de uma lógica já consagrada em projetos que envolvem a criação de animais, os agricultores que recebem um lote de fêmeas compromete-se a repassar as primeiras crias fêmeas, na quantidade correspondente a qual receberam, à associação comunitária para que esta forme novos lotes e possa haver um novo repasse a outro associado que novamente reproduzirá os animais e retomará um novo lote à associação, num ciclo que poderá beneficiar toda a comunidade.

A aplicação dos questionários nos permitiu notar o grande interesse das comunidades pela avicultura. Com isso, estudase a possibilidade, dentro dos limites do projeto, de uma eventual adaptação a fim de contemplar benefícios dessa natureza.

Palma Forrageira:

Por ser uma espécie de grande adaptabilidade ao clima semi-árido, sendo constituído de 90% de água e 10% de matéria seca (MS), a palma forrageira se apresenta como uma reserva estratégica para períodos de seca, quando ocorre a escassez de forragem. É reconhecido seu valoroso potencial como forragem para os gados bovinos, ovinos e caprinos.

É previsto no PPDCI, para fins de alimentação de animais, o plantio de palma ou de outra espécie de forrageira. Tem-se como meta o plantio de 0,5 hectares de palma, até o fim de setembro, na propriedade de cada um dos beneficiários de animais, caprinos ou ovinos.

Projeto Mamona: Energia, Renda e Cidadania:

A seca afeta extensas áreas do semi-árido, colocando em dificuldades um grande número de produtores rurais em centenas de municipios, muitos em estado de calamidade pública. O problema da fome está presente nessas comunidades, sendo necessária a distribuição de 130.000 cestas básicas mensais, só no Piauí, para a garantia de alimentação de sua população. Várias entidades públicas, privadas, organizações não governamentais vêm buscando soluções duradouras, sustentáveis, através de parcerias com o envolvimento e participação de um grande contingente da população.

Apesar dos esforços, as estratégias para convivência com o semi-árido, ainda não evitaram que um grande número de agricultores seja obrigado a abandonar as propriedades ou a recorrerá ajuda externa para sobreviver, como a participação em programas assistencialistas.

Paralelo a isso, o Governo Federal desenvolveu o programa de produção de biodiesel, com a aprovação da Lei 11.097/dezembro de 2005, que tem como princípios o aumento da oferta de matéria-prima e da capacidade

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industrial para produção do biocombustível, a participação da agricultura familiar na oferta de matérias-primas, a redução das desigualdades regionais, o desempenho dos motores com a utilização do combustível e as políticas industriais e de inovação tecnológica, e apresenta como metas a adição de 2% de biodiesel na composição final do óleo diesel até 2008 e, em oito anos, 2013, este percentual deverá aumentar para no mínimo, 5%. Para atingir esta meta, varias instituições, inclusive de capital privado, estão investindo na produção de palma, mamona e uma série de oleaginosas, pois a produção brasileira atual situa-se muito aquém da necessidade para atender sequer o índice de 2%.

Muito embora o Brasil tenha sido durante décadas o maior produtor de mamona, sendo inclusive, em 1978, o maior exportador do produto, quando contribuiu com 58% da produção mundial de óleo, esta produção vem diminuindo e, em 1991, a participação no mercado mundial foi de apenas 11%.

Desta maneira, tendo em vista as prementes necessidades e a oportunidade de um novo mercado recém surgido, propõe-se um projeto de instalação de pólos de produção de mamona, com cultivo consorciado com feijão caupi e amendoim, em municípios no semi-árido piauiense, pernambucano e mineiro, alternativas essas que surgem para conviver com a seca, a geração de emprego e renda e o resgate da cidadania.

Sistemas de cultivo sustentáveis da mamona serão capazes de gerar matéria prima para a fabricação de óleo e no futuro, de biodiesel, um combustível renovável e menos poluente, através da transformação do óleo da mamona. O projeto piloto de produção e descaroçamento da mamona, executado pelo COEP em Anisio de Abreu — PI encontra-se em fase de expansão para outras três comunidades nos municípios de São Raimundo Nonato, Jurema e São Braz. Propõe-se a ampliação do projeto piloto para a fase de produção de óleo e ,futuramente, de biodiesel nessas localidades. A integração das novas localidades aos outros três municípios da região produtoras de mamona pretende buscar um pólo produtor regional.

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O desenvolvimento de uma metodologia replicável para a criação de novos pólos produtivos no semi-árido, poderá tornar a mamona não só insumo para produção de biodiesel, mas também para desconstrução de um cenário de desigualdade e fome na região.

O Projeto "Mamona, Energia e Cidadania" tem como objetivo principal promover o desenvolvimento socioeconômico de comunidades rurais de baixa renda no semi-árido do Piauí, por meio da recuperação da cultura da mamona, para agricultores familiares e, futuramente, pela produção de biodiesel para a utilização local como fonte de energia e também para comercialização.

Complementarmente, uma série de processos que favoreçam o desenvolvimento local serão instalados, como a ampliação da produção de alimentos para o consumo doméstico (feijão, amendoim, mandioca) e promoção de inclusão social, baseado na organização comunitária, capacitação de lideranças e inclusão digital com a implantação de Telecentros de informática.

Este projeto referenciará a definição de metodologia para o desenvolvimento de pólos de produção de mamona no semiárido, sendo implantado, como piloto, em quatro municipios do sertão do Piauí (Anisio de Abreu, São Braz, São Raimundo Nonato e Jurema), com duração prevista para 24 meses.

A partir das ações propostas, temos em foco uma série de resultados que convergirão para o alcance do objetivo geral do projeto — o real desenvolvimento socioeconômico das comunidades.

Assim, podemos destacar: Fortalecimento da organização comunitária, com a criação de grupos gestores locais; Revitalização da produção da mamona, com a transferência de novas tecnologias de sementes, uso do solo e processamento; Criação de escala de produção de mamona, via agricultura familiar; Acesso à informação e inclusão digital, através do uso de Telecentros Comunitários e outros canais de educação complementar; Divulgação da iniciativa; Acesso a informações indispensáveis para o desenvolvimento humano como igualdade, direitos humanos, cidadania, saúde, educação sanitária e educação ambiental; Consolidação das informações de forma coletiva, através de reuniões para discussão de temas supracitados, com orientação das professoras da rede pública. Mudança positiva na economia local, através do desenvolvimento de novos canais de comercialização da produção; Inclusão social, consciência para intervir e elaborar projetos de desenvolvimento local, reivindicar infra-estrutura básica, como água, escolas, estradas, telefone e correios; Impacto ambiental positivo, através de uso adequado do solo e de defensivos agrícolas; Impacto econômico positivo, com diversificação e agregação de valor ao produto primário, gerando pólos que possam irradiar desenvolvimento para outros espaços;

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Autonomia das comunidades, inclusive política, através de tecnologias sociais que estimulem a participação, o trabalho conjunto com a rede de Comunidades COEP e fortalecimento de laços sociais locais.

Telecentros Comunitários:

Após anos de elaborações e concretizações de projetos sociais no semi-árido nordestino, tais como os projetos "Algodão: Tecnologia e Cidadania" e "Pólos de Produção de Algodão no Nordeste" que atuam em cinco Estados, o COEP Nacional constatou, por meio de observações empíricas, que a população das comunidades participantes apresentavam urna enorme deficiência para o acesso as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), em particular a informática.

Somado a isso, temos os dados obtidos no PNUD1, em seu Atlas do Desenvolvimento Humano no BrasiI2, que revelam o Nordeste como a região do país onde é apresentado o maior índice de pessoas sem acesso às TICs. Enquanto a média nacional se situa em tomo de 10,27% de pessoas vivendo em domicílios com computador, a região Nordeste apresenta uma média ainda menor, de aproximadamente 4,21%.

Não obstante, os municipios onde as comunidades participantes estão inseridos apresentam índices ainda piores, variando, por exemplo, entre 0,17%, em São José de Piranhas — PB, e 1,63%, em Surubim — PE; na média, o indice é de 0,92%. Como agravante, devemos ressaltar que todas as comunidades beneficiarias do projeto se localizam na zona rural de seus respectivos municípios. Dessa forma, os índices que já são baixos tomam-se ainda menores.

Uma parceria .do COEP com o Programa GESAC (Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão), do Ministério das Comunicações, viabilizou a instalação de Telecentros Comunitários em todas as comunidades integrantes do projeto, promovendo, assim, a inclusão digital da população que nelas habitam. Atualmente existem oito Telecentros Comunitários em funcionamento, mais especificamente nas comunidades/ assentamentos de: Boi

2 Disponível em: hllpí/www.pnud.org.br/atlas/, no dia 03/03/2005.

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Torto, no município de Bezerros PE; Engenho velho, no município de Barro — CE; Furnas, no município de Surubim — PE; José Rodrigues Sobrinho, no município de Nova Cruz — RN; Lagoa de Dentro, no município de São José de Piranhas — PB; Margarida Maria Alves, no município de Juarez Távora — PB; Pilões, no município de Cumaru — PE; e Quixabeira, no município de Água Branca — AL, Existe ainda uma unidade em implementação na comunidade de Cacimba, em Anísio de Abreu-PI, que irá funcionar no âmbito do Projeto Mamona Energia e Cidadania.

Ainda que os Telecentros Comunitários de Informática não estejam no corpo do Projeto Pólos de Desenvolvimento Comunitário Integrado, foram elaborados projetos e atividades relacionadas aos microcomputadores. Foram realizados cursos de informática básica e estão previstos diversos cursos de capacitação à distância para as comunidades do Projeto Pólos de Desenvolvimento Comunitário Integrado, por meio dos computadores dos Telecentros.

O Telecentro Comunitário atua diretamente no fortalecimento das estruturas básicas intrínsecas a um desenvolvimento local, tais como: (1) emprego e empreendimentos local; (2) saúde e educação; (3) fortalecimento da auto-estima e organização comunitária; (4) fortalecimento das minorias; (5) informação e conhecimento; e (6) comunicação e cultura.

Assim, a construção dos Telecentros Comunitários nas comunidades participantes dos projetos executados pelo COEP se apresenta como uma das maneiras de realizar o desenvolvimento das localidades de forma sustentável. Dessa forma, o tão buscado desenvolvimento integrado está sendo alcançado por meio da inter-relação entre organização comunitária, trabalho, geração de renda e inclusão digital, pois além de propiciara troca de informação entre comunidades, e sua ligação com o mundo, os computadores abrem um canal direto com o COEP, nos permitindo avaliar os anseios, as potencialidades e as demandas das comunidades.

3Estudo baseado nos microdados dos censos de 1991 e 2000 do IBGE. 40

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- Projeto Universidades Cidadãs

O Projeto Universidades Cidadãs iniciou-se em novembro de 2003 tendo como meta a participação das Universidades em projetos de desenvolvimento comunitário, no período de 36 (trinta e seis) meses, visando a transformação da realidade social, econômica e cultural das populações de baixa renda da periferia das cidades nos estados onde o COEP atua, através da criação de oportunidades de geração de renda pelas próprias comunidades.

No período 2003/2005 foram feitas as contratações de um Coordenador Geral do convênio e um Coordenador Local para a Paraíba.

Dois protocolos de Cooperação técnico-cientifica e pedagógica foram assinados com a Universidade Federal Rural de Pernambuco e com a Universidade Federal de Campina Grande.

Está sendo efetivado o processo de contratação de um bolsista professor, que atuará no Estado de Pernambuco.

Encontra-se em fase de implementação a contratação de novos bolsistas para os estados: Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, para atuação em projetos sociais junto aos COEP Estaduais.

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