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Rozani Grein Editora
Pamela Caitano Textos
Pamela Caitano Design e projeto gráfico Lya König Zumblick Fotos
Banco de imagem e divulgação Fábrica Loja Virtual
Rua: Barra Velha, 521,
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Impressão Gráfica Coan 10.000 exemplares
Das terras mineiras, a simplicidade que encanta é a lição a ser aprendida. Do fazer com amor, as criações artesanais, a influência das origens que moldaram a cultura popular, do afeto e dos detalhes que deixam a vida mais cheia de pequenos encantos. Abordamos esse jeitinho mineiro ao longo da edição: do prazer da culinária rica em sabores e que alimenta também a alma, aos mestres da literatura, e também os cenários que atraem turistas de todos os cantos. A música também não pôde ficar de fora da edição, com diferentes ritmos e melodias, que cantam, entre outros temas, o Brasil e seu povo. Falamos ainda de bem-estar com elementos da natureza, dos elementos que colorem nossas lojas, e da Amazônia – berço e guardiã de um dos mais ecossistemas mais grandiosos do planeta. No editorial Cores do Brasil, o colorido é fonte de inspiração para um verão plural e alegre – um símbolo da multiculturalidade que enriquece os solos brasileiros, com a essência temperada por diferentes ritmos, amores, vivências, sotaques e credos. A leveza de ser simples, a diversidade cultural, e a valorização daquilo de mais precioso que compõe a identidade e nos torna autênticos – são esses elementos que compõe uma brasilidade que é só nossa.
editorial
Onde há multiplicidade de saberes, há respeito. Ao abraçar todas as cores, valorizamos a miscelânea que faz o solo brasileiro tão carregado de memórias, raízes, símbolos e abundância.
sumário 08
campanha
cores do brasil 28
viagem
turismo em tiradentes 38
cultur a
cultura e arte em tiradentes: onem e hoje 46
cultur a
programação cultural em tiradenes 50 56
liter atur a
música
para ouvir e sentir
AUtORES MINEIROS 52 62
BE L E Z A
BEM-EStAR COM ELEMENtOS DA NAtUREZA
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S.O.S. AMAZÔNIA
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g AS t RONOMIA
GAStRONOMIA MINEIRA 72
g AS t RONOMIA
RECEItA DO CHEF: GOIABADA tRA G ALUZ 74
MO D A
LOOKBOOK VERÃO 2018
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Turismo em Tiradentes P
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Com nome de herói e riquezas inestimáveis, a
cidade mineira de Tiradentes recebe turistas de todo o Brasil e do mundo. Fundado em 1702, o
Quem caminha pelas ruas com um calçamento bem singular, em pedra capistrana, pode revisitar
alguns elementos, paisagens e heranças que retra-
município tem pouco mais de 7 mil habitantes, que
tam a história do período do Brasil Colônia. Sen-
tóricos que dão fama ao lugar, além de uma pro-
preservado do Brasil, Tiradentes foi proclamada
contam com o privilégio de vivenciar atrativos hisgramação cultural variada e intensa.
do um dos centros históricos de arte barroca mais
patrimônio histórico nacional tendo suas casas,
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lampiões, igrejas, monumentos e outras partes recuperadas.
Arte, história e religião são elementos que tem-
peram cada esquina do cenário que já serviu de locação para filmes, novelas e seriados. As ruas
estreitas de calçamento pé de moleque condu-
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Quando o sol se põe, é a vez de uma iluminação
branda dar os tons ao clima pacato da região. A
mais charmosa cidade do Brasil é tomada pelas
luzes dos bares e restaurantes que oferecem comida mineiríssima para agradar até o mais exigente dos paladares.
zem entre igrejas suntuosas, o casario colonial,
As igrejas têm papel de destaque no roteiro de
dia, o som das charretes ecoa ao longo da pai-
ções sacras, há a Matriz de Santo Antônio, cons-
estabelecimentos convidativos, onde durante o sagem enriquecida pela Serra de São José - um deslumbre à parte.
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qualquer visitante à cidade. Dentre suas construtruída em 1710, sendo o mais antigo e principal
templo católico de Tiradentes. Grande exemplo de arquitetura e arte barroca e rococó, é a se-
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gunda igreja em ouro do Brasil, totalizando
482 quilos. Uma das mais belas construções
históricas do país, tendo inclusive parte de sua
rococó, e é considerado um dos quinze mais importantes do mundo.
rica arquitetura contribuições pelas mãos do
Além da grandiosidade da própria construção,
da fachada e da portada, que datam de 1810.
que fazem da visita à Matriz uma experiência
mestre Aleijadinho, entre elas as as esculturas No alto, o órgão português de 1788 tem oito fileiras de tubos e belíssimas pinturas em estilo
o visitante pode identificar outros aspectos imperdível. No exterior, o antigo relógio de sol
apresenta uma curiosidade que poucos conhe-
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cem: possui duas faces para indicar o horário
de acordo com a posição do Sol: uma durante o inverno e outra no verão. Aqueles que optarem pela visita à noite, podem conferir o Roteiro Narrado contando a história da igreja com
jogos de luz e um texto de 16 minutos gravado pelo ator Paulo Goulart.
A Capela das Mercês também ganha destaque - com seu estilo rococó do final do século XVIII, tendo um único altar multicolorido, e depois pelos forros com pinturas no estilo, ilustrando
cenas alusivas à Virgem Maria e à imagem da padroeira. A construção pertencia à irmandade dos pretos crioulos, ou seja, aqueles nas-
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cidos no Brasil. Toda a pintura da capela foi executada por Manoel Victor de Je-
sus, pintor falecido em 1828, e é datada do início do século XIX, apesar de não se saber ao certo a data de construção da capela.
Pertencente à irmandade dos Homens
Pardos, São João Evangelista tem facha-
da simples e três altares em seu interior. Os altares laterais são em estilo rococó,
do princípio do século XIX, e o altar-mor possui fragmentos de talhas de vários estilos. A Igreja é decorada com um conjun-
to de imagens de um mesmo santeiro, e o calvário composto por peças de mais de dois metros de altura. Ali está enterra-
do o compositor Capitão Manoel Dias de Oliveira, que atuou como mestre-de-ca-
pela e compositor ao longo da segunda metade do século XVIII.
A Capela de Bom Jesus da Pobreza, com
dimensões modestas e decoração singe-
la; a Igreja de Nossa Senhora do Rosário
dos Pretos, O Santuário da Santíssima Trindade e Capela São Francisco de Paula
são outros templos que merecem a visita.
A maria fumaça O passeio de maria fumaça é uma atração imperdível para quem quer viajar pela
história da região a bordo das centená-
rias locomotivas, oriundas da Estrada de Ferro Oeste de Minas. O trem percorre
12 km margeando o Rio das Mortes, com
vista para a Serra de São José. Tombado em 3 de agosto de 1989, o complexo Fer-
roviário de São João Del Rei - onde está localizado o Museu Ferroviário, convida
a fazer uma viagem da origem ao crescimento das ferrovias no Brasil.
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Museu Casa Padre Toledo e Casa da Cultura Marco arquitetônico do período de exploração
mineral na Vila de São José del-Rei, da antiga Comarca do Rio das Mortes, o solar conhecido como “Casa do Padre Toledo” congrega espaços e tempos diversos de grande importância na
vida social, política e cultural. A casa é um dos bens culturais mais preciosos construídos no século XVIII em Tiradentes.
Carlos Correia de Toledo e Melo, mais popular-
mente conhecido como Padre Toledo, era um homem culto e liberal que viveu com o requinte que a riqueza das Minas possibilitava a pessoas
do seu estado e posição. O Museu, em sua for-
ma atual, foi inaugurado em dezembro de 2012, e desde 1997 a Universidade Federal de Minas
Gerais passou a ser a coordenadora e gestora da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade.
Sua grande atração é a arquitetura - por isso, é importante percorrer calmamente todos os cô32
modos e ver cada detalhe de um dos mais lindos casarões de Tiradentes.
A casa da cultura funciona como um anexo ao
Museu Casa Padre Toledo. Foi construída no
século XVIII, possui microfilmes de 280.000 do-
cumentos do acervo da Arquivo Ultramarino de Portugal e referentes ao Brasil Colonial.
Ecoturismo na região de Tiradentes Além do charmoso centro histórico, a
localidade é também privilegiada por
belezas naturais. Os apaixonados pelo
verde e ar puro também encontram um roteiro variado que inclui caminhadas, cavalgadas ou trilhas “off road”.
Rica fauna e flora, cachoeiras, mirantes e campos - a imponente Serra de São José reserva várias atrações aos
visitantes. Com diferentes graus de di-
ficuldade, existem roteiros ecológicos guiados de acordo com o perfil e disposição dos turistas.
Uma das opções que podem ser esco-
lhida para aventureiros com qualquer nível de preparo é a visita à Cachoeira
do Mangue, em que os atrativos são al-
guns trechos remanescentes de Mata Atlântica, piscinas naturais e calçamento de pedra. Esse percurso tem dura-
ção média de duas horas, e de baixa dificuldade. Há também roteiros mais desafiadores, com duração de mais de 4 horas, assim como trilhas que supe-
ram as 8 horas, assim como passeios a cavalo, em diferentes dificuldades e diversos destinos.
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Chafariz de São José Datada de 1749, a construção chama a atenção por ser similar a uma fachada de igreja e sua grandiosidade
impressiona os visitantes de Tiradentes. O Chafariz de São José das Botas abastecia os habitantes e animais da cidade, além de ser o local utilizado para a lavagem de roupas pelos escravos. A água que abastece o ponto turístico vem de uma fonte localizada no Bosque Mãe D’Água, cuja entrada fica bem perto do Chafariz de São José. Um antigo aqueduto de pedra filtra a água que é levada até a imponente construção.
Combinando elementos barrocos e trabalhado em quartzito, o Chafariz apresenta uma imagem de São José
de Botas, padroeiro dos bandeirantes e desbravadores. A cruz esculpida em pedra e o brasão com as armas de Portugal ajudam a compor o famoso cartão postal.
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Lojas Yacamim Essência, cultura, arte, a sabedoria das tribos e dos povos antigos, a riqueza dos detalhes, o carinho daquilo que é feito à mão. Isso está refletido em cada uma das criações e lojas da Yacamim, e num estilo de vida vinculado à nossa maneira de pensar, a aquilo que valorizamos, na relação com a natureza e nossas raízes. A brasilidade, os povos indígenas, a diversidade cultural, a natureza e sua riqueza de cores. Tudo 34
que vem das raízes nos inspira a transformar estilo em poesia, criando peças que, além de belas, são confortáveis e despojadas, únicas, marcantes e ao mesmo tempo leves.
Porque amamos São Francisco de Assis:
com sinceridade espontânea, e dar exemplos de gen-
Dante Alighieri disse certa vez que São Francisco foi
tileza, compreensão, empatia e fraternidade. Além
uma “luz que brilhou sobre o mundo”.
de cultivar um apreço e respeito profundo pela natureza, que lhe rendeu o título de santo patrono dos
A mensagem e exemplo de vida deixados por São Fran-
animais e do meio ambiente.
cisco de Assis estão muito além da religião, e merecem ser ouvidas e respeitadas por todos, independente de
Era comum vê-lo pregar, e ao seu redor, vários pás-
crenças e tribos: ter completa dedicação ao próximo,
saros e animais se juntavam a ele. Alguns estudio-
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O nome Yacamim representa nossa ligação com o universo indígena. Yacamim é o nome de um pássaro, e significa também Pai de todas as estrelas. Somos, acima de tudo, criadores de encantamentos e semeadores de boas energias. Nossa missão é encantá-la a cada toque, a cada aroma, a cada peça.
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sos defendem que sua forma positiva de enxergar a
Um dos maiores exemplos de seu legado é a famosa
natureza e do homem, que contagiou a imaginação da
Oração da Paz, que ensina a semear a luz, o perdão,
sociedade de seu tempo, foi uma das primeiras forças
o amor, a união, a verdade, a alegria, a compreensão
que levaram à formação da filosofia da Renascença e a esperança. É da autoria de São Francisco de Assis (época relacionada a ideais humanistas e naturalis-
o ensinamento que fiz que “ninguém é suficientemen-
tas, e com grandes avanços principalmente na arte,
te perfeito, que não possa aprender com o outro e,
ciência e filosofia).
ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão”.
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Aquilo que transmite a paz e o bem, independente de sua origem, nos inspira. Os ensinamentos budistas e suas mandalas de meditação, as lendas indígenas e a espiritualidade em relação com a natureza, o sacro da cultura popular brasileira. É desse sincretismo e do respeito à diversidade que montamos nosso pluralismo. O incenso, por exemplo, é utilizado por diversos povos como uma forma de purificação. Ele é usado em cerimônias religiosas, rituais de limpeza, aromaterapias, meditação, ou para a criação de um estado de espírito.
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Queimar incenso é uma das formas mais simples e eficazes de purificar a energia de qualquer local. A palavra incenso deriva do Latim incendere, que significa queimar, e ele já era usado pelas civilizações mais antigas como um elemento regenerador. O incenso Yacamim é natural e 100% artesanal, feito com fécula, extratos vegetais e florais de bach. Conheça nossas essências: Alecrim: Limpeza energética e purificação, Concentração e memória
Arruda e Guiné: Limpeza e proteção espiritual , Elimina energias negativas
Pitanga e dama da noite: Estimulante afrodisíaco, Autoestima, criatividade e confiança
Maçã e canela: Desperta o amor e afeto, Harmoniza as relações
Jasmim e laranja: Magnetismo e pros -peridade, Tranquilidade e eleva o astral
Canela: Vitalidade e prosperidade, Boa sorte e alegria
Lavanda e alfazema: Tranquilidade e harmonia, Leveza para o ambiente
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Elementos da arte e cultura popular brasileira dividem espaço com heranças de povos ancestrais de todo o mundo. Aquilo que vem das raízes ganha espaço na colcha de retalhos que é o nosso colorido plural, autêntico, que respeita e nasce da tolerância, com diferentes sotaques e temperos, que tornam nossa cultura tão rica.
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Cultura e arte em Tiradentes: ontem e hoje
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A arte está no DNA tiradentino. A herança barro-
encontradas nas esculturas entalhadas das igrejas
locais, e está em todo lugar: em seus monumentos
com certeza sobre sua biografia, que permanece
ca e rococó é característica central das produções históricos, na arquitetura, na decoração e fachadas. Alguns dos grandes artistas desses estilos deixaram suas cores e marcas na cidade. Dentre eles, podemos citar o mestre Aleijadinho e Manoel Victor de Jesus.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, eternizou
seu trabalho e o propagou por várias cidades de
Minas Gerais. Filho de um português com uma escrava, é um dos grandes responsáveis pelas belezas
mineiras do século XVIII. Pouco se pode afirmar
até hoje envolta em mistério e controvérsia, mas certo e incontestável é seu talento, assim como a
importância de seu trabalho. Não é à toa considera-
do pela crítica brasileira, quase em consenso, como
o maior expoente da arte colonial no Brasil. Inclusive ultrapassando as fronteiras - pois para alguns
estudiosos estrangeiros é o maior nome do barroco
americano, merecendo um lugar destacado na história da arte ocidental.
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A herança barroca e rococó é característica central das produções locais, e está em todo lugar: em seus monumentos históricos, na arquitetura, na decoração e fachadas.
Manoel Victor de Jesus também tem uma biografia vaga, com lacunas e poucas certezas. O que se sabe sobre o artista nascido em Tiradentes (Minas Gerais)
ou em São João Del Rei, é que suas obras são de extrema importância e de variedade, pois ele atuava
como pintor, dourador e riscador. O alferes Manoel
Victor de Jesus iniciou a vida artística em 1782 na Vila de Tiradentes, quando decorou o consistório Santíssimo Sacramento da Matriz de Santo Antônio. É responsável pela pintura da maioria da obras presentes na Matriz de Santo Antônio, na capela dos Sete Passos
e no Consistório da Irmandade do Descendimento, no
altar e consistório dos Passos, no Batistério e caixa do
órgão (o órgão de origem portuguesa, é considerado uma das grande relíquias de Minas Gerais). Também pintou os forros e os retábulos da Igreja de Nossa Se-
nhora dos Pretos e Crioulos, o forro da nave da Igreja do Rosário dos Pretos e os forros das naves da Capela de Nossa Senhora das Mercês.
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Não só de passado e história vive a arte regional.
O artesanato da região de Tiradentes carrega em
si traços de outros tempos, transmitidos de gera-
proprietária da loja, Graziela Guimarães, também dona de um café.
ção a geração. Mas ao barroco e rococó juntam-se
Uma das especialidades do Vanucci Ateliê, por sua
sibilitam releituras e recriações que resultam em
de 150 anos e transforma o tecido em adereço para
elementos, técnicas e materiais modernos que pos-
uma arte única, singular e característica pela qual
o lugar é conhecido e admirado. A isso, soma-se a tradição de produção de móveis e no artesanato de ferro, que perduram desde a época colonial;
vez, é a arte em fuxico, técnica que existe há mais
peças incríveis. Diversos objetos decorativos com
temas sacros e cores intensas podem ser encontrados no espaço.
das artes plásticas, da arte em tecido, papel machê,
Na Achados do Brasil, é possível garimpar móveis e
rica colcha de retalhos que é o artesanato mineiro.
como poltronas, sofás, abajures, luminárias e bibelôs.
pedra sabão, entre outros elementos que tecem a
objetos vintage, principalmente dos anos 1950 e 1960,
É devido a essa rica produção que quem visita a
Brasileirinho - A Casa De Arte Do Brasil é uma
decoração por de trás das inúmeras portinhas que
tes. Conquistou sua própria identidade através do
cidade descortina um mundo à parte em móveis e abrigam lojas do segmento.
A Marcas Mineiras, localizada no Largo das Mercês, reúne cerâmica Saramenha, cristais da Cá d’Oro, ta-
petes Marie Camille, objetos em quartzito e pedrasabão, pratos pintados à mão, além de produtos de cama, mesa e banho feitos manualmente pela
das referências em arte e artesanato em Tiraden-
garimpo pelo Brasil, em harmonia com uma linha de móveis contemporâneos feitos em madeira de demolição, trazendo uma nova linguagem com peças únicas e exclusivas. No local, figuras religiosas
dividem espaço com bonecas namoradeiras - arte onde o imaginário popular, o cotidiano, o sacro, o profano se misturam.
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Com uma pegada mais moderna, encantam as pinturas e esculturas de ateliês de artistas como Bernardo David e Valin Branco. Bernardo mistura pintura 3D e hiper-realismo. Indígenas, as paisagens
locais e natureza são temas recorrentes em suas impressionantes criações. Valin Branco explora, a partir de tocos de madeiras, as mais diversas proba-
bilidades matemáticas da intrigante fita de Moebius
— a mesma que inspirou os famosos desenhos do artista holandês M.C. Escher. A Curva de Moebius é
um tipo especial de superfície onde não há lado de dentro ou de fora, ou seja, nela só há um lado e uma única borda que é uma curva fechada.
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Oficina de agosto Um dos maiores e mais bem sucedidos centros de artesanato do país, Oficina de Agosto é de encher
os olhos de qualquer apaixonado por arte. Nascida
da parceria dos irmãos Antônio Carlos Bech, o Toti, e Sonia Bech Vitalliano, e espaço surgiu da ideia de
recuperar o artesanato brasileiro e transformá-lo num meio de subsistência das pessoas.
Preocupado com questões ecológicas o artista usa
material reciclado para a criação de objetos de de-
coração. Com foco também em questões sociais,
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Toti desenvolveu na comunidade local um grupo de
O trabalho da Oficina de Agosto influenciou forte-
Cada artesão desenvolveu uma técnica e deu às
como o grande centro artesanal que o é hoje. O po-
artesãos que auxilia na criação de objetos de arte.
obras um pouco de sua identidade, fazendo as criações por eles idealizadas e ganhando assim a oportunidade de transformar suas vidas por meio da arte.
Com a junção da comunidade, Toti e Sônia, há a Ofi-
cina de Agosto, espaço onde se cria arte coletiva
mente para que a região de Bichinhos se destacasse voado de Vitoriano Veloso, localizado entre a cidade de Tiradentes e Prados, surgiu nos primeiros anos
do século XVIII, com a descoberta de ricas lavras de ouro em território pertencente a São José D’el Rei, atual Tiradentes.
e diferenciada, que valoriza a pluralidade do arte-
Bichinho se orgulha de ser uma das grandes concen-
responsabilidade ambiental e social. Nesse espaço,
tes. A criatividade e simplicidade desses artesãos
sanato brasileiro, a cultura e também atuando com aos poucos, ferro, cola, tecido, madeira, objetos resgatados e reciclados vão se transformando, ganhan-
do um colorido especial, virando arte. Em forma de vasos, quadros, paineis, mandalas, adereços - tudo
com uma miscelânia bem brasileira, que mistura colo-
rido e tropical, com religioso, floral, natural, orgânico, mundano, divino e irreverência.
trações de artesãos do Circuito Trilha dos Inconfidenchamam a atenção dos visitantes. Quem chega na
localidade, se depara logo de início com os ateliês, e
suas obras expostas nas varandas, paredes e janelas.
Um colorido que contrasta bem com as casinhas de adobe.
As peças e pinturas nascem do aproveitamento de material de demolição, madeira, ferro, lata, plásticos
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e tecidos de algodão. A qualidade das peças é que garante as exportações para vários estados do país e até para o
exterior. Móveis, telas, bordados, fuxicos, crochês, tapetes, esculturas e adornos em geral estão por toda a parte.
Também em Bichinhos está localizado o Museu do Automóvel da Estrada Real, criado em 2006 pelo colecionador
Rodrigo Cerqueira Moura, que desde 1976, adquire e restaura carros antigos em uma oficina particular. A Igreja de
Nossa Senhora da Penha também é uma das atrações do povoado - datada de 1.832, a Igreja Nossa Senhora da
Penha de França é também tombada pelo IPHAN e possui
em seu interior em estilo rococó. Para os apaixonados por cachaça há também a cachaçaria Mazuma Mineira, com produção artesanal. Na visita é possível conhecer todas as etapas do processo de fabricação da bebida que é uma
das mais surpreendentes cachaças artesanais de Minas Gerais, produzida “produzida com zelo e calma inerentes
a comunidade do Bichinho.” Para fechar a visita, não deixe
de conferir o recomendado restaurante Tempero da An-
gela - comida caseira, preparada no fogão à lenha, com tempero mineiro, simplicidade e carinho.
Outros destinos Fundação Oscar Araripe A Fundação Oscar Araripe é uma organização artística-
cultural sem fins lucrativos, sediada no Centro Histórico
de Tiradentes. Sua galeria própria, com 80 m² comporta espaço para palestras, exposições e lançamentos, uma
editora de livros de arte com laboratório de inclusão digital e um núcleo de projetos culturais, incluindo o ensino da arte para crianças e adultos. De acordo com a própria
organização, desenvolve “projetos que visem o embelezamento do mundo e a liberdade humana”.
Seu acervo é oriundo de parte das obras do pintor, tex-
tos inéditos e publicações, e seus direitos autorais. Possui livros, móveis, documentos, cartas e outros objetos de
valor, incluindo um acervo de pintura de outros artistas, doados pelo pintor e sua esposa, Cidinha de Alencar Araripe, e também o gerado pelas exposições que a Funda-
ção realiza em sua Galeria, objetivando a construção de sua Pinacoteca.
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Solar do Padre Caldeira / Biblioteca do Ó Fundado em 1996, o Instituto Cultural Biblioteca do
Ó recepciona moradores de Tiradentes e visitantes interessados em conhecer e frequentar um local voltado à cultura, com exposição de pinturas e obras de
artes plásticas, além de uma grande quantidade de livros – à venda e também para empréstimo.
O espaço, localizado no Largo do Ó, também conta com várias exposições, entre elas, sobre a memória
da litografia em Minas Gerais. A exposição apresenta belas imagens desse trabalho que soma arte com
técnica. O Instituto Cultural é aberto a visitações e
possui uma ampla variedade de livros sobre temas diversos.
Museu de Sant’Ana Encontro de arte, história e fé. Assim é o Museu de
Sant’Ana, guardião de um acervo extraordinário de imagens que expressam o sentimento artístico e religioso do povo brasileiro.
O Museu foi inaugurado no dia 19 de setembro de 2014 e está instalado na antiga Cadeia Pública
da cidade de Tiradentes. Abriga 291 imagens de Sant’Ana, a santa protetora dos lares e da família,
bem como dos mineradores. São obras brasileiras,
de várias regiões do país, eruditas e populares, dos mais variados estilos e técnicas, produzidas em sua maioria por artistas anônimos, entre os séculos XVII e XIX, em materiais diversos.
Reunidas por Angela Gutierrez ao longo de quatro
décadas de buscas e pesquisas, as peças constituem um acervo sem similar no país, agora compar-
tilhado com todos. Doada ao Patrimônio Público e sob a gestão do Instituto Cultural Flávio Gutierrez,
a coleção impressiona pela beleza, originalidade e
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relevância. Visitá-lo é se deixar levar ao encontro das
que faz parte do grupo SESI - FIEMG, funciona em um
do Brasil.
Tiradentes. Independente da programação, a visita ao
raízes das crenças populares e da formação cultural
Museu da Liturgia O Museu da Liturgia de Tiradentes é o único dedicado
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belo casarão, em uma das mais tradicionais ruas de
edifício já vale o passeio. Mas vale ficar atento à agen-
da de eventos para aproveitar ao máximo o Centro Cultural Yves Alves.
ao tema na América Latina e espaço privilegiado para
a celebração da intensa devoção religiosa da cidade e de sua região. Possui um acervo de mais de 420 peças
Atelier do Arquiteto Sérgio Ramos
sacras dos séculos XVIII a XX. No pátio, que tem vista
Formado em arquitetura e urbanismo pela Pontifícia
da a uma audição de trechos bíblicos e salmos.
mente possui um atelier em Tiradentes, Minas Gerais,
para a Serra de São José, uma instalação sonora convi-
Centro Cultural Yves Alves Destinado à realização de exposições, mostras de cinema, teatro, shows, espetáculos de dança e outras atividades culturais, possui entrada gratuita. É o
principal espaço da cidade destinado à arte e recebe mostras e eventos temporários. O centro cultural,
Universidade Católica de Campinas/SP, (1991), atualonde se dedica exclusivamente às suas pinturas.
Suas obras são metáforas de objetos do cotidiano
que se compreendem, se refletem e se correspondem como em um diálogo. Traduzem o inconsciente
coletivo através de imagens primordiais, fazendo referência ao nosso arquivo mental: as formas simples ilustram histórias onde todos já fomos protagonistas.
É devido a essa rica produção que quem visita a cidade descortina um mundo à parte em móveis e decoração por de trás das inúmeras portinhas que abrigam lojas do segmento.
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Programação cultural de Tiradentes
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Mostra de cinema de Tiradentes A proposta inicial da mostra de cinema era incentivar a inauguração e o funcionamento do Centro Cultural Yves Alves, mas logo o foco mudou para que o evento tivesse alcance nacional. “Queremos um evento não só para exibir e premiar filmes, mas para ser um instrumento de formação, reflexão, promoção e difusão do nosso cinema. Um evento para ser reflexo da produção contemporânea. Tendo ou não filme para exibir, vamos apresentar um conceito para pensar, discutir e fazer ecoar os melhores frutos. Um evento para deixar um legado, para reunir o Brasil em Minas”. Assim define Raquel Hallak d’Angelo, coordenadora da Mostra. O projeto começou exibindo filmes brasileiros numa lona de circo, no Largo das Mercês, tornou-se um espaço enriquecedor de exibição e discussão do cinema brasileiro contemporâneo – um exemplo que já impulsionou novas iniciativas em Minas e no Brasil. Anualmente, desde 1998, se ergue toda a infraestrutura necessária para abrigar uma programação intensa e gratuita. Suas edições contam com a presença de mais de 500 convidados todo ano, e com a participação de curadores de festivais internacionais que comparecem ao evento para conhecer o que há de mais promissor na produção audiovisual brasileira. Esse intercâmbio em favor do cinema brasileiro gera importantes frutos para os profissionais brasileiros que já tiveram seus filmes selecionados para diversos festivais internacionais, como Cannes, Berlim, Locarno, Veneza. Em 19 edições já realizadas, a Mostra Tiradentes já bene-
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ficiou um público estimado em 647 mil pessoas. Propor-
anual para o próximo ano em 1993, tradição estabelecida
cionou o acesso gratuito e democrático aos bens culturais
e mantida desde então, quando no mês de junho encon-
com a oferta de uma programação que reúne ações de
traram-se na cidade cerca de 200 motociclistas, amigos
formação, reflexão, exibição e difusão. O evento exibiu
e apaixonados pela Harley-Davidson. Neste ano deu-se
2.436 filmes em 813 sessões de cinema, promoveu 201
oficialmente a primeira edição do então hoje chamado de
oficinas e 5.964 alunos certificados, 19 seminários, 25 cor-
Bikefest Tiradentes.
tejos, 35 exposições temáticas, 59 espetáculos de rua, 145 shows musicais. Recebeu 7.111 convidados – autoridades,
O evento cresceu e hoje se encontram anualmente cer-
cineastas, produtores, atores, críticos de cinema e profis-
ca de dezenove mil motociclistas e um público flutuante
sionais do audiovisual. A imprensa foi representada por
de trinta mil pessoas por dia. Além de dezenas de expo-
1.342 profissionais de jornais, televisões, rádios e internet
sitores no ramo de acessórios, vestuários, peças, pneus,
de todo o Brasil.
empresas de customização, pinturas, tatuagem, revendas de motocicletas e mais uma infinidade de atrações para motociclistas, com shows musicais, exposição de motocicletas antigas, customizadas, exóticas e principalmente a harmonia entre os participantes que fizeram de um simples encontro entre amigos, o mais clássico e um dos mais importantes encontro motos do Brasil.
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Tiradentes Bike Fest (Encontro de Motos) Realizou-se, até 1991, um encontro de motos e carros antigos na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais. Ali se encontravam alguns motoclubes e também muitos “harleyros”. Foi nesse ano que, aproveitando a ocasião, Mario Manela sugeriu que os motociclistas presentes deveriam manter a tradição de se reunirem anualmente naquela região, pois o clima de inverno e a região central proporciona para quem vinha do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo
Festival gastronômico em Tiradentes Sabor e tradição são os temperos do festival que é um
Horizonte uma viagem agradável.
dos um dos principais eventos gastronômicos do país. O
Foram várias sugestões para a reunião do ano seguinte,
anos em 2017, homenageando Minas Gerais com diversas
sendo a preferência por uma cidade pequena, tranquila, de clima frio e pessoal amigo, a charmosa “Tiradentes”. Em 1992, ocorreu a reunião dos amigos, sendo o clima acolhedor da cidade e seu clima ficou definido o encontro
Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes completou 20 atrações da culinária e da música mineira. Desde sua criação, recebeu mais de três mil profissionais da gastronomia e meio milhão de pessoas que degusta-
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ram as delícias do cardápio. O evento conta também com
cozinha farta. Simplicidade e amar servir. O mineiro ama
shows, cozinha ao vivo, estandes com representantes dos
receber, retribuir e fazer sempre o melhor para o convida-
mais importantes restaurantes de Minas, além de vários
do.” este é o segredo da hospitalidade mineira, de acordo
pratos feitos especialmente para a ocasião.
com Gabriela Barbosa, responsável, é o segredo da hospitalidade mineira, de acordo com a FULANA, responsável
O Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes faz parte do
pelo hotel Pequena Tiradentes, um dos pontos mais dispu-
Projeto Fartura – Comidas do Brasil, que viaja por todo o Bra-
tados da cidade histórica.
sil exaltando e experimentando a culinária por onde passa. Longe da correria das cidades grandes, Pequena Tiradentes preserva o charme e a tranquilidade da cidade que a abriga. Construída em estilo colonial, oferece aos hóspedes clima acolhedor e estrutura que inclui e piscina coberta pré aquecida, jacuzzi, piscina com cascata, bar, espaço de massagem, sala de leitura, saunae Fitness Center. Nos quartos, um detalhe que encanta: os leitos homenageiam mulheres brasileiras recebendo nomes como Cora Coralina e Chiquinha Gonzaga - figuras femininas que contribuíram com a história do nosso país. Como nenhuma mulher é igual a outra, as acomodações também são diferenciadas, mas em comum todas propiciam conforto e requinte para quem deseja relaxar e descansar com qualidade. Pequena Tiradentes foi eleita pela revista Viagem e Turismo, em parceria com o Guia 4 Rodas, uma das 04 melhores pousadas para lazer do Brasil. A cozinha da pousada é
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também um de de seus grandes diferenciais Existem dezenas de hotéis e pousadas para diferentes gostos e estilos. Conheça algumas opções indicadas
Festival de fotografia de Tiradentes - foto em pauta
para quem visita Tiradentes:
Depois de oito anos de sucesso do projeto Foto em Pauta, criou-se o Festival de Fotografia na cidade de Tiradentes, interior de Minas Gerais. Acontece no primeiro semestre do ano, entre o carnaval e a semana santa. O festival conta com atividades ministradas por grandes nomes da fotografia no Brasil e no mundo. Produzimos exposições, workshops, palestras, debates, leituras de portfólio, projeções de fotografias e atividades educativas voltadas para a comunidade local.
hotelaria Hospitalidade não falta em terras mineiras. Se pequena em população, a cidade é generosa em opções hospitaleiras e acomodações que encantam pelos detalhes, pela simplicidade elegante, referências culturais, conforto e
Pousada chafariz das 4 estações A Pousada Chafariz das Quatro Estações, inaugurada
em 2003, é uma opção de hospedagem para quem
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vem à cidade a trabalho ou lazer. Está localizada no co-
ração do Centro Histórico, bem em frente ao Chafariz de São José e a apenas dois minutinhos – a pé – da
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nos seus 18 mil metros quadrados de área verde, dentro da cidade histórica de Tiradentes.
praça principal, o Largo das Forras.
Da área de lazer é possível contemplar dois atrativos
marcantes de Tiradentes: a suntuosa Serra de São José e a Igreja Matriz de Santo Antônio. A cidade mais charmosa de Minas Gerais aguarda sua chegada com as boas-vindas da Pousada Chafariz das Quatro Estações.
Pousada Vovô Chiquinho A pousada é um convite para quem quer vivenciar um
pedacinho da história de Minas Gerais, até mesmo na hora de escolher a hospedagem. O casarão colonial
Hotel Ponta do Morro O Hotel Ponta do Morro também está localizado no
coração do centro histórico, o Largo das Forras. Por ser acessível, é uma opção prática para quem quer conhe-
cer os mais diversos atrativos da cidade: restaurantes,
barzinhos, lojas de arte/artesanato, igrejas, museus, passeios turísticos da região.
do século XVIII foi cuidadosamente restaurado e to-
talmente adaptado para visitação e hospedagem no centro histórico de Tiradentes-MG e oferece momen-
tos de aconchego e sossego. Está situada ao Largo das Forras, a principal praça da cidade, uma área de fácil
acesso. Essa privilegiada localização torna mais simples o deslocamento entre a pousada os diversos atrativos
que a cidade oferece, seja a partir de passeios a pé ou pelas charmosas charretes.
!
informações turísticas
A hospitalidade mineira, além de um atrativo
típico, desperta ainda mais o desejo de co-
nhecer o lugar. Quem deseja ter acesso a mais informações sobre pontos turísticos, horários de funcionamento de atrações, calendário
cultural, entre outros pode contar com o Cen-
tro de Atendimento ao Turista. O serviço funciona das 9h às 17h em um casarão típico
Pousada Xica da Silva Em estilo colonial e requintada decoração, a Xica da
Silva Pousada reúne o que Minas tem de mais genuíno
no Largo das Forras, local que reúne opções de restaurantes para todos os paladares e as tradicionais charretes.
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para ouvir e sentir Confira indicações musicais de trabalhos lançados recentemente com personalidade e essência.
tribalistas
tribalistas
2017 _ álbum
O tão esperado retorno do supergrupo composto por Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes encantou fãs, além de repercutir internacionalmente. Classificado como “instantaneamente simpático e intensamente groovy” pela Billboard americana, o grupo anunciou, por meio de uma live nas redes sociais, o álbum que traz dez músicas inéditas.
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TIÊ
AMULETO 2017 _ single
“Amuleto são várias coisas que a gente vai carregando ao longo de uma relação. As memórias, os traumas e as felicidades, como se fossem amuletos. E você vai guardando isso no corpo, como uma casa que vai se preenchendo. A música retrata uma relação já vivida, já antiga de certa forma, e quase desgastada, mas ainda com muito amor e esperança. É uma música muito universal.” Assim Tiê explica seu novo single, Amuleto. A letra foi um presente do compositor Bruno Caliman para a cantora, e há uma grande equipe envolvida no processo. O clipe é de Jorge Bispo, com direção artística de Rita Weiner. A canção foi formatada por Cintra e Whoong, produtores do single, e é apontada como o possível hit do álbum, com lançamento previsto para outubro. Com cordas arranjadas por Whoong e com o toque do lap steel de Kassin, Amuleto ganhou tom melancólico na voz de Tiê. O cantor, compositor e instrumentista norte-americano Jesse Harris toca violão nessa gravação.
Um, dois, três / Quando juntos, somos muitos / Somos um só, um só”, canta o trio em uníssona na canção “Um só”. Mesmo 15 anos depois da formação, a qualidade dos singles certifica os motivos pelos quais Tribalistas fizeram sucesso e continuam fazendo. Desde então, o grupo havia lançado mais recentemente apenas a música Joga Arroz, composição lançada em maio de 2013 e que celebrava o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Com otimismo e leveza, o auto intitulado álbum, canta principalmente sobre temas políticos (Diáspora, Um Só e Lutar e Vencer), além de amor (Feliz e Saudável) e temas mais existencialistas (Fora da Memória).
“Os Tribalistas na verdade nunca se foram. Desde que lançaram o disco do trio, em 2002, Marisa, Arnaldo e Carlinhos já se reuniram diversas vezes e compuseram cerca de 30 canções que foram gravadas individualmente por eles mesmos ou por outros intérpretes. Em março, eles se reuniram novamente para trabalhar novas canções, mas sem planos nem prazos”, dizia a nota divulgada pela assessoria da cantora. Além do disco completo, por meio do Spotify, o trio liberou um especial que contém vídeos, letras e cifras das canções. O repertório inédito será lançado também nos formatos de CD e DVD, além do especial de TV.
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Tetê Espíndola Outro Lugar
2017 _ álbum
“Hoje passado é presente”, canta Tetê Espíndola em verso de Onda do tempo, música composta pela artista mato-grossense em 2014 em parceria com Marta Catunda. Na poética da letra, o tempo é comparado a uma borboleta com vermelho vitral tocando os pés da menina que ainda ressoa na voz da artista de 63 anos.
Lançado pela LuzAzul, o disco subverte a lógica do tempo por apresentar registros de composições feitas há anos e até então inéditas. Outro lugar, ao longo das 12 faixas, transporta memórias para os dias atuais. Apesar da roupagem moderna do álbum, os elementos que originalmente representaram o trabalho da artista no início dos anos 1980 estão presentes. Um pouco do bucólico, de doce e de sentimental fazem parte das melodias. “Não sou daqui / Nem sou de lá / Sou sempre de outro lugar … Mais interior / Por esse amor afora / No seu abraço / De sabiá e amora“, canta na faixa-título do trabalho, de autoria do músico Arnaldo Black. Há também canções de essência sertaneja como Itaverá (“É cavalgando num cavalo sem asas / Que vou buscar a pedra que brilha“) e Aconchego (“Travesseira pra ter sonho / Sobre nuvens que vem lá dos confins“). A produção é cercada de colaboradores: Arrigo Barnabé em Luz e Anzol, Marta Catunda em quatro composições do disco, e também a filha, Patrícia Black, responsável pelo ensaio fotográfico que acompanha o encarte do disco, trabalho de Uibirá Barelli.
Chico Buarque Caravanas
2017 _ álbum
Seis anos após o último disco de estúdio, Chico Buarque lança “Caravanas”, com sete canções inéditas e duas também de sua autoria. Neste novo trabalho, o compositor reafirma o seu talento para o lirismo e a poesia. Gravado nos estúdios da Biscoito Fino, no Rio, o álbum já tem um single de sucesso: lançada no fim de julho, em menos de duas semanas “Tua Cantiga” tornou-se a terceira música do artista mais tocada nas plataformas online.
“Caravanas” é um disco cheio de canções atuais na forma e no conteúdo. Poeticamente sofisticada, a polêmica Tua Cantiga combina referências literárias e a estrutura de lundu ternário. A política também aparece, em Canta Casualmente - combativa, mas sem perder a elegância, a canção, em espanhol, sobre Havana pode ser interpretada como uma resposta aos gritos de “Vai pra Cuba”. Em Massarandupió tem-se a graça de ser uma parceria entre Chico e seu neto Chico Brown, sim, filho de Carlinhos, como uma transição de gerações. Com um repertório movido pelo afeto, o trabalho dialoga com sua própria trajetória, mas se valendo um olhar atualíssimo. Empatia, canções lindas e senso de urgência são características do álbum. Nele, Luiz Claudio Ramos assina os arranjos e a produção musical. A produção é de Vinicius França.
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sos amazônia É do coração da floresta amazônica que um dos mais ricos e grandiosos ecossistemas do planeta nasce, floresce, e dá frutos. Também desse mesmo seio que povos de saberes ancestrais vivem desde antes de a palavra Brasil existir. p
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E junto com a violação do solo e dos filhos da
críticas de ambientalistas, políticos, celebridades
da”. “O maior ataque à Amazônia em anos”. “O lei-
Cobre e Associados (Renca) à exploração privada
terra, a natureza sangra. “Uma tragédia anuncialão do pulmão do planeta”. Essas são algumas das
e estudiosos à abertura da Reserva Nacional de de minérios.
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A medida, decretada pelo presidente Michel Te-
ração mineral estatal. O território tem áreas pro-
território de quase 4 milhões de hectares entre o
territórios indígenas das etnias Aparai, Wayana e
mer, estabelece o fim da reserva que ocupa um
Pará e o Amapá. As MPs idealizadas pelo Governo Federal por meio do Ministério de Minas e Ener-
tegidas de grande biodiversidade, entre elas, dois Wajapi.
gia, com a chancela do presidente da república,
Nas redes sociais, o tema tem sido alvo de críticas,
Elas reduzem a área de proteção, permitindo ex-
pela Amazônia”. Em meio ao debate, surge uma
foram editadas sem muita discussão ou debate. plorações como as realizadas pela indústria da mineração. O que mais chamou a atenção é que a
dimensão territorial desta redução é maior que a
extensão da Dinamarca e, além disso, a exploração
poderá ser feita por empresas de outros países, em especial, da Ásia e da União Europeia.
A imensa área, também rica em ouro, manganês, ferro e cobre, havia sido delimitada em 1984, durante a ditadura militar, para ser usada para explo-
com hashtags como “SOS Amazônia” ou “Todos importante informação noticiada pela WWF – Fun-
do Mundial da Natureza, sobre novas descobertas científicas na Amazônia: 381 novas espécies, entre plantas, peixes, anfíbios, répteis, mamíferos e alguns fósseis. Entre os encontrados e catalogados estão: 216 novas plantas, 93 peixes, 19 répteis, 18
mamíferos e dois mamíferos fósseis. A cada dois dias, uma nova espécie de ser vivo é descoberta na floresta.
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Sabe-se que toda a exploração mineral na região
causa profundos impactos naturais, culturais, eco-
nômicos e também deixa marcas nas populações
tornando-se, em alguns locais, verdadeiras paisagens lunares, com solos inférteis e devastados.
locais. Atualmente, mais de 90% da mineração
Para ONGs como a WWF, a liberação da atividade
cumprem as medidas socioambientais. Além desse
as protegidas, pode causar danos irreversíveis ao
realizada na Amazônia e em outros estados não
dado alarmante, na desativação das lavras muitas
vezes o ambiente degradado não é recuperado,
mineira privada na Renca vai pôr em risco suas áremeio ambiente e à população indígena.
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“É uma tragédia realmente anunciada. Vai resultar em desmatamento, contaminação dos rios e o perigo da atividade mineira é associado a outras atividades ilegais,
como garimpo. É uma visão antiga de desenvolvimento, da Amazônia como pro-
vedora de recursos naturais”, disse à AFP o diretor-executivo da WWF no Brasil, Maurício Voivodic.
Em seu governo, Temer já aprovou outras medidas impopulares e que desagradaram ambientalistas. Recentemente, diminuiu a área de um santuário natural e
congelou a cessão de títulos de propriedade a indígenas. Além de estar viva na me-
mória a tragédia de Mariana e o desastre do Rio doce - quando uma barragem da mineradora Samarco se rompeu, e a lama tóxica soterrou Bento Rodrigues, distrito
da cidade mineira de Mariana em 2015, deixando 19 mortos. A lama, contaminada com dejetos, desceu seguindo o curso do rio e chegou ao mar na costa do Espírito Santo, provocando a maior tragédia ambiental da história do Brasil.
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“É uma tragédia realmente anunciada. Vai resultar em desmatamento, contaminação dos rios e o perigo da atividade mineira é associado a outras atividades ilegais, como garimpo. É uma visão antiga de desenvolvimento, da Amazônia como provedora de recursos naturais” Maurício Voivodic _ diretor-executivo da WWF no Brasil
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De acordo com a Avaliação de Gestão das Unidades de Conservação, produzida pela WWF, O Brasil vive uma ofensiva sem precedentes às áreas protegidas. A ameaça paira
sobre cerca de 10% do território das unidades de conservação federais, numa estimativa conservadora. Ofensiva contra as áreas protegidas vai de Norte a Sul do país e envolve
uma área de cerca de 80 mil de quilômetros quadrados, quase o tamanho do território
de Portugal. O conflito de interesses não é novo. De um lado, estão produtores rurais que ocupam irregularmente ou gostariam de ocupar essas áreas protegidas, empresas
de mineração ou grileiros de terras públicas. De outro, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que colocou o Brasil ao final da década passada na posição de líder mundial em extensão de áreas protegidas. Na medida em que um dos lados ganha
mais força, o impacto nas áreas protegidas pode resultar em mais desmatamento da
Amazônia, com prejuízo às metas brasileiras para a redução das emissões de gases de efeito estufa na Convenção do Clima das Nações Unidas, além de implicar o desmonte
do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) e ameaçar o cumprimento dos compromissos assumidos pelo na Convenção da Diversidade Biológica (CDB).
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autores mineiros 56
Os solos mineiros também são expressivos no que toca à arte escrita. É vasta a contribuição do estado para a literatura nacional desde o período colonial. p
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No século XVIII, quando Vila Rica, atual Ouro Pre-
A produção literária de Minas Gerais reflete sua
tão Colônia Portuguesa, formou a primeira gera-
rações de escritores que experimentam estilos e
to, tornou-se centro econômico e político da enção literária brasileira. Desde os poetas árcades, como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto
e Cláudio Manoel da Costa, passando pelo romantismo e simbolismo, até o grande expoente Gui-
marães Rosa e o célebre poeta Carlos Drummond de Andrade, além dos contemporâneos como Ziraldo, Fernando Morais e Conceição Evaristo.
diversidade e criatividade também nas novas gegêneros, apontando para o novo, para o que ain-
da está sendo escrito, descoberto, na prosa, na poesia, no ensaio, na ficção e nos romances de não-ficção.
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“Eu falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.” Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa, nascido em
sileira. O autor foi também incluído no
plomata, novelista, contista e médico,
da literatura latino-americana pós-
Cordisburgo, além de escritor, foi disendo considerado um dos maiores au-
tores brasileiros de todos os tempos. Sua obra retrata principalmente as
agruras do sertão brasileiro e se destaca pelas inovações linguísticas. Seu
texto é marcado pela influência de falares populares e regionais que, somados à erudição do autor, permitiram a criação de inúmeros vocábulos a partir
de arcaísmos invenções e intervenções semânticas e sintáticas.
Foi eleito membro da Academia Brasi-
leira de Letras em 6 de agosto de 1963,
sendo o terceiro ocupante da cadeira nº 2, que tem como patrono Álvares de Azevedo.
Regionalismo, realismo mágico, liberdade de invenções linguísticas - a escrita de Guimarães Rosa prova o quão
importante é ter a linguagem a serviço da temática e vice-versa. Nesse sentido, o escritor mineiro inaugura uma
metamorfose no regionalismo brasileiro que o traria ao centro da ficção bra-
cânone internacional a partir do boom 1950. O romance entra em decadência
nos Estados Unidos. E, a partir de Cem anos de solidão (1967), do colombiano Gabriel García Márquez, a ficção
latino-americana torna-se a representação de uma vitalidade artística e de
uma capacidade de invenção ficcional
que pareciam, naquele momento, per-
didas. São desse período escritores como Mario Vargas Llosa (Peru), Carlos Fuentes (México), Julio Cortázar (Argentina), Juan Rulfo (México), Alejo
Carpentier (Cuba) e, mais recentemente Ángel Rama (Uruguai).
Sua obra prima é, com certeza, Grande Sertão: Veredas (1956), um dos mais importantes livros da literatura brasileira e da literatura lusófona, que aborda as intempéries dos solos sertanejos, a cultura de seu povo, a fé, as falas,
angústias e alegrias. Guimarães Rosa é também autor de Saragana (1946), Cor-
po de Baile: Noites do Sertão (1956) e Primeiras Estórias (1962), entre outros.
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Carlos Drummond de Andrade
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, Você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, Você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? E agora, José?
Natural de Itabira, o poeta, contista e cronista Carlos Drummond de
Andrade é considerado por muitos
o mais influente poeta brasileiro do século XX. Foi um dos principais poetas da segunda geração do modernismo brasileiro seguindo a libertação proposta por Mário de Andrade
e Oswald de Andrade; com a instituição do verso livre.
Na prosa, Confissões de Minas
(1944), De Notícias & Não-notícias Faz-se a Crônica (1974) e Auto-retrato e Outras Crônicas (1989) são apenas algumas das quase 20 obras pu-
blicadas. Na poesia, Sentimento do Mundo (1940), José (1942) e A Rosa do Povo (1945) são os livros mais conhecidos.
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ZIRALDO Nascido em Caratinga, o cartunista e chargista, transporta suas criações também para a pintura, dramaturgia, caricatura, crônica, desenho, colunismo e
jornalismo. É o criador de personagens
famosos, e, atualmente, um dos mais aclamados escritores infantis do Brasil.
Famoso principalmente por sua obra
destinada às crianças, com o Menino Maluquinho (vencedor do prêmio Jabuti de
Literatura Infantil), Uma Professora Muito
Maluquinha, Turma do Pererê, Flicts (vencedor do prêmio Prêmio Hans Christian
Andersen). Ganhou também Nobel Internacional do Humor e o Prêmio Merghantealler.
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De origem humilde, a autora Conceição Evaristo nasceu numa favela da zona sul
de Belo Horizonte, e vem de uma famí-
lia muito simples, com nove irmãos e sua mãe. Teve de conciliar os estudos trabalhando como empregada doméstica até
concluir o curso normal, em 1971, já aos 25 anos. Mudou-se então para o Rio de
Janeiro, onde passou num concurso público para o magistério e estudou Letras na UFRJ.
Na década seguinte, entrou em contato
com o grupo paulistano de escritores
Quilombhoje, cujo objetivo é discutir e aprofundar a experiência afro-brasileira
na literatura. Só na década de 1990 es-
“Quando estou escrevendo e quando outras mulheres negras estão escrevendo, me vem à memória a função que as mulheres africanas - dentro das casas-grandes, escravizadas - tinham de contar histórias para adormecer a casa-grande. Eram histórias para adormecer. Nossos textos tentam borrar essa imagem. Nós não escrevemos para adormecer os da casagrande, pelo contrário, é para acordá-los dos seus sonos injustos”
treou no meio, com obras publicadas na série Cadernos Negros.
Conceição Evaristo
Hoje, é mestra em Literatura Brasileira
pela PUC-Rio, e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal
Fluminense. Suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio (2003), abordam temas como a discriminação racial,
de gênero e de classe. A obra foi traduzi-
da para o inglês e publicada nos Estados Unidos em 2007. Conceição é militante
do movimento negro, com grande participação e atividade em eventos relacionados a militância política-social.
Seu livro de contos Olhos d’água” ganhou um prêmio Jabuti em 2017. O nome da obra é também o título da primeira
história, que conta a trajetória de uma
mulher às voltas com a imagem que guar-
da de sua mãe. O título se refere também a como ficam os olhos dos leitores das quinze 15 emocionantes histórias que a escritora mineira reúne neste livro, que,
apesar do que narram, tecem esperança.
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Adélia Prado Natural de Divinópolis, Adélia Luzia Prado de Freitas
tendo-se em conta que Adélia, como tanta mulhe-
Modernismo. Seus textos literários retratam o coti-
mãe, esposa e dona-de-casa.
é poetisa, professora, filósofa e contista ligada ao diano com perplexidade e encanto, norteados pela
fé cristã e permeados pelo aspecto lúdico, caracte-
Em 1978 lança O Coração Disparado, com o qual
Sua carreira na literatura iniciou em 1976, quando
vro. Dois anos depois, dirige a montagem de Auto
rísticas de seu estilo literário.
enviou o manuscrito de Bagagem para Affonso Ro-
mano de Sant’Anna, influente na imprensa crítica
literária assinando uma coluna no Jornal do Brasil. Admirado, Affonso repassou os manuscritos a Carlos
Drummond de Andrade, que incentivou a publicação da obra.
Professora por formação, exerceu o magistério du-
rante 24 anos, até que a carreira de escritora tornouse a atividade central. O surgimento da autora re-
presentou na literatura brasileira a revalorização do feminino nas letras e da mulher como ser pensante, 60
res, incorpora múltiplos papéis - de intelectual e de
recebe o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Lida Compadecida, de Ariano Suassuna pelo grupo de teatro amador Cara e Coragem. Mais tarde, há
a estreia do espetáculo Dona Doida: um interlúdio, baseado em textos de livros da autora, encenado por Fernanda Montenegro. Depois de um período
de cinco anos de silêncio poético, a autora retorna com Oráculos de Maio, uma coletânea de poemas, e Manuscritos de Felipa, uma prosa curta. A autora possui mais 20 de obras publicadas, das quais alguns títulos foram traduzidos para o inglês e o espanhol.
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Fernando Gabeira Fernando Gabeira é um jornalista, escritor e político brasileiro nascido em Juiz de Fora. Conhecido também por
ter participado como militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro na luta armada contra a ditadura
no Brasil. Ele não era um guerrilheiro propriamente dito,
mas trabalhava como repórter do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro.
Escreveu, em 1979, o livro O que é isso, companheiro?, so-
bre sua participação na luta armada e seu posterior exílio na Europa. O livro venceu o Prêmio Jabuti de Literatura na
categoria biografia e (ou) memórias em 1980 e foi transformado em filme pelo cineasta Bruno Barreto em 1997.
Fernando Morais Natural de Mariana, o jornalista, político e escritor brasileiro tem sua obra literária constituída por biografias e repor-
tagens. Seu primeiro sucesso editorial foi A Ilha - relato de uma viagem a Cuba. Desde então, abandonou a rotina das
redações para se dedicar à literatura. Pesquisador dedicado
no tratamento de textos, suas publicações venderam mais de dois milhões de exemplares no Brasil e em outros países,
tornando-se um dos escritores brasileiros mais lidos de todos os tempos.
A Ilha - lançada em 1976, tornou-se um dos maiores sucessos
editoriais nacionais e se converteu num ícone da esquerda brasileira nos anos 1970. Reeditada em 2001, a obra amplia-
da inclui um caderno de fotos e um prefácio em que Morais
apresenta suas impressões sobre a ilha 25 anos depois da primeira viagem.
Entre outras obras de sucesso do autor: Olga (lançado em 1985 e reeditado em 1994), que narra a trajetória trágica de
Olga Benário, recrutada pelo governo soviético para dar proteção ao líder comunista brasileiro Luís Carlos Prestes; Cha-
tô, o Rei do Brasil (1994) - biografia de Assis Chateaubriand, na qual são narrados sem retoques os expedientes pouco
ortodoxos por ele utilizados para construir seu império jorna-
lístico; Corações Sujos (2000) - reconstitui a mais sangrenta página da história da imigração japonesa; e Mago (2008) biografia do polêmico escritor Paulo Coelho.
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Bem-estar com elementos da natureza p
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Existem diversos benefícios comprovados do con-
A Mãe Terra, em sua sabedoria, proporciona mi-
tenção da capacidade criativa e de concentração,
Não é por menos que, cada vez mais, existe a pro-
tato direto com a natureza. Longevidade, manumelhora da memória e da respiração, redução do estresse, entre outros.
lhares de ativos que curam e cuidam do corpo. cura por produtos com elementos naturais para as
rotinas de bem-estar e beleza. Eco-friendly, com princípios orgânicos, cruelty free - esses são os atributos dos cosméticos que vêm conquistando uma parcela mais consciente de consumidores.
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produtos com produção artesanal e até ideias beauty é uma tendência que propõe o resgate de fórmulas naturais, orgânicas, não tóxicas
para o cuidado do corpo. Essa atitude está relacionada ao estilo de vida de quem prioriza a saúde e preza pelo cuidado com a natureza.
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Creme hidratante
Há também uma busca de volta às raízes, com para um faça você mesmo. O movimento slow
e
- 25g de manteiga de karité ou cupuaçu
- 2g de cera de abelha ou candelila (opção vegana)
- 40ml de óleo vegetal (semente de uva, abacate ou gergelim)
- 3 gotas de óleo essencial de lavanda (Lavandula Officinalis)
Confira receitinhas orgânicas, com ingredientes caseiros e de fácil preparo para
quem experimentar os cuidados e vanta-
gens de produtinhos feitos com carinho e com as próprias mãos:
- 2 gotas de óleo essencial de patchouli (Po-
gostemon Cablin)
Modo de preparo: Derreta a cera e, em segui-
da, adicione a manteiga e o óleo vegetal. Depois, mexa bem o creme até que obtenha consistência e espere esfriar completamente para
colocar as gotas de óleo essencial. Guarde em um frasco de vidro, preferencialmente ambar.
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Desodorante natural - 70ml de leite de magnésio - 10ml de tintura de alecrim
- 10ml de óleo vegetal de (semente de uva, abacate ou gergelim)
- 3 gotas de óleo essencial de eucalipto (Eucalyptus Globulus)
- 2 gotas de óleo essencial de tea tree (Melaleuca Alternifolia)
Modo de preparo: Misture o leite de magnésio com a tintura. Em seguida, acrescente o óleo vegetal. Por último, as gotas de óleo essencial. Guardar em um frasco e agitar sempre antes de utilizar.
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Protetor labial hidratante - 1 colher de sopa + 1 colher de chá de cera de abelha ralada;
- 1 colher de sopa + 1 colher de chá de manteiga de cacau;
- 1 colher de chá de óleo de vitamina E; - 1 colher de chá de mel;
- 1 colher de chá de óleo de azeite de oliva;
- ¼ de colher de chá de óleo essencial (opcional). Modo de preparo: Coloque todos os ingredientes, exceto o óleo essencial em uma panela pe-
quena. No fogo médio-baixo (iniciar no baixo e depois lentamente aumentar para o calor necessário para derreter a cera), mexa continuamente. Espere a cera derreter nessa temperatura até
que se derreta completamente. Retire do fogo a mistura e acrescente o óleo essencial (enquanto
a mistura ainda está quente). Em seguida, insira o conteúdo em recipiente - de preferência, que
tenham um formato de bastão para facilitar a 64
aplicação. Deixe esfriar o tempo necessário para usar.
Observação: é possível criar batons da mesma
forma e com os mesmo ingredientes, basta adicionar corantes naturais (da sua escolha) ao inserir os óleos essenciais.
Alguns cuidados para utilização de produtos feitos em casa Tome as precauções para evitar que os componentes estraguem, oxidem ou tenham contaminação bacteriana;
Manipule componentes naturais apenas com conhecimento de suas propriedades;
Prefira frascos estéreis para evitar contaminações; Fique atenta ao prazo de validade do produto,
que costuma ser menor por não conter conservantes;
Sempre faça testes dos produtos em uma pequena área de pele antes de fazer o uso para evitar reações alérgicas.
Óleo de coco - um cosmético completo Natural, potente e fácil de encontrar, o óleo de coco surge como um multiuso poderoso quando
o assunto é beleza. Basicamente, o fato de ser um
bactericida e antifúngico natural com alto poder hidratante e facilmente absorvido pela pele o torna eficaz e versátil - um item indispensável nas rotinas de beleza baseadas em itens orgânicos.
Conheça alguns dos diversos usos e benefícios:
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Removedor de make O óleo promete funcionar mesmo pra tirar o rímel mais resistente. Pode ser aplicado diretamente no rosto ou com um algodão – no caso das máscaras de cílios, é importante deixar alguns segundos aplicado para “dissolver” o produto. Além de poder ser utilizado para remover todo tipo de maquiagem em qualquer região do rosto, promove também a hidratação. Uma dica: podese deixar um pouco de óleo na base dos cílios, pois ele ajuda também no crescimento dos fios.
Como reparador, hidratante e extra-brilho para os cabelos Graças a vitamina E e aos ácidos graxos presentes no óleo de coco, ele age de forma poderosa na parte interna do fios, reconstruindo e fortalecendo o cabelo. O alto índice de gordura saturada também faz bem para as madeixas. Assim, é ideal para cabelos secos, tingidos ou com química, pois proporciona brilho e maciez. Para o intuito de reforçar o brilho dos frios, coloque a quantidade referente a uma moeda na palma da mão, esfregue e aplique da metade do cabelo até a ponta. Também é possível utilizá-lo como um tratamento noturno. Para esse tipo de aplicação, é necessário aquecer de 3 a 5 colheres do produto no microondas e quando ele estiver com temperaturas quase frias, espalhar no cabelo já lavado com xampu. Aplicado o óleo, coloque uma touca para dormir. Ao acordar, lave o cabelo até remover adequadamente o excesso de oleosidade. O enxágue adequado é necessário para fios hidratados, bem nutridos e saudáveis. Após absorvido, o óleo demora para ser expelido. A oleosidade exagerada pode comprometer os fios, deixar os cabelo pesados e até provocar queda. A recomendação é hidratar as madeixas com óleo de coco a cada 15 dias e limpar bem na hora de remover o produto durante o banho.
Como hidratante para rosto e corpo As propriedades hidratantes do óleo de coco podem auxiliar também a pele. É absorvido bem rapidamente, e
chega até mesmo a camadas mais profundas. Uma das regiões mais adequadas para aplicação no rosto é a área dos olhos. No corpo, junte partes iguais do óleo com a do seu hidratante para potencializar o tratamento. Se preferir, é possível adicionar óleos essenciais para dar seu cheirinho preferido à pele. O uso do óleo é indicado para minimizar marcas na pele como manchas e cicatrizes, inclusive as estrias, e também para preveni-las.
Para limpar pincéis de maquiagem Misture duas partes de sabonete bactericida para uma de óleo de coco e pronto: você tem uma solução para limpar e higienizar perfeitamente seus pincéis de make.
Ajuda na depilação Amacia os pelos (facilitando o corte com a lâmina), além de hidratar a pele. Como é antimicrobiano, também previne possíveis infecções. Dica: na hora de comprar óleo de coco, procure sempre pelo extra virgem, que não foi refinado ou hidrogenado e está mais próximo de seu estado natural. Para armazenar, a temperatura ambiente é suficiente, não é preciso refrigerar. Abaixo de 25°C ele começa a solidificar (o que proporciona também um ótimo lip balm!).
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gastronomia mineira p
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Cores, sabores e aromas marcantes são carac-
a comida das primeiras décadas de povoamento
nha típica da região combina elementos vibrantes
de hoje, conquistar o merecido status de gastro-
terísticas da culinária de Minas Gerais. A cozi-
com simplicidade e fartura - resultando em pratos que carregam muito da história da época de ex-
ploração das minas de ouro. Ao longo do tempo,
ganhou novos ingredientes evoluindo até, nos dias
nomia - uma das mais ricas, saborosas e apreciadas de todo o Brasil.
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Tradicionalmente, a cultura mineira é mar-
para criar pratos com os parcos recursos. Há
sidade, inúmeras festas e a reconhecida
surgiu da fome.
cada pela convivência familiar, pela religiohospitalidade, pelo comer até se fartar. Mas
quem diga que a abundante cozinha mineira
a riqueza e criatividade da mesa surgiram
Justamente a necessidade de invenção foi a
alimento e recursos do período colonial. A
hoje, com tamanha diversidade de pratos,
como uma forma de driblar a escassez de
exploração do ouro provocava inflação na economia local e gêneros alimentícios eram caros e difíceis de serem obtidos. Assim, os
mineiros tiveram que utilizar a imaginação
responsável por criar a deliciosa cozinha de
fruto da engenhosidade e de diferentes influências culturais - dos colonizadores por-
tugueses, dos escravos vindos da África, e também dos nativos indígenas.
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O cultivo da mandioca, milho, abó-
descobertas de suas colônias. Entre
contribuições dos índios. Do aipim,
quiabo (África) e couve (Portugal).
bora e amendoim foram as principais
faziam a farinha, o beiju e bebidas alcoólicas. Os negros, por sua vez,
trouxeram a tradição de assar os alimentos, e também dos pratos com
caldo. É deles também a herança da banana, o café, a pimenta malagueta e o inhame. O colonizador português
trouxe consigo novos ingredientes de sua cozinha tradicional e também
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eles podemos citar a manga (Índia),
Trouxeram também galinhas, gansos, patos, gado, arroz, cana de açú-
car, trigo, cebolinha, alho e laranja. No tempero, eles dão sua principal
contribuição: além de impor o gos-
to pelo sal e ensinar a salgar a carne para conservá-la, trouxeram consigo
o cravo, a erva-doce, a canela e o alecrim.
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Há também uma vasta gama de doces e quitandas na cozinha mineira. Da tradicio-
nal doçaria luso-brasileira, o doce de leite, de cidra, limão e laranja, a brevidade, o pé de moleque, a pamonha envolvida em
folha de bananeira, a queijadinha, a mãe benta, o quebra-quebra, a broinha de fubá
mimoso ou de amendoim e o biscoito de polvilho são alguns dos preferidos.
Justamente a necessidade de invenção foi a responsável por criar a deliciosa cozinha de hoje, com tamanha diversidade de pratos, fruto da engenhosidade e de diferentes influências culturais - dos colonizadores portugueses, dos escravos vindos da África, e também dos nativos indígenas.
De um modo geral, a cozinha do estado tem origem nas coisas simples e extre-
mamente saborosas. Destaca-se também por ter preservado de forma muito equi-
librada a influência culinária e cultural dos
três etnias formadoras do povo brasileiro. Essas são as características da culinária de
raiz, que tem sofrido influências e mudanças com a modernidade e necessidade de
produzir em larga escala. Na tentativa de
preservar ao máximo a tradição, algumas receitas foram registradas como patrimô-
nio cultural de Minas Gerais para evitar
futuras descaracterizações, como é o caso da receita do pão de queijo e do queijominas. O cartão de visitas de um local é a sua cozinha, ela ensina pelo seu sabor os seus saberes. Entre os pratos fundamentais para se conhecer a boa comida minei-
ra estão também o frango com quiabo, o doce de abóbora cremoso, tutu de feijão,
bambá de couve, feijão tropeiro, e o leitão à pururuca.
Em Tiradentes, anualmente se realiza o fes-
tival gastronômico que celebra, inclusive, a cozinha local. Tradição e sabor tomam
conta da cidade histórica que vira palco de aromas e temperos que atraem turistas do Brasil e do mundo. Desde sua criação,
o festival já recebeu mais de três mil pro-
fissionais da gastronomia e meio milhão de pessoas foram degustar as delícias do cardápio.
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Para visitar em Tiradentes: Restaurante Tragaluz Cotado entre os melhores restaurantes da região, Traga Luz oferece a “gastronomia fina brasileira de ingredientes mineiros, servida à luz de velas em casa colonial requintada”. Já em seu primeiro ano, recebeu a tão cobiçada estrela do Guia Quatro Rodas, feito que vem se repetindo desde então. O espaço começou como uma loja e café, mas se consagrou como restaurante tendo à frente Zenilca de Navarro, a querida tia Zê. Hoje, é madrinha da Casa, comandada por Pedro e Patrícia Navarro. Ao lado do sobrinho e esposa, ela continua acompanhando de perto as delícias que, ano após ano, são apresentadas aos apreciadores de gastronomia de todo o mundo que frequentam o Tragaluz.
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É de sua autoria o texto encantador que ilustra o joguinho americano de cada um dos clientes: “Primeiro eu vi a bica. Depois eu vi que ela formava pequeno poço forrado de pedras. E a água era pura, transparente. Então – neste poço enfiei os pés. Água muito fria. E logo após, na água que caía enfiei as mãos, e com elas em concha deixei que delas a água transbordasse. Foi então que lavei meus olhos, e em seguida minha boca, fazendo renascer em mim paisagens esquecidas, palavras já não ditas, projetos guardados em lugares desconhecidos. Foi nesta pia que gravei no musgo a data deste batismo, e me vi com delicioso encantamento elaborar desenhos. Desenhos de sonhos; guardando entre os dedos pequenino ramo de delicadas flores, que guardada entre os papéis secaram com o tempo, permanecendo o pedido que fiz à natureza: – que o novo ano me TRAGA LUZ!” (Zenilca de Navarro) O cardápio da casa é uma experiência à parte. Todo escrito e desenhado à mão, com várias ilustrações baseadas nas Galinhas D’Angola, que viraram um dos símbolos do restaurante, sendo apelidadas de “Pintadas”. Nele, também dão dicas do que fazer e onde ir na cidade, além de apresentarem os cozinheiros e os pratos de uma forma bastante original.
A cozinha do Traga Luz hoje é comandada pelo chef Felipe Oliveira. Os pratos acolhedores de sua mesa refletem talento e criatividade. Nascido e criado em São João Del-Rei, o Chef nunca perdeu sua ligação com a cultura local, criando um estilo próprio que encanta diversos tipos de paladar. Dentre os elementos que tornam a gastronomia mineira tão característica e envolvente, TragaLuz destaca a comida honesta e servida sempre com fartura, que reproduz a cultura de seu povo, ao valorizar suas raízes e tradições. “É uma das cozinhas mais diversificadas do Brasil, pois Minas Gerais é um Estado enorme (2º maior em população) e com várias regiões distintas - não temos praias mas nosso ‘mar é de montanhas. É verdadeiramente única. Não é como a do Norte do Brasil com evidente influência indígena, nem do Nordeste com a forte presença africana nos sabores e apresentações, nem tampouco do Sul com diversos traços europeus... talvez seja uma comida de fusão, unindo sabores diversos, preservando sempre suas raízes. É apreciada pois sacia não somente a fome do corpo, mas da alma”.
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Luth Bistrô No coração de Tiradentes, uma pequena porta se abre para o Bistrô, dotado de um aconchegante espaço com lareira, decoração e móveis rústicos. Um dos diferenciais do espaço é o jardim, inspirado em Burle Marx. Luth é uma casa especializada em risotos onde a fusão da cozinha italiana e mineira surpreende com seus deliciosos pratos. O espaço é também um empório de cervejas artesanais com inúmeros rótulos, onde os clientes podem experimentar as cervejas diferenciadas e também a cerveja da casa, além de desfrutar de mini-cursos de cerveja artesanal e kits cervejeiros. O empreendimento é comandado pelo agitador cultural e também chef, Luiz César Costa e por Cristina Elizabeth Cruz.
TEMPERO DA ANGELA Simplicidade, carinho e tempero gostoso são os ingredientes que compõem cada prato servido no restaurante. A cozinha generosa e afetiva, preparada no fogão à lenha, é referência local no bom servir. Por um preço bem camarada, é possível comer e desfrutar os prazeres da melhor comida caseira mineira e repetir, além das sobremesas das quais se destaca um suave doce de leite. Ainda hoje, quem comanda as panelas é a própria Dona Ângela, que faz tudo com um encanto que só aqueles que preparam com amor sabem ter.
Angatu Tiradentes O restaurante traz a cozinha autoral do chef Rodolfo Mayer, que trabalha com ingredientes brasileiros, na sua grande maioria, e traz uma gastronomia contemporânea, mostrando o Brasil como um todo, mas unindo as regionalidades, transformando e extrapolando os limites do nosso país. Passa por ele a criação, a elaboração dos menus a execução e as compras, tudo escolhido por suas mãos, para proporcionar o máximo dos ingredientes. Entre eles, o premiado vinho servido pela casa, o Maria Sauvignon Blanc de 2015 que foi premiado em Londres no maior concurso da Inglaterra: Decanter World Wine Award 2017.
Restaurante Pau de Angu Trata-se de uma restaurante de cozinha regional plantada no meio de um vale tão bonito que vale a vista por si só. O espaço tem jeitinho aconchegante de casa, com uma varanda que é um convite a esquecer as horas. O clima bucólico toma conta do lugar, já de cruzar a porteira, de onde se vê a horta que serve à mesa. Clássico da cozinha mineira, o frango com quiabo é servido com angu, arroz, feijões roxo e preto, abobrinha, couve e jiló refogados. Há porções para até seis pessoas. O restaurante idílico tem estrela no Guia Quatro rodas e é fácil de encontrar: fica no começo da estrada para Bichinho, aproximadamente no km 4, onde você verá a logo à esquerda a placa e a entrada para o Pau de Angu.
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Receita do chef: 72
Goiabada TRAGALUZ
Depois de muita pesquisa e teste, em busca de
Modo de preparo:
Tragaluz. Não é à toa que virou celebridade: este-
goiabada cascão;
uma goiabada com queijo, nasceu a versão frita
1) Cortar pedaços retangulares da deliciosa
ve no New York Times, na Paris Match, na Ucrânia,
2) Prensar os pedaços em castanha de caju
rede nacional. Com uma apresentação impecável
3) Fritar na manteiga (a goiabada irá amolecer).
em Praga, Berlim, Lisboa... foi ensinada ao vivo em e revisitada, a receita é um convite a olhar um prato tradicional com outros olhos.
granulada;
4) Em um prato liso, fazer uma cama farta de creme de catupiry (cortando o bico do saquinho/embalagem)
5) Deitar a goiabada quente na cama de creme
de catupiry, ajeitando-a cuidadosamente para cobrir todo o creme
6) Ao lado, sorvete natural de goiabada decorado
com pauzinho e folha seca (coloque embaixo do sorvete um pouquinho de açúcar mascavo para ele não escorregar no prato).
Agora é só aproveitar a sobremesa!
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Yacamim espalha coisas boas por onde passa Acreditamos que a energia que você emite é a energia que você recebe. E que o mundo está precisando de mais positividade, sorrisos, empatia, de leveza e gentileza.
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der o po n s , dos amo s t i a d s i r co Acre pode nas e o u n q ém pe as das ta m b e sitiv , o s p e lh as m. d e ta a l a vr a d a s t ê p s a ion que tenc n i m e be
Desenvolvemos a linha de camisetas com a proposta de, frase a frase, colorir e tornar o dia de cada Yacamim mais alegre e aberto a coisas boas.
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As afirmações abrem portas. Elas são o ponto de partida do caminho para as mudanças que a gente quer ver no mundo.
P a l a vr a s s ão u m a f or m a d e afeto.
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a, inh te l a n ad me ç o e s p á ada trar ões. c n ç Em nco ibra e v ê vo c b o a s
Se a gente espalhar coisas boas, a vida se encarrega de trazer coisas melhores ainda.
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