A QUEDA DO CÉU – Curadoria Moacir Dos Anjos – Catálogo da exposição

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Ailton Krenak Anna Bella Geiger Armando Queiroz Bené Fonteles Carrera Cildo Meireles Claudia Andujar Escola da Floresta Fabio Tremonte Fred Jordão Harun Farocki Jaime Lauriano Jimmie Durham Leonilson Lourival Cuquinha Maria Thereza Alves Matheus Rocha Pitta Miguel Rio Branco Paulo Nazareth Paz Errázuriz Poraco Regina José Galindo Vincent Carelli curadoria Moacir dos Anjos


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A QUEDA DO CÉU Moacir dos Anjos

O título desta exposição é referência explícita ao livro do xamã yanomami Davi Kopenawa, escrito em parceria com o antropólogo francês Bruce Albert e publicado em 2010. No livro, Kopenawa apresenta a cosmogonia que rege as crenças de seu povo —fundada em intricada e instável relação entre humanos, floresta e espíritos— e narra as ameaças a estes fundamentos de vida que resultam das ações predadoras do “homem branco” ao longo de séculos. Ações como a mineração que, movida pelo lucro desmedido e imediato, danifica e contamina solos e rios; como o desmatamento incessante que desmancha ecossistemas inteiros; como a construção de barragens que desviam ou secam cursos d’água; ou ainda a introdução, por vezes intencional, de doenças que devastam populações indígenas sem defesas para males que sequer conheciam. Ações que atingem inúmeros outros povos nesse pedaço de mundo que o processo de colonização passou a chamar de Américas, e que tem sua tradução simbólica no ingresso forçado de crenças religiosas provindas de tradições distantes e distintas. Ações brutais que, em última instância, visaram e visam a apropriação patrimonial das terras que os povos ameríndios habitam, levando-os a uma situação de despossessão absoluta que os priva do território físico e simbólico ao qual pertencem. Para além da denúncia, o relato de Kopenawa é também de alerta para as consequência últimas das violências sofridas pelo povo yanomami e por tantas outras etnias, as quais atingirão, mais cedo que tarde, a todos os que vivem na Terra. Segundo a narrativa exposta no livro, o extermínio continuado das populações indígenas e de seus xamãs por epidemias, pela destituição de seus meios de sobrevivência ou por mero assassínio impede que estes possam evocar os espíritos (xapiris) que os habitam e assim conter a instalação do caos em um ambiente constitutivamente conflituado e entrópico. Enfraquecidos e em pouco número, os xamãs são cada vez menos capazes de se


contrapor às forças contrariadas pela destruição progressiva das condições de existência do planeta. Como resultado, ensina a mitologia yanomami, o céu que cobre e abriga todos será progressivamente fraturado, ao ponto de um dia desabar sobre o chão, marcando o fim de um tempo e de todas as formas conhecidas de vida. De modos variados, essa profecia de um término para o que existe aparece nos modos de entender o mundo de vários outros povos ameríndios. A queda do céu é construção simbólica que assinala a fadiga insuportável imposta a um ecossistema instável, que faz com que a própria Terra reaja de maneira desesperada e por vezes violenta. Ao fim e ao cabo, Gaia cobra de todos a impagável conta. Esta exposição não tem a desmedida pretensão de conter as tantas questões envoltas na ideia de um céu em queda por ter sido deliberadamente enfraquecido pelos atos de ganância e ódio que ancoram os modos hegemônicos de se relacionar com um lugar de vida partilhado por tantos. Ela quer, contudo, aproximar e articular trabalhos artísticos que prenunciam, evidenciam e combatem a progressiva despossessão sofrida por populações indígenas iniciada em seu contato involuntário com o colonizador branco: aquele que lhes quis e ainda quer subtrair a sua condição de humanos, e que não suporta o convívio com a diferença. A mostra apresenta trabalhos oriundos de partes distintas das Américas menos como inútil tentativa de abarcar um território imenso e diverso e mais como vontade de amolecer fronteiras políticas que pouco significam para aqueles que têm há mais tempo sofrido com o desabar progressivo do firmamento. Trabalhos que asseveram, ademais, que ao lado e ao largo das violências que os atingem por séculos, os povos ameríndios adotam formas desesperadas de resistir à morte lenta ou imediata que lhes é imposta. De resistir ao fim de seu mundo, que é também o mundo de qualquer um. Resistências que vão do confronto físico à reza, formando arco amplo de gestos em que artistas não-indígenas (poucos, ainda), alguns aqui reunidos, se tornam parceiros solidários na luta daqueles povos para que o céu não caia um dia.

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NDIO CIDADÃO? BRASIL NATIVO / BRASIL ALIENÍG ANTIGAMENTE FOMOS MUITOS) REGISTRO DE MA MA E YOASI FAZENDO AMOR NA PERNA SAL SEM CA RAMPO  . WAKATHA U NEGO YANOMAMI COM UM CAP ORA DA PERIMETRAL NORTE (BR 211) HORIZONTAL ÇÃO, ERICÓ SORVETERIA CARACARAI PERIMETRA POVO DO SANGUE CARTÕES MÉDICOS (MARCADOS LORESTA [LEITURA PÚBLICA DO RELATÓRIO FIGU DO COMMERCIO A PRATA E A CRUZ BANDEIRANTE # RA VANDALISMO JAMAIS TOQUE EM UM MEMBRO D GRESSO DICIONÁRIO KRENAK – PORTUGUÊS / POR BRASIL #1 BRASIL #2 BRASIL #3 BRASIL #4 BRASIL ÇÃO PRODUTOS DE GENOCÍDIO DIREITO AO FUNER WÁ PARA O MUNDO NÃO ACABAR OS NÔMADES DO COM TODAS AS COISAS NEWANI. ESPÍRITOS DO M 14


GENA EQUAÇÕES VARIÁVEIS YMÁ NHANDEHETAM NIFESTAÇÃO POÉTICA DO ARTISTA EM BRASÍLIA ARNE CRUZEIRO DO SUL ZERO REAL BRUNO COM S PACETE DA CAMARGO CORRÊA, EMPRESA CONST L 1 YANOMAMI, 1974, PAAPIU WAKATHA-Ú VACINA L NORTE, AJARANI A QUEDA DO CÉU POVO DA LUA S) NINGUÉM ESCAPARÁ À QUEDA DO CÉU ESCOLA UEIREDO] DEMOLIÇÃO DO PRÉDIO DA RÁDIO JORN #2 ENCORE TRANQUILITÉ APEDREJANDO A GELAD DA FAMÍLIA REAL CABOCLO 7 FLECHAS × ORDEM E RTUGUÊS – KRENAK O ARTISTA COMO BANDEIRA L #5 BRASIL #8 SOB AS ESTRELAS, AS CINZAS CO RAL PARALELO 11 APRENDER A REZAR GUARANI KA O MAR ÑAUMU E OUTRO OMAN CAINDO DO HUTUM MAL, MUITO QUENTES FIM DO MUNDO TIERRA ACAM 15


Ailton Krenak é uma das principais lideranças indígenas do Brasil. Teve papel central na criação, ainda na década de 1980, da União das Nações Indígenas e da Aliança dos Povos da Floresta, instrumentos políticos de defesa de formas de vida ameaçadas por ações privadas e públicas fundadas em ideias desenvolvimentistas excludentes e entrópicas. Foi na qualidade de líder político indígena que proferiu, em 4 de setembro de 1987, um discurso no Congresso Nacional do Brasil, no contexto da Assembleia Nacional Constituinte, então em curso. Em seu pronunciamento, protestou contra a falta de garantias para que os mais básicos direitos dos povos indígenas fossem

assegurados – o direito de pertencerem à terra e o de viverem das maneiras aprendidas ancestralmente –, apontando as violências por séculos sofrida pelos índios no Brasil. A partir de um certo momento de sua eloquente fala, Ailton Krenak passou a pintar o rosto com pasta preta feita de jenipapo, repetindo ritual que, para seu povo, é expressão de luto. Na confluência de sua voz e de seu gesto, vai-se conformando um enunciado situado entre a performance artística e a manifestação política. Imagem e discurso que se mesclam para exigir, no campo do sensível e no da razão, que se reparem danos infligidos aos indígenas e que se respeite a diversidade de modos de existir.

Ailton Krenak Registro em vídeo extraído do documentário Índio Cidadão?, de Rodrigo Siqueira, 2013. Cortesia de Aílton Krenak e de Rodrigo Siqueira

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Como forma de protesto ao decreto que permitia a contestação judicial da demarcação de reservas indígenas, em 1996, Bené Fonteles pôs um cocar Karajá sobre a cabeça da escultura que, situada em

frente ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, representa a Justiça. Dotou-a, também, de arco e flechas, numa convocação simbólica ao alinhamento com os índios em sua luta.

Bené Fonteles Registro de manifestação poética do artista em Brasília, 1996 fotografias: Ieda Cavalcante cortesia do artista

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A instalação Sal sem Carne, de Cildo Meireles, atualiza a história de expropriação do território de um povo – através da qual um outro território se cria – e assevera a vontade do artista de redimensionar a ideia de espaço onde se desenrola a vida. Amarrados a fios presos no alto, dezenas de monóculos oferecem ao visitante a experiência de, ao manusear cada um desses pequenos objetos, examinar, alternadamente, fotografias de índios craós – ao menos um deles sobrevivente de um massacre sofrido por seu povo na década de 1940 – e de visitantes da festa do Divino Padre Eterno, na cidade de Trindade, Goiás, próximo de onde, movida por interesses fundiários de fazendeiros da região, teria partido a ordem para aquele ataque aos índios. Esse contraste visual é acompanhado da audição de um disco que reúne, e simultaneamente confronta, em oito canais de áudio, registros sonoros associados à cultura nativa do lugar (a fala de um índio craó, uma entrevista com um

Cildo Meireles Sal sem carne, 1975 144 monóculos com diapositivos, madeira, linha, áudio cortesia do artista

sertanista, música indígena) e à cultura do Ocidente (a celebração da missa em uma romaria, informação das horas transmitida ininterruptamente por uma rádio). Embora exponha a violência continuada contra os índios do país, o trabalho também aventa – através das imagens e dos sons que se sobrepõem e se confundem quando aproximados – a construção gradual de uma cultura híbrida que resultaria de uma aproximação entre desiguais que não se completa nunca, abrindo um “terceiro espaço” de negociação e convívio entre diferenças que não se conciliam. Essa construção não seria, contudo, concedida pelo opressor, mas fruto do que Cildo Meireles denomina de dinâmica do “gueto”, lugar de exclusão que gera, da própria pressão a que são submetidos os que estão dentro dele, a energia necessária à superação de situações de assimetria de poder e de consequente marginalização de quem é diferente ou despossuído.

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Este trabalho foi comissionado e exibido, como desenho e colagem, na exposição Armadilhas Indígenas, organizada pelo artista Bené Fonteles, em 1989/90. Nele, Cildo Meireles propõe a construção de uma armadilha para furar os pneus dos caminhões

Cildo Meireles Sem título, 1976/2013 aço inoxidável coleção Cildo Meireles

que cruzam as terras indígenas para extrair madeira. No 43o Salón (inter)Nacional de Artistas, realizado em 2013 em Medellín, Colômbia, o artista criou protótipos em aço dessa armadilha, os quais são reproduzidos aqui.

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Entre 1971 e 1977, Claudia Andujar passou temporadas extensas na Terra Indígena Yanomami, em particular na bacia do rio Catrimani, afluente do rio Branco, parte do território que na divisão geopolítica do Brasil se conhece por Roraima e Amazonas. Fez inúmeras fotografias dos habitantes daquele lugar, então pouco aproximados dos “brancos”. Registrou, em imagens, uma forma de vida complexa que contribui, com seus saberes e invenções, para a necessária diversidade cultural do mundo. Foi também nesse período que o governo militar brasileiro quis ocupar aquela parte da selva amazônica, abrindo estradas a todo custo e tolerando a extração predadora e clandestina de minérios. Como resultado de um “contato” movido pela busca de ganhos econômicos e políticos imediatos, modos específicos de fazer e de criar as coisas, tecidos longamente pelos Yanomami, foram postos em risco.

Mesmo os corpos dos índios foram ameaçados em sua integridade física, contraindo doenças até aquele momento por eles desconhecidas. As fotografias da artista desse período capturam, em simultâneo, a potência vital e a vulnerabilidade de povos indígenas. Em 1977, é expulsa da região pelas autoridades do país e retorna a São Paulo, cidade onde vivia desde a década de 1950. A partir de 1978, o trabalho de Claudia Andujar passa a ser menos o de apreender visualmente a vida singular dos Yanomami e mais o de criar instrumentos legais que os fortalecessem contra o cerco em curso. Associando-se a outras pessoas e instituições, do Brasil e do exterior, que partilhavam a mesma disposição de resistência, funda a Comissão pela Criação do Parque Yanomami – CCPY, cujas atribuições incluíam, entre as instituintes e as urgentes, a prestação de assistência médica aos índios que dela precisassem.

Claudia Andujar Cartões Médicos (Marcados), 1981 – 1984 fac-símile coleção da artista cortesia Galeria Vermelho

É nesse contexto que volta diversas vezes ao ambiente de vida dos Yanomami – acompanhada por dois médicos voluntários, Drs. Rubens Brando e Francisco Pascalichio – e realiza, entre 1981 e 1984, as fotografias que comporiam, anos depois, a série Marcados. Nelas, são individualmente registrados crianças, mulheres e homens Yanomami que, embora oriundos de localidades diversas, estavam igualmente sujeitos à contração de enfermidades. Como forma de identificá-los e permitir acompanhamento médico continuado, optou por associar as imagens de cada um deles ao número de suas fichas cadastrais, posto que nomes próprios fixos são estranhos às maneiras de destacar diferenças entre os membros das comunidades a que pertencem. E são esses símbolos sobrepostos aos corpos dos índios que tornam tais imagens desconcertantes, atraindo o olhar e interrogando a natureza do que é nelas mostrado.

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Escola da Floresta Leitura Pública do Relatório Figueiredo Relatório Figueiredo impresso, mesa, microfone e alto-falante cortesia do artista


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Lourival Cuquinha Caboclo 7 Flechas × Ordem e Progresso, 2016–2018 7 Flechas da etnia Araweté, que tem seu território atingido pela Usina de Belo Monte no Xingú, transpassando várias moedas de 50 centavos de real com 'ordem e progresso' escrito na borda. cortesia do artista


A busca por metais preciosos foi um dos principais motivadores da colonização europeia nas terras que viriam a ser, um dia, chamadas de América do Sul. Para os colonizadores espanhóis, essa expectativa foi satisfeita já em meados do século XVI, quando passaram a explorar, na Cordilheira dos Andes, em atual território da Bolívia, uma imensa jazida de prata encravada em uma montanha batizada como Cerro Rico (montanha bonita), descoberta pelo ameríndio Diego Huallpa pouco antes dos representantes da Espanha se instalarem ali. Potosí, a cidade que se desenvolveu aos pés da montanha

Harun Farocki A prata e a cruz, 2010 vídeo 17’ cortesia Harun Farocki GbR

em função das atividades de mineração, foi considerada a maior cidade das Américas nas décadas que se seguiram ao início da extração da prata do Cerro Rico. No vídeo A Prata e a Cruz, o artista Harun Farocki escrutina, com preciso texto, a pintura Vista de Potosí, detalhada descrição visual do cotidiano da cidade feita em 1758 por Gaspar Miguel de Berrio, pintor natural da região. Análise que associa a extração do minério à escravização de indígenas e negros, bem como enfatiza o central papel desempenhado pela Igreja Católica nesse empreendimento colonial.

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Paulo Nazareth Coleção produtos de genocídio, 2010 impressão offset sobre papel jornal cortesia do artista e Mendes Wood DM, São Paulo


Das três principais etnias indígenas do extremo sul do Chile – Onas, Yaganes e Kawésqar, conhecidas sob a denominação geral de fueguinos – somente alguns Kawésqar (ou Alacalufes) subsistem. Em meio ao extenso território da Patagônia Ocidental está a ilha Wellington, e nela Puerto Éden, o último reduto dos Kawésqar. São poucas as informações existentes sobre esse povo que sempre viveu dos mexilhões que recolhe no mar. Sabe-se dele através das crônicas de viagem e de informações provenientes de expedições científicas, na maior parte das vezes carregadas de preconceito e desprezo por suas formas de vida. Em 1881, antropólogos europeus raptaram e levaram, à força, onze indivíduos Kawésqar da Patagônia para serem exibidos no Jardin d’acclimatation, em Paris, e no Jardim Zoológico de Berlim. Foram ainda mostrados, como atração exótica, em

Leipzig, Munique, Stuttgart e Nuremberg. Apenas quatro sobreviveram para retornar ao Chile. No início de 2010, os restos mortais de cinco dos sete que morreram na Europa foram repatriados do Departamento de Antropologia da Universidade de Zurique, onde haviam sido mantidos para estudos. Na ocasião, o governo do Chile desculpou-se formalmente, em nome do Estado chileno, por ter permitido que esses indígenas tivessem sido levados do país para serem exibidos como animais na Europa. À época em que estas fotografias foram feitas, em meados da década de 1990, eram menos de trinta os sobreviventes da etnia Kawésqar, vitimados por séculos de exploração, violência e abandono. Vários eram alcóolatras e outros sofriam de depressão. Viviam, já então, próximo à situação limite em que pouco se distingue a morte da vida.

Paz Errázuriz Atáp | Ester Edén Wellington, da série Kawésqar, os nômades do mar, 1996 fotografia cortesia da artista

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Anna Bella Geiger Equações variáveis, 1978 frottage, grafite e lápis de cor sobre folha de papel pautado coleção João Luiz Avelar


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Anna Bella Geiger Brasil nativo / Brasil alienígena, 1977 série de 18 cartões postais fotografias: Luiz Carlos Velho cortesia da artista e Mendes Wood DM


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Cildo Meireles Sal sem carne, 1975 disco de vinil, capa e encarte de disco, รกudio cortesia do artista


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Cildo Meireles Zero real, 2013 litografia offset sobre papel cortesia do artista


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Cildo Meireles Cruzeiro do sul, 1970 texto datilografado cortesia do artista Texto publicado no catålogo da mostra Information, realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York – MoMA, em abril de 1970.


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Claudia Andujar Horizontal 1, da série Marcados, 1981/1983 impressão jato de tinta coleção da artista cortesia Galeria Vermelho


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Fábio Tremonte Ninguém escapará à queda do céu, 2015 Texto impresso sobre parede cortesia do artista


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Jaime Lauriano Bandeirante #2, 2019 Miniatura de monumento em homenagem aos bandeirantes fundida em latão e cartuchos de munições utilizadas pela Polícia Militar e Forças Armadas brasileira sobre base construída de taipa e pilão. cortesia do artista


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Jimmie Durham Vandalismo, 2014 texto cortesia do artista


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Maria Thereza Alves O artista como bandeirante, 2014 vídeo 7’49” cortesia da artista


Comissionado e produzido por Lucy + Jorge Orta. Realizado durante o Programa de Residência de Les Moulins, França. Com o apoio da University of the Arts London e La Maréchalerie Centre d’art Versailles. Curadoria de Clare Caroline. Câmara e fotografia: Bertrand Huet. Câmara: Didier Martial. Operário: Pascal Pauger. Assistentes pelo Estúdio Orta: Tiziana Abretti, Sofia Cavicchini, Andrea Rinaudo, Alberto Orta. “Como matavam as pessoas? perguntou o promotor. – Primeiro ordenavam ao operador da máquina, o oficial García, que cavasse um buraco. Em seguida, os caminhões lotados de pessoas estacionavam em frente ao Pino. Uma por uma, elas iam passando. Não atiravam nelas. Muitas vezes as golpeavam com baioneta. Rasgavam o peito delas com baionetas e as levavam até a fossa. Quando a fossa estava cheia, deixavam cair a pá mecânica sobre os corpos.” A Guatemala viveu, entre 1960 e 1996, um conflito armado interno, causando a morte de 200.000 guatemaltecos. O exército que lutava contra a insurgência definiu os indígenas como seus

Regina José Galindo Tierra, 2013 vídeo 34’27” cortesia da artista

inimigos internos, por serem supostamente simpatizantes da guerrilha, dedicando-se a persegui-los de modo implacável. Com a intenção de ficar com a terra dos indígenas, e sob e a justificativa de que eles eram inimigos do país, o Estado (com o apoio da oligarquia nacional) implementou uma política de apropriação violenta desses territórios. Tropas de soldados do Exército e das patrulhas da defesa civil chegavam a comunidades indígenas e destruíam tudo o que pudesse ser de utilidade para sua sobrevivência: comida, roupas, colheitas, casas, animais, etc. Violavam, torturavam, assassinavam. Muitos corpos foram enterrados em valas comuns que agora fazem parte da longa lista de evidências que confirmam o fato. O depoimento acima narra uma das maneiras pelas quais o Exército construía as valas antes de assassinar os indígenas e jogar seus corpos lá dentro. Foi um dos muitos testemunhos ouvidos durante o julgamento por genocídio do ex-ditador da Guatemala Efraín Ríos Montt e seu assessor militar, Mauricio Rodríguez Sánchez.

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Krenak é uma das etnias indígenas originais do território que, a partir do Século XVI, viria a constituir, por força da invasão portuguesa, o que se conhece por Brasil. Como outros povos originários dessas terras, os Krenak foram, desde então, perseguidos e quase dizimados – inicialmente por portugueses e, em seguida, também por brasileiros. Uma das consequências dessa brutal violência colonizadora foi, além da morte, do roubo e do exílio, a quase aniquilação de sua língua. Quando a artista Maria Thereza Alves filmava Iracema (de Questembert), em Minas Gerais, Tam Krenak, um membro da equipe de filmagem, lhe ofereceu um exemplar do Wörterbuch der Botokudensprache (Dicionário da Língua dos Botocudos), de autoria de Bruno Rudolph, um farmacêutico alemão que viveu no Brasil em finais do Século XIX (botocudo é um termo pejorativo que os

portugueses usavam para os Krenak). Na ocasião, Tam pediu à artista para traduzir esse dicionário KrenakAlemão para o português, posto que isso iria ajudar a comunidade Krenak a regenerar a sua língua. O dicionário KrenakPortuguês / Português-Krenak é um trabalho de Maria Thereza Alves que busca, portanto, combater o quase esquecimento desse elemento crucial para a identificação de um povo com sua própria história. Realizado em 2009 – 2010, o dicionário teve sua edição quase integralmente distribuída entre os remanescentes do povo Krenak. Seguindo a vontade dos líderes dessa etnia, os brasileiros não-índios não devem ter acesso ao conteúdo da publicação, posto que jamais tiveram interesse em sua língua ou mesmo buscaram se comunicar de fato com seus integrantes.

Maria Thereza Alves Dicionário Krenak – Português / Português – Krenak, 2009 /2010 livro dentro de caixa de madeira e vidro cortesia do Povo Krenak, da artista e do Maumaus coleção Moraes-Barbosa

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Miguel Rio Branco Sob as estrelas, as cinzas, 1992/2015 instalação coleção do artista


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Paulo Nazareth Aprender a rezar Guarani Kaiowá para o mundo não acabar vídeo 28’32” cortesia do artista e Mendes Wood DM, São Paulo


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Carrera Omama e Yoasi fazendo amor na perna, 1976 hidrográfica sobre papel coleção Claudia Andujar

↗ Poraco Oman caindo do Hutumusi com todas as coisas, 1976 hidrográfica sobre papel coleção Claudia Andujar


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Poraco

Poraco

Poraco

Fim do mundo, 1976

Newani. Espíritos do mal, muito quentes, 1976

Ñaumu e outro, 1976

hidrográfica sobre papel coleção Claudia Andujar

hidrográfica sobre papel coleção Claudia Andujar

hidrográfica sobre papel coleção Claudia Andujar


Entre as décadas de 1980 e 1990, Fred Jordão fez uma série de registros fotográficos de representações tridimensionais de índios em espaços públicos e privados no Recife. Uma dessas representações – o perfil em alto relevo de um índio com cocar – serviu, por décadas, de marca para a Rádio e para a TV Jornal do Commercio. Quando as emissoras foram vendidas, em 1987, não durou muito para que a imagem do índio fosse completamente dissociada das identidades das empresas. A fotografia

de Fred Jordão registra o momento em que a demolição do portentoso prédio art déco da rádio – posto ao chão para dar lugar a um supermercado – alcançava sua principal fachada, levando com ela a figura do índio adornado que por quarenta anos a distinguia. É nesse estado de semiapagamento que a peça esculpida se torna, paradoxalmente, imagem eloquente sobre o lugar de sombra e de sobra destinado a tudo que remete à presença indígena no Brasil.

Fred Jordão Demolição do Prédio da Rádio Jornal do Commercio, 1989 fotografia cortesia do artista

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Leonilson Jamais toque em um membro da família real, 1991 tinta preta sobre papel coleção particular, São Paulo


AILTON KRENAK ANNA BE ROZ BENÉ FONTELES CAR DIA ANDUJAR FABIO TREM FAROCKI JAIME LAURIAN SON LOURIVAL CUQUINHA THEUS ROCHA PITTA MIG NAZARETH PAZ ERRÁZUR 52


ELLA GEIGER ARMANDO Q RERA CILDO MEIRELES C MONTE FRED JORDÃO HA NO JIMMIE DURHAM LEON A MARIA THEREZA ALVES UEL RIO BRANCO PAULO RIZ PORACO REGINA JOSÉ 53

curadoria


Sobre os autores

Ailton Krenak

Anna Bella Geiger

Ailton Krenak nasceu no Vale do rio Doce, Minas Gerais, em 1954, na tribo dos Krenak. Com 17 anos Ailton migrou com seus parentes para o estado do Paraná. Alfabetizou-se aos 18 anos, tornando-se a seguir produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980 passou a se dedicar exclusivamente à articulação do movimento indígena. Em 1987, no contexto das discussões da Assembléia Constituinte, Ailton Krenak foi autor de um gesto marcante, logo captado pela imprensa e que comoveu a opinião pública: pintou o rosto de preto com pasta de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em sinal de luto pelo retrocesso na tramitação dos direitos indígenas. Em 1988 participou da fundação da União das Nações Indígenas (UNI), fórum intertribal interessado em estabelecer uma representação do movimento indígena em nível nacional, participando em 1989 do movimento Aliança dos Povos da Floresta, que reunia povos indígenas e seringueiros em torno da proposta da criação das reservas extrativistas, visando a proteção da floresta e da população nativa que nela vive. Nos últimos anos, Ailton se recolheu de volta à Minas Gerais e mais perto do seu povo. Atualmente, está no Núcleo de Cultura Indígena, ONG que realiza desde 1998 o Festival de Dança e Cultura Indígena, idealizado e mantido por Ailton Krenak, na Serra do Cipó (MG), evento que visa promover o intercâmbio entre as diferentes etnias indígenas e delas com os não-índios. A narrativa de Ailton O Eterno Retorno do Encontro foi publicada anteriormente em: Novaes, Adauto (org.), A Outra Margem do Ocidente, Minc-Funarte/ Companhia Das Letras, 1999.

Nascida no Rio de Janeiro em 1933, é escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora. Com formação em língua e literatura anglo-germânicas, iniciou, na década de 1950, seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower (1920 – 2001). Em 1954, viveu em Nova York, onde freqüentou as aulas de história da arte com Hannah Levy no The Metropolitan Museum of Art – MET [Museu Metropolitano de Arte] e, como ouvinte, cursos na New York University. Retornou ao Brasil no ano seguinte. Entre 1960 e 1965, participou do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, onde passou a lecionar três anos mais tarde. Em 1969, novamente em Nova York, ministrou aulas na Columbia University. Voltou ao Rio de Janeiro em 1970. Em 1982, recebeu bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, em Nova York. Publicou, com Fernando Cocchiarale, o livro Abstracionismo Geométrico e Informal: a vanguarda brasileira nos anos cinqüenta, em 1987. Sua obra é marcada pelo uso de diversas linguagens e a exploração de novos materiais e suportes. Nos anos 1970, sua produção teve caráter experimental: fotomontagem, fotogravura, xerox, vídeo e Super-8. Dedicou-se também à pintura desde a década de 1980. A partir da década de 1990, emprega novos materiais e produz formas cartográficas vazadas em metal, dentro de caixas de ferro ou gavetas, preenchidas por encáustica. Suas obras situam-se no limite entre pintura, objeto e gravura.

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Armando Queiroz

Bené Fonteles

Cildo Meireles

Nascido em Belém (PA), 1968, sua formação artística foi constituída através de leituras, experimentações, participações em oficinas e seminários. Desde 1993, expõe e participa de diversas mostras coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Integrou projetos como: Macunaíma, 1997, no Rio de Janeiro, e Prima Obra, Brasília, 2000. Participou do Salão Arte Pará como artista convidado em 1998, 2005, 2006, 2007 e 2008. Na cidade de Abaetetuba (PA), 2003, realiza sua primeira intervenção urbana no Mercado de Carne Municipal como resultado do workshop Projetos Tridimensionais II, promovido pelo Instituto de Artes do Pará – IAP. Foi bolsista do mesmo Instituto de Artes em duas oportunidades: com a bolsa de pesquisa Possibilidades do Miriti como Elemento Plástico Contemporâneo, 2003. E, em 2008, com a bolsa de pesquisa Corpo toma Corpo, estudos em Videoarte – O Corpo como Intermediador entre a Vida e a Arte. Sua produção artística abrange desde objetos diminutos até obras em grande escala e intervenções urbanas. Detém-se conceitualmente às questões sociais, políticas, patrimoniais e às questões relacionadas à arte e à vida. Cria a partir de observações do cotidiano das ruas, apropria-se de objetos populares de várias procedências e tem como referência a cidade. Foi contemplado com a bolsa de pesquisa em arte do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas 2009 – 2010. Em 2009, seu site specific Tempo Cabano recebeu o 2º Grande prêmio do 28º Arte Pará. Em 2010, recebeu Sala Especial no 29º Arte Pará como artista homenageado do salão. Participou da 31ª Bienal de São Paulo. Vive e trabalha em Belém.

Nascido em Bragança, Pará, em 1953. É artista plástico, jornalista, editor, escritor, poeta e compositor. Iniciou sua carreira em 1971, expondo no 3º Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará. Em Fortaleza, trabalhou como jornalista. Durante as décadas de 1970 e 1980, integrou anualmente diversas exposições coletivas, nacionais e internacionais, ligadas à arte postal e a pesquisas de novos meios de expressão. Nesse período, participou de quatro edições da Bienal Internacional de São Paulo (1973, 1975, 1977 e 1981). Realizou, ainda, a partir de 1974, diversas mostras individuais, no Brasil e no exterior. Entre 1983 e 1986, dirigiu o Museu de Arte e de Cultura Popular (MACP) da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Na década de 1980, envolveu-se em projetos e movimentos voltados à preservação ecológica, procurando uni-los à criação artística. Em 1991, mudou-se para Brasília, onde mantém atuação como ativista ecológico e organizador de eventos artísticos. Em 1997, organizou a montagem da sala especial do artista baiano Rubem Valentim, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM/BA). Entre os livros que publicou, destacam-se O Livro do Ser (1994) e O Artista da Luz (2001), sobre Rubem Valentim. Seu trabalho como compositor está reunido no CD Benditos, lançado em 2003, que agrupa três trabalhos anteriores, Bendito (1983), Silencioso (1989) e Aê (1991). Em 2003, recebeu da Presidência da República a comenda Ordem do Mérito Cultural.

Nascido em Belém do Pará em 1968, sua formação artística foi constituindo-se através de leituras, experimentações, participações em oficinas e seminários. Expõe desde 1993 e participou de diversas mostras coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Integrou projetos como: Macunaíma, em 1997, no Rio de Janeiro e Prima Obra, em Brasília, em 2000. Participou do Salão Arte Pará como artista convidado, em 1998, 2005, 2006, 2007 e 2008. Na cidade de Abaetetuba (PA), em 2003, realizou sua primeira intervenção urbana no Mercado de Carne Municipal como resultado do workshop Projetos Tridimensionais II, promovido pelo Instituto de Artes do Pará – IAP. Foi bolsista do mesmo Instituto de Artes em duas oportunidades: com a bolsa de pesquisa Possibilidades do Miriti como Elemento Plástico Contemporâneo, em 2003. E, em 2008, com a bolsa de pesquisa Corpo toma Corpo, estudos em Videoarte – O Corpo como Intermediador entre a Vida e a Arte. Sua produção artística abrange desde objetos diminutos até obras em grande escala e intervenções urbanas. Detém-se conceitualmente às questões sociais, políticas, patrimoniais e as questões relacionadas à arte e a vida. Cria a partir de observações do cotidiano das ruas, apropria-se de objetos populares de várias procedências, tem como referência a cidade. Foi contemplado com a bolsa de pesquisa em arte do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas 2009 – 2010. Em 2009, seu site specific Tempo Cabano recebeu o 2º Grande prêmio do 28º Arte Pará. Em 2010, recebeu Sala Especial no 29º Arte Pará como artista homenageado do salão. Participou da 31ª Bienal de São Paulo. Vive e trabalha em Belém.


Claudia Andujar

Fábio Tremonte

Harum Farocki

Claudia Andujar (Neuchâtel, Suíça 1931). Fotógrafa. Vive na Hungria e depois nos Estados Unidos. Transfere-se para São Paulo em 1957. Dedica-se à fotografia e trabalha para publicações nacionais e internacionais, como as revistas Realidade, Claudia e Life. Também leciona fotografia em vários cursos, entre eles o do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Na década de 1970, compõe a equipe de fotógrafos da Realidade e realiza ampla reportagem sobre a Amazônia. Nessa época, recebe uma bolsa da instituição norte-americana Fundação Guggenheim e, posteriormente, uma outra da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para estudar os índios yanomami. As tradições e o modo de vida dos yanomamis têm sido, desde então, o tema central de sua atividade. Participa, entre 1978 e 1992, da Comissão pela Criação do Parque Yanomami, e coordena a campanha pela demarcação das terras indígenas. Entre 1993 e 1998, atua no Programa Institucional da Comissão Pró-Yanomami. Publica os livros Amazônia, em parceria com George Love (1937 – 1995), pela editora Praxis, em 1978; Mitopoemas Yanomami, pela Olivetti do Brasil, em 1979; Missa da Terra sem Males, pela editora Tempo e Presença, em 1982; e Yanomami: A Casa, a Floresta, o Invisível, pela editora DBA, em 1998, entre outros. Em 2005, é lançado o livro A Vulnerabilidade do Ser, pela editora Cosac & Naify. Em 2015, inaugura a Galeria Claudia Andujar, um pavilhão dedicado a sua obra, no Instituto Inhotim, em Minas Gerais. No mesmo ano, é lançado o documentário A Estrangeira, que traz sua vida enquanto artista e ativista, dirigido pelo curador de seu pavilhão, Rodrigo Moura.

Nascido em ( 1975) Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Mestre em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Bacharel em Artes com qualificação em multimídia e intermídia na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Participou de várias exposições coletivas, com destaques para Abre Alas na Galeria A Gentil Carioca, Não Mais Impossível no CCBB Fortaleza, Porque Sim na Galeria Millan e Exposição de Verão na Galeria Silvia Cintra + Box4 (2011), 15º Salão da Bahia no Museu de Arte Moderna da Bahia (2008), Panorama da Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2005), Ocupação no Paço das Artes (2005), Artista Personagem na Mariantônia (2004) e Vizinhos na Galeria Vermelho (2003). Dentre suas individuais destacam-se Ilhas no MARP (2010), Nada Mais no Ateliê 397 (2009), Vista Para o Mar no Centro Cultural São Paulo (2006), Paisagem #4 no Paço das Artes (2005). Trabalha como educador em instituições culturais – com oficinas e cursos de treinamento para professores; coordenou o programa educacional da 28th. Bienal de São Paulo. Atualmente é professor de educação fundamental na Escola Ágora.

Nasceu na Tchecoslováquia, 1944, e faleceu em 2014. De 1966 a 1968, frequentou a Deutsche Film- und Fernsehakademie Berlin (DFFB). Além de ocupar cargos em Berlim, Düsseldorf, Hamburgo, Manila, Munique e Estugarda, foi professor visitante na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Farocki fez aproximadamente 120 vídeos, incluindo filmes, ensaios e documentários. Trabalhou em colaboração com outros cineastas como roteirista, ator e produtor. Em 1976, encenou as peças de Heiner Müller The Battle and Tractor junto com Hanns Zischler em Basileia, na Suíça. Ele escreveu para inúmeras publicações, e de 1974 a 1984 foi editor e autor da revista Filmkritik (München). Apresentou seu trabalho em muitas exposições e instalações nacionais e internacionais em galerias e museus. Próximo, em termos geracionais, de Werner Herzog, Wim Wenders e Rainer Werner Fassbinder, Farocki tinha motivações que o distanciavam dos seus pares. “Ele desejava sobretudo interrogar as imagens, até ao máximo”, diz Jürgen Bock, diretor da Escola Maumaus e da Galeria Lumiar Cité. “Mas criando sempre as circunstâncias para o espectador pensar, para tirar as suas próprias conclusões. Nunca insistiu numa verdade, nem na verdade do documentário que, para ele, era também uma manipulação, uma construção”. As convulsões sociais e políticas dos finais da década de 1960 marcariam para sempre o entendimento do cinema por Harun Farocki. Testemunha das revoltas estudantis e do espectáculo da guerra do Vietnã na televisão, o cineasta assumiu uma posição militante, criticando a indústria cultural. Foi editor da Filmcritik, uma importante revista de cinema, que distribuiu nos bares de Berlim. Posicionou-se sempre diante das imagens para as questionar, sem perder a verve poética do cinema.

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Jaime Lauriano

Jimmie Durham

Leonilson

Nascido em 1985, vive e trabalha em São Paulo. Graduou-se pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, no ano de 2010. Entre suas exposições mais recentes, destacam-se as individuais: Nessa terra, em se plantando, tudo dá, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, 2015; Autorretrato em Branco sobre Preto, Galeria leme, São Paulo, Brasil, 2015; Impedimento, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil, 2014; Em Exposição, Sesc, São Paulo, Brasil, 2013; e as coletivas: Totemonumento, Galeria Leme, São Paulo, Brasil, 2016; 10TH Bamako Encouters, Museu Nacional, Bamako, Mali, 2015; Empresa Colonial, Caixa Cultural, São Paulo, Brasil, 2015; Frente a Euforia, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, Brasil, 2015; Tatu: futebol, adversidade e cultura da caatinga, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, Brasil, 2014; Taipa-Tapume, Galeria Leme, São Paulo, Brasil, 2014; Espaços Independentes: A Alma É O Segredo Do Negócio, Funarte, São Paulo, Brasil, 2013; possui trabalhos nas coleções públicas da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e do MAR – Museu de Arte do Rio. Com trabalhos marcados por um exercício de síntese entre o conteúdo de suas pesquisas e estratégias de formalização, Jaime Lauriano nos convoca a examinar as estruturas de poder contidas na produção da História. Em peças audiovisuais, objetos e textos críticos, Lauriano evidencia como as violentas relações mantidas entre instituições de poder e controle do Estado – como polícias, presídios, embaixadas, fronteiras – e sujeitos moldam os processos de subjetivação da sociedade. Assim, sua produção busca trazer à superfície traumas históricos relegados ao passado, aos arquivos confinados, em uma proposta de revisão e reelaboração coletiva da História.

Nasceu em Washington, Arkansas, em 1940. Em 1968, se matriculou na L’École des Beaux-Arts de Genebra, onde trabalhou principalmente em performance e escultura. Com outros três artistas, formou o grupo Draga, que explorou maneiras de integrar a arte na vida pública. Neste momento, formou uma organização com amigos indígenas da América do Sul chamada Incomindios, numa tentativa de coordenar e incentivar o apoio à luta dos índios das Américas. Um ativista de toda a vida, em 1973, retornou aos Estados Unidos para participar da ocupação no Wounded Knee, Dakota do Sul, e se tornou um organizador de tempo integral para o Movimento Indiano Americano (AIM); ele se tornaria membro do Conselho Central em 1975. Nesse mesmo ano, se tornou o diretor executivo do Conselho Internacional de Tratados Indianos (IITC) na cidade de Nova York e foi o representante dos índios americanos nas Nações Unidas, o primeiro grupo minoritário para ter uma representação oficial dentro da organização. De 1975 a 1980, foi coeditor do Tratado Council News, um jornal mensal do IITC, e editou a segunda edição das Crônicas do Protestante indiano americano em 1976, publicado pelo Conselho sobre Livros Inter-raciais para Crianças. Em 1980,deixou o AIM e voltou ao foco na arte. Ao longo desta década, seu trabalho abordou questões de identidade, modos de representação e violência colonial e genocídio, especificamente relacionados às experiências dos povos indígenas nas Américas. Foi diretor da Fundação para a Comunidade de Artistas da Cidade de Nova York de 1981 a 1983, e de 1982 a 1985 editou o jornal mensal de Arte e Artistas (anteriormente Artworkers News). Em 2010, recebeu Sala Especial no 29º Arte Pará como artista homenageado do salão. Participou da 31ª Bienal de São Paulo. Vive e trabalha em Belém.

Nascido em Fortaleza, Ceará em 1957, faleceu em São paulo em 1993. Em 1961, mudou-se com a família para São Paulo. Entre 1977 e 1980, cursou educação artística na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), onde foi aluno de Julio Plaza (1938 – 2003), Nelson Leirner (1932). Teve aulas de aquarela com Dudi Maia Rosa (1946) na escola de artes Aster, que frequenta de 1978 a 1981. Nesse último ano, em Madri, realizou sua primeira individual na galeria Casa do Brasil e viajou para outras cidades da Europa. Em Milão teve contato com Antonio Dias (1944), que o apresentou ao crítico de arte ligado à transvanguarda italiana Achille Bonito Oliva (1939). Retornou ao Brasil em 1982. A obra de Leonilson é predominantemente autobiográfica e está concentrada nos últimos dez anos de sua vida. Segundo a crítica Lisette Lagnado, cada peça realizada pelo artista é construída como uma carta para um diário íntimo. Em 1989, começa a fazer uso de costuras e bordados, que passam a ser recorrentes em sua produção. Em 1991, descobre ser portador do vírus da Aids e a condição de doente repercute de forma dominante em sua obra. Seu último trabalho, uma instalação concebida para a Capela do Morumbi, em São Paulo, em 1993, tem um sentido espiritual e alude à fragilidade da vida. Por essa mostra e por outra individual realizada no mesmo ano, recebeu, em 1994, homenagem póstuma e prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). No mesmo ano de sua morte, familiares e amigos fundam o Projeto Leonilson, com o objetivo de organizar os arquivos do artista e de pesquisar, catalogar e divulgar suas obras.


Lourival Cuquinha

Maria Thereza Alves

Matheus Rocha Pitta

Nascido em Olinda, 1975, vive e trabalha em Recife (PE) e São Paulo (SP). Seu trabalho aborda o campo político a partir de impressões estritas e pessoais. Não tendo chegado ao fim de nenhum curso acadêmico, mas tendo cursado Engenharia Química, Filosofia, Direito e História, passou dez anos na Universidade Federal de Pernambuco (1993 – 2002). Nas Artes Visuais, inicia-se com um coletivo de artistas, o Molusco Lama, nos idos de 1996 ou 1997, com muitas ações e performances. Depois de algumas participações em salões e exposições pernambucanas e tendo trabalhado como designer, diretor de clip e cenógrafo da banda Textículos de Mary, participou da Mostra Rio de Arte Contemporânea em 2002. Nesta mostra, junto com Daniela Brilhante, foi premiado pelo trabalho 1° concurso mundial do Mickey Feio. Paralelamente, trabalhou no atelier coletivo Submarino (2002 – 2004) onde expôs e participou de várias obras e ações coletivas, como o nunca finalizado filme da MONGA. Em 2003, fez pela primeira vez o trabalho Varal, no SPA – semana de artes visuais do Recife. Desde então, não para mais de fazê-lo (talvez já esteja na hora, mas adora o processo e alguns trabalhos se tornam autônomos em relação ao artista). Esse trabalho foi premiado no Olinda Arte em Toda Parte, 2003, e no 7º Salão do Mar em 2006.

Nasceu em São Paulo em 1961, Alves trabalhou e exibiu internacionalmente desde a década de 1980, criando um corpo de trabalho investigando as histórias e circunstâncias de locais específicos para testemunhar histórias silenciadas. Seus projetos são baseados em pesquisas e desenvolvem suas interações com os ambientes físicos e sociais dos locais onde ela mora, ou visitas a exposições e residências. Esses projetos começam em resposta às necessidades locais e passam por um processo de diálogo que muitas vezes é facilitado entre as realidades materiais e ambientais e as circunstâncias sociais. Embora ciente dos binários ocidentais entre natureza e cultura, arte e política, ou arte e vida diária, ela deliberadamente se recusou a reconhecê-los em sua prática. Ela escolhe, em vez disso, criar espaços de agência e visibilidade para culturas oprimidas através de práticas relacionais de colaboração que exigem movimento constante em todos esses limites.

Nasceu em Tiradentes, Minas Gerais, em 1980. Artista plástico brasileiro que em 2008, recebeu o Illy Sustain Art Prize, tendo participado da Bienal de Taipei e da Bienal Internacional de São Paulo. Sua obra faz parte de coleções como as do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do Castello di Rivoli. Também teve mostras de sua obra no Museu de Arte do Rio, na Fondazione Morra Greco, no Palais de Tokyo, no Krannert Art Museum e no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em suas palavras, por “obras que não são direcionadas”, Matheus Rocha Pitta produz fotografias, vídeos, esculturas e instalações de mídia mista, nos quais ele explora como a percepção e o contexto moldam nossa compreensão do mundo. Citando Hélio Oiticica, Robert Smithson, história e filosofia como influências, ele prefere trabalhar fora do estúdio, em resposta direta ao seu entorno. Des- e re-contextualização são fundamentais para sua prática. Em sua série BO (2010), por exemplo, fotografou vários itens de consumo —como embalagens de papel higiênico e tomates enlatados— cada um dos quais é cortado para revelar o que parece ser contrabando escondido no interior, convertendo efetivamente esses objetos inócuos em recipientes secretos. Em seus vídeos mais recentes, Rocha Pitta vem investigando as fronteiras nacionais, revelando a arbitrariedade e a tênue dessas linhas na sujeira, ao mesmo tempo tão definitiva e abstrata.

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Miguel Rio Branco Nascido em 1946, é pintor, fotógrafo, diretor de cinema, além de criador de instalações multimídia . Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Trabalhou intensamente na Europa e Américas desde o começo de sua carreira, em 1964, com uma exposição em Berna, Suíça. Em 1966 estudou no New York Institute of Photography e em 1968 na Escola Superior de Desenho Industrial no Rio de Janeiro. Rio Branco começou expondo pinturas em 1964, fotografias e filmes em 1972. Trabalhou como fotógrafo e diretor de filmes experimentais em Nova Iorque de 1970 a 1972. Dirigiu e fotografou curtas metragens e longas nos próximos nove anos. Paralelamente, perseguindo sua fotografia pessoal, desenvolveu um trabalho documental de forte carga poética. Em pouco tempo foi reconhecido como um dos melhores fotojornalistas usando filme colorido. Nos anos 80 Miguel Rio Branco foi aclamado internacionalmente por seus filmes e fotografias na forma de prêmios, publicações e exposições como o Grande Prêmio da Primeira Trienal de Fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Prêmio Kodak de la Critique Photographique, de 1982, na França, que foi dividido com dois outros fotógrafos. Seu

Paulo Nazareth trabalho fotográfico foi visto em várias exposições nos últimos 20 anos, como no Centre George Pompidou, Paris; Bienal de São Paulo, 1983; no Stedelijk Museum, Amsterdam, 1989; no Palazzo Fortuny, Veneza, 1988; Burden Gallery, Aperture Foundation, New York, 1986; Magnum Gallery, Paris, 1985; MASP, São Paulo; Fotogaleria FUNARTE, Rio de Janeiro, 1988; Kunstverein Frankfurt, in Prospect 1996; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1996. Miguel Rio Branco dirigiu 14 curtas metragens e fotografou 8 longas. Seu trabalho mais recente como diretor de fotografia pode ser visto em 1988 no filme Uma avenida chamada Brasil de Otavio Bezerra. Ganhou o prêmio de melhor direção de fotografia por seu trabalho em Memória Viva de Otavio Bezerra e Abolição de Zozimo Bulbul no Festival de Cinema do Brasil de 1988. Também dirigiu e fotografou 7 filmes experimentais e 2 vídeos, incluindo Nada levarei quando morrer aqueles que mim deve cobrarei no inferno, que ganhou o prêmio de melhor fotografia no Festival de Cinema de Brasília e o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio da Crítica Internacional no XI Festival Internacional de Documentários e Curtas de Lille, França, 1982.

Paulo Sérgio da Silva (Governador Valadares, MG, 1977). Artista performático. Após estudar entalhe em madeira com o escultor baiano Mestre Orlando (1944 – 2003) em 2005, licencia-se em desenho e plástica e torna-se bacharel em desenho e gravura no ano seguinte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também estuda linguística entre 2006 e 2010. Mora em Santa Luzia, Belo Horizonte, e trabalha em uma barraca de feira onde vende produtos diversos. Chama a atenção do circuito nacional e internacional de arte a partir de 2010, quando deixa a comunidade de Palmital, em Belo Horizonte, para participar da feira Miami Basel. Realiza o percurso de Minas Gerais até Miami, Estados Unidos, a pé, fotografando-se com cartazes e anúncios ao longo do trajeto na performance Notícias da América (2011 – 2012). Apresenta na feira a instalação Banana Market, uma perua Kombi repleta de bananas. Recebe convites para a Bienal de Veneza de 2013 e para a 12ª Bienal de Lyon. No Brasil, expõe e recebe o Prêmio Masp de Artes Visuais 2012, na categoria Talento Emergente. Participa de diversos programas de residência na Argentina, Indonésia e Índia e integra exposições no Brasil, no Uruguai, na França, na Noruega, na Alemanha e nos Estados Unidos. Volta a Palmital e reinaugura sua barraca na feira da cidade, chamando-a de Paulo Nazareth Arte Contemporânea Ltda. Em 2012, é publicado o livro Paulo Nazareth, Arte Contemporânea Ltda., que narra as viagens do artista.


Paz Errázuriz

Poraco

Regina José Galindo

Considerada uma dos fotógrafas mais importantes do Chile, o trabalho de Paz Errázuriz tem um compromisso especial com o retrato em preto e branco, que explora várias questões sociais, enfatizando os mundos e trabalhos mais cruéis da sociedade chilena. Sua série de trabalhos chamada Nômades do Mar leva-nos através do território do sul do Chile para colecionar os vestígios dos últimos membros do grupo étnico Kaweskar. Testemunhas das grandes abominações do século XX, esses rostos fissurados procuram o olho sensível do espectador. Nascida em Santiago, onde vive e trabalha até hoje, Paz ganhou grande destaque internacional com a exposição Réplicas e Sombras na sala da Fundação Telefónica em Santiago 2004, na Bienal de Veneza 2015 e na retrospectiva Adentro-Afuera na Fundação Mapfre de Madri 2015 – 2016. Antes disso, desde a década de 80, expôs por todo o mundo em instituições de grande renome, tendo trabalhos nas coleções da Tate Gallery em Londres e no MOMA em NY. Ao longo de sua trajetória, recebeu as bolsas de estudo Guggenheim (1986), Fundação Andes (1990), Fulbright (1992) e Fondart (1994 e 2009) para a Associação de Fotógrafos Independentes (AFI). Recebeu o Prêmio Ansel Adams, concedido pelo Instituto Chileno Americano de Cultura em 1995, o Prêmio de Carreira Artística do Círculo de Críticos de Arte do Chile em 2005 e o Prêmio Altazor em 2005. Em 2014, recebeu a Ordem do Mérito Pablo Neruda e o Prêmio PhotoEspaña em 2015.

Poraco é um artista yanomami, da parte de seu território localizada em Rondônia. Suas obras presentes na mostra A Queda do Céu fazem parte da coleção de Carlo Zacquini e de Claudia Andujar, que mantém com o artista laços estreitos por décadas. Os yanomami não tinham costume de desenhar. Curiosa para conhecer a cultura da tribo, a fotógrafa propôs algo inusitado. Ofereceu papel e pinceis atômicos a um grupo de indígenas e pediu que desenhassem seu habitat, mitos e tradições. Eles nunca haviam tido contato com esses materiais. “Temos o costume de definir arte a partir da tradição europeia. Desde o final da década de 1980 e o início dos anos 1990, alguns grandes museus têm feito tentativas de mostrar trabalhos de fora dos centros hegemônicos. O movimento de olhar para a produção indígena como fizemos aqui vem desse momento. A proposta, é contar uma outra história da arte, baseada em outros temas e formas de produzir”. Os desenhos criados pelos artistas yanomami também deram origem ao livro Mitopoemas Yãnomam, publicado pela empresa Olivetti, e presentes no pavilhão dedicado à Claudia Andujar no Centro de Arte Contemporânea INHOTIM. À medida que os indígenas finalizavam as imagens, a artista pedia que narrassem o que haviam criado. Com a ajuda do missionário Carlo Zacquini, que gravou e traduziu as descrições, ela organizou a publicação, que apresenta a mitologia e a visualidade Yanomami. Os desenhos reunidos na mostra revelam aspectos diversos da vida dos Yanomami, narrativas de mitos, além de padronagens comuns às pinturas corporais e à decoração de objetos.

Nasceu na cidade da Guatemala, em 1974, onde ainda está trabalhando. É uma artista visual especializada em performance. Seu trabalho explora as implicações éticas universais das injustiças sociais relacionadas à discriminação racial, gênero e outros abusos envolvidos nas relações de poder desiguais que hoje atuam em nossas sociedades. Participou de eventos como a Bienal de Veneza 54, 53, 51 e 49, XI Bienal Internacional da Bacia, XXIX Bienal de Artes Gráficas de Ljubljana, Bienal de Sharjah, Bienal de Pontevedra 2010, XVII Bienal de Sydney, II Bienal de Moscou, I Trienal de Auckland, Veneza-Istambul, I Bienal de Arte e Arquitetura das Ilhas Canárias, IV Bienal de Valência, III Bienal da Albânia, II Bienal de Praga e III Bienal de Lima. Galindo recebeu o Leão de Ouro na 51ª Bienal de Veneza em 2005, na categoria de jovem artista por seus trabalhos Quem pode apagar as pistas? e Hymenoplastia. Em 2011, recebeu o prêmio Príncipe Claus da Holanda por sua capacidade de transformar raiva e injustiça pessoal em atos públicos poderosos que exigem uma resposta que interrompe a ignorância e a complacência para nos aproximar da experiência dos outros. Em 2011, ganhou ainda o Grande Prêmio na 29ª Bienal de Artes Gráficas em Ljubljana. Em 2010, o Primeiro Prêmio em Juannio Guatemala. Em 2007, o Primeiro Prêmio da V edição da Inquieta Imagen, Madco, Costa Rica. Participou de residências artísticas e bolsas de projetos em Trebecise Casttle, Cz.; em Paris com o espaço LePlateau; em San Antonio Texas com o espaço ArtPace e uma concessão para projetos em andamento no CIFO Miami.

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Vincent Carrelli Vincent Carelli (Paris, 1953) é um antropólogo, indigenista e documentarista franco-brasileiro, criador do projeto Vídeo nas Aldeias (1987), que forma cineastas indígenas.Filho de pai brasileiro, o artista plástico Antonio Carelli e de mãe francesa, ele nasceu em Paris e se mudou com 5 anos para São Paulo, onde estudou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo. Desde 1973 está envolvido com projetos de apoio a grupos indígenas no Brasil. Com sua mulher, a antropóloga paulista Virgínia Valadão (1952 – 1998), iniciou o projeto Vídeo nas Aldeias, em 1986. O projeto, criado no âmbito do CTI, promoveu, ao longo de mais de vinte anos, o encontro dos indígenas com suas imagens, tornando o vídeo um instrumento de expressão da sua identidade e refletir suas visões de mundo. Além treinar e equipar as comunidades indígenas com equipamento de vídeo, o projeto estimulou a troca de informações e de imagens entre as nações, que discutiam juntas a maneira de apresentar sua realidade para o resto do mundo.Em 2009, seu documentário Corumbiara, um longa-metragem que conta a história de um massacre de indígenas ocorrido em 1985 na Gleba Corumbiara, no sul de Rondônia, e a vivência do diretor com os índios isolados, obteve o prêmio de melhor filme do 37º Festival de Cinema de Gramado. Carelli ganhou também o prêmio de melhor diretor, dividido com o cineasta gaúcho Paulo Nascimento.[Corumbiara também recebeu o grande prêmio do 11° Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica).

Sobre o curador e idealizador Moacir dos Anjos é pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife (PE). Foi diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM (2001 – 2006) e pesquisador visitante no centro de pesquisa TrAIN – Transnational Art, Identity and Nation, University of the Arts London (2008 – 2009). Foi curador do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza (2011), curador da Bienal de São Paulo (2010), co-curador da Bienal do Mercosul, PoA (2007) e curador do Panorama da Arte Brasileira, MAM SP (2007). Foi curador da mostra coletiva Cães sem Plumas (2014), no MAMAM e de exposições retrospectivas dos trabalhos de Cao Guimarães (2013), no Itaú Cultural, e de Jac Leirner (2011), na Estação Pinacoteca, ambas em São Paulo. Publica regularmente em revistas acadêmicas e catálogos de exposição. É autor, entre outros, dos livros Local/ Global. Arte em Trânsito (Zahar, 2005) e ArteBra Crítica – Moacir dos Anjos (Automátia, 2010), além de editor de Pertença, Caderno_SESC_Videobrasil 8, São Paulo (SESC/Videobrasil, 2012).

Sobre a realizadora Tuîa Arte Produção é uma empresa dirigida por Bruna Neiva, produtora e pesquisadora em artes visuais. Atuando há mais de uma década, a produtora brasiliense tem em seu escopo projetos de produção cultural voltados para as artes visuais, pensamento crítico e arte-educação, pensando a arte como lugar de existência simbólica e concreta para os afetos, os dissensos e o pertencimento.


A QUEDA DO CÉU curadoria Moacir dos Anjos maio a junho de 2019 -coordenação Bruna Neiva – tuîa arte produção

cenografia Marcenaria Polovinas

produção executiva tuîa arte produção brotô arte projeto

pintura LM Montagem de Cenários plotagem WL Serviços e Comunicação Visual

produção Gisele Lima – tuîa arte produção

vídeo Rodrigo Resende

expografia Marta Bogéa e Tiago Guimarães

fotografia – eventos Lucas Las-Casas

design Molde.cc

intérpretes de libras Maleta Cultural

coordenação administrativa Elisa Mattos

agradecimentos Casa da Cultura da América Latina – Universidade de Brasília, Alex Calheiros, Karina Dias, Veridiana Aleixo, Cilene Vieira, Ivany Câmara Neiva, Alessandra Brochado, Solano Botelho, Lia Botelho, Lucas Gehre, Eudaldo Sobrinho, Nahira Salgado, Marina Fontes, Helder Carneiro, Josanir Cunha, Gero Tavares, Ania Gomes, Rafael Benevides e equipe Dona Lenha.

assessoria de imprensa Agenda KB assistente administrativa Natália Botelho assistente de produção Letícia Garcia projeto luminotécnico Caco Tomazzoli

Alexia Tala, Coleção Patricia Moraes e Pedro Barbosa, Família Bezerra Dias, Harun Farocki GbR, Marcos Gallon, equipe Projeto Leonilson, Isadora Ganem, Rafaella Tamm, Renato Silva, Galeria Mendes Wood, Galeria Vermelho, Galeria Leme, Galeria Athena Contemporânea e Museu Nacional da República.

montagem C2 montagem de luz Jó Capoliteo Jonny Lucas fotografia Joana França

Este projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. Realização

Co-realização

Apoio


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