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P.A.C. I - Publicações Acadêmicas em Ciência da Informação: coleção Pernambuco/ Amélia Mendes (org.) [et al.] . – Recife: TOTEM, 2011. 197 p.: il. (P.A.C.I., v. 1.) 1. Biblioteconomia - Artigos. 2. Documentação – Artigos. 3. Ciência da Informação – Artigos. 4. Gestão da Informação – Artigos. I. Mendes, Amélia (org.). II. Santiago, Pietro (org.). III. Santos, Charlene (org.). IV. Silva, Gleibson José da (org.). V. Revoredo, Túlio (org.) . VI. Título: Publicações Acadêmicas em Ciência da Informação. VII. Título: Coleção Pernambuco.


PUBLICACOES ACADEMICAS EM CIENCIA DA INFORMACAO

PERNAMBUCO 2009/2011 vol. 1



Apresentacao Rafael A. Oliveira CRB-4/P-1616 Os Encontros Regionais e Nacionais dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação - EREBD's e ENEBD's são os eventos de maior importância na área de Ciência da Informação. Isso porque, além de promover espaços de discussões políticas envolvendo as problemáticas da área, ele divulga, discute e incentiva a produção acadêmica entre os discentes. Agregando realidades diferentes num único espaço, dá oportunidade aos estudantes de conhecer novas formas de encarar e praticar a pro�issão.

A apresentação de artigos cientí�icos nos encontros é essencial, tanto para o estudante que busca seguir uma vida acadêmica quanto para aquele que procura especializar-se em algum campo de atuação especí�ico, ao passo que permite troca de experiências e de conhecimento para o melhor aprimoramento do futuro pro�issional. Nesse sentido, a recopilação dos artigos é essencial para a rea�irmação dessa importância, dando maior credibilidade aos trabalhos apresentados. Em vista da comemoração dos 60 anos do curso de Biblioteconomia no estado de Pernambuco, enfatiza os avanços nas discussões e a evolução da área.

Nesta compilação constam aqueles trabalhos que mais se destacaram no evento em que foi apresentado, e que atendem aos critérios determinados pela comissão organizadora da obra. Segundo estes critérios, o trabalho deve ter sido apresentado em formato oral durante o evento, e não podem ter tido apresentação em evento anterior. A obra está dividida em seções correspondentes a cada encontro, agrupando assim os artigos apresentados num mesmo evento.



PROFESSOR-BIBLIOTECA EM PERNAMBUCO: UM RETRATO DO BRASIL? Remi Correia Lapa Aluno do curso de Biblioteconomia do Departamento de Ciência da Informação da UFPE rmcrlp@gmail.com

Eixo temático: A formação da consciência política dentro das instituições de ensino. Resumo: Qual a função de uma biblioteca escolar? E qual o perfil do bibliotecário que atua nela? Tais reflexões são resultados da experiência em andamento, que vem sendo desenvolvida na Gerência de Biblioteca e Formação de Leitores (GBFL). Isto porque, esta prática tem permitido se constatar alguns problemas tanto nas bibliotecas escolares públicas da Prefeitura do Recife como no processo de seleção, atuação e avaliação dos professores que atuam nas bibliotecas. Muitos desses nominados professores-biblioteca, como são conhecidos, são mestres que foram relocados, estão cansados, ou tiveram problemas de saúde e não podem mais atuar em sala de aula. Assim, o objetivo do trabalho é colaborar para escolha dos referidos professores para atuação nessas bibliotecas escolares e avaliar o desempenho desses professores, cada atenção dedicada aos alunos; além de se levantar uma alternativa mais adequada para a seleção dos profissionais atuantes nas bibliotecas escolares. Desta forma será possível apresentar a gerência responsável pelo procedimento, uma contribuição em forma de questionário que será aplicado aos professores e certamente fortalecerá o processo de gestão da GBFL. Os resultados poderão contribuir para uma melhor qualidade no ensino desenvolvido nas escolas municipais através da mudança de postura do profissional que atua nessas bibliotecas. A metodologia inicial consiste em levantamento de literatura a respeito do assunto, observação da atuação dos professores, enquanto agentes na biblioteca, caracterizando uma pesquisa exploratória. A próxima etapa metodológica será a aplicação do questionário, avaliação da atuação dos professores nas bibliotecas e apresentação dos resultados a GBFL. Por se tratar de uma pesquisa ainda em andamento, os resultados e a conclusão serão apreciados em outro momento. Palavras-chave: Biblioteca escolar. Biblioteca pública municipal. Abstract: What is the function of a library in a school? And what is the profile of a librarian in action on it? These reflections are results of a running experience that it comes being developed in the GBFL – Gerência de Biblioteca e Formação de leitores (Management of Library and Formation of Readers). That’s because is allowed to see some problems in libraries at municipal schools from Recife city hall as in selection, actuation and avaliation process of all teachers who works together libraries. Many of these “library-teachers”, as they are known, are masters who had been changed from their functions, or are tired, or had some health problem and can’t work no more in a classroom. The objective of this work is to understand how the teachers selection are realized to work in these school libraries, to evaluate the performance of these professors and the dedicated attention to the pupils; and get a well adequate alternative for the operating professionals in the pertaining to school libraries. In such a way it will be possible to present for responsible management for the selectioned, a contribution in questionnaire form that will be applied the the teachers. Certainly that the results will be able to improve the quality of education in all municipal schools through the change of position of the professional who acts in these libraries. The initial methodology consists of survey of literature regarding the subject, comment and performance of the professors, while agents in the library. The next metodological step is the application of a questionnaire and evaluate the performance of the teachers in the libraries and the presentation of the results to GBFL. Dealing with still in progress research, the results and the conclusion will be appreciated in another moment. Keyword: School library. Municipal public library.


1. INTRODUÇÃO A escola faz parte do sistema educativo, com uma missão política de contribuir para a formação da comunidade atendida. Neste caso, toda a sua estrutura tem como principal objetivo, despertar o interesse da criança e do adolescente, em seu primeiro contato com a educação, produzindo uma sensação de conforto, sendo a escola e os espaços que a compõe, assim como o processo de aprendizagem, associados a um lugar prazeroso, agradável e instigante. E o que constitui boa escola? Apenas as salas de aula e bons professores? Um laboratório de informática, talvez outro de química? Normalmente não falta um campinho de futebol ou um espaço para atividades físicas. Mas ainda falta o coração da escola para que o processo educativo possa ocorrer em sua plenitude máxima, uma biblioteca. Segundo Santos (2003) a biblioteca escolar deve ser vista como uma estrutura disponível, para a realização de um trabalho em conjunto com os alunos e professores. Por fazer parte da escola, esta biblioteca deve funcionar como um verdadeiro complemento da sala de aula, fornecendo todo o material bibliográfico necessário às atividades escolares. Em uma biblioteca escolar, tradicionalmente são utilizados códigos de catalogação para organizar o acervo e facilitar a recuperação da informação de forma rápida e precisa, entretanto, estes sistemas geralmente são muito complexos e de difícil compreensão por parte da comunidade infantil, isto é, o principal público da biblioteca escolar. Como forma de facilitar o acesso das crianças aos livros o bibliotecário pode substituir estes mecanismos desenvolvidos de busca e recuperação de material por sistemas mais simples, fáceis de serem compreendidos, apreendidos e utilizados pelas crianças sem ter que recorrer diretamente ao bibliotecário; exceto nos casos em que precisem de uma informação mais específica ou de uma orientação, muito mais relacionado à área pedagógica do que a tecnicista. Portanto, são exigidos do profissional bibliotecário, que atua em uma biblioteca escolar, conhecimento amplo de processos pedagógicos, de procedimentos metodológicos específicos, incluindo até experiências com a psicologia infantil. Esses conhecimentos são essenciais, podendo ser associados à expressão talento para trabalhar com crianças, muito mais do que apenas um alto grau de conhecimento em


procedimentos técnico-biblioteconômicos. A identidade do bibliotecário vem sofrendo mudanças ao longo do processo histórico e a cada transformação um novo ser bibliotecário surge acompanhado de novas características e valores que incluem: prioridades, visão de mundo (micro e macroscopicamente), comportamento e perfil. Esta identidade é tão mutável em detrimento do tempo quanto pelas escolhas que são realizadas individualmente em uma mesma época, portanto, dois profissionais que estejam se formando em uma mesma instituição, no mesmo ano, terão perfis diferentes pelas decisões individuais que foram tomadas durante os anos de graduação, assim como pela percepção que cada um tem da sociedade em que está inserido. Tendo consciência disto, fica fácil perceber que um mesmo profissional tem uma identidade de certa forma diferente dependendo do local onde for atuar. Uma biblioteca especializada necessita de um bibliotecário com características e qualidades diferentes das de outro que venha a atuar em uma biblioteca universitária, que por sua vez difere do bibliotecário escolar. Processo semelhante ocorre em outras áreas do conhecimento humano, como por exemplo, na educação, ainda mais antiga que a biblioteconomia. Portanto, a identidade destes profissionais da educação, os professores, vem desde os primórdios adaptando-se a novas realidades sociais. Porém um problema ocorre quando estas mudanças mesclam-se com uma outra identidade da qual não faz parte de seu campo de atuação.

2. A GERÊNCIA DE BIBLIOTECAS E FORMAÇÃO DE LEITORES (GBFL). A GBFL desempenha um importante papel entre as bibliotecas públicas escolares da Região Metropolitana da cidade do Recife ao selecionar os projetos enviados pelas escolas que ainda não possuem uma biblioteca e orienta-las no processo burocrático para obtenção de recursos e acompanhamento durante a execução e após sua inauguração. Além de atuar no processo de orientação dos cantinhos de leitura e salas de leitura. Também está encarregada de realizar as etapas de seleção, acompanhamento


e avaliação tanto dos estagiários de leitura quanto dos professores-biblioteca. Durante o mais recente levantamento estatístico, a cidade do Recife consta com 219 escolas públicas. Estas possuem 63 bibliotecas, 40 cantinhos de leitura e 35 salas de leitura, que recebem assistência da GBFL como doações de kits e livros para compor seu acervo. A GBFL atualmente é formada por doze pessoas, sendo seis funcionários e os outros, estagiários. Compondo o quadro como estagiário de biblioteconomia, minhas principais funções são: preparar tecnicamente os livros, orientar os usuários e a própria organização da biblioteca. Além disso, outra atribuição realizada são as visitas para acompanhamento das bibliotecas e afins. Durante as atividades diárias pude observar o perfil de vários professores interessados em realizar o teste para ser transferido a uma biblioteca como professor-biblioteca. O processo de seleção da GBFL é composto por uma prova baseada em interpretação textual, com três perguntas discursivas e uma entrevista. É justamente com base na observação dos problemas decorrente da atuação de docentes recém readaptados da sala de aula para atuar nas bibliotecas, que este trabalho é formulado, e se propõe em buscar alternativas e melhores soluções para sanar as questões acima citadas. A consciência da importância da informação como elemento essencial e de fundamental necessidade no processo de aprendizagem, pois permite aos indivíduos em seu próprio meio individual tomarem conhecimento de seus direitos e deveres, possibilitando as escolhas mais apropriadas para o direcionamento da própria vida impulsiona a realização das pesquisas. O que pode vir a representar o aprimoramento do educando com formação ética e fortalecimento da autonomia intelectual. Para Muller (2008), a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, associado ao desenvolvimento de conceitos teóricos tem permitido o fortalecimento da evolução científica e suas aplicações na vida. Assim a GBFL se aproxima da proposta de contribuir para uma formação completa do aluno, considerando-se o papel fundamental que a educação integral


fornece ao desenvolvimento do cidadão, ao possibilitar o funcionamento da biblioteca nos seus aspectos plenos. 3. IDENTIDADE A palavra identidade pode ser compreendida como um conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa, por outro lado, também é entendida como sendo um aspecto coletivo de um conjunto de características pelas quais algo é definitivamente reconhecível. De acordo com Walter (2004), pode-se, também, empregar o termo associado à questão profissional, pessoas que guardam mesmos valores, competências, habilidades, visões e perspectivas sobre propósitos semelhantes ou comuns. Segundo este posicionamento, a identidade profissional esta atrelada às qualidades do que é análogo, mas seriam sempre as mesmas características? Um professor escolar teria as mesmas particularidades de um professor universitário? É uma realidade afirmar que muitos elementos em comum seriam perceptíveis, entretanto as identidades deles também são construídas com base em sua essência como um todo, pelas escolhas individuais que são feitas, fazendo com que cada um seja uma unidade, muitas vezes influenciadas por elementos intrínsecos ao indivíduo, como seus valores, seus medos, seus desejos particulares. Assim, estão associados a uma identidade cultural, da mesma forma que os elementos exteriores, igualmente responsáveis por construir e desenvolver a identidade através dos elementos encontrados na sociedade em que o sujeito está inserido definindo seu modo de vida, de atuar, de trabalhar, de relacionar-se. Quais são as influências que estão levando os professores a trocar a sala de aula pela biblioteca? O interesse estaria na percepção da importância da biblioteca como um local interdisciplinar e com múltiplas possibilidades para mudar a realidade social dos alunos e de forma ainda mais positivista da comunidade em que a biblioteca está inserida? Quando o que convém é um desejo individual e não caracteriza um aspecto social, então representa um problema, pois o profissional não se preparou psicologicamente para uma nova etapa em sua identidade (ela não é fixa), não foi


fruto de escolhas feitas de forma planejada, representando uma evolução de etapas rumo a um objetivo pré-definido, logo, por não ser o que desejava para sua vida, não representando algo importante. É muito mais uma alternativa, uma fuga que o indivíduo “escolhe” por puro comodismo. Esta é uma dura realidade encontrada nas bibliotecas públicas escolares. Professores que durante sua carreira sempre realizaram as escolhas que o identificaram com a educação em sala de aula, por acreditarem, assim creio, ser o sistema escolar, um local onde os subordinados podem encontrar uma alternativa para “dialogar” de igual com os dominantes, com momentos conflituantes, outros de harmonia, procurando obter respostas às condições sócio-históricas conduzidas pelas práticas instituicionais, textuais e vividas, que determinam à cultura escolar e a experiência professor/aluno, em uma especificidade de tempo e de espaço, conforme esclarece Giroux (1992). Agora passam a querer reconstruir sua unidade por ter perdido no decorrer do caminho a fé no ato de ensinar. Esquecem que ensinar é peregrinar junto o longo caminho da História, transformando aqueles que cruzam nosso caminho sem dúvida, se deve a tantos que, errando e acertando, pesquisaram e descobriram novidades. Afinal, todos têm muito que aprender para transmitir com algo mais, aos que buscam como nós, sentir o sabor da verdade nos caminhos da vida. Entre esses caminhos, vem a minha hora de escolher. Então, a meta que pretendo, me indicará o rumo a seguir. Depois, a decisão. E ao caminhar, vou abrindo caminhos. E ensinando, vou caminhando junto: em busca da verdade. Para a realização da vida, como defende Goulart (2005). 4. O PROFESSOR-BIBLIOTECA Qual sua identidade? Onde seria seu local de atuação? Seria um professor que conduz seus alunos para a biblioteca da escola, a fim de realizar alguma atividade interdisciplinar demonstrando preocupação pela situação em que se encontra a educação no Brasil? Ou mesmo, quem sabe, um professor que leve a biblioteca para a sala de aula com fins pedagógicos, expondo a importância de instigar no alunado suas competências na leitura e na escrita?


A figura do professor pode ser entendida como alguém que absorveu conhecimentos didáticos e têm competência de aplicá-los, alguém que deve procurar manter seu conteúdo sempre atualizado, de transmitir algum conhecimento a outra pessoa, insigar a vontade de aprender e a curiosidade pela busca de informação através de procedimentos pedagógicos. Entretanto, este trabalho pode estar associado a sofrimento e muito estresse. Uma pesquisa feita com 500 professores das redes públicas das capitais brasileiras expôs que mais da metade dos entrevistados sofre de estresse. Entre as queixas mais comuns estão as dores musculares, citadas por 40% deles. Preocupa também, 40% terem revelado sofrer regularmente de alguma doença ou mal-estar, conforme investigou NOVA ESCOLA e Ibope (2007). É justamente quando os problemas se apresentam ou de forma muito grave ou sua condição já ocorre por um tempo prolongado, afetando seu desempenho em sala de aula, sendo o professor afastado, que surge a figura do professor-biblioteca. Isto é, seu desgaste físico e emocional o conduz a procurar assumir outra função na escola, que teoricamente exigiria menos desgaste, tanto físico quanto emocional, e o local escolhido é a biblioteca. Contrariando essa concepção, uma biblioteca escolar deve apresentar-se como um centro de aprendizagem, com projetos voltados para o ensinoaprendizado, cuja função pedagógica está relacionada à: a) uma ação em prol da leitura, do incentivo à criação do gosto e hábito de ler; b) a pesquisa escolar e ao trabalho intelectual que proporcionarão ao educando meios para melhor desempenhar seus papéis sociais; c) a ação cultural com vistas a favorecer o entendimento da identidade do cidadão no espaço onde habita, de acordo com o Conselho Federal de Biblioteconomia e o Conselho Regional de Biblioteconomia (2009). A biblioteca escolar não somente lida com as demandas do aluno, mas, sobretudo, atua no contexto do projeto político-pedagógico da escola, através do trabalho conjunto com o professor e a gestão escolar, possibilitando o desenvolvimento de serviços de apoio à aprendizagem e disponibilização de livros aos membros da comunidade escolar, oferecendo-lhes a possibilidade de se


tornarem pensadores críticos e efetivos usuários da informação, em todos os formatos e meios, conforme defende a UNESCO (2009). Portanto, se compreendermos que a biblioteca escolar deve funcionar como um complemento da atividade letiva, o profissional que lá for atuar deve manter a mesma postura de uma sala de aula, então alguns questionamentos surgem, como: o que um professor que foi relocado da docência faz em uma biblioteca? Qual é o imaginário da biblioteca, e a importância deste espaço, para este professor? Ao desempenhar um papel que não faz parte de sua formação os problemas que o afastaram da sala de aula podem se agravar, pois quando um profissional faz algo que não acredita, ou que não o motiva, o estresse tende a aumentar. E se o motivo do afastamento foi seu relacionamento com crianças e jovens da escola, qual será sua postura diante da biblioteca? Este levantamento é realizado por Teixeira (2007, 43), ao questionar: “A relação com as crianças é condição para a docência. Se ela está deteriorada, como ensinar? Essa é uma das razões do grande mal-estar entre os educadores”. O que nos remete novamente a questão: E como poderia este profissional atuar numa biblioteca escolar? Conforme Cox e Mekis (1999) a postura exigida do professor-biblioteca pautase inicialmente na percepção da transformação em andamento. É preciso se perceber uma transformação não apenas em sua organização espacial ou dotação material, como na expansão de um novo conceito de biblioteca escolar: local onde se reúne, em um espaço dinâmico e de encontro, uma diversidade de recursos educativos, que contém informação atualizada, e que apóia, através de múltiplos serviços, o processo de ensino-aprendizagem, articulando as diversas ações que resultam da implementação de um currículo escolar em permanente desenvolvimento. O que nos leva a concluir que o trabalho em uma biblioteca escolar precisa manter uma postura pró-ativa, desenvolvendo atividades educativas; servindo como local de estudo; e de encontro para a realização de trabalhos. Para obter bons resultados é preciso buscar o compromisso da direção da escola para os projetos da biblioteca. Como já fora elucidado acima, os problemas enfrentados pelos professores


atingem todas as capitais, entretanto não há registros de literatura sobre a existência de professores-biblioteca em outras cidades ou se esta “classe profissional” faz parte apenas da realidade da cidade do Recife. Este levantamento tem um grau de importância elevado para a execução da segunda etapa deste trabalho, pois serão feitos levantamentos e comparações entre as realidades de cada cidade, com suas qualidades e problemas específicos da região. Com posse dos dados obtidos, as análises permitirão uma busca por soluções com objetivo de obter uma biblioteca escolar pública com seu papel verdadeiramente voltado para a formação de leitores, ainda carente de um serviço de qualidade voltado para a comunidade escolar. 4.1 SELEÇÃO DOS PROFESSORES-BIBLIOTECA A seleção dos professores biblioteca feitas pela GBFL, ocorre mediante a realização de uma prova que em nenhuma perspectiva testa os conhecimentos, qualidades ou capacidade do professor em desempenhar um bom papel na biblioteca, seja como educador ou como bibliotecário. A prova atualmente consiste em três perguntas argumentativas a respeito do texto ‘Sonhos...’, Hassen s.d (ver anexo A), que narra o sonho de uma ‘cidade perfeita’, onde em certo momento da narrativa surge a figura romantizada da biblioteca [...] E as bibliotecas, já que estou me permitindo sonhar em voz escrita, serão o coração das cidades e, claro, das escolas: delas se bombearia o sangue vital. [...] Teriam muitos, muitos livros velhos, muitos coloridos, mas uns tantos com capas pardas e sem apelo. [...]. Quanto às perguntas, a primeira solicita que sejam feitos três destaques sobre os aspectos que chamaram sua atenção no texto; em seguida, se concorda com a visão da autora, e por quê?; Por último, incita que em aproximadamente vinte linhas seja descrito uma situação do que a leitura significa para a pessoa. É óbvio que estas perguntas testam à capacidade de interpretação textual e a competência de expor gramaticalmente as idéias dos pretensos professores-biblioteca.


4.2 PROBLEMAS DO PROFESSOR-BIBLIOTECA No momento em que se aceitam professores que foram relocados da sala de aula por motivos os mais diversos como, por exemplo: questão de saúde; cansaço devido à idade; estresse; falta de empatia com a administração; conflitos com alunos, alguns problemas podem ser observados como: A biblioteca passa a ser encarada como um local de refúgio. E outros professores que estão passando por problemas semelhantes acham que a GBFL tem a obrigação de realocá-los da sala de aula para uma biblioteca. 1.

O trabalho realizado por estes profissionais não é de qualidade, pois levam seus problemas, que o afastaram da sala de aula para a biblioteca, fazendo um péssimo serviço.

2.

A atuação destes professores-biblioteca é muito mais passiva do que proativa. Não estabelecendo qualquer atividade na biblioteca, ao contrário, alimentam a imagem dessa biblioteca como um local de descanso, silêncio, quietude, ou seja, o contrário de tudo o que uma biblioteca escolar deve representar.

5. RECOMENDAÇÕES PARA UMA MUDANÇA DE ATITUDE Escolha de projetos representativos cujo compromisso com a biblioteca e com seus freqüentadores esteja evidenciado. Alteração no processo seletivo, transferindo o foco da triagem, atualmente pautado numa interpretação de texto, para uma análise do perfil do professor candidato, cujo pacto com a função da biblioteca deve ser bastante visível. Ampliação da infra-estrutura das bibliotecas, cujos serviços devem ser melhorados para aperfeiçoar o desempenho das bibliotecas escolares, tais como: atendimento à criança; atenção especial para o aprendizado da leitura, assim como ao estimulo para buscar novos conhecimentos por parte da criança e do jovem, formando leitores e incentivando a frequência à biblioteca, associando a biblioteca ao prazer da leitura. Estes devem ser os pontos considerados prioritários para o fortalecimento do projeto da GBFL. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A biblioteca da GBFL presta um serviço sério desenvolvendo a prática de leitura e escrita; quanto os responsáveis por seu funcionamento, tanto no campo operacional quanto no campo gerencial percebe-se que não têm noção da possibilidade dos serviços que podem ser oferecidos à comunidade estudantil resultando entre outras causas no baixo índice de aprendizagem dos alunos. O trabalho defende, em decorrência da realidade das bibliotecas públicas escolares, que o professor-bibliotecário efetivamente tenha aptidão para o exercício da sua função, comprometendo-se com o incentivo à leitura e a formação cultural das crianças e dos jovens educandos, habituando-os a frequentar a biblioteca. É preciso também alterar a ótica destes relocados educadores, que tratam à biblioteca como um local genuinamente dependente da existência do acervo, priorizando, portanto sua conservação e renegando serviços que a priori seriam mais urgentes, como por exemplo, os serviços voltados para o acesso às informações e produção de conhecimento. Evidentemente que uma situação ideal seria contar com a participação de vários bibliotecários nas atividades escolares que envolvem a leitura objetivando a formação de cidadãos informados e críticos. Trata-se de um tema muito amplo e que não se esgota neste momento, limitado por um espaço acadêmico. Oportunamente o assunto poderá ser retomado, entretanto, fica claro neste momento a propriedade que a realização do estudo trouxe para a divulgação e atualização da temática abordada. Muito há o que se avaliar ainda, inclusive realizar acompanhamentos dos trabalhos que se desenvolvem nas bibliotecas pelos professores-biblioteca. Neste trabalho, a preocupação foi dar evidência ao tema e colocar no centro da discussão um problema presente nas bibliotecas escolares do Recife. A confecção de um questionário que avalie melhor os professoresbiblioteca representa uma contribuição, um produto, resultado deste trabalho, que poderá influenciar a seleção dos professores por ocasião do processo seletivo, podendo ser adotado nas bibliotecas participantes e que servirão de diretriz para tomada de decisão dos gestores da GBFL.


REFERÊNCIAS CHARTIER, Anne-Marie; CLESSE, Christiane; HÉBRARD, Jean. Ler e escrever: entrando no mundo da escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 166 p. Tradução de: Carla Valduga. FONSECA, Edson Nery da. A biblioteca. In: ______ . Introdução à biblioteconomia. São Paulo: Pioneira, 1992. p. 48-62. (Pioneira. Manuais de estudo). GOULART, José Dias. Ao professor, com amor!. São Paulo: Paulus, 2005. 63 p., il. GRECO, Dante. Como se organiza uma biblioteca?. Nova Escola, São Paulo, ano 21, n. 198, p. 24-25, dez. 2006. MACEDO, Neusa Dias de. (Org.). Biblioteca brasileira em debate: da memória profissional a um fórum virtual. São Paulo: Editora Senac São Paulo; ConselhoRegional de Biblioteconomia – 8ª Região – São Paulo, 2005. 446 p. Ínclui Índice. MANIFESTO em defesa da biblioteca escolar. Boletim eletrônico do sistema CFB/CRB, Brasília, DF, 23 abr. 2009. Edição especial. Disponível em: <http://www.crb8.org.br/portal_mis/arquivos/pdf/Boletim%20Eletronico%20do% 20Sis tema%20CFB%20CRBs%20Edicao%20Especial.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2009. POLATO, Amanda. Remédios para o professor e a educação. Nova escola, São Paulo, ano 23, n. 211, p. 38-45, abr. 2008. SANTOS, Gildenir Carolino; RIBEIRO, Célia Maria. Acrônimos, siglas e termos técnicos: arquivística, biblioteconomia, documentação, informática. Campinas, SP: Átomo, 2003. p. 30-33. SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura em curso: trilogia pedagógica. Campinas, SP: Atores Associados, 2003. 98 p. (Coleção Linguagens e Sociedade). WALTER, Maria Tereza Machado Teles. Identidades, valores e mudanças: o poder da identidade profissional:... Em Questão, Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 287-299, jul./dez. 2004.


ANEXO A – Prova utilizada como processo de seleção do professor-biblioteca.




O MOVIMENTO ASSOCIATIVO DOS PROFISSIONAIS BIBLIOTECÁRIOS DE PERNAMBUCO: APBPE – UMA HISTÓRIA Pietro Santiago Graduando no curso de Bacharel em Biblioteconomia pela UFPE pietrosantigo1@gmail.com Charlene Santos Graduanda no curso de Bacharel em Biblioteconomia pela UFPE charlene.ufpe@gmail.com

Eixo temático: A articulação política dos profissionais da informação em movimentos sociais. Resumo: O objeto de estudo desse artigo é narrar historicamente a trajetória da Associação Profissional dos Bibliotecários Pernambucanos – APBPE desde sua formação às suas perspectivas para o futuro, passando pelo seu desenvolvimento como associação, utilizando-se de registros documentais e da memória coletiva construída por seus presidentes e associados. Analisando suas atividades e a evolução de seus serviços, bem como sua contribuição para a formação continuada dos bibliotecários e estudantes de Biblioteconomia em Pernambuco. Fazendo referencia, ainda, às demais associações de bibliotecários do país, e sua relação direta com a FEBAB – Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, órgão de instancia maior no movimento associativo do Brasil. Palavras-chave: APBPE. ASSOCIATIVISMO. BIBLIOTECÁRIOS.


1. Introdução A sociedade atual é composta por uma geração que vem constantemente enfrentando os mais diversos tipos de mudanças no que tange aos conceitos de educação, conhecimento, informação e tecnologia. Na intenção de satisfazer os mais diferentes tipos de consumo das camadas sociais, os objetivos estão diretamente ligados ao conjunto de prioridades inerentes ao cotidiano, como; segurança, saúde e lazer. Utilizando-se da expressão “nenhum homem é uma ilha”, todo ser humano é dotado de necessidades e objetivos individuais e imediatistas, no entanto, grande parte desses objetivos são comuns, e é nesse raciocínio que encontramos o associativismo, que segundo o “Guia Para o Associativismo” (2001:5), “é a expressão organizada da sociedade, apelando à responsabilização e intervenção dos cidadãos em várias esferas da vida social e que se constitui num importante meio de exercer a cidadania”. O associativismo é manifestado através da construção de Associações, que por sua vez, existem para oferecer uma organização, onde indivíduos que atuam em áreas semelhantes e enfrentam problemas em comum, possam se encontrar e trocar pontos de vista, visando a melhoria do bem comum. Segundo o site da Associação de Bibliotecários de Distrito Federal – ABDF: “Como qualquer organização, uma associação tem sua vida própria. Ela precisa ser organizada, ter suas atividades dirigidas, e seus bens administrados, para isso, precisa de recursos financeiros, objetivos e estes exigem o envolvimento de pessoas para identificá-los, para implementar programas de atividades e para fornecer uma série de serviços para alcançá-los.” Sendo assim, o objeto de estudo desse artigo é a construção e o desenvolvimento do movimento associativo de bibliotecários no estado de Pernambuco, que se dá através da APBPE, órgão que representa a classe dos profissionais da informação no estado, narrando a sua história e a importância desse movimento para a Biblioteconomia.


2. A Associação dos Profissionais Bibliotecários de Pernambuco – APBPE 2.1 Histórico A Associação Profissional de Bibliotecários de Pernambuco (APBPE) é uma sociedade civil de natureza cultural, social, política e prestadora de serviços, filiada à Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), com sede na cidade do Recife. Foi fundada em 21 de julho de 1948, por um grupo de alunos e professores do curso de Biblioteconomia que deram início ao movimento associativo em Pernambuco. Ate meados de 1948 o estado não possuía uma entidade que representasse os interesses políticos, nem que promovesse a atualização profissional dos alunos que se graduavam no novo curso de biblioteconomia, ministrado na faculdade de direito do Recife. Devido a crescente demanda de profissionais formados surgiu no seio do curso a necessidade de se pensar num órgão que assumisse a identidade política e social dos profissionais, uma vez que a coordenação do curso não tinha força política para se responsabilizar pelo desenvolvimento dos mesmos. Na sua fundação a APBPE coordenada por Ernani de Paula Cerdeira tinha a seguinte formação: Presidente

Ernani de Paula Cerdeira

Vice-presidente:

Orlando da C. Ferreira

1º Secretário:

Éolo Ramos de Andrade Lima

2º Secretário:

Graciete Glasner

1º Tesoureiro:

Murilo de Oliveira Santos

Bibliotecária:

Cordélia Robalinho

Tabela 1: Diretoria Fundadora da APBPE.


2.1.1 Das Gestões A história da APBPE interage com grandes nomes da biblioteconomia pernambucana, nesses mais de 60 anos de existência passaram pela presidência mais de 20 profissionais comprometidos com construção do profissional bibliotecário através do associativismo, é importante pontuar aqui os feitos mais memoráveis realizados ao longo dessas gestões, para isso elaborou-se uma espécie de linha cronológica, relacionando gestores e acontecimentos, conforme mostra a figura 1, ressaltando que essas ações foram acompanhadas de outras realizações que visaram, em conjunto, o bem da classe bibliotecária e o fortalecimento do movimento associativo no estado.

Figura 1: Cronologia da APBPE.


2.2 Objetivos da APBPE Segundo consta no estatuto da APBPE: as atribuições que lhe são conferidas pela qualidade de entidade classicista, são as seguintes: a) Congregar bibliotecários e outros profissionais da informação, além de pessoas interessadas em biblioteconomia e áreas afins, no país e no exterior; b) Dar apoio e incentivo à implantação, desenvolvimento e integração de redes de bibliotecas, centros de documentação e unidades de informação o estado de Pernambuco. c) Colaborar com as atividades técnico-culturais das Associações de Bibliotecários de outras unidades da federação. d) Promover, patrocinar e realizar cursos de aperfeiçoamento de profissionais da área da informação. e) Promover a realização de congressos, seminários, jornadas, palestras e eventos similares. f)

Prestar assessoria de serviços técnicos de gerenciamento total ou parcial em assuntos ligados à informação, editoração, educação e cultura a entidades publicas e particulares, mediante a assinatura de acordos contratos e convênios.

g) Realizar e promover estudos e pesquisas para o desenvolvimento do setor da informação. h) Manter intercâmbio com entidades ligadas a informação no país e no exterior. i)

Representar os associados perante aos órgãos de classe e instituições tendo em vista os interesses profissionais.

j)

Defender

interesses

da

classe

dos

bibliotecários e

apoiar

suas

reivindicações. k) Promover a colocação de bibliotecários no mercado de trabalho através de programas de engajamento. l)

Promover convênios


m) Zelar pela ética profissional n) Elaborar tabelas de honorários que sirvam de base oficial para remuneração de serviços profissionais. o) Estimular e desenvolver em suas ações programas, parcerias e práticas de inclusão e responsabilidade social, voltadas a qualidade de vida de seus associados.

2.3 Atividades A APBPE ao longo desses 61 anos, e principalmente agora com os avanços tecnológicos desenvolve suas atividades sempre preocupada com o profissional, seus instrumentos de trabalho, o local onde este desenvolve, suas funções e para quem ele presta seus serviços. As ações de natureza sócio-educativa objetivam congregar os profissionais servem a atualização da comunidade bibliotecária, colaboram com as atividades técnicas e promovem o aperfeiçoamento profissional e intelectual dos bibliotecários dos profissionais afins. Essas ações tem como meta o fortalecimento da classe e a visibilidade desde profissional na sociedade. 2.3.1 Cursos – Educação continuada Visando a atualização dos profissionais e a formação extra-acadêmica dos estudantes, a Associação se coloca como mediadora entre o que há de mais novo na área de ciência da informação e a crescente demanda do mercado de trabalho. Trazendo para Pernambuco cursos com temas que tem por objetivo atender a essa demanda, principalmente no que tange a Tecnologia da Informação e suas variantes. Baseando-se no relatório da última gestão 2006/2008, foram realizados 18 cursos e com isso, alcançado um público de aproximadamente 400 alunos, entre profissionais e estudantes. Tabela 2. Pode-se então estimar que em 60 anos de funcionamento, a


APBPE promoveu cerca de 540 cursos, preparou e qualificou cerca de 12.420 pessoas. Claro que são dados baseados na linearidade das informações coletadas, desprezando quaisquer tipos de possíveis alterações e percalços. A APBPE é consciente dos propósitos pertinentes ao movimento associativo de Pernambuco e procura aperfeiçoar e impulsionar os programas de divulgação da profissão em seus inúmeros campos de atuação contando sempre com a participação e o apoio consciente de seus associados, com o objetivo de fortalecer cada vez mais a categoria profissional. Ano

Quantidade Cursos 1 Digitalização 3 Auxiliar de Bibliotecas 2006 1 Conservação preventiva em Arquiv. e 1 Introdução às técnicas Bibliot. arquivísticas 1 Introdução às técnicas arquivísticas 1 Auxiliar de Bibliotecas 1 Citações, notas e referencias. 2007 1 Normas para artigos científicos e mono. 1 Como preparar a bibliot. para visita do MEC 1 Revisão de literatura 1 Competência da informação 1 Atualização em CDU 3 Auxiliar de bibliotecas 2008 1 Introdução às técnicas arquivísticas Total 18 Tabela 2: Cursos realizados no período 2006/2008 - Fonte: Secretaria da APBPE. 2.3.2 Eventos Da necessidade de inovação, atualização e confraternização da classe, surgem os eventos de cunho acadêmico-cultural. Através da APBPE, Pernambuco foi pioneiro em diversos eventos que hoje são intinerantes de âmbito regional e nacional, tais como o ENEBD, EREBD N/NE, A Jornada Norte/Nordeste de


Biblioteconomia e Documentação, Seminário Pernambucano de Bibliotecas escolares e o Seminário de Informação jurídica. Dentre os eventos realizados anualmente pela APBPE, destacam-se as comemorações do dia do bibliotecário, que envolvem a realização de palestras, oficinas e mesas redondas com o intuito de promover o reconhecimento do ser bibliotecário como profissional atuante na sociedade. O Seminário de Informação Jurídica, evento orgnizado pelo Grupo de Trabalho em Informação e Documentação Jurídica, em parceria com a APBPE, Tribunal de Contas de Pernambuco e a Escola de Contas Públicas Barreto Guimarães. Jornada Norte/Nordeste evento que conta com a presença de bibliotecários, professores e estudantes de diversos estados que participam de feiras , apresentações culturais, cursos, palestras e mesas redondas, o evento sempre conta com palestrantes de todas as regiões do país. 2.3.2.1 Comemoração dos 60 anos da APBPE Em Julho de 2008 a Associação completou 60 anos de existência, essa data foi marcada com grande comemoração por parte da comunidade biblioteconômica do país, em especial de Pernambuco. Teve como intuito sensibilizar a classe para a importância do resgate histórico do movimento associativo do estado. Como parte das comemorações foi organizada a I Exposição itinerante de arte com quadros pintados por bibliotecários, à exposição percorreu a Biblioteca Central/UFPE, Biblioteca da UNICAP e Biblioteca Pública Estadual. Para o encerramento das festividades muitas homenagens foram feitas aos profissionais quem nesses 60 contribuíram na participação da construção e solidificação do movimento associativo, através do prêmio Maria Letícia de Andrade Lima, que agracia duas personalidades relevantes para a biblioteconomia pernambucana.


2.4 Ações de caráter político Desde sua fundação as gestões que passaram na presidência da APBPE tem sofrido com o descaso das autoridades políticas do estado, em muitos relatórios de gestão, foram encontrados indícios de

negociação com o poder público, para

beneficio da classe, porém percebe-se que existe uma certa indolência por parte APBPE em insistir nas ações políticas inerentes ao associativismo, em contrapartida, não se pode negar que a Associação tem, ao longo de sua caminhada, construindo uma imagem pro ativa, através das suas ações, o que facilitará, numa tentativa futura, o bom entendimento das partes envolvidas. Encaminha-se através desse artigo que essas ações sejam intensificadas de modo que os bibliotecários venham a perceber que já é hora de deixar as diferenças de lado e lutar pelas semelhanças. 2.4 Da relação com a FEBAB e outras Associações A

APBPE

é

responsável

pela

representação

dos

profissionais

pernambucanos perante à FEBAB – Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, que por sua vez, responde pelos bibliotecários do Brasil à IFLA – International Federation Library Association, que é o órgão de instância maior da classe, no que tange ao movimento associativo. Para essa associação à FEBAB, é necessário que as associações dos estados estejam em dia quanto ao repasse de 5% da anuidade recebida, essas entidades estaduais estão ligadas umas as outras em forma de cooperação através da federação. É de responsabilidade da FEBAB a organização do CBBD, bem como de outros eventos promovidos pela mesma, em conjunto com as demais associações do país.


Figura2: Associações Estaduais. Fonte: FEBAB

3. Atualidade, Encaminhamentos e Considerações finais. No processo de observação do relatório de atividades da gestão 2006/2008, no tocante aos associados adimplentes no período, obteve-se a tabela 3. Ano

Associados

2006

118

2007

111

2008

82 Tabela 3: Associados Adimplentes 2006/2008

De acordo com a tabela percebe-se que o numero de associados vem decrescendo no último triênio, esta queda exemplifica bem a falta de interesse da comunidade bibliotecária em participar das ações da APBPE. Ao analisar o quantitativo de associados infere-se que a APBPE necessita aumentar o numero de associados. Como alternativa à problemática sugere-se ações de conscientização por


parte dos profissionais, para isso encaminha-se o bechemarketing às ações realizadas pela ABDF, como por exemplo, a realização de visitas da diretoria da Associação aos diferentes nichos de profissionais existentes, bem como, a comercialização de publicações técnicas em biblioteconomia, informação, documentação e áreas afins nas dependências da sede da entidade e em eventos, através de consignação com grandes editoras. Algumas ações já estão sendo implementadas, tanto é que, em recente acordo com o Diretório Acadêmico de Biblioteconomia da UFPE, a Associação vem tentado aproximar os graduandos, às dependências do movimento político associativista, estimulando os mesmos a participarem dos cursos e palestras bem como das reuniões decisórias. Com a adoção dessa e de outras medidas espera-se que o problema seja sanado. É notória a importância da APBPE para o desenvolvimento dos profissionais bibliotecários em Pernambuco, desde sua fundação ate os dias de hoje, observa-se que no “meio do mar existe uma jangada, que permanece sem querer ceder a correnteza e os ventos fortes”. A missão da APBPE é promover os serviços da biblioteconomia incitando o reconhecimento e o aperfeiçoamento da profissão, contribuindo para honrar a classe e democratizar a informação para a sociedade. Porém, este trabalho vem sendo execrado pela maioria dos profissionais que não tem concedido o devido valor ao movimento associativo. Por falta de iniciativa ou pelo descrédito no associativismo, não sabendo eles que é essa forma de representatividade que transforma simples profissionais em agentes da construção de uma sociedade de resultados.

Figura 3: Logomarca de comemoração dos 60 anos da APBPE


Referências ___. Referências bibliográficas: NBR 6023:2000. São Paulo: ABNT, Ago. 1989. A ERA do associativismo. Administradores.com. Abr. 2009. Disponível em <http//:www.administradores.com.br/artigos/a_era_do_associativismo/12061>. Acesso em: 29 mai. 2009. A FORÇA do Associativismo para um Brasil de resultados. Administradores.com. Jan.

2005.

.

Disponível

em:

<http//www.administradores.com.br/artigos/a_forca_do_associativismo_para_um_b rasil_de_resultados/0934>. Acesso em: 29 mai. 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Normas sobre documentação. São Paulo: ABNT, 5.ed. ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DO DISTRITO FEDERAL. Relatório de atividades 2005/2006. Brasília: ABDF, 2006. ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DOS BIBLIOTECÁRIOS DE PERNAMBUCO. Relatório de atividades da gestão 2006/2008: compromisso, atitude e ação; APBPE em evidência. Recife: APBPE, 2009. BRASIL. Lei nº. 4.084, de 30 de Juno de 1962. Dispõe sobre a profissão de bibliotecário e regula seu exercício. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 de Jun. 1962. Disponível em: http://www.in.gov.br. Acesso em: 3 mai. 2009. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2.ed. Rio de janeiro: Nova fronteira, 1986.


MAIA JUNIOR, Raul; PASTOR, Nelson. Magno dicionário brasileiro da língua portuguesa. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 1995. MEDEIROS, João Bosco. Redação Cientifica: a política de fichamentos, resumos, resenhas; estratégias de estudo e leitura, como redigir monografias, teses, dissertações, normas para publicações cientifica, normas técnicas para elaboração de referências bibliográficas, trabalhos de conclusão de curso (TCC). 5.ed. São Paulo: Atlas, 2003. PORTAL DA APBPE. Recife: APBPE, 2006. Apresenta informações institucionais da associação, bem como noticias de eventos e atualidades em biblioteconomia. Disponível em: <http//:www.apbpe.org.br>. Acesso em: 30 mai. 2009.



CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA COGNITIVA NOS PROCESSOS DE REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO: UMA ABORDAGEM TEÓRICA Rafael Alves de Oliveira Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco, Estagiário da Escola de Aprendizes-marinheiros de Pernambuco - Marinha do Brasil rraffael@gmail.com

RESUMO: Considerando as diversas tendências da ciência da informação nas questões científicas e no comportamento da informação, pesquisadores percebem a necessidade de estudos apontando uma possível contribuição da ciência cognitiva na área. Estudos dos diversos métodos de representação informacional e das diversas propostas de metodologia reforçam ainda mais a necessidade de uma contribuição diferenciada. Nesse sentido, este trabalho propõe o estudo da psicologia cognitiva, área específica da ciência cognitiva, e de alguns dos processos de representação da informação, tornando evidente a importância de se rever conceitos para uma melhor capacitação do profissional diante de novas necessidades informacionais. Palavras-Chave: Processos Cognitivos. Representação da Informação. Psicologia cognitiva. Indexação. Tematização. Representação Temática.


1 INTRODUÇÃO Os conceitos e métodos de representação da informação foram, e ainda são, amplamente discutidos e destacados em diversas abordagens pelos estudiosos da área. Delimitando o foco, podemos dizer que a sistemática desenvolvida para os processos de indexação e representação temática de documentos já se encontram claramente definidos e próximos de uma possível padronização metodológica. Porém, ao advento de novas tecnologias e necessidades informacionais por parte dos usuários da informação, vê-se a necessidade de uma retomada a antigos conceitos. Tomando como exemplo a indexação, muitas bases atualmente disponibilizam não apenas documentos escritos, mas também imagens, sob diversas perspectivas. Alguns pesquisadores dedicaram seus estudos a este enfoque, e perceberam que, ao contrário da indexação textual, a indexação de documentos imagéticos exige muito mais do que os antigos métodos. Há uma característica marcante que diferencia esse tipo de indexação, que é, segundo os estudiosos, o caráter polissêmico da imagem, passível de diversas interpretações. Ou seja, inversamente proporcional à objetividade textual, o que se encontrou foi uma subjetividade imagética, imprevisível e evidente. Logo, diversos autores detiveram-se à tentativa de metodificar tal processo, e encontraram ali diversas dificuldades. A principal: a mente humana; pois o indexador parece sentir-se coagido a destacar os significados que mais lhe interessam, podendo vir, dessa forma, a não satisfazer necessariamente as necessidades do usuário a que se propõe atender. Percebe-se, então, uma possível carência de estudos sobre os processos mentais envolvidos não só na indexação de imagens, mas nos processos de representação da informação como um todo. Poucos estudos a respeito podem ser encontrados. Saracevic (1996) sugere a importância da ciência cognitiva na área de ciência da informação, baseado nas pesquisas de autores como Johnson-Laird (1988) ou Casti (1989), influentes na área da ciência cognitiva. Entretanto, Saracevic não aprofunda seus estudos para destacar, de fato, que contribuições práticas a ciência da informação poderia ter com pesquisas nesse direcionamento. Lima (2003) e Neves (2006) preocuparam-se com


esse tipo de abordagem e tentaram encontrar na ciência cognitiva as respostas para algumas das problemáticas envolvendo a ciência da informação. Apontam, inclusive, a indexação como a maior beneficiada com esse estudo. Contudo, a ciência cognitiva, apesar de ter a compreensão da mente como objetivo maior, preocupa-se especificamente no aprimoramento de técnicas relacionadas às descobertas tecnológicas ligadas à inteligência artificial. Por outro lado, a psicologia cognitiva, campo componente da ciência cognitiva, tem os mecanismos da mente como único e definitivo objeto de estudo. Nesse sentido, para uma abordagem cognitiva para a representação da informação, esta demonstra ser a área que pode oferecer precisamente uma contribuição mais concreta. Mas para isso, é necessário entender um pouco da psicologia cognitiva e de suas linhas de pesquisa. Dessa forma, este trabalho pretende mostrar um pouco da psicologia cognitiva como área maior, e em seguida enfatizar a sua possível relevância para a representação da informação através do entendimento dos mecanismos cognitivos envolvidos em seus

processos.

2 PSICOLOGIA COGNITIVA: UM BREVE HISTÓRICO Segundo Sternberg (2000), “[...] um psicólogo cognitivo pode estudar como [as pessoas] percebem várias formas, o motivo pelo qual recordam alguns fatos mas esquecem outros, a maneira como aprendem a linguagem ou como raciocinam quando jogam xadrez ou resolvem problemas cotidianos”. No contexto da psicologia cognitiva, tal observação ilustra de maneira bastante objetiva a abrangência de seu campo de estudo. A mente, inerente ao homem como ser pensante e capaz de raciocinar tanto sobre si mesmo quanto tudo que acontece ao seu redor, vai ser responsável por todas as suas ações, sentimentos e emoções, desde seu nascimento até o momento de sua morte. Dessa forma, o estudo da mente vai contribuir, direta ou indiretamente, na compreensão das ações práticas que compõem a vida humana, e levar ao entendimento de que, sempre, os mecanismos cognitivos vão anteceder tais ações.


Entretanto, a psicologia em seu princípio se preocupava mais em estudar o comportamento humano em si do que os mecanismos que o antecedem. O movimento behaviorista surgiu no início do século XX a partir desse enfoque, incentivados pelos trabalhos do psicólogo J. B. Watson e B. E. Skinner, ao passo que outros psicólogos buscavam mais a compreensão dos processos de aquisição do conhecimento. Segundo os cognitivistas, as tradicionais explicações behavioristas não eram capazes de esclarecer questões sobre como as pessoas pensam. Avanços tecnológicos, principalmente na área de telecomunicações, levaram os psicólogos a refletirem sobre conceitos então novos, como processamento e códigos de informação, o que reforçou ainda mais os argumentos cognitivistas, trazendo mais adeptos a estes estudos. Mas é importante frisar que questões referentes à mente e ao conhecimento humano remontam tempos ainda mais distantes. Platão e Sócrates dedicaram parte de seus estudos a tais problemáticas, e contribuíram para o que hoje conhecemos como Psicologia. No entanto, “a origem da atual concepção mentalista/cognitivista, na cultura e ciência ocidentais, deve ser encontrada em Descartes. Foi o problema epistemológico sobre a relação entre aparência e realidade, oriundo da revolução científica dos séculos 16 e 17, que fez com que ele calcasse todas as questões sobre como, e em que medida, podemos conhecer o mundo. Em sua resposta a esta problemática, a realidade tornou-se o „mundo externo‟ que deve ser representado pela mente, uma entidade separada, imaterial, na qual os processos mentais ocorrem.” (LAMPREIA, 1992) Os avanços em outros campos, como a psicobiologia, a linguística, e mesmo a inteligência artificial, aliados às reações contra o Behaviorismo, contribuíram enormemente para o desenvolvimento do cognitivismo e da psicologia cognitiva, que foi definida e reconhecida em meados dos anos 70 como o estudo da maneira como as pessoas percebem, aprendem, armazenam, estruturam, pensam e utilizam a informação e o conhecimento através da cognição.


3 DEFINIÇÕES E DIRETRIZES DE ESTUDO Cognição é o ato de conhecer. Este procedimento se dá através de um conjunto de fenômenos psicológicos que surgem na mente devido à influência de fatores externos, estes atuando como mecanismos de aprendizagem. Tais mecanismos podem ser chamados de processos cognitivos. Diversos campos dedicam-se ao estudo destes processos. A ciência cognitiva, considerada por muitos como a nova ciência da mente, tem por objetivo “[...] explicar como funciona a mente” (JOHNSON-LAIRD apud SARACEVIC, 1996). Casti (1989), citado por Saracevic (1996), considera a ciência cognitiva como um “[...] amálgama de psicologia, filosofia, antropologia, neurofisiologia, ciência da informação e lingüística, organizado em torno do uso do computador enquanto ferramenta capaz de extrair os segredos da mente”. No entanto, a ciência cognitiva explora os aspectos da mente com um propósito mais definitivo, baseados nos novos conceitos e tendências surgidas por conseqüência do advento da inteligência artificial. Lima (2003) aponta para seis campos constituintes da ciência cognitiva. São eles: filosofia, psicologia, lingüística, antropologia, inteligência artificial e neurociência. Assim sendo, um contexto tão específico não teria uma relevância direta nas questões de representação da informação. A psicologia cognitiva, por não possuir um propósito além da compreensão da mente, com suas estruturas e mecanismos, parece atender às problemáticas em relação às questões informacionais que serão abordadas mais a frente neste trabalho. A extensa literatura científica aponta diversos destes mecanismos de cognição, e muitas vezes tais apontamentos se encontram ou se completam. Santos (1967) dedica-se ao estudo de alguns destes, tais como emoção, sensação, percepção, memória, associação e abstração. Já Eysenck (2007), numa abordagem mais atual, expande ainda mais estes processos e estuda também: atenção, conceitos, linguagem, resolução de problemas, julgamento, imaginação e raciocínio.


No caso de uma co-relação e possível contribuição da psicologia cognitiva nas modalidades de representação da informação, o estudo dos mecanismos de percepção, associação, memória, abstração e linguagem, a princípio, demonstram-se os que possuem maior grau de relevância. 4 TIPOS DE PROCESSOS COGNITIVOS Como mencionado anteriormente, os processos cognitivos identificados como os de maior proeminência no contexto da representação da informação são percepção, associação, memória, abstração e linguagem. É importante frisar que, nesse caso, este trabalho dedicar-se-á unicamente ao estudo destes processos, embora os diversos mecanismos de cognição possam ter, de certo modo, seus níveis de implicações nesta abordagem. 4.1 Memória Memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar, quando necessário,

informações disponíveis no cérebro. A memória interfere em

praticamente todos os demais processos cognitivos, e vai ser responsável, através do conhecimento empírico, pela maneira como as pessoas adquirem e interpretam informações de formas diferentes. 4.2 Percepção Percepção é a capacidade que a mente possui em atribuir significados aos estímulos captados pelos sentidos. Por meio da percepção, o indivíduo organiza e interpreta as suas impressões para atribuir-lhes um sentido lógico. A percepção gerada pelos mesmos estímulos poderá ser diferente a cada indivíduo, devido ao conhecimento empírico adquirido e armazenado através da memória. Porém, as primeiras impressões que o ser humano terá do mundo, a percepção primária, vai


acontecer sem interferências ligadas às experiências de vida, a não ser por questões ligadas às teorias da personalidade, não relevantes para este trabalho. 4.3 Associação Associação é a capacidade que a mente possui de evocar, espontâneamente, fatos psicológicos através de outros. Por exemplo, a ideia de azul evoca a de céu, e esta a de nuvem, e tal sequencia de evocações não exige obrigatoriamente a vontade do indivíduo. Dessa forma, a espontaneidade é a característica mais evidente deste processo, tanto que para muitos estudiosos a associação é considerada um pensamento maquinal. Alguns tipos de associação podem ser classificados, entre eles: - associação por contigüidade, onde os objetos evocados são percebidos ao mesmo tempo, sem necessariamente haver uma relação entre eles; - associação por semelhança, em que os objetos evocados possuem alguma característica comum; - associação por contraste, onde os objetos evocados possuem características essencialmente opostas. Apesar de uma associação de idéias não exigir a vontade do indivíduo, serão evocados preferencialmente aqueles objetos que atendem a um interesse atual. “Logo, a lei básica da associação é o interesse. As imagens e as idéias tendem a evocar os fatos psicológicos que nos interessam.” (SANTOS, 1967)


4.4 Abstração Abstração é a maneira pela qual a mente consegue individualizar e analisar características essencialmente inseparáveis de um determinado objeto. Pode ser considerada uma espécie de atenção aplicada. De uma bola pode ser analisada, por abstração, exclusivamente a sua forma redonda. No entanto, a bola precisa ser redonda para ser considerada como tal, e a forma redonda da bola requer o objeto para existir. “As qualidades assim separadas mentalmente dizem-se abstratas e não tendo, é claro, a mesma existência real das coisas concretas de onde as tiramos.” (SANTOS, 1967) 4.5 Raciocínio Raciocínio, elemento fundamental do pensamento, é responsável pela forma como a mente consegue abstrair ideias e comparar informações, avaliando premissas e chegando a conclusões. 4.6 Linguagem Linguagem são sistemas de sinais percebidos pelos sentidos que servem como meio de comunicação de pensamentos, sentimentos ou ideias, através de gestos, sons ou textos. 4.6.1 Elementos da comunicação Emissor – aquele que codifica e envia a mensagem; Receptor – aquele que recebe e decodifica a mensagem; Mensagem – conteúdo transmitido pelo emissor; Código – conjunto de sinais utilizados na emissão e recepção da mensagem; Canal – meio pelo qual a mensagem circula.


5 INTERFACES ENTRE A PSICOLOGIA COGNITIVA E OS PROCESSOS DE REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO Os diversos estudos sobre cognição humana e ciência da informação apontam uma forte tendência para o contexto da recuperação da informação. Ingwersen (1996) coordenou diversas pesquisas sobre a interação entre a cognição humana e os sistemas de recuperação da informação. Porém, atentos a isto, alguns estudiosos perceberam que não apenas no processo de recuperação da informação o estudo da cognição humana poderia contribuir, mas também nos processos intelectuais que o antecedem. Para Capurro (1991), citado por Neves (2006), “[...] os seres humanos são processadores biológicos de informação”. A mente humana processa informação o tempo todo. Logo, conhecer seus mecanismos implica compreender todas as fases desse processo. Neves (2006) defende esta ideia ao afirmar que “Seja na recuperação ou no processamento técnico da informação, esse conceito agrega todas as ações realizadas pelos profissionais da informação envolvendo atividades cognitivas.” O conhecimento empírico, aquele adquirido através das experiências de vida, vai anteceder e interferir diretamente em todas as atividades, intelectuais ou não, desenvolvidas pelo ser humano. Para compreender de que forma isso vai interferir na representação da informação, é interessante analisar o processo de formação do conhecimento. Por meio da percepção, a mente organiza dados e atribui-lhes um sentido lógico, capaz de ser compreendido. Os dados percebidos e ordenados transformam-se em informação, e através da memória a mente pode adquirí-la e armazená-la, para então interpretá-la, utilizando sua capacidade de raciocinar. Ao aplicar esta


informação em fins concretos, por vezes através da linguagem, a mente terá impressões resultantes de seus próprios esforços. Esse conjunto de impressões é o que se entende por conhecimento, sendo que este não poderá ser repassado para outrem de forma exata. O conhecimento pode ser, assim, considerado como uma espécie de propriedade, e só poderá ser externalizado através de informações que, devido a possíveis influências do conhecimento empírico daquele que as recebe, não necessariamente representarão o reflexo do seu precussor, podendo levar a um conhecimento diferente daquele que o originou.

Figura 1 – estrutura do processo de formação do conhecimento Indexação é o ato de representar as informações contidas num documento através de termos, ou descritores. Estes descritores devem ser selecionados de acordo com diversos critérios, como a política de indexação adotada pela instituição e o tipo de usuário. Para selecionar descritores, a mente abstrai as informações contidas num determinado documento, e raciocina sobre a relevância dos termos quanto ao seu conteúdo geral. Se o indexador concluir que estes descritores representam as informações gerais ali contidas, deve-se avaliar o interesse do usuário, e a linguagem


utilizada por este, para assim determinar que descritores devem ser utilizados. Para indexar documentos textuais é fácil para a mente trabalhar de forma uniforme, já que o conteúdo ali descrito será sempre o mesmo. A dificuldade de se alcançar um padrão pode surgir sobre um possível conflito entre o interesse do indexador e o do usuário. Ao analisar uma imagem, podemos acrescentar mais alguns fatores que dificultam esse processo. Um deles, talvez o principal, é o fato de que “a imagem é polissêmica, isso é, pode ter diversos significados. Estes, por sua vez, estão inseridos em dois grupos designados denotativos e conotativos. Os denotativos referem-se àquilo que a imagem representa com ¨certa precisão¨, no seu sentido real; os conotativos, àquilo que a imagem pode interpretar em um determinado contexto, em um sentido figurado, simbólico.” (RODRIGUES, 2007) Essa polissemia imagética vai implicar numa variedade praticamente infinita de interpretações acerca de uma mesma imagem, e consequentemente uma variedade imensa de análises e possíveis descritores. Nesse contexto, Rodrigues (2007) sugere que

a imagem não deve ser apenas indexada, mas também

tematizada. Tematização é o meio pelo qual o indexador insere uma determinada imagem num contexto diferente daquele que é mostrado. É uma tradução conotativa das informações apresentadas, que deve ser necessariamente relacionada ao sentido denotativo da imagem. No entanto,

“a tematização de uma imagem não deve ser confundida com a indexação ou classificação dessa imagem. Uma foto de uma criança chorando sozinha numa praia, por exemplo, pode ser indexada por CRIANÇA, CHORO, MAR etc. Todavia essa foto pode ser contextualizada (tematizada) para ilustrar matérias de diferentes conteúdos temáticos como, por exemplo, CRIANÇAS ABANDONADAS, FOME, CRIANÇAS MANHOSAS, ACIDENTES INFANTIS etc. Na base de dados, sob a expressão tematizada CRIANÇAS ABANDONADAS poderão vir centenas de termos que indexam outras fotos de assuntos os mais diversos, mas que podem ilustrar o tema CRIANÇAS ABANDONADAS como, por exemplo, ORFANATOS, MENDIGOS, FLANELINHAS etc.” (RODRIGUES, 2007)


Numa abordagem cognitiva, podemos concluir que numa tematização, diferentemente da indexação, utilizamos da mente os mecanismos de associação por contiguidade,

já que iremos abstrair sobre os elementos denotativos mostrados na

imagem, e transportar a uma ideia que não necessariamente está representada. Sendo o interesse a lei básica da associação (SANTOS, 1967), esse processo vai ser diretamente influenciado pelo conhecimento empírico do indexador, uma vez que a associação age de forma espontânea. Assim, da mesma forma que na indexação, deve-se considerar, a priori, o interesse do usuário, tendo cautela no momento em que se tem uma impressão sobre o conteúdo informacional de uma determinada imagem. A representação temática vai ser influenciada pelos mesmos processos. Ao classificar um documento, faz-se necessária uma análise do conteúdo informacional do mesmo. Ou seja, internamente indexamos e/ou tematizamos o documento, para depois definir o local onde este vai se enquadrar num acervo. Além disso, pode-se destacar que a própria classificação, decimal ou não, é fruto de uma abstração. Ao dividirmos o conhecimento humano em partes, interligadas entre si, mas que podem ser estudadas individualmente, utilizamos claramente do processo de abstração. As ciências podem ser consideradas o maior exemplo da capacidade de abstração do ser humano. Considerando que a Geografia, a Física e a Química, por exemplo, constituem elementos de um mesmo universo, abstraímos para que possamos enxergá-las e compreendê-las como Ciências, ou seja, de forma individual.


Figura 2 – mapa conceitual sobre os processos de cognição e de representação da informação 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A representação da informação, assim como qualquer outra atividade intelectual desenvolvida pelo ser humano, exige uma gama de mecanismos cognitivos para se concretizarem. Através das problemáticas apontadas em seus processos, vê-se que há um grande leque de possibilidades de estudo ligados à cognição humana e suas implicações. Seja na indexação de documentos textuais e imagéticos ou na representação temática, parece haver uma emergente tendência por parte dos estudiosos

no estudo de esquemas mentais que auxiliem numa

metodologia que abarque todos esses processos. Mas para isso, faz-se necessário estudos específicos e aplicados a cada processo, que envolvam todas as suas possibilidades. Deve-se, então, entender as formas como a mente funciona, para assim buscar formas práticas de metodologias de análise.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARNEIRO, Adriana Munhoz. O que é cognitivismo?. Psico-USF, v. 12, n. 2, p. 337-338, jan./jun. 2007. DIAS, E. W. Análise de assunto: percepção do usuário quanto ao conteúdo de documentos. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 9, n. 2, p. 146-157, jul./dez. 2004. EYSENCK, Michael W.; KEANE, Mark T. Manual de Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2007. FUJITA, Mariângela Spotti. A leitura do indexador: estudo de observação. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 4, n. 1, p. 101-116, jan./jun. 1999. GARDNER, Howard. A nova ciência da mente: uma história da revolução cognitiva. São Paulo: EDUSP, 1996. LAMPREIA, C. As propostas anti-mentalistas no desenvolvimento cognitivo: uma discussão de seus limites. Rio de Janeiro, 1992. Tese (Doutorado em Psicologia) – Departamento de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. Brasília: Briquet de Lemos, 2004. LIMA, Gercina Ângela Borém. Interfaces entre a ciência da informação e a ciência cognitiva. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 1, p. 77-87, jan./abr. 2003. MAIMONE, Giovana Deliberali; GRACIOSO, Luciana de Souza. Representação temática de imagens: perspectivas metodológicas. Informação & Informação, Londrina, v. 12, n. 1, jan./jun. 2007. MANINI, Miriam Paula. Análise documentária de imagens. Informação & Sociedade. João Pessoa, v. 11, n. 1, 2001. NEVES, Dulce Amélia. Aspectos metacognitivos na leitura do indexador. Belo Horizonte, 2004. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais.


NEVES, Dulce Amélia. Ciência da Informação e cognição humana: uma abordagem do processamento da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 1, p. 39-44, jan./abr. 2006. NEVES, Dulce Amélia; DIAS, Eduardo Wense; PINHEIRO, Ângela Maria Vieira. Uso de estratégias metacognitivas na leitura do indexador. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 3, 2006. OLSON, David R. O mundo no papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita. São Paulo: Ática, 1997. PIEDADE, M. A. Introdução à teoria da classificação. Rio de Janeiro: Interciência, 1983. RODRIGUES, Ricardo Crisafulli. Análise e tematização da imagem fotográfica. Ciência da Informação, Brasília, v. 36, n. 3, p. 67-76, set./dez. 2007. SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 9. ed. Porto: Afrontamento, 1999. SANTOS, Theobaldo M. Manual de Psicologia. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967. SARACEVIC, Tefko. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996. STERNBERG, Robert J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. VIEIRA, Timóteo Madaleno. Cognitivismo. Goiânia, [200-?]. Disponível em: <http://www.ucg.br>. Acesso em: 10 outubro 2009.


ATUAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES GERADORAS DE CONHECIMENTO NAPRESERVAÇÃO E MEMÓRIA DA SOCIEDADE: PRESERVAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICOCULTURAL DO INSTITUTO RICARDO BRENNAND Thiago Leite Graduando no curso de Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco

Resumo: O seguinte trabalho aborda as funcionalidades do Instituto Ricardo Brennand, bem como sua contribuição para a conservação, preservação e disseminação da memória e informação. Mostrando um pouco da tradição familiar e criação do centro cultural, ainda vê-se um pouco da história e vida de seu idealizador, constando a situação atual do Instituto. Palavras-chave: Memória, Informação, Tradição, Museu, Cultura.


1 INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado explora as funcionalidades culturais que visam a preservação da memória que o Instituto Ricardo Brennand, localizado no bairro da Várzea, em Recife – PE, abriga. Foi criado pelo colecionador Ricardo Brennand e possui acervos de obras de arte de diferentes épocas abrangendo desde a Europa Medieval do século XV, o Brasil Colonial e a Invasão Holandesa até o Brasil do Séc. XIX. O instituto também abriga exposições no interior do castelo, em contraponto com a afirmação arcaica de que: Nas exposições não havia preocupação com a comunicação e a educação, inexistindo textos explicativos e etiquetas informativas alusivos aos objetos exibidos, pois se presumia que os visitantes convidados eram conhecedores dos temas expostos. Esses espaços constituíam-se em uma sala de curiosidades, que serviam para deleite e contemplação de uma elite culta e dominante (BINA, 2007, p. 2). Aqui iremos mostrar um pouco da utilização da Biblioteca, Pinacoteca, do acervo de armas e dos serviços como os eventos que ocorrem no Castelo do Museu.

1.1 O instituto

Figura 1. Vista aérea do Castelo.


Um dos marcos arquitetônicos do nordeste está localizado no Recife, formado por um enorme misto de eixos culturais que proporcionam a sociedade uma grande bagagem de informações, produzidos pelos mais diversos movimentos desenvolvidos ao longo da história. Assim, defini-se o Instituto Ricardo Brennand, local de visitas escolares e universitárias, centro de preservação de acervo pessoal e histórico e um local turístico e paisagístico da cidade, e que:

O simples ato de preservar, isolado, descontextualizado, sem objetivo de uso, significa um ato de indiferença, um "peso morto", no sentido de ausência de compromisso. Entendemos o ato de preservar como instrumento de cidadania, como um ato político e, assim sendo, um ato transformador, proporcionando a apropriação plena do bem pelo sujeito, na exploração de todo o seu potencial, na integração entre bem e sujeito, num processo de continuidade (SANTOS, 2009, p. 68). Vê-se nitidamente que os ideais dos institutos que visam preservar e disseminar a memória e a informação, não é apenas o status organizacional, e sim a difusão da informação contida em seu acervo, disponibilizando-as a sociedade qualquer que seja ela. Este é o intuito de interagir com a comunidade, proporcionando cultura através da preservação da informação armazenada.

1.2 Ricardo Brennand Nascido em 27 março de 1927 na Usina Santo Inácio na atual cidade do Cabo de Santo Agostinho, Ricardo Brennand mudou-se aos quatro anos para o Engenho da Várzea, já no Recife. Oriundo de tradicional família inglesa estudou em nobres colégios da cidade, como o Marista e o Oswaldo Cruz. Obteve fluência das línguas inglesa e alemã por ter um acompanhamento de uma perceptora que lhe ensinava. Formado em Engenharia Civil e Engenharia Mecânica, pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE casou, no mesmo ano, com Graça Maria Monteiro e teve oito filhos. Sempre se dedicando ao ramo dos negócios que sua família


desenvolvera como indústrias de vidro, de aço, cimento, porcelana e açúcar, Brennand tinha por hobby colecionar armas, sempre as adquirindo através de leilões em museus e através de coleções particulares nos lugares em que viajava como Europa e Ásia. O empresário decide vender algumas fábricas para partir para outro investimento, uma sociedade sem fins lucrativos. Daí surgiu à idéia de fundação do Instituto Ricardo Brennand, que com muita garra e competência, surgiu por meio do conselho deliberativo que Brennand realizou. Participavam deste conselho, Nélida Piñon, Affonso Emílio Massot, Joaquim Falcão e Edson Nery da Fonseca dentre outros. Todos, figuras importantes na sociedade.

Figura 2. Ricardo Brennand

2 A BIBLIOTECA DO INSTITUTO RICARDO BRENNAND

Ocupando uma área de 274m² do espaço da Pinacoteca, a Biblioteca tem como ênfase a história do período Brasil – holandês e abriga cerca de 20.000 itens em seu cervo que tem capacidade para 100 mil volumes. Composto por livros, opúsculos, periódicos, partituras, discos, fotografias, álbuns iconográficos e obras


raras, o acervo disponibiliza ao público em geral as coleções particulares do seu fundador Ricardo Brennand. De grande valor histórico e cultural, servindo de base para pesquisas, o acervo tem a contribuição do pesquisador pernambucano José Antonio Gonçalves de Mello enfatizando o período Brasil -holandês, do bibliotecário-documentalista pernambucano Edson Nery, especialista nos assuntos relacionados à Gilberto Freyre, e do Pe. Jaime Cavalcanti Diniz, musicólogo e um grande estudioso do período colonial. Na coleção de Obras Raras, podem-se observar obras dos séculos XVI ao XX, onde não são facilmente encontradas em outras bibliotecas e arquivos da cidade. A coleção tem como tema principal livros sobre o Brasil, escritos por viajantes dos séculos XVII ao XIX, e livros escritos nos períodos coloniais e imperiais, obras de grande interesse para a pesquisa histórica, artística, cultural, política, de costumes, de história natural, etc. Vê-se que a Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand abriga materiais que enriquecem e preservam a memória do Brasil – holandês, contribuindo para sua disseminação para com o público pernambucano e aos visitantes.

Figura 3. Entrada do castelo de armas


3. A PINACOTECA DO INSTITUTO RICARDO BRENNAND

Inaugurada com a exposição internacional “Albert Eckhout, volta ao Brasil 1644-2002”, em setembro de 2002, a Pinacoteca do Instituto coloca Pernambuco no eixo das grandes e importantes exposições Nacionais e Internacionais. Com capacidade de comportar até duas mostras simultaneamente, o salão expositivo com 1.200 m² dispõe de equipamentos de alta tecnologia, capaz de controlar a temperatura e preservar a umidade, além de obter uma boa luminosidade e segurança. A Pinacoteca também de dispõe de um foyer (auditório com capacidade para 100 pessoas), banheiros, reserva técnica, loja, cafeteria e a biblioteca como já foi citado. Existe também a sala do conselho que é reservada para eventos. Outras exposições que ocuparam a Pinacoteca foram as mostras: “Frans Post e o Brasil Holandês”, “Paisagem Brasileira do Século XIX” e “O Julgamento de Nicolas Fouquet”.

Figura 4. Exposição na pinacoteca


4. O CASTELO DE ARMAS Através do acervo pessoal que Ricardo Brennand foi colecionando há mais de cinqüenta anos, absorvendo estilos de obras de arte de variadas épocas e de diversas procedências, assim foi criado o acervo de armas. As peças que compõem o acervo vêm de países da Europa, Ásia, América e África. De suma importância e riqueza para a história, estas peças refletem o seu valor em relação à preservação e representação de épocas, de indivíduos e locais as quais pertenceram, e que hoje, continuam sendo preservadas com bastante zelo. Um acervo pessoal pode ser entendido por: Um fluxo de acontecimentos, isto é, uma sucessão de eventos, que se realizam fora do estoque, na mente de algum ser pensante e em determinado espaço social. É um caminho subjetivo e diferenciado para cada indivíduo (BARRETO, 2002, p. 68). Ao visitar o acervo não somente de armas, mas cada peça, detalhe físico do castelo do Instituto, é perceptível que em todos eles há um pouco das memórias das viagens aos locais onde foram adquiridas as peças que hoje compõem o acervo. O registro do conhecimento é feito através da memória viva, onde os indivíduos viram usuários e onda há visitas periódicas.

Figura 5. Armas brancas


5. ARMARIA, TAPEÇARIA, ARTES DECORATIVAS, ESCULTURA E MOBILIÁRIO

Também no castelo de armas, podemos recordar tempos antigos, através do mobiliário e artigos decorativos existentes no Castelo do Museu. Há castiçais, candelabros, jarros, figuras em mosaicos, miniaturas de cofres e peças decorativas relembrando a arte Européia. Os relógios emprestam sua beleza para uma combinação coma manufatura dos tapetes franceses do século XVIII. Nas gravuras, sempre se vê batalhas de cavalarias e cenas religiosas de época. O mobiliário chama atenção para o estilo gótico, sem esquecer as peças em carvalho e nogueira, com estantes francesas e cadeiras e tronos de couro. As esculturas se misturam a beleza das armas, esta contendo mais de três mil peças, fabricadas em diversos países e divididas em caça, guerra, proteção pessoal e exibição, defensivas e ofensivas, armaduras para cavaleiros e cavalos. Damos Destaque para as facas e canivetes de exibição da cutelaria Joseph Rodgers & Sons Limited, fundada em 1724, em Sheffield, Inglaterra, que funcionou até meados do século XX. As pinturas, expostas no quadros espalhados na parede, em sua maioria são do pintor holandês Frans Post. Visto que o Recife possui grande influência holandesa desde o período de Maurício de Nassau, onde grande parte do nordeste foi invadida pela Holanda.

Figura 6. Pintura e mobiliário


6. OS SERVIÇOS E AÇÕES EDUCATIVAS OFERECIDOS PELO INSTITUTO As ações educativas foram sendo desenvolvidas com alunos das escolas públicas e particulares de Pernambuco, abrangendo da educação infantil ao ensino médio desde a exposição “Alberto Eckhout volta ao Brasil 1640-2002”, e, até hoje, vêm desenvolvendo atividades culturais, ciclos de debates, mini-cursos e encontros a fim de promover a percepção e sensibilização da sociedade para a arte, a cultura e a importância deste conhecimento. Estas atividades tendem a mostrar a tradição cultural dando continuidade à disseminação da informação que foi memorada pelo IRB. Ocorrem visitas monitoradas com o público, onde é possível que o artista caso esteja no local, ou o próprio monitor, faça uma breve explicação das obras expostas. O IRB, em seu website diz:

Pensamos a mediação como possibilidade de estabelecer essa relação de formação lançando mão de estratégias e procedimentos pedagógicos e recursos e materiais didáticos. A mediação como passagem, recorrendo a essa metáfora, lançamos mão da imagem do “passante”, passageiro, ou ainda do “estrangeiro”. Figura do espectador, que transita em territórios múltiplos e diversos. O Transito entre dois territórios constitui-se na construção de um novo espaço de apreciação e de possibilidade de formação (INSTITUTO RICARDO BRENNAND, 2006).

Notável a importância e preocupação de difundir cada vez mais a memória, que muitas vezes não é levada em forma de cultura por bibliotecas, museus e centro culturais as pessoas que não atentas, perdem por aprender a apreciar tal benefício.


CONCLUSÃO

A proposta de demonstrar a importância que o IRB (Instituto Ricardo Brennand), dispõe para a sociedade pernambucana através da preservação e disseminação da história, memória e informação através do conhecimento, foi colocada não somente por parte da biblioteconomia, mas também da museologia e da história, ciências estas, correlatas que, se unindo, fortalecem o conhecimento e se completam em suas diversidades. Com a proposta de divulgação, e através de uma entidade que realiza os processos oriundos a preservação da memória da sociedade, assim

foram

disponibilizadas

informações

e

imagens

deste

patrimônio

histórico-cultural. RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURCKHARDT, Eduardo. Paisagens do tempo de Nassau. Revista Época, São Paulo, Edição especial 70 -71, p. 1- 2, 23 out. 2003. GALINA, Décio. Duas vezes Brennand: o castelo de Ricardo e a oficina de Francisco, ambos no bairro da Várzea,são ótimas justificativas para dar as costas à orla de Recife. Revista Gol, São Paulo, set. 2005. LACERDA, Ângela. Um castelo, um mecenas e um oásis de arte e história. O Estado de São Paulo, São Paulo, 29 set. 2003. Caderno 2, p. 1-4. VAINSENCHER, Semira Adler. Instituto Ricardo Brennand. Pesquisa Escolar On-Line,

Fundação

Joaquim

Nabuco,

Recife.

<http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: 15 nov. 2009.

Disponível

em:


ANEXOS Fotos



PRESERVAÇÃO DO ACERVO HISTÓRICO DA OFICINA GUAIANASES DE GRAVURAS Amélia Mendes Graduando em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do Tribunal de Justiça de Pernambuco. mel.gmo.mendes@hotmail.com Charlene Santos Graduando em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do SEBRAE/PE. charlene.ufpe@gmail.com Pietro Santiago Graduando em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do Tribunal de Justiça de Pernambuco. pietrosantiago1@gmail.com

RESUMO: Apresenta os passos realizados para preservação e acesso à informação por meio da disponibilização digital de litogravuras através do projeto Arte e Tecnologia: cuidando da memória, realizado com o apoio do Dptº de Ciência da Informação. O resgate possibilitou o acesso a um dos mais importantes acervos documentais e históricos da memória artística de Pernambuco, no século XX, disponibilizando obras produzidas por artistas pernambucanos na Oficina Guaianases de Gravura, entre as décadas de 70 e 90. Hoje depositadas na Biblioteca Joaquim Cardozo, da Universidade Federal de Pernambuco, as gravuras documentam o passado do trabalho artístico em litogravuras brasileiras, representando importante instrumento de ensino, base para pesquisa na área de história das artes e fonte de informação para toda comunidade acadêmica. Palavras Chave: Preservação da memória. Técnicas de conservação. Litogravuras. Litografia. Oficina Guaianases de gravuras.


1 INTRODUÇÃO ‘Dentre as inúmeras facetas da Ciência da Informação, encontraremos nesse trabalho um dos víéis mais importantes na construção histórico-cultural de um povo, a memória. Resguardada desde os primórdios das civilizações através das pinturas rupestres, passando pelos mais diversos suportes, como as tábuas de argilas, pergaminhos, códices, livros até chegarmos hoje ao meio digital, a necessidade de preservar a história das civilizações sempre foi uma das grandes preocupações ao longo do curso percorrido pela humanidade. Nesse contexto, preservar é a palavra-chave quando pensamos em memória, remetendo à idéia de proteção, cuidado, respeito. Preservar não é apenas guardar algo, mas também fazer levantamentos, cadastramentos, inventários, registros, etc. (MAIA, 2003, p.39). Existe uma concordância eminente entre os teóricos das diversas áreas do conhecimento no que seria preservar, e na necessidade de fazê-lo, observa-se isso desde a Carta de Burra apresentada na Austrália nos anos 80. “A preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural é necessária, pois esse patrimônio é o testemunho vivo da herança cultural de gerações passadas que exerce papel fundamental no momento presente e se projeta para o futuro, transmitindo às gerações por vir as referências de um tempo e de um espaço singulares, que jamais serão revividos, mas revisitados, criando a consciência da intercomunicabilidade da história.” (CARTA DE BURRA, 1980). De acordo com Santos (2003) preservação é um conjunto de procedimento e medidas destinadas a assegurar a proteção física dos arquivos, bibliotecas etc. contra agentes de deterioração. No mesmo sentido LOPES, SANTOS, DUARTE (2010), entende a


preservação como um ato ou efeito de preservar alguma coisa contra agentes que possa danificar os artefatos que apresenta a memória de um determinado povo. Ao tratar de preservação Borbinha (2002) antecipa que a fidedignidade das informações originais dos documentos tem que ser mantidas, para que a veracidade das informações também sirva de argumento para sua preservação. “Preservar a muito deixou de ser apenas uma questão de manter em bom estado de conservação física os suportes em que a informação é registrada. Quem tem por função preservar informação registra, mesmo em ambiente tradicional, dominado pelo suporte de papel, saber que preservar implica também garantir que a informação permaneça completa, inteligível, utilizável para os propósitos que justificam a sua conservação continuada.” (BORBINHA, et. al. 2002, p.79) Entendemos que, a importância de preservar informações em quaisquer tipos de suporte provem da necessidade de resguardar o passado, no intuito de entender o presente e fazer prospecções ao futuro com base nas experiências vivenciadas anteriormente. “[...] tem o dever de considerar livros, manuscritos, imagens e sons produzidos no passado como instrumentos para a construção de uma compreensão ampla do tempo presente, garantindo a cada povo e nação uma identidade cultural integrada e legítima, diversa e unitária.” (CASTRO,2006) Ao analisar a literatura sobre o tema, observamos que a informação a ser preservada, esta confinada num tipo especifico de suporte, que por sua vez estão armazenados em locais conhecidos por lugares de memória, que na perspectiva de Pierre Nora(1993) são ambientes criados quando a tradição é suplantada pela


modernização, onde a memória esta cristalizada nos arquivos, museus, bibliotecas e galerias de artes. Aprofundando nessa ambiência Pierre Nora (1993), classifica e conceitua lugares de memória segundo as perspectivas de suas reflexões. “os lugares de memória são, em primeiro lugar, lugares em uma tríplice acepção:

são lugares materiais onde a memória social se

ancora e pode ser apreendida pelos sentidos; são lugares funcionais porque tem ou adquiriram a função de alicerçar memórias coletivas e são lugares simbólicos

onde essa memória coletiva – vale dizer,

essa identidade - se expressa e se revela.

São, portanto, lugares

carregados de uma vontade de memória.” (NORA, 1993, p.15). Em contrapartida Oliveira e Santos (????), afirma que:

“os “lugares de memória” não são apenas físicos, são também mentais, espaços imaginários onde quase não há preocupação utilitária, onde habitam coisas e não seres. Esses “lugares”, refúgios para os indícios, as marcas, os sinais do que se passou, permitiriam uma visão, ou melhor, uma “re-visão” da memória, pois, através do que neles está contido, nos seria possível apreciar o que é lembrado ou esquecido em relação ao passado.(OLIVEIRA e SANTOS, (????)) Acreditamos que a biblioteca se configura num lugar de memória, assim a preservação desses vestígios históricos, deve ser uma das prioridades na missão de uma instituição que lida com a informação. Segundo Pinheiro (2000), a informação em arte é o estudo da representação do conteúdo informacional nela contida, a partir de sua análise e interpretações, nesse sentido, a obra artística é uma fonte de informação.


Ciente desses conceitos e preocupações o Departamento de Ciência da Informação da UFPE, ao tomar conhecimento do estado de acondicionamento da coleção de litogravuras2 da Oficina Guaianases de Gravura, desenvolveu na Biblioteca Joaquim Cardoso, no Centro de Artes e Comunicação da UFPE, o projeto Arte e Tecnologia: cuidando da memória. 2 HISTÓRICO DA OGG A Oficina Guaianases de Gravura (OGG), foi uma casa-editora dedicada à prática da gravura artística, especialmente a litografia, surgiu em 1974, por iniciativa do artista plástico João Câmara. No início, o grupo era composto por oito artistas que se reuniam no ateliê do pintor, então na Rua Guaianases, em Campo Grande, na cidade do Recife. Aos poucos, foram se agregando artistas já conhecidos como, Gil Vicente, Guita Charifker, Ariano Suassuna, Samico e muitos outros. O volume crescente de associados levou o coletivo a se organizar como uma sociedade sem fins lucrativos e a se mudar para um espaço maior. Em 1980 passou a funcionar no mercado da Ribeira, em Olinda, não só como ateliê, mas também como um espaço voltado à promoção da gravura. A primeira mostra da Guaianases foi realizada em 1978, em Recife, na Galeria Abelardo Rodrigues. No ano de 1979, o grupo expôs em Curitiba, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O Grupo dissolveu-se um pouco antes de 1995 quando a OGG, que já havia se consolidado como uma entidade produtiva de reconhecimento nacional, considerou que suas atividades, na modalidade proposta, já haviam sido cumpridas, seus sócios fundadores resolveram doar à Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, sob a gerência do Departamento de Teoria da Arte, as litogravuras produzidas na oficina e os seus equipamentos. ____________________________________________________ 2Processo

ou método de impressão que consiste em desenhar ou escrever com tinta graxenta sobre uma

placa de pedra calcária, para posterior reprodução em papel.


No novo endereço, a Guaianases é chamada de Laboratório Oficina Guaianases de Gravura (LOGG) foi ampliada nas suas atividades, atendendo Cursos de Graduação, Atividades de Extensão; Atividades de Pesquisa e Projetos Especiais. 3 O PROJETO O projeto “Arte e tecnologia: cuidando da memória“ foi financiado pela Petrobrás, e coordenado pela Profa. Dra. do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco, Maria Mercedes Dias Ferreira Otero, com coordenação técnica do (LACRE-UFPE) Laboratório de Conservação, Restauração e Encadernação da UFPE, por meio do especialista Eutrópio Bezerra.Teve como objetivo preservar, conservar e divulgar a coleção de litogravuras da OGG, organizando o arquivo de gravuras e dando tratamento digital ao acervo, para disponibilizá-lo à comunidade acadêmica e ao público em geral. A necessidade da preservação dos documentos e a escolha adequada da tecnologia digital para propiciar um atendimento rápido e eficiente na recuperação das informações, foram as preocupações norteadoras para o desenvolvimento dos trabalhos. Essas preocupações foram respondidas através do suporte técnico das equipes de trabalho formadaspor professores, especialistas em conservação e restauração, alunos de biblioteconomia e de história da arte. Para a concretização do projeto foram definidas as seguintes etapas: Identificação e análise das gravuras, conservação, acondicionamento, arquivamento, digitalização, organização do banco de dados e divulgação dos produtos. Foram realizadas atividades complementares, efetuadas através de seis palestras de cunho pedagógico sobre o projeto, direcionadas a alunos de escolas públicas e a comunidade acadêmica, seu conteúdo abordou a história do papel, com noções básicas sobre preservação, conservação e restauração de documentos. Incluía também visita as instalações da Oficina de Litografia da UFPE e às instalações onde o projeto foi desenvolvido.


Figura 1: Divulgação de palestra. Predominantemente o acervo é composto por figuras humanas e paisagens, a maioria em branco e preto. Dos 260 artistas identificados, 23 autorizaram a disponibilização de suas obras na Internet. Representam 46% da coleção, ou seja, 929 imagens.

A cessão de uso de imagens, de parte da coleção, viabilizou a

organização do Banco de Dados. Criou-se a página de abertura do Site que abriga, atualmente, 800 obras. O acesso ao Site, dá se através do

Figura 2: Metadados descritivos


endereço eletrônico http://www.ufpe.br/guaianases/. Nele, cada litogravura apresenta metadados descritivos, conforme exemplo apresentado a seguir: Na arquitetura do banco de dados, foi utilizado o sistema CLIO, desenvolvido para documentos históricos, e adaptado para abrigar as imagens da Coleção Histórica da OGG. Este sistema foi desenvolvido pelo Laboratório LIBER do Departamento de Ciência da Informação da UFPE, em parceria com o Centro de Informática da mesma instituição. 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 

Controle ambiental A temperatura e a umidade relativa são fatores que contribuem

fortemente para a deteorização de materiais bibliográficos - e neste caso, iconográficos em suporte de papel - além de favorecer a proliferação de agentes biológicos (insetos, fungos etc.).A temperatura deve ser mantida entre 19º e 23º centígrados e a umidade relativa do ar entre 50% e 55%. Para a analise do ambiente foram utilizados termoigrômetros digitais, através dos quais obteve-se dados, colhidos diariamente através de

formulários,

que possibilitaram traçar os parâmetros de controle ambiental, tendo assim a idéia precisa do grau de variação dessas duas medidas. Para este controle, foram utilizados desumidificadores para refrear a umidade relativa do ambiente e ar-condicionado para estabilizar a variação de temperatura. 

Análise documental O diagnóstico é o estudo pelo qual se identifica o estado de conservação em

que se encontram as obras.A partir deste estudo podemos identificar que tipo de tratamento se destinará à obra, as intervenções nas mesmas.


A análise individual de cada litogravura foi feita pelos estagiários juntamente com o técnico responsável e registraram-se nas fichas de identificação, descriminando o nome do autor, título da obra, dimensões, número do registro e localização.Não havendo o título descrito, atribuiu-se através do tema trabalhado na obra.O estado de conservação, a presença de fungos, ondulações, danos mecânicos, rasgos, manchas, enfim, todas as deteorizações encontradas também foram descritas nestas fichas. 

Intervenções preventivas nas obras Após o diagnóstico, realizou-se o processo de higienização em todas as

obras, que consistiu na utilização de pó de borracha e algodão, removendo assim as sujidades e fungos de modo superficial. Posteriormente identificaram-se obras em que se fez necessário algumas intervenções para desacelerar o processo de degradação das litogravuras e protegê-las contra os futuros danos, dentre os quais, pequenos reparos, reforço estrutural com papel japonês e metilcelulose, e nas obras mais danificadas optou-se por fazer um tratamento químico. 

Acondicionamento Esta etapa é fundamental para proteção dos documentos já

tratados. O procedimento padrão adotado foi o acondicionamento das obras em envelopes, utilizando papel alcalino, filme de polietileno e fita transparet meding tissue. Para o arquivamento do acervo de modo adequado utilizaram-se mapotecas de aço, considerando as dimensões das litogravuras. 

Digitalização As 2.036 litogravuras foram digitalizadas por meio de câmara digital, com

resolução de 600 pixels por centímetro. Para tratamento das imagens utilizou-se o


programa Adobe™ Photoshop. Para a disponibilização das obras na Internet, obteve-se autorização de 23 dos 260 artistas identificados, em um total de 929 imagens

que

encontram-se

disponíveis

no

endereço

eletrônico:

http//www.ufpe.br/guaianases.

5 DOS PRODUTOS E DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1 EXPOSIÇÕES Após o término das atividades do projeto, com o acervo higienizado e restaurado, foram realizadas exposições, com o intuito de divulgar a coleção. 

Exposição Guaianases de Gravura – Anos 70 - litogravuras produzidas na Oficina Guaianases (1975 a 1980) da Coleção Histórica da Oficina Guaianases (acervo UFPE) – No circuito de exposições Olinda Arte em toda Parte no ano de 2008, No Ateliê das Artes – Varadouro, Olinda.

Exposição “Oficina Guaianases e Laboratório OGG da UFPE: Tradição e Experimentação”, de 16 a 20 de Junho de 2008, no Consulado Geral do Brasil em Nova York. Foram expostos 30 trabalhos distribuídos entre a temática da ditadura e a sensualidade presente nos anos 70 para o colorido e o olhar dos jovens artistas dos anos 80 e 90 do século XX, no Brasil, e trabalhos dos professores que produzem no Laboratório Oficina Guaianases de Gravura (OGG) da UFPE, entre as re-leituras de obras literárias e do próprio movimento Guaianases como continuação das propostas de experimentação em novos suportes e com novas temáticas.

Exposição Oficina Guaianases de Gravura - Anos 70, Fevereiro de 2009 na Galeria Capibaribe, no Centro de Artes e Comunicação da UFPE.


5.2 O SITE De interface simples é basicamente voltado para pesquisa e consulta. Os interessados podem digitar o nome do artista cuja obra queiram conhecer numa caixa de pesquisa, caso não souberem qual nome, precisarão consultar o link Lista de artistas. Cada um dos gravuristas possui uma página com as imagens das suas respectivas litogravuras que ficaram para a coleção, acompanhadas por uma ficha de catalogação. As imagens das obras podem ser vistas em formato ampliado. Trabalhos raros, às vezes limitados às gavetas dos ateliês dos artistas, estão na página. O site do projeto é o acesso mais aberto à coleção, uma vez que o acervo da UFPE, arquivado na biblioteca do Centro de Artes e Comunicação (CAC), está restrito a estudantes da UFPE e pesquisadores da área. 5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo as autoras do projeto: É possível vislumbrar o impacto que este projeto de organização, conservação e disponibilização da coleção de documentos históricos e artísticos poderá provocar nos estudiosos de artes plásticas. A importância do projeto está também no resgate e visualização do acervo que retrata o trabalho de uma época em que figuram nomes expressivos do cenário artístico nacional. (CARVALHO; OTERO; BARBOSA, 2006, p.138) Concluída a identificação e análise das 2.036 obras. Identificaram-se, dentre elas, 260 artistas plásticos, autores de um total de 1.938 litogravuras. A autoria de 98 (noventa e oito) delas não foi reconhecida , por ausência de assinatura ou assinatura ilegível.


REFERENCIAS BECK, Ingrid. Manual de conservação de documentos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1985. (Publicações Técnicas, 42). BORBINHA, J.L ET AL. Manifesto para preservação digital. Cadernos de Biblioteconomia, Arquivistica e Documentação: BAD, Lisboa, n.2, 2002.Disponível em: < http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/385/38505107.pdf> . Acesso em: 30 maio 2010. CASTRO, C.A. Produção e circulação de livros no Brasil: os jesuítas (1550) aos militares (1960). Encontros bibli: R.Eletronica de BIBLIO. CI. Infor. Florianópolis, n.20, semest., 2005. CHAVES, Paulo Azevedo. O grupo guaianases. Recife: s.n., 1978. Conselho Internacional de Monumentos e Sítios( ICOMOS), Carta de Burra. Austrália: [s.n.], 1980. Disponível em:< <http://www.unisc.br/universidade/estrutura_administrativa/nucleos/npu/npu_pa trimonio/legislacao/internacional/patr_cultural/cartas/burra_1980.pdf> . Acesso em: 30 maio 2010. GUAIANASES: Acervo a salvo, restaurado e digitalizado. In: Nordeste web: o melhor do nordeste na web. Disponível em: <http://www.nordesteweb.com/not10_1206/ne_not_20061004b.htm>. Acesso em: 31 out. 2009. LOPES, A. M.; SANTOS, M. A. C.; DUARTE, M. L. R. Preservação da memória no ciberespaço. 2010. Artigo – Universidade Federal de Alagoas, 2010.Disponível em:


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biblioteconomia,

SILVA, Zélia Lopes. Arquivos, patrimônio e memória. São Paulo: UNESP, 1999. WEBER, Hartmout. Preservação de acervos arquivísticos e materiais raros de bibliotecas. In: A informação: tendências para o novo milênio. Brasília: IBICT, 1999. Cap. 11, p.166-178.


A INFORMAÇÃO E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO: SUBSÍDIOS PARA A TOMADA DE DECISÃO Aurélio Fernando Ferreira Aluno do curso de Gestão da Informação – UFPE. aurelio.fernando@hotmail.com

Resumo: A cada momento de nossas vidas estamos tomando decisões, e estando diante de uma sociedade mais globalizada que busca num âmbito organizacional e social uma crescente necessidade de maximizar ganhos e minimizar perdas, esta prática se torna mais importante e imprescindível, por conta disto a gestão da informação e o gestor da informação, profissional encarregado de, coletar, organizar, tratar e usar a informação deve cada vez mais entender métodos e procurar soluções para que o processo decisório seja mais aperfeiçoado. Diante deste cenário a tecnologia da informação torna-se um importante instrumento para a coleta e organização da informação facilitando e propiciando um melhor e mais rápido uso de informações, sobretudo de qualidade, para se obter sucesso na tomada de decisão. Diante de um ambiente favorável para o processo da tomada de decisão, falta ao decisor, organizar informações, planejar preferências e regras para através de uma abordagem, consciente e racional do estudo de cada caso em particular, poder tomar sua decisão, buscando sempre o melhor desempenho para ele próprio e para as organizações. Pretende-se por meio de uma abordagem de pesquisa bibliográfica fazer uma revisão da literatura em livros, revistas de periódicos, artigos, dissertações e etc. buscando diante da visão dos autores da área oferecer um conjunto de teorias e experiências práticas para que o profissional de gestão da informação possa: ler, analisar e encontrar alternativas para entender melhor o processo decisório, suas etapas e poder usá-las como subsídios para a tomada de decisão. Palavras-chave: Informação, Tomada de decisão, Tecnologia da informação, Processo decisório.


1 INTRODUÇÃO Segundo Cautela e Polioni (1982), "A informação é considerada como o ingrediente básico do qual dependem os processos de decisão". Na sociedade ou numa organização esta regra se comprova diariamente, a todo o momento uma decisão precisa ser tomada, e para tanto precisam-se de mais informações para tomá-la, isso acontece geralmente quando estamos diante de um problema que apresenta mais de uma alternativa de solução, mesmo quando para solucioná-lo, possuímos uma única opção a seguir, poderemos ter a alternativa de adotar ou não essa opção. Todo este processo de escolher o caminho mais adequado, também é conhecido como tomada de decisão (REZENDE 2002). Com os avanços tecnológicos advindos da sociedade da informação, sobretudo avanços na comunicação que levaram a um processo de globalização da economia, do aumento de competitividade organizacional e exigências dos clientes, nossas decisões passaram a ser mais complexas. Hoje nossas decisões são mais difíceis de serem tomadas e dispomos de menos tempo para isso. Na tentativa de minimizar estes problemas, tornou-se necessário o uso de várias ferramentas tecnológicas, bem como métodos para dar suporte ao processo de tomada de decisão. Sendo imprescindível a criação de vários sistemas e diretrizes capazes de proporcionar um auxílio para enfrentar os novos e crescentes desafios cotidianos do nosso tempo. 2 A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO NO PROCESSO DECISÓRIO Tomar decisões é uma prática presente no dia-a-dia de todos, a todo o momento estamos tomando-as e em consequência disto o processo decisório nos passa despercebido, assim como as ações que nos levam a tomar tais decisões. Diante do ambiente globalizado e mais competitivo da sociedade contemporânea, buscamos tomar decisões coerentes, abrangentes e rápidas. Decisões estas que devem buscar maximizar ganhos e minimizar perdas, criando uma situação onde o decisor, possa julgar que houve sucesso, comparando o estado inicial e o final onde se encontrará a situação depois de implantada sua decisão.


Para Gerletti Apud Simon (1970), a tomada de decisão é uma ação humana e comportamental. Esta envolve a seleção, consciente ou inconsciente, de determinadas informações e ações entre aquelas que são fisicamente possíveis para o decisor e para aquelas pessoas sobre as quais ele exerce influência e autoridade. Para Moritz e Pereira (2006), tomar decisões é uma atividade eminentemente humana e essencial, para isso é preciso competência, calma e coragem para tomá-las, pois neste processo sempre apostamos algo. Diante do exposto, entendemos então que para ter uma boa tomada de decisão, precisamos ter: informações pertinentes e contextualizadas, elaborar e planejar etapas além de entender todo o processo e deter de capacidade e competência para tomar uma decisão otimizada, isto é, que realize sua função no menor tempo ou no menor número de passos possível. Vários autores afirmam que as decisões baseadas em informação são apenas tão boas quanto à informação nas quais elas estão baseadas, o que nos permite entender a importância da qualidade da informação no processo decisório, pois quanto mais tivermos informações qualitativas sobre os problemas, melhor será a decisão tomada. Para Ferreira (2010) a partir do reconhecimento de que a informação é um elemento produtivo essencial e estratégico para pessoas, devida a importância que ela passou a ter na sociedade e nas organizações, para grupos e instituições exercerem suas atividades, o mercado de trabalho passou a exigir dos profissionais da informação uma postura empreendedora para envidar esforços em prol de um futuro promissor aos negócios, segundo Marchiori (2002, p. 84, 85) o profissional encarregado de gerir a informação deve ser, sobretudo: competente e hábil para atuar de modo eficiente e eficaz na aplicação de técnicas e conhecimentos no trato da informação e na criação do conhecimento; ser compromissado para assumir responsabilidades em relação às metas coletivas e organizacionais; ter uma visão global e contextual para considerar todos os diferentes fatores econômicos, sociais, culturais entre outros, que se inserem na prudente tomada de decisões dos negócios, essa demanda foi suprida com a criação da Gestão da Informação.


Toda decisão basicamente é apoiada num sistema integrado de várias partes importantes de processos e informações para a tomada de decisão. Esses aspectos da interação entre as atividades dos gestores na tomada de decisões e as informações são considerados por Mcgee e Prusak (1994, p.180) como algo essencialmente entrelaçado e indissolúvel, ao afirmarem que: “O papel do executivo [...] é tomar decisões sobre as atividades diárias que levem ao sucesso num futuro incerto. Essa sempre foi uma tarefa intimamente ligada à informação. Poderíamos dizer que o slogan do moderno administrador seria: Se pelo menos tivéssemos mais dados”. Tanto nas idéias, quanto na citação acima, os autores deixam claro, a importância que a informação tem na tomada de decisão, à medida que esclarece que ter uma maior qualidade na quantidade de dados e informações, pode melhorar a tomada de decisão dos atores do processo decisório, de maneira mais eficaz, rápida e economicamente viável dentro da organização. Um importante aspecto para os agentes do processo decisório é também conhecer o ambiente onde devem coletar as informações para poder tomar a decisão da melhor maneira, Para (Moresi, 2000), é de suma importância destacar que para conhecer e atuar nesses ambientes é preciso ter informações que atendam a essas finalidades. Para Guimarães e Évora 2004, é de suma importância que estas informações apóiem a gerência ajudando o processo decisório, neste contexto dizem: “No processo de trabalho, a tomada de decisão é considerada a função

que

caracteriza

o

desempenho

da

gerência.

Independentemente do aspecto da decisão, esta atitude deve ser fruto de um processo sistematizado, que envolve o estudo do problema a partir de um levantamento de dados, produção de informação, estabelecimento de propostas de soluções, escolha da


decisão, viabilização e implementação da decisão e análise dos resultados obtidos”. Esta definição e a interpretação dos conceitos e ideias podem nos mostrar que tanto na sociedade quanto nas organizações sempre é esperado dos decisores, diante de sua atuação no processo decisório, que o decisor tenha segurança e racionalidade2 durante todo o processo e depois com sua implantação, sempre vão esperar o melhor desempenho possível. 2 A racionalidade na tomada de decisão é segundo Bazerman, 2004, um conjunto de premissas, que determinam como uma decisão deve ser tomada em vez de descrever como uma decisão é tomada. 3 ETAPAS DO PROCESSO DECISÓRIO Para Tonetto Apud Maule e Hodgkinson (2002), o ponto de partida para as teorias sobre a tomada de decisão é o fato de que as pessoas têm uma capacidade limitada para o trabalho mental. Para lidar com um mundo marcado por rápidas mudanças, as pessoas desenvolveram modos simples de raciocinar. No que tange ao julgamento e tomada de decisão. Essa limitação dos atores deve-se ao fato de que os agentes têm tendências a ter uma distorção tendenciosa dos fatos e informações, os chamados vieses, nesses vieses os agentes tendem a usar regras criadas através de processos decisórios em variadas situações e usando-as posteriormente em outras situações na tomada de decisão, chamadas de heurísticas. Tonetto et al. apud Plous (1993), conceitua as heurísticas como regras gerais de influência utilizadas pelos sujeitos para chegar aos seus julgamentos em tarefas decisórias de incerteza e cita, como vantagens de utilização, a redução do tempo e dos esforços empreendidos para que sejam feitos julgamentos razoavelmente bons. Apesar de parecer um processo maléfico, utilizar as heurísticas ajuda a reduzir a complexidade das tarefas e encontrar probabilidades para transformar


valores em simples operações de julgamento. Esse processo é muito útil na empresa, mas deve ser conduzido com cuidado, pois podem também levar a erros graves. Segundo Robbins (2000) os decisores deveriam usar um processo racional de tomada de decisão, ou seja, fazer escolhas consistentes, maximizando o valor dentro de limitações específicas, que deveria seguir as seguintes etapas: 1.

Definir o problema para entender melhor a decisão a ser tomada, para isso o problema deve estar claro e com as informações completas. É importante ao gerente reunir dados e informações e cumprir metas conhecidas e acordadas, e ter todos os problemas devidamente formulados e definidos, dentro disto é de grande importância o consenso entre os gerentes e todos os envolvidos estarem, a par dos problemas e oportunidades existentes.

2.

As informações coletadas devem dar maior certeza e para tanto devem estar completas, após isso deve ser usado o processo racional e captar a complexidade real dos eventos na organização.

3.

Depois de iniciado o processo, após a coleta de informações, o agente precisa entender que mesmo semelhante ou parecido com outras situações, todo processo decisório deve ser encarado e abordado como uma nova situação e diante disto, mesmo utilizando-se de heurísticas, fazê-lo de modo racional, obedecendo a regras, critérios e etapas. É importante conhecer todos os critérios de avaliação das alternativas, e assim selecionar a melhor, para isso essa busca não deve ser limitada, sem restrições de recursos, pessoas e informações.

4.

Ao final é preciso tomar uma decisão, sem acomodação, ordenando preferências, avaliando as alternativas e destinando valores o que aumentará o alcance das metas que pretendem ser alcançadas com sua implementação.

O autor acima ainda alerta que para que este modelo possa ter um melhor aproveitamento é necessário que a situação tenha as seguintes características:


Clareza do Problema (informações completas);

Opções Conhecidas (critérios e alternativas);

Preferências Claras (pesos dos critérios);

Máxima Compensação na Alternativa Escolhida.

Já para Stoner e Freeman (1992) o processo racional de tomada de decisão pode ser descrito de acordo com quatro grandes estágios: 1.

Examinar a Situação (definir o problema, identificar os objetivos da decisão e diagnosticar as causas);

2.

Criar e Avaliar as Alternativas;

O segundo modelo diferencia do primeiro

na sua última etapa, quando pressupõe que a decisão não é a etapa final do processo decisório, é um processo que se alonga com o estudo dos seus resultados para buscar uma melhoria contínua deste processo. 3.

Escolher a Melhor Alternativa;

4.

Implementar e Monitorar a Decisão.

Stoner e Freeman (1992) advertem, ainda, para o risco de que nenhuma abordagem, por melhor que lhes possa parecer, pode garantir que o decisor, apoiado nela, tome sempre a decisão correta. Segundo Robbins (2000) uma vez que a capacidade humana para formular e resolver problemas complexos é pequena demais para atender aos requisitos da racionalidade plena, os decisores operam dentro dos limites da “racionalidade delimitada”. Eles constroem modelos simplificados que captam as características essenciais dos problemas sem considerar toda sua complexidade. Ainda para o mesmo autor, o modelo de racionalidade pode servir de base para explicar como as decisões realmente são tomadas. Os decisores, uma vez identificado um problema, começam a procurar critérios e alternativas em uma lista que provavelmente esteja longe de ser exaustiva, sendo, então, formada pelos


critérios e alternativas mais explícitas e fáceis de se encontrar e que tendem a estar visíveis, já testadas e de aplicações comprovadas. A análise destas alternativas, por sua vez, também não será abrangente e nem detalhada. Seguindo caminhos conhecidos e bem trilhados, ele passará a continuar a análise apenas até identificar uma que alcance um nível aceitável de desempenho. A primeira alternativa que parecer suficientemente boa irá encerrará a procura e leva a uma alternativa de acomodação ao invés de uma melhor escolha. Entendemos então que a definição e implantação de etapas no processo decisório sejam satisfatórias e que este seja mais racional em suas ações, o decisor precisa frequentemente escolher entre diferentes alternativas, e estas, por sua vez, devem se relacionar aos objetivos que pretendam ser almejados. O sucesso implica na exaustiva comparação de caminhos distintos através da avaliação prévia dos resultados decorrentes de cada um deles e do confronto entre tais resultados e os objetivos que se deseja atingir. 4 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NO APOIO AO PROCESSO DECISÓRIO Até agora vimos que tanto na sociedade como, sobretudo, no ambiente organizacional, a tomada de decisão é vista como a função que caracteriza o desempenho da gerência. Independentemente do aspecto da decisão, esta atitude é o resultado do emprego de um processo sistematizado quase sempre em etapas bem definidas, que envolve o estudo do problema a partir de um levantamento de dados, produção de informação, estabelecimento de propostas de soluções, escolha da decisão, viabilização e execução da decisão e análise dos resultados obtidos. Para alguns autores como Bazerman (2004), afima que dispomos de muitas tecnologias da informação para nos auxiliar na tomada de decisão, mas apenas o ser humano é capaz de tomar decisões, que envolvam valores e preferências. Mas entendemos também que a tomada de decisão no âmbito organizacional é diretamente afetada pela qualidade das decisões tomadas pelos agentes, em termos


de eficácia e eficiência que por sua vez são influenciadas também pela qualidade das informações geradas, agindo como um processo integrado e sistêmico. É inegável dizer que diante de um mercado globalizado cada vez mais exigente e com menos tempo para decidir, foi inevitável a criação de ferramentas para dar suporte e agilizar as etapas do processo decisório, essas ferramentas de informação ou tecnologias de informação, nasceram com o principal intuito de coletar, organizar e ajudar os decisores a tomar suas decisões com maiores chances de sucesso em suas escolhas. Por muito tempo, as tecnologias da informação (TI), foram consideradas um mero item de suporte à organização, que a princípio não gerava qualquer retorno para o negócio. As aplicações destas TI’s foram crescendo e se antes eram usadas apenas para automatizar tarefas e eliminar o trabalho humano, aos poucos começou a enriquecer todo o processo organizacional, auxiliando na otimização das atividades, eliminando as barreiras de comunicação e assim por diante. Dentro, desse novo cenário, as TI’s começaram a assumir um papel muito mais importante nas organizações: o de fator de crescimento de lucros e de redução de custos operacionais. Para Guimarães e Évora (2004), os sistemas de informação nos ambientes empresariais são constituídos do gerenciamento da informação, a partir do levantamento das necessidades informacionais dos decisores, desde a coleta e obtenção dos dados, a análise dos dados transformando-os em informação, a distribuição da informação de acordo com as necessidades do decisor, a utilização das informações pela sua inclusão no processo de trabalho e, finalmente, da avaliação constante dos resultados obtidos e de redirecionamentos no sistema para atender às demandas e antecipar as necessidades dos decisores. Ainda para os autores, é importante destacar que os sistemas de informação, com a interligação dos processos, sobretudo de informações, nas organizações, têm tornado possível


e vem dar maior segurança para qualquer que seja o processo decisório nas empresas, resultando em melhores decisões. Neste contexto a informação tem sido empregada como mais um recurso para o desenvolvimento do processo de trabalho nas organizações. A produção interna da informação e a utilização de fontes externas à organização promovem a criação de sistemas de informação para sua identificação e organização, propiciando condições mais adequadas para sua recuperação e utilização na tomada de decisão, pois através dessas tecnologias e com mais informações relevantes, o decisor pode direcionar uma melhor estratégia para a tomada de decisão. Diante destas estratégias, é possível constatar que a informação é mais um recurso para a gerência nos ambientes empresariais e que todos os atores envolvidos no processo de decisório devem ter a competência e capacidade de conhecer e utilizar, da melhor maneira as tecnologias da informação para ter a responsabilidade pela sua coleta, organização, distribuição e disponibilização. Desta forma, um sistema de informação que sirva ao processo de trabalho deve responder às demandas e necessidades dos diversos serviços e unidades da instituição, resguardadas suas características e especificidades, podendo ser únicos para a organização ou específicos para cada serviço, mas que o importante é que possam atender a demanda da organização no seu dia a dia. De acordo com Stair (1998) o Sistema de Informação pode ser compreendido como uma série de elementos ou componentes inter relacionados que coletam, manipulam, armazenam e disseminam os dados e as informações fornecendo um mecanismo de retroalimentação. Segundo Laudon e Laudon (1998) o Sistema de Informação é um conjunto de componentes que se relacionam na coleta, processamento, armazenagem e distribuição da informação para apoiar a tomada de decisão nas organizações. De acordo com Cautela e Polioni (1982), os Sistemas de Informação são utilizados para prover informações, seja qual for o uso dessas na organização. Assim,

pode-se,

conceitualmente,

pensar

nesses

sistemas

sem

necessariamente ter um suporte computacional. Nas organizações os Sistemas de


Informação mais relevantes, devido à quantidade de informação e necessidade de coleta, processamento e disseminação otimizados, são baseados em computador, ou seja, utilizam a Tecnologia da Informação (a chamada TI) como suporte. De acordo com Stair (1998), os Sistemas de Informação computacionais utilizados nas organizações podem ser classificados em basicamente 5 tipos: Sistema de Processamento de Transações (SPT) ou Sistema Transacional (ST), Sistema de Informação Gerencial (SIG), Sistema de Informação Executiva (SIE), Sistema Especialistas (SE) e Sistema de Apoio à Decisão (SAD). •

Sistema de Processamento de Transações (SPT) ou Sistema Transacional (ST); Tem por objetivo principal aumentar a eficiência do trabalho, reduzindo os

custos e o tempo de execução de uma transação, além de garantir controles mais precisos e mais confiáveis no seu resultado final. As transações podem ser processadas em lotes ou online. Transações em lote são inseridas e processadas no sistema em intervalos regulares de tempo. Transações online, por sua vez, são inseridas e processadas no mesmo momento em que vão acontecendo. A utilização de sistemas de processamento de transações permite que as empresas tornem-se mais eficientes e consequentemente mais competitivas. Essa foi a primeira aplicação utilizando a tecnologia da informação para a maioria das organizações. Esse tipo de sistema é compreendido por um conjunto de pessoas, procedimentos, bancos de dados e dispositivos (enfim, um sistema de informação) utilizados para a automatização de qualquer atividade rotineira da organização, como, por exemplo, vendas e folha de pagamentos. •

Sistema de Informação Gerencial (SIG); É o que permite suprir os gerentes e os tomadores de decisões com informações

precisas e automáticas sobre as transações da organização. A principal fonte de dados desse sistema é o sistema de processamento de transações. A saída do sistema


de informações gerenciais é na maioria das vezes um conjunto de relatórios consolidados de um determinado período.

Esses tipos de sistemas disponibilizam

aos gerentes e administradores informações cotidianas precisas no auxílio à tomada de decisão, dando, assim, condições para que o planejamento e o controle operacional da organização sejam executados eficazmente. •

Sistema de Informação Executiva (SIE); O SIE é um tipo de Sistema de Apoio à Decisão especializado que tem como

objetivo auxiliar os executivos de alto nível na tomada de decisão. Normalmente, contém uma ampla base de dados estratégicos oriundos de informações provenientes dos ambientes: Inteligência Competitiva e Prospecção de Cenários. Tradicionalmente, o SIE era utilizado por altos executivos, mas atualmente é utilizado por funcionários de diversos níveis. Esse tipo de sistema é desenvolvido sob medida para os usuários (inicialmente executivos, e atualmente profissionais de diversos níveis hierárquicos). •

Sistema Especialista (SE); O SE tem aplicações baseadas em conhecimento de um ou mais especialistas com

o objetivo de auxiliar a solucionar os problemas e realizar tarefas como, por exemplo, simular uma tomada de decisão. Segundo Keller (1981) o SE é um sistema informatizado que utiliza amplamente o conhecimento baseado na experiência em um assunto para solucionar tópicos de maneira inteligente, da mesma forma que um especialista humano. •

Sistema de Apoio à Decisão (SAD); O SAD fornece aos executivos diversas ferramentas de modelagem e análise

sobre informações obtidas de diversas fontes de dados na empresa, com o objetivo de capacitar os usuários a solucionar problemas de forma integral.


Assim, de forma geral, os SPTs e SIGs fornecem relatórios impressos aos gestores, os SADs e SIEs permitem aos tomadores de decisões pesquisar informações e dados em busca de melhores alternativas e conseqüentemente tomar decisões mais acertadas, e os SE dão suporte à tomada de decisão e aos processos empresariais de valor adicionado em uma organização (SEIXAS, 2000). Um importante conceito atualmente é o de Inteligência Competitiva (IC) e muitos sistemas de informação baseados neste conceito têm surgido. De acordo com Barbieri, o BI3, de forma geral, pode ser entendido com a utilização de variadas fontes de informação para se definir estratégias de competitividade nos negócios da empresa. O objetivo maior do conceito ou da técnica de BI está na definição de regras e técnicas para formatação adequada do grande volume de dados organizacionais, visando

transformá-los

em

depósitos

estruturados

de

informações,

independentemente de sua origem (BARBIERI, 2001). Observa-se que esse sistema mescla também características de SADs e diversos outros tipos de sistemas. Os dados poderão vir das técnicas de garimpo de informações e de amplas fontes conceituais, podendo ser modelados a partir de uma área ou grupo na organização (IBID). Um tipo de sistema que tem adquirido grande importância nos últimos anos é o Sistema de Gestão do Conhecimento, que tem uma arquitetura próxima à do BI, porém o escopo dos dados por ele integrados é voltado para informações referentes ao aprendizado organizacional. É importante ressaltar, contudo, que nem sempre os sistemas computacionais de informação podem ser enquadrados com exatidão em uma dessas definições. Muitas vezes eles mesclam características distintas dos outros principais tipos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao rever a literatura sobre a tomada de decisão e o processo decisório, é importante destacar que é quase que um consenso, a opinião sobre a importância que a informação tem desde a sua coleta passando por todo o processo até a decisão final, sobretudo a informação de qualidade, esta tem influencia dentro de todo o processo, e diante das novas tecnologias de informação, isso fica ainda mais evidente. Um importante aspecto positivo é a grande quantidade de artigos, livros sobre o assunto e o empenho de alguns em descrever todo o processo, fazendo de suas obras quase um texto de auto-ajuda para os decisores. Tais atitudes acontecem pela necessidade de alertar sobre regras de influência que tornam a acontecer, prejudicando o processo decisório e frustrando os gestores diante de decisões mal sucedidas, tais desilusões não devem ser encaradas como fracasso, mas como uma oportunidade de aprender e de buscar sempre uma melhor capacitação para exercer melhor esta importante atividade organizacional, social e pessoal.

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GUIMARÃES, Eliane Marina Palhares; ÉVORA, Yolanda Dora Martinez. Sistema de informação: instrumento para tomada de decisão no exercício da gerência. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 1, p.72-80, jan./abr. 2004. Disponível em: <http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/viewArticle/62/56>. Acesso em: 12 jan. 2010. KELLER, R. Tecnologia de Sistemas Especialistas: desenvolvimento e aplicação. São Paulo: McGraw-Hill, 1981. LAUDON, Kenneth; LAUDON, Jane Price. Management Information Systems: organization and technology. 4. ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1996. MARCHIORI, Patrícia Zeni. O curso de gestão da informação da Universidade Federal do Paraná. Transinformação, Campinas, v. 14, n. 1, p.83-97, jan./jun. 2002.


FOTO-FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS PESSOAIS: OLHAR DO ESTUDANTE DE BIBLIOTECONOMIA DA UFPE Ruhana B. da S. Araújo Universidade Federal de Pernambuco. Dept° de Ciência da Informação. Graduanda no 5° período do Curso de Biblioteconomia. ruhanab@gmail.com Renata J. de Santana Universidade Federal de Pernambuco. Dept° de Ciência da Informação. Graduanda no 5° período do Curso de Biblioteconomia. renatinhasantana@gmail.com Tatiane Vieira Gonçalves Universidade Federal de Pernambuco. Doutorando no PPGCOM/UFPE. w159444x@gmail.com Diego A Salcedo Universidade Federal de Pernambuco. Doutorando no PPGCOM/UFPE. w159444x@gmail.com

Resumo: Este artigo trata acerca da aplicação de técnicas arquivísitcas nos acervos fotográficos pessoais dos discentes do curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal de Pernambuco. A hegemonia das informações imagéticas, enquanto um dos principais recursos cognitivos, e a quantidade crescente de pesquisas com relação às imagens são duas características marcantes das sociedades contemporâneas. Faz-se necessário refletir sobre a fotografia, a sua arqueologia, mas, também, experimentar procedimentos que viabilizem a sua organização, representação e recuperação. Refazer o percurso de um acervo fotográfico pessoal é uma tarefa essencial à re-elaboração dos conhecimentos, das identidades e das memórias dos sujeitos-objetos. Propôs-se, como objetivo do trabalho, diversos encontros entre os discentes do curso, para que fossem realizadas a avaliação, a seleção e a organização das fotografias pessoais, de modo que permitiu-se visualizar a relação orgânica existente entre os acervos fotográficos. Utilizou-se uma metodologia pedagógica de leitura do referencial teórico, além de discussões em grupo, identificação documental e aplicação de algumas técnicas arquivísticas, tais como: descrição, classificação, arranjo e armazenagem. A conclusão dos trabalhos foi extremamente satisfatória, tanto no que diz respeito a competência técnica adquirida pelos discentes com relação a organização dos seus arquivos fotográficos pessoais, quanto com a criação da possibilidade da recuperação das memórias pessoais de maneira mais eficaz e efetiva. Palavras-chave: Fotografias Pessoais. Memória. Organização da Informação. Representação da Informação. Técnicas Arquivísticas.


1. INTRODUÇÃO Esse artigo trata-se de um relato da experiência dos estudantes de biblioteconomia da UFPE haja vista a conclusão da disciplina Técnicas de Arquivo, ministrada pelo professor Diego Salcedo, no ano de 2009. Para cumprir o objetivo do trabalho, a aplicação de técnicas arquivísticas em acervos fotográficos pessoais, foram realizados diversos encontros entre os discentes do curso, para que fossem realizadas a avaliação, a seleção e a organização das fotografias pessoais, de modo que se permitiu considerar a relação orgânica existente entre os acervos fotográficos. A preservação das fotografias é uma forma de manter resguardada a memória, permitindo que futuras gerações tenham acesso à história contextualizada na imagem, a qual nenhum texto poderia retratar. Característica inexorável das sociedades contemporâneas, os recursos visuais, de comunicação se tornaram uma das principais ferramentas para o resgate à memória histórica de instituições como o estado, a igreja e também, a família. Ressaltando a importância das foto-fragmentos, faz-se necessário refletir sobre a fotografia, a sua arqueologia, mas também, experimentar procedimentos que viabilizem a sua organização, representação e recuperação. Recompor o percurso de um acervo fotográfico pessoal é uma tarefa essencial à re-elaboração dos conhecimentos, das identidades e das memórias dos indivíduos. O resultado dos trabalhos foi extremamente satisfatório, tanto no que diz respeito à competência técnica adquirida pelos discentes, como também com relação à organização dos seus arquivos fotográficos pessoais. Através dos procedimentos arquivísticos que serão relatados neste artigo, foi possível verificar as possibilidades de recuperação das memórias pessoais, e ainda, a conseqüente preservação do registro da história-fragmento em suas respectivas foto-fragmentos.


2. FOTOGRAFIA: UM BREVE HISTÓRICO A imagem fotográfica surgiu no século XIX no contexto da Revolução Industrial, onde o grande desenvolvimento tecnológico estava transformando a sociedade nas grandes capitais européias e nos Estados Unidos. Numa época em que como cita Mauad (1990, p.437), “o surgimento do telégrafo, a invenção do telefone, da máquina a vapor, da lâmpada elétrica e dos automóveis criaram a idéia de um admirável mundo novo, repleto de certezas e possibilidades”. Pela sua característica inovadora - sendo um instrumento de informação, de representação artística, pesquisa e também, por ter dado a possibilidade ao homem de congelar um momento, ter um fragmento do real - teve sua importância reconhecida pela sociedade, passando da modernidade à contemporaneidade. Com isso, a imagem artesanal foi sendo substituída pela fotográfica. Ela foi responsável pela ruptura do homem com as formas pré-fotográficas, como as pinturas, gravuras e desenhos, determinando assim, um novo código visual e possibilitando ao mesmo, uma nova forma de preservação da sua própria imagem. Neste contexto, a fotografia passou a ter uma função social, pois representou na imagem o que a sociedade vivia e ainda atuou como um meio de democratização do conhecimento, uma vez que, disseminava a informação. Para Kossoy (2001, p.26), “o mundo tornou-se de certa forma “familiar” após o advento da fotografia; O homem passou a ter um conhecimento mais preciso e amplo de outras realidades que lhe eram, até aquele momento, transmitidas unicamente pela tradição escrita, verbal e pictórica”. Já Sontag (1981) afirma que “com a fotografia, o ser humano saiu da caverna de Platão, passando a olhar com outros olhos a realidade”. A fotografia mostra história, a estética, os costumes, as práticas políticas, sociais e religiosas do indivíduo e da sociedade como um todo. Tornando possível através de estudos de uma foto-fragmento retratar o passado, conhecer as histórias, emoções e situações vividas por um povo e a partir de tais estudos compreender melhor o presente. Segundo Brassai (1968, p.13):


A fotografia tem um destino duplo... Ela é a filha do mundo aparente, do instante vivido, e como tal guardará sempre algo do documento histórico ou científico sobre ele; mas ela é também filha do retângulo, um produto das belas-artes, o qual requer o preenchimento agradável ou harmonioso do espaço com manchas em preto e branco ou em cores. Neste sentido, a fotografia terá sempre um pé no campo das artes gráficas e nunca será suscetível de escapar deste fato. O primeiro registro da fotografia surgiu na França em 1839, com a imagem A mesa posta conseguida por Joseph Nicéphore Nièpce, que por meio da mistura de várias fórmulas conseguiu fixar uma imagem positiva projetada no interior de uma câmara escura depois de oito horas de exposição. Mas, foi Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1857), que se tornou conhecido por ter desenvolvido o daguerreótipo - aparelho que era capaz de fixar imagens obtidas no interior de uma câmara escura, por meio de uma folha de prata sensibilizadora, sobre uma placa de cobre. Este aparelho teve grande impacto na história da gravação da imagem, além de ter dado origem ao verbo fotografar e ao adjetivo fotografado. Mas a origem da fotografia estava sendo contestada pela Inglaterra, isso porque o físico inglês William Henry Fox Talbot (1800-1877) havia descoberto no mesmo tempo da invenção do daguerreótipo, seu processo de fixar imagens em diferentes materiais. Buscando assim, descobrir um sistema negativo-positivo calótipo. Os dois processos de fotografia tinham valores distintos. Enquanto o daguerreótipo tinha uma aceitação maior pela elite e pela burguesia e sua qualidade de imagem era maior, o calótipo, a princípio, era rejeitado por oferecer uma imagem de menor qualidade em relação ao outro método e por permitir que se fizessem várias cópias de uma mesma fotografia, o que deixava o seu preço mais baixo e sua técnica vulgarizada pela elite. No entanto, com o passar do tempo o aparelho de Daguerre por oferecer apenas uma única reprodução da imagem, entrou em declínio. Enquanto o calótipo


por viabilizar várias cópias passou a ser a base da fotografia moderna. Como conseqüência, a classe média passou a fazer mais uso da imagem fotográfica o que aumentou a produção de retratos e o número de fotógrafos. Influenciando no aperfeiçoamento das industriais de equipamentos e materiais sensíveis, até que os equipamentos foram ficando portáteis e com uma tecnologia mais avançada. A fotografia mudou a maneira que se encarava a produção artística, o que gerou uma cultura de massa. A fotografia trazia em si vários aspectos democratizantes. Primeiro,um número muito maior de pessoas podia empreender uma aventura, antes restrita a uma elite: a transformação de suas emoções seus pensamentos, seu modo de ver numa imagem passível de ser difundida, analisada e criticada. [...] Em segundo lugar, a fotografia tornou possível a qualquer pessoa a posse de imagens, e de início assumiu importância decisiva a posse da sua própria imagem-seu retrato. (KUBRUSLY, 1991, p.10-11). 3. FOTO-FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS PESSOAIS O homem sempre buscou formas de guardar suas lembranças, registrar momentos vividos, ter um elo entre o passado e o presente, fragmentar o real. A fotografia lhe deu esta possibilidade. Poder reviver o passado, analisar através de uma única imagem o vestuário, a arquitetura, o momento histórico de uma época. Dentro do ambiente familiar, a imagem fotográfica é objeto de recordação, uma marca do real, é um meio de reconstrução do passado. Capturadas de forma descontínua e fragmentária, e agrupadas em álbuns de família, as fotografias se transformaram em fios condutores das memórias familiares. Representando, por vezes, o último elo com um tempo já distante, elas ajudam a articular passado e presente, recuperando vínculos entre sucessivas


gerações. São as fotografias que possibilitam, em última instância, a continuidade visual do passado. (SUTIL, 2008). A fotografia familiar além de ser uma memória da família é também um documento histórico que retrata a cultura de uma época. É indiscutível a importância da fotografia como marca cultural de uma época não só pelo passado ao qual ela nos remete, mas também, e principalmente, pelo passado que ela traz à tona. Um passado que revela, através do olhar fotográfico, um tempo e um espaço que fazem sentido. Um sentido individual que envolve a escolha efetivamente realizada e um coletivo que remete o sujeito a sua época. A fotografia, assim compreendida, deixa de ser uma imagem retida no tempo para se tornar uma mensagem que se processa através do tempo. (MAUAD, 1990, p.437) O ser humano tem a imagem fotográfica como um espelho. Ao se ver nessa imagem ele se dar conta da passagem do tempo. Quem nunca olhou um albúm de fotografias pessoais e se emocionou ao relembrar momentos felizes, amigos que fizeram parte de sua trajetória, familiares queridos que não fazem mas parte do seu convívio. No culto da lembrança dos seres queridos, afastados ou desaparecidos, o valor de culto das imagens encontra seu último refúgio. Na expressão fugidia de um rosto humano, nas fotos antigas, pela última vez emana a aura. É isto que lhes empresta aquela melancólica beleza, que não pode ser comparada a nada. (BENJAMIN, 1978, p. 220) Assim, como assina Benjamin, fica clara a concepção da fotografia como uma lembrança, uma maneira de estar próximo - por meio de uma realidade fragmentada


- de pessoas que não estão mais presentes. Para Salcedo (2010, p. 16) o estar próximo resulta, também, da análise do fragmento: perceber em cada artefato uma possível arqueologia do documento. Estudar sua origem documental, mas, também, as práticas discursivas que o fazem ser o que é, em determinado momento histórico. Perguntar o que ele tem a dizer. Tocar e aceitar a sua tessitura. Tudo isso são formas interligadas de conhecer a imagem. […] que me traz conhecimento, me diz algo sobre o mundo, sobre os Outros, sobre aquilo que não está sendo dito e sobre mim. Olho a efeméride, o fato, o fragmento e vejo, às vezes, um passado com os olhos de hoje. É meu direito. Mas sem esquecer os limites de onde estou e falo, é, também, o meu dever. Diante da importância das fotografias pessoais, que têm um grande valor histórico, sentimental, e ainda atua como disseminadora de informação, uma vez que carrega consigo um contexto e que fazendo-se uma análise do ambiente que foi tirada, das pessoas que foram retratadas, do fotógrafo, da técnica utilizada, do estilo das roupas, acessórios, estre outros, podemos ter as características de uma época, é que se fazem necessárias técnicas de arquivo especializadas para este tipo de documento. Dando destaque as fotografias pessoais (que é o escopo do presente artigo), e onde as práticas adequadas de preservação passam muitas vezes

despercebidas

o que conseqüentemente acarreta na deteriorização do documento (neste caso a fotografia). Dentre os fatores que danificam os documentos temos: o armazenamento inadequado, materiais de acondicionamento impróprios, e práticas de manuseio incorretas. Quando se fala de ambientes de armazenamento tem que se ter em mente a umidade relativa (UR) e a temperatura. Os altos níveis de UR estimulam reações químicas prejudiciais. E quando estão acima de 60% aumenta a probabilidade da germinação de esporos de fungos. Já os níveis baixos de UR podem causar a deformação física das fotografias. Quando está abaixo de 30% a camada aglutinante e o suporte podem ressecar, causando rachaduras, delaminação ou um estado


quebradiço generalizado. Para manter a fotografia bem acondicionada é preciso que seja feita a monitoria da umidade relativa dentro do ambiente e também a monitoração da iluminação. Dentre estes fatores que podem deteriorizar as fotografias ainda existem os fatores biológicos que podem ser um fungo, um inseto e até um roedor. Para manter a coleção fotográfica longe desses fatores biológicos é preciso que se tenha cuidado com as condições de armazenamento. O ambiente tem que ter uma boa condição de limpeza e sempre está sendo supervisionado. Todo o cuidado para a preservação da memória fotográfica pessoal é pouco diante da informação que o documento contém. A partir do momento que a foto é conservada e armazenada seguindo técnicas adequadas, a recuperação da mesma é feita de maneira eficaz e tudo o que ela representa (seja um objeto de lembrança para uma pessoa, ou seja, uma fonte histórica para um pesquisador) é mantido para as futuras gerações. É preciso que se tenha a consciência de que uma foto é mais que uma imagem, ela é o registro de um momento vivido e que irá constituir uma riquíssima fonte histórica. O conhecimento das imagens, de sua origem, suas leis é uma das chaves do nosso tempo. [...] É o meio também de julgar o passado com olhos novos e pedir-lhe esclarecimentos condizentes com nossas preocupações presentes, refazendo uma vez mais a história à nossa medida, como é o direito e dever de cada geração. (FRANCASTEL, 1972). 4. METODOLOGIA Durante as aulas da disciplina Técnicas de Arquivo ministradas pelo professor Diego Salcedo, no segundo semestre de 2009, na UFPE, tivemos acesso não somente às técnicas, mas também às finalidades, espécies e funções de um sistema arquivista. Os princípios arquivistas admitem diversos métodos para atender as premissas básicas que carecem os documentos em um sistema de arquivo. Em outras


palavras, diversas são as técnicas empregadas durante o processo de arquivamento de um determinado material. Tais escolhas vão depender de fatores como o tipo do documento e a finalidade do mesmo. Visto isso, pudemos observar a grande incidência, entre os teóricos do assunto, em deter-se em explanações sobre os tipos mais comuns de arquivo, geralmente institucionais. As grandes explicações sobre sistemas arquivistas contemplam, em sua maioria, os arquivos particulares (de empresas privadas), e os arquivos públicos (de órgãos das esferas municipais, estaduais e federais). Não obstante, a partir da hipótese de que as técnicas de arquivo também podem ser empregadas com sucesso no ambiente doméstico foi concebido este trabalho. Chegando neste ponto, partimos em busca do entendimento acerca do conjunto de informações gerados dentro da esfera domiciliar. Nesse sentido, colocamos em questão a validade de algumas informações enquanto documento. O

documento

se

caracteriza

como

o

registro

da

infromação

independentemente da natureza do suporte que a contém. Dessa forma, os alunos trouxeram à sala de aula os mais diversos exemplos de documentos domésticos, tais como conta de luz, água e outros, comprovante de pagamento dessas contas, certidões originais de nascimento, casamento e óbito, cartas de familiares, além de diplomas, contra-cheques e, sobretudo, fotografias. Após essa exposição que demonstrou a gama de documentos produzidos no ambiente doméstico, optamos pelos registros fotográficos para realizar as técnicas arquivistas. As fotografias apresentaram, sem dúvida, o número maior de produção de informação. Ainda no formato impresso (advindas de máquinas analógicas) ou reveladas a partir de máquinas digitais e celulares com câmera, as fotos comprovaram que seu caráter documental é, além de forte, valorizado e estimado pelas famílias. Nesse sentido, entendemos que elas precisam, enquanto documento de família receber tratamento de um arquivo especializado (doméstico), afim de melhor recuperar a informação mnemônica (a imagem subjetiva), e também o suporte dessa imagem (o papel fotográfico).


Para tanto, após a divisão dos alunos em equipes, expusemos para a sala que decidimos, então, trabalhar com o nosso próprio acervo fotográfico. Em grupo, discutimos sobre quais fotos iríamos trabalhar. É muito comum as fotografias domésticas estarem agrupadas em álbuns. Contudo, todos nós possuíamos fotos que se encontravam espalhadas sem qualquer organização e conseqüente preservação. Algumas, expostas a todo tipo de claridade, apesar de serem recentes, apresentavam papel fotográfico amarelado, além de dobraduras nas pontas (extremidades) da borda. O primeiro passo foi reunir todas as fotos soltas. Depois, decidimos que elas deveriam ser guardadas em um tipo de plataforma de fácil manuseio e com possibilidades de classificação. Decidimos pelas pastas classificatórias. As pastas possuem divisórias e são constituídas por um material plástico. Durante a classificação, optamos por organizar as fotografias em ordem cronológica, posto que uma indexação excessivamente específica, como por assunto, exemplo “aniversários” se tornaria insatisfatória, haja vista que, como foi posto aqui, o nosso material era fotografias soltas, que na maioria das vezes, não fazia mais parte de um todo, de um tema geral, elas precisariam funcionar sozinhas. Nesse sentido, escolhemos separá-las pelo ano de cada fotografia. Com um esforço da nossa memória e com ajuda também dos familiares, datamos as fotos e percebemos que todas elas tratavam de eventos num tempo de dez anos. Dentro das pastas classificatórias, estabelecemos dessa forma, uma linha do tempo que compreendia os anos de 1999 a 2009, e então, para finalizar, pusemos cada foto em sua respectiva classificação, como se pode ver nas imagens abaixo:


Figura 1: Foto-fragmentos desorganizados (antes) Fonte: acervo pessoal dos autores

Figura 2: Foto-fragmentos organizados (depois) Fonte: acervo pessoal dos autores


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A preeminência do conhecimento imagético, como um dos recursos cognitivos básicos e as pesquisas que vem sendo desenvolvidas em relação à imagem são características importantes na atualidade. A imagem fotográfica, por exemplo, é hoje um dos principais meios de comunicação humana. Por meio da fotografia cria-se um “arquivo de vida”, com o registro de todos os momentos discorridos importantes, sejam de caráter precisamente pessoal ou de caráter coletivo, na perspectiva particular ou profissional. Os acervos pessoais de foto-fragmentos são a memória, a história de períodos vividos. Percebe-se a importância de preservar isso como forma de manter viva a cultura ou as lembranças dos nossos antepassados. As imagens fotográficas têm sido usadas em documentos técnico-científicos, em vários tipos de mídias, como componente da elaboração de matérias informativas, e tem aumentado, especialmente, nos últimos anos com o advento da tecnologia digital fotográfica e a facilidade de armazenar imagens em bancos de dados disponíveis na internet. Assim, a recuperação adequada dessas imagens se tornou um fator preocupante para especialistas de múltiplas áreas do conhecimento, e em particular para os profissionais da informação, que tem como missão oferecer condições ideais de organização, armazenamento, e recuperação de informação. Através das técnicas de arquivos percebemos a importância e a facilidade em cuidar dos documentos familiares, nesse caso, as fotografias domésticas impressas.

As técnicas especializadas aplicadas garantem que os documentos,

sobretudo, não se percam. A ação do homem ainda é a grande responsável pela perda e deterioração das imagens por não ser armazenada de forma adequada. A solução das pastas classificadoras nos mostrou, assim, ser uma possibilidade simples e acessível de remediar a dissolução da memória.


REFERÊNCIAS BENJAMIN, Walter. A Obra de arte na época de sua responsabilidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 220. BRASSAI. New York. The Museum of Modern Art, 1968. FRANCASTEL, Pierre. A realildade figurativa. São Paulo: Perspectiva, 1972. KOSSOY, Boris. Fotografia e História. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. KUBRUSLY, Cláudio. O que é fotografia. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. MANINI, Miriam Paula. Análise documentária de imagens. Informação e Sociedade, João Pessoa. v. 11, n. 1. Disponível em: <www.ies.ufpb.br>. Acessado em: 4 maio 2010. MARCONDES, Marli. Conservação e preservação de coleções fotográficas. Boletim do Arquivo, São Paulo. 2005. Disponível em: <http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/ materias/anteriores/edicao 01/materia02/conservacao_de_colecoes.pdf>. Acesso em: 17 maio 2010. MAUAD, Ana Maria. Sob o signo da imagem: a produção da fotografia e o controle dos códigos de representação social da classe dominante no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX. 1990. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. MITSI, Marcia Eléia Manha; SOUZA, Maria Irene Pellegrino de Oliveira. A fotografia como evidência histórica: retrato da família Mitsi. ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS DA IMAGEM, 2, 2009, Londrina. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais/trabalhos/pdf/Mitisi_ Marcia%20Eleia%20Manha.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2010.


MUSTARDO, Peter; KENNEDY, Nora. Preservação de fotografias: métodos básicos de salvaguardar suas coleções. 2. ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001. RODRIGUES, Ricardo Crisafulli. Análise e tematização da imagem fotográfica. Ciência da Informação, Brasília, v. 36, n. 3, p. 67-76, set./dez., 2007. SALCEDO, Diego Andres. A ciência nos selos postais comemorativos brasileiros: 1900-2000. 162 p. 2010. Dissertação. (Mestrado em Comunicação). Programa de Pós-Graduação em Comunicão, Universidade Federal de Pernambuco, 2010. SONTAG, Susan. Ensaios sobre a fotografia. Rio de Janeiro, Arbor, 1981. SUTIL, Marcelo Saldanha Baracho; GONÇALVES, Maria Luiza. Fotos de estúdio: imagens construídas. Rede da memória virtual brasileira. Disponível em: <http://catalogos.bn.br/redememoria/fotosdeestudio. html>. Acesso dia 5 maio 2010.


ESTUDO DA CONSTRUÇÃO E APLICAÇÃO DO TESAURO NA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO DE TESES E DISSERTAÇÕES DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO URBANO Jessica Monique de Lira Vieira Universidade Federal de Pernambuco. Graduando em Biblioteconomia. jessicalirav@yahoo.com.br Monick Trajano dos Santos Universidade Federal de Pernambuco. Graduando em Biblioteconomia . monick_trajano@yahoo.com.br Remi Correia Lapa Universidade Federal de Pernambuco. Graduando em Biblioteconomia. rmcrlp@gmail.com

Resumo: Os Sistemas de Recuperação de Informação (SRI) enfrentam dificuldades em recuperar informações relevantes que atendam a necessidade informacional de seus usuários. Sob esse contexto, o Tesauro pode servir como instrumento que venha a auxiliar na organização, representação e recuperação da informação. Este artigo tem como objetivo apresentar o processo de desenvolvimento e os principais resultados observados nas etapas de planejamento e elaboração de um tesauro através de um Estudo de Caso. A metodologia aplicada consta de revisão de literatura, escolha do programa de pós-graduação em Desenvolvimento Urbano, estudo sobre conceitos arquitetônicos da área de urbanismo, além de levantamento das palavras-chave encontradas nas teses e dissertações da BDTD-UFPE que foram observados. Os resultados observados indicam que a construção de um tesauro não finda em sua elaboração, é preciso que tenha um acompanhamento constante de um profissional responsável por incorporar novos termos. Palavras-chave: Recuperação da Informação. Tesauro. Linguagem Documentária. Organização da Informação.


1. INTRODUÇÃO A sociedade atual sofre com a crescente produção de documentos, principalmente com os documentos no ambiente virtual, o que faz surgir uma necessidade de organizar e recuperar a grande quantidade de informação gerada. Este aumento e a dificuldade que ele acarreta são apontados por Wives (1999) apud Araújo Júnior (2007) ao citar o aparecimento da Internet como fator que ampliou sensivelmente a sobrecarga da informação, onde o crescente volume de dados não favorece a recuperação de uma informação útil. A grande quantidade de informação faz com que os Sistemas de Recuperação de Informação (SRI) muitas vezes enfrentem dificuldades em recuperar os documentos relevantes à busca realizada pelo usuário. Esta idéia é reforçada por Baeza-Yates (1999) apud Gonzalez e Lima (2003) ao apontar como causa principal da dificuldade em encontrar informações relevantes, o fato de haver muita informação e a maioria irrelevante. De acordo com Lancaster (2004) o problema na verdade não está na quantidade de documentos em si, mas em recuperar o máximo de itens úteis quantos for possível, e o menos número possível de itens inúteis. Portanto, percebe-se que para melhorar a recuperação da informação se faz necessário um SRI que proporcione à recuperação, o maior número de documentos relevantes a pesquisa dentro da necessidade expressa pelo usuário. Na visão de Guedes (1994) a importância de se obter uma recuperação da informação relevante está na quantidade de documentos disponíveis após a explosão bibliográfica e o tempo limitado dos pesquisadores para buscar e assimilar informações, estes seriam os problemas fundamentais na área de ciência da informação. Alguns autores acreditam na possibilidade de melhorar a recuperação em certas situações por meio da indexação, afirma Lancaster (2004). Sob este contexto, Guedes (1994) menciona que nos sistemas de recuperação da informação, a representação precisa do conteúdo temático de documentos é uma condição primordial para a recuperação de documentos relevantes. Neste caso a indexação assume um papel importante como afirma Bates (1998) apud Lancaster (2004) ao


afirmar que o objetivo do indexador é tentar antecipar quais termos seriam utilizados na busca pelas pessoas que possuem lacunas de informação. Entretanto, as instituições possuem diferentes usuários, seja no grau de instrução, necessidade informacional, faixa etária, localização geográfica, etc., o que torna imprescindível que os termos sejam adequados a este usuário, como se pode perceber na opinião de Hjorland (2001) apud Lancaster (2004) ao afirmar que a indexação deve ser adaptada para se ajustar às necessidades de determinada clientela. Sendo o tesauro uma ferramenta que permite um controle dos termos atribuídos na indexação, tornando-a mais eficaz, pode vir a exercer um grande papel viabilizando entre outras coisas servir como instrumento de apoio a organização, representação e recuperação de informações mais precisa de um grupo específico de usuários. Alguns dos benefícios da aplicação do tesauro esta em evitar que ocorram erros comuns no processo de indexação, tais como: termos diferentes sendo atribuídos por dois indexadores ao mesmo documento; o mesmo indexador atribuir termos distintos para o mesmo documento, o que dificultaria sua localização. Estes procedimentos acabam impossibilitando muitas vezes a recuperação de algum item útil. Diante

destas

dificuldades,

o

bibliotecário

tem

que

adotar

um

posicionamento crítico procurando sempre melhorar os serviços destinados a oferecer uma informação de qualidade e que atenda às necessidades de sua clientela. Esta consciência é percebida em Walter (2004) quando alerta para a revolução no modo de agir e de interagir dos profissionais devido à implementação e rápida difusão da Internet e das tecnologias de informação. O profissional que lida com a informação tem que ter consciência que o conhecimento que é formado pelo indivíduo é a assimilação da informação. E que ela modifica o “estoque mental” deste indivíduo, trazendo tanto benefícios ao seu desenvolvimento pessoal quanto da sociedade em que vive. Este conceito é apresentado por Le Coadic (1996) ao afirmar que quando se constata uma carência


ou anomalia dos estados de conhecimento, ocorre um estado anômalo de conhecimento. Sendo assim, tenta-se obter uma informação ou informações que corrigirão essa anomalia, resultando em um novo estado de conhecimento. De acordo com Gonzalez e Lima (2003), a necessidade de informação é considerada uma das necessidades fundamentais do ser humano. Portanto, o agente mediador da informação deve direcioná-la tendo como propósito a produção de conhecimento da sociedade. Nomeada por Le Coadic (1996) como „modelização social‟, e formada por três processos: construção, comunicação e uso do conhecimento. Portanto, o estudo e a aplicação do tesauro como ferramenta para auxiliar a indexação, pode ser de grande utilidade como um instrumento ao proporcionar ao indexador um vocabulário controlado e ao usuário a localização e recuperação de informações relevantes. 2. SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO Nos dias atuais o volume de informações geradas e consumidas vem aumentando aceleradamente, grande parte destas em meio digital. Dentre essa gama de informações produzidas e acessadas diariamente, muitas são irrelevantes para atender o usuário. Nesse contexto, os SRI têm como objetivo organizá-las para que sejam disponibilizadas para o usuário apenas as informações úteis, atendendo desta forma às suas necessidades. Os Sistemas de Recuperação de Informação dizem respeito a um sistema de operações interligadas para identificar, dentre um grande conjunto de informações (uma base de dados, por exemplo), aquelas que são de fato úteis, ou seja, que estão de acordo com a demanda expressa pelo usuário. (ARAUJO JÚNIOR, 2007). De acordo com Rowley (2002), os SRI são compostos por três etapas: indexação, armazenamento e recuperação. A indexação consiste no “processo de atribuir termos ou códigos de


indexação a um registro ou documento, termos ou códigos esses que serão úteis, posteriormente, na recuperação do documento ou registro” (ROWLEY, 2002). A atribuição dos termos (palavras-chave) que irão representar os documentos pode ser feita de forma intelectual ou manual, ou seja, realizada por seres humanos que elegem, com base num julgamento subjetivo, termos capazes de representar as informações; ou pode ser feita também automaticamente por computador que seleciona, por meio de um conjunto de instruções programadas previamente, termos mais freqüentes capazes de representar os documentos (ARAUJO JÚNIOR, 2007). O armazenamento é a forma como os SRI guardam suas informações para posteriormente serem recuperadas, e utiliza o próprio computador para armazenar tanto os arquivos de documentos como para manutenção das bases de dados (ROWLEY, 2002). A recuperação consiste na etapa mais importante dos SRI, mas que depende muito das outras etapas. Como afirma Araújo Júnior (2007), “a recuperação da informação se dá pela comparação do que se solicitou com o que está armazenado. Este processo possui como elementos vitais a indexação e o armazenamento”. Segundo Rowley (2002), a recuperação envolve três etapas: 

Aceitação de uma consulta como uma representação da necessidade de informação, formulada pelo usuário;

Execução de uma comparação da consulta com os registros existentes na base de dados, de forma a recuperar aquilo que atenda a necessidade do usuário;

Produção como resultado a ser fornecido ao usuário, de um conjunto de registros recuperados e que foram identificados com base nessa comparação.

Para que o usuário tenha acesso à informação desejada é importante que ele possua uma boa interação com o sistema. Esta interação ocorre através da consulta ou busca que é a maneira de expressar sua necessidade ao sistema.


A busca pode ser realizada de duas maneiras: através da Recuperação onde o usuário expressa sua necessidade ao sistema em forma de questões ou palavras-chave; ou através da navegação onde o usuário não propõe uma questão ao sistema, mas navega (browsing) por categorias e entre os documentos em busca de informações pertinentes, essa navegação pode ser realizada através dos modelos estruturado, Plano ou hipertextual. Para cada um desses modos existem modelos específicos. Os SRI exercem sua função de forma satisfatória quando permitem a boa interação do usuário com o sistema permitindo a recuperação de informações relevantes de acordo com a necessidade do usuário, evitando o excesso de informações não desejadas. 3. THESAURUS As Linguagens Documentárias, mais especificamente o Tesauro, são uma designação de um instrumento utilizado para organização, indexação e recuperação da informação, podem ser de grande ajuda tanto na indexação dos termos que irão compor a base de dados, efetuando o controle terminológico, como na recuperação mais eficaz da informação. O Tesauro surgiu da necessidade de manipular grandes quantidades de documentos especializados. Era preciso trabalhar com um vocabulário mais específico e com uma estrutura mais depurada do que aquela presente nos cabeçalhos de assuntos (remissivas e referências cruzadas, por exemplo: ver também). Assim, além da especificidade, cuidou-se de melhorar a estrutura, e as referências cruzadas deram lugar às relações hierárquicas (vertical) e associativas (horizontal). Pelo fato desse novo instrumento da documentação possibilitar, através do agrupamento dos termos, o acesso a uma idéia, mesmo sem saber nomeá-la. (GOMES, 1990, p. 16) No início da década de 70, através do programa UNISIST (UNESCO, 1973, p. 6), passou-se a definir o tesauro sob dois aspectos:


a) Segundo a estrutura: é um vocabulário controlado e dinâmico de termos relacionados semântica e genericamente cobrindo um domínio específico do conhecimento. b) Segundo a função: é um dispossitivo de controle terminológico usado na tradução da linguagem natural dos documentos, dos indexadores ou dos usuários numa linguagem do sistema (linguagem de documentação, linguagem de informação) mais restrita. Podemos considerar os Tesauros, segundo Gomes (1999), como Linguagens.. Podemos considerar os Tesauros, segundo Gomes (1999), como Linguagens Documentárias por serem constituídos de termos de um domínio e as relações entre estes termos. O termo presente na linguagem do Tesauro são os termos habilitados para indexação, sendo assim, não são termos de linguagem natural. Representam um signo verbal que designa um referente, ou em um nível maior de abstração, um conceito. O controle terminológico feito pelo Tesauro consiste na adoção de descritores que são os termos eleitos para representarem os conceitos, ou seja, os termos preferidos para a indexação denominam-se descritores. Os termos não-descritores são os termos não habilitados para indexação e recuperação da informação, mas que podem orientar o usuário na recuperação do seu documento orientando-o para o termo mais adequado. Além desses, existem ainda termos denominados identificadores e modificadores: os identificadores representam conceitos individuais; os modificadores são os termos que não são utilizados isoladamente, e que possuem a função de esclarecer ou limitar o significado de descritores. Os qualificadores são um tipo de modificador utilizado para diferenciar homônimos. Segundo (MIRANDA, 1990), os Tesauros apresentam três tipos de relações: a) Relação de equivalência: estabelece-se entre termos que representam o mesmo conceito, ou seja, entre termos sinônimos ou equivalentes. Esses


termos são incluídos no Tesauro, mas apenas um deles será o descritor, os outros termos serão considerados não-descritores. Essa relação é expressa pelos símbolos, na língua inglesa, USE e UF (usado para). b) Relação hierárquica: demonstra os graus de superordenação e subordinação entre os conceitos. O termo superordenado (termo genérico - BT) representa o conceito mais abrangente, do qual o termo subordinado (termo específico - NT) é uma parte ou tipo. Representa-se esta relação através dos símbolos, na língua inglesa, BT e NT. c) Relação associativa: ocorre entre termos que não são equivalentes nem formam uma hierarquia, mas são tão associados que se deve tornar esta ligação explícita no tesauro para auxiliar na recuperação da informação. O símbolo RT, na língua inglesa, representa esta relação. O uso de categorias para o enquadramento de conceitos permite uma melhor organização das hierarquias e um posicionamento mais adequado dos termos associados aos conceitos. Sua aplicação na organização de conceitos em uma determinada área de interesse foi introduzida por Ranganathan no âmbito da documentação, a partir de sua teoria da classificação facetada, na qual utiliza a noção de categoria para a análise dos assuntos contidos nos documentos. Segundo Solto (2003) a Indexação pode deixar de usar de utilizar-se de um termo porque o sistema não o permite, recomendando o uso de outro. Caso o pesquisador faça uma busca pelo termo não aceito, certamente não encontrará o documento indexado. Se por ventura o pesquisador consultar o tesauro, ele terá maiores chances de encontrar o documento e ainda poderá visualizar outras formas para pesquisa. O uso do Tesauro nos Sistemas de Recuperação da Informação é sem dúvida uma estratégia que muito pode ajudar na recuperação da informação, pois além do controle terminológico permitem buscas com o nível de especificidade exigida pelo usuário e sistematizado no Tesauro. Acolá, permitir ao usuário, mesmo sem saber o termo específico de que necessita ser possível através do Tesauro encontrá-lo,


devido a sua estrutura hierárquica em que os termos estão relacionados, orientando-o para o assunto que deseja ou para outro mais pertinente. 4. METODOLOGIA A metodologia foi dividida em duas etapas. A primeira consiste de uma pesquisa explicativa de base qualitativa, que objetiva trazer a explicação de prováveis relações existentes entre variáveis (KAHLMEYER-MERTENS, 2007), como procedimento técnico foi realizado uma revisão de literatura, análise e discussão, baseada em artigos, teses, dissertações e livros, que versem sobre SRI e Tesauros, com o objetivo de servir de base para a construção de uma linguagem documentaria e evidenciar a sua efetiva utilização no auxilio a indexação e recuperação de informações. Para a segunda etapa, onde foi realizada a construção do tesauro, o primeiro procedimento foi delimitar o assunto escolhendo dentro da área do conhecimento de Arquitetura e Urbanismo na página da Propesq2, o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano (MDU). A etapa seguinte foi realizar uma pesquisa na Base de Dados da BDTD da Universidade Federal de Pernambuco adquirindo uma amostragem de cento e doze teses e dissertações, da área eleita para servir de modelo a construção do tesauro. Em seguida, foi concretizado um levantamento de todas as palavras-chaves encontradas nos artigos para posteriormente ser realizado uma triagem através da ordem de freqüência em que apareciam, selecionando assim, os termos compreendidos como de maior relevância para ser incorporados como linguagem controlada. Para a finalização desta etapa foi aplicado um programa OGMA3, que funciona como ferramenta de análise de texto e permite a apuração da quantidade de ocorrência das palavras no texto.

__________________________________ 2

http://www.propesq.ufpe.br/

3http://www.luizmaia.com.br/ogma/


Outros termos foram incorporados à construção da linguagem controlada sendo extraídos de dicionários ou tesauros especializados na área de arquitetura, sendo pesquisados tanto no formato analógico quanto no digital. Devido à dificuldade em serem localizados todos os descritores selecionados nos passos anteriores, alguns verbetes foram consultados em outras fontes de informação, como as enciclopédias virtuais, a exemplo da Wikipédia 4. Após a obtenção da definição de todos os termos selecionados como descritores, o procedimento seguinte foi o de organizá-los segundo sua hierarquia e associações. Para a execução deste procedimento foi adquirido, pela internet, o programa The W for Java5, um software de código aberto que permite a elaboração de um tesauro virtual ao estruturar os termos, que foram dispostos hierarquicamente de acordo com suas relações através dos códigos, na língua inglesa: BT (termo geral), NT (termo especifico), RT (termo associado), USE e USED FOR. Paralelamente foi sendo confeccionadas algumas ferramentas que podem servir de auxílio ao usuário que for consultar um tesauro, como uma lista alfabética (glossário), com todos os termos considerados como descritores, um mapa conceitual e uma lista hierárquica. 5 RESULTADOS Como resultados foram elaborados duas listas de termos controlados, uma alfabética e outra hierárquica, que tem a função de servir como ferramenta para orientar tanto o usuário a respeito dos descritores empregados na representação temática dos documentos inseridos na área de arquitetura e urbanismo do programa de Pós-Graduação da BDTD-UFPE, como para auxiliar o indexador no emprego da linguagem controlada adotada pela instituição.

__________________________________ 4http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil 5http://publish.uwo.ca/~craven/freeware.htm


Esta idéia é apresentada por Bruzinga; Maculan e Lima (2007) ao afirmar que na linguagem controlada, é utilizada uma lista de termos escolhidos, que possui a função de só admitir uma forma de interpretação, possibilitando uma maior padronização e rigor na utilização de termos. Na lista alfabética estão presentes os relacionamentos entre os conceitos dos descritores, dispostos antes dos termos e apresentados através dos códigos: 

BT – para o Termo Geral;

NT – para o Termo Específico;

RT – para o Termo Relacionado;

USE – para o Termo Preferido.

UF – para o Termo não Preferido

A utilização destes indicadores tem a vantagem de orientar o usuário a respeito do grau de abrangência sobre o assunto que está sendo pesquisado, servindo como referencial para que seja consultado um termo mais geral, específico ou mesmo relativo, permitindo que a pesquisa avance através de um descritor mais adequado a sua necessidade informacional, como podemos observar no quadro abaixo: Lista alfabética

NT Projeto arquitetônico USE Propriedade privada RT Restauração da edificação TG Teoria da arquitetura


Outro mecanismo organizado, em virtude das pesquisas realizadas, foi um glossário de um thesaurus arquitetônico formado por 49 verbetes. Cada verbete representa um descritor (ou orienta para o termo preferido, quando se tratar de um mal-descritor) empregados na representação temática juntamente com um breve comentário, que pode ser conferido no quadro Glossário. Glossário E EDIFICAÇÃO –

Ação de edificar, de levantar; construção

EDIFICAÇÕES PRIVADAS USE PROPRIEDADE PRIVADA EDIFICAÇÕES PÚBLICAS USE ESPAÇO PÚBLICO ESCOLA PUBLICA – A escola como extensão do Estado, como um serviço público que o Estado constitucionalmente é obrigado a prestar ESPAÇO PÚBLICO UF EDIFICAÇÕES PÚBLICAS – É considerado como aquele que, dentro do território urbano tradicional (especialmente nas cidades capitalistas, onde a presença do privado é predominante), seja de uso comum e posse coletiva (pertence ao poder público). A rua é considerada o espaço público por excelência.


Ainda foi desenvolvido um mapa-conceitual como forma de representar, graficamente em duas dimensões, os termos estabelecidos na linguagem controlada, assim como suas relações que estão destacadas por meio de campos e setas coloridas, obedecendo à legenda: 

Em laranja está o TÍTULO;

Em amarelo está o BT;

Em vermelho está o NT;

Em verde está o NT do NT;

Em azul está o RT;

Em roxo está o USE

Mapa Conceitual


Os elementos apresentados: lista alfabética de descritores; lista estruturada hierarquicamente; mapa conceitual; glossário do thesaurus de arquitetura, todos funcionam como mecanismos de auxílio ao usuário na realização da recuperação da informação e podem ser apresentados ao usuário da biblioteca tanto no formato analógico como no digital, utilizando-se o programa The W for Java foi desenvolvido através dos materiais apresentados um Tesauro de Arquitetura em Formato Digital, como ilustrado abaixo: Tesauro de Arquitetura em Formato Digital

A estrutura esta apresentada na figura Tesauro de Arquitetura no Formato Digital, e percebe-se que os descritores não são acompanhados de uma nota explicativa, pois os termos: possuem significados suficientemente precisos e unívocos; não são novos e nem pouco freqüentes na literatura; nem há intenção de restringir o campo conceitual do termo. A forma dos descritores segue a padronização do vocabulário orientada pelos critérios: a) Usar os descritores no singular, como recomenda a versão francesa da ISSO 2788. O plural pode ser utilizado, se o singular não exprimir a significação adequada do termo. Ex: Edificações Públicas. b) Usar os descritores na língua original, quando for mais conhecido e


freqüentemente utilizado nesse idioma. c) Usar preferencialmente a sigla de uma instituição ou evento, remetendo o nome completo para a sigla. Ex: CPC (UF Centro Popular de Cultura). d) Existem descritores, que fazem parte das categorias gerais do conhecimento, e os que fazem parte das áreas de especialização, que só adquirem sentido no vocabulário por meio da pós-coordenação. Ex: Edificação e Urbanismo. A pré-coordenação esta sendoadotada somente quando se faz necessário maior precisão e objetividade na busca da informação. Ex: Edificações Privadas. 6. CONCLUSÃO Algumas das competências do bibliotecário estão relacionadas com as técnicas de indexação, de elaboração, uso e acompanhamento das linguagens documentárias. Portanto, é de responsabilidade do bibliotecário a inserção de novos termos para que o Tesauro fique sempre atualizado de acordo com a evolução linguística inerente a todas as áreas. Sendo assim, o profissional da informação por compreender a estrutura do Tesauro deve assumir o compromisso de auxiliar e orientar o usuário, objetivando otimizar os resultados de uso desta ferramenta. Apresentam-se como uma das dificuldades encontradas na elaboração do Tesauro voltado para o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano, o processo de seleção dos termos e a determinação do grau de hierarquia existente entre eles. Como causa dos problemas no desenvolvimento do Tesauro, é apontado o desconhecimento inicial das terminologias utilizadas na área, pois fazem parte de um conhecimento específico de uma determinada área do conhecimento. Portanto, é fundamental que o profissional antes de iniciar a construção de um Tesauro, procure se familiarizar com os termos peculiares da área que será abordada. Tornando-se de grande ajuda a realização de um curso teórico sobre o assunto, ou a obtenção de auxílio de consultoria por parte de um profissional capacitado na área. Uma das vantagens da aplicação do Tesauro por uma instituição é a


orientação fornecida ao usuário pela própria estrutura hierárquica, que vai encaminhando-o para o termo mais conveniente, permitindo assim que ele chegue ao documento desejado, mesmo que não se saiba o termo específico que o SRI utiliza. Além disso, proporciona ao usuário a visão hierárquica de um domínio específico, permitindo que o usuário possa escolher o nível de especificidade da sua busca, dentro das possibilidades da sistematização do Tesauro. O tesauro pode ser utilizado como um instrumento de grande importância para os SRI, pois auxilia tanto na indexação dos termos que irão compor a base de dados, proporcionando um controle terminológico, como em uma recuperação mais precisa, de forma a satisfazer a necessidade informacional do usuário por meio de informações relevantes. O ideal é que os SRI possuam um tesauro que propicie ao usuário conhecer como está organizada a informação, quais termos foram utilizados para indexação, auxiliando no refinamento da busca, através da formulação de uma consulta mais especifica que atenda a necessidade do usuário.

REFERÊNCIAS ARAUJO JUNIOR, R. H. de. Precisão no processo de busca e recuperação da informação. Brasília: Thesaurus, 2007. GOMES, H. E. Manual de elaboração de tesauros monolíngues. Brasília: Programa Nacional de Bibliotecas das Instituições de Ensino Superior, 1990. 78 p. GONZALEZ, M.; LIMA, V. L. S. Recuperação de informação e processamento da linguagem natural. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO, 23., 2003, Campinas. Anais da Jornada de Mini-Cursos de Inteligência Artificial, 3. Campinas: [s.n.], v. 3, p.347-395. GUEDES, V. Estudo de um critério para indexação automática derivativa de textos científicos e tecnológicos. Ciência da Informação, Brasília, v. 23, n. 3, p. 318-326, set./dez. 1994. KAHLMEYER-MERTENS, et al. Como elaborar projetos de pesquisa: Linguagem e


método. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007. (coleção FGV Pratica) LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. ver. atual. Brasília: Briquet de. Lemos, 2004. LE COADIC, Y. F. A Ciência da Informação. tradução de Maria Yêda F. S. de Filgueiras Gomes. Brasília: Briquet de Lemos, 1996 MIRANDA, L. M. C.; MEDEIROS, M. B.; SUJII, M. K. Elaboração de tesauros utilizando-se o programa de elaboração de tesauros em microcomputador (Tecer). Bibliotecon. Brasília, v. 18, n. 2, 1990. Disponível em: <http://164.41.105.3/porta.../RBB/article/view/649/646>. Acesso em: 29 maio 2010. ROGET, P. M. Thesaurus of English words and phrases. New York: Longmans, 1925. 691p. ROWLEY, J. A biblioteca eletrônica. Brasília: Briquet de Lemos, 2002. SOUTO, L. F. Recuperação de informação em bases de dados: usos de tesauro. Transinformação, Campinas, v. 15 n. 1, jan./abr., 2003. UNESCO. Guidelines for the establishment and development of monolingual thesauri. [s.n.t]. 37p. WALTER, M. T. M. T. Identidades, valores e mudanças: o poder da identidade profissional:... Em Questão, Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 287-299, jul./dez. 2004.


SELEÇÃO DE DESCRITORES PARA A INDEXAÇÃO AUTOMÁTICA DE TESES E DISSERTAÇÕES DA UFPE Remi Correia Lapa Universidade Federal de Pernambuco. Graduando em Biblioteconomia. rmcrlp@gmail.com Renato Fernandes Corrêa Universidade Federal de Pernambuco. Doutor em Ciência da Computação. renato.correa@ufpe.br

Resumo: Este artigo visa colaborar para a seleção de termos relevantes como descritores na indexação automática de teses e dissertações, processo importante na construção de um Sistema de Recuperação de Informação para a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFPE (BDTD-UFPE). A metodologia consta de revisão de literatura sobre indexação automática, levantamento e análise sobre palavras irrelevantes (stopwords) na indexação de textos em português, além de estudo e aplicação das leis e princípios da bibliometria na indexação de teses e dissertações da BDTD-UFPE, especificamente a primeira e segunda lei de Zipf e o Ponto de Transição (T) de Goffman, cujos focos de estudo são as „palavras‟. Percebe-se que cada instituição adota uma lista de palavras irrelevantes, portanto é importante que se construa para a BDTD-UFPE uma lista específica avaliando os descritores que não venham a atender suas necessidades. Conclui-se que: o emprego de uma lista de stopwords aumenta o coeficiente de precisão na seleção de bons descritores; a aplicação da bibliometria na indexação automática gera bons resultados para alguns documentos, entretanto ainda se torna imprescindível a intervenção humana para uma melhor indexação. Palavras-chave: Indexação Automática. Sistema de Recuperação de Informação. Stopwords. Lei de Zipf. Ponto de Transição de Goffman.


1. INTRODUÇÃO A importância do presente trabalho está fundamentado no valor que a informação vem adquirindo ao longo dos anos, tornando-se um produto de extremo valor para as instituições, fato corraborado por Araújo Júnior (2007) ao comentar que qualquer organização nos dias de hoje tem seus métodos e processos, bem como a sua ação administrativa, amplamente apoiados na gestão do seu fluxo informacional. Ainda de acordo com Araújo Júnior (2007), algumas instituições têm demonstrado interesse e preocupação em investir em tarefas relacionadas ao processamento da informação, como: a indexação, armazenamento e recuperação. Estes três elementos formam, na opinião de Rowley (2002), as principais etapas na construção de um Sistema de Recuperação de Informação (SRI). Lancaster & Warner (1993), p.45 apud Souza (2006) cita que as tarefas de um SRI são: aquisição e armazenamento de documentos; organização e indexação; e distribuição e disseminação aos usuários. Destas etapas, a indexação hoje pode ser compreendida como um processo essencial para que se realize uma recuperação mais eficiente pelo usuário (Lancaster 2004), permitindo que sejam retornados como resultado de uma busca num SRI documentos úteis para satisfazer a uma determinada necessidade informacional, em detrimento da recuperação de itens inúteis. Deste modo, melhorias no processo de indexação dos documentos permitem um melhor suporte na recuperação da informação. As investigações por melhoramentos no processo de recuperação da informação, conforme comunica Araújo Júnior (2007), têm levado a uma série de pesquisas sobre a utilização da indexação automática. De acordo com Lancaster (2004), indexação automática é o processo que ocorre quando o computador é utilizado para substituir, em certa medida, a indexação manual ou intelectual realizada por um indexador. Entre os estudos sobre indexação automática, destacamos o trabalho de Lapa e Corrêa (2010) no levantamento de ferramentas para indexação automática, e


os trabalhos de Mamfrim (1991); Robredo (1991); e Guedes (1994), nos estudos bibliométricos aplicados às palavras. Estes estudos estão voltados para melhorar a eficácia dos programas que realizam a indexação automática, objetivando torná-los tão eficientes quanto à indexação manual. Uma ferramenta muito utilizada no processo da indexação automática é a lista de stopwords ou palavras irrelevantes, denominada stoplist. É aplicada visando diminuir a representação do texto, ao descartar as palavras consideradas irrelevantes, evitando que elas sejam selecionadas como descritores de um documento, pois não apresentam conteúdo semântico que ajude na recuperação dos mesmos. A bibliometria apresenta diversas leis e princípios, entretanto os que interessam ao estudo deste trabalho são: as leis de Zipf e o ponto de transição (T) de Goffman, ambos com aplicações na indexação automática de artigos científicos. Este artigo visa contribuir com métodos para a seleção e utilização de termos relevantes na indexação automática de teses e dissertações, processo importante na construção de um Sistema de Recuperação de Informação para a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFPE (BDTD-UFPE). 2. REVISÃO DE LITERATURA Na subseção 2.1 serão apresentados os conceitos relacionados à indexação automática de documentos; em seguida, na subseção 2.2 serão apresentadas ferramentas que auxiliam na indexação automática com ênfase no entendimento sobre as listas de stopwords; seguindo adiante, na subseção 2.3 será explodo o estudo e possíveis aplicações das leis e princípios da bibliometria na idexação automática de documentos, porém sem levar em conta o contexto da BDTD-UFPE e das teses e dissertações, tal contexto será explorado na seção resultados.


2.1 Indexação automática A função do indexador é o de representar o assunto de um documento por meio da aplicação de termos, as palavras-chave. Lancaster (2004) apresenta sua compreensão da função do indexador, como sendo aquele que descreve o conteúdo temático do documento empregando um ou vários termos, comumente selecionados de algum tipo de vocabulário controlado. A esta forma de indexar, realizada pela ação do homem, nomeia-se indexação manual ou indexação intelectual. Apenas quando esta análise e extração de conceitos é realizada por programas de computador (neste caso o texto precisa estar em formato eletrônico) é que ocorre a indexação automática. Como se pode observar na definição de indexação automática de Santos e Ribeiro (2003), que a apresenta como sendo aquela onde o computador efetua a extração de palavras, expressões ou radicais de palavras utilizadas para representar o conteúdo do texto como um todo. Opinião semelhante possui Araújo Júnior (2007) ao descrever a indexação automática como sendo qualquer procedimento que permita identificar e selecionar os descritores que representam o assunto dos documentos sem a intervenção direta do homem. Segundo Lancaster (2004), existe duas formas de indexação automática: 

A indexação automática por extração – ocorre quando o documento é indexado por um programa que adota critérios de freqüência, posição e contexto com que as palavras aparecem no decorrer do texto para então extraí-las como descritores. Para obter os descritores, o programa obedece algumas regras como, por exemplo: eliminar os termos contidos na lista de stopwords, impossibilitando-os de se tornarem descritores. A desvantagem da utilização deste tipo de indexação está na possibilidade de obter descritores inadequados para representar o assunto abordado no documento.


A indexação automática por atribuição – consiste numa representação temática por meio de termos selecionados de um vocabulário controlado (tesauro ou lista alfabética). Mais complexa de ser executada pelo computador, por necessitar de mais sensibilidade em perceber e atribuir o termo mais adequado como descritor. O modo de ser realizada por programas de computador é desenvolver, para cada termo a ser indexado um

“perfil”

de

palavras

ou

expressões

que

costumam

ocorrer

freqüentemente nos documentos. Esse tipo de perfil, por exemplo, para o termo chuva ácida. Incluiria expressões como chuva ácida, precipitação ácida, poluição atmosférica, dióxido de enxofre, etc. Mas segundo O´Connor (1965) apud Lancaster (2004), um dos problemas pode ser exemplificado na dificuldade do computador em atribuir o descritor, TOXICIDADE, ao texto: „ dois dias depois de a substância haver sido ingerida surgiram diversos sintomas‟ e que poderia facilmente ser percebida por um indexador humano. 2.2 Ferramentas para indexação automática Existem vários mecanismos utilizados para auxiliar na execução da indexação automática. Como constatam Lapa e Corrêa (2010), tais mecanismos estão relacionados à realização de operações sobre o texto de cada documento, com a intenção de obter uma lista de termos abrangente o suficiente para abordar todos os assuntos dos documentos. Para Baeza-Yates (1999) apud Gonzalez & Lima (2003), as principais operações, que auxiliam na redução da lista de termos, são: análise léxica – que elimina dígitos, pontuação, etc.; eliminação de stopwords – artigos, preposições, pronomes, conjunções e alguns adjetivos e advérbios; operação de stemming – que reduz a palavra ao seu radical; seleção de termos de indexação – determina as palavras que são empregadas como elementos de indexação (os substantivos são


mais representativos).


Operações sobre o texto

Fonte: Adaptada de Baeza-Yates (1999) apud Gonzalez & Lima (2003) Segundo Lapa e Corrêa (2010), para dar suporte às operações sobre o texto, existem ferramentas específicas para indexação automática como: os parsers (análise léxica); os taggers (etiquetadores); as listas de stopwords; e os stemmers (radicalizadores). Segundo Miorelli (2001) apud Souza (2005), as operações sobre o texto podem ser percebidas e tratadas de forma sintática, onde a forma será privilegiada; ou semântica, quando o significado das palavras é o elemento importante. Sendo fundamental levar em consideração as terminologias empregadas pelos usuários que praticarão a pesquisa, pois do contrário teriam dificuldade em realizar o processo de busca, tornando o SRI pouco eficiente. Das ferramentas utilizadas para melhorar a eficácia da indexação automática, este trabalho se propõe a pesquisar a aplicação das listas de stopwords no processo de seleção de descritores. Conforme o conceito de Baeza-Yates (1999) apud Gonzalez e Lima (2003), as stopwords são palavras operacionais, como artigos, pronomes, conjunções, preposições e alguns adjetivos e advérbios. Robredo (1991) apresenta como sinônimo para stopwords, a nomenclatura de palavras vazias (de significado). Portanto, compreendemos stopwords como sendo palavras que não são consideradas bons descritores, isto é palavras irrelevantes, visto que, seu emprego ocasionaria na recuperação de uma quantidade enorme de documentos inúteis, obrigando ao usuário consumir um tempo maior do que o necessário para localizar as informações


relevantes causando desta forma um contratempo desnecessário. Esta situação acontece quando palavras que são aplicadas repetidamente no texto e não possuem sentido semântico são indexadas. A solução parece ser simples, todas as stopwords devem ser eliminadas. Porém, existe um problema, um termo pode ser insignificante como descritor para uma instituição e extremamente importante para outra. Portanto, as listas de palavras irrelevantes (stoplists) devem ser produzidas observando-se a necessidade da instituição que ela se propõe atender. Gonzalez e Lima (2003) apresentam outra desvantagem quanto a sua utilização ao afirmar que com tal eliminação, corre-se o risco de perder a estrutura composicional de expressões. 2.3 Bibliometria De acordo com Guedes e Borschiver (2005) o conceito de bibliometria está atrelado a um conjunto de leis e princípios empíricos que contribuem para estabelecer os fundamentos teóricos da Ciência da Informação, abordando diversos focos de estudo, como: periódicos, autores, palavras, citações e demanda de informação, permitindo que sejam aproveitadas em diferentes situações. Entretanto, existe um elemento comum às leis e princípios bibliométricos apresentada por Pao (1989) apud Guedes e Borschiver (2005) no que se refere à aplicação de procedimentos matemáticos e estatísticos para investigar e quantificar os processos de comunicação escrita. Para este trabalho interessam as Leis bibliométricas de Zipf e Goffman, pois possuem focos de estudo voltados para a freqüência das palavras do texto, sendo aplicadas principalmente na indexação automática de artigos científicos e tecnológicos. Segundo Vanti (2002), a Lei de Zipf, também conhecida por Lei do Mínimo Esforço, consiste em medir a freqüência de ocorrência das palavras, gerando uma lista ordenada de termos. Mamfrim (1991) demonstra o interesse de Zipf em analisar a alta e baixa quantidade de ocorrências ao apresentar a Primeira Lei de Zipf operando


em relação às palavras que tem alto número de repetições e a Segunda Lei para as de baixa repetição, esta última aperfeiçoada por Booth passou a ser conhecida como Lei de Zipf-Booth. Guedes e Borschiver (2005) observaram que a Lei que opera sobre as palavras repetidas várias vezes, atuando num texto suficientemente longo, produz uma relação entre a freqüência em que uma dada palavra ocorre e sua posição na lista de palavras ordenadas segundo sua freqüência de ocorrência (rank). Zipf, de acordo com Guedes (1994), verificou uma constante (c) formada pelo produto da ordem de série das palavras (r) por sua freqüência (f), enunciando a fórmula: c = r. f Guedes (1994) anuncia que a lei de Zipf-Booth, trata das várias palavras de baixa freqüência de ocorrência que aparecem o mesmo número de vezes, e pode ser obtida através da expressão matemática em que L1 corresponde ao número de palavras que têm freqüência igual a um; Ln, o número de palavras com freqüência n; e sendo o 2 uma constante atribuída à língua inglesa.

Conforme Pao (1979) apud Mamfrim (1991), Goffman percebeu que deveria existir um ponto de transição entre as palavras de alta e baixa freqüência. Ao redor deste ponto é que seriam encontradas as palavras mais significativas para representar o conteúdo temático do texto. Guedes (1994) apresenta a fórmula do ponto de transição de Goffman como:

De acordo com Quoniam (1992), existem três zonas no gráfico elaborado através da curva de Zipf, que podem ser vistas na figura abaixo: zona I – localizam-se


os temas centrais da análise bibliométrica; zona II – apresenta ora os termos periféricos, ora a informação potencialmente inovadora; zona III – possui termos não desenvolvidos como descritores. Zonas de distribuição

Fonte: Baseado em Quoniam, 1992. 3 METODOLOGIA Foi realizada uma revisão de literatura sobre indexação automática, através da coleta, seleção e leitura de livros, artigos de periódicos científicos e literaturas cinzentas (monografias, teses e dissertações) encontradas em bibliotecas da UFPE ou disponíveis na internet. Esta revisão de literatura foi apresentada na seção 2. Paralelamente ao estudo da indexação automática de documentos textuais, foi sendo realizado o levantamento das stoplists (listas contendo termos que não devem ser aplicados na indexação automática de textos). A pesquisa ocorreu através da busca de páginas que possuíssem os termos stoplist ou stopwords na URL (endereço eletrônico na internet), em seguida foi elaborada uma planilha constando: a lista de todas URL´s encontradas, juntamente com as respectivas stoplists; e algumas informações sobre o objetivo da organização em utilizar da stoplist; o motivo que a levou a desenvolver a ferramenta; e os softwares relacionados. Para a execução da etapa seguinte optou-se por trabalhar com o programa extphrj2, uma ferramenta para análise de texto, de código aberto, com o objetivo de


obter uma lista das palavras ordenadas juntamente com sua respectiva freqüência de ocorrência dos resumos de teses e dissertações da BDTD-UFPE. Nesta etapa trabalhou-se com dez resumos escolhidos aleatoriamente: quatro são da área de conhecimento da Teoria Literária; um de Lingüística; um de Letras; um de Comunicação; dois de Desenho Industrial; e um de Biologia Geral. Ainda consta do processo metodológico revisão de literatura e aplicação das leis e princípios da bibliometria, especificamente a primeira e segunda lei de Zipf e o Ponto de Transição (T) de Goffman, na indexação das teses e dissertações da BDTD-UFPE. No entanto, a aplicação da operação matemática para calcular o Ponto T de Goffman foi modificada, pois se percebeu que a fórmula precisava ser adaptada para a língua portuguesa. Modificando-a, chegou-se a seguinte expressão matemática:

Estabeleceram-se os critérios: de utilizar todos os descritores localizados acima do valor correspondente ao Ponto T; e selecionar todos os termos contidos entre o ponto T e um deslocamento da freqüência de quatro posições em relação ao valor do Ponto T. Por exemplo, para um resultado em que o Ponto T corresponda a nove, serão selecionados todos os termos repetidos cinco vezes até os termos localizados na alta freqüência de ocorrência, equivalendo às zonas I e II, descritas por Quoniam. No momento posterior foram calculados os coeficientes de precisão e revocação na escolha dos descritores na indexação automática das teses e dissertações selecionadas. Utilizou-se como parâmetro de referência para cálculo dos coeficientes as palavras-chave empregadas nos campos assunto das teses e dissertações, este cálculo foi efetivado em dois momentos: com e sem a eliminação de stopwords. Na definição de Lancaster (2004), o coeficiente de precisão é a relação entre itens úteis e o total de recuperados, e o coeficiente de revocação a relação entre os itens úteis recuperados e o total de itens úteis existentes.


4 RESULTADOS Tendo como propósito aplicar as stopwords no sistema de busca da BDTD-UFPE, foi realizado um levantamento de oito URL´s de instituições criadoras e mantenedoras destas ferramentas para o português, que podem ser averiguadas na tabela a seguir:

Analisando a tabela das listas de palavras irrelevantes, constata-se a existência de pesquisas voltadas para o estudo de stopwords para a língua portuguesa, com duas URL´s apresentando este perfil: a Linguateca, que possui como missão, promover a existência, discussão, avaliação, distribuição e manutenção de


recursos relacionados com o processamento lingüístico do português; e o blog do pesquisador Brasileiro Stanley Loh, que investiga técnicas, ferramentas, aplicações, exemplos e mecanismos de recuperação de textos. Percebe-se também a existência de um fórum envolvido em promover o acesso à informação multilíngüe, o Clef, que tem as línguas européias como foco das discussões. Bem como a existência de dois projetos relacionados a softwares para recuperação de informação: o Snowball e o PDLib. Para finalizar, existem empresas empenhadas em estudos destinados a recuperação da informação para comercializar serviços e produtos, como é o caso: da Oracle, que atua desde os anos 70; e da Ranks, especializada em desenvolver e oferecer serviços para webmasters. Construiu-se através da utilização do programa extphrj o quadro de Freqüência das palavras irrelevantes, que possibilitaram analisar que as stoplists contêm grupos de palavras em comum, porém são muitas as palavras que as diferenciam. Percebe-se que as palavras apresentadas com maior número de ocorrências são derivações dos verbos de ligação: ter, estar e ser, além da conjunção aditiva „e‟.


Outros detalhes chamam a atenção: apesar de terem sido analisadas oito listas, quatro palavras foram apontadas com o índice de nove ocorrências, o que sugere que em alguma das listas algumas palavras apareceram repetidas; além de ter-se constatado à presença de palavras escritas de forma incorreta, como „dezassete‟ e „promeiro‟, originando lista de palavras sem qualquer significado para serem aplicadas nos textos em português. É importante frisar que uma grande parte das palavras que compõem o grupo de baixa freqüência na tabela acima, tem que ser vistas com cautela quanto a sua utilização como stopwords, pois muitas não são irrelevantes para a busca de uma tese ou dissertação, como por exemplo, os substantivos „filme‟ e „empresas‟, e nomes próprios. A tabela a seguir, rotulada Resultados para cada texto da BDTD-UFPE, mostra os resultados observados da aplicação do Ponto T de Goffman juntamente com as Leis


de Zipf, nos textos selecionados em dois momentos: sem e com a eliminação das stopwords. Na aplicação sem a eliminação das palavras irrelevantes observa-se baixos valores de precisão para todos os textos; já na aplicação com a remoção das palavras irrelevantes, observa-se uma elevação do percentual da precisão para todos os textos, levando a uma média de precisão três vezes maior, fato este melhor visualizado no gráfico abaixo. Média do Coeficiente de Precisão e Revocação

Assumindo a seguinte codificação de valores dos coeficientes em categorias: desempenho bom para valores maiores que 50%; desempenho satisfatório para valores no intervalo de 35 a 50%; e desempenho ruim para valores menores que 35%. Observa-se que em média, o nível de revocação foi satisfatório, e o nível de precisão foi ruim sem a remoção de stopwords e bom com a remoção de stopwords. Resultados para cada texto da BDTD-UFPE


Realizando uma análise individual, constatou-se que os textos 4 e 5 tiveram baixos coeficientes de revocação, causados pela baixa repetição de palavras consideradas bons descritores no resumo. Percebe-se que o deslocamento de freqüência ideal para estes textos seriam cinco, pois abordariam um maior número de termos relevantes, melhorando o coeficiente de revocação no texto 4, de 18% para 50%, e no texto 5, de 12% para 38%. Entretanto, haveria uma redução nos valores do coeficiente de precisão (com a remoção das stopwords), obtendo-se no texto 4, o índice de 46% e no texto 5, o valor de 19%. Observou-se também que a utilização de termos isolados nas palavras-chave e a baixa freqüência destas no resumo seria a causa para que o texto 8 obtivesse um resultado baixo quanto ao coeficiente de revocação. O coeficiente de precisão 100% presente nos textos 1, 3 e 6 é em decorrência da presença apenas de bons descritores no resultado após a eliminação das stopwords, porém não foram selecionados todos os bons descritores conhecidos, como podemos constatar nos valores moderados de revocação. 5 CONCLUSÃO Existe uma relação muito forte entre o processo de indexação e o serviço de recuperação da informação. Na medida em que há um melhoramento na realização da indexação, ocorre automaticamente uma maior qualidade e eficácia na recuperação da informação, já que sendo os descritores selecionados para representar o conteúdo de um dado documento não coerentes, certamente não será recuperado com facilidade, fato que comprometerá o processo como um todo. Para tornar a indexação automática cada vez mais eficiente melhorando desta forma a recuperação da informação este trabalho investigou métodos para a seleção de termos relevantes. É imprescindível que cada instituição adote sua lista de stopwords, adequando-a a sua necessidade, visto que, uma palavra que pode ser entendida como


mal descritor, pode vir a ser um importante descritor para outra instituição que atua em uma realidade diferente. A aplicação das stoplists na seleção de descritores proporciona um aumento na seleção de bons descritores dentro do total de descritores recuperados, melhorando a precisão. Os estudos sobre as Leis de Zipf e do Ponto T de Goffman, aplicados em resumos de teses e dissertações da BDTD-UFPE, apresentaram um resultado considerado satisfatório na revocação e bom na precisão, mas este trabalho esta longe de se encerrar, sendo preciso realizar novos estudos que comprovem a eficácia da aplicação da fórmula adaptada do Ponto T, na intenção de atender à comunidade de pesquisadores interessados na indexação automática e recuperação de textos na língua portuguesa. REFERÊNCIA ARAUJO JUNIOR, Rogério Henrique de. Precisão no processo de busca e recuperação da informação. Brasília: Thesaurus, 2007. GONZALEZ, M.; LIMA, Vera L. S. Recuperação de informação e processamento da linguagem natural. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO, 23., 2003, Campinas. Anais da Jornada de Mini-Cursos de Inteligência Artificial, 3. Campinas: [s.n.], v. 3, p.347-395. GUEDES, Vânia. Estudo de um critério para indexação automática derivativa de textos científicos e tecnológicos. Ciência da Informação, Brasília, v. 23, n. 3, p. 318-326, set./dez. 1994. GUEDES, Vânia; Borschiver, Suzana. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica. In: ENCONTRO NACIONAL DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 6., 2005, Salvador. LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. ver. atual. Brasília: Briquet de. Lemos, 2004.


LAPA, Remi Correia; CORRÊA, Renato Fernandes. Indexação automática de teses e dissertações da UFPE. In: ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE TECNOLOGIA, CIÊNCIA E GESTÃO DA INFORMAÇÃO, 1, 2010, Recife. Anais.... Recife, 2010. 1 CD-ROM. MAMFRIM, Flávia P. B. Representação de conteúdo via indexação automática em textos integrais em língua portuguesa. Ciência da Informação, Brasília, v. 20, n. 2, p. 191-203, jul./dez. 1991. QUONIAM, Luc. Inteligência obtida pela aplicação de data mining em base de teses francesas sobre o Brasil. Ciência da Informação, Brasília, v. 30, n. 2, p. 20-28, maio/ago. 2001. ROBREDO, Jaime. Indexação automática de textos: uma abordagem otimizada e simples. Ciência da Informação, Brasília, v. 20, n. 2, p. 130-136, jul./dez. 1991. ROWLEY, J. A biblioteca eletrônica. 2. ed. Brasília: Brinquet de Lemos, 2002. SANTOS, Gildenir Carolino; RIBEIRO, Célia Maria. Acrônimos, siglas e termos técnicos: arquivística, biblioteconomia, documentação, informática. Campinas, SP: Editora Átomo, 2003. SOUZA, Renato Rocha. Uma proposta de metodologia para indexação automática utilizando sintagmas nominais. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 6., 2005, Florianópolis, SC. SOUZA, Renato Rocha. Sistemas de recuperação de informações e mecanismos de busca na web: panorama atual e tendências. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.11, n.2, p. 161-173, mai/ago. 2006. VANTI, Nadia A. P. Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento. Ciência da Informação, Brasília, v. 31, n. 2, p. 152-162, maio/ago. 2002.



PROCESSO DECISÓRIO: IDENTIFICANDO ALTERNATIVAS E EVITANDO ERROS Pietro Santiago Graduando em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do Tribunal de Justiça de Pernambuco. pietrosantiago1@gmail.com

Resumo: Aborda a necessidade de mudança do perfil das empresas assim como os gestores que irão viabilizar estas mudanças, exigindo das organizações mais flexibilidade e capacidade de adaptação ao ambiente ao seu redor, tratando-se do fenômeno da internacionalização das empresas no ambiente competitivo globalizado. Utilizou-se uma metodologia através de revisão de literatura, sendo que o objetivo deste artigo é apresentar teorias, conceitos e praticas do processo de tomada de decisão, em diferentes contextos organizacionais focando a identificação de heurísticas e vieses de julgamento do processo decisório, que muitas vezes influencia os gestores a desviarem-se do julgamento racional para uma realidade irracional levando-os ao erro. Por isso seus resultados parciais mostram que a informação é a estrutura fundamental para competência de geração de conhecimento para o gestor e para a empresa, proporcionando às organizações mudanças necessárias na economia, no processo produtivo, nas relações de trabalho, efetuando-se no crescimento da organização das competências e agilidade decisórias. Palavras-chave: Informação. Inteligência Competitiva. Tomada de Decisão. Organizações. Heurísticas.


Introdução A sociedade pós-industrial, é detentora de uma economia que assume tendências globais, nesse contexto, a informação apresenta-se como capital muito importante igualando-se aos recursos de produção. Atualmente informação não é apenas um entre muitos recursos, ela é a chave para o sucesso no processo de tomada de decisão. Segundo Borges (1995), a Sociedade do Conhecimento destaca o papel da informação no contexto organizacional como recurso essencial para o processo de tomada de decisão que se apresenta não só em maior número, como de forma cada vez mais rápida. A partir deste ambiente de complexidade, é notória a necessidade de mudança do perfil das empresas como também dos gestores que irá viabilizar tais mudanças. Exigem-se das organizações mais flexibilidade e capacidade de adaptação ao ambiente ao seu redor. Tratando do fenômeno da internacionalização das empresas no ambiente competitivo globalizado. A mudança exigida pelo cenário competitivo é gerada a partir da capacitação dos seus recursos humanos, pois tecnologias de ponta sem a presença de gestores, não irá surtir o efeito desejado (aumento da lucratividade). Através de uma revisão de literatura, o objetivo deste artigo é apresentar teorias, conceitos e praticas do processo de tomada de decisão, em diferentes contextos organizacionais focando a identificação de heurísticas e vieses de julgamento do processo decisório, que muitas vezes influencia os gestores a desviarem-se do julgamento racional para uma realidade irracional levando-os ao erro. Para isso entende-se a informação como estrutura fundamental para competência de geração de conhecimento para o gestor e para a empresa, proporcionando às organizações mudanças necessárias na economia, no processo produtivo, nas relações de trabalho, efetuando-se no crescimento da organização das competências e agilidade decisórias


Dado, Informação, Conhecimento, Inteligência A gestão empresarial deve esta constituída e fundamentada pela informação, inteligência e conhecimento, para que assim ela possa propor e identificar estratégias competitivas no processo de julgamento da tomada de decisão, conforme figura 1.

Figura 1 - Ferramentas do Processo Decisório Fonte: Brethenoux, 1996 O termo 'dado' é definido por Miranda (1999,p.285) como “um conjunto de registros qualitativos ou quantitativos conhecido quer organizado, agrupado, categorizado e padronizado adequadamente transforma-se em informação”. Os dados apenas descrevem de forma primária (bruta) coisas, objetos, programas, palavras, negociações, enfim, cenas ocorridas na empresa que são arquivados, classificados, e armazenados com a suposta função de um dia serem recuperados, o “dado” por si só, não chega a interpretação de um determinado fato ou situação. Quando um conjunto de dados transmite significados que podem ser interpretados, temos uma informação. Wurman (1995,p.43) afirma que a informação só pode ser aplicado à “aquilo que leva à compreensão [...] O que constitui informação para uma determinada pessoa pode não passar de dado para outra” .Da mesma forma Miranda (1999,p.285) conceitua informação como sendo “dados


organizados de modo significativo, sendo subsídio útil à tomada de decisão”. Ou seja, aquilo que nos leva à compreensão, resultado da associação de dados efetivamente trabalhados, comparados, classificados, onde esta associação nos leva a um norte na interpretação da noção do objeto estudado servindo como base para um cenário favorável ao processo de tomada de decisão. A função fundamental da informação é proporcionar a empresa condições de geração de novos conhecimentos, criando possibilidades para a mesma chegar a seus objetivos por meio da utilização qualitativa dos recursos disponíveis. Neste âmbito se insere pessoas, processos, ferramentas, suporte (tecnologias), produtos, serviços e os próprios recursos informacionais que integram as diversas funções das várias unidades organizacionais, lapidados de forma correta para transformarem-se em conhecimento organizacional. Segundo Miranda (1999), há três diferentes tipos de conhecimento: o conhecimento explícito, o conhecimento tácito e o conhecimento estratégico. O primeiro pode ser definido como um conjunto de informações arquivadas em algum suporte (livro, documentos, vídeos, etc.) e que tem como característica um saber específico sobre um determinado tema. O segundo é gerado pelo acumulo de experiência de um determinado indivíduo em relação a uma determinada prática, sofrendo influências de preceitos, emoções, crenças, sentimentos enfim o conhecimento tácito esta intrinsecamente relacionado com o subjetivismo da mente humana, ou seja, a personalidade de cada um. E o terceiro seria a união e transformação do conhecimento tácito em explicito possibilitando ao indivíduo um novo cenário em sua forma de agir para o desenvolvimento, gerenciamento ou solução de uma determinada especialidade. O reagrupamento de várias informações pelos analistas gera o conhecimento útil para a tomada de decisão, o qual permitirá criar inteligência, ao ser inserido em um contexto global (QUEYRAS; QUONIAM 2006, p. 81) Em 1994 o governo francês publicou um documento com o titulo Intelligence Économique et estrátégique des enterprises (1994) no qual define inteligência para tomada de decisões como conjunto de ações coordenadas de busca,


tratamento, distribuição e proteção de informação útil aos atores econômicos e obtida legalmente. Para Tarapanoff (2006, p. 25): sua finalidade consiste em fornecer aos responsáveis pela tomada de decisões nas empresas ou o Estado, os conhecimentos necessários para compreensão do seu meio ambiente. E poder assim, ajustar suas estratégias individuais ou coletivas, a inteligência já trás em seu bojo, os conceitos de invoação, informação e conhecimento. Um dos vieses da Inteligência consiste em gerar conhecimento as partir do reagrupamento das informações que foram coletadas, analisadas e tratadas pelo profissional especializado, corroborando assim para que a organização tome a decisão adequada. Tomada de Decisão: heurísticas e vieses O contexto do julgamento, na tomada de decisão em diferentes realidades organizacionais, apresenta-se de forma complexa. Isso pode ser melhor explicado ao compararmos organizações com neurônios, ou seja, quando todos os neurônios estão interligados e funcionando de maneira correta, o sistema nervoso decorrente da união dos neurônios também estará funcionando a pleno vapor. Da mesma forma é a empresa se as partes que a constitui estão funcionando bem, conseqüentemente a organização no todo também estará. Essa complexidade se dá por infinitos fatores, entre estes podemos citar os fatores internos e externos que podem influenciar em um julgamento de tomada de decisão. O gestor muitas vezes planeja determinados cenários para o futuro, no entanto, podem ocorrer situações ocasionadas por fatores externos (concorrência,


matéria prima, fatores culturais entre outros), que podem exigir um maior dinamismo e flexibilidade do profissional. Nesse âmbito os indivíduos tendem a se desviar do processo decisório completamente racional, em situações individuais e competitivas. Esses desvios se apresentam, pois é da natureza dos seres humanos se desviarem de problemas complexos mesmo quando se apresentam caminhos que os levam a efetivação da racionalidade. As pessoas consideram que tal processo pode ser transformado em algo prescritivo, ou seja, uma “receita de bolo”, que pode ser aplicada em toda e qualquer situação, e em qualquer organização, então utilizam tal estratégia tentando facilitar suas metas de trabalho para não proporcionar um cansaço físico ou mental (pessoas poupam-se da exaustão da complexidade). Contribui-se assim, para que os vieses de decisões profundamente entranhados na mente das pessoas possam limitar a habilidade do individuo de seguir caminhos novos, racionais e contextualizados com a necessidade do momento. Pessoas se utilizam de estratégias simplificadoras ou regras práticas ao tomar decisões, ou seja, indivíduos em seu subconsciente desenvolvem pensamentos irracionais e acham que são capazes de simplificar algo complexo, para não se sacrificar, ganhar tempo e obter bons resultados, no entanto, isso pode resultar em grandes perdas. Tais regras e práticas são chamadas de heurísticas, sua utilização, inicialmente, pode se apresentar úteis no julgamento de tomadas de decisão, contudo, ao realizar um estudo mais profundo do assunto observa-se que a utilização de heurísticas podem suceder os gestores a sérios erros, porque como no exemplo dos neurônios, suas partes não fazem a atividade do todo. Muitas vezes na organização ocorre o mesmo e quando há a tentativa de simplificar o resultado, não há como gerar o mesmo resultado no todo, corroborando para perdas. É imprescindível salientar que a tomada de decisão deve apoiar-se na variedade dos contextos organizacionais, para que o gestor possa planejar estratégias práticas para mudar e melhorar os processos de tomada de decisão de modo que este indivíduo


perceba o mundo real com toda sua confusão e complexidade, considere todas as alternativas possíveis, consiga discerni as alternativas supérfluas e as que irá norteálo a um padrão adequado da realidade para que ele possa selecionar a melhor alternativa existente. Para Bazerman (2004) pode se considerar que o processo de tomada de decisão apresenta tais requisitos: ele é um processo racional, mas também emocional, ou seja, racional porque é baseado em um conjunto de premissas que determina como uma decisão deve ser tomada. E emocional, pois mesmo estando capacitado, sempre o individuo terá algo emocional que o remete a fatores irracionais. Bazerman (2004) reitera ainda que, o processo de tomada de decisão é também um processo social e relativo (afeta a vida das pessoas subordinadas diretas ou indiretamente a tal organização, umas com maior ênfase outras com menor), não é um processo prescritivo, mas contingencial e se efetua em um processo de constante aprendizagem (nunca haverá uma “receita pronta” para uma determinada decisão), pois o mundo esta em constante transformação e cabe a cada pessoa capacitar-se e procurar adaptação no contexto organizacional. A maioria dos erros são sistemáticos e previsíveis, por isso, argumenta-se então, que o indivíduo deve desenvolver o senso critico para identificar tais vieses, obtendo como retorno a prática de aprender a evitá-los. Bazerman (2004) diz que as previsões no contexto organizacional em sua maioria são baseadas em cálculos matemáticos e estatísticos que resulta nas probabilidades da ocorrência de varias situações e seus respectivos resultados, principalmente financeiros. Tais processos guardam alguma subjetividade, ou seja, os vieses daquele que elaborou a previsão, que, em algum momento, impregnou o trabalho com a sua intuição. Desta forma, verifica-se o surgimento dos vieses heurísticos. Tal impregnação intuitiva apresenta-se quando adota-se heurísticas relacionadas à disponibilidade e estas se enviesam cognitivamente porque as pessoas avaliam a freqüência, a probabilidade ou as causas prováveis de eventos


pelo grau com que exemplos ou ocorrências desse evento estiverem rapidamente disponíveis na memória. Como já foi analisado, ao lidar com o processo de tomada de decisão sempre serão estimando possibilidades ou probabilidades (probabilidade de lucro, possibilidade de quitar dívidas), tende-se a estipular bases iniciais (ancoras) que muitas vezes influenciam o processo de tomada de decisão. Todavia, não se defende a extinção dos vieses de ancoragem (ajustes insuficientes da ancora, vieses de eventos conjuntivos e disjuntivos e excesso de confiança), mas sim, que não os se utiliza de maneira equivocada, achando que estes não devem ser analisados e criticados em determinados contextos, em relação aos seus benefícios. Pois em determinados problemas ancoras podem se apresentar como bases iniciais possibilitando possíveis ajustes para a decisão final. Porém, pode ocasionar possíveis julgamentos falsos se as informações forem aleatórias ou distorcidas e em conseqüência causar erros gravíssimos. Nesse sentido utilizar estratégias simplificadoras para tornar decisões incertas em certas em face a um mundo incerto não é uma boa estratégia, há a necessidade do risco para se obter um novo cenário, ou seja, defende-se a tomada de decisões sob a pressão dos fatores incertos (decisões envolvendo fatores de risco), nesse contexto os fatores se referem a inovação, e tudo que é novo é incerto, contudo, arriscar é preciso, este é o primeiro passo. O segundo passo é planejar o diferencial (estratégias contextualizadas e singulares). E o terceiro seria ter a capacidade para implantar e senso crítico para administrar, no entanto, o indivíduo que mais se expõem ao risco para inovar tem maior probabilidade de obter maiores lucros, porém, maiores chance de erros graves. Exemplificando isso através de uma balança, inovação e risco teriam pesos iguais. Todavia o lado da inovação na balança ficará mais forte (maior peso) conseguindo enfraquecer o erro (menor peso) com um bom planejamento. Portanto, propõem-se ao indivíduo que este analise o contexto ao qual esta inserido se informando e planejando para poder avaliar a troca entre resultados e custos, julgando assim, se sua disposição ao risco é lucrativo ou não.


Outra tendência dos gestores de processos de tomada de decisão seria a de evitar riscos referentes a perdas, e por isso, na maioria das vezes os indivíduos tendem a se arriscar mais para salvar uma perda maior (grande probabilidade de não conseguir), do que se arriscar menos por perdas menores, mas que tem certeza de salva (maior probabilidade de conseguir). Já no cenário do ganho eles tendem a escolher ganhos menores e certos do que se arriscar por ganhos maiores, mas incertos. Pessoas atribuem mais valor à criação de certezas do que a um deslocamento de valor equivalente no nível de incertezas. Não esquecendo que muitas vezes o modo como um problema é estruturado ou apresentado pode mudar drasticamente o ponto neutro percebido na questão. Das conclusões Por tudo isso, há uma conscientização do gestor da natureza probabilística da maioria das decisões, probabilística, porque mesmo com toda teoria e prática algo novo sempre nos remete ao risco (pode dar certo, como pode dar errado). Portanto, observa-se que a importância crítica da estruturação da informação neste contexto, percebe-se que os indivíduos tentam tomar decisões racionais, mas há um grande peso na falta de informações importantes referentes à solução do problema, os critérios relevantes, podendo até distorcer o julgamento sobre o modo como a decisão é tomada em situações nas quais tende-se a adotar uma determinada estrutura a ponto de excluir outras perspectivas. Para tal, se perceberem a importância de tais informações estarão mais aptos a tomada de decisão sob pressão da natureza da incerteza e das decisões arriscadas no modelo de julgamento que os desvia da racionalidade.


Referencias BAZERMAN, Max H.. Processo Decisório. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 228 p. BRETHENOUX, E.; DRESNER, K.; BLOCK, J. Data warehouse, data Ming and business intelligence: the hype stops here. Stanford, Gartner Group. October 28, 1996. (Strategic Analysis Report). MIRANDA, R. C. da R. "O uso da informação na formulação de ações estratégicas pelas empresas". Ciência da Informação, Brasília, v.28, n.3, p.284-290, set./dez. 1999. QUEYRAS, Joachim; QUONIAM, Luc. Inteligência Competitiva. In: TARAPANOFF, Kira (org.) Inteligência, informação e conhecimento. Brasília: IBICT, UNESCO.p. 73-97. TARAPANOFF, Kira. Inteligência, informação e conhecimento. Brasília: IBICT, 2006. 453p WURMAN, R. S. Ansiedade de informação: como transformar informação em compreensão. 5. ed. São Paulo: Cultura Editores, 1995. 380p.



PERSPECTIVAS DE APRENDIZAGEM EM BIBLIOTECAS ESCOLARES COM BASE NA LEITURA E NA GESTÃO DO CONHECIMENTO André Anderson Cavalcante Felipe Mestrando do Programa de Pós graduação em Ciência da informação – PPGCI da Universidade Federal da Paraíba –UFPB. andreandersonf@gmail.com, Natal, RN. Charlene Maria dos Santos Graduanda em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do SEBRAE/PE charlene.ufpe@gmail.com, Recife, PE.

Resumo: Apresenta a biblioteca escolar como espaço propício para a construção de conhecimento de forma colaborativa, fazendo uso da leitura com base na perspectiva do Letramento, Estética da Recepção e Sociointeracionismo. Mostra a Gestão do Conhecimento como um processo que pode ser utilizado na Biblioteca Escolar para otimizar o desenvolvimento de saberes de forma colaborativa entre os seus participantes através de práticas leitoras. Aponta que a biblioteca escolar deve atuar como um espaço informacional dinâmico, oferecendo suporte para suprir as necessidades de seus usuários, implementando propostas de aprendizagem por meio da leitura. Finaliza expondo que o papel do Bibliotecário é imprescindível para que as ações de desenvolvimento de aprendizagem através da Leitura e da Gestão do Conhecimento de fato aconteçam na Biblioteca Escolar. Palavras-Chave: Biblioteca Escolar. Leitura. Concepções de Leitura. Gestão do Conhecimento. Bibliotecário. Abstract: Presents the school library as a place conducive to building knowledge collaboratively, using the reading from the perspective of Literacy Aesthetics of Reception and sociointeractionists. Shows Knowledge Management as a process that can be used in the school library to optimize the development of knowledge in a collaborative among the participants by reading practices. It indicates that the school library should act as a dynamic information space, offering support to meet the needs of their users by implementing proposals learning through reading. Finishes exposing the role of the librarian is indispensable for the development activities of learning by Reading and Knowledge Management in fact happen in the school library. Keywords: School Library. Reading. Conception of Reading. Knowledge Management.


1 INTRODUÇÃO No contexto que estamos inseridos, a informação e o conhecimento atuam como

a

válvula

motriz

na

sociedade

contemporânea

impulsionando

o

desenvolvimento de suas várias instâncias, a saber: a cultura, a política, a economia, a educação, entre outros. O conhecimento constitui-se com um produto autônomo e às vezes não intencional das ações humanas, e carece de toda transparência e imediatismo para seus próprios produtores, apesar de seus efeitos de retrocarga sobre as esferas das subjetividades. (GONZÁLEZ DE GOMEZ, 1993). O conhecimento é conduzido ou viabilizado em grande parte pela linguagem, que reproduz signos materializados (informação) no processo de comunicação entre os indivíduos, tornando possível o entendimento entre ambos. A informação como conceito reproduz deslocamentos culturais do lócus da relação do pensamento com o real. “Temos assim a informação concebida in re, como estrutura ou atributo de estados de coisas no mundo; a informação como image, no campo do intelecto ou da consciência e finalidade, e a informação in dito, função da linguagem, do texto ou da razão escrita”. (GONZÁLEZ DE GOMEZ, 1993, p. 221). Os aparatos tecnológicos estão modificando nossas necessidades, gostos, tendências e principalmente, as formas de aprendizagem, por disponibilizar vários tipos de alternativas para tal circunstância como, por exemplo: a internet e o ciberespaço. Nesses ambientes a informação é veiculada nas mais diversas formas e proporções, e para os mais variados tipos de interesses dos indivíduos, sejam eles, profissionais, educacionais, culturais, políticos ou econômicos. Entretanto as bibliotecas escolares das escolas públicas brasileiras, ainda ostentam uma imagem negativa enquanto espaço de interação social e ação cultural, que contribui para o desenvolvimento cognitivo do seu público.


de fato, quando existem nas escolas espaços denominados bibliotecas, estes passam, na maioria dos casos, de verdadeiros depósitos de livros ou, o que é pior, de objetos e natureza variada, que não estão sendo empregados no momento, seja por estarem danificados, seja por terem perdido sua utilidade. Às vezes a “biblioteca” é um armário trancado situado numa sala de aula, ao qual o professor se dispõe a abri-lo... quando a chave é localizada. [...}. E, na melhor das hipóteses, ou nas menos pior, a biblioteca é o espaço onde os alunos vão copiar verbetes, trechos ou parágrafos dos mesmos livros e enciclopédias “receitados” pelos professores, [...] (SILVA, 1995. p. 13).

A biblioteca escolar ainda hoje com raras exceções se caracteriza como um local apático e sem dinamismo, parado no tempo e no espaço e que ainda mantêm as mesmas características conservadoras da antiguidade. Os avanços tecnológicos atribuem uma grande responsabilidade à biblioteca escolar que deveria acompanhar esse processo de evolução tecnológica que a sociedade está inserida, atuando como um grande meio informacional dinâmico, oferecendo suporte para suprir as necessidades de seus usuários implementando propostas de aprendizagem para o meio digital. Segundo Milanesi (1986), a discussão da biblioteca no Brasil e raramente feita, pois parece que é impossível que ela se desdobre em significações. Essa situação em que a biblioteca escolar se encontra, pode está relacionada a diversos fatores como a falta de medidas governamentais, de certo desconhecimento de sua função como espaço de dinamização da leitura e escrita por parte dos órgãos educacionais e educadores e falta de medidas de aprendizagem para a constituição da subjetividade. E como podemos reverter essa situação na qual a biblioteca escolar se encontra atualmente? Para isso é necessário reconhecer que existe um problema e se certificar que as instituições também

reconhecem

esse problema.

Esse

reconhecimento vai de encontro à denominação de centro de multimeios ao invés de biblioteca escolar.


Essa denominação é resultado da pouca atuação da biblioteca escolar e de uma visão pragmática já estabelecida pela própria sociedade de que biblioteca é um espaço onde predomina o silêncio, normas e regras, sendo constituída apenas de suporte informacionais impressos. Em contrapartida a essa realidade, existem bibliotecas escolares com caráter de centros de informação que dispõem de vários tipos de documentos e disseminam o hábito da leitura. O acervo destas bibliotecas, com material impresso é acrescido de materiais audiovisuais, complemento necessário a um ensino dinâmico atuante. Nesse contexto, a leitura e a escrita exercem um papel muito importante, atuando como um elo entre o desenvolvimento de competências intelectuais e as informações produzidas pela sociedade, disseminada nos mais variados suportes, gerando assim o conhecimento. Desde a antiguidade o conhecimento tem sido fonte de poder, obviamente através de interesses diferenciados, mas com o mesmo propósito, gerar alternativas de competitividade. Com a expansão da economia informacional, as organizações passaram a perceber a importância de se investir em conhecimento pelo diferencial que representa como um valioso recurso estratégico para as organizações e principalmente para as pessoas. Surge a partir daí o desafio de criar e implantar processos que gerem, armazenem, organizem, disseminem e apliquem o conhecimento produzido e utilizado na organização de modo sistemático, explícito, confiável e acessível aos usuários (MCGEE & PRUSAK,1994). Assim, compreende-se que a curiosidade que move o indivíduo a descobrir novos horizontes e construir o conhecimento através da aprendizagem seja o melhor recurso para a construção das competências intelectuais que é a capacidade de conhecer e organizar seu sistema de idéias. Para Oliveira Júnior (1996) aprendizagem é um processo que muda o estado do conhecimento de um indivíduo ou de uma organização.


Cientes da importância de se criar propostas de desenvolvimento da leitura e da escrita, através dos recursos oferecidos pela Gestão do Conhecimento, pretendemos disponibilizar essas propostas levando em consideração os diversos tipos de informação e os vários suportes informacionais existentes no meio social através dos recursos informacionais disponibilizados pela biblioteca escolar.

2 APRENDIZAGEM E GESTÃO DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECAS ESCOLARES

As dificuldades vivenciadas pelas escolas públicas brasileiras em especial, podem estar relacionadas aos reflexos das reformas educacionais, pois segundo (SHIROMA 2000), a ultima reforma educacional só contribuiu para aumentar o mercado consumidor de bens e serviços educacionais. Em outras palavras privilegiam e incentivam a educação privada e fecham os olhos para a educação pública, que assume o ônus de uma educação deficitária por não possibilitar na sua grande maioria, a construção social do indivíduo de forma integrada à cidadania, e não contribuir de uma forma totalitária, para transformação desejável da realidade educacional pública vigente. As escolas do ensino público de nível médio e fundamental em sua grande maioria, não estão conseguindo contemplar as necessidades de seus alunos, por não conseguirem possibilitar aos mesmos, mecanismos de promoção e desenvolvimento cognitivos, psicológicos e afetivos de forma integra, concretizando assim, os anseios da população assistida. As práticas de ensino e aprendizagem da leitura adotadas pelos docentes e desenvolvidas tanto na sala de aula como na biblioteca podem não estar atendendo mais aos requisitos exigidos atualmente por serem modelos de ensino autoritários e ultrapassados; as bibliotecas escolares, não criam mecanismos de apoio para as atividades de leitura dos docentes e alunos.


Em relação aos requisitos de educação exigidos atualmente, os quatro pilares de aprendizagem propostos Jacques Delors (1999) no relatório da UNESCO para a Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI, representam uma alternativa para uma nova proposta de ensino que contemple uma aprendizagem mais humana e social. Os quatro pilares da educação propostos por Jacques Delors são: aprender a conhecer; aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Segundo ele, a educação voltada para esses pilares “fornece a todos, o mais cedo possível, o passaporte para a vida, que os leve a compreender-se melhor a si mesmo e aos outros, e assim participar na obra coletiva” (DELORS, 1999, p. 82-83) Esse modelo propõe uma aprendizagem através de novas descobertas e oportunidades surgidas e/ou oferecidas, aprender a conhecer; capacitando as pessoas para enfrentar as situações diversas, aprender a fazer; possibilitando mecanismos para a compreensão mútua, aprender a viver juntos; oferecendo oportunidades para desenvolver a capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal, aprender a ser. O conhecimento é considerado um dos ativos mais importantes dentro da sociedade em que vivemos, embora de difícil registro, ele é o conjunto de tudo o que aprendemos durante nossa vida, através de nossas experiências e do nosso aprendizado, inclui-se nesse contexto, o resultado de tudo o que conseguimos agregar ao longo dos anos, o resultado de tudo o que estudamos. Ao conhecimento adquirido ao longo dos anos através de nossa vivência, chamamos de senso comum, ou conhecimento tácito, aquele que é pessoal, específico e de difícil externalização, já o conhecimento explícito é o conhecimento transmissível em linguagem formal e sistemática (CHOO, 2003). A aprendizagem organizacional surge como uma forma viável de criar, compartilhar e disseminar o conhecimento, a fim de transformá-lo em novas tecnologias e novos produtos.


Observando a aprendizagem organizacional sob uma perspectiva técnica, pode-se compreendê-la como um processo de interpretação e de resposta às informações tanto de dentro como de fora da organização. Para Easterby-Smith & Araujo (2001) os processos de aprendizagem podem ser incrementais quando, por exemplo, a organização experimenta novas técnicas e métodos e mostra-se capaz de fazer adaptações e promover ajustamentos contínuos, estes são denominados aprendizagem de laço único. As transformações radicais, tais como mudanças na direção estratégica, são conhecidas como aprendizagem de laço duplo. Então, o processo de aprendizagem acontece gradativamente, e tende a ser eficiente desde que seja conduzido por um gestor que consiga perceber os focos de conhecimento real e potencial dentro de uma organização. A esse processo dá-se o nome de Gestão do conhecimento. A gestão do conhecimento é responsável por disseminar o conhecimento que está implícito nas práticas individuais e coletivas da organização. De acordo com Nonaka & Takeuchi (1997), a gestão do conhecimento deve tornar explícito o conhecimento decorrente da experiência individual de cada um. Compartilhando deste mesmo pensamento, Oliveira Júnior (1996) define administração do conhecimento como o processo de identificar, desenvolver, disseminar e atualizar o conhecimento estrategicamente relevante para a empresa, seja a partir de esforços internos à organização, seja a partir de processos que extrapolam suas fronteiras. Deste modo, o papel do bibliotecário torna-se ainda mais importante na formação intelectual dos estudantes, a partir do momento em que passa a criar subsídios que possibilitem a criação, o compartilhamento e a disseminação do conhecimento.


3 CONCEPÇÕES DE LEITURA VOLTADAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 3.1 O LETRAMENTO

Letramento é uma palavra recentemente utilizada do Brasil para nomear novos fenômenos advindos da educação brasileira, fenômenos esses surgidos da necessidade de compreender a presença da leitura e escrita no mundo social, ou seja, o uso da leitura e da escrita pelo indivíduo no contexto social.

Letramento trata-se da versão em português da palavra inglesa ”Literacy” que vem do latim “littera” (letra) mais o sufixo “cy” que designa condição, qualidade. Letramento é, o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita, o estão ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais(SOARES, 1998,P.18)

Em outras palavras o letramento possibilita que o indivíduo tenha acesso a novas condições sociais, novas formas de viver em sociedade, tudo isso mediatizado pela leitura e escrita. O letramento e a alfabetização são diferentes como afirma Soares (1998, p.36) “Há sim uma diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado, e viver na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, ser letrado(atribuindo a essa palavra o sentido que tem “literate” em inglês). Ou seja, a pessoa que aprende a ler e a escrever – que se orna alfabetizada – e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolverse nas práticas sociais de leitura e de escrita – que se torna letrada - é diferente de uma pessoa que não saber ler e escrever – é analfabeta ou, sabendo ler e escrever não faz uso da leitura e da escrita – é alfabetizada, mas


não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita.”

Um exemplo de letramento utilizado por um analfabeto em relação à leitura ocorre quando, mesmo sem saber ler, utiliza a leitura de uma pessoa, e a usa socialmente. Isso acontece muito nos terminais de ônibus; em relação a escrita, acontece quando ele dita as palavras para alguém escrever uma carta para ele mandar para um amigo ou parente.

“Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter uma outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar de nível ou classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo e viver na sociedade, sua inserção na cultura - sua relação com o outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente”. (SOARES, 1998. p.34).

A leitura na concepção do letramento implica no uso dos conhecimentos obtidos por ela, no meio social do leitor possibilitando descobertas e contribuições que destacaram se crescendo na medida em que o indivíduo lê e utiliza o que leu para a sua vida pessoal.

3.2 A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO A estética da recepção surge da necessidade de mudar uma visão tradicional e pragmática onde a leitura não estabelece uma relação de troca entre o leitor (receptor) e o escritor (emissor), porque antes não havia um feedback, e a informação era uma via de mão única, ou seja, o leitor não podia ter uma participação crítica, ele tinha que aceitar aquilo que era estabelecido pelo escritor,


sem poder questionar os assuntos contidos no texto. O conceito de recepção tradicional caracterizado como o ato de receber, dá espaço a um conceito atual ”onde entende a recepção como espaço das negociações, das mediações, do conflito da atribuição/contribuição do sentido. (SILVA NETO, 2001, p.79). Em outras palavras, seria a relação entre leitor e texto, onde, para haver construção de sentido, o leitor relaciona o seu conhecimento intrínseco com o texto, para compreendê-lo e dar sentido. O texto só produz efeito (construção de sentido) quando o leitor interage com o assunto explícito fazendo ligações entre ele e seu construto mental (conhecimento implícito e o texto). Nessa perspectiva o texto passa a ter diferentes significações para cada indivíduo, porque a construção de sentido se dá de forma diferenciada, por levar em conta que cada indivíduo tem um modo de pensar sobre aquele assunto. Em outras palavras é como se o autor deixasse de ser o dono do livro depois de publicado, porque o sentido do texto ganhará outras visões e passará outros conhecimentos diferentes do sentido que o autor estabelece. O significado que o livro proporcionará não será o mesmo significado pensado pelo autor. Concordamos com Silva Neto (2001, p.96) quando diz que “ler na perspectiva de uma recepção ativa, significa inventar, peregrinar por um sistema imposto de um texto imposto”. A leitura contém as marcas de uma produção silenciosa, visto que, um mundo diferente (o do autor se instaura no lugar do mundo do autor). A leitura na visão da estética da recepção potencializa o leitor, dando oportunidade do mesmo, expor seus sentimentos, emoções e sentidos, contribuindo para uma construção de sentido através da junção do seu conhecimento implícito com o conhecimento do autor.

“Em que pensem divergências de posições analíticas entre alguns teóricos sobre a liberdade de interpretação, não podemos perder de vista a importância que, de acordo com as novas visões sobre a recepção assume a figura do


leitor, agora identificada como sujeito apto a colaborar na busca do sentido e na tão desejada performa-atividade do texto. Trata-se da leitura como prática re-apropriativa, como possibilidade de re-escrita dos diversos textos que são colocados para o leitor”. (SILVA NETO, 1998, P.8-9).

Vale ressaltar, a necessidade de uma mudança de postura dos docentes em relação os mecanismos utilizados para o desenvolvimento da leitura, pois, a grande maioria, ainda não percebe o aluno como um sujeito capaz de contribuir para o seu próprio desenvolvimento através da sua imaginação, criação e opinião; devido a inexistência quase total de momentos na leitura trabalhada em sala, que despertem subjetividades, levando em consideração o potencial de cada aluno, construindo um saber oriundo da fusão das idéias originadas por todos os participantes da aula.

3.3 O SÓCIOINTERACIONISMO

Na concepção Sociointeracionista, o homem se constitui como ser humano através das suas relações com a cultura, com a linguagem e com a sociedade, ou seja, através de uma interação dinâmica entre esses processos. Baseada nos estudos de Vigotsky, Freitas (1998) ressalta que o desenvolvimento humano é concebido de forma multidimensional, contextual e diversificado com o impacto da mudança histórica, ao invés de ser um processo de evolução crescente e unidirecional. Ou seja, entre os indivíduos o processo de desenvolvimento é diferenciado, dividido a fatores internos e externos do ambiente contextual, histórico e dinâmico da sociedade em que vive. Essa visão de desenvolvimento humano propicia uma educação que enfatiza a linguagem e o pensamento, interelacionados para, em um processo dinâmico, originar o desenvolvimento do indivíduo. Segundo Freitas (1994, p.73) Vigotsky considerou que pensamento e


linguagem têm na filogênese e na ontogênese raízes genéticas diferentes, mas se sintetizam dialeticamente no desenvolvimento. Ela complementa dizendo que “nas crianças pequenas, o pensamento evolui sem a linguagem, os primeiros balbucios se formam sem pensamento e tem como objetivo atrair a atenção do adulto. Percebe-se assim a presença de uma função social da fala desde os primeiros meses da criança”. A leitura concebida nessa visão teórica consiste em uma interação entre leitor e texto onde o leitor utiliza seu conhecimento tácito para atribuir significado ao texto modificando o sentido das palavras de acordo com as situações estabelecidas e com o conhecimento do leitor. O conceito, Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) foi criada por Vigotsky, para ajudar a explicar como ocorre o processo de aprendizagem sócio interacionista. Para Freitas (1994), a ZDP estimula processos internos maturacionais que terminam por se efetivar, passando a construir a base para novas aprendizagens. Contextualizando, seria a uma aprendizagem através do envolvimento dos alunos com os significados vindo das coisas mundo, onde tanto eles moldam seus significados como também são modificados por elas. A leitura é um exemplo das coisas do mundo, ou seja, algo que esteja presente no ambiente em que vivemos. Através dela, é possível desenvolver um ambiente de desenvolvimento grupal, pois ela proporciona a interação entre os participantes, através das descobertas, dos questionamentos provenientes da leitura de textos, filmes, teatro, música, enfim tudo aquilo que se possa ler. A visão da leitura como um ato de traduzir signos lingüísticos, deve dar espaço a um ato dinâmico repleto de sentidos múltiplos, utilizada para a decifrarmos o mundo.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo desse pressuposto é imprescindível a presença de bibliotecário, pois ele é o intermediário entre a biblioteca e o usuário, as funções desenvolvidas por um bibliotecário são importantíssimas como: disponibilizar informação em qualquer suporte; tratar e desenvolver recursos informacionais; desenvolver estudos e pesquisas; desenvolver ações educativas e realizar eventos de difusão cultural. O bibliotecário é essencial para a atuação da biblioteca escolar como espaço cultural da informação focalizando o desenvolvimento das potencialidades individuais que são peculiares de cada indivíduo, elas não são adquiridas individualmente, mas sim coletivamente na interação entre os mesmos. As práticas de educação para a competência informacional afirmam o bibliotecário como agente colaborador na construção do intelecto, como mostra Dudziak (2005) a seguir: a) o bibliotecário deve ser facilitador, coadjuvante do processo cognitivo do usuário; b) o bibliotecário deve ser um agente educacional; c) é preciso haver cooperação entre professores e bibliotecários; d) a inserção do bibliotecário no projeto pedagógico precisa ser reconhecida. Os bibliotecários como gestores de conhecimentos precisam se posicionar como sujeitos do conhecimento, não apenas como sujeitos preparados para aplicar os conhecimentos tecnicistas em relação aos suportes informacionais ou tão somente como agentes sociais, mas sujeitos que conhecem o que fazem, que sabem o que querem e se orientam dentro desses princípios. Sujeitos ativos de sua prática no espaço onde atuam, onde produzem, transformam e mobilizam saberes para que o grupo permaneça coeso, aprendente e produtivo e para que a escola cumpra sua missão e alcance seus objetivos.


A Biblioteca escolar deve ser um local mágico, encantador, alegre, vibrante, organizado, com atividades que possam ampliar a vivencia cultural de seus usuários e contribuírem para o desenvolvimento da leitura, tais como: a) Concursos: de obras literárias, autor (escritor/ilustrador), contadores de histórias, poesia, redação; b) Exposições: de livros raros, obras de um determinado autor, originais de ilustração de trabalhos feitos por alunos, livros novos, etc; c) Mural de notícias: matérias importantes sobre leitura, eventos (Bienal/ lançamentos de livros, feiras, etc), nota sobre concursos, resenhas dos livros mais lidos na escola, comentários sobre filmes, peças, etc; d) Hora: do conto, do vídeo, da música, do teatro, do sarau de poesia; e) Oficinas: de cartões de ilustrações de poemas, de máscaras; f)

Encontro marcado: Autor, mês, entrevista, homenagem, livro em destaque;

g) Datas Importantes: dia da poesia, dia nacional/internacional do livro, dia da biblioteca, etc; Com

atividades

lúdicas

e

incentivadoras

do

desenvolvimento

sóciointeracionista a escola volta-se não apenas para formar bons alunos, com elevado nível de conhecimento, mas também para formar cidadãos preparados para o mundo com uma visão crítica, de forma a entender, opinar e interagir na sociedade na qual estão inseridos. Dentro desse contexto a biblioteca mostra-se como um local de interação e desenvolvimento de saberes. No Manifesto da UNESCO (1999) sobre as bibliotecas escolares, encontramos as seguintes afirmações:

A biblioteca escolar disponibiliza serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitem a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efetivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação. [...] A biblioteca escolar é essencial a qualquer estratégia de longo prazo nos domínios da literacia, educação, informação e desenvolvimento econômico, social e cultural. [...] A biblioteca escolar é um parceiro essencial das redes local,


regional e nacional de bibliotecas e de informação [...] A biblioteca escolar é parte integrante do processo educativo.

A gestão do conhecimento na escola, mediada pelas práticas de ensino e aprendizagem da leitura, contribui para uma educação que promova o desenvolvimento humano. Assim, se estabelece uma rede complexa de interações, de intersubjetividade e de constituição de identidades e de linguagens. O investimento na educação é primordial para o desenvolvimento político, social, econômico, cultural e tecnológico do país. A Biblioteca deve ser utilizada como instrumento de educação suplementar, como aparato onde a sociedade pode exercer suas atividades escolares, como leituras, escritos e pesquisa, pois esta faz parte das características de uma formação mais ampla. 5 REFERÊNCIAS CHOO, C. W. A Organização do Conhecimento: com as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: SENAC, 2003. DELORS, Jacques (Org). Educação um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. 2.ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC; UNESCO, 1999. DUDZIAK, Elisabeth Adriana. Competência em informação: melhores práticas educacionais voltadas para a Information Literacy. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 21 jul. 2005, Curitiba, PR. Anais... Curitiba: FEBAB, 2005. 1 CD-ROM. EASTERBY-SMITH, M.; BURGOYNE, J. & ARAUJO, L. (Orgs.) Aprendizagem organizacional e organização de aprendizagem: desenvolvimento na teoria e na prática. São Paulo, Atlas, 2001. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS. Modelo flexível para um sistema nacional de bibliotecas escolares. Brasília, DF, 1985. FREITAS, Maria Tereza de assunção. A psicologia do desenvolvimento e as


contribuições de Lev Vigotsky. In ______ Vigotsky um século depois. Juiz de Fora, MG:EDUFJF, 1998. FREITAS, Maria Tereza de Assunção. Vigotsky. In ______ Vigotsky e Bakhtin. Juiz de Fora, MG: EDUFJF; São Paulo: Ática, 1994. cap. 4. GONZÁLEZ DE GOMEZ, Maria Nélida. A representação do conhecimento e o conhecimento da representação: algumas questões epistemológicas. Ciência da Informação, Brasília, v. 22, n. 3, p. 217-222, set./dez. 1993. MCGEE, J. V,; PRUSAK, L. Gerenciamento Estratégico da Informação. 10. ed. Rio de Janeiro: Campus, MILANESI, Luiz. Ordenar para desordenar: centros de cultura e bibliotecas públicas. NONAKA, I. & TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro, Campus 1997. OLIVEIRA JUNIOR, M. Aprendizagem Organizacional: vantagem competitiva em ambientes turbulentos. Revista de Administração Mackenzie - RAM, São Paulo, v. 3, p. 04-19, 1996. SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia de; EVANGELISTA, Olinda. Política Educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. SILVA NETO, Casemiro. A comunicação em busca de um novo paradigma. In: ____. No ar, o som das águas. Projeto radiofônico: da gênese da recepção. 2001.Tese(Mestrado) – ECO – Escola de Comunicação da Universidade Federal do rio de Janeiro – UFRJ. SILVA NETO, Casemiro. Novas esfinges, outras decifrações, recepção e comunicação: a leitura como pista teórica. Olhar midiático. Fortaleza, p.10, set.1998. SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da Biblioteca Escolar. São Paulo: Cortez, 1995. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.


FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO: CONCEITOS E ABORDAGENS NO ÂMBITO SOCIAL Túlio Revoredo Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Graduando em Biblioteconomia tulio.revoredo@gmail.com

Resumo: No novo contexto de informação que surge de forma muito efêmera e estreitamente ligada às novas tecnologias, faz-se necessário o questionamento e o entendimento de como esta informação está sendo gerada e consumida, visto que, a mesma encontra-se em constante mutação e podendo surgir de diversas formas. Nesse contexto, surge a filosofia da informação. Sua questão primeira é epistemológica, e tenta elucidar alguns problemas pertinentes ao contexto social. Questiona a relação do homem com o surgimento e a permutação da informação, com as suas formas e as suas atribuições. Acreditamos que, para a compreensão dos possíveis problemas informacionais gerados na sociedade, temos que conhecer a sua episteme, contemplando uma maior abordagem conceitual e de questionamentos. Com base em uma revisão de literatura, este artigo se dispõe a abordar a sociedade prioritariamente analisando a essência na produção da informação, para que possamos discutir as conceituações e as atribuições da filosofia da informação, tentando elucidar as suas contribuições e propor uma reflexão de como o pensar filosófico e epistemológico pode levar a uma melhor compreensão do contexto informacional, político e social. Palavra-chave: Epistemologia da Informação; Filosofia da Informação; Informação e Sociedade.


INTRODUÇÃO A necessidade de conceituar e teorizar sobre determinado objeto visa facilitar a nossa aproximação de determinado problema. A estrutura conceitual que contempla o domínio das tecnologias da informação traz a tona a observação e a percepção da constante circulação da informação na sociedade, implementando assim uma interconexão, ou seja, a obtenção fácil e rápida da informação. Diante desse ambiente é relevante pensar na inserção e permutação da informação na sociedade, tornando necessário um questionamento que procura refletir e conceituar uma pesquisa voltada para a teoria espistemica da informação. Configurar uma pesquisa na abrangência da informação em um novo contexto social é uma tarefa complexa, porém necessária, devido ao contexto contemporâneo quase ilimitado de geração da informação. Dessa maneira, torna-se necessário pensar e teorizar sobre como ocorre a interação da informação com a sociedade. Também, é importante observar a dinamização informacional que se apresenta de forma mais saliente na abordagem da sociedade compreendida como da informação, que se configura em meio as novas formas de processamento da informação que acontecem de maneira intensa, aprimorando-se de acordo com as novas atribuições tecnológicas. Nessa perspectiva, esta pesquisa se concentra nas discussões das análises, conceituações e teorias existentes na literatura da Ciência da Informação. Tem como hipótese a ideia de que a informação pode, de certa maneira, ser discutida diante de uma filosofia que esteja vinculada ao pensamento social. Esta filosofia é configurada neste trabalho como “filosofia da informação”. Buscamos, assim, apresentar a filosofia da informação enquanto catalisadora de espaços espistemicos, ou seja, espaços de produção e uso da informação.


REFLEXÕES SOBRE A FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO A Filosofia sendo analisada em uma visão ampla trata-se de uma área de estudo preocupada em refletir sobre questões fundamentais relacionadas à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Nessa abordagem, o filósofo italiano Luciano Floridi ¹, elaborou uma pesquisa voltada ao valor da Informação por meio da apropriação da Filosofia enquanto área de estudo reflexiva, atribuindo ainda uma relação estreita com as novas tecnologias de processamento da informação, tornando mais evidente a sua necessidade de teorização espistemica e/ou filosófica. Diante desse ambiente é relevante e importante salientar a complexidade do estudo e da sitematização da Filosofia da Informação(abreviado para PI philosophy of information em inglês ou FI em português), devido a não existência de um consenso a respeito da definição do termo Informação. Essa multiplicidade de definições poder gerar uma difusão no conceito de acordo com seu modo se referência. A mutação do conceito de informação é contemplada quando observa-se que entre os anos de 1900 a 1981 existiam mais de 700 definições a respeito da informação em todo o mundo. (CAPURRO; HJORLAND, 2003, p. 349) Todavia, a Filosofia da Informação surge basicamente para elaborar uma teoria concisa do conceito da Informação e também para conceituar, analisar e teorizar sobre as proporções que a Informação, em seus diversos níveis, adquire na sociedade. Alguns teóricos da informação vislumbram a problemática e projetam estruturas conceituais para a Informação sendo estudada diante de uma Filosofia apropriada,

admitindo a informação prioritariamente, como mecanismo de

interação, sendo por meios diretos ou não. De acordo com Floridi (2002, p.124): a Filosofia da Informação procura expandir a fronteira de pesquisa filosófica, visto que inclui novas áreas à sua


investigação porque não coloca juntos tópicos pré-existes, proporcionando uma reordenação do cenário filosófico. Para Franceli e Pegalleti (2004, p.127) O método de estudo da Filosofia da Informação é relacional, ou seja, baseia-se na complexidade do pensamento e do cotidiano humanos e o seu objeto de estudo é a informação “liberta”, é aquela informação que não está presa a um domínio, que está fora do controle humano, mas não de sua percepção. A partir dos conceitos aqui expostos, é possível visualizar a Filosofia da Informação como campo da pesquisa filosófica voltado para a investigação crítica da estrutura conceitual e dos princípios básicos da informação e ainda da elaboração e aplicação da teoria da informação e das metodologias computacionais aos problemas filosóficos. A Filosofia da Informação pressupõe que um problema ou uma explicação pode ser legitimamente e genuinamente reduzido para um problema informacional. A Filosofia da Informação é uma área relativamente nova e que está a procura de seu reconhecimento formal como um campo de pesquisa filosófica, mas ela possui um grande potencial que é proporcionar uma reflexão de base, sob uma mesma perspectiva de fundo, a informação, sobre os pressupostos, os métodos, os problemas e as soluções de cada vez maiores parte das atividades científicas, culturais, sociais e profissionais nas sociedades desenvolvidas (ILHARCO,2004) Dessa forma, compreende-se como atribuição da Filosofia da Informação o tratar da informação pela episteme, adentrando em conceitos sobre o que é a informação propriamente dita, fazendo-nos perceber a importância do conceito antes do conceito, ou seja, a epistemologia, como mostra Ilharco: A filosofia da informação é um projeto destinado a consolidar numa área de investigação autônoma, uma série vastíssima de problemas e questões originados e relacionados com emergência da chamada sociedade da informação. Em termos gerais ela é a colocação filosófica, sem pressupostos, rigorosa e radical da questão da informação. Ela é a tentativa de pensar filosoficamente a informação: o que é a informação? O que é a informação? Quais as dinâmicas e modos de ser informação? O que


distingue a informação doutros fenômenos que lhe são associados, como a comunicação, os dados, o conhecimento, a ação, o ser, a diferença? O que é que permite in dentificar, assumir ou pressupor determinada manifestação, fenômeno ou evento como informação? (ILHARCO, 2004, Grifo do autor)

Uma abordagem também relevante e questionável sobre a reflexão do que venha a ser o conceito e atribuição da filosofia da informação, são as Tecnologias da Informação e Conhecimento (TIC), no entanto, esta nova área não deve ser tomada como a filosofia das tecnologias da informação e do conhecimento, mas verdadeiramente como a filosofia da informação (FLORIDI apud ILHARCO, 2004). Apesar das novas tecnológicas terem uma enorme força na sociedade atual, e de certa forma serem um fenômeno relevante dada a sua incrível penetração na sociedade, o fenômeno de base é a informação. Dessa forma, a filosofia da informação se configura como primogênita na reflexão e nos questionamentos dos vários assuntos e fenômenos, como afirma Floridi: A filosofia da informação privilegia a informação como o seu tópico central, em detrimento da computação porque ela analisa a última pressupondo a primeira. A filosofia da informação trata a questão da computação apenas como um dos processos – e talvez o mais importante – em que a informação está envolvida. Desta forma, esta área deve ser tomada como filosofia da informação e não apenas definida em sentido estrito como filosofia da computação, tal como a epistemologia é a filosofia do conhecimento e não apenas a filosofia da percepção (FLORIDI apud ILHARCO, 2004). Outro ponto que envolve a relação da Filosofia da informação com as TIC, são as relações que esta última tem com as mudanças de comportamentos sociais, de valores, e de estruturas, no âmbito da informação, levando assim ao questionamento da ética dessa informação, pois é a partir dela que os conceitos sociais se modificam, toda uma cadeia é gerada através dessa informação que surgiu de forma muitas


vezes desconhecida e/ou manipulada por uma pessoa física ou por alguma corporação que se utilize dos meios tecnológicos, onde não há controle de conteúdo de propagação dessa informação para uma certa demanda social. Em linhas gerais observaremos a sociedade no seu convívio em meio a uma conflitante relação entre a informação e o seu acesso, sobretudo no contexto de mudança de paradigma advindo com o século XX que ocasionou uma maior demanda informacional e tecnológica. Portanto, Para refletirmos sobre o estudo aqui proposto vamos considerar a informação na sua forma de interação social, ou seja, partiremos do princípio que a informação contempla sua estrutura de dinamização na necessidade da existência de um mentor e de um receptor, atrelando assim, a necessidade de reflexão na sua forma de ser criada e consumida, observando seu impacto social. FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO NO ÂMBITO DA SOCIEDADE Como mencionado, a informação é um elemento importante na sociedade contemporânea e estudada diante de uma filosofia apropriada é fundamental para o entendimento da dinâmica e das relações que ocorrem no momento em que esta informação está em uso. É possível verificar que a literatura atual trata majoritariamente o ambiente no qual a informação se dispõe como “sociedade da informação”. Para entendermos a relação entre a filosofia da informação e a sociedade é importante avançar no próprio conceito de sociedade da informação. A expressão ‘sociedade da informação’ passou a ser utilizada, nos últimos anos desse século, como substituto para o conceito complexo de ‘sociedade pós-industrial’ e como forma de transmitir o conteúdo específico do ‘novo paradigma técnico-econômico’. A realidade que os conceitos das ciências sociais procuram expressar referese às transformações técnicas, organizacionais e administrativas que têm como ‘fator-chave’ não mais os insumos baratos de energia – como na sociedade industrial – mas os insumos baratos de informação propiciados pelos avanços tecnológicos na


microeletrônica e telecomunicações. Esta sociedade pósindustrial ou ‘informacional’, como prefere Castells, está ligada à expansão e reestruturação do capitalismo desde a década de 80 do século que termina. As novas tecnologias e a ênfase na flexibilidade – idéia central das transformações organizacionais – têm permitido realizar com rapidez e eficiência os processos de desregulamentação, privatização e ruptura do modelo de contrato social entre capital e trabalho característicos do capitalismo industrial. (WERTHEI, 2000, p. 71) Nesse ambiente podemos observar a estrutura da condição de reflexão na sociedade, de tal maneira a pensarmos como podemos vislumbrar uma sociedade que produz cada dia mais informação, onde, porém não se preocupa em refletir como essa informação está surgindo, se propagando, sendo recebida e usada. Essas questões carregam consigo um ideal e propósito muito amplo, pois, são a parti dessas reflexões que poderemos, quem sabe num futuro próximo, resolver problemas relacionados não só a questão do gerenciamento da informação, mas quanto ao seu conteúdo, a sua forma de atingir o receptor e, é nesse contexto que a Filosofia da Informação deve configurar sua pesquisa, visando prioritariamente a interação da informação na sociedade. Mediante análises mais profundas podemos observar a importância que a informação pode ter,e tem, na sociedade. É a parti dela que poderemos solucionar os abismos de acesso a conteúdos gerados na sociedade, de tal forma que se torna imprescindível, nos dias atuais, termos uma preocupação quanto a reflexão epistemológica da informação. Em uma observação ampla, podemos concluir que a questão da produção exacerbada da informação, está acentuando uma nova estrutura social, por hora, uma sociedade apenas inovadora, repleta de novas atribuições, configurando novos horizontes, de forma expansiva e em uma visão de progresso, porém, isso não a isenta de problemas futuros, e/ou de modificações futuras, tais como, uso, ética e disseminação


Nesse ambiente que a sociedade vem se configurando, a problemática da informação torna-se algo relativo mediante ao contexto, na medida que, a sociedade configurada a partir da década de 1990 crê numa estrutura de produção informacional almejando a interatividade sempre em proporções maiores, onde, essa se torna demasiadamente efêmera e de conceituações abrangentes, de forma que torna-se quase impossível questionar como essa informação está surgindo e se propagando. É nesse ambiente que se contempla um novo tipo de informação, o que poderíamos chamar de Informação Órfã, ou seja, a informação sem precedentes, a informação que se sabe que surgiu, sabe que ela existe, que representa um conceito (mesmo que efêmero), porém, sua real disposição mediante a sociedade é difusa, o que dificulta a reflexão quanto sua validade e quiçá sobre a sua empregabilidade. Mediante tais questões é relevante configurar um pesquisa estruturada em torno da epistemologia da informação, propor uma desaceleração na freneticidade informacional. Enquanto a atenção para a informação fim é predominante em diversas estruturas sociais, essa nova proposta de estudo salienta sua atenção para a informação em seu contexto geral, desde sua criação à sua propagação, se propondo a de fato refletir prioritariamente sobre a informação, discutir sua episteme, tornando possível uma visibilidade conceitual sobre seu uso e consumo. Se propõe aqui, uma teoria para analisar a informação de acordo com sua atribuição social, de maneira a conhecermos a sua finalidade, ambientando-se em uma análise observacional a respeito da freneticidade implantada pelo contexto, antes da rapidez é preciso prezar pela eficiência, buscando uma maior produção informacional com uma maior qualidade. Com a abertura para uma maior criação da informação e para sua propagação em meio a uma rede mundial, onde há a predominância das redes sociais que produzem uma gama enorme de informação, observa-se o que poderá se tornar uma problemática em um futuro próximo, ocasionado, em tese, um limite na ruptura no que diz respeito a esfera social dessa informação, ou seja, contemplando questionamentos da propagação e implementação informacional na sociedade.


A análise das redes sociais, consequentemente da Web 2.0, requer um estudo mais aguçado e profundo, porém, como já mencionado, as Tecnologias de criação e disseminação da informação estão diretamente ligadas a Filosofia da Informação, pois, é dessa forma que a sociedade mostra a sua forma de poder informacional, dado a sua criação e propagação de forma quase que instantânea e que consequentemente leva a necessidade do estudo da informação pela filosofia, devido a necessidade de elaboração de uma estrutura social através de uma filosofia da informação apropriada, contemplando a contribuição reflexiva para problemas fundamentais de entendimento das relações na sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Abordar uma pesquisa sobre a reflexão e a atribuição que a filosofia da informação tem no âmbito da sociedade é uma tarefa árdua e complexa, dado que, as abordagens e conceitos a respeito da informação são deveras obscuras, impossibilitando talvez uma observação mais concisa dessa área que ainda é carente de definições. Todavia, mesmo com algumas indefinições a respeito da informação, não nos isenta da preocupação de observação da dinâmica informacional numa perspectiva epistemológica e ontológica, onde se torna necessário começar a rever valores éticos da informação que surge efemeramente e de forma desordenada, compreendendo os valores da criação e da propagação, vislumbrando entender o real sentido da importância dessa informação para a sociedade. Como dito anteriormente é impossível desassociar o conceito de sociedade do conceito de informação, não existe sociedade que se estrutura sem informação. Propomos então, uma maior observação para a informação na sua forma de atingir o receptor, entender e estruturar um mecanismo de compreensão para termos uma maior eficiência na permutação dessa informação na sociedade, visando assim, destruir algumas barreiras de acesso a informação, não podendo perder de vista


também, que é extremamente necessário revermos as questões éticas dessa informação enquanto conteúdo na sociedade. REFERÊNCIAS BRAGA,G.M. Informação,ciência,política cinentífica: opensamento de Derek de Solla Prince. Ciência da Informação, v.3, n.2, p.155-177, 1974. CAPURRO, Rafael. Espistemologia y Ciencia de La Informacion. Disponível em: <http://www.capurro.de/enancib.html> acesso em: 08 mar 2010. CAPURRO, Rafael; HJORLAND, Birger. Annual Review of information Science and Technology. Ed. Blaise Cronin. v. 37, cap. 8, p. 343-411, 2003. DEMO, P. Ambivalências da sociedade da informação. Ciência da Informação, v.29, n.2, p. 37-42, 200. FEREATER MORA, J. Dicionário de filosofia. 5.ed. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1982. FRANCELIN, Marivalde Moacir. A epistemologia da complexidade e a ciência da informação. Ci. Inf., Brasília, v. 32, n. 2, p. 64-68, maio/ago. 2003 FRANCELIN, Marivalde Moacir; PELLEGATTI, Caio. Filosofia da Informação: reflexos e reflexões. Transinformação, v.16, n.2, p.123-132, maio/ago. 2004. FLORIDI, L. What is philosophy of information? Metaphilosophy, v.33, n.1/2, p.123-145, 2002. Disponível em: <http://www.wolfson.ox.ac.uk/~floridi> .Acesso em: 14 Out 2010. ILHARCO, Fernando. Filosofia da Informação: Alguns problemas fundadores. In: III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO, v. 2, 2004. JAPIASSU, H. As máscaras da ciência. Ciência da Informação, v.5, n.1, p.13-15, 1977. MATHEUS, Renato Fabiano. Rafael Capurro e a filosofia da informação: abordagens, conceitos e metodologias de pesquisa para a Ciência da informação. Perspect. Ciênc. Inf., Belo Horizonte, v.10 n.2, p.140-165, jul./dez.2005


PRADO JUNIOR, Caio. O que é filosofia. São Paulo: Brasiliense, 2008. SANTOS, Laymert Garcia dos. Limites na ruptura da espera da informação. São Paulo em Perspectiva, v.14 n.3, p. 32-39, jul. 2000 WERTHEI, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago. 2000. ___________________________________________________________________ Notas 1 Luciano

Floridi (nascido em 1964) é um filósofo italiano conhecido pelo seu

trabalho pioneiro no campo da Filosofia da Informação e da Ética da Informação.


INDICADORES CIENTÍFICOS: Uma Análise da Produção do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da UFPE a partir dos currículos da Plataforma Lattes Guilherme Alves de Santana UFPE. Graduando em Gestão da Informação. guilherme.alves.santana@gmail.com Natanael Vitor Sobral UFPE. Graduando em Gestão da Informação. natan_sobral@yahoo.com.br Marcio Henrique Wanderley Ferreira UFPE. Graduando em Gestão da Informação. marcio.wferreira@hotmail.com Fábio Mascarenhas e Silva UFPE. Doutor em Ciência da Informação. Docente do Departamento de Ciência da Informação (DCI – UFPE). fabiomascarenhas@yahoo.com.br

Resumo: Os indicadores científicos são reconhecidamente importantes para a gestão da Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T & I), já que demonstram as tendências e variáveis do setor. Sua construção e análise se inserem como fatores indutores à elaboração de estratégias e planos de ações, sejam em âmbito público ou privado. No caso da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), os indicadores servem como balizadores para a formulação de políticas e para a tomada de decisões. Deste modo, este estudo objetiva analisar a produção científica do Programa de PósGraduação (Mestrado e Doutorado) em Sociologia (PPGS-UFPE), no período compreendido entre os anos de 2007 a 2009 (último triênio avaliado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES –). Para tanto, fez-se a coleta dos currículos dos docentes disponíveis na Plataforma Lattes (PL) por meio da ferramenta “ScriptLattes”, que compilou as listas de produção científicas. Em seguida, realizou-se uma análise qualiquantitativa das publicações com o intuito de identificar os principais aspectos e tendências da produção científica, com vistas à proposição de uma metodologia para a geração de indicadores científicos capazes de subsidiar processos decisórios no âmbito da gestão da C, T & I. Dentre os principais resultados, identificaram-se a quantidade total de publicações, os avanços e retrocessos da produção científica do programa, a média anual de publicações, os principais veículos de comunicação, o nível Qualis CAPES dos periódicos, as principais redes de colaboração dos docentes, os pesquisadores mais influentes, e os grupos e linhas de pesquisa de destaque. Palavras-chave: Plataforma Lattes; Indicadores do PPGS-UFPE; Produção Científica.


Abstract: The Science and technology indicators are known to be important for the management of Science, Technology and Innovation (ST&I), as quantitatively demonstrate trends and variables of the sector. Its construction and analysis are included as factors inducing the development of strategies and action plans, whether in the public or private. In the case of the Universidade Federal de Pernambuco-UFPE (Federal University of Pernambuco) (UFPE), the indicators serve as benchmarks for policy formulation and decision making. Thus, this study aims to analyze the scientific production of the Post-Graduate (Masters and PhD) in Sociology (PPGS-UFPE) for the period between the years 2007 to 2009 (the last three years evaluated by the Department of Personnel Training Higher Education - CAPES -). As such, there is the collection of resumes of available teachers in the Lattes Platform (PL) through the tool "ScriptLattes", which compiled the lists of scientific production. Then there was a qualitative and quantitative analysis of publications in order to identify key issues and trends of scientific production, with a view to proposing a methodology for generating scientific indicators that can support decision making in the management of C, T & I. Among the key findings were identified within the total quantity of publications, the ebbs and flows of scientific program, the average annual publications, the main means of communication, the level of Qualis CAPES journals, major collaborative networks of teachers , the most influential researchers, and groups and research lines of distinction. Keywords: Science and technology indicators; Lattes Database; Indicators PPGS-UFPE; Scientific Production.


1 INTRODUÇÃO Devido à variada dinâmica produtiva existente no setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), gestores frequentemente necessitam de instrumentos informacionais capazes de monitorar e apontar as principais tendências do setor com a finalidade de formulação de políticas e estratégias de ação. A partir desta realidade, a criação e o uso de indicadores da atividade científica se inserem no contexto da CT&I como fatores indutores para o processo de tomada de decisão em instâncias governamentais e políticas, já que apontam o grau de maturidade, evolução e retrocessos de segmentos ligados ao setor. Todavia, para produzir indicadores que assinalem com proximidade a realidade do setor de CT&I, faz-se necessário desenvolver sólidos e confiáveis instrumentos e metodologias, que aperfeiçoem a geração de informações que contribuam positivamente nas decisões, políticas e no planejamento da gestão do setor. Diante da árdua tarefa de identificação de mecanismos eficientes para a elaboração de indicadores científicos e sua posterior análise adaptada ao contexto explorado, este trabalho objetivou analisar a produção científica do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para tanto, utilizaram-se estudos métricos das informações contidas nos currículos Lattes dos pesquisadores do PPGS cadastrados na Plataforma Lattes (PL) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a finalidade de gerar indicadores que apóiem o processo decisório de gestores de CT&I do estado de Pernambuco. 2 INDICADORES CIENTÍFICOS COMO INSUMOS PARA O PROCESSO DECISÓRIO NO SETOR DE CT&I O uso de indicadores da atividade científica é fator indutor à mobilização e amadurecimento de diversos segmentos da sociedade, tais como os


setores governamentais e políticos. Haja vista a importância desse uso, ressalta-se a existência de incentivos da comunidade acadêmica e dos gestores de CT&I que, através dos citados instrumentos, buscam compreender melhor a dinâmica da produção científica no intuito de subsidiar e avaliar o planejamento e resultados das políticas voltadas a esse ambiente. De acordo com Santos e Kobashi (2005) há um conjunto expressivo de indicadores empregados na análise da produção científica que podem ser divididos em:  Indicadores de Produção Científica – construídos pela contagem do número de publicações por tipo de documento (livros, artigos, publicações científicas, relatórios etc.), por instituição, área de conhecimento, país, dentre outros;  Indicadores de Citação – estabelecidos pela contagem do número de citações recebidas por uma publicação de artigo de periódico. É o meio mais reconhecido de atribuir crédito ao autor;  Indicadores de Ligação – criados pelas co-ocorrências de autoria, citações e palavras, sendo aplicados na elaboração de mapas de estruturas de conhecimento e de redes de relacionamento entre pesquisadores, instituições e países. Emprega técnicas de análise estatística de agrupamentos. Esses indicadores são empregados como medidas indiretas da atividade da pesquisa científica e contribuem para a compreensão dos objetivos da pesquisa, da estrutura da comunidade científica, do objetivo particular da pesquisa ou do seu impacto social, político e econômico (ASTON & KLAVANS, 1997; SPINAK, 1996 e 1998; TRZESNIAK, 1998; OKUBO, 1997). No Brasil há forte intervenção governamental na gestão da CT&I, assim, as políticas de órgãos públicos como o CNPq, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) e as próprias universidades através de suas pró-reitorias de pesquisa necessitam de informações consistentes e confiáveis que auxiliem seus processos decisórios. Notase que estes órgãos são membros e parceiros do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) e que frequentemente encontram dificuldades em


seus processos decisórios devido à ausência ou ineficácia de indicadores científicos atualizados e confiáveis. Vide o caso da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), que possui indicadores inconsistentes sobre a realidade da produção de CT&I em âmbito estadual (FACEPE, 2010). Por conseguinte, a construção de instrumentos capazes de construir indicadores é imprescindível à gestão de políticas científicas, e a ausência de análise e contextualização destes indicadores em um ambiente ou atividade específica pode limitar a eficácia do processo, tornando-o indicador sem sentido e utilidade, apenas números sem significado. 2.1 Indicadores Científicos na Gestão de CT&I em Instituições de Ensino Superior (IES) Para as Instituições de Ensino Superior (IES), em especial as que mantêm programas de pós-graduação (PPG) Stricto Sensu, como é o caso da UFPE, a atividade de construção de indicadores científicos destaca-se como um recurso que possibilita o aperfeiçoamento dos processos de avaliação, acompanhamento e planejamento institucional. Desta forma, os gestores das IES podem e devem utilizar estes indicadores com o propósito de averiguar aspectos qualiquantitativos da produção, buscando o alinhamento com a instância reguladora de sua atividade fim, sendo a CAPES no caso dos PPGs Stricto Sensu, que publica os critérios avaliativos e realiza julgamentos trienais destes programas. Estes indicadores de produção científica podem ser gerados através de dados disponíveis publicamente na base de dados de currículos Lattes dos docentes/pesquisadores e do cruzamento destes dados com os de outras bases importantes, como é o caso do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPQ (DGP/CNPq)

(http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/)

e

do

WebQualis

(http://qualis.capes.gov.br/webqualis/). Neste caso, vários aspectos da produção são considerados, como: tipologia da produção (livros, capítulos de livro, artigos de periódicos e trabalhos de evento); quantidade de publicações; nível Qualis CAPES


dos artigos publicados em periódicos; colaboração dos docentes, e; grupos e linhas de pesquisa de destaque na instituição. Desta maneira, os indicadores científicos servem como balizadores para a formulação de políticas e tomadas de decisões nas IES, já que possuem informações baseadas em dados precisos e consistentes que apontam, com proximidade, a situação real da produção científica da instituição. Neste sentido, o desenvolvimento de metodologias consistentes para a construção dos indicadores científicos é demasiadamente importante, de forma que contribuam para uma demonstração quantitativa das tendências e variáveis das IES, e fornecem subsídios para a interpretação dos modos pelos quais as produções científicas são criadas, comunicadas e acessadas. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O método escolhido foi o cientométrico. De acordo com Spinak (1998), os objetivos específicos da cientometria visam investigar o crescimento quantitativo da ciência, o desenvolvimento de disciplinas, o relacionamento entre ciência e tecnologia, a obsolescência dos paradigmas científicos, a estrutura de comunicação entre cientistas, a criatividade e produtividade de pesquisadores e a relação entre o crescimento econômico e o desenvolvimento científico. Para o desenvolvimento do trabalho, adotaram-se os seguintes procedimentos: Inicialmente foi escolhido um programa de pós-graduação recomendado pela CAPES da UFPE, que foi o Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS). Fundado em 1967, PPGS oferece cursos de Mestrado e Doutorado. Na última avaliação trienal da CAPES que compreendeu o triênio de 2007 a 2009, o PPGS obteve o conceito 5, evoluindo 1 ponto em relação à avaliação anterior que corresponde ao período de 2004 a 2006. Em

seguida,

utilizando

a

ferramenta

ScriptLattes

(http://scriptlattes.sourceforge.net/), fez-se a extração e compilação da produção bibliográfica (artigos em periódicos científicos, livros, capítulos de livros e trabalhos


em eventos) dos pesquisadores do PPGS, compreendendo o período do último triênio (2007 a 2009) considerado pela CAPES. Logo após a coleta e compilação dos dados foram estabelecidas combinações e correlações entre eles, para tanto foi utilizado o Microsoft Excel para a geração de gráficos de produção científica, linhas de pesquisa, grupos de pesquisa e estratificação Qualis, e ainda utilizou-se o UCINET com a finalidade de geração de gráficos de colaboração. As coletas e experimentos foram realizados na estrutura do Laboratório de Informática do Departamento de Ciência da Informação (LABINFDCI) em agosto de 2010. Os dados que serão apresentados nos resultados foram extraídos da base de dados da Plataforma Lattes (PL) que, permitiu o acesso ao DGP/CNPq, onde foram realizadas consultas referentes aos grupos de pesquisa mais freqüentes e linhas de pesquisa mais adotadas, ainda utilizou-se dados da base WebQualis para consultar o extrato de qualidade dos periódicos científicos identificados. No processo de identificação da qualidade dos periódicos, foi acessado um

aplicativo

no

site

do

WebQualis

(http://qualis.capes.gov.br/webqualis/ConsultaPeriodicos.faces) que permite a classificação e consulta ao Qualis das áreas e a divulgação dos critérios utilizados para a classificação de periódicos. A pesquisa foi feita por um documento onde constam: título de cada periódico com Qualis na área de sociologia, extrato, e ano base. Dos 43 periódicos, 11 não foram encontrados no WebQualis. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS Para a geração de indicadores da produção científica do PPGS-UFPE no período de 2007 a 2009, objetivou-se extrair e organizar os dados dos currículos dos docentes do programa a partir da PL do CNPq e da correlação de dados de outras bases. Identificou-se que o PPGS produziu: 61 artigos de periódicos; 26 livros (publicados, organizados ou editados); 106 capítulos de livros; 40 trabalhos completos publicados em anais de eventos; 11 resumos expandidos publicados em


anais de eventos, e; 38 resumos publicados em anais de eventos. Totalizando 282 publicações, que podem ser visualizadas no Gráfico 1. Gráfico 1 – Produção Científica do PPGS – UFPE no triênio de 2007 a 2009

Série1; Artigos Série1; Trabalhos completos completos publicados em publicados em periódicos; 61 Série1; Resumos anais de publicados em congressos; Série1; Livros anais de 40 Série1; Resumos publicados/organ congressos; 38 expandidos izados ou publicados emedições; 26 anais de congressos ; 11

Série1; Capítulos de livros publicados; 106

Fonte: Elaboração própria A partir da observação do gráfico 1, percebe-se que o PPGS voltou suas publicações para determinados veículos de comunicação, sendo estes: em primeiro lugar destacam-se os capítulos de livro, em segundo lugar os artigos de periódico, e em terceiro os trabalhos completos em anais de eventos com 106, 61 e 40 itens respectivamente. Ao constatar os três principais veículos que os pesquisadores/docentes do PPGS-UFPE direcionaram suas produções criou-se o gráfico 2, que apresenta a evolução da publicação nos referidos veículos de comunicação científica de acordo com último triênio de avaliação da CAPES (2007 a 2009).


Gráfico 2 – Veículos mais utilizados e evolução ao longo do triênio (2007 a 2009)

Fonte: Elaboração própria Em relação à avaliação do triênio que compreende os anos de 2007 a 2009, observa-se que a CAPES atribuiu ao critério “produção qualificada” 50% da nota do quesito “produção intelectual”, que equivale a 40% do conceito global atribuído aos Programas de Pós-Graduação em Sociologia existentes no Brasil. Este fator certamente estimulou o PPGS a direcionar sua produção aos dois primeiros veículos citados acima, pelo fato de “produção qualificada” para a CAPES representar, livros, capítulos de livro e artigos de periódicos. Outro ponto a destacar é a concentração da produção em PPGs. Esta consiste na distribuição não equitativa do total publicado pelo número de pesquisadores/docentes membros do quadro permanente de programas de pósgraduação. Amplamente combatida nas avaliações da CAPES, a concentração da produção é determinante no conceito recebido pelos programas de pós-graduação, sendo fator crucial para o seu sucesso ou insucesso. No caso do PPGS, evidenciou-se concentração nos seis primeiros pesquisadores/docentes, explicitada no Gráfico 3. Este indicador apresenta um problema ao PPGS, pois expõe a necessidade do programa em melhor adequar-se aos critérios estabelecidos pela CAPES. A linha verde presente no gráfico 3 é determinada pela média, desta maneira visualiza-se nove docentes/pesquisadores


acima da média da produção total que é de 25 trabalhos, já abaixo da média encontram-se 13 docentes, impulsionando negativamente a média do conjunto. Gráfico 3 – Concentração da produção científica do PPGS

Fonte: Elaboração própria Além dos resultados apresentados anteriormente, foi possível identificar quatro redes de colaboração científica entre os pesquisadores/docentes do PPGS. Destas, duas contém apenas dois membros que publicam entre si, e as duas restantes apresentam seis indivíduos cada uma. Ainda foi possível notar a presença de seis pesquisadores que publicaram ao longo do triênio avaliado individualmente. Isto não caracteriza uma surpresa, pois este é um fato muito comum na área de ciências humanas. O Gráfico 4 constata estes fatos, nele cada docente é representado pelo D maiúsculo seguido de um número determinado aleatoriamente, (ex. D1 = docente um). Gráfico 4 – Redes de colaboração do PPGS


Fonte: Elaboração própria A busca realizada no DGP/CNPq permitiu a identificação dos grupos de pesquisa mais presentes na atividade científica do PPGS (Gráfico 5), e também as linhas de pesquisa mais adotadas pelos pesquisadores/docentes do PPGS (Gráfico 6).


Gráfico 5 – Grupos de pesquisa mais presentes no PPGS

Fonte: Elaboração própria No gráfico 5, Observa-se que os Grupos de Pesquisa com mais pesquisadores dentro do programa são: 1) Sociedade brasileira contemporânea: cultura, democracia e pensamento social (UFPE); 2) Núcleo de cidadania, exclusão e processos de mudança (UFPE); 3) Laboratório de observação permanente sobre as transformações do mundo rural do Nordeste (UFPE), e; 4) Globalização e Agricultura (UFPE).


Gráfico 6 – Linhas de pesquisa mais adotadas pelo PPGS

Fonte: Elaboração própria Constata-se no Gráfico 6 que as linhas de pesquisa mais produtivas do programa foram: 1) Sociologia, saúde e redes sociais; 2) Processos sociais e agrários; 3) Cultura, sociologia crítica e produção do conhecimento na América Latina e África; 4) Cultura política, dominação e identidades coletivas. Com isto percebe-se que o viés do PPGS é bastante diversificado, e compreende várias correntes de pesquisa no âmbito das Ciências Humanas e Sociais. Para uma abordagem mais qualitativa das informações contidas nos currículos, verificou-se o extrato Qualis de cada periódico científico no quais os docentes/pesquisadores do PPGS publicaram seus artigos. Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados pela CAPES para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. O Qualis Periódicos possui indicadores divididos em oito categorias, em ordem decrescente de valor: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C. Foi importante realizar esta verificação para fins de constatação da qualidade da produção intelectual do PPGS, pois este é um importante aspecto considerado nas avaliações trienais da CAPES. Como resultado percebeu-se que dos 61 artigos de periódicos publicados pelo corpo docente do PPGS, 50 foram em periódicos com Qualis e 11 em


periódicos sem extrato Qualis. A distribuição da quantidade de artigos de periódicos nos extratos determinados pela CAPES podem ser visualizados no Quadro 1 (na página seguinte). Quadro 1 – Quantidade de artigos publicados por extrato Qualis Extrato

Qualis Quantidade

Periódicos

Publicações

A1

6

A2

4

B1

3

B2

19

B3

3

B4

9

B5

4

C

2

de

Fonte: Elaboração própria Em relação à distribuição da publicação por periódicos bem avaliados no Qualis, identificou-se que os docentes voltaram suas publicações para veículos com classificação A ou B. Merece destaque mencionar que a maior quantidade de artigos publicados foi em periódicos B2 e B4, com respectivamente 19 e 9 publicações. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo dos anos a Plataforma Lattes se consolidou como um importante repositório de informações relevantes à memória científica e tecnológica


nacional. Isto possibilitou maior profissionalização e padronização da gestão da informação do SNCTI à medida que a plataforma é reconhecida em todo cenário nacional como instrumento de apoio às políticas de CT&I. Com isto, o papel da Plataforma Lattes foi se expandindo, e sua utilidade à tomada de decisão no âmbito da Gestão de CT&I foi ganhando elevado grau de maturidade, permitindo que os gestores do setor consultassem informações na base e aplicassem metodologias para a obtenção de indicadores de caráter decisório, subsidiando o planejamento e execução de suas atividades. Ainda que existam metodologias relevantes e pertinentes para a gestão em ciência, tecnologia e inovação, estas ainda podem ser aperfeiçoadas, de forma que propiciem maiores garantias aos indicadores, tornando-os cada vez mais confiáveis e sólidos. Devido à regulação exercida pela CAPES nos programas de pósgraduação Stricto Sensu, as normas foram se tornando mais rígidas e dinâmicas, demandando novos instrumentos de gestão que pudessem adaptar a realidade dos programas de pós-graduação de todo o Brasil às exigências que lhes eram solicitadas, o que abre um importante espaço para a utilização de indicadores de CT&I. Desta forma, este trabalho mostrou novas possibilidades para a geração de indicadores científicos confiáveis e atualizados da produção científica nacional a um baixo custo. Contudo, fica expressa a preocupação com o destino destes indicadores, afinal, de nada valerá gerar indicadores seguros, se estes não puderem servir a uma finalidade específica no contexto do SNCTI. Estes devem ser úteis, tanto em escala regional (Programas de pós-graduação e Pró-reitorias de Pesquisa), quanto em escalas macros, como as Políticas de CT&I determinadas pelo CNPq, CAPES e outras agências e órgãos reguladores.


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Diagramado em tamanho A5 Fontes: Arualight, Aubrey, Calibri e Cambria.


Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência em restauração e encadernação de documentos. Atua principalmente nos seguintes temas: biblioteconomia e movimentos sociais, formação e atuação pro�issional, movimento associativo e memória. Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência em restauração e encadernação de documentos. Atua principalmente nos seguintes temas: biblioteconomia e movimentos sociais, formação e atuação pro�issional, movimento associativo e memória. Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência em Higienização e encadernação de documentos. Atua principalmente nos seguintes temas: biblioteconomia e movimentos sociais, tecnologia e redes de informação , cultura e direito a informação. Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Ciência da Informação e Gestão da informação, atuando principalmente nos seguintes temas: Biblioteconomia, Administração da Informação, Gestão da Qualidade, Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva. Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Normalização de trabalhos acadêmicos, Indexação de Audiovisuais, Ciência da Informação, Filoso�ia com ênfase em Filoso�ia da Informação e epistemologia da informação.


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