Antigo Hotel Cobra

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Guaxupé, Minas Gerais
Antigo Hotel Cobra
SemináriosTemáticosIII-C-MemóriaePatrimônio
PauloYassuhideFujioka
UniversidadedeSãoPaulo 2022
SUMÁRIO
CIDADE DE GUAXUPÉ HISTÓRIA DA CIDADE PRINCIPAIS CARACTERISTICAS 1 ANTIGO HOTEL COBRA 2 HISTÓRIA DO HOTEL FELÍCIO GENGA RAFAEL GESINI ANÁLISE ARQUITETÔNICA 3 4 CONCLUSÕES FINAIS 5 BIBLIOGRAFIA
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Até o começo do século passado, o território em que se situa Guaxupé era mata virgem. As mais antigas referências dão conta de que somente em 1813 pés de homens civilizados pisaram a região que era habitada pelos primitivos “Caminho das Abelhas”, significado indígena da palavra Guaxupé, é a versão mais aceita para a denominação que ficou até hoje. Tomou esse nome, por volta de 1814, o ribeirão e mais tarde o arraial, denominado Dores de Guaxupé. O documento mais antigo sobre posse de terras até agora conhecido tem a data de 28 de outubro de 1818: É uma escritura passada em Jacuí e pela qual João Martins Pereira e sua mulher Maria de Jesus do Nascimento vendiam a Antônio Gomes da Silva “terras de cultura de matos virgens e serrados”na paragem do Ribeirão do Peixe vertente para o Rio Pardo, junto a terras do próprio Gomes da Silva, que foi então ao que tudo indica, o segundo proprietário das terras em que depois surgiu a cidade. Mais tarde, as terras foram transferidas a Paulo Carneiro Bastos, que doou 24 alqueires para a fundação da Capela de Nossa Senhora das Dores. Essa área era parte da Fazenda Nova Floresta, e nela em 1837, celebrou-se a primeira missa, num ato que pôde corresponder ao ato de fundação de Guaxupé. Paulo Carneiro Bastos, Francisco Ribeiro do Valle, o licenciado José Joaquim da Silva e o tenente Antônio Querubim de Rezende, são os nomes que os anais registram como fundadores de Guaxupé. A capela foi construída em 1839 e ao redor dela construíram-se as primeiras casas, exatamente no local onde está hoje a Avenida Conde Ribeiro do Valle, de onde derivava o “caminho de Santa Barbara das Canoas”, atual rua Barão.

CIDADEDEGUAXUPÉ
Catedral de Nossa Senhora das Dores, Guaxupé 2018 FONTE: Focus Ltda

CIDADEDEGUAXUPÉ

Por volta de 1850, o Arraial de Nossa Senhora das Dores de Guaxupé já contava com 180 casas, 07 ruas e engenhos. Em 1853 a povoação foi elevada a Distrito de Paz, na jurisdição de Jacuí e em 1856 criava-se a Paróquia de Nossa Senhora das Dores de Guaxupé, pertencente à Câmara Eclesiástica de Caconde, no bispado de São Paulo. Iniciou-se então a construção da nova igreja na atual praça Américo Costa. Francisco Ribeiro do Valle, ao falecer em 1860, 13 de abril, legou “quatrocentos mil réis” à Paróquia. Em 23 de junho de 18 54, o povoado foi elevado a Freguesia, no termo de Jacuí e Município de São Sebastião do Paraiso. O município de Guaxupé foi instigado pela lei 556, de 30 de agosto de 1911, com território desmembrado de Muzambinho, e instalado solenemente em 1º de junho de 1912, data em que se comemora. Era uma consequência da grande expansão econômica que tomara vulto desde 1904, quando chegaram os trilhos da Mogiana. A Comarca foi criada em 1925, pela lei 879 de 25 de janeiro. Eis, pois, os traços essenciais da bela história de Guaxupé, a “Cidade das Abelhas”.

Mapa da cidade de Guaxupé FONTE: Google Earth 2022
Agência do Banco do Brasil em Guaxupé, 1961 FONTE: Prefeitura Municipal de

CIDADEDEGUAXUPÉ

Sendo Guaxupé uma cidade localizada no sul de Minas Gerais, sua economia sempre girou em torno do café e outras pequenas exportações agrícolas, com isso a arquitetura da cidade é um reflexo dessa construção da elite cafeeira da época, uma vez que cidade é repleta de referências europeias com propostas bastante ecléticas, como antigos casarões e até mesmo a paroquia local.

Partindo da linha de pensamento proposta pelo crítico britânico Nikolaus Pevsner, a produção do ecletismo no mundo como um todo, se tratava da representação arquitetônica de uma classe de novos ricos, que buscavam status, mas que apesar de grandes riquezas, careciam de práticas aristocráticas do século anterior. Suas fachadas simbolizam poder e imponência, partindo de características oriundas de diferentes períodos e técnicas.

Ao lado podemos ver um das diversas outras construções ecléticas presentes cidade, inicialmente usado como Banco do Brasil, o edifico não sofreu muitas intervenções ao longo de seus anos, permanecendo como agência até o ano de 1992, quando a prefeitura se apropria do espaço e a torna sede da Prefeitura Municipal, dada sua localização privilegiada no centro.

Guaxupé
Agência do Banco do Brasil em Guaxupé 2022 FONTE: Produção Autoral
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ANTIGOHOTELCOBRA

HISTÓRIADOHOTEL

Teatro Municipal em Guaxupé, 2022 FONTE: Produção Autoral

ANTIGOHOTELCOBRA

FELÍCIOGENGA

Filho primogênito de quatro irmãos, Felício Rizzi Genga nasceu em Vallo di Nera, uma vila italiana na região de Umbria, uma vila que conserva até hoje edifícios civis e religiosos do início da idade média, traços que influenciaram diretamente na escolha de carreira pelo jovem, que desde cedo sempre foi ligado a arquitetura. Aos 22 anos, Genga foi mandado pelos país para Viena onde cursou Arquitetura e onde nesse meio tempo conheceu o filho mais novo do então Guaxupeano, Agenor de Lima, que posteriormente viria a contratá-lo para a execução de uma das mais belas e imponentes construções da cidade de Guaxupé, no sul de Minas Gerais.

Genga aos seus 30 anos, foi contratado por Agenor de Lima para executar uma grande e importante obra em sua cidade, juntamente a ele, Agenor contratou um experiente mestre de obras, também italiano, chamado Rafael Gesini, que juntos deram cor e história para o grande Hotel Cobra.

Após a execução da obra, Genga passou uma grande temporada na cidade, fato que lhe rendeu inúmeras amizades e pequenas obras pela cidade, deixando até hoje sua marca eclética registrada.

Interior do Teatro Municipal em Guaxupé, 2022 FONTE: Produção Autoral

ANTIGOHOTELCOBRA

RAFAELGESINI

Diferentemente de Felício Genga, não há muitos relatos ou informações sobre a origem e a vida particular de Rafael Gesini, sabe-se apenas que o mesmo alcançou fama e reconhecimento em sua profissão a partir de 1912 quando, junto a outro mestre de obras chamado Filippo Vido construíram na cidade de Trieste, na Itália, um hotel chamado Vis à Vis, onde sua arquitetura eclética também é evidente.

Em 1920, Gesini é então chamado e contratado para assumir juntamente ao arquiteto Felício Genga a missão de dar vida a um projeto astucioso e sonhado pelo Brasileiro Agenor de Lima, que apesar de trabalhar no ramo de exportação de café, também possuía outras fontes de tenda dentro de sua família como venda e exportação de grãos diversos.

Nome atribuído: Antigo Hotel Cobra atual Câmara Municipal / Teatro Localização: Av. Conde Ribeiro do Valle, nº 113 Guaxupé MG Decreto de Tombamento: Decreto n° 975/2001
FICHATÉCNICADAOBRA
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ANÁLISEARQUITETÔNICA

"

A incultura e o individualismo são as características do novo rico vitoriano Se, por uma razão qualquer, um novo rico tiver se apegado a um estilo, nada o impedirá de mandar construir sua casa, seu ateliê, seu escritório, seu clube, naquele estilo, e sempre se apegará a sua grande "casca", pois é a mesma que importa aos olhos da sociedade " (Nikolaus Pevsner,1944)

Interior do Teatro Municipal em Guaxupé, 2022 FONTE: Produção Autoral
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CONCLUSÕESFINAIS

Após uma série de análises e buscas por informações da história e da arquitetura da cidade, foi possível identificar traços importantes na arquitetura regional local, em especial aquela influenciada pela elite cafeeira do século XX.

Esse período também foi marcado pelos avanços da engenharia, mas que apenas tomaram forma no Brasil do século XX devido ao grande poder aquisitivo de grandes barões do café e comerciantes de sucesso.

Proprietários esses, que por sua vez, dificilmente compreendiam os estilos arquitetônicos e seus reais significados, pois seu objetivo era uma incansável busca de semelhança com a Europa, talvez devido suas origens, uma vez que a elite dessa época era composta majoritariamente por descentes europeus.

Em outras palavras, o ecletismo na arquitetura regional representou uma forte relação com o café e seus frutos, cujo estilo não buscava exatamente recuperar e reviver os aspectos antigos de construções históricas, mas sim, mostrar para uma sociedade em crescimento, seu pdoer aquisitivo eminente e próspero.

Em suma, o trabalho teve o objetivo de encontrar raízes, de enfrentar desafios e de persistir em busca de informações, que não muito diferente de outras cidades brasileiras, vão se perdendo ao longo do tempo, construções boas e expressivas que muitas vezes são esquecidas pelo poder público, local e federal.

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BIBLIOGRAFIA

COUTO, Ribeiro. A nossa tradição arquitetônica. Correio Paulistano, 6 março. 1922

DAVID, Marcos A Origem de Guaxupé. Prefeitura Municiapl de Guaxupé, 2016 pág 15 a 18

FABRIS, Ana Tereza. Arquitetura eclético no Brasil: o cenário da modernizacão. Acesso em 29 de novembro de 2022.

FABRIS, Ana Tereza. O Ecletismo à luz do modernismo. In: FABRIS, Annateresa (org ) Ecletismo na arquitetura brasileira São Paulo, Nobel

PATETTA, L. L'Architettura deWEcletismo. Fonti, Teorie e Modelli, 1750 1900, Milano 1975.

RIBEIRO DO VALE, José. Guaxupé: Memoria Histórica - a Terra e a Gente.Disponível para consulta em Biblioteca Municipal.

ZEITUNE, Elias Elite Cafeeira e o avanço de Guaxupé. Disponível para consulta em Biblioteca Municipal.

PLANO DE FUNDO: Arraial Dores de Guaxupé em 1945 FONTE: Produção Desconhecida Fornecido pela Prefeitura Municipal de Guaxupé
SemináriosTemáticosIII-C-MemóriaePatrimônio
PauloYassuhideFujioka

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