Nomos - Laura Miranda

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NOMOS LAURA MIRANDA Nomos - Laura Miranda


The audience of the Oscar Niemeyer Museum will be able to get acquainted with the work of the artist Laura Miranda in the exhibition “Nomos”. Two recent projects by the artist are presented: “Lichens 2014/2015” and “Dog Star 2016/2017”, held in the Environmental Protection Area of Passaúna, ​​ in the metropolitan region of Curitiba. The exhibition is composed of more than 60 works including drawings and objects and two performance videos with the participation of the artist Mônica Infante. Laura Miranda has been working as a visual artist and performer since the 1980s. She has participated in exhibitions, art residencies and cultural events in Brazil, Canada, Spain, Portugal, India, and Japan with a plastic production in several media, ​​ such as drawing, sculpture, and video. Presenting multiple forms of expression in the sphere of visual arts, architecture, and design is in the line of action of the Oscar Niemeyer Museum, which over the last 15 years has held about 350 exhibitions and receives more than 300,000 people yearly. The Oscar Niemeyer Museum also works as a mediator and audience guide by organizing programs, workshops and guided tours, as well as producing printed materials such as catalogs, guides and folders for people to delve deeper into what is being exhibited. This work, carried out by a multidisciplinary team, results in closer contact of the public with information, guarantees accessibility and, above all, broadens the perception and the senses for art. detalhe/detail Líquens, 2016 corte a laser sobre papel laser cut on paper 20 x 20 cm fotografia João Thibes

Juliana Vellozo Almeida Vosnika Chief Executive Officer Oscar Niemeyer Museum


O

público do Museu Oscar Niemeyer poderá conhecer a obra da artista Laura Miranda na exposição “Nomos”. São dois projetos recentes da artista: “Líquens 2014/2015” e “Estrela Canina 2016/2017”, realizados na Área de Proteção Ambiental do Passaúna, região metropolitana de Curitiba. A mostra é composta por mais de 60 obras entre desenhos, objetos e também por dois vídeos de performance com a participação da artista Mônica Infante. Laura Miranda atua como artista visual e performer desde a década de 1980. Participou de exposições, residências artísticas e eventos culturais no Brasil, Canadá, Espanha, Portugal, Índia e Japão com uma produção plástica em diversas linguagens, como desenho, escultura e vídeo. Apresentar múltiplas formas de expressão na esfera das artes visuais, arquitetura e design está na linha de atuação do Museu Oscar Niemeyer, que ao longo desses 15 anos realizou cerca de 350 exposições e recebe, por ano, mais de 300 mil pessoas. O Museu Oscar Niemeyer trabalha também como mediador e formador de público ao organizar programas, oficinas e visitas guiadas, além de produzir materiais gráficos, como catálogos, guias e folders para as pessoas aprofundarem-se no que está sendo exibido. Este trabalho, realizado por uma equipe multidisciplinar, resulta em uma aproximação maior do público com a informação, garante a acessibilidade e, principalmente, amplia a percepção e os sentidos para a arte. Juliana Vellozo Almeida Vosnika Diretora-Presidente Museu Oscar Niemeyer



AS VERDADES DO CORPO ou um pequeno tratado a respeito das obras de Laura Miranda por Katia Canton

Parte I: TRÊS VERDADES DA NATUREZA Simbiose é um termo biológico que fala do funcionamento de órgãos, de espécies. O reino vivo é um lugar de equilíbrio movediço entre o parasitismo e a simbiose. Procuramos um equilíbrio que não temos. Afinal o que é a educação? É em grande parte deixarmos de ser parasitas. É assinarmos um contrato em que passamos estar em simbiose com o outro. Se você não está em simbiose, torna-se abusivo. Michel Serres1

Líquens começou a tomar corpo a partir de uma viagem realizada por Laura Miranda e Mônica Infante por áreas tradicionais de tingimento de tecidos na Índia. Na região de Saurashtra, na península e deserto de Kutch, elas observaram como a existência dos rios permitia o tingimento e a lavagem das peças de tecido, feitos lentamente e de forma totalmente artesanal, pelas famílias. 1. Trecho retirado de depoimento dado pelo filósofo francês Michel Serres, em 2011, na internet, a respeito do conceito de simbiose em seus livros The Natural Contract (1995, University of Michigan Press) e The Parasite (2007, University of Minnesota Press).


THE TRUTHS OF THE BODY or a Small Treatise on the Works of Laura Miranda

by Katia Canton

Part I: THREE TRUTHS ABOUT NATURE

Symbiosis is a biological term that speaks of the functioning of organs, of species. The living kingdom is a place of unstable equilibrium between parasitism and symbiosis. We seek a balance that we do not have. After all what is education? It is largely no longer being parasites. It is signing a contract in which we come to be in symbiosis with the other. If you are not in symbiosis, you become abusive. pág. anterior/previous detalhe/detail Líquens, 2016 desenho e corte a laser sobre papel draw and laser cut on paper 20 x 20 cm fotografia João Thibes › detalhe/detail Líquens, 2016 corte a laser sobre papel laser cut on paper 20 x 20 cm fotografia João Thibes

Michel Serres1 “Lichens” began to take shape from a trip taken by Laura Miranda and Mônica Infante through traditional areas of tissue dyeing in India. In the Saurashtra region, in the Kutch peninsula and desert, they observed how the existence of rivers made it possiblefor the families to dye and wash the pieces of cloth slowly and in artisanal way. 1. Excerpts from a testimonial given by French philosopher Michel Serres, in 2011, on the internet, about the concept of symbiosis in his books “The Natural Contract” (1995, University of Michigan Press) and “The Parasite” (2007, University of Minnesota Press).




detalhe/detail Estrela Canina, 2016 desenho sobre papel cortado e tramado drawing on cut and weaved paper 123 x 101 cm fotografia João Thibes

Parte II: A VERDADE DE UMA TRANSCENDÊNCIA Tudo no corpo é muito importante [...]. Há um corpo vivo e um corpo morto. Mas, quando aprendemos os dois lados, temos os dois lados vivos. Portanto, estou apto para ensinar aos canhotos a fazer gestos com a direita e, aliás, como complemento, para ensinar aos destros a fazer gestos com a esquerda. Por quê? Pelo seguinte: isso lhes ensina que em seu corpo pode haver um outro. Ensina o altruísmo, ensina a tolerância. Ensina que, se diante de nós há alguém que pode ser um inimigo, podemos nos reconciliar, ser tolerantes com ele, entender seu ponto de vista. Michel Serres1

Estrela Canina é a série que inaugura a segunda parte dessa reflexão. Aqui também há uma busca de equilíbrio de vidas, entre os animais e os humanos, entre o mundano e o mitológico, entre a autonomia da cultura e a latência dos impulsos. 1. Trecho de depoimento de Serres para o programa Roda Viva, na TV Cultura, em São Paulo, 1999. Transcrição da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).


Part II: THE TRUTH OF A TRANSCENDENCE

Everything in the body is very important […]. There is a living body and a dead body. But when we learn about both sides, we have two sides that are alive. Therefore, I am able to teach left-handers to make gestures with the right hand and, as a complement, to teach rightists to make gestures with the left. Why? Because of the following: this teaches them that in their bodies there can be another one. It teaches altruism, teaches tolerance. It teaches that, if someone standing before us can be an enemy, we can reconcile, be tolerant with them, understand their point of view. Michel Serres1 “Canine Star” is the name of the series that inaugurates the second part of this reflection. Here too there is a search for the balance of lives, between animals and humans, between the mundane and the mythological, between the autonomy of culture and the latency of impulses.

detalhe/detail Estrela canina, 2017 desenho sobre papel draw on paper 114 x 114 cm fotografia João Thibes

The title refers first to the star Sirius, the brightest star in the sky, part of the Greater Dog constellation. The artist drew a parallel between the occurrence and the Greek mythological narrative, in which Hercules kills the two-headed dog, Ortros, which rises to the heavens and becomes Sirius. But the analogies and fields of power for 1. Excerpt from a testimonial by Serres for the program “Roda Viva”, at TV Cultura, São Paulo, 1999. Transcript by FAPESP (Foundation for Research Support of the state of São Paulo).


O título refere-se primeiramente à estrela Sirius, a mais brilhante do céu, e que faz parte da constelação Cão Maior. A artista traçou um paralelo com a narrativa mitológica grega, em que Hércules mata o cão de duas cabeças, Ortros, que sobe aos céus e vira Sirius. Mas as analogias e campos de potência para a criação aqui se desdobram numa miríade muito maior de disciplinas e estatutos que, para além da mitologia, incluem astronomia, biopsicologia e abrem-se para múltiplas relações e possibilidades de construção de formas autônomas de pensar e sentir. No tempo de gestão da obra, surgiram, na vizinhança, três cães negros que foram recolhidos da rua pela artista. Um deles foi imediatamente adotado e levado embora, enquanto os outros dois, batizados de Nirvana e Estrela, passaram a ser incorporados no trabalho plástico, sendo fotografados em movimento, com os contornos de seus corpos escaneados e desenhados em carvão. Na medida da costura expansiva dessas relações e ideias, a obra da artista foi ganhando contornos e materiais. Ao contrário do que acontece em Líquens, o vídeo que compõe essa série não tem uma partitura gestual preestabelecida. Ali Laura Miranda e Mônica Infante rastreiam seus corpos mutuamente em busca de conexão com suas potências mais primitivas.

Estrela Canina não é apenas uma obra que homenageia os cães, a mitologia e a vida humana, mas se propõe a um processo expandido de descobrimento das verdades que extrapolam as razões do corpo e se reconciliam com a própria vida.


creation here unfold in a much greater myriad of disciplines and statutes, which in addition to mythology include astronomy, bio-psychology, and open up multiple relationships and possibilities for building autonomous forms of thinking and feeling. During the time she was organizing the work, three black dogs appeared in her neighborhood, which were then taken in by the artist. One of them was immediately adopted by someone else and taken away, while the other two, named Nirvana and Estrela1,began to be incorporated into the plastic work; they were photographed in motion and the contours of their bodies were scanned and drawn in charcoal. As these relationships and ideas were strung together, the work of the artist began to gain contours and materials.

detalhe/detail Estrela Canina, 2016 desenho sobre papel cortado e tramado drawing on cut and weaved paper 103 x 102 cm fotografia João Thibes › Laura Miranda e Mônica Infante Estrela Canina, 2017 Performance Fotos Beto Bóçon

Unlike what happens in “Lichens”, the video that makes up this series does not have a pre-established gesture script. There, Laura Miranda and Mônica Infante mutually track their bodies in search of a connection with their more primitive powers. “Canine Star” is not only a work that honors dogs, mythology, and human life, but also proposes an expanded process of discovering the truths that extrapolate the reasons of the body and reconcile them with life itself. 1. (T.N.: star, in Portuguese)



Museu Oscar Niemeyer

18 8 > MAR SALA MAR ROOM

From Tuesday through Sunday, from 10 a.m. to 6 p.m. Ticket sale until 5:30 p.m. Free admission to seniors over 60 and children under 12.

monmuseu monmuseu museuoscarniemeyer museuoscarniemeyer.org.br

Rua Marechal Hermes, 999 Centro Cívico · Curitiba · PR Tel.: 41 3350 4400

Capa/Cover (detalhe/detail) LAURA MIRANDA Estrela canina, 2015 desenho sobre papel cortado e tramado drawing on cut and weaved paper 86 x 174 cm fotografia João Thibes

apoio / support

parceria / partnership

incentivo / incentive

Projeto aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura | PROFICE da Secretaria de Estado da Cultura | Governo do Estado do Paraná

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Terça a domingo, 10h às 18h Venda de ingressos até as 17h30. Entrada franca para maiores de 60 e menores de 12 anos.

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Período expositivo / Exhibition period


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