E M R E V I S TA
Edição Especial
MUSEU OSCAR NIEMEYER
EDITORIAL
E X P E D I E N T E M A S T H E A D Coordenação Editorial - Editorial Coordination Fabiana Wendler e Thaísa M. Teixeira Sade Editores-executivos - Chief Editors Marianna Camargo e Omar Godoy Redação - Editorial Staff Ana Neumann, Cristine Pieske, Diogo Cavazotti, Luis Rebinski Junior, Marcio Renato dos Santos, Ricardo Feire, Thaisa Carolina Meraki Projeto Gráfico e Diagramação Graphic Design and Layout Marcello Kawase Arte da Contracapa - back cover art Marciel Conrado Tradução para o Inglês - Text Translation Rafael Brasil Pompeo e André Riekes Bruel / Private Language Center Revisão - Revision Marjure Kosugi Fotografia - Photography Acervo do Museu Oscar Niemeyer, Carlos Renato Fernandes, Joel Rocha, Maíta Franco, José Gomercindo (Gogo), Kraw Penas, Marcello Kawase, Marciel Conrado, Nani Gois, Nelson Kon, Ricardo Macedo. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização. It is forbidden the total or partial reproduction of the articles, photographs and illustrations, by any media,without prior authorization. Tiragem: 5.000 exemplares Circulation: 5.000 copies Distribuição gratuita / Free circulation Impresso em papel Pólen Bold 90 g/m² (miolo) / Printed in Pólen Bold paper 90 g/m² (Inner pages) Impressão / Printing firm: Corgraf editora e gráfica MUSEU OSCAR NIEMEYER
Rua Marechal Hermes, 999 Centro Cívico | CEP 80530-230 Brasil | Curitiba | PR | Tel.: +55 41 3350-4400 www.museuoscarniemeyer.org.br f t/monmuseu
Secretário de Estado da Cultura
ESPECIAL
Paulino Viapiana
EDIÇÃO
A arte é transgressora! Se não fosse, seria chata como uma planilha contábil, complexa como a tabela periódica dos elementos químicos, imprecisa como as previsões do tempo. Que sorte a nossa. Dá para imaginar como seria a vida sem cor, movimento, som, precisão/imprecisão, amor, ódio, espanto, ousadia, genialidade de uma obra de arte, qualquer arte? Dá. Seria uma vida condenada ao limbo da conformidade, território imaginário onde tudo seria perfeito na ausência plena da emoção. Transgredir é impreciso, mas vital. Vital como o oxigênio que respiramos. Como o amor que amamos, o sonho que sonhamos, a vida que vivemos. E vida boa é aquela que tem cor, ritmo, movimento, paixão, sedução. Todos somos artistas e apreciamos a arte, não porque seja bonita – e quase sempre é –, mas porque nos inspira a pensar diferente, a ver o mundo, as coisas, o homem e tudo o que ele cria, por ângulos diversos. Surpreendentes às vezes, incompreensíveis outras, mas sempre reveladores de que, ao cabo de tudo, somos a soma das nossas diferenças. Se não ousamos transgredir, ao menos devemos nos permitir apreciar a transgressão alheia. Não há nada mais democrático do que um museu, um teatro, uma biblioteca. São lugares que devemos reverenciar, porque ali há sempre um artista corajoso a expor aos nossos olhos críticos sua obra, ou um gênio a desafiar nossa incredulidade. A ambos, nosso eterno respeito. O MON é, por vocação, o espaço das transgressões. É resultado da genialidade da arquitetura moderna de Oscar Niemeyer e da coragem dos inconformados com a burocracia que durante anos ocupou suas salas. E o belo edifício finalmente recebeu a luz – luz que só a arte pode trazer. E para que não pairassem dúvidas sobre o que aconteceria ali, ergueu-se um imenso olho a mirar toda a cidade, a espreitar os transgressores que habitam nossas almas. A partir desse momento, Curitiba e todo o Paraná estavam abertos para receber o que há de melhor no mundo das artes visuais. Há uma década esse museu consegue mesclar harmonicamente o concreto inerte, permanente e belo de suas paredes com a provocação transitória de grandes artistas. A arte de um complementa a beleza do outro, adição que tornou o MON o lugar ideal para as transgressões que nos movem. Esta revista celebra os 10 anos da brilhante trajetória do MON. Um resgate não só da história, mas do cuidado com que as exposições, debates, cursos e encontros foram pensados e realizados ao longo deste tempo, atividades que constituem a essência da missão desse museu. Boa leitura.
Art is a transgressor! If it were not, it would be as boring as an accountancy worksheet. It would be as complex as a periodic table of chemical elements. It would be as imprecise as the weather forecast. How lucky we are! Can one imagine how life would be without colour, movement, sound, precision and imprecision, love, hate, astonishment, daring, genius of a work of art, or any sort of art? One can. It would be a life doomed to the limbo of compliance: imaginary territory where everything would be perfect in the total absence of emotion. Transgressing is not precise, but it is vital. It is as vital as the oxygen we breathe. It is vital such as the love we love, the dream we dream, the life we live. A good life has colour, rhythm, movement, passion and seduction. We are all artists and enjoy art, not due to its beauty – which is often the case -, but because it makes us think differently. It makes us see the world, the things, the man and everything it creates through various angles. It is sometimes surprising and other times incomprehensible. However, it always reveals that we are a result of our differences. If we do not dare to transgress, we should at least allow ourselves to appreciate the transgression of others. There is nothing more democratic than a museum, a theatre or a library. These are places we should worship. In such places there is always a brave artist who exposes his or her work to our critical eyes. There is always a genius that challenges our incredulity. We dedicate our everlasting respect to both the artist and the genius. The Oscar Niemeyer Museum has the gift of being a venue for transgressions. It is the result of Oscar Niemeyer’s genius and modern architecture. It is also a result of the courage of nonconformists with the bureaucracy that occupied the museum’s rooms for years. The beautiful museum building finally received the light, which only art can give. In order not to leave behind any questions about what had happened there, an immense eye was constructed. The eye overlooks the entire city. It spies the transgressors who dwell in our souls. From this moment onwards, Curitiba and the whole of Parana State were ready to receive the best from the world of visual arts. It is a decade the museum has been able to harmonically mix the inertia and beauty of its walls with the transitory provocation of great artists. One’s art complements the other’s beauty. This mixture has turned the museum into an ideal place for the transgressions that makes us move on. This magazine celebrates 10 years of the Oscar Niemeyer Museum’s beautiful path. It rescues not only the history, but also the care with which exhibitions, debates, courses and meetings have been thought of and carried out throughout this period. Such activities are the essence of the museum’s quest. We wish you a good reading.
EDITORIAL
UM MUSEU EM
movimento
A MOVING MUSEUM
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Um diretor de museu é um catador de ideias. Afinal, estar à frente de um instrumento de cultura como o Museu Oscar Niemeyer depura a sensibilidade. É necessário dialogar e, principalmente, ouvir com atenção os colaboradores, que vivem o cotidiano deste museu e são os maiores responsáveis pelo seu êxito. Artistas, curadores, visitantes: todos têm algo a dizer, e é em meio a essa polifonia que o gestor vai encontrar os caminhos por onde seguir. Duas pessoas marcaram a história do MON nesses dez anos, e a elas todos devemos um agradecimento especial. Jaime Lerner, que idealizou e construiu este museu, e Maristela de Mello e Silva, que colocou o MON na rota das grandes exposições nacionais e internacionais. O legado era desafiador e estimulante. Um museu exige criatividade, inovação, movimento. Ininterruptos. O público tem acolhido e respondido a todas as novas propostas, do horário estendido na primeira quinta-feira do mês à programação expositiva. Alcançamos em 2012 um recorde de público, com mais de 220 mil visitantes. Olhos de todas as partes do planeta se voltaram para o MON, considerado um dos 20 museus mais bonitos do mundo. A mostra Poty, de todos nós, um dos destaques do ano, recebeu a visita de 120 mil pessoas. Esse reconhecimento é resultado de um trabalho coletivo, de uma equipe de grande qualidade somada ao apoio de muitos parceiros e patrocinadores. Juntos, tornamos possíveis as exposições, as atividades educativas, as palestras, os encontros entre o universo da arte e as pessoas. O fato de, gradualmente, perder a visão faz com que eu preste ainda mais atenção nos meus interlocutores. Alguém já disse, e eu repito: escutar é uma riqueza. Escuto a minha equipe, os colegas, a comunidade. Sempre. E agradeço ao secretário de Estado da Cultura, Paulino Viapiana, e à diretora-geral da SEEC, Valéria Marques Teixeira, por me honrarem com esta oportunidade, que também é um reconhecimento pelo meu percurso de artista e cidadã curitibana. Estela Sandrini
A museum director is an ideas collector. After all, managing a centre of culture like Oscar Niemeyer Museum demands sensibility. It is necessary to create a dialog and, moreover, to listen carefully to the collaborators who day by day work at the museum and are responsible for its success. Artists, curators, and visitors: all have something to say. It is in this plural environment that the manager will find the ways to be followed. Two people have been essential to the history of the museum. Jaime Lerner, who planned and built this museum; and Maristela de Mello e Silva, who made ONM be known both nationally and internationally. The legacy was challenging and stimulating. The museum demands uninterrupted creativity, innovation and movement. The public has been welcoming and responding to all the new proposals, from de extended hours on the first Thursday of the month to the schedule of the exhibitions. We conquered, in 2012, an attendance record, with more than 220 thousand visitors. Eyes from all over the world have turned to Oscar Niemeyer Museum, considered one of the 20 museums most beautiful in the world. The exhibit “Poty, of us all”, one of the highlights of the year, was visited by 120 thousand people. This acknowledgement is the result of teamwork, of a team with great quality and with the support of many partners and sponsors. Together, we made exhibitions, educative activities, presentations and the meeting of art and people possible. The fact that I’m gradually losing my sight makes me pay more and more attention to the speakers. Somebody said this and I repeat: to listen is a great wealth. I always listen to my team, to my colleagues and to the community. And I thank the state secretary of culture, Paulino Viapana, and to the general-director of SEEC, Valéria Marques Teixeira, for having given me the honour of this possibility; it’s an acknowledgment of my path as an artist and a citizen of Curitiba.
ESPECIAL
Diretora do Museu Oscar Niemeyer / Director of the Oscar Niemeyer Museum
EDIÇÃO
MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
JAIME LERNER
MUSEUM’S GREAT EXHIBITIONS EXPOSIÇÃO / EXHIBITIONS 10 GRANDES EXPOSIÇÕES
OPEN WINDOW TO THE WORLD ENTREVISTA / INTERVIEW MARISTELA REQUIÃO
UM DOS MAIS BONITOS DO MUNDO
NIEMEYER
INTERVIEW
NIEMEYER
JANELA ABERTA PARA O MUNDO
OSCAR
ENTREVISTA /
GRANDES EXPOSIÇÕES DO MUSEU OSCAR NIEMEYER
AS INVENTION
UM OLHAR PARA O MUSEU
ARQUITETURA COMO INVENÇÃO
ARCHITECTURE
A LOOK AT THE MUSEUM
THE OSCAR
ONE OF THE MOST BEAUTIFUL IN THE WORLD LENOARDO FINNOTTI
14 20 42 48 08
COLLECTION
EXPOSIÇÕES COMEMORATIVAS
AÇÃO EDUCATIVA / CENTRE FOR EDUCATIVE ACTION
MON 10 ANOS / COMMEMORATIVE EXHIBITIONS MON 10 YEARS
A LOT MORE MUSEUM AÇÕES ESPECIAIS / SPECIAL ACTIVITIES
PATROCÍNIO
ACERVO /
AND EXPERIENCE
MON 10 YEARS
MUITO MAIS MON
ARTISTS
EDUCATION
MON 10 ANOS
OF ICONIC
ARTE, EDUCAÇÃO E EXPERIÊNCIA
UM UNIVERSO DE ARTISTAS HISTÓRICOS
UNIVERSE
ART,
SPONSORSHIP
EDIÇÃO
ESPECIAL
54 58 64 74 80
ARQUITETURA COMO
invenção por / by RICARDO FREIRE
ARCHITECTURE AS INVENTION
Cinco das Sete Maravilhas do Mundo Antigo eram obras arquitetônicas, e é também daquele mundo que chegou o relato da estupefação dos judeus, cativos na Babilônia, frente à herética Torre de Babel. Isso demonstra que desde a Antiguidade a arquitetura já havia ultrapassado o funcional, em busca do belo, do deslumbrante, busca que atingiu excessos fascinantes como nos estilos gótico e rococó. Uma vez, contudo, atingido o complexo, o arquiteto teve que se voltar à simplicidade, algo mais difícil, no entanto, pois demanda o conhecimento do complexo e, principalmente, originalidade. Five of the Seven Old Wonders of the World were buildings. It is also from that ancient world that the report of the astonishment of the Jews, who were kept captive in Babylon as they saw the heretical Babel Tower, comes from. This demonstrates that since these times architecture has always gone beyond the functional in search for the beautiful, which reached fascinating excesses such as that of the gothic and rococo styles. Once reaching this level of complexity, the architect had to think simple again, which is proven to be even more difficult, because it demands knowledge of the complexity and originality.
ARQUITETURA COMO INVENÇÃO
Ao falar de arquitetura, complexidade, simplicidade e exuberância, impossível é não falar de Oscar Niemeyer, que, com traços limpos e simples, desenhou uma arquitetura para impressionar, não apenas aos que usufruem da construção, mas também aqueles que, às vezes, apenas passarão pelas calçadas: “Sei que meus irmãos mais pobres nada vão deles usufruir, mas se forem bonitos e diferentes, vão parar para vê-los – será para eles um momento de surpresa e encantamento”.
Tal pensamento revela algumas facetas do arquiteto que sempre o acompanharam em sua longa trajetória, como altruísmo e patriotismo. Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares nasceu numa época em que a grande discussão entre os intelectuais brasileiros era se o Brasil não estaria fadado ao fracasso, social e econômico, em virtude da miscigenação racial. Lastimavelmente – para aqueles pensadores –, a sociedade brasileira não apresentava a pureza do sangue europeu,
Five of the Seven Old Wonders of the World were buildings. It is also from that ancient world that the report of the astonishment of the Jews, who were kept captive in Babylon as they saw the heretical Babel Tower, comes from. This demonstrates that since these times architecture has always gone beyond the functional in search for the beautiful, which reached fascinating excesses such as that of the gothic and rococo styles. Once reaching this level
of complexity, the architect had to think simple again, which is proven to be even more difficult, because it demands knowledge of the complexity and originality. When speaking of architecture, complexity, simplicity and exuberance of architecture, it is impossible not to mention Oscar Niemeyer. He made architecture with clean and simple lines, meant to impress not only those who use the building, but also the passers-by. “I know that my poorer
© Rene Burri / Magnum Photos
“
Sou, portanto, com satisfação um mestiço, como mestiços são a maioria dos meus irmãos brasileiros
”
brothers will not use them at all, but if they are beautiful and different, they will stop to see them. It will be a moment of surprise and enchantment for them”. Such thoughts revealed some of the architect’s facets, which have always followed the architect throughout his journey, such as altruism and patriotism. Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares was born at a time in which the greatest discussion among Brazilian intellectu-
© Rene Burri / Magnum Photos
algo imprescindível para o progresso. Foi graças ao sociólogo e historiador Gilberto Freyre (19001987) que tal temor começou a ser dissolvido ao expor que o Brasil daria certo justamente devido à miscigenação. A assertiva de Freyre sobre o Brasil encontra sua confirmação, pelo menos quanto ao progresso de seus filhos, a julgar pelas palavras do maior arquiteto brasileiro e um dos maiores do mundo: “Sou, portanto, com satisfação um mestiço, como mestiços são a maioria dos meus irmãos brasileiros”, assim afirmou Niemeyer.
Mesmo tendo passado por dificuldades financeiras durante a juventude, Niemeyer, já estudante de Arquitetura, optou por não se empregar num estágio em grandes construtoras, como fizeram seus colegas, de onde adviria um bom salário, mas escolheu estagiar no ateliê de Lúcio Costa e Carlos Leão, tendo em vista apenas “ser um bom arquiteto”. Aí começava a sua trajetória, sendo um dos pontos mais importantes quando foi apresentado ao prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek,
als was whether Brazil would be doomed to social and economic failure due to race miscegenation. Unfortunately – for those thinkers – Brazilian society did not feature the purity of the European blood, a vital element to progress. Thank the sociologist and historian Gilberto Freyre (1900-1987), such fear started being dissolved as he asserted that Brazil would actually work out due to its miscegenation. Freyre’s statement about Brazil is confirmed, at least in what regards
his kids’ progress. And even Niemeyer said: “I am, therefore, with satisfaction, a mestizo, since mestizos compose the great majority of my Brazilian brothers”. Even though he had financial difficulties during his youth, Niemeyer, already an architecture student, opted for not being employed by big building companies as his classmates, from which a good salary would come. He chose to do a trainee at Lúcio Costa and Carlos Leão’s atelier, having in mind “be-
© Richard Kalvar / Magnum Photos
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longe de tudo, e a terra vazia e abandonada.” Nascia Brasília. Com o capim batendo nos joelhos, Niemeyer e equipe adentraram certo dia o cerrado, em busca do lugar onde seria construído o Palácio da Alvorada, ainda não fixado no Plano Piloto, mas cuja construção era urgente. André Malraux, amigo de Niemeyer, lhe diria um dia sobre o palácio: “São as colunas mais bonitas que vi depois das colunas gregas”. Foi Niemeyer quem acolheu Luís Carlos Prestes após esse ter saído da prisão, e com a
ing simply a good architect”. There his journey began. The introduction to the mayor of Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, was highly important for his career. The mayor one day said to him: “Niemeyer, you will one day plan the Pampulha Airport… but now I need the casino project for tomorrow.” Niemeyer worked all night. Kubitschek, the president of the republic, told him that he wanted to build the new capital of Brazil as most modern and beautiful city
of the world. The partnership that lasted until 1957 was born there. “I confess I didn’t have a good impression of the place. Far, far from everything, with an empty and abandoned land.” The grass rose high up to the knees, Niemeyer and the team entered a certain day the Cerrado (savannah) in search for a place where Palácio da Alvorada – still not fitted into the Pilot Plan but needing it urgently - would be built. Andre Malraux, Niemeyer’s
© Jean Gaumy / Magnum Photos
“
O que vocês comunistas pretendem? Mudar a sociedade
”
friend, would said him about the palace: “These are the most beautiful columns that I’ve ever seen after the Greek columns.” Niemeyer gave refuge to Luis Carlos Prestes after he left prison. Prestes said: “Keep this house, your task is more important than mine”. Niemeyer then allowed his office to be transformed into the seat of the Metropolitan Committee of the Brazilian Communist Party. Niemeyer never hid his convictions and left-wing connec-
© Richard Kalvar / Magnum Photos
frase “Fica com esta casa, sua tarefa á mais importante que a minha” permitiu que seu escritório se transformasse na sede do Comitê Metropolitano do Partido Comunista Brasileiro. Niemeyer nunca escondeu suas convicções e ligações políticas de esquerda, lhe renderam alguns dissabores, como pressões, dificuldade em conseguir visto para os Estados Unidos e mesmo o exílio. Foi em Lisboa que ele ouviu pelo rádio que um regime militar havia se instaurado no Brasil. Ao retornar ao país encontrou-se em tions, which resulted in pressure for him: difficulty to get a visa to the USA and even the exile. In Lisbon, he heard a military regime had been installed in Brazil. As he came back to his country, he found himself in a difficult situation: pressure and words such as “the place for communist architects is in Moscow” forced him to go and live in France, where he once wrote his version for the “Song of the Exile” with bitterness:
foto: Nani Gois
uma situação difícil, pressões e indiretas do tipo “Lugar de arquiteto comunista é em Moscou”, o obrigaram a ir morar na França, onde certa vez, amargurado, escreveu a sua versão da “Canção do Exílio”: Estou longe de tudo, de tudo que gosto, dessa terra tão linda que me viu nascer Um dia eu me queimo, meto o pé na estrada, é aí, no Brasil, Que eu quero viver...
I’m far from everything, From everything I like, From such beautiful land, Which saw my birth One day I will burn myself, And set off, It’s there, in Brazil, Where I want to live … His political view also gave him some funny moments, such as the interrogation he was forced to answer during the construction of the new capital: “When I started building
ESPECIAL
que um dia lhe diria: “Niemeyer, você vai projetar Pampulha (...). Preciso do projeto do cassino para amanhã”. Niemeyer trabalhou a noite inteira. Nascia ali a parceria que o levaria até 1957, quando Kubitschek, já presidente da República, o procurou e disse que queria construir a nova capital do Brasil, uma cidade moderna, “a mais bela do mundo”. E Niemeyer estava escalado para construir os seus palácios. “Confesso não ter tido boa impressão do lugar. Longe,
EDIÇÃO
MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
A vida ĂŠ mais importante que a arquitetura
Sua posição política também lhe trouxe momentos cômicos, como o interrogatório a que foi submetido durante a construção da nova capital: “Ao começar Brasília fui chamado à polícia política (...) Levaram-me para um compartimento, acusticamente protegido. E, depois das perguntas de sempre, o policial indagou: ‘O que vocês comunistas pretendem?’ ‘Mudar a sociedade’, foi o que respondi. ‘Escreve aí’, disse o policial ao negrinho que batia à máquina as minhas declarações: ‘Mudar a sociedade.’ E este – coitado
–, voltando-se para mim, exclamou: ‘Vai ser difícil!’” “Mas essa é uma mesquita revolucionária!” – assim o presidente da Argélia expressou seu espanto frente ao projeto de Niemeyer para a Mesquita de Argel, ao que o arquiteto respondeu: “Presidente, a revolução não deve parar”, o que pode ser entendido tanto como a evolução dos acontecimentos políticos quanto como a evolução da arquitetura. Quanto a sua arquitetura, aliás, Niemeyer não a tinha como a solução ideal, mas,
simplesmente, como a sua arquitetura, aquela que ele prefere – e se tivesse que dar um conselho aos jovens arquitetos, o conselho seria “Seja original!”. Para Niemeyer a arquitetura deve ser pensada como invenção, o que sempre fez com que seus projetos despertassem admiração. Mas, mais do que a arquitetura, Niemeyer prezou por duas coisas. Uma delas é a amizade – não foi por acaso que ele concordou com Le Corbusier em remodelar o projeto para a sede das Nações Unidas, em Nova York, que já havia ven-
cido, juntando, em respeito ao mestre, o projeto dele ao seu, de onde surgiu a sede que hoje existe. A outra é declarada em seu depoimento sobre quando se mudou para a construção da nova capital federal: “E para lá segui com meus colaboradores. Não pensava levar apenas arquitetos e convidei outros amigos – um médico, dois jornalistas e quatro camaradas que não cuidavam de arquitetura. Estavam sem trabalho, eram inteligentes e divertidos, e compreendi ser o momento de ajudá-los. Eu não queria passar as noites de Brasí-
lia a falar de arquitetura – para mim um complemento da vida, (esta) muito mais importante do que ela (arquitetura).” Em 5 de dezembro de 2012 Oscar Niemeyer morreu aos 104 anos, e deixou um legado de aproximadamente de 600 obras no mundo todo. É considerado um dos mais importantes arquitetos do século e conseguiu imprimir nos seus projetos algo que sempre citava – que só sentimos que algo é uma obra de arte quando há espanto e emoção – e isso Niemeyer conseguiu. Bravo!
Brasilia, I was called to the political police (…). They took me to an acoustically isolated compartment. After the usual questions, the policeman wondered: ‘What do you communists intend?’ ‘Change society’, I answered. ‘Write over there’, said the policeman to the little black guy who was typing my declarations: ‘Change society.’ And he, the poor soul, turned to me and exclaimed: ‘It’ll be hard!’” “But this is a revolutionary mosque!” – the president of Alge-
ria exclaimed expressing his surprise after seeing Niemeyer’s project for the Alger’s mosque, and the architect replied: “President, the revolution must not stop”, which can be understood both as the evolution of a political event and as the evolution of architecture. As for his architecture, by the way, he did not have it as the ideal one, but simply as his architecture, the one he preferred – and if he was to give a piece of advice to young architects, it would be: “Be original!”
For Niemeyer, architecture must been thought of as an invention, which has always arisen admiration. However, more than architecture, Niemeyer valued two things. One of them was friendship – it was not by accident that he agreed with Le Corbusier to remodel the project for the United Nations in New York, which had already been won, by putting his and the master’s work together to create the seat that stands today. The other one was declared in
his testimony, when he moved to build the new federal capital: “I went with my collaborators there. I didn’t think of taking only architects, but also some friends: a doctor, two journalists, and four comrades who weren’t involved with architecture. They were unemployed, intelligent and good fun. I understood this was the moment to help them. I didn’t want to spend my nights in Brasilia and talk about architecture. For me, architecture is a complement
of life, and the latter is much more important than the former. On December 5, 2012, Oscar Niemeyer died at age of 104 and left a legacy of about 600 works around the world. He is considered one of the most important architects of the history and managed to print in his projects one of his quotes – you only feel that something is a master piece when it causes amazement and excitement – and he accomplished that. Bravo!
© Rene Burri / Magnum Photos
detalhes de esboços de Oscar Niemeyer para o MON
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MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
UM OLHAR PARA O MUSEU UM OLHAR PARA O MUSEU
JAIME LERNER Por: Marcio Renato dos Santos
O arquiteto, urbanista e ex-governador do Paraná Jaime Lerner considera o Museu Oscar Niemeyer uma de suas principais realizações.
Architect, urban planner and former governor of Parana state, Jaime Lerner considers Oscar Niemeyer Museum one of his main realisations.
por/by MARCIO RENATO DOS SANTOS foto/ photo NANI GOIS
A LO O K AT T H E M U S E U M
JAIME LERNER
“
Jaime Lerner esteve por três vezes à frente da prefeitura de Curitiba e duas do governo do Paraná. Já escreveu livros, como “Acupuntura urbana”, foi presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA), coordenou inúmeros projetos, reinventou a capital paranaense (por exemplo, ao fechar a Rua XV apenas para os pedestres na década de 1970). Mas, como ele mesmo ressalta, o Museu Oscar Niemeyer, inaugurado em 2002, é uma das marcas do percurso do arquiteto e urbanista. “Fico orgulhoso de ter deixado um legado importante”, diz, referindo-se ao MON. Dez anos após a construção do instrumento de cultura, Lerner conta que alimentou por anos o desejo de criar um grande museu em Curitiba, o que se tornou realidade apenas no último ano de sua segunda gestão como governador. Naquele contexto, havia a pos“ I am proud of having left an important legacy” sibilidade de o Museu Guggenheim abrir uma unidade na capital paranaense. O então diretor do renomado museu, Thomas Krens, visitou Curitiba e, de acordo com o ex-governador, o projeto quase saiu
Fico orgulhoso de ter deixado um legado importante.”
Jaime Lerner has served three terms as mayor of Curitiba and two terms as governor of Parana. He authored books such as Urban Architecture, he was the president of the International Union of Architects, coordinated numerous civic projects and restored
fotos/photos Kraw Penas
new life to Curitiba, the capital of Parana by closing Street of Flowers to traffic and opening a pedestrian mall in 1972. However, as he himself highlights, Museu Oscar Niemeyer, inaugurated in 2002, is one of the trademarks of the architect and urban planner’s journey. “I’m very proud of having left an important legacy”, he said.
Ten years after the opening of the museum, Lerner said that he dreamed of creating a great museum in Curitiba. It became a reality only in the last year of his second term as governor. In that context, there was a discussion of the Guggenheim Museum opening a branch in Curitiba. Thomas Krens, the then director
of the renowned museum, visited Curitiba and, according to the former governor, the project was almost materialised. But the Guggenheim would only set foot here if it were built from scratch. The governor did not accept the idea. Lerner wanted to use the existing structure of the Presidente Humberto Castelo Branco Building, a
Niemeyer project which was created in the 60’s, and where since 1978 the State Secretaries were housed. “I always lamented that such a beautiful space was destined solely for bureaucratises. My idea was that the area should be for cultural uses. This was an obses-
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“A minha ideia era que ali acontecesse alguma ocupação cultural.”
To find a proper place for the collection was important. If Curitiba was not to have a Guggenheim, so – comments the urban planner – the decision was to create a new museum entirely. “We had a Niemeyer building, by world’s greatest architect in my opinion. The idea would be to use the Presidente Humberto Castelo Branco Building. That’s
when we contacted Oscar Niemeyer. A look into the museum Lerner suggested Niemeyer convert the 60’s building at site into a museum. Niemeyer agreed and suggested a new construction attached to the old one, a grand venue for exhibitions, which became known as the Eye. “It was a bold and magnificent idea”, he said.
Niemeyer also to remodelled the nine rooms on the first floor, each one comprising 500 square metres. The former governor admitted it was not easy to remodel the building, build the Eye, and open the museum in just five months. “Niemeyer said that this museum was one of his best creations. And Parana’s build-
ing companies are responsible for this splendid work.” Among the worksites on Marechal Hermes Street, in the Civic Centre, there was hope that Oscar Niemeyer would come for the opening of the New Museum (the museum’s intended name). However, the
foto/photo Nani Gois
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sion for me, even before becoming a governor”, he said. Since 1995, the first year as governor, Lerner planned a new museum. With the privatisation of Banestado in 2000, the bank’s art collection was the responsibility of public authorities.
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do Niemeyer, o maior arquiteto do mundo em minha opinião. O ideal do papel. Mas o Guggenheim só se instalaria aqui se fosse, literalseria aproveitarmos o Edifício Presidente Humberto Castelo Branco. mente, levantada do chão uma nova sede, o que não se afinava com Então, procuramos o Niemeyer.” os planos do arquiteto curitibano. Lerner queria aproveitar a estrutura do Edifício Presidente HumUm olhar para o museu berto Castelo Branco, um projeto de Oscar Niemeyer feito na década de 1960, onde desde 1978 funcionavam secretarias de Estado. “SemLerner propôs que Niemeyer reciclasse o projeto concebido nos pre lamentei que um espaço tão bonito fosse destinado apenas para anos 1960. A resposta foi sim, e o arquiteto carioca sugeriu uma nova o serviço burocrático. A minha ideia era que ali acontecesse alguma construção anexa, um salão nobre para exposições, espaço que fiocupação cultural. Isso era uma obsessão para mim, mesmo antes de cou conhecido como Olho. “Foi uma ideia arrojada e magnífica”, diz. assumir o governo”, comenta. Niemeyer também fez questão de remodelar os outros espaços expoDesde 1995, primeiro ano de seu mandato de governador, Lerner sitivos — as nove salas do primeiro andar, cada uma, em média, de planejava um novo museu. Com a privatização do Banestado, em 500 metros quadrados. 2000, o acervo de arte do banco ficou sob responsabilidade do poO ex-governador admite que não foi fácil reformar o prédio, levander público. Encontrar um espaço para abrigar o legado se fez urgente. tar o Olho e inaugurar o Museu em apenas cinco meses. “O Niemeyer Se Curitiba não teria um Guggenheim, então — comenta o urbanista — diz até hoje que esse museu foi um de seus projetos [dele] mais bem a decisão foi trilhar um caminho próprio. “Tínhamos uma construção
JAIME LERNER
executados. E foram empresas paranaenses que fizeram a adequação Adversidade e continuidade e são, de fato, as responsáveis por essa obra esplêndida.” Niemeyer acompanhou, on-line, de seu escritório do Rio de Janeiro, a execução Lerner e seu grupo político sabiam que, mais do que reformar o edidas obras em Curitiba. fício Castelo Branco e inaugurar o NovoMuseu, o desafio seria, de Em meio ao canteiro de obras que fez surgir na Rua Marechal Heracordo com as palavras do ex-governador, “dar alma ao espaço culmes, no Centro Cívico, o NovoMuseu — primeiro nome do espaço —, tural”. A preocupação se justifica diante das dimensões: são 36 mil havia expectativa de que Niemeyer estivesse na inauguração. Mas metros quadrados de área total, dos quais 17 mil metros quadrados são o arquiteto carioca dizia não ter disponibilidade. Um dia, um operádestinados as exposições. Lerner credita o sucesso inicial do projeto ao rio pediu para conversar com o governador do Paraná e afirmou estar então secretário de Projetos Especiais, Alex Beltrão. “Porque ele consemuito orgulhoso. Lerner quis saber o motivo. O operário disse, mais guiu viabilizar tudo para que o museu começasse funcionando bem.” ou menos, o seguinte: “É que estou construindo um museu lindo, e Roberto Requião foi eleito governador em 2002 e, no início de sua como esse não existe outro no mundo”. O episódio foi relatado a Niegestão, circulava a informação de que o NovoMuseu seria desativado meyer, que mudou de opinião e participou da cerimônia, no dia 22 para abrigar a Secretaria da Cultura — o que não aconteceu. “Felizde novembro de 2002. O presidente da república na época, Fernando mente, prevaleceu o bom senso”, afirma Lerner, a respeito do fato de Henrique Cardoso, também esteve no evento, que obteve repercuso espaço cultural seguir em atividades, inclusive, dirigido por Maristela são na imprensa de todo o Brasil. Requião, mulher do então governador.
Rio architect claimed not available. A constructor asked to speak to the governor of Parana because he was very proud to work on this project. Lerner wanted to know more. The worker explained: “It’s just that I’m building such a beautiful museum, and there
fotos/photos Kraw Penas
is no other like it in the world”. This was reported to Niemeyer, who changed his mind and took part in the ceremony on the 22nd November 2002. The president Brazil, Fernando Henrique Cardoso, was also at the inauguration which created great interest in Brazil’s media. Adversity and continuity Lerner and his advisers knew
that, more than remodelling the building Castelo Branco and inaugurating the New Museu, the challenge would be to “create a cultural feel for the venue”. This worry was justified since it’s a big area: 36 thousand square metres, of which 17 thousand for exhibitions. Lerner credits that the initial success of the project to the then
Secretary for Special Projects, Alex Beltrão. “Because he managed everything so well that the museum’s start up was great.” Roberto Requião was elected governor in 2002 and, at the beginning of his term, there were rumours that the New Museum would be undone to house the Culture Secretary – but it never happened. “Fortunate-
ly good sense prevailed”, said Lerner. Maristela Requião, the governor’s wife, would manage the cultural complex. In Lerner’s opinion, Maristela Requião’s administration between 2003-2010 was important to keep the renamed Oscar Niemeyer Museum going.
MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
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“O MON está assumindo um papel fundamental na cultura do Estado.”
fundamental role in the culture Parana. Today it has a worldwide reference. It is considered, by all artists, to be prestigious place”. Watching out for The Museum Lerner also complimented the use of the museum ground, know as “Big Park”. It was a spontaneous movement by the people.” He said a cultural corridor was
created beginning at the Wire Opera House, through the Creativity Centre at São Lourenço Park, to the Pope’s Wood, which is adjacent to museum. “It’s a continuous flow, everything meets there, both the people and the culture.” The Rio architect is frequently seen at the museum. He follows the program since the beginning. He says
he specially liked the exhibitions: “Lele’s architecture: factory and invention, Antanas Sutkus: a free look and Modigliani: images of life”. He also paid compliments to Estela Sandrini for creating the recent exhibition “Multiple Leminski”. I see that Lemisnki is being given, over the past ten years of the museum, a great highlight. He deserves it. He
was a great Curitiba and Parana citizen. I find it very meaningful that, in the celebration of a decade of the museum, Lemisnski is also present. We have make a toast to the staff and to all that managed to maintain the museum’s quality.”
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The former governor said the new museum’s administration, under Estela Sandrini, enlarged the possibilities of the museum. “The Poty Lazzarotto Theatre, for instance, is now very frequently used for cultural activities. The museum is taking over a
ESPECIAL
Na opinião de Lerner, a gestão de Maristela Requião, entre 2003 de Criatividade, no Parque São Lourenço, até chegar ao Bosque do e 2010, foi importante por manter o Museu Oscar Niemeyer, assim Papa, ao lado do MON. “É um fluxo, uma continuidade, tudo se enrebatizado em 2003, em atividade. O ex-governador analisa que a contra, as pessoas e os equipamentos de cultura.” atual gestão do MON, com Estela Sandrini, ampliou as possibilidaO arquiteto é visto com frequência no museu. Ele acompanha des do museu. “O auditório Poty Lazzarotto, por exemplo, agora é a programação desde o início. Diz que gostou, em especial, das utilizado, com muita frequência, para atividades culturais. O MON mostras “A arquitetura de Lelé: fábrica e invenção”, “Antanas Suestá assumindo um papel fundamental na cultura do Estado. Hoje, é tkus: um olhar livre” e “Modigliani: imagens de uma vida”. Também uma referência no mundo inteiro. É considerado, por todos os artiselogia Estela Sandrini por realizar a recente exposição “Múltiplo Letas, como um espaço de prestígio”. minski”. “Vejo que é dado ao Leminski, nesses 10 anos do MON, um destaque muito grande. Ele merece. Foi um grande curitibano, um De olho no MON grande paranaense. Acho muito significativo que, na celebração de uma década do museu, o Leminski esteja presente. Temos que erLerner também elogia a ocupação do gramado dos fundos do guer um brinde aos funcionários e a todos que conseguiram manter MON, conhecido como “Parcão”. “Foi um movimento espontâneo, a qualidade do MON.” por parte da população.” Ele analisa que foi criado uma espécie de corredor cultural a partir da Ópera de Arame, passando pelo Centro
GRANDES EXPOSIÇÕES DO por / by MARIANNA CAMARGO foto / photo CARLOS RENATO FERNANDES
THE OSCAR NIEMEYER MUSEUM’S GREAT EXHIBITIONS
MUSEU OSCAR O Museu Oscar Niemeyer (MON) realiza exposições de grandes nomes das artes visuais, arquitetura, urbanismo e design. Possui o maior espaço expositivo
da América Latina, com mais de 17 mil metros quadrados. Em dez anos, o museu já recebeu obras de Roy Lichtenstein, Candido Portinari, Guido Viaro,
Frida Kahlo, Martin Chambi, Antoni Tàpies, Salvador Dalí, Marc Riboud, Brassaï, Fernando Botero, Tarsila do Amaral, Pablo Picasso, Di Cavalcanti, Paulo
Leminski, entre outros. Entre 2002 e 2012, o MON recebeu cerca de 250 exposições. Entre elas,
NIEMEYER foram selecionadas, simbolicamente, dez mostras que representam toda a força e pluralidade de
linguagens que o museu abraça. Confira algumas das grandes exposições realizadas neste período.
The Museum (ONM) makes exhibitions by the great names of visual arts, architecture and design. It has the biggest exhibition room of Latin America, which comprises 17 thousand square metres. Over the past ten years, the museum has received works by Roy Lichtenstein, Candido Portinary, Guido Viaro, Frida Kahlo, Martin Ghambi, Antoni Tàpies, Salvador Dalí, Marc Riboud, Brassaï, Fernando Botero, Tarsila do Amaral, Pablo Picasso, Di Cavalcanti, Paulo Leminski, among others. It hosted around 250 exhibitions between 2002-2012. Among them, 10 exhibitions were selected. They represent the power and diversity of languages that the museum embraces -. Take a look at a few of the great exhibitions, which were made in this period.
GRANDES EXPOSIÇÕES DO MUSEU OSCAR NIEMEYER
agosto 2006
august
Eternos tesouros do Japão
Eternal Japan Treasures Terra de tradições. Berço de artes. Palco do kabuki. Tela ampla e multicolorida, o encanto do Japão está por toda parte. Numa cerimônia do chá, na delicadeza de uma peça teatral de Nô, no ritual de um templo ou no tom ‘inacreditável’ ditado pela avançada tecnologia japonesa. Parte desse encanto foi revelado na exposição “Eternos tesouros do Japão”, ocorrida no MON de 24 de agosto a 19 de novembro de 2006 no Salão Principal, que marcou o início da celebração paranaense do centenário da imigração japonesa no Brasil. A mostra foi realizada por meio de uma parceria com o Museu de Arte Fuji, de Tóquio, que trouxe para o Brasil 119 obras confeccionadas entre os séculos 13 e 19. Grandes riquezas da arte japonesa e de seu passado histórico foram apresentadas por meio de pinturas, gravuras, utensílios em laca, móveis e máscaras – um representativo conjunto que pode ser considerado como realidade e, sobretudo, como expressão geral daquele país. Pinturas em biombos (byoubu), pergaminhos suspensos, gravuras ukiyo-e, utensílios
São exemplares que retratam aproximadamente um milênio de história da
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Land of traditions, birthplace of arts, stage of kabuki, and broad multi-coloured screen: Japan’s charm is everywhere. It is at a tea ceremony, at the delicacy of a No’s theatre play, at a ritual of a temple, or at the `unbelievable` tone dictated by the advanced Japanese technology. Part of this charm was revealed at the exhibition ‘Japan’s Eternal Treasures’, which took place at ONM from 24th August till
civilização japonesa, entre as mais antigas no mundo.
19th November, 2006, at the Main Room, marking the beginning of the celebrations of the 100th anniversary of the Japanese immigration in Brazil. The exhibition was made together with the Fuji Museum of Art, Tokyo, which brought to Brazil 119 works produced between the 13th and 19th century. Great treasures of the Japanese art and its historical past were introduced to the public through paintings,
engravings, lacquer utensils, furniture and masks – a representative set which may be considered as reality and, above all, as an general expression of Japan. Paintings, screens (byoubu), suspended parchments; lacquer ukiyo-e engravings, armours, swords and calligraphy are among the works. The archive, which belongs to the Fuji Museum of Art, Tokyo, is constituted by representative works
by the main Japanese schools of art, such as Tosa, Kano, Sumiyoshi, Kaihou, Hasegawa, Rin, Ukiyo-e, Maruyamashijo and Nanga. These are samples which portrait approximately a millennium of history of the Japanese civilization: one of the oldest in the world. The works of the collection were produced in the periods Heian (794-1185), Kamakura (1185–1333), Muromachi (1338-1573), Momoya-
ma (1573-1603), Edo (1603-1867), Meiji (1868-1912), Taisho (19121926) and Showa (1926-1989). Eight out of fifteen periods which exist in Japan. In the Japanese culture, the periods mark the passage of eras, political and social evolution, and succession of emperors. The Japanese exist since the Stone Age, or Palaeolithic Period (3,5 millions until 8,000 BC).
ESPECIAL
em laca, armaduras, espadas e caligrafia estão entre os trabalhos. O acervo, proveniente do Museu de Arte Fuji de Tóquio, é constituído de obras representativas das principais escolas de arte japonesas; tais como Tosa, Kano, Sumiyoshi, Kaihou, Hasegawa, Rin, Ukiyo-e, Maruyamashijo e Nanga. São exemplares que retratam aproximadamente um milênio de história da civilização japonesa, entre as mais antigas no mundo. As peças da coleção foram confeccionadas entre os períodos Heian (794-1185), Kamakura (1185–1333), Muromachi (1338-1573), Momoyama (1573-1603), Edo (1603-1867), Meiji (1868-1912), Taisho (19121926) e Showa (1926-1989). Oito dos quinze períodos existentes até hoje no Japão. Na cultura japonesa, os períodos marcam a passagem das eras, da evolução política, social e da sucessão de imperadores, oriundos de linhagem secular. O povo japonês existe desde a Idade da Pedra Lascada, ou Período Paleolítico (3,5 milhões a.C. a 8000 a.C.).
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novembro 2006 november
Viaro - um visionário da arte
Viaro – an art visionary
The exhibition “Guido Viaro – An Art Visionary” comprises around 200 works. Among them there are paintings, drawings, engravings and sculptures. It is considered as the greatest retrospective of the artist. The show is part of a project which aims to bring back the production of the Italian artist,
who was born in Rovigo, 1897, and lived in Curitiba between 1929 and 1971 (the year of his death). Curator and artist’s son, Constantino Viaro, along with Estela Sandrini and Maria Jose Justino, developed the project. ‘The Fear’, ‘The Man without Path’ and ‘Polish Woman’ are some of the
master pieces of the exhibition. The exhibition showed the collection’s modernist side related to some characteristic objects of the period of the modern Brazilian art, which lasted half a century. The curatorship emphacised two main steams. Abstractionism, divided into formal and geomet-
ric. And figurative, whose works were put together in six different sections: social realism, rural landscape, fests, dead nature, sea and urban landscapes. Songs and the insertion of shop windows containing publications, publicity, ornaments, utensils, photos, etc represented
Cerca de 200 obras, entre pinturas, desenhos, gravuras e esculturas integraram a exposição “Viaro - um visionário da arte”. Considerada a maior retrospectiva sobre o artista, a mostra faz parte de um projeto de resgate da produção desse artista italiano, que nasceu em Rovigo, em 1897, e viveu em Curitiba, entre 1929 e 1971, ano em que faleceu. O projeto foi desenvolvido sob a curadoria do filho do artista, Constantino Viaro, em parceria com Estela Sandrini e Maria José Justino. “O Medo”, “Homem sem Rumo” e “Polaca” foram algumas das obras -primas presentes na exibição. A exposição mostrou a face modernista da coleção relacionada com alguns objetos indiciais, correspondentes ao período de meio século de arte moderna brasileira. A curadoria privilegiou duas vertentes artísticas: o abstracionismo, dividido em informal e geométrico, e o figurativismo, cujas obras foram agrupadas em seis núcleos, que se dividem em realismo social, paisagem rural, festas, naturezas-mortas, marinhas e paisagens urbanas. A contextualização das obras se deu por meio da
the works… They represent the historic-social environment and the imaginary context in which the works were created. So, figurative paintings, which belonged to the social realism, were put into context through songs, brooches of political propaganda that were seized by the Special Delegacy of
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Guido Viaro Nascido na Itália em 1897, Viaro fez do Brasil a sua escolha. Na Itália dos anos 1920
Public and Social Safety of the New State, and by emblematic routine objects of Brazilian workers of that time such as tradition lunchboxes. The abstract works of the informal section were put into context by the furniture of Tenreiro. This aimed to open a new way of perception for the artists who gathered there,
such as Maria Bonomi, Iberê Camargo and Letycia Quadros. Guido Viaro Viaro was born in Italy and he chose Brazil as his residency. In Italy, in the 20’s, he experienced the tradition of painting, from renaissance paintings to ‘macchiaioli’. In the short time he spent in
Paris, he also met the modernists. As he arrived in Brazil, Sao Paulo, he was desperate to produce art. Here, Italian immigrants welcomed him. They treated him with solidarity, and established a small group of artists, which would later become known as the Santa Helena Group. Clóvis Graciano and Alfredo
Volpi are among these artists. He exercised his artistic formation by making humorous illustrations for Italian magazines and newspapers (II Pasquiino and II Moscone), decorating cafes and homes, painting walls, etc… He also livied with cultured people (journalists, artists, ecumenical people and other pro-
viu a tradição da pintura, desde a estrutura renascentista aos “macchiaioli”; e, em breve passagem por Paris, encontrou os modernos. Chega ao Brasil, em São Paulo, ávido pelo exercício da arte. Aqui é acolhido pela solidariedade dos imigrantes italianos, estabelecendo uma breve convivência com artistas que mais tarde iriam compor o Grupo Santa Helena, em especial Clóvis Graciano e Alfredo Volpi. Trabalhar com ilustrações e humor nas revistas e jornais italianos (Il Pasquino e Il Moscone), decoração de cafés e residências, pintar murais, etc., além da convivência com pessoas cultas (jornalistas, artistas, ecumênicos, profissionais liberais), não deixava de ser um exercício técnico importante para a formação artística. Mais tarde, em 1929, fixa-se em Curitiba, no Paraná. Aqui, no meio da forte influência andersiana e da tendência paranista, a pintura de Viaro vai se construindo como um contraponto. Fora dessa celeuma, inaugura uma pintura essencialmente moderna.
fessionals). Later, in 1929, he set foot in Curitiba, Parana. Here, under the strong influence of Andersen and Parana, Viaro’s painting started being build as a counterpoint. Out of this kerfuffle is that he develops an essentially modern painting.
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Amostra faz parte de um projeto de resgate da produção desse artista italiano
veiculação de músicas e pela inserção, em cada núcleo temático, de vitrines contendo publicações, publicidade, objetos decorativos e utilitários, fotos, etc., que evocam o ambiente histórico-social e o contexto imaginário em que as obras foram criadas. Assim, por exemplo, pinturas figurativas, pertencentes ao realismo social, foram contextualizadas por obras musicais da época, broches de propaganda política apreendidos pela Delegacia Especial de Segurança Política e Social do Estado Novo e por objetos emblemáticos da rotina dos trabalhadores brasileiros, como as tradicionais marmitas. As obras abstratas do núcleo informal tiveram a sua contextualização assegurada pelo mobiliário de Tenreiro que, de forma provocativa e lúdica, busca abrir um novo caminho de percepção para os artistas ali reunidos, como Maria Bonomi, Iberê Camargo e Letycia Quadros.
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maio 2007 november
Revolver Revolver
Três amigos. Três linguagens diferentes. Um ponto em comum: todos usam o trabalho e a arte de forma provocativa. Questionam conceitos. Propõem reflexões. Foi assim que o estilista Jum Nakao, o cineasta Kiko Araújo e o cenógrafo Julio Dojcsar protagonizaram um dos fatos mais marcantes da moda brasileira. Durante o desfile do São Paulo Fashion Week 2004, numa crítica ao consumo desenfreado, instigaram a plateia ao colocar na passarela modelos vestidas com delicadas roupas de papel vegetal, confeccionadas em mais de 700 horas de trabalho. No fim da performance, as roupas foram rasgadas, causando furor no público e na mídia. Até hoje, esse episódio dá o que falar. Virou livro e DVD – “A costura do invisível” – e foi considerado um dos mais importantes desfiles do século, segundo o Galliera – museu de moda de Paris. Como consequência, o trabalho evoluiu para uma instalação criada especialmente para Curitiba, e teve como viés o famoso desfile de 2004. O objetivo dos artistas foi contribuir para inserir definitivamente o museu na vanguarda da linguagem artística. “Uma obra como essa dificilmente seria exposta
em um museu, mas, sim, numa galeria. Por isso, acho a iniciativa do Museu Oscar Niemeyer corajosa e, ao mesmo tempo, louvável, porque é uma demonstração de apoio e incentivo à arte contemporânea”, afirmou Jum Nakao. “Revolver” ocupou várias salas do museu. A produção foi projetada para a criação de um espaço imersivo. Para chegar ao Olho, salão principal do museu, o visitante percorreu, obrigatoriamente, um trajeto que os artistas definiram como “processo de construção do imaginário do espectador”. Na primeira sala, um grafite apresentou ao público o título da exposição e um texto explicativo sobre ela. A escolha do grafite confere à obra um traço de diálogo com o urbano, “transportando” o museu para a cidade. Além das informações, chamava a atenção a figura do rato, ícone eleito pelos artistas para ser a logomarca da produção. O roedor simboliza o elemento destrutivo, sobre o qual o homem não tem controle. No segundo andar, o visitante encontrava uma exposição de fotografias, em que bonecos que reproduzem a figura humana, criados em tamanho reduzido, vestiam roupas feitas com papel vegetal, mesmo material utilizado na confecção das roupas do desfile de 2004.
Three friends, three different languages and one thing in common: all of them use work and art in a provocative way. They question concepts, make reflexions. That is how fashion stylist Jum Nakao, filmmaker Kiko Araujo and scenographer Julio Dojcsar featured one of the most remarkable events of the Brazilian fashion. During the catwalk show of Sao Paulo Fashion week, 2004, they criticised
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invisible couture’. It was considered one of the most important catwalk shows of the century according to Galliera, the fashion museum of Paris. Consequently, the work became an installation, which was specially created for Curitiba. Its theme was same as that of the 2004 catwalk show. The artists’ goal was to make a contribution to definitely include the museum in the artistic avant-
guarde language. “This work had little chance of being exhibited at a museum, but rather at a gallery. Therefore, I think the Oscar Niemeyer Museum’s iniciative was at the same time brave and laudable. It’s a demonstration of support and incentive given to contemporary art”, said Jum Nakao. ‘Revolver’ used many rooms of the museum. The production aimed a creation of an immersive space.
To get to ‘The Eye’, the museum’s main room, the visitor had to use a route, which the artists defined as ‘the building process of the viewer’s imagination’. In the first room, graffiti was displayed to the public with a text of the exhibition and an explanatory text about it. By choosing graffiti, the work establishes a dialog with the urban space, transporting the museum into the city. Besides the information texts, a rat
also called the public’s attention. It was the production’s logo. The rodent symbolises the distructive element, over which man has no control. On the second floor, the visitor found a photography exhibition, in which dolls reproduced the human figure. They were created in reduced size were dressed with clothes which were made of greaseproof paper, the same material used to make the 2004 catwalk show.
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the unthoughtful consumerism by instigating the public. They displayed models wearing delicate clothes made of delicate greaseproof paper, which were made in more than 700 hours of work. At the end of the performance, the clothes were torn apart causing a real stir in the public and the media. People have talked about this event until today. A book and a DVD were made out of it: ‘The
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“Revolver” ocupou várias salas do Museu. A produção foi projetada para a criação de um espaço imersivo.
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julho 2008 july
Percurso Afetivo –Tarsila Tarsila’s Affective – Path
Foi a primeira vez que as telas e gravuras de Tarsila chegaram ao Sul do país. De conceito biográfico-documental, a exposição “Percurso afetivo – Tarsila” teve como fio condutor um único documento, o “Diário de Viagens”, da década de 1920, em que a artista registrou desenhos e impressões de excursões que fez pelo Brasil e pelo mundo. A partir do diário, o curador Antonio Carlos Abdalla selecionou as mais de 50 obras reunidas na mostra, que revelam um recorte onírico “presente desde sempre na produção e vida de Tarsila”, que nasceu em 1886, no interior de São Paulo, e faleceu em 1973, em São Paulo (SP). Tarsila do Amaral é uma artista respeitada e venerada no Brasil e no exterior. É uma tarefa árdua expressar a importância da sua produção artística sem cometer injustiça, sem esquecer-se de abordar algum aspecto do seu trabalho. Faltam predicativos para defini-la. Sobram-lhe virtudes. Emblemática, requintada, feminina, espontânea. Hipnótica, sintética, encantadora. Criativa, transformadora, vanguardista. Inigualável.
fotos/photos Ricardo Macedo
“Percurso Afetivo – Tarsila” teve como obra mais representativa “Antropofagia”, de 1929. Entre os vários caminhos possíveis para o percurso curatorial, Antonio Carlos Abdalla evitou a divisão mais conhecida, que marca o trabalho de Tarsila do Amaral em três fases distintas: o Período Pau-Brasil, o Período Antropofágico e a Fase Social. “O Manifesto” e “Antropofagia” são um verdadeiro monumento à cultura nacional e resultado de toda a agitação do Movimento Modernista e da Semana de Arte Moderna de 1922, que aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo, e pôs as coisas no Brasil de pernas para os ares. Um momento mágico. Tarsila é uma figura emblemática para a compreensão do Modernismo no Brasil. Integrou o chamado “Grupo dos 5”, ao lado de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Menotti del Picchia.
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Antonio Carlos Abdalla selected over 50 works, which revealed an ever-existing universe of dreams in Tarsila’s life and artistic production. She was born in 1886 (in Sao Paulo’s countryside) and died in 1973 (in the city of Sao Paulo). Tarsila do Amaral is respected and renowned in Brazil and around the world. It is a hard task to express the importance of her artistic pro-
duction without being unfair and without forgetting to consider some aspects of her work. There are not enough adjectives to define her, so abundant her qualities are. She is emblematic, refined, feminine, spontaneous, Hypnotical, synthetic, charming, creative, transforming, avant-garde. She is unmatched. ‘Afective Path – Tarsila’ had as its most meaningful work ‘An-
thropophagy’, created in 1929. Antonio Carlos Abdalla had many possible ways to make the curation. However, he avoided the most known division, which sepparates Tarsila’s work in three distinct parts: Pau-Brasil, Anthropophagical and Social Phase. ‘The Manifest’ and ‘Anthropophagy’ are a real monument to the national culture and it is a result of
all the fuss caused by the Modernist Movement and by the 1922 Week, which took place at the Sao Paulo Municipal Theatre and caused a big furore in Brazil. Tarsila is an emblematic personality when one thinks of Modernism in Brazil. She was part of the ‘The Group of the 5’ along with Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti and Menotti del Picchia.
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It was the first time that Tarsila’s engravings and paintings came to the south of the country. Intended to serve as a biography, the exhibition ‘Affective Path – Tarsila’ had as main theme a single document: the ‘Travel Diary’, created in1920. She registered drawings and impressions of tours she made throughout Brazil and around the world. Taking the diary as a start up point, curator
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Um momento mágico. Tarsila é uma figura emblemática para a compreensão do Modernismo no Brasil.
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outubro 2008 october
Adeptos da improvisação consciente, porém extremamente
Vertigem - OSGEMEOS
Vertigo – TheTwins
Classificar os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo como “grafiteiros” é simplificar sua trajetória vitoriosa. Conhecidos como Os Gêmeos (ou Osgemeos, como também gostam de assinar seus trabalhos), começaram, sim, pintando os muros de São Paulo. Mas há tempos ampliaram seu foco para outros suportes, o que os levou às galerias e museus mundo afora. Consagrados com mostras em espaços nobres, como a Deitch Gallery (Nova Iorque), Museum Het Domein (na cidade holandesa de Sittard) e Galeria Fortes Villaça (São Paulo), eles também trouxeram seu universo onírico para o Museu Oscar Niemeyer. “Vertigem” é a primeira exposição individual em um grande espaço público brasileiro. Autodidatas, Osgemeos surgiram para o público em meados dos anos 1980, ainda associados ao movimento hip-hop e à cultura de rua. Rapidamente desenvolveram um estilo marcado por linhas finas e cores fortes, sem muito espaço para o branco. Adeptos da improvisação consciente, porém extremamente detalhistas, desenham inspirados nos próprios sonhos. Não à toa, adjetivos como ‘mágico’, ‘irreal’ e ‘delirante’ são comuns nas resenhas e reportagens sobre seus trabalhos.
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detalhistas, desenham inspirados nos próprios sonhos.
They established themselves in grand spaces such as the Deitch Gallery (New York), the Museum Het Domein (in the Dutch city of Sittard), and the Fortes Villaça Gallery (Sao Paulo). They have also brought their dream world universe to Oscar Niemeyer Museum. ‘Vertigo’ is their first individual exhibition at a grand Brazilian public space. Being self-taught, Thetwins emerged to
the public in the mid 80’s, when they were still being associated with the hip-hop movement and the street culture. They rapidly developed a style marked by fine lines and strong colours, leaving little space for white. They are used to consciously improvising, though extremely detail orientated. The brothers’ drawings are inspired by their own dreams. It is not a coinscidence that their
works are commonly described as magical, unrealistic and delirious. Vertigo The exhibition, which brought the brothers to ONM, was almost entirely composed by their new works. It comprised six paintings and three installations. Gustavo said that the works have something in common: the proposal of transforming the style of our drawings into something three-di-
mensional and to stimulate the five senses. According to him, the highlight is on the installations: “all of them refer somehow to the mind, to the dream”, he said. Two of them were large-scale works. One had the shape of a cube. The other, which was mobile, travelled through the museum’s space on a car. Besides, there was also the interactive installation called ‘The Musicians’.
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To classify the brothers Gustavo and Otavio Pandolfo as graffiti makers is to simplify their successful path. Known as The Twins (or Thetwins as they sign their works), they started painting the walls of Sao Paulo. However, for a long time now, they have been expanding their focus to other kinds of structures, which made them be exhibited in galleries and museums worldwide.
ESPECIAL
Vertigem A exposição que a dupla trouxe ao Museu Oscar Niemeyer foi quase toda composta por trabalhos inéditos, sendo seis pinturas e três instalações. “As obras têm em comum a proposta de transformar o estilo dos nossos desenhos em algo tridimensional e que estimule os cinco sentidos”, explicou Gustavo. O destaque, de acordo com ele, ficou por conta das instalações: “todas elas, de alguma forma, remetem à cabeça, ao sonho”. Duas delas são esculturas de grande porte. Uma tem forma de cubo. A outra, móvel, “passeou” sobre um carro pelo espaço do museu. Além da instalação interativa batizada de “Os Músicos”.
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maio 2009 may
Uma aventura Moderna Coleção de Arte Renault
A Modern Adventure Renault’s Art collection
Tão grandiosa foi a exposição “Uma aventura Moderna – Coleção de Arte Renault” que, no plano físico, tomou conta de duas salas expositivas do Museu Oscar Niemeyer. Pinturas, esculturas, desenhos e colagens estiveram entre as 96 obras em exibição. Os trabalhos são assinados por 18 representativos artistas da segunda metade do século 20, como Miró, Vasarely, Arman, Jean Dubuffet e Erró.
utilizados de motores a parafusos, que foram transformados em arte. “Eles apresentaram um espelho, talvez crítico ou sarcástico mas, ao final de contas, amplificador”, disse a historiadora de arte
A seleção integra o acervo da Coleção Renault, constituído entre 1967 e 1985. A mostra foi dividida em quatro núcleos: O Universo Industrial, O Meio Ambiente Dubuffet, Pintura Abstrata e Pintura Cinética. Os trabalhos foram produzidos a partir de um sistema pioneiro de mecenato. Com o objetivo de estabelecer um elo entre o universo industrial e a arte, a montadora francesa convidou artistas, abriu as portas de sua fábrica e disponibilizou materiais, incluindo as peças de uso cotidiano em uma indústria automobilística. O resultado foi surpreendente: uma expressiva produção artística de vanguarda. Nas obras foram
e curadora do acervo, Ann Hindry, sobre o histórico encontro entre o mundo industrial e grandes nomes da arte contemporânea. Com mais de 300 trabalhos, o acervo resultante da parceria é composto por obras de artistas atuantes nos mais diversos movimentos da história da arte contemporânea.
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of the second half of the 20th century, such as Miró, Vasarely, Arman, Jean Dubuffet and Erró. The selection is part of the Renault’s Art Collection, composed between 1967 and1985. The show was divided into four sections: The industrial Universe, The Dubuffet Environment, Abstract and Kinetic
Painting. The works were made out of a pioneer system of patronage. Aiming to establish a link between the industrial universe and the art, the French automaker invited artists, opened the doors to its plants and made material available, including the pieces of daily use of the car industry. Objects
such as screws and engines were used in the works, which were transformed into art. The result was surprising: an expressive innovative artistic production. “They presented a perhaps critical and sarcastic mirror, but in the end of the day the experience was enriching”, said the historian Ann
Hindry about the historical meeting of the industrial world and the great names of contemporary art. Comprising more than 300 works, the resultant collection of the partnership is composed by works of artists of various movements in the history of contemporary art.
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The exhibition ‘A Modern Adventure - Renault’s Art collection’ was so big that it fully occupied two of the exhibition rooms at Oscar Niemeyer Museum. Paintings, sculptures, drawings and collages were among the 96 works of the exhibition. The works were signed by 18 representative artists
ESPECIAL
Nas obras foram utilizados de motores a parafusos, que foram transformados em arte.
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novembro 2010 november
Vasarely
Um dos fundadores da arte cinética e um dos principais representantes da op art, Victor Vasarely foi o criador de uma obra de alcance e acesso social. O pintor e
As 21 serigrafias que integraram a mostra exemplificaram a maestria de Vasarely na investigação das superfícies cromáticas e suas relações no espaço como síntese e reflexo do mundo.
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relações no espaço como síntese e reflexo do mundo. A coleção é proveniente da Fundación Museos Nacionales, instituição vinculada ao Ministerio del Poder Popular para la Cultura de la República Bolivariana de Venezuela. Na construção de sua linguagem, Vasarely incluiu a geometria, a física, os avanços tecnológicos, a química e os elementos plásticos para articular novas fontes poéticas, com a intenção de democratizar e socializar a arte. Em
1947, ele “reconhece que a forma e a cor podem significar o mundo e ampliar o horizonte da percepção estética. Através de suas formas [ele] desejava expressar uma visão espiritual do mundo: com simplicidade, nobreza, equilíbrio e a separação da pressão do tempo”, explica a curadora María Luz Cárdenas.
Other than being one of the founders of kinetic art and one of the main representatives of op art, Victor Vasarely was the creator of a work, which had social reach. He was born in Hungary and settled in France. He used graphic production resourses to amplify his capacity to make art be seen. He was enthusiastic when consolidating new elements for social integration. He was also one of the first people to see art as a ‘collective treasure’, in which all should participate. The 21 serigraphies of the show
exemplify the mastery of Vasarely in the investigation of chromatic surfaces. They also present relations in space as synthesis and reflex of the world. The collection comes from the Fundación Museos Nacionales, which is an institution connected to the Ministerio del Poder Popular para la Cultura de la República Bolivariana de Venezuela. In the construction of his language, Vasarely included geometry, physics, technological advances, chemistry and plastic elements. He articulated
new poetic sources intending to make art social and democratic. In 1947, he acknowledged that form and colour can mean the world and broadened up the horizon of an aesthetic perception. “He wished to express a spiritual vision of the world through his shapes: with simplicity, nobility, balance and separation from the pressure of time”, said curator María Luz Cárdenas. The artist Victor Vasarely started off as graphic designer in Paris. He dedicated
O artista Victor Vasarely começou como gráfico em Paris, dedicando-se ao estudo da luz, do espaço e dos materiais.
A partir de 1944, dedicou-se à escultura, desenvolvendo abstrações geométricoconstrutivas. O sistema de “unidades plásticas”, iniciado em 1959, representa a aplicação prática de suas concepções matemáticas e científicas no âmbito artístico. A técnica consistia em introduzir formas geométricas em um elemento básico de forma quadrangular, produzindo efeitos espaciais, cinéticos ou vibratórios a partir de variações lineares e cromáticas. A utilização diferenciada de
himself to the study of light, space and materials. In 1944, he started working with sculpture, developing abstract geometric shapes. The system of ‘plastic units’ started in 1959, representing the practical amplification of his mathematical and scientific conceptions in the artistic field. The technique consisted in introducing geometric shapes into a basic element of a square shape, producing space, kinetic and vibrating effects from linear and chromatic variations.
diversas formas geométricas na superfície e no espaço possibilitava a combinação ilimitada de redes de linhas e movimentos ondulatórios. As obras de Vasarely representam uma síntese entre a arte concreta e o construtivismo, bem como a possibilidade de controlar a obra de um ponto de vista racional e estético. Em 1976, concebeu um museu para a exibição das suas obras em Aix-en-Provence e, em 1981, foi inaugurado o Museu Vasarely, no Castelo de Gordes (Vaucluse).
The use of diverse geometric shapes on the surface and in space enabled unlimited combination of nets of lines and wavelike movements. Vasarely’s works represent a synthesis between concrete art and constructivism. They also represent the possibility of controlling the work from a racional and aesthetic point of view. In 1976, he created a museu in Aix-en-Provence to exhibit his works. In 1981, the Vasarely Museum was opened at the Gordes Castel (Vaucluse).
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escultor húngaro, radicado na França, utilizou o recurso da reprodução gráfica para ampliar sua capacidade de fazer circular a obra de arte. Com o entusiasmo de consolidar novos elementos para a integração social também foi um dos pioneiros a considerar a arte como um “tesouro coletivo”, do qual todos devem participar. As 21 serigrafias que integraram a mostra exemplificaram a maestria de Vasarely na investigação das superfícies cromáticas e suas
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janeiro 2012 january
Os caprichos de Goya
Goya’s Whims
Director of the Cervantes Institute Curitiba, Salvador López Becerra was the of this exhibition. The institute was also a sponsor of the exhibition. The collection was exhibited at ONM and comprised 80 engravings. It is a satire about the Spanish society of the 18th
century, especially about the aristocracy and the clergy, about the system of values, about the stagnation of costumes and superstition. “Goya establish himself as the great master of engravings with ‘The Whims’”, said Becerra. The engravings were made
between 1797 and 1799, using the etching, aquatint, dry point and burin techniques. Becerra remembers that the critics said Goya was one of the pioneers of modern art. “Thus, it’s clear to see how ‘The Whims’ influenced generations of art-
ists of such different movements such as the French romantism, the impressionism, the German expressionism and the surrealism”, the institute director said. The artist Francisco José de Goya y Lucientes was born in Fuendetodos,
Saragoça, 1746. At a young age, he was awarded with a scholarship in the Real Academia de San Fernando, Madrid. In 1786, Carlos IV named him painter of the court. In 1799, he was the paintor of the court, but he withdrew himself in 1808 as Jose
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Com curadoria de Salvador López Becerra, diretor do Instituto Cervantes de Curitiba, instituição parceira na realização da mostra, a coleção exposta no MON, composta de 80 gravuras, é uma sátira da sociedade espanhola de fins do século 18, especialmente da aristocracia e do clero, do sistema de valores, do imobilismo dos costumes e da superstição. “É com Os Caprichos que Goya se consagra como o grande mestre da gravura”, afirma Becerra. As gravuras foram elaboradas entre 1797 e 1799, a partir das técnicas de águaforte, água-tinta, ponta seca e buril. Becerra lembra que os críticos afirmam que Goya é um dos precursores da arte moderna. “Desta forma, é óbvio comprovar como Os Caprichos influenciaram gerações de artistas de movimentos tão díspares como o romantismo francês, o impressionismo, o expressionismo alemão e o surrealismo”, afirma.
dos, Saragoça, em 30 de março de 1746. Ainda jovem conseguiu uma bolsa na Real Academia de San Fernando em Madri. Em 1786 foi nomeado pintor da corte por Carlos III, nomeação confirmada por Carlos IV. Em 1799, era o primeiro pintor da corte, mas retirou-se em 1808, quando o trono foi ocu-
Pilar, em Saragoça. Pintou em 1787 O prado de São Isidro. Suas inclinações realistas só se afirmaram a partir de 1792, em quadros como O manicômio, O tribunal da Inquisición, Procissão de flagelantes e o mais marcante O funeral da sardinha, cenas realistas em que há um fluxo subterrâneo de visões fantásticas. Em 1800, no auge do prestígio, pintou seus quadros mais discutidos, Maja desnuda (Mulher despida) e Maja vestida, e o famoso A família de Carlos IV, que é um exemplo de como introduzia traços grotescos nas figuras. Goya pintou também os episódios da invasão francesa, como o Três de maio, que representa uma cena de fuzilamento de composição insólita. Sabá das bruxas e Saturno são o ápice da carreira e manifestam uma visão sombria da realidade. Goya morreu em Bordéus, em 16 de abril de 1828.
conventional frescoes of the Nuestra Señora del Pilar Chapel, Saragoça. He painted ‘The Meadow of Saint Isidro’. His realistic inclinations were only established after 1792 in pictures such as ‘The Lunatic Asylum’, ‘The Inquisition Tribunal, ‘Procession of Flagel-
lants’ and the most remarkable ‘The Burial of the Sardine’. These are scenes in which there is a subterranean flow of fantastic visions. In 1800, at the highlight of his prestige, he painted his most controversial pictures: ‘The Nude Maja’, “The Clothed Maja”,
and the famous ‘The Family of Carlos IV’, which are examples of how he introduced grotesc objects in his paintings. Goya also painted episodes of the French invasion, such as ‘The Third of May’, which is a bizzare composition that represents
a shooting scene. ‘Witches’ Sabbath’ and ‘Saturn’ are the highlight of his career and represent a dark vision of reality. Goya died in Bordeaux, on the 16th of April, 1828.
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Bonaparte occupied the throne. He took over the position again in 1814, with Fernando VII. However, the remodelling of absolutism led him to isolate himself at the Quinta delSordo and, in 1824, he moved to Bordeaux, France. Goya started his work with the
O ARTISTA Francisco José de Goya y Lucientes nasceu em Fuendeto-
pado por José Bonaparte. Reassumiu o cargo em 1814, com Fernando VII, mas a restauração do absolutismo levou-o a isolar-se na Quinta del Sordo e, em 1824, a mudar-se para Bordéus, na França. Goya começou sua obra pelos afrescos convencionais da capela de Nuestra Señora del
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A Coleção de 80 gravuras é uma sátira da sociedade espanhola do fim do século XVIII.
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fevereiro 2012 february
Antanas Sutkus Um olhar livre Antanas Sutkus – A free look
A exposição “Antanas Sutkus: um olhar livre” reuniu 120 imagens que revelam o talento do renomado fotógrafo lituano, um dos mais expressivos em âmbito mundial. Curitiba foi a primeira cidade a receber a mostra, que depois seguiu para Salvador, Belo Horizonte, São Paulo. O público do MON teve a oportunidade de conhecer a cultura do leste europeu pelo olhar daquele que é considerado por
Nasceu na Lituânia em 1939 e construiu o seu percurso durante o regime comunista
críticos e jornalistas como “o poeta entre os soviéticos”. Antanas Sutkus nasceu na Lituânia em 1939 e construiu o seu percurso durante o regime comunista, mas conseguiu escapar das armadilhas da censura política e não se perdeu nem se prendeu nas malhas da ideologia. O curador Lorem ipsum Lorem ipsum Lorem ipsum Lorem ipsum Lorem ipsum Lorem ipsum
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da mostra, Luiz Gustavo Carvalho, afirma que Sutkus descreve a vida cotidiana de maneira justa: “às vezes irônica, mas sempre por meio de uma linha forte e resistente ao sistema e às influências”. Sutkus fotografa desde a década de 1950 e mantém um acervo de mais de um milhão de negativos, entre os quais, 120 fotos selecionadas para a exposição no MON. Para ele, a arte da fotografia está no momento do disparo e, devido a essa crença, Sutkus tem restrições ao processo digital. “As câmeras digitais reduzem a responsabilidade do fotógrafo. Você perde a atenção devido à possibilidade de disparar várias vezes e rápido”, afirma Sutkus.
had the opportunity to see the eastern European culture through the look of the man who is considered by critics and journalists as ‘the poet among Soviets’. Sutkus was born in Lithuania, 1939. He built his path during the communist regime. How-
ever, he managed to escape the traps of the political sensorship and did not get lost or got attached to the ideologies of that regime. Luiz Gustavo Carvalho, curator of the show, said that Sutkus describes daily life in a fair way: “Sometimes
ironically, but always through a strong and resistant line to the system and its influences”. Sutkus has been photographing since 1950. He keeps an archive comprising over a million of negatives. For him, the art of photography lies in the moment of
the shooting. Due to this belief, Sutkus has restrictions regarding digital process. “Digital cameras reduce the responsibility of the photographer. You miss the focus because you can shoot fast and many times”, he said.
ESPECIAL
The exhibition ‘Antanas Sutkus, a free look’ gathered 120 images, which reveal the talent of the renowned Lithuanian photographer. Curitiba was the first city to host this exhibition. It then visited Salvador, Belo Horizonte and Sao Paulo. The ONM’s public
o poeta entre os soviéticos
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Antanas Sutkus é considerado
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março 2012 march
Poty, de todos nós Poty, of us all
A mostra “Poty, de todos nós”, que ocupou o salão principal do MON, o Olho, reuniu um pouco de tudo da vasta produção de Poty Lazzarotto. Dos desenhos de infância, passando pelo material que ele produziu durante a tem-
porada em que estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, até gravuras e outros conteúdos que ele realizou ao longo de seu percurso. Entre os cerca de 800 trabalhos, há materiais que
nunca foram apresentados ao público, como fotos que registram o convívio de Poty com a família e bilhetes e recados bem-humorados que o artista fazia para se comunicar com a sua esposa, Célia. A exposição também abriu espaço
às ilustrações feitas por Poty, para obras literárias e para o trabalho que ele realizou com murais e vitrais. Além de estudos pouco conhecidos, como a viagem que realizou ao Xingu e os esboços para o desenvolvimento do livro “Curitiba, de
nós”. A mostra “Poty, de todos nós” teve curadoria de Oswaldo Miranda (Miran). Não há curitibano que não reconheça o traço genial do conterrâneo Poty Lazzarotto (1924-1998). Seus grandes murais e painéis contam e, ao
The show ‘Poty, of us all’, which occupied the main exhibition room of ONM, the Eye, gathered a little bit of Poty Lazzarotto’s vast production. Childhood drawings, material he produced during the
time he studied at the National School of Fine Arts, Rio de Janeiro, engravings and other contents. Among the around 800 items, there were material which had never been showed to the public; such
as pictures showing his life with his family, notes and funny messages which Lazzarotto wrote to communicate with his wife, Celia. The exhibition also displayed his illustrations, literary works, and the work he
made on murals and stained glasses. The museum also displayed some of his little known studies, such as his trip to Xingu and his sketches for the creation of the book ‘Our Curitiba’. Oswaldo Miranda
was the curator of this exhibition. There is no Curitiba citizen who does not recognise Poty Lazzarotto’s genius lines (1924-1998). His great murals and panels tell the story of the city and the country.
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mesmo tempo, dão vida à história da cidade e do país. Poty foi um exímio gravurista, ilustrador, desenhista e um dos pioneiros da arte no país. Ninguém sai ileso ao se deparar com o mural em concreto aparente do Te-
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atro Guaíra ou com o painel em azulejos que conta a história da emancipação política do Paraná, na Praça 19 de Dezembro. O ARTISTA Napoleon Potyguara Lazza-
rotto nasceu em 29 de março de 1924, em Curitiba. Na década de 1940, cursou a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Depois, como bolsista do governo francês, na École de Beaux Arts, de Paris, estudou litografia e viajou
pela França, Espanha e Itália absorvendo influências europeias. De volta ao Brasil, deu aulas em escolas de artes na Bahia, Recife e Curitiba. Ilustrou livros de Dalton Trevisan, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Euclides da
Cunha e José de Alencar. É autor de várias obras de exposição pública em Curitiba. Fez ainda os murais da Casa do Brasil, em Paris, e executou um painel para o Memorial da América Latina, em São Paulo.
Parana’s political emancipation. They strike anyone who sees them. The artist Napoleon Potyguara Lazzarotto was born on the 29th of March 1924, Curitiba. In the 40’s, he studied at
the National School of Fine Arts, Rio de Janeiro. After being awarded with a scholarship by the French government, he studied lithography at the School of Fine Arts, Paris. He travelled around France, Spain and
Italy, where he absorbed European influences. Back in Brazil, he gave classes at art schools in Bahia, Recife and Curitiba. He illustrated books by Dalton Trevisan, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Euclides
da Cunha and José de Alencar. He authored various works of public exhibition in Curitiba. He made the murals for the Brasil House, Paris. Poty also made the panel for the Latin America Memorial, Sao Paulo.
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Poty was an excellent printmaker, illustrator, draughtsman and one of the first of this art in the country. The concret mural of Guaira Theatre and the panel of tiles at the19th of December Square tell the story of
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Poty foi um exímio gravurista, ilustrador, desenhista e um dos pioneiros da arte no país.
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mundo por / by OMAR GODOY foto / photo NELSON KON / JOSÉ GOMERCINDO
OPEN WINDOW TO THE WORLD
Primeira diretora do MON, Maristela Requião fala sobre o processo de implantação do museu e os oito anos em que ficou à frente do espaço. First director of MON (Oscar Niemeyer Museum), Maristela talks about the implementation of the museum and the eight years which she was the director of the museum.
a juventude, Maristela Requião trabalhou na primeira galeria de arte de Curitiba, a Cocaco. Lá, aprendeu muito sobre as artes visuais e conviveu com talentos que marcaram época na produção paranaense. Mais tarde, na posição de primeira dama da cidade, colaborou em importantes projetos na área, como a criação do Centro Cultural do Portão. Em 2003, quando Roberto Requião, seu marido, assumiu o Governo do Paraná, ela aceitou um desafio que poucos enfrentariam: implantar, praticamente do zero, o Museu Oscar Niemeyer (MON) – então chamado de NovoMuseu e constituído apenas de um prédio revigorado no Centro Cívico da capital.
JANELA ABERTA PARA O
Durante os quase oito anos que esteve à frente do espaço, Maristela não se limitou a tirar o MON do papel. Amparada por uma equipe qualificada, correu o mundo em busca de exposições das quais “Dadaísmo e Surrealismo” (Israel), “Petit Palais - A Arte da Tapeçaria” (França) e “Eternos Tesouros do Japão” (Japão) foram apresentadas em Curitiba; criou um setor educativo, desenvolveu um laboratório de exposições, levou obras de artistas do Estado para o exterior. Hoje, vivendo em Brasília, onde o marido cumpre mandato de senador, dedica-se a projetos voltados à integração do Mercosul. Mas guarda com alegria as memórias do período no comando do museu, como se pode perceber na entrevista a seguir.
Como foi o processo que culminou na indicação do seu nome para implantar o museu?
Maristela Requião worked in her youth in the first art gallery of Curitiba, the Cocaco. There, she learned a lot about visual arts and met renowned talents of the Parana art. Later, at the position of first lady of Curitiba, she worked on important artistic projects, such as the creation of the Centre for Culture of Portão. In 2003, Roberto Requião (her husband) took over the Government of Parana. And she accepted a challenge: to implement ONM. At first it was called called it NewMuMaristela Requião foto/photo: Marcello Kawase
cebeu a visita do já falecido Birunga, arquiteto que trabalhava com o Oscar Niemeyer. Ele tocou as obras e ficou em O prédio foi inaugurado, mas Curitiba para entregar o projeto. não tinha nada dentro, não tiOs dois conversaram, o Roberto nha acervo. Terminaram o resolveu conhecer o prédio e museu e só fizeram uma expoficou encantado. No dia sesição, belíssima por sinal, de guinte, me convidou para dar inauguração do prédio. Ou seja: uma olhada no museu também. quando o Roberto assumiu, na Achei o prédio maravilhoso, realidade não existia nada. En- principalmente o Olho, um lamtão começaram a perguntar se pejo muito feliz do Niemeyer. ele iria montar o museu, se iria Quando o Roberto perguntou se abandonar, se iria fazer outra eu queria tomar a frente do mucoisa... Até que o Roberto reseu, levei um susto.
Aceitou a proposta de imediato?
seum and it was composed just by a reinvigorated building in the Civic Centre of the capital, the Cocaco. For nearly eight years in which she managed the building, Maristela did not deprive herself from implementing the ONM. She was upported by a qualified team, and she travelled round the world in search for exhibitions. ‘Dadaism an Surrealism’ (Israel), ‘Petit Palais – The Art of Tapestry’ (France) and ‘Eternal Treasures (Japan)’were exhibited in Curitiba. She created an educative
but it had nothing inside, it had no collection. They finished the museum and made one really beautiful exhibition for the opening. It is: as Roberto took over it was empty. So they started asking whether he would create the museum, whether he would abandon it, whether he would do something else… That is when Birunga, an architect who worked with Oscar Niemeyer, visited Roberto. He started the work and stayed in Curitiba in order to deliver the project. The two of them
sector, developed a laboratory of exhibitions, and took works by Parana artists abroad. Today, she dedicates herself to projects focusing on to the integration of the Mercosul. And lives in Brasilia, where her husband works as senator. However, she keeps the good memories of the museum, as it is possible observe in the following interview. How was the process, which ended up in the referral of your name to create the museum? The building was inaugurated,
Sempre fui muito ligada à arte. Trabalhei em uma das primeiras galerias de Curitiba, conhecia todos os artistas paranaenses. Mas nunca tinha feito nada relacionado a um museu. Mesmo assim, aceitei o desafio, partindo da premissa de que o Paraná precisava de uma janela aberta para o mundo. Porque o Paraná era introspectivo, fechado, voltado para si mesmo. Nunca tinhamos recebido uma grande
O Paraná precisava de uma janela aberta para o mundo
MUNDO
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talked, and Roberto decided to visit the building. He was delighted as he saw it. On the following day, he invited me to take a look at the museum as well. I found the building wonderful, especially the Eye, a very special glimmer by Niemeyer. As Roberto asked me whether I would like to manage of the museum I was scared. Did you accept the proposal immediately? I’ve always been connected to art. I worked at one of the first galleries
Foi difícil conciliar a implantação, digamos, técnica do MON com a busca pelas primeiras exposições? Foi uma loucura. Eu tinha muita cara de pau, porque fui bater na porta dos grandes museus. Primeiro de São Paulo, depois do Rio. Comecei a conhecer pessoas maravilhosas, curadores, artistas e gestores. Gente como o Paulo Herkenhoff, o Emanoel Araujo. Eles ajudaram muito o MON, me colocando em contato com figuras do mundo inteiro. Na verdade, foi um trabalho de formiguinha, porque eu tive de conquistar a confiança das pessoas. Nenhum museu da Europa, por exemplo, iria se dispor a fazer uma exposição com obras de valores altíssimos numa terra desconhecida, numa cidade desconhecida, num museu que não existia. Então, eu
of Curitiba, I knew all of Parana’s artists. But I had never done anything related to a museum. Even so, I accepted the challenge. I believed that Parana needed an open window to the world. Parana was introspective, closed and turned to its own self. We had never received a big exhibition, such as those that would come to Rio, Sao Paulo and Brasilia. It was rather an arduous job to start from scratch. I had to think about many aspects: from acclimatisation of the museum up to creation of a
qualified team to start the work. I invited Maria Quarenghi, who passed away to help me. She was a person with great capacity to set up great projects. We started working in a room at Iguaçu Palace because the museum’s building was still closed and without lights. And she told me a month later: “Maristela, if we want this to work, we’ll have to move to the museum, even though partially”. And it was out of this little seed that the whole project arose. Was it difficult to conciliate
the creation the ONM with the search for the first exhibitions? It was madness. I was very shameless to knock on the door of the great museums. I first tried in Sao Paulo, then in Rio. I got meet wonderful people, curators, artists and managers. People like Paulo Herkenhoff, Emanoel Araujo. They helped our museum a lot by putting me in touch with personalities of the whole world. Actually, it was hard work, as I had to conquer the trust of people. No museum
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exposição, como as que vinham para o Rio, São Paulo, Brasília. Foi um trabalho muito árduo, porque comecei do zero. Tive de pensar em vários aspectos, desde a climatização do museu até a formação de um grupo de funcionários qualificados para começar a trabalhar. Convidei, para me ajudar, a Maria Quarenghi, também já falecida. Ela era uma pessoa com uma capacidade muito grande de montar grandes projetos, inclusive empresas. Começamos a trabalhar numa sala do Palácio Iguaçu, porque o prédio do museu ainda estava fechado, não tinha nem luz. Até que, um mês depois, a Maria me disse: “Maristela, se a gente quer que isso funcione, vamos ter que nos mudar lá para o museu, mesmo que precariamente”. E foi dessa sementinha que surgiu todo o projeto.
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prefiro receber homenagem enquanto estou vivo”. Ele ficou tão honrado que desenhou o logotipo do museu. Sempre estive E a mudança de nome para junto com o Oscar. Até os proMuseu Oscar Niemeyer, como dutos que nós vendíamos com aconteceu? a marca do MON tinham a aprovação do Oscar. Ele foi um dos O NovoMuseu era ligado a maiores companheiros de joruma ONG que não estava reconhecida no Ministério da Justiça, nada, ajudou muito. não estava consolidada. TiveFale da primeira exposição do mos, então, que criar outra organização para poder abrir as museu, já rebatizado. portas do museu. E a solução A primeira, “Novecento Sumais rápida foi fazer uma Osdamericano”, com artistas cip [Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, entida- italianos e latino-americanos, de criada pela iniciativa privada aconteceu de forma inesperada. Um amigo meu, cônsul italiano que recebe um certificado emiem Curitiba, fez a curadoria e me tido pelo governo federal com a finalidade de facilitar parcerias e ofereceu. Era uma exposição de convênios com todos os níveis de alto nível e estava disponível. Porque, para fazer uma exposigoverno]. Juridicamente, precisávamos de um novo nome, e foi ção, às vezes você leva um, dois, até três anos. E essa caiu do do Roberto a ideia de homenagear o Oscar Niemeyer. Consultei céu. Foi maravilhosa, com obras de grandes artistas italianos, aro Oscar e ele me deu uma resgentinos, uruguaios. Também posta engraçada: “Minha filha, tive que conquistar esse espaço. E eu acho que conquistei.
Consultei o Oscar e ele me deu uma resposta engraçada: in Europe, for instance, would allow their exhibition of extremely expensive works in an unknown land or city, at a museum, which didn’t even exist. So I had to fight for this space. And I think I made it. And how did the move to Oscar Niemeyer Museum happen? The new museum was connected to an NGO that was not acknowledged as such by the Ministry of Justice. It wasn’t consolidated. So we had to create another organisation in order to open the doors
of the museum. The quickest solution was to create an Oscip (Organisation of the Civil Society of Public Interest - entity created by the private initiative, which receives a certificate issued by the federal government to facilitate partnerships at all levels of the government). We needed a juridical name and the idea to pay homage to Oscar Niemeyer came from Roberto. I checked that out with Oscar and he gave a funny answer: “My daughter, I prefer to
Maristela Requião na abertura da exposição Emanoel Araujo. foto/photo: José gomercindo (Gogo)
be paid homage while I’m alive”. He was so honoured that he drew the logotype of the museum. I’ve always been together with Oscar. He was one of the greatest companions and help of the process of creating the museum. Please talk about the museum’s first exhibition. The first one was called ‘South American Nine Hundred’. Italian and Latin American artists were part of it. It happened in an unexpected way. A friend of mine, the
Italian consul in Curitiba, did the curatorship and offered it to me. It was an exhibition of a high level and it was available. Sometimes, to make an exhibition of this level takes two or three years. And this fell from the sky. It was wonderful. It comprised works by great Italian, Argentinian and Uruguayan artists. It also marked our work with the Rouanet law. After all the government didn’t have enough resources to bring the exhibitions. ONM had the money from this law, Copel and
Sanepar (public companies of the of Parana State). This alone wasn’t enough to bring great international exhibitions, though. Therefore, we started to charge a symbolic entrance fee. We also set up the café and the store. And we created many partnerships with institutions such as Petrobras, FIESP and CSN. What model was followed in order to implement the educative sector and the restoration laboratory? I based myself on the great world museums, which really emphasise
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marcou nosso primeiro trabalho com a Lei Rouanet, pois o governo não dispunha de recursos para trazer as exposições. Podem até dizer que o MON tinha o dinheiro da lei, da Copel e da Sanepar [empresas públicas do Estado do Paraná], mas isso não era o suficiente para trazer grandes mostras internacionais. Por isso, passamos a cobrar uma entrada simbólica, montamos o café e a loja e firmamos várias parcerias com instituições como Petrobras, FIESP, CSN. Qual modelo foi seguido para a implantação do setor educativo e do laboratório de restauração? Eu me baseei nos grandes museus do mundo, que dão uma ênfase muito grande a esses setores. Para mim, depois das exposições, a parte educativa foi a mais importante da minha
Japão” foi o maior público do museu. E, por causa dela, conseguimos levar uma exposição maravilhosa, com trabalhos de artistas paranaenses, a Kobe. Uma das exposições que impressionou muito a criançada foi a da Tarsila do Amaral. As crianças eram trazidas pelas escolas e depois voltavam com os pais. Outro destaque foi uma exposição que veio da Venezuela, com obras da coleção particular do Carlos Slim. Vieram quadros de Renoir, Monet, Degas. Bispo do Rosário, que Cite algumas exposições neste ano fez sucesso em São marcantes para a senhora. Paulo, também foi muito marcante. Cildo Meirelles, Alfredo Gosto de todas. A do Cícero Dias, por exemplo. Foi uma ex- Volpi, Amilcar de Castro, AnComo foi constituído o acervo tônio Dias, Arcangelo Ianelli, posição muito bonita, que do MON? Magda Frank, Francisco Brenrendeu um catálogo igualO acervo é a menina dos olhos. mente belíssimo. A mostra com nand... Uma das coisas que me os cromos dos irmãos Lumière dão orgulho, e isso eu posso Quando eu trazia uma exposidizer sem falsa modéstia, foi também foi interessantísção de um artista de fora, ou que eu consegui fazer o MON sima. Aquela foi a primeira mesmo daqui, sempre pedia ser realmente reconhecido uma obra. A gente negociava, vez que os cromos saíram de como museu mundo afora. negociava, negociava, até Lion, na França. “Tesouros do gestão à frente do MON. “Minha intenção era formar um público para os museus em geral”. Porque, quando comecei a trazer as exposições de porte a Curitiba, percebi que o público não era tão grande como o do Rio e o de São Paulo. Não existia esse hábito. Fizemos um trabalho com escolas públicas e privadas, e não só de Curitiba. A partir daí, surgiram até crianças, de escolas da periferia, que se descobriram artistas. Tanto que fizemos uma exposição maravilhosa com os trabalhos dos alunos, inspirados na obra da Anita Malfatti.
que conseguia. Recebi, por exemplo, do Museu Salvador Allende, do Chile, uma doação belíssima. Também comprávamos peças com o dinheiro das entradas e do café, além de incluir a aquisição de obras nos projetos da Lei Rouanet. Deixei 280 quadros, verdadeiras obras de arte. Muitas delas, de artistas paranaenses. Sem o acervo, o MON não seria um museu, apenas uma sala de exposições.
came from the outskirts of Curitiba found themselves artists. So it is, we made a magnificent exhibition with works by students, who were inspired by Anita Mafatti’s works. How was ONM’s collection constituted? The collection is incredible. When I brought an exhibition by an artist from outside, or even from a local one, I would always ask for a piece of work as a gift. We negotiated again and again until we managed to have it. I received a beauti-
ful donation from the Salvador Allende Museum, Chile. We would also buy pieces of work with the money from the entrance fees and the café. Besides, we acquired of works using the Rouanet Law. I left there 280 pictures, which were a real work of art. ONM wouldn’t be a museum without the collection. It’d be only a venue for exhibitions. Please name a few exhibitions that are remarkable for you. I like them all. ‘Cícero Dias’ was a very beautiful exhibition and
produced an equally beautiful catalogue. The show with the ‘Auto Chromes’ by the Lumière brothers was also extremely interesting. That was the first time that chromes had left Lion, France. ‘Japan’s Treasures’ gathered the greatest public at the museum. And because of it, we managed to take a wonderful exhibition with Parana’s artists to Kobe. Tarsila do Amaral’s exhibition impressed the children quite a lot. The school would bring the children and after they would go
back home with their parents. Another highlight was the exhibition that came from Venezuela, with works from Carlos Sim’s private collection. Pictures by Renoir, Monet, Degas. Bispo do Rosario was also remarkable. Cildo Meirelles, Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Antônio Dias, Arcangelo Ianelli, Magda Frank, Francisco Brennand... One of the things that I’m proud of, with no false modesty, was that I was able to make ONM become known throughout the world.
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such sectors. For me, the educative part was the most important part of my administration. My intention was to create a public for museums in general. As I started to bring renowned exhibitions to Curitiba, I realised that the public wasn’t as big as that of Rio or Sao Paulo. The population didn’t have the habit of going to museums. We started working alongside public and private schools from Curitiba and its surroundings. At this point, even children who
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“Minha filha, prefiro receber homenagem enquanto estou vivo”.
Um dos mais bonitos do mundo Em 2012 o Museu Oscar Niemeyer foi eleito um dos 20 museus mais bonitos do mundo pelo site norte-americano Flavorwire, sendo a única instituição latino-americana a entrar no ranking. Especializado em cultura e crítica de arte, o portal é responsável também pela edição, na internet, do guia cultural Flavorpill. Além disso, o MON está entre as principais atrações turísticas de Curitiba. A escolha foi feita pelos visitantes do portal de viagens TripAdvisor. Também fazem parte da lista do Flavorwire instituições de longa tradição no campo museológico como o Museu do Louvre (França), o Museu d´Orsay (França), o Museu Hermitage (Rússia), o Museu Guggenheim de Bilbao (Espanha) e o Museu de História Natural de Viena (Áustria). Os outros selecionados foram o Getty Center na Califórnia (EUA), o Museu Solomon R. Guggenheim, de Nova York (EUA), a Casa e Jardins Claude Monet, em Giverny (França), o Museu de Arte Islâmica (Qatar), o Museu de Arte Nelson-Atkins (EUA), o Museu de Hanoi (Vietnã), o Museu de Arte Moderna de Fort Worth (EUA), o Museu Louisiana de Arte Moderna (Dinamarca), o Museu Royal Ontario (Canadá), o Museu MAS (Bélgica), o Museu Salvador Dali da Flórida (EUA), o Palácio Potala de Llasa (Tibet), o Museu Histórico do Estado de Moscou (Rússia) e o Museu Chora de Istambul (Turquia). Neste ensaio, Leonardo Finotti, especialista em fotografia arquitetônica, mostra com olhar aguçado toda a força, beleza e singularidade deste que é um dos museus mais bonitos do mundo. Finotti é formado em arquitetura e trabalha como fotógrafo. Pelas suas lentes foram registradas imagens da arquitetura mundial. No Brasil, os projetos de Paulo Mendes da Rocha, Marcos Acayaba, Isay Weinfeld, Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen, Gustavo Penna, entre outros, foram clicados por ele. Em 2007, no centenário de Oscar Niemeyer, Finotti se arriscou em um ambicioso projeto com a ideia de fotografar as obras mais representativas deste importante arquiteto. “100 anos, 100 fotos, 100 trabalhos” resultou no mais significativo arquivo de fotografia contemporâneo sobre Niemeyer: 200 edifícios registrados ao redor do mundo. Em 2012, realiza mais um ensaio, desta vez no MON, e o resultado deste trabalho você vê aqui.
In 2012, North American online portal Flavorwire, which specializes in culture and art criticism and is responsible for publishing cultural e-guide Flavorpill, named the Top 20 most beautiful museums in the world. Oscar Niemeyer Museum was the only Latin American that made the list. Additionally, MON is among the leading tourist attractions in Curitiba as chosen by visitors to the travel website TripAdvisor. Flavorwire’s list also includes long standing institutions such as the Louvre (France), the Musée d’Orsay (France), the State Hermitage Museum (Russia), the Guggenheim Museum Bilbao (Spain) and the Museum of Natural History (Austria). Other names selected include: Getty Center (California, USA), Solomon R. Guggenheim Museum (New York, USA), Claude Monet’s House and Gardens (Giverny, France), Museum of Islamic Art (Qatar), Nelson-Atkins Museum of Art (USA), Hanoi Museum (Vietnam), Modern Art Museum of Fort Worth (USA), Louisiana Museum of Modern Art (Denmark), the Royal Ontario Museum (Canada), MAS Museum (Belgium), Salvador Dali Museum (Florida, USA), Potala Palace (Lhasa, Tibet), Moscow State Historical Museum (Russia) and Chora Museum (Istanbul, Turkey). In this shoot, Leonardo Finnotti, a specialist in architectural photography, shows a keen eye with all the strength, beauty and uniqueness, of this museum which is one of the most beautiful in the world. Finotti has a degree in architecture and works as a photographer. Through his lens were shot images of the world architecture. In Brazil, the projects of Paulo Mendes da Rocha, Marcos Acayaba, Isay Weinfeld, Thiago Bernardes and Paulo Jacobsen, Gustavo Penna, among others, were clicked by him. In 2007, during the centenary of Oscar Niemeyer, Finotti challenged himself in an ambitious project, shooting the 100 most representative works of this important architect. “100 years, 100, photos, 100 works”, resulted in the the most significant contemporary photography archive about Niemeyer: 200 buildings shot around the world. In 2012, he performs another photo shoot, in MON, and the result of this work you can check here.
ON E O F T HE M OST B E AUTIF UL IN THE WORL D
por / by MARIANNA CAMARGO fotos / photos LEONARDO FINOTTI
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UM UNIVERSO DE ARTISTAS
históricos
Há um lugar onde Andy Warhol, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Miguel Bakun e Poty Lazzarotto dividem espaço. No mesmo local, artistas como Arcângelo
por / by DIOGO CAVAZOTTI
Ianelli, Alfredo Aldersen, Tomie Ohtake e Maureen Bisilliat apresentam temas e formatos específicos, mas todos juntos. Esse lugar é o acervo do Museu Oscar Niemeyer, que possui mais de 3 mil obras e está em constante crescimento.
There is a place where Andy Warhol, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Miguel Bakun and Poty Lazzarotto all share the same space. There, artists such as Arcângelo Ianelli, Alfredo Aldersen, Tomie Ohtake and Maureen Bisilliat present, side by side, specific themes and formats. That place is called Oscar Niemeyer Museum (MON), and its collection has over 3.000 works and is constantly expanding.
UNIVERSE OF ICONIC ARTISTS
UM UNIVERSO DE ARTISTAS
A importância de um museu é medida não só pelas exposições que apresenta, mas também pelo próprio acervo, que varia de acordo com a característica do espaço. O MON reúne atualmente um patrimônio de artistas nacionais e internacionais de diferentes épocas e especialidades, onde se destaca a rica diversidade de formatos e temas. Conhecer o acervo do MON é passear pela trajetória que a arte tem percorrido no último século. Comparado a outros espaços consagrados, como a Pinacoteca, o Museu de Arte de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e a Fundação Iberê Camargo, o acervo do MON pode ser considerado pequeno. Mas essa afirmação é injusta se analisarmos o tempo de existência de cada um deles, bem maior que os dez anos recém-completados pelo Museu Oscar Niemeyer. O acervo do MON é formado por obras nas tradicionais
categorias de pintura, escultura, desenho, gravura e tapeçaria, mas abriga também expressões arrojadas, como objetos e instalações, entre outras manifestações. O acervo iniciou-se com a herança das obras pertencentes ao Museu de Arte do Paraná (MAP) desativado em 2002 e especializado em obras paranaenses. O MAP surgiu em 1987 com o intuito de criar um novo espaço cultural na cidade e democratizar o acervo do Paraná, agregando, em um mesmo espaço, as obras dispersas das secretarias e órgãos estaduais. “Acrescentou-se a essa herança um trabalho efetuado por críticos e pesquisadores que realizaram uma verdadeira garimpagem no espólio do Palácio Iguaçu e também do extinto Banestado, fazendo uma escolha criteriosa e somando-a ao acervo do MON”, explica a crítica de arte Maria José Justino. Maria José destaca algumas coleções do acervo, como as
The importance of any museum is not only weighed by its exhibitions, but also by its permanent collection, which varies according to the characteristics inherent to the institution. MON currently counts on a set of works by national and international artists of different periods and areas of expertise and which stand out for their wide range of formats and subject diversity. Getting to know MON’s collection is to tour the trajectory art has traveled in the last century. Compared to other renowned cultural centers in Brazil, such as the São Paulo Pinacotheca (picture
gallery), the São Paulo Museum of Art, the Rio de Janeiro Museum of Modern Art and the Iberê Camargo Foundation, MON might seem small. But such assertion is unfair if we take into account how long each one of them has been around — they are all much older than MON, which recently completed ten years of existence. MON’s collection comprises works from traditional categories of painting, sculpting, drawing, engraving and tapestry, but is also home for bold and diverse art expressions, ranging from objects to installations.
aquarelas de Michaud e Lechowski, os desenhos de Wong, Stenzel e Jefferson César, os objetos de Brzezinski, as gravuras de Calderari e as pinturas de Chromiec, entre outras. Por meio dessa rápida incursão pelo acervo do MON, é possível ressaltar sua mais importante característica: é eclético. “O MON é hoje, no Brasil, referência no campo artístico. Embora haja uma ênfase na arte paranaense, não exclui o movimento artístico nacional e internacional”, diz a crítica de arte. Entre as milhares de obras existentes no acervo, é possível deparar-se com trabalhos como Barriga (2007), de Brugnera, Retrato de Mulher (1939) de Estanislau Traple, Coral de Santos (1963), de Paul Garfunkel, Inverno em Paris (1957/1960), de Domício Pedroso, Mulher com cachorro e flores (1935), de Di Cavalcanti, Clarera (1945), de Theodoro De Bona, O Atleta (1951), de Bruno Giorgio, Autorretrato (1988), de Poty Lazzarotto, Pássaros Rocca (2004), de Francisco Brennand, entre tantos outros.
The collection started with works inherited from the Paraná Museum of Art (MAP), which was specialized in local works and closed in 2002. MAP came to life in 1987 to create a new cultural space in the city and to make Paraná’s collection more accessible, gathering under the same roof pieces no longer in use by state bodies and agencies. “This legacy has been further enhanced by the work of art critics and researchers who carried out a thorough selection from works previously owned by Palácio Iguaçu (seat of Paraná state) and Banestado (a former state-owned bank)”,
explains art critic Maria José Justino. “After that rigorous selection was performed, some pieces were added to MON’s collection.” Justino points out some parts of the collection, such as Michaud and Lechowski watercolors; Wong, Stenzel and Jefferson César drawings; Brzezinski objects; Calderari engravings; and Chromiec paintings; among others. By means of that rapid incorporation by MON, it is possible to highlight its most important feature: heterogeneity. “Today MON is a reference in the art field in Brazil. Despite the emphasis given to art
Além das exposições itinerantes que entram em cartaz no MON, há sempre uma sala ou espaço dedicado ao acervo. Afinal, visitar um museu é também conhecer as obras que “vivem” lá. Inadmissível seria visitar o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) e não encontrar Noite Estrelada e Retrato de Joseph Roulin, ambos de Vincent van Gogh, ou passear pelo Museu do Louvre, em Paris, e não se deparar com MonaLisa, de Leonardo da Vinci, ou a Vênus de Milo. Este verdadeiro universo de obras históricas ainda conta com preciosidades de Guido Viaro, Fernando Velloso, Beatriz Milhazes, Siron Franco, Flávio Shiró, Luiz Carlos de Andrade Lima, Hermann Schiefelbein e tantos outros artistas do mundo, que contribuem para tornar a visita ao MON uma experiência inusitada, profunda, verdadeira e sensorial.
from Paraná, national and international artistic movements are not overlooked”, adds Justino. Among thousands of works comprised by the collection, one can stumble upon works like Brugnera’s Belly (2007), Estanislau Traple’s Woman Portrait (1939), Paul Garfunkel’s Santos Choir (1963), Domício Pedroso’s Winter in Paris (1957/1960), Di Cavalcanti’s Woman with Dog and Flowers (1935), Theodoro De Bona’s Clearing (1945), Bruno Giorgio’s The Athlete (1951), Poty Lazzarotto’s Self-Portrait (1988), Francisco Brennand’s Rocca Birds (2004), and many more.
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Afinal, visitar um museu é também conhecer as obras que “vivem” lá.
Besides all itinerant exhibits presented by MON from time to time, the permanent collection is continuously displayed in one of the museum rooms. After all, visiting the museum is also about getting to know the work that “lives” there. It is like visiting New York’s Museum of Modern Art (MoMA) and not having a meeting with Vincent van Gogh’s Starry Night or Portrait of Joseph Roulin; or going for a stroll in the Louvre in Paris and not seeing Leonardo da Vinci’s Mona Lisa or the Venus de Milo — it is simply inconceivable. Last but not least, this true uni-
abordados o histórico da obra, qual seu estado atual, a ficha e a finalidade do restauro. Tudo catalogado para o histórico da obra. A análise do que será realizado é feita por mais de uma pessoa para que possa ser discutido o passo a passo do trabalho. O restauro é feito em um ambiente especialmente adaptado, com materiais adequados, incluindo reagentes químicos. Há também um setor específico para obras em papel, com secadores, lavadoras e produtos que sugam a umidade, evitando assim a oxidação e a formação de fungos. Segundo o historiador e especialista em restauro responsável por este setor no MON, Humberto Imbrunisio, o fungo e as obras craqueladas são os problemas
mais comuns. “Em ambos problemas a resolução é simples, desde que realizada em tempo suficiente para recuperar a obra”, explica. Para isso, a equipe faz a vistoria frequente das obras do acervo, que ficam armazenadas em sala especial, com temperatura entre 20 e 22 graus e 50 a 55% de umidade. Atualmente a equipe trabalha na montagem de uma reprodução da maquete do MON, que vai ser usada para visitantes com dificuldades visuais. Ela será construída em gesso, pintada com cimento, utilizando vidros onde eles realmente existem na construção real, para que a percepção tátil do visitante seja acentuada. Ainda serão produzidos os diferentes andares do prédio, com as respectivas subdivisões.
verse of iconic works counts also on preciosities by Guido Viaro, Fernando Velloso, Beatriz Milhazes, Siron Franco, Flávio Shiró, Luiz Carlos de Andrade Lima, Hermann Schiefelbein and many other artists from around the world who contribute to turn your visit to Oscar Niemeyer Museum into an unexpected and deep, true and sensorial experience. Works Maintenance Oscar Niemeyer Museum counts on a dedicate space for the collection restoration and preservation. Occasional damage caused during transportation or due to
mold and other fungi is handled by specialists who make use of proper tools and materials. When a piece of art is sent for restoration, the responsible team performs photographic record of the material and checks it with ultraviolet light for any intervention, such as retouch. Following, a technical report is issued including the work record, current state, and restoration form and purpose. All is registered into the work record. More than one person assesses what type of process is to be used so that every step may be discussed.
Restoration is done in a specially adapted environment and by using appropriate materials, including proper chemicals. There is also a specific department for works in paper, with driers, washers and products that drain humidity, avoiding oxidation and formation of fungi. According to historian and specialist in restoration, Humberto Imbrunisio, fungi and cracks are the most common problems. “Solution is simple in both cases as long as carried out within the time span in which the work can be restored”, he explains. For that to happen, the team verifies the
collection on an ongoing basis and all pieces are stored in a special room which is set from 20ºC to 22ºC and 50% to 55% humidity. Currently, the team is working into making an Oscar Niemeyer Museum scale model to be used by blind people. The mockup will be created in plaster and painted with cement, and glass will be used the same way as in the real construction so visitors’ tactile perception can be heightened. All different levels of the building will also be reproduced and will feature their respective subdivisions.
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O Museu Oscar Niemeyer conta com um espaço dedicado ao restauro e conservação do acervo. Eventuais danos causados pelo transporte das obras, ou ainda mofo e fungo são tratados por especialistas que contam com materiais especiais para o trabalho. Quando uma obra de arte chega ao setor de restauro, a equipe realiza o registro fotográfico do material e a análise com o uso de uma lâmpada ultravioleta para verificar se ela passou por alguma intervenção, como retoques de tinta. Em seguida é realizado um laudo técnico, em que serão
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A saúde das obras
arte,
educação e
experiência por / by ANA NEUMANN
A RT, E D U C AT ION A ND EX P ERIENCE
prender por meio da observação e prática. Ter um contato intenso com o artista e sua técnica. Ultrapassar a experiência de contemplação e levar o espectador a vivenciar a expressão do artista. Esse é o papel do Núcleo de Ação Educativa que busca, por meio de oficinas, visitas orientadas e monitorias, ser uma ponte entre o visitante e o universo do artista e suas obras.
Learning through observation and practice, having contact with the artist and his/her technique, going beyond experience of contemplation and transforming the viewer’s experience into the artist’s expression; these are the roles of the Centre for Educative Action. The centre seeks to serve as a bridge between the visitor and the artist’s universe and his orher works. It is done through workshops, guided tours and monitoring.
ARTE EDUCAÇÃO E EXPERIÊNCIA
Pela definição oficial, museu é uma instituição permanente em serviço da sociedade pela conservação e ampliação de seu acervo, da preservação de sua história e do desenvolvimento cultural do seu entorno. E com essa premissa, o Núcleo de Ação Educativa do Museu Oscar Niemeyer vem trabalhando incessantemente, ao longo dos anos, para ter um caráter social, cultural, artístico e pedagógico e promover o contato entre a instituição e o público em geral. O setor, implantado em 2003, trabalha com esse universo por meio de exposições, oficinas, palestras, seminários, capacitações, simpósios e cursos, concebendo o museu como centro de formação aberto.
By definition, the museum is an institution that continuously serves society through the conservation and amplification of its collection, preserving its history and culturally developing what is around it. Having this concept as a premise, the Oscar Niemeyer Museum’s Centre
Desde sua estruturação, o MON já recebeu mais de 200 mostras nacionais e internacionais, das quais se destacam “Rembrandt e a arte da gravura”; “Sonhando de Olhos Abertos – Dadá e Surrealismo”; Percurso Afetivo – Tarsila”; “Modigliani – Imagens de uma vida”, entre outras, que despertaram grande interesse do público. Foram mais de 1 milhão de visitantes, mais de 100 catálogos editados, mais de 3 mil obras no acervo e mais de 120 mil participantes em atividades educativas gratuitas. Esse número expressivo é a constatação de que as atividades promovidas pela Ação Educativa agem como uma extensão do MON, contribuindo com a identidade cultural não apenas da sociedade curitibana, mas também da paranaense e brasileira.
for Educative Action has been working to form a social, cultural and pedagogical character. It also promotes contact between the institution and the public. The sector, implemented in 2003, does its work through exhibitions, workshops, presentations, seminars, trainings, symposiums
and courses. It makes the museum work as an open training centre. Since its creation, ONM (Oscar Niemeyer Museum) has received 200 national and international shows. The highlights are: ‘Rembrandt and the art of engraving’, ‘Dreaming with Open Eyes – Dadá and Surre-
alism’, ‘Affective Path – Tarsila’, ‘Modigliani – Life Images’, among others. Such exhibitions caused the public great interest. It has received over a million visitors and issued over a hundred catalogues. It comprises approximately 4 thousand works in its collection and has received more
than 120 thousand participants in its free educative activities. This expressive number is the confirmation that the activities promoted by Educative Action act as an extension of the museum, contributing with the cultural identity not only of Curitiba’s society, but also that of Parana and Brazil.
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Monitoria a mediação entre público e instituição
with families, in order to integrate this public. Pedagogical material regarding the exhibitions is also elaborated, and is then donated to the children and teachers of municipal and state schools. Thus, it takes the experience of visiting the museum into the classroom. However, monitoring is carefully
thought according to the visiting public, taking ages and individual differences into consideration. “As monitors, we have contact with different kinds of public: children, elderly, visually impaired and wheelchair users. In this way, we can take art and education to the population. “To show people the importance of
que o museu também é um lugar acessivel a todos”, completa Scholz. O trabalho de monitoria é feito com prévio treinamento e em conjunto com os curadores e com os artistas expositores, que dão o embasamento teórico, qualificando-os para as visitas orientadas. O departamento também está preparado para oferecer atendimento personalizado, que deve ser solicitado previamente, a estudantes de nível superior, professores e profissionais especializados que estiverem desenvolvendo trabalhos e projetos. O núcleo atende por dia, em média, 700 pessoas de grupos agendados, o que faz do museu uma alternativa enriquecedora, atraindo a participação efetiva da população para toda a programação oferecida pelo MON.
going to the museum is fundamental”, said Fernando Scholz, History student and museum monitor. Besides the experience of seeing the artist’s message reaching each individual, the monitor is at times challenged to pass the knowledge on to the visitor in different ways. “Once, I guided a girl who was
visually impaired. I took her by the hand and we went to he Sculpture Court, where people can touch the works of art and read the captions in braille. She recognised all characteristics of the work and was very happy to find out that the museum was also a place for visually impaired people”, said Scholz.
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Monitoring: the bridge between public and institution The monitors (a team formed by students of Art, Tourism, History and Design) are responsible for customer service and for translating the artist’s language of his or her works. Firstly, ONM works alongside with schools, and then
crianças, idosos, deficientes visuais e cadeirantes. Dessa forma podemos levar a arte e a educação para a população em geral. Mostrar às pessoas a importância de irem ao museu é fundamental”, diz Fernando Scholz, estudante de História e um dos monitores do museu. Além da experiência de ver a mensagem do artista atingir cada indivíduo, de diferentes formas, o monitor é desafiado, por vezes, a expor ao visitante uma nova maneira de transmitir esse conhecimento. “Uma vez atendi uma menina que era deficiente visual. Eu a peguei pela mão e a levei ao Pátio das Esculturas, onde as pessoas podem tocar nas obras de arte e ler as inscrições em braille. Ela reconheceu todas as características da obra e ficou muito feliz ao descobrir
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Com uma equipe formada por estudantes de Artes, Turismo, História e Design, os monitores são os responsáveis pelo atendimento ao público e pela “tradução” da linguagem usada pelo artista em suas obras. Num primeiro momento o MON faz um trabalho junto às escolas, e depois com a família, para a formação e integração desse público. Também são elaborados materiais pedagógicos, relacionados às exposições, que são doados às crianças e aos professores das escolas municipais e estaduais, prolongando a experiência da vinda ao museu na sala de aula. As monitorias são direcionadas de acordo com o público, respeitando a faixa etária e as diferenças individuais. “Como monitores temos contato com vários públicos, desde
Oficina para todos Outro viés de integração entre o museu e o público é feito por meio das oficinas de criação que normalmente são vinculadas às mostras. As oficinas são ofertadas gratuitamente para o grande público, independente da faixa etária, e dialogam com as exposições em cartaz. “Dentre as técnicas utilizadas, as mais apreciadas são aquelas ligadas à pintura, recorte, colagem e modelagem”, conta Rosemeri Bittencourt Franceschi, pedagoga, especialista em Educação e coordenadora do núcleo há quatro anos.
The monitoring work is done with previous training and together with curators and artists, who teach them about the theory. Thus, qualifying them to do the guided tours. If it is required beforehand, the department is prepared to offer customised service to graduate
students, teachers and specialised professionals who have been working on projects. The sector receives around 700 people per day, which turns the museum into a rich alternative, attracting participation of the population to all programs offered by ONM.
O projeto “Artista do Mês” prestigia o artista expositor, criando a oportunidade do contato direto, promovendo a aprendizagem de diferentes técnicas e expressões artísticas. “Arte é sentir. Não adianta discurso e teoria se você não sente”, afirma Marcos Bento, desenhista, pintor, designer gráfico, produtor cultural e Artista do Mês de outubro/2012. Para participar das oficinas, primeiro as pessoas visitam a exposição e depois descem para realizar o exercício criativo, fazendo com que o visitante vivencie de maneira mais concreta o procedimento usado e os materiais com que o artista se envolve. “Quando uma criança vai para a oficina e entende o mecanismo, essa exposição passa a ter uma clareza muito grande para ela, quebrando toda a aridez. Ela tem a possibilidade de se lançar e de se sentir segura para produzir”, completa a coordenadora.
Workshop for all Another form of integration between the museum and the public is done through creation workshops, which are normally connected to exhibitions. The workshops are open to the public of all ages. They talk about the exhibitions on
display. “Among the most commonly used techniques are those of painting, cropping, collage and modelling”, said Rosemeri Bittencourt Franceschi, pedagogue, specialist in Education and coordinator of the centre for four years. The project ‘Artist of the Month’
highlights the exhibitor artist, creating the opportunity of a direct contact with the artist. Thus, promoting the learning of different techniques and artistic expressions. “Art is meant to be felt. Speech and theory don’t work if you don’t feel”, said Marcos Bento, draughts-
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Novos projetos Sob a coordenação do Núcleo de Ação Educativa, o MON criou há três anos o Domingo Social, que ocorre no primeiro domingo de cada mês com entrada gratuita. Para o dia são programadas oficinas artísticas, visitas mediadas, apresentações de música, dança e teatro. A programação é aberta a toda a comunidade com o objetivo de estimular o acesso do público ao museu e ao universo artístico.
“When a child visits the workshop and understands the mechanism, the exhibition becomes a lot clearer to him or her, dissolving the initial dryness. She or he has the possibility to release her or his work and to produce more”, said the coordinator. New Projects The Centre for Educative Action
and the Museum created for three years the Social Sunday. It takes place on the first Sunday of each month and the admission is free. Artistic workshops, guided tours, music shows, dance and theatre presentations are planned for this day. The program is available to the whole society and aims to facilitate
public’s access to the museum and to the artistic universe. The centre has been investing in projects, which aim to turn the museum into a space for experimentation. So, the visitor can create, build and represent the new knowledge. Partnerships are made in order to link the museum’s calendar to the
schools and companies’ programs and to the city daily life. In the next years, there will be other proposals of taking entertainment and debate from the museum to the population. Thus, creating a way of sharing knowledge in a public space, in order to preserve, restore and spread art as a society heritage.
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man, painter, graphic designer, cultural producer and ‘Artist of the Month’ in October, 2012. To participate in the workshops, people first visit the exhibition and after do a creative exercise. In this way, making the learner experience the used procedures and materials, with which the artist gets involved.
cidade. Para os próximos anos, outras propostas permeiam as intenções do museu de levar entretenimento e debate à população, criando assim uma forma de compartilhar o saber no espaço público, de maneira a preservar, restaurar e disseminar a arte como patrimônio da sociedade.
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O Núcleo ainda tem investido em projetos que visam conceber o museu como um espaço de experimentação, para que o visitante possa criar, construir e representar novos conhecimentos. Ainda nesse contexto, estão sendo realizadas parcerias que vinculem o calendário do museu aos currículos escolares, às programações das empresas e ao cotidiano da
O Museu Oscar Niemeyer completou dia 22 de novembro de 2012 dez anos de atividade. Mais de 250 exposições foram realizadas neste período, que receberam por ano um público superior a 200 mil visitantes.
MON 1O ANOS
M O N 10 Y E A R S
Para comemorar esta data especial, o MON trouxe as exposições: “Múltiplo Leminski”, “Degas: Poesia geral da ação. As esculturas – Coleção MASP”, “PR/BR – Produção da imagem simbólica do Paraná na cultura visual brasileira” e “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo”. São mostras significativas que compreendem artistas da história da arte mundial e da arte paranaense, dando destaque também para obras que estão no acervo do museu – o que o consolida como um espaço de grandes exposições nacionais e internacionais.
The Oscar Niemeyer Museum (MON) completed, on November 22, 2012, ten years of activities. Over 250 exhibitions were performed during this period , which together received an audience of more than 200 thousand visitors. To celebrate this special date, MON has brought the exhibitions: “Múltiplo Leminski”, “Degas: Poesia geral da ação. As esculturas – Coleção MASP”, “PR/BR – Produção da imagem simbólica do Paraná na cultura visual brasileira” and “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo”. These significant shows that bring artists of world art history and Paraná’ State, highlighting also the works that are in the Museum’s collection, which consolidate MON as a space of major national and international exhibitions.
MON 1O ANOS
Múltiplo Leminski Multiple Leminski
por / by LUIZ REBINSKI JUNIOR
Ao todo são 14 espaços, distribuídos por todo o Salão Principal (“Olho”) do Museu Oscar Niemeyer, que condensam a vasta produção do escritor. Há Leminski para todos os gostos. A obra literária, pela qual o escritor ficou conhecido nacionalmente, é apresentada em todos os gêneros: há reproduções das capas de seus livros, manuscritos ampliados do Catatau – a obra experimental com a qual Leminski fez sua estreia na literatura — e um espaço exclusivo para os trabalhos de tradução feitos pelo poeta. Outro ambiente é dedicado aos livros que Leminski fez em par-
Paulo Leminski marcou a ferro quente seu nome na poesia brasileira, mas sua biografia denuncia um artista que foi muito além dos versos. Com uma obra plural, o poeta curitibano explorou os limites da literatura em sua plenitude. Letrista de canção popular, tradutor de autores como Samuel Beckett e James Joyce, ensaísta, professor, romancista, publicitário e biógrafo, Leminski explorou a linguagem em quase todas as suas possibilidades. Algumas das facetas deste artista tão singular podem ser conferidas na mostra “Múltiplo Leminski”, a maior exposição sobre o poeta realizada no Brasil.
Paulo Leminski permanently marked his name in Brazilian poetry, but his biography announces an artist who went way beyond the verses. With a plural work, the Curitiba-born poet explored the limits of literature in full. Lyricist of folk songs, translator of authors such as Samuel Beckett and James Joyce, essayist, teacher, novelist, advertiser and biographer, Lemins-
ki explored language in almost all ways possible. Some facets of such a singular artist can be seen in the exhibition “Multiple Leminski”, the largest on him in Brazil. In all, the exhibit comprises 14 different areas spread throughout Oscar Niemeyer Museum Main Hall (the “Eye”), and which condensate the writer’s vast production. There is one Leminski for every taste. The
Exposição Leminski no salão principal “Olho” foto / photo: MarcIel Conrado
literary work, by which he became known nationwide, is presented in all genres: there are reproductions of book covers, enlarged manuscripts of Catatau — experimental work with which Leminski started in literature — and an exclusive area for the poet’s translations. Another sector is dedicated to books Leminski wrote in partnerships with Jack Pires, 40 clicks em Curitiba, and
João Virmond Suplicy, Winterverno. Other renowned works are also present, such as the series Vida, collection of four biographies produced by the author in the 1980s. “In the text industry, Paulo acted in all imaginable genres”, says Alice Ruiz, Leminski ex-wife and curator of the exhibition. Also a poet, Alice dug the writer’s work and came up with a thorough selection of the material
which, according to her, features his artistic plurality. “I think what’s really cool in the exhibit is that all of Paulo’s facets are comprised here.” A poet who masterfully conjugated both high and popular literature, Leminski had a library which was as vast as diverse. Some of the works, very important to him, have been picked up by the curator, who gave preference to titles
that contributed to the writer’s intellectual build up. “The books exhibited represent an attempt to make a cut — a very modest one, that is — that shows the wide range of subjects that interested him.” The poet’s iconic image, with his notorious mustache, is explored in dozens of photos that help tell the story of his intense journey on Earth, which lasted 44 years.
Audiovisual registers captured Leminski’s eloquence and enable visitors to understand the essence of the artist. Literary works also appear on screens, with adaptations by Paulo Munhoz, for Guerra dentro da gente (Belowats), and by Cao Guimarães, for Catatau (Ex-isto). Leminski’s notable work as a popular composer also stands out in the exhibition. Estrela Lemins-
Painel “Palpite, o grafite é o limite” - Jorge Galvão, M.Conrado e Thiago Syen foto / photo: MarcIel Conrado
ceria com Jack Pires, 40 clicks em Curitiba, e João Virmond Suplicy, Winterverno. Estão lá também outros trabalhos marcantes, como a série Vida, conjunto de quatro biografias que o escritor produziu nos anos 1980. “Na área de texto, o Paulo atuou em todos os gêneros imagináveis”, diz Alice Ruiz, ex-mulher de Leminski e curadora da exposição. Também poeta, Alice vasculhou o acervo de Leminski e fez uma seleção minuciosa do material que, segundo ela, mostra a pluralidade artística do escritor. “Acho que o grande barato da exposição é que todas as facetas do Paulo estão contempladas.” Poeta que conjugava de forma habilidosa a alta literatura com a cultura de massa, ou pop, Leminski era dono de uma biblioteca tão vasta quanto diversificada. Algumas obras, bastante importantes para o escritor, foram selecionadas pela curadora, que deu preferência aos títulos
que ajudaram na formação intelectual do poeta. “Os livros expostos são uma tentativa de fazer um recorte – muito modesto, é verdade – que mostre a vasta gama de assuntos que o interessavam.” A imagem icônica do poeta, com seu célebre bigode, é explorada em dezenas de fotos que ajudam a contar a sua intensa jornada na Terra, que durou 44 anos. Registros audovisuais, que captaram a eloquência de Leminski, auxiliam o visitante da mostra a entender a essência do artista. A obra literária também aparece nas telas, com as adaptações de Paulo Munhoz para Guerra dentro da gente (Belowars) e de Cao Guimarães para Catatau (Ex-isto). A atuação de Leminski como compositor popular também ganha destaque. Estrela Leminski, filha do poeta, compilou 89 músicas compostas pelo pai e gravadas por artistas como Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Caetano Veloso e os grupos A cor
do som e Blindagem, que são executadas de forma ininterrupta em um dos ambientes da mostra. “Dei preferência às composições que foram feitas originalmente para serem musicadas, e deixei de fora as canções feitas a partir de poemas”, explica Estrela, enfatizando que na seleção há, inclusive, algumas músicas em que Leminski aparece como intérprete. “Múltiplo Leminski” fica em cartaz até 31 de março de 2013, ano em que o poeta voltará à tona com suas obras completas publicadas, em edição única, pela editora Companhia das Letras. No mesmo ano, um DVD chamado Acervo Digital Paulo Leminski será disponibilizado a bibliotecas de todo o Brasil. “Tudo o que meu pai produziu, da obra poética aos artigos de jornais e revistas, além da fortuna crítica de sua obra, estará à disposição de pesquisadores e fãs”, diz Áurea Leminski, filha mais velha do poeta e responsável pelo projeto.
ki, daughter, compiled 89 songs written by her father and performed by artists such as Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Caetano Veloso and the bands A cor do som and Blindagem. The tracks are continuously played in one of the exhibition areas. “I gave preference to songs originally set to become music, and overlooked those made from poems”, explains
Estrela, highlighting that the selection also brings a few songs performed by Leminski himself. “Multiple Leminski” will be open to visitation until March 31st, 2013, the year in which the poet’s complete and published works will come to market once again through publisher Companhia das Letras. Also in that year, a DVD called Acervo Digital Paulo Leminski (Paulo
Leminski Digital Collection) will be made available to libraries all over the country. “Everything my father produced, from poetry to newspaper and magazine articles, alongside his bold criticism, will be accessible to researchers and fans”, points out Áurea Leminski, older daughter and person in charge of the project.
1. Estela Sandrini e Alice Ruiz na abertura da exposição. 2. Aurea Lemiski, Paulino Viapiana e Estrela Leminki na abertura da exposição. fotos / photos: Kraw Penas
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A poesia tridimensional de Degas Degas Tridimensional Poetry por / by DIOGO CAVAZOTTI
Degas nasceu em uma família abastada que lhe apoiou quando decidiu largar a faculdade de Direito para dedicar-se exclusivamente à arte. De natureza reclusa e língua ferina, trabalhava preferencialmente dentro do próprio ateliê, ao contrário dos demais impressionistas que preferiam espaços ao ar livre. Influenciado pela estética naturalista, a escolha dos temas era frequentemente pouco convencional. Foi com essas características que Degas apresentou, em 1881, uma de suas esculturas mais emblemáticas, a Bailarina de catorze anos, que provo-
O gravurista, pintor e escultor francês Edgar Degas (1834-1917) tinha o espírito livre. Não se comprometia com nada, a não ser com as próprias ideias e com a arte. Apreciava tudo o que era fora do comum. Por isso, chocava a sociedade parisiense da época com uma paleta discordante, em que colocava lado a lado cores contrastantes e representações quase fotográficas da realidade.
Known for his printmaking, paintings and sculptures, French artist Edgar Degas (1834-1917) was free-spirited. He did not commit to anything except his own ideas and art. He appreciated everything that was out of common place. For that reason, he shocked the Parisian society of the time with conflicting colors put side by side and quasi-photograph-
ic representations of reality. Degas was born to a wealthy family who offered him support when he decided to drop Law school to dedicate himself entirely to art. Reclusive and foul-mouthed, the Frenchman worked preferably in his own workshop, going against the trend among other impressionists, who preferred open air spaces. Influenced by
Exposição “Degas: Poesia geral da ação. As esculturas - Coleção MASP” foto / photo: Marcello Kawase
the naturalist aesthetic, he often chose unconventional themes. It was with those characteristics that Degas presented, in 1881, one of his most iconic sculptures, the Little Fourteen-Year-Old Dancer, which caused a greatly negative reaction from the public. Parisians’ feelings had once again been provoked while the public visited the VI Impressionist Exhibition, during
which the sculpture was displayed. While one decade before, Claude Monet had been accused of assassinating painting with “basic” works such as Impression, Sunrise, the shock caused by the ballerina was big. “The dancer had been compared to a monkey or an Aztec (she was made of wax, not white as the traditional ones nor in bright bronze) and de-
scribed as a ‘flower of precocious depravity’, submerged in a sea of ‘hateful promise of every vice’”, explains curator Teixeira Coelho. With its feet in the fourth position, the controversial sculpture spent two and a half years on a world tour and then returned to the São Paulo Museum of Art (Masp) collection in 2011. In this work, Degas reassumed the impressionist
aesthetics which he had enhanced through his ballerina paintings, reaching another milestone of his production. According to historians, the famous sculpture was inspired by Marie van Goethen, who danced at Paris Opera and also served as a model to Degas other works. Historians found countless coal and chalk sketches of her in the artist’s workshop.
For the first time, Paraná receives all 73 bronze sculptures that are part of the Masp collection. These are all the works that could still be savaged after the artist’s death from a total of 150 found in his workshop. In the exhibition “Degas: Action General Poetry. The Sculptures — Masp collection”, it is possible to get to know the core themes in which
cou uma reação negativa em grande parte do público. Mais uma vez a sensibilidade dos parisienses fora provocada, ao visitarem a VI Exposição Impressionista, quando a escultura foi apresentada. Uma década antes, Claude Monet fora acusado de assassinar a pintura com telas “primárias” como Impressão, sol nascente. O choque diante da Bailarina foi grande. “A dançarina foi comparada a um macaco ou a um índio asteca (ela foi feita em cera, não branca como as tradicionais, nem de bronze brilhante) e descrita como ‘uma flor de precoce devassidão’, afogada num mar de ‘odiosas promessas de todos os vícios’”, explica o curador do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e da exposição em cartaz no MON Teixeira Coelho. Com os pés na quarta posição do balé, a controversa escultura passou dois anos e meio em turnê mundial e voltou ao acervo do MASP em 2011. Na obra, Degas retomou
a estética impressionista que aperfeiçoou nos quadros de bailarinas, outro ponto alto de sua produção. Segundo historiadores, a famosa escultura é inspirada em Marie van Goethen, que dançou na Ópera de Paris e serviu de modelo para outros trabalhos de Degas. Historiadores encontraram no ateliê do artista inúmeros esboços de Marie, feitos em carvão e giz. Pela primeira vez o Paraná recebe as 73 esculturas fundidas em bronze que fazem parte do acervo do MASP. São todos os trabalhos que puderam ser aproveitados, após a morte do artista, de um total de 150 achados no ateliê. Na exposição “Degas: Poesia geral da ação. As esculturas – coleção MASP” é possível conhecer os temas centrais nos quais ele se concentrou em seus trabalhos esculturais, como bailarinas, nus e cavalos. Esta mesma exposição já percorreu a Espanha, Alemanha, Chile e Estados Unidos. “Tudo ou quase tudo foi dito sobre a arte de Edgar Degas.
Então, em vez de insistir na aproximação tradicional de sua escultura por meio da história da arte, que cada vez mais requer ampla revisão para verificar se não foi ela que morreu e não a arte, melhor recorrer à própria arte. A arte como modo de aproximar-se da arte”, diz Coelho. A exposição de Degas no MON, que integra as comemorações de dez anos do museu, traz a suavidade e a leveza das esculturas do artista. Ele é considerado um dos grandes nomes da escultura figurativa, no mesmo patamar de outros imortais, como Auguste Rodin. No início da carreira, Degas gozou de prestígio na aristocracia parisiense, até por já fazer parte da alta sociedade local. Mas, como ocorreu com tantos outros artistas, o reconhecimento mundial veio apenas após sua morte.
he focused his sculpture works, such as ballerinas, nudity and horses. This very exhibition has also been to Spain, Germany, Chile and the United States. “All or almost all has already been said about Edgar Degas’ art. Therefore, instead of insisting on the traditional approach to his sculpture through art history — which requires ongoing revision to
make sure it was not the one that died, rather than art — it is better to use art itself. Art used to get closer to art”, declares Coelho. Degas exhibition at MON, which is part of the museum’s 10th anniversary celebrations, features the smoothness and lightness of the artist sculptures. He is considered to be one of the great names in figurative sculpture, at
the same level as other immortals such as Auguste Rodin. At the beginning of his career, Degas enjoyed a high status at the Parisian aristocracy, especially for already being a part of the local high society. However, as it happened to a large portion of artists, international recognition came only after his death.
“A tina (“Le Tub”)”, 1919-1932 | Bronze com pátina marrom, fundição a cera perdida. | 21 x 41,5 x 47 cm
Exposição “Degas: Poesia geral da ação. As esculturas - Coleção MASP” foto / photo: Marcello Kawase
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Conversa da arte paranaense com o mundo Paraná Art Dialog with the World por / by DIOGO CAVAZOTTI
PR/BR é um projeto que foi desdobrado em diferentes formas, aportes e atitudes. “Tinha-se a intenção de realizar uma mostra que propusesse não uma tese explicativa de processos históricos, artísticos e culturais, locais ou nacionais, mas o modo dinâmico de poder concebê-los e traçá-los”, explica Herkenhoff. Desenhos, objetos, instalações, pinturas, publicações, esculturas, fotografias, gravuras, vídeos, primórdios da arte eletrônica, linguagens híbridas e expandidas são mostrados em estreita proximidade. Logo de cara é possível reviver o confronto entre os simpatizan-
Um diálogo entre os campos artísticos do Paraná e a cena brasileira e internacional. Assim pode ser definida a exposição “PR/BR – Produção da imagem simbólica do Paraná na cultura visual brasileira”, que integra as comemorações dos dez anos do Museu Oscar Niemeyer. Os curadores Paulo Herkenhoff, Paulo Reis e Maria José Justino fizeram uma verdadeira garimpagem pelo acervo do MON, do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR), de outros espaços públicos e também de coleções particulares.
A dialog between artistic fields in Paraná and the Brazilian and international scene. That is how the exhibition “PR BR — Production of the symbolic image of Paraná in the Brazilian visual culture” can be defined. The event is part of Oscar Niemeyer Museum’s 10th anniversary celebrations. Curators Paulo Herkenhoff, Paulo Reis and Maria José Justino have performed
a thorough selection involving collections at MON, Paraná Museum of Contemporary Art (MAC-PR) and other public spaces, as well as in private collections. The PR BR project has been split in several forms, approaches and attitudes. “The intention was to carry out an exhibition aiming not to propose an explanatory thesis on historical, artistic and cultural
Exposição PR/BR – Produção da imagem simbólica do Paraná na cultura visual brasileira foto / photo: Maíta Franco
processes, either local or national, but to present the dynamic way through which to conceive and trace them”, explains Herkenhoff. Drawings, objects, installations, paintings, publications, sculptures, photographs, engravings, videos, first steps of electronic art, hybrid and expanded languages are all featured in close connection between one another.
One can, from the start, relive the confrontation between paranistas (supporters of a regionalist movement known as paranismo) and the Joaquim Magazine group, which defended the concept that art could not be regional, it had to be universal. It was at this moment when artist and scientist Lange de Morretes was remembered. He was one of the
first names in Paraná to penetrate the environmental issue and talk about the destruction of pine trees, back in 1944. Flows and conflicts in the visual arts medium do not stop there. Magazines and newspapers raised debates based on a wide range of cultural passages as public spheres for the discussion of ideas.
Visitors will see a modern Paraná, where the works of Norwegian Alfredo Andersen, who made this state his home, came to life. Another room presents the work of Bruno Lechowski, who came to Paraná in 1926 and was considered one of the most modern minds the region ever produced. In Curitiba, he would build a big tent at Praça Zacarias foto / photo: Marciel Conrado
and hold his own exhibits there. It is still possible to see the creations of Theodoro De Bona, who lived in Italy for ten years and brought modern ideas from Europe, circa 1935. Fernando Velloso in turn made an incursion into cubism, with a stopover at abstraction, while Frederic Kirchgässner’s modernism has not been overlooked. In short,
tes do movimento Paranismo e o grupo da revista Joaquim, que defendia a postura de que a arte não podia ser regional, mas universal. É nesse momento que o artista e cientista Lange de Morretes é lembrado. Ele foi um dos primeiros nomes do Paraná a entrar na questão ambientalista e falar sobre a destruição dos pinheiros, já em 1944. Fluxos e embates no meio das artes visuais não param por aí. Revistas e jornais levantam debates a partir de paisagens culturais diversas, como esferas de discussão de ideias. O visitante fará um passeio pelo Paraná moderno, onde aparece Alfredo Andersen, norueguês radicado no Estado. Outro espaço apresenta a obra de Bruno Lechowski, que veio ao Paraná em 1926, considerado uma das cabeças mais modernas que o Estado já teve. Em Curitiba, chegou a montar uma grande tenda na Praça Zacarias e fazia as próprias exposições lá dentro.
Ainda é possível ver a obra de Theodoro De Bona, que viveu dez anos na Itália e trouxe ideias modernas, por volta de 1935. Fernando Velloso faz uma incursão próxima ao cubismo, passando pela abstração. O modernismo de Frederic Kirchgässner não é esquecido. Em suma, foram convidados artistas que apontam criticamente para novos territórios em suas múltiplas geografias, numa arte de etnografias. “O MON é um dos raros museus brasileiros a dotar sua comunidade de uma visão histórica da arte do próprio Estado como contribuição para a arte brasileira, sem dispensar eventuais diálogos com a América Latina”, diz Herkenhoff. “PR/BR é, em sua franca especulação de ideias, um lugar propositivo de construção e sentidos da individualidade. Um lugar preciso entre diferentes espaços e temporalidades”, opina Paulo Reis. Já Maria José Justino explica que não ouve uma preocupação cronológica na montagem da
exposição. “A arquitetura construtiva conversa com as artes visuais também construtivas. Guido Viaro, Poty Lazzarotto, Alfredo Volpi, Domício Pedroso, Hermann Schiefelbein. Tudo está lá. E muito mais”, lembra. Uma verdadeira conversa sobre a modernidade com ricas e diversificadas visões.
many artists who critically point out to new territories in their multiple geographies, making up art of ethnographies, have been invited to the event. “MON is one of the rare Brazilian museums to provide its community with a historical view of the art from its own state as a contribution to Brazilian art without letting go of occasional dialogs with
Latin America”, says Herkenhoff. “PR BR is, in its open speculation of ideas, a place which proposes the construction and meanings of individuality; a defined spot between different spaces and times”, points out Paulo Reis. In addition, Maria José Justino explains that there was no chronological concern surrounding the exhibition. “Constructive architecture talks to
visual arts, also constructive. Guido Viaro, Poty Lazzarotto, Alfredo Volpi, Domício Pedroso, Hermann Schiefelbein, and many more — they are all here”, she stresses. The exhibition is a true conversation on modernity with the input of rich and diverse points of view.
Exposição PR/BR – Produção da imagem simbólica do Paraná na cultura visual brasileira foto / photo: Maíta Franco
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Na intimidade da alma popular brasileira The intimacy of the Brazilian popular soul
por / by THAISA CAROLINA MERAKI
As sensuais mulatas em tons quentes e fortes precisam dividir espaço com a malemolência de marinheiros, pescadores, garçons, seresteiros e artistas circenses. A causa, além de nobre, é curiosa: entregar ao público uma das características mais marcantes, porém não tão revelada, do modernista Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (18971976) ou simplesmente Di Cavalcanti. Muito antes de estampar figuras femininas em tela, o carioca usou a tinta negra do nanquim e a colorida aquarela para contar como transitava a sociedade brasileira do bucólico para o urbano a partir do começo dos anos 1900. Além de alguns dos trabalhos mais famosos e importantes, como as Cinco Moças de Guaratinguetá, pertencente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), há pinturas inéditas que moravam escondidas em coleções particulares e podem ser conferidas na retrospectiva “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo”, uma das mos-
Com aquarelas, nanquins, grafites, crayon e pinturas sobre tela de um dos artistas que mais vivenciou e registrou a boemia, a mostra “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo” revela muito do País no século 20
Watercolors, Indian ink, graphite and painting on canvas by one of the artists who lived and painted bohemian lifestyle, the show “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo” reveals much more of the country on the 20th century The sensual “mulatas” in warm and strong tones needs to share room with the rhythm of sailors, fishermen, waiters, serenade ensemble and circus performers. The reason, beside being
noble, is also curious: to deliver to the audience one of the most striking features, however not so revealed, of the modernist Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (1897-1976), or simply Di Cavalcanti. Before swage feminine figures on canvas, the artist, who was born in Rio, used the black Indian ink and the watercolor to show how the Brazilian society was, from the bucolic to the
Exposição “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo” no MON Foto / photo: Marcello Kawase
urban lifestyle, from the early 1900s. Besides some of his most famous and important works, like Cinco Moças de Guaratinguetá, which belongs to Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), there are unpublished paintings that were hidden in private collections and now can be checked in the retrospect “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo”, one of the chosen shows to celebrate a decade of
the Oscar Niemeyer Museum (MON). “Several works on paper, drawings and watercolor are exposed, to prove how Di was an excellent designer, with a remarkable and fluent hand, and a neoclassical flavored and virtuous gesture, able to understand the Picasso demand: the hand must to sing”, says Olívio Tavares, curator of the show. It was the death of his father, in 1914,
that made Di Cavalcanti to start in the artistic universe. Before the family’s financial situation worsened, the boy began to draw illustrations for the magazine Fon-Fon, which published, most of the time ironically, drawings of the Brazilian daily life. He was just a step away from this publication to other ones. When he landed his full of personality traits and opinions to a several of magazines and journals, he
came to know and to enjoy the nightlife of Rio de Janeiro. In 1917, already considered one of the main illustrator of his generation, he moved to São Paulo where he attended classes in law school and also the studio of the german impressionist painter Georg Elpons, however without leaving the São Paulo nightlife. The titles of his works suggest quiet well the themes that caught his attention: doubt,
enthusiasm, intimacy and bohemians. Two years later, he had to choose between the responsibility alongside with the pleasure or his passion for the academy. The law school was gone. Cavalcanti dropped the course by half and was invited to illustrate books, like “Balada do Cárcere de Reading”, of Oscar Wilde and became increasingly an inhabitant of the local bohemian lifestyle. It was in this environment
Di Cavalcanti | Cinco moças de Guaratinguetá, 1930 Óleo s/ tela | 92 x 70 cm | Coleção MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
tras escolhidas para celebrar uma década do Museu Oscar Niemeyer. “Numerosas obras sobre papel, desenhos e aquarelas são expostas provando o quanto Di foi um excelente desenhista, com uma mão exímia e fluente, e um gesto virtuosístico de certo sabor neoclássico, capaz de atender àquela exigência de Picasso: É preciso que a mão cante”, conta Olívio Tavares, curador da mostra. Foi a morte de seu pai, em 1914, que fez Di Cavalcanti se iniciar no universo artístico. Antes que a situação financeira da família piorasse, o garoto começou a fazer ilustrações para a revista Fon-Fon, que tratava, quase sempre ironicamente, do cotidiano brasileiro. Da primeira publicação para outras, foi apenas um passo. Ao emprestar seus traços cheios de personalidade e opinião para um sem número de jornais e revistas, passou a conhecer e tomar gosto pela vida noturna do Rio de Janeiro. Em 1917, já considerado um dos principais
ilustradores de sua geração, seguiu para São Paulo onde frequentava as aulas do curso de Direito e o ateliê do pintor alemão impressionista Georg Elpons, sem deixar, no entanto, de dialogar com a noite paulistana. Os títulos de suas obras sugerem bem os temas que ocupavam sua atenção: A Dúvida, Coqueteria, Intimidade e Boêmios. Dois anos depois, ou era a responsabilidade com o prazer ou a paixão pela academia. Foi-se o Direito. Cavalcanti largou o curso pela metade, foi convidado para ilustrar livros, como a “Balada do Cárcere de Reading”, de Oscar Wilde, e se tornou cada vez mais habitante da boemia local. Foi nesse ambiente que conheceu os escritores Oswald e Mário de Andrade e as artistas Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. A amizade logo se refletiu na Semana de Arte Moderna de 1922. Di Cavalcanti não só foi um dos principais articuladores, bem como produziu o programa, o catálogo e 12 telas
especialmente para o movimento modernista. Da viagem que fez à Europa, de 1923 até 1925, deixou sua visão de mundo exposta em Londres, Bruxelas, Amsterdã, Paris e Berlim e de lá trouxe influências vanguardistas dos encontros que teve com Picasso, Matisse, Eric Satie e Jean Cocteau. Retornou ao Brasil em 1926 e ingressou no Partido Comunista. Junto da política, a vivência de bar em bar o impulsionou a continuar sua crítica social mostrando, por mais de quatro décadas, sua opinião por meio de ilustrações e caricaturas, contrastando com as pinceladas fortes nas telas que registravam não só mulheres, mas também os morros e o início das favelas cariocas, a natureza e as festas populares, como o Carnaval. A abordagem cordial, o flerte com a sensualidade e a escolha por tipos mestiços fazem de Di Cavalcanti “o pintor mais brasileiro dos artistas”, como definiu o crítico Mário Pedrosa.
that he met writers like Oswald and Mário de Andrade and the artists Anita Malfatti and Tarsila do Amaral. This friendship was soon reflected in the Modern Art Week of 1922. Di Cavalcanti was not only one of the main articulators, but also produced the program, the catalogue and 12 canvas specially for the modernist movement. From his trip to Europe, from 1923 to 1925, he left his vision of the
world exposed in London, Brussels, Amsterdam, Paris and Berlin and brought from there some avant-garde influences of the gatherings he had with Picasso, Matisse, Eric Satie and Jean Cocteau. He returned to Brazil in 1926 and joined the Communist Party. Along with the politics, the experience from bar to bar push him to continue his social criticism and, for over four decades, showed his opinion through
illustrations and caricatures, contrasting with strong brushstrokes on canvas that shows not only women, but also the hills and beginning of the slums in Rio, the nature and the festivals, like the Carnival. The friendly approach, the flirtation with the sensuality and the choice for crossbreed types make him, Di Cavalcanti, “the most Brazilian painter”, as defined by the critic Mário Pedrosa.
Exposição “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo” no MON Foto / photo: Marcello Kawase
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mais MUITO
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foto / photo JOEL ROCHA
A LOT MORE MUSEUM
MUITO MAIS MON
mais A agenda de exposições do MON não deixa dúvidas sobre o dinamismo do museu: a cada ano são
realizadas mais de 20 mostras, que juntas recebem um público superior a 200 mil visitantes. Mas as
atividades do museu vão muito além daquilo que ocorre dentro das salas expositivas. Desde a sua
criação, e cada vez mais, o MON vem se afirmando como um espaço aberto a diferentes expressões culturais, interesses e gostos. Dança, música, oficinas artísticas, leitura, compras diferenciadas, descanso, um bom café – é um verdadeiro ponto de convergência na paisagem cultural da cidade. MON’s exhibition agenda leaves no doubt as to the dynamism of the museum. Each year, more than 20 exhibitions are made. It receives a public bigger than 200 thousand visitors. However, the museum’s activities involve more than what takes place at the exhibition
rooms. Since its creation, ONM (Oscar Niemeyer Museum) has become an open venue to different sorts of cultural expressions, interests and tastes. Dance, music, art workshops, lectures, shopping, a place for resting, a good café: it is a true convergence spot
of the city’s cultural landscape. Free Sunday On the first Sunday of every month the admission is free and everything happens in the MON. It is open to everybody. There are art workshops for families, guided visits, music and dance shows as well
as theatre. The aim is to stimulate the public’s access to the museum and to the artistic universe through different kinds of expressions. Thursdays until 20h On the first Thursday of every month, the museum remains open until 20h. The public can partici-
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DOMINGO G R A T U I T O No primeiro domingo de cada mês a entrada é gratuita e tudo acontece no MON: oficinas artísticas para famílias, visitas mediadas, apresentações de música, dança e teatro abertas à participação de todos. O objetivo é estimular o acesso do público ao museu e ao universo artístico por meio de diferentes expressões.
P A R Q U E O amplo gramado na parte de trás do museu, próximo ao Bosque João Paulo II, não tinha nome quando o MON foi criado há dez anos. Mas a frequência assídua de um tipo muito especial de público – cães de todas as raças, tamanhos e disposição para correr – acabou lhe dando um apelido que se popularizou depressa: parcão. Ponto de encontro de muitas famílias curitibanas e dos apaixonados por cães, o jardim do MON é também um lugar de descanso e convivência para os frequentadores do museu.
B I B L I O T E C A
pate in presentations, round-tables, guided visits and music shows in the exhibition rooms. Store and bookstore specialised in art A selection of books about art, design, photography, architecture and urbanism are sold at the ONM
Store. It comprises a bookstore specialised in art in its space. Publications for kids and catalogues organised by the museum are also to be found here. There are also design objects, artwork pieces and special products carrying the trademark ONM.
Café It is rich and can please anyone’s eyes. The different ways of serving a good coffee and a special selection of pies and savouries can cheer up any visitor. The green of the neighbouring woods and the privileged view of the build-
ing’s architecture make ONM Café a unique place. It has free Wi-Fi connection that is available during the museum’s opening hours. Park The ample ground at the back of the museum, near Joao Paulo II Wood, had no name as MON was
created 10 years ago. However, the assiduous frequency of a very special kind of public – dogs of all races, sizes and disposition to run around – gave it a nickname that soon became popular: parcão (big park – or hound park). It is a meeting point for many families of Curi-
ESPECIAL
Na primeira quinta-feira de cada mês o museu permanece aberto até as 20h. Depois das 18 horas a entrada é franca e o público pode participar gratuitamente de palestras, mesas -redondas, visitas mediadas, performances e apresentações musicais no espaço das exposições.
EDIÇÃO
QUINTAS-FEIRAS ATÉ AS 2 0 H
O conhecimento sobre a arte e o estudo das manifestações artísticas podem ser aprofundados no Centro de Documentação e Referência do MON, que possui uma biblioteca com cerca de cinco mil publicações e 1.300 periódicos para pesquisa relacionada às artes visuais, design, arquitetura e urbanismo. Também estão disponíveis para consulta livros sobre a história da arte, catálogos de exposições, vídeos com depoimentos de artistas e curadores, e um arquivo fotográfico com obras de artistas nacionais. O acesso à biblioteca é gratuito e os usuários recebem acompanhamento especializado.
MUITO MAIS MON
C A F É A U D I T Ó R I O Peças de teatro, conferências, apresentações de filmes e shows musicais acontecem no Auditório Poty Lazzarotto. Com capacidade para 372 pessoas, o espaço é usado para complementar as ações culturais do museu e pode ser alugado para eventos externos.
O cardápio é variado e os pratos são de encher os olhos. As diferentes formas de servir um bom café e uma seleção especial de tortas e pratos salgados animam qualquer visitante. O verde do bosque vizinho e a vista privilegiada da arquitetura do edifício fazem do MON Café um lugar único. Possui ligação wi-fi gratuita e funciona durante o horário do museu.
LOJA E LIVRARIA ESPECIALIZADA EM A R T E Uma seleção de livros sobre arte, design, fotografia, arquitetura e urbanismo estão à venda na MON Loja, que possui em seu espaço uma livraria especializada em arte. Também são encontrados na loja publicações para crianças e os catálogos das exposições organizadas pelo museu, além de objetos de design, peças artísticas e produtos especiais com a marca MON.
tiba who have a passion for dogs. It is also a place for rest and social life for the museum’s visitors. Library The knowledge of art and the study of artistic expressions may be studied at the Centre for Documentation and Reference of the museum,
which comprises in its library around five thousand publications and 1,300 magazines for research related to visual arts, design and architecture. This material is also available for research. There are books on the history of art, exhibition catalogues, and videos with
testimonies of artists and curators, as well as photography archive by national artists. Access to the library is free of charge and qualified personnel accompany the users. Auditorium Theatre plays, conferences, film presentations and music concerts
take place at the Poty Lazzarotto Auditorium. It can hold 372 people. The space is used to add up to the cultural activities of the museum and may be rented for events which are not connected to the museum. Tours Having the mission of spreading
art and bringing the public closer to the artistic universe, the museum has taken its exhibitions to other exhibition centres. Pictures of the museum’s collection and the exhibition ‘Helena Wong – The Path of a Passion’ have been shown at museums of Parana
MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
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I T I N E R Â N C I A S Com a missão de divulgar a arte e aproximar o público do universo artístico, o MON tem levado suas exposições para outros museus e centros expositivos. Nesta década, as mostras “Trajetória do Olhar”, “Estanislau Traple – A Obra do Mestre”, “Helena Wong – A Trajetória de uma Paixão”, “Gravuras do Acervo”, “Paisagens”, “Séries do Porto”, “Bernie DeChant – Brasil além Brasil” percorreram museus do Paraná e do Brasil, enquanto as mostras “Bruno Lechowski”, “Brasil X Japão — O Caminho Unido pela Arte” e “Art in Movement” foram apresentadas internacionalmente. Em 2012, como parte do projeto de divulgação dos acervos dos museus vinculados à Secretaria de Estado da Cultura, a exposição “Gravuras do Acervo MON” foi levada a Rio Negro, União da Vitória e Paranaguá, com 22 obras que ilustram as diferentes técnicas da arte da gravura de autores como Poty Lazzarotto, Guido Viaro, Erbo Stenzel, Fernando Calderari entre outros.
EDIÇÃO DE C A T Á L O G O S
Niemeyer Museum’s Engravings’ visited Rio Negro, União da Vitória and Paranaguá, comprising 22 works which illustrate different techniques of the art of engraving by artist such as Poty Lazzarotto, Guido Viaro, Erbo Stenzer and Fernando Calderari among others.
Catalogue Editions In ten years of the museum’s activities, it has published more than 100 catalogues regarding the exhibitions it has organised. It comprises a variety of titles and artists. Two publications stand out due to their uniqueness: the catalogue
of the exhibition ‘The State of Art’, which comprises examples of Parana’s artistic production in the period of 1970-2010; and more recently the catalogue of the exhibition ‘Poty of us all’, which is a comprehensive register of the graphic work made by the artist. More than
representing the memory of the exhibitions, the catalogues serve as instruments that democratise access to the museum’s contents and heritage. Moreover, they contribute to the informative accessibility of visitors and researchers.
EDIÇÃO
and Brazil, whereas the shows ‘Bruno Lechowski’ and ‘The Path United by Art’ have been exhibited internationally. In 2012 (as part of the project of spreading the collections of museums linked to the Culture State Secretary), the exhibition ‘Collection of the Oscar
ESPECIAL
Em dez anos de atividades o MON publicou mais de 100 catálogos sobre as exposições que organizou. Entre a variedade de títulos e artistas, duas publicações se destacam pelo ineditismo dos seus conteúdos: o catálogo da exposição “O Estado da Arte”, que reúne exemplos da produção artística realizada no Paraná no período 1970-2010, e mais recentemente o catálogo da exposição “Poty, de todos nós”, com um amplo registro da obra gráfica do artista curitibano. Além de representarem a memória das exposições realizadas, os catálogos são instrumentos de democratização do acesso aos conteúdos e ao patrimônio conservado pelo museu, e contribuem para a acessibilidade informativa dos visitantes e pesquisadores.
Em dez anos de atividades muitas instituições já se associaram ao Museu Oscar Niemeyer na missão de levar ao público grandes exposições nacionais e internacionais. O MON agradece o apoio das empresas parceiras que contribuem na promoção do acesso à arte e na difusão do conhecimento junto à comunidade.
Benito Berretta Diretor de Marketing da Tintas Coral We, at Tinta Coral, feel very honored to take part in the celebration of Oscar Niemeyer Museum tenth anniversary, an institution whose architectural project is a national reference. It is with the greatest satisfaction that we conduct this partnership and our major social and environmental initiative, project “Tudo de Cor para Você” (All Colors to You), which aims to take colors and joy to the most important corners of our immense and colorful Brazil.
O acesso à arte e à cultura possibilita desenvolver e promover a cidadania. É com satisfação que a Cia. de Cimento Itambé se une ao MON nessa importante iniciativa. Paulo Aguiar Diretor-Superintendente da Cia. de Cimento Itambé Access to art and culture as a whole helps develop and foster social integration. It is with great satisfaction that Cia. de Cimento Itambé teams up with MON in this important initiative. Paulo Aguiar, Superintendent-Director — Cia. de Cimento Itambé
SANEPAR
Benito Berretta, Marketing Director — Tintas Coral
A Volvo tem grande orgulho em fazer parte desta história. Cartão-postal de Curitiba imortalizado pela genialidade de Oscar Niemeyer, o MON tem papel decisivo no turismo de Curitiba e na disseminação da cultura brasileira. Um olhar que encanta e engrandece a alma dos curitibanos e de milhares de visitantes de outros estados e países que o visitam.
Fernando Ghignone Presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) Being one of MON’s partners and supporting its initiatives is being part of a society that seeks to enhance access to culture and the quality of life to the people of Paraná. This is a taskforce that needs to be addressed by all of us. Fernando Ghignone, President — Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar)
Além de ser uma obra arquitetônica de primeira grandeza, em sua trajetória o Museu Oscar Niemeyer se afirmou como importante espaço de acesso às inovações e à arte. Ao apoiar as iniciativas culturais promovidas pelo MON, a Copel sente-se honrada em investir em projetos culturais de reconhecido valor e em contribuir para o desenvolvimento da arte e da sua apresentação à sociedade paranaense e aos turistas que visitam a nossa cidade.
nications Manager Volvo Corporativa
Yára Christina Eisenbach Diretora de Gestão Corporativa da Copel
COPEL
VOLVO
Gerente de Comunicação Corporativa
Solange Fusco, Corporative Commu-
Extending opportunities of public access to cultural assets and supporting educational initiatives is part of Petrobras’ Cultural Program. With that in mind, the partnership settled with Oscar Niemeyer Museum is explained by its relevance as an interdisciplinary institution with regional and national range.
Ser parceiro do MON e apoiar suas iniciativas é ser parceiro da sociedade na ampliação do acesso à cultura e da qualidade de vida dos paranaenses. Essa é uma tarefa comum a todos nós.
Solange Fusco
Volvo is very proud to be part of this history. One of Curitiba’s postcards, immortalized by Oscar Niemeyer’s ingenuity, MON plays a vital role in local tourism and in spreading the Brazilian culture. It is about a look that delights and broadens the souls of curitibanos and thousands of visitors from other states and countries.
Ampliar as oportunidades de acesso público aos bens culturais e apoiar iniciativas educacionais fazem parte das diretrizes do Programa Petrobras Cultural. Nesse sentido, a parceria com o Museu Oscar Niemeyer se justifica pela relevância como instituição multidisciplinar e de alcance regional e nacional.
PETROBRAS
Nós, da Tintas Coral, nos sentimos muito honrados em participar da comemoração dos dez anos do Museu Oscar Niemeyer, referência nacional em projeto arquitetônico. É com imensa satisfação que atuamos em parceria e com a nossa maior iniciativa socioambiental, o projeto Tudo de cor para você, que tem como objetivo levar cor e alegria a importantes locais do nosso imenso e colorido Brasil.
CIMENTO ITAMBÉ
TINTAS CORAL
In ten years of activities, many institutions have joined the Oscar Niemeyer Museum (MON) in the mission to bring to the public major national and international exhibitions. MON appreciates the support of the partner companies, that contributes in promoting access to art and dissemination of the knowledge along the community.
Other than being a first class architecture development, Oscar Niemeyer Museum has, throughout its lifetime, earned its place as an important access platform for innovations and art. By supporting cultural initiatives promoted by MON, Copel feels honored to invest in such renowned projects and to contribute with the development of art and its presentation to paranaenses and tourists alike. Yára Christina Eisenbach, Corporative Management Director — Copel
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RENAULT
O Banco do Brasil se orgulha de ser parceiro desta instituição que há dez anos contribui para o crescimento e fortalecimento da arte paranaense. Neste período o MON se consolidou como um expoente cultural em todo o país, o que nos honra e nos faz acreditar que juntos estamos no caminho certo. José Roberto Sardelari Superintendente Estadual do Banco do Brasil Banco do Brasil is proud to be a partner of this institution that, for more than ten years, has been contributing to the growth and strengthening of art in Paraná. During that period, MON imposed itself as a cultural icon nationwide, honoring us and making us believe we are on the right track together.
Olivier Murguet Presidente da Renault do Brasil
Diretor-geral brasileiro In one decade alone, MON has stood out among the most prominent Brazilian museums and honors us for being listed among the most beautiful in the world. What makes it a great museum is not solely its architectural beauty, but also the relevance of its collection and exhibitions. MON has once and for all placed Paraná in the circuit of great international exhibitions. Itaipu feels privileged to lend its image to such an admired and frequently visited cultural institution. Happy Anniversary MON and to all its employees! Well done! Jorge Miguel Samek, Brazilian General-Director — Itaipu Binacional
CESBE
Olivier Murguet, President — Renault do Brasil
Presidente do Grupo Cesbe Over our 65 years and more of activities in the construction business, a lot of works have represented important milestones to our company. MON, for its exposure and due to the challenges faced during the six month execution term, is one of these milestones that make us so proud.
A CSN comemora os dez anos de vida do MON certa de que investir em cultura é um legado que desperta olhares e fazeres em nossa sociedade, ampliando sua capacidade crítica e seu repertório estético.
CAIXA
Carlos de Loyola e Silva, President — Grupo Cesbe
A parceria entre a CAIXA e o MON sempre foi muito positiva e relevante para o cenário cultural nacional. Ao longo destes dez anos, o MON se tornou referência de artes plásticas no país, democratizando o acesso à cultura e gerindo com excelência projetos culturais. O museu já se consolidou como um dos principais cartões-postais de Curitiba, beneficiando de forma significativa o turismo na cidade. A CAIXA, empresa que apoia as genuínas manifestações da arte e da cultura nacionais, parabeniza o MON pelos dez anos de sucesso!
Monica Fogazza Diretora da CSN e Presidente da
Jorge Kalache Filho
Fundação CSN
Superintendente Regional
CSN celebrates MON’s tenth anniversary knowing that, by investing in culture, an eye opening and action calling legacy will be built in our society, widening critical capacity and the aesthetical repertoire.
The partnership between CAIXA and MON has always been positive and relevant to the national cultural scene. Throughout these ten years, MON became reference in fine arts in the country by making culture accessible and by managing cultural projects par excellence. The Museum has already marked its place as one of Curitiba’s most notable postcards, benefiting tourism in the city significantly. CAIXA, as an institution that supports all genuine manifestations of national art and culture, congratulates MON for these ten successful years!
Monica Fogazza, Director — CSN; President — the CSN Foundation
Jorge Kalache Filho, Regional Superintendent — Caixa
ESPECIAL
Jorge Miguel Samek
Em nossos mais de 65 anos de atividades na área da construção, muitas obras se constituíram em marcos importantes na história da nossa empresa. O MON, pela sua visibilidade e pelos desafios impostos pelo prazo de seis meses de sua execução se constitui em um destes marcos que muito nos orgulha.
Renault believes in transforming society through culture and education. Oscar Niemeyer Museum is a reference in the spreading of art and culture nationally and internationally and, for that, deserves our recognition. We congratulate MON for these ten years of activities!
Carlos de Loyola e Silva
CSN
ITAIPU BINACIONAL
José Roberto Sardelari, State Superintendent — Banco do Brasil
Em apenas uma década, o MON já conquistou um espaço de destaque no cenário museológico brasileiro e, para nosso orgulho, figura entre os museus mais bonitos do mundo. O que faz um grande museu não é simplesmente a sua beleza arquitetônica, mas a relevância do seu acervo e das exposições que realiza. O MON colocou o Paraná definitivamente no circuito das grandes exposições internacionais. É motivo de prestígio para a Itaipu vincular sua imagem a uma instituição cultural tão admirada e visitada. Parabéns ao MON e a todos os seus colaboradores! Bravíssimo!
A Renault acredita na transformação da sociedade por meio da cultura e da educação. O Museu Oscar Niemeyer é uma instituição de referência na difusão da arte e da cultura dentro e fora do país e por isso merece o nosso reconhecimento. Parabéns ao MON por esses dez anos de atividades!
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BANCO DO BRASIL
MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
Beto Richa Governador do Estado do Paraná
MUSEU OSCAR NIEMEYER
Gestão Museológica
Oscar Niemeyer Museum
Coordinator of Museology
Diretora / Director Estela Sandrini
Coordenação da Ação Educativa
Governor of Paraná State
Paulino Viapiana Secretário de Estado da Cultura Secretary of State and Culture
Coordination of Educative Department
Diretor Administrativo e Financeiro Chief Executive and Financial Officer
Valéria Marques Teixeira Diretora-Geral da SEEC
Cristiano A. Solis de Figueiredo Morrissy
General Director of SEEC
Assessoria Jurídica / Legal Adviser Janaina Bertoncelo de Almeida
Christine Vianna Baptista Coordenadora do Sistema Estadual de Museus
Assessoria de Comunicação
Coordinator of the State’s System of Museums
Marianna Camargo
Thaísa M. Teixeira Sade Coordenação de Comunicação - SEEC
Design Gráfico / Graphic Design Marcello Kawase Marciel Conrado Maico Amorim
Coordinator of Communication – SEEC
Cristine Pieske
Press Office
Rita Solieri Brandt Coordenação de Desenho Gráfico - SEEC
Coordenação de Planejamento Cultural
Coordinator of Graphic Design - SEEC
Coordination of Cultural Planning
Sandra Mara Fogagnoli Danielly Dias Sandy
Rosemeri Bittencourt Franceschi Sirlei Espíndola Suely Yamamoto Telma Richter Coordenação de Acervo e Conservação / Coordination of Collection and Conservation
Humberto Imbrunisio Ricardo Freire Taffarel Rômulo Vieira Documentação e Referência
Coordination of Production and Installation
Fabiana Wendler Jacson Luis Trierveiler Vanderley de Almeida
Assessoria de Eventos Coordinator of Events Paula Moreira Apoio Técnico / Technical Support Francieli Iantas Jéssica Mayumi Santos Karina Marques Canha Lucas Murilo dos Santos Sabrina Ellen de Souza Tatiane Canalle
Documentation and Reference
Iolete Guibe Hansel Maita Pantaleão Franco Lêda Godoy Gomes Salles Rosa Coordenação Administrativa e Financeira/ Management and Finance Coordinator
Coordenação de Produção e Montagem
Manutenção / Maintenance Alceu Chmiluk Alaete José Alves Giomar Guandahim José Edson Ribeiro José Carlos Cordeiro de Oliveira Luiz Ferreira de Almeida
Informática / IT Claudio Osadczuk Segurança / Security Divinalva Gomes Santos Sandro de Almeida Cardoso
MUSEU OSCAR NIEMEYER
Rua Marechal Hermes, 999 Centro Cívico | CEP 80.530-230 Brasil, Curitiba (PR) | Tel.: +55 41 3350-4400
Elvira Wos
www.museuoscarniemeyer.org.br
Coordenação de Infraestrutura Coordinator of Infrastructure Helio Figlarz
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