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OUTUBRO 2022
gerar identidades REVISTA DO PROJETO CLDS 4G DO CONCELHO DE ARRAIOLOS
A Penúltima Perda: a Minha Casa!
Experiências, Vivências e Memórias
“Envelhecimento no Concelho de Arraiolos...”
Uma reflexão sobre «ageing in
As partilhas dos idosos
Visão da Associação Fora Figo
place» de Raul Jorge Marques.
participantes do projeto.
– AFF.
conteudos 4 NOTA DE ABERTURA 6 O PROJETO 8 O TERRITÓRIO - ARRAIOLOS 10 A PARCERIA 12 “A PENÚLTIMA PERDA, A MINHA CASA!” RAUL JORGE MARQUES
18 EXPERIÊNCIAS, VIVÊNCIAS E MEMÓRIAS IDOSOS DO CONCELHO
20 OS SONHOS - ADELINA DEDEIRAS 22 DOS TEMPOS DE ESCOLA AO CASAMENTO VITALINA CORTA-LARGO
24 NOITE ATRIBULADA - ANA ROSA BARBOSA 26 TRAJETOS DA VIDA - MARIA DA GRAÇA ARUIL 28 A VIAGEM DA MINHA VIDA - FRANCISCA BUGALHO
30 POESIA, SÓ A VIDA TXON-POESIA 32 INTERVENÇÃO SOCIAL: SENIOR MUNICIPIO DE ARRAIOLOS
34 “ENVELHECIMENTO NO CONCELHO DE ARRAIOLOS” ASSOCIAÇÃO FORA FIGO - AFF siglas AFF Associação Fora Figo
ficha técnica
CLASA Concelho Local de Ação Social de Arraiolos
Autor e Editor: Monte - Desenvolvimento Alentejo Central, ACE Título: Revista Gerar Identidades Fotografia: Monte-ACE, Munícipio de Arraiolos e Associação Fora Figo Impressão: Município de Arraiolos Tiragem: 3.500 exemplares 1ª Edição: Outubro 2022 Local de edição: Arraiolos
CM Câmara Municipal
CLDS 4G Contrato Local de Desenvolvimento Social 4ª Geração ECLP Entidade Coordenadora Local da Parceria ERPI Estrutura Residencial para Idosos GI Gerar Identidades INE Instituto Nacional de Estatística IPDJ Instituto Português do Desporto e Juventude LEADER Ligação entre ações de desenvolvimento rural NVPA Núcleo de Voluntariado de Proximidade de Arraiolos RNAJ Registo Nacional do Associativismo Juvenil
agradecimentos Agradecemos a todos os parceiros, entidades e aos públicos do projeto Gerar Identidades, que colaboraram e participaram nesta 1ª edição da Revista Gerar Identidades. Agradecemos ao Município de Arraiolos pela colaboração na elaboração e impressão de todos os exemplares da Revista. Um agradecimento especial ao fotógrafo e modelo que realizaram a capa da Revista!
nota de abertura O programa CLDS 4G tem como principal objetivo promover a inclusão de cidadãos em situação de maior vulnerabilidade social num determinado território. No caso do Concelho de Arraiolos o programa CLDS 4G está integrado no Eixo 3 - “Promoção do envelhecimento ativo e apoio à população idosa” e foram mobilizados os vários agentes concelhios e supra-concelhios que atuam no nosso território com valências dedicadas a esta faixa etária, contribuindo diretamente no combate ao isolamento, à exclusão social e promovendo um envelhecimento ativo e de qualidade. Nesta que é a primeira edição da revista do projeto CLDS 4G do Concelho de Arraiolos “Gerar Identidades” faz-se o balanço da atividade e iniciativas promovidas pelo CLDS 4G em parceria com o Município de Arraiolos que permitiu aumentar os níveis de coesão social mitigando os fatores de vulnerabilidade social. O programa permitiu a criação de sinergias entre o setor público e privado, consolidando e otimizando outras já existentes, ao mesmo tempo que fortaleceu instrumentos de atuação e planeamento sobre este setor da sociedade ao nível municipal. O Município de Arraiolos dispõe de um conjunto vasto de mecanismos e técnicos que trabalham com grande proximidade com a população idosa tendo o programa CLDS 4G vindo a colmatar lacunas existentes sem nunca deixar de inovar nas intervenções realizadas e criadas. Os resultados da implementação do Plano de Ação desenvolvido são visíveis, não só para aqueles sobre os quais o Plano incidiu mas para a população em geral, com a mitigação do sentimento de solidão e isolamento e com a aquisição de maior autonomia por parte a população mais idosa. Por força da Lei a Câmara Municipal de Arraiolos designou “O Monte” como Entidade Coordenadora Local da Parceria (ECLP) para execução do projeto, não sem antes auscultar e obter a concordância dos parceiros que integram o Conselho Local de Ação Social de Arraiolos (CLASA). Escolha acertada e que permitiu o envolvimento de todos os parceiros de forma empenhada e solidária neste projeto. A Câmara Municipal de Arraiolos dispõe de Programas de Intervenção Social Sénior diversificados e abrangentes como são o caso do projeto “Viver Sénior”, o Cartão Social do Munícipe, a Oficina Solidária, o Programa de Apoio à Reabilitação de Habitações Degradadas para Estratos Sociais Desfavorecidos e o programa de Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social que complementados com o Programa CLDS 4G do Concelho de Arraiolos colocou à disposição da população sénior do Concelho um maior leque de medidas de apoio e uma cobertura territorial notável. Sabemos que as exigências são agora maiores, mas a fasquia deve continuar a subir e só com este trabalho em rede será possível levar por diante. A Câmara Municipal de Arraiolos conta com todos e todos poderão contar com a Câmara Municipal de Arraiolos. Bem Hajam Sílvia Pinto
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Presidente da Câmara Municipal de Arraiolos
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GERAR IDENTIDADES CLDS 4G
o projeto O Programa Contratos Locais de Desenvolvimento Social (CLDS) surge em 2007, da responsabilidade do Ministério da Solidariedade e Segurança Social e apresenta uma nova abordagem no combate à pobreza e exclusão, destinando-se a todo o território nacional. É uma medida para apoio a projetos locais e para públicos vulneráveis, de territórios de baixa densidade, apresentando ações obrigatórias como resposta às necessidades identificadas. Propõe ainda que seja concretizado em parceria, com a responsabilidade da autarquia Local, constituindo os Conselhos Locais de Acção Social (CLAS) o espaço de elaboração, planeamento e acompanhamento desta medida. Passados 11 anos surge a 4ª Geração (4G) do Programa CLDS, lançada a 14 de agosto de 2018 pela Portaria nº 229, que apresenta alguns ajustamentos, mas no geral, mantem a estrutura e os objetivos apresentados desde o início para o Programa. O Gerar Identidades (GI) é um projeto CLDS 4G, financiado pelo Instituto da Segurança Social, I.P., e o Programa Operacional Inclusão Social e Emprego do Portugal 2020. Este responde e apresenta a estrutura de ações obrigatória que é proposta pelo Programa e procura face a essas condicionantes realizar um Plano de Ação o mais próximo de uma resposta única aos problemas sentidos por cada idoso do concelho de Arraiolos. Em termos de objetivo específico o GI visa melhorar e reforçar a integração da população idosa no concelho de Arraiolos, com vista à promoção do envelhecimento ativo. Para tal propõe-se dinamizar até agosto de 2023, atividades em três áreas que se complementam: ações socioculturais que promovam o envelhecimento ativo e a autonomia das pessoas idosas; ações de combate à solidão e ao isolamento e projetos de voluntariado vocacionados para o trabalho com população envelhecida.
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O público alvo do GI é a população com mais de 65 anos, residente no concelho de Arraiolos, que não esteja institucionalizada. No que respeita à estratégia de dinamização, as ações do GI são descentralizadas nas várias localidades do concelho de Arraiolos, contanto para tal com o apoio de vários parceiros e privilegiando a proximidade e a especificidade de cada local. Toda a informação sobre as atividades realizadas e produtos alcançados está disponível na página on line do projeto no site do Monte: https://www. monte-ace.pt/site/projetos/gerar-identidades/. monte-ace.pt/site/projetos/gerar-identidades/ Com o final da execução do GI pretende-se alcançar as seguintes mudanças: Idosos mais autónomos, ativos e com menor sentimento de solidão e isolamento; Comunidade de Arraiolos mais informada e sensibilizada para a problemática do envelhecimento; Rede de parceiros locais mobilizados e alinhados no combate ao isolamento da pessoa idosa e na promoção do envelhecimento ativo. A presente Revista é um exemplo de um dos produtos do projeto que concorre para alcançar esta mudança, uma vez que procura dar espaço e destaque à partilha de experiências e memórias da população idosa, bem como valorizar o seu papel na comunidade, incluindo outros contributos e olhares por parte de entidades locais, especialmente nas áreas da gerontologia e intervenção social e local.
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GERAR IDENTIDADES CLDS 4G
o território - Arraiolos Arraiolos, em 2021 e segundo dados do INE, registava 6.619 habitantes: (51%) mulheres e (49%) homens. Esta é uma realidade comum na maioria das freguesias do concelho, à exceção da União das freguesias de Gafanhoeira (São Pedro) e Sabugueiro e da União das freguesias de São Gregório e Santa Justa, onde o número de homens residentes é superior ao número de mulheres. A população com mais de 65 anos corresponde a 29% do total populacional do concelho, sendo superior nas duas Uniões de Freguesias já referidas, bem como na freguesia de Vimieiro, onde representa 39%. Também acima dos 65 anos há mais mulheres residentes do que homens, destacando-se a freguesia do Vimeiro como aquela que apresenta um maior número de mulheres nesta faixa etária: das 697 mulheres residentes, 48% tem mais de 65 anos. No concelho de Arraiolos, 33% da população, com mais de 65 anos de idade, beneficia de algum tipo de resposta social institucionalizada e 7% frequentam as atividades do Projeto Gerar Identidades, sendo destes 85% mulheres, das quais 79% com idades compreendidas entre os 65 e os 79 anos. A demais população, uma parte participa em iniciativas promovidas pelo Município, outra tem ocupações pontuais, havendo ainda uma fração considerável de idosos que não participam em quaisquer atividades.
11%
0-14 anos
9% NO CONCELHO, 29% DA POPULAÇÃO É IDOSA E MAIORIARIAMENTE MULHERES
15-24 anos
29%
65+ anos
51%
25-64 anos
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MULHERES HOMENS
51% 49%
Fonte dos dados: INE - Instituto Nacional de Estatística; Censos 2021 (Dados Provisórios).
6619
HABITANTES
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GERAR IDENTIDADES CLDS 4G
a parceria O Monte foi a entidade escolhida pelos Parceiros do Conselho Local de Ação Social do concelho de Arraiolos (CLASA) para assumir o papel de Entidade Coordenadora Local da Parceria (ECLP) para a execução do projeto. Tal como já acontecera no passado, o desafio foi aceite, com responsabilidade, empenho e com recurso à experiência que a organização foi acumulando ao longo destes 26 anos de vida. A história do Monte – Desenvolvimento Alentejo Central, ACE, começa em 1996 quando é reconhecido como Entidade Gestora da Iniciativa Comunitária LEADER II para a região do Alentejo Central. É a Abordagem LEADER, que celebrou 30 anos em 2021, e a aplicação dos princípios que a caracterizam, que instigou o Monte, a desenvolver competências nas áreas da experimentação, inovação, cooperação entre territórios (rurais), ampliando a escala da sua ação e possibilitando estabelecer parcerias em diversas áreas de atuação, com vista ao desenvolvimento sustentável, à criação de emprego e à fixação da população, em particular dos jovens. São, pois, muito diversas as iniciativas que o Monte já realizou, procurando sempre fazê-lo com base numa estratégia local coletiva e participada pela população para o território do Alentejo Central. Sobre a área da inovação social, domínio onde se situa esta nossa Revista, o Monte tem procurado principalmente contribuir para a resolução de problemas comunitários, que afetam de modo particular a população mais vulnerável,
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como é o caso da população idosa. Este percurso é observável através de iniciativas já realizadas neste domínio pelo Monte, algumas ainda ativas no território: - Playing with History, Arraiolos:2006; - Escola Sénior do Mundo Rural, em todas as freguesias do concelho de Arraiolos:2007; - Banco de Ajudas Técnicas, concelho de Arraiolos:2008; Manual de Animação de Idosos em Meio Rural – A experiência da Escola Sénior do Mundo Rural:2009; Núcleo de Voluntariado de Proximidade de Arraiolos (NVPA):2011; Loja Comunitária de Arraiolos:2014.
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O Gerar Identidades (GI) beneficia de todas estas experiências, bem como de novas competências e ferramentas que existem atualmente no Monte e no território. O Monte no papel de ECLP visa continuar a concretizar, em parceria com as entidades locais, novas e melhores respostas para a integração da população idosa, na comunidade de Arraiolos. Não existindo uma parceria formal para a execução do GI, a sua implementação assenta nas entidades que compõem o CLASA, que tem como promotor a Câmara Municipal de Arraiolos (CMA), e a participação de um Grupo de Trabalho Informal existente no concelho que intervém junto da população idosa e contribui em termos de reflexão para delinear a ação a realizar com vista a promover um envelhecimento positivo e inclusivo.
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Fotografias: 1 - Projeto ParticipAR (2005) 2 - Projeto MATIZ (2000) 3 - Escola Sénior do Mundo Rural (2007)
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4 a 6 - Projeto Gerar Indendidades (GI) (2020-2023)
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RAUL JORGE MARQUES
A PENÚLTIMA PERDA: A MINHA CASA! Uma reflexão sobre «ageing in place» Resumo: Foi lançado como desafio ao autor a elaboração de um artigo/reflexão sobre o envelhecimento e possibilidades de respostas para melhorar o bem-estar nos últimos anos de vida. Este artigo apresenta-nos tudo isto e muito mais. O autor cruza a experiência e o conhecimento que foi acumulando ao longo dos anos na área da Gerontologia, com novos apports; apresenta-nos de forma sumária experiências que estão a acontecer em diferentes países e em Portugal, como contributos para melhorar a qualidade de vida da população idosa, deixando pistas para a concretização destas abordagens localmente.
Abordar uma temática tão importante como «acabar o ciclo de vida na nossa casa/ comunidade», com segurança e independência, em poucas páginas, é um desafio imenso para nos focarmos no mais pertinente, até porque se trata, também, de refletir sobre um direito fundamental, o de não delegarmos em terceiros a nossa capacidade de decisão/ como queremos viver o fim de vida (não há a tradição de o deixarmos registado precocemente quando somos mais novos – talvez tenha sentido pensar numa Declaração Antecipada de Vontade para o Envelhecimento em Fim de Vida), quando a construção das casas é maioritariamente inimiga do processo de envelhecimento. Todavia, as pessoas que querem viver em casa até morrer têm direito de o fazer em liberdade, mas também com dignidade, o que muitas vezes é difícil/ impossível por falta de adequabilidade das habitações. Esta pequena abordagem irá tentar responder às seguintes questões: i) «Ageing in place»: o que é e quais os benefícios? ii) Desenvolver/ implementar o processo de «ageing in place»: Como? Com quem? Que boas práticas de «ageing in place» em Portugal? Como desenvolver o processo de «ageing in place» no concelho de Arraiolos?
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i.«Ageing in place»: o que é e quais os benefícios? «Ageing in place» é a possibilidade de envelhecer em casa e na comunidade em que se está inserido, a opção que consideramos preferível, até porque é onde estão as principais referências, como amizades, serviços, supermercados, farmácias, igreja que se frequenta, na prática envelhecer onde se vive com conforto, segurança e independência, logo com autodeterminação, independentemente da idade, situação financeira ou habilitações académicas, mas que nem sempre é possível, sobretudo por falta de condições económicas que permitam adequar a habitação para viver em segurança e suportar as despesas com os cuidados de saúde ao domicílio, a que se junta a falta de entidades dedicadas ao cuidado integrado nas habitações 24 horas/ dia e em conformidade com o rendimento das pessoas mais velhas. «Ageing in place» significa, «apenas» e na prática, ter direito a viver com independência na nossa casa, em segurança e com adequados serviços de apoio até ao fim de vida! Mas, tal como refere Fonseca (2018: 9), é também um processo que “reflete uma mudança de paradigma nas políticas sociais de apoio aos idosos ao considerar prioritária a vontade da pessoa idosa em permanecer no seu ambiente familiar e comunitário o maior tempo possível e de modo independente, com saúde e beneficiando de apoio social”.
Em termos de benefícios para as pessoas mais velhas e para as comunidades destaca-se: i) Ser potencialmente mais barato, barato por oposição a ter de ir para uma ERPI ou para um Condomínio Residencial Sénior[i], desde que a comunidade tenha entidades dedicadas ao cuidado integrado (limpeza, preparação de refeições, transporte para tarefas ou atividades, gestão de medicamentos, acompanhamento em atos médicos, apoio psicológico, …) imprescindíveis para assegurar a vida assistida no domicílio; ii) Permitir manter laços de maior proximidade com amigos, familiares ou vizinhos, que também podem ajudar quando necessário; iii) Ser mais confortável e menos stressante, stressante porque é onde estão bens inestimáveis (cadeira favorita, colchão, …), o espaço a que se está acostumado (o nosso território), a temperatura de sempre, os cheiros, a individualidade de não ser forçado a conviver com pessoas que não escolhemos; iv) Ajudar a retardar o avanço da perda de memória, memória que a existir pode piorar com a mudança para um ambiente institucional, onde se perdem as conexões com a rede social existente na comunidade. Ficar em casa, ao assegurar a preservação de sons e de cheiros, mantém poderosos facilitadores de memória (nos estádios iniciais da doença de Alzheimer os cheiros aumentam a recuperação da memória); v) Fortalecer a rede social, social mantendo a atual rede de amigos e até a ampliando, por contactos cada vez mais diversificados em projetos locais de envelhecimento ativo, de voluntariado e até de comer fora, porque dá menos trabalho (era bom que as comunidades tivessem restaurantes com descontos para as pessoas mais velhas); vi) Manter a autodeterminação e o controlo sobre o ambiente em que se vive. vive Mesmo com ajuda dominiciliar em
casa, é possível continuar a ser responsável por agendar as atividades diárias, sem os condicionalismos impostos nas ERPI ou noutra instituição de cuidado, regidas por regras impostas, como também continuar a intervir na habitação (remodelações, repintura, decoração, …). ii.Desenvolver/ implementar o processo de «ageing in place»: Como? Com quem? A dada altura da vida podemos ter de decidir se há condições para assumir o processo de envelhecimento na nossa casa ou se temos de nos mudar para a «casa de outros», familiares ou instituição, ou ainda se temos condições anímicas e financeiras para adaptar a nossa casa à nova condição física/ saúde com que nos confrontamos, o que obviamente levanta várias questões: i) O que é necessário alterar para viver em segurança? ii) Quem pode apoiar na readaptação da casa? iii) Há apoios financeiros à escala local ou nacional para fazer as adaptações necessárias? iv) Que serviços de segurança online se podem contratar? v) A quem recorrer para apoio em questões de saúde no domicílio? vi) Há na comunidade uma Rede de Cuidado Segura durante 24 horas (p. ex. turnos de 2/ 3 cuidadores/ dia residentes)[i]? Em Portugal, a participação dos cidadãos é mais um chavão político, sobretudo de grande utilidade em períodos eleitorais! No domínio gerontológico faltam avaliações/ diagnósticos junto das pessoas mais velhas para compreender o que realmente preferem. Todavia, acreditamos que não ficarão muito longe dos resultados obtidos noutros países.
[i] O custo médio mensal de um quarto numa ERPI pública é de 550€ e se for numa residência sénior situa-se nos 1200€/ mês, segundo o estudo “Building a healthier and more thriving future”, divulgado pela consultora imobiliária CBRE e citado pela Visão Imobiliário (2021), pelo que é evidente que cuidar de uma pessoa pode literalmente custar mais do que o valor médio das pensões de reforma que é de 5811€/ano (484,25€/ mês) em Portugal, pelo que se considera possível que o custo médio para a vida assistida em casa possa ser de aproximadamente metade e um domínio em que as Associações de Desenvolvimento Local, desde que se qualifiquem para o efeito, podem ter um papel relevante.
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Segundo um estudo promovido em 2011 pela AARP - American Association of Retired Persons nos EUA, quase 90% das pessoas com mais de 65 anos querem ficar em casa o maior tempo possível e 80% acreditam que a sua residência atual é onde sempre viverão. No Canadá refere-se mais de 85% e em abril de 2021 foi lançado um programa específico, o “Programme Défi «Vieillir chez soi»”/ “Desafio Envelhecer em casa”, que visa apoiar essa opção por meio da tecnologia[i] e da inovação. Segundo o Eurostat (2011), dos então 28 países da UE, 9 em cada 10 pessoas com 65 ou mais anos residentes no Reino Unido, França, Alemanha e Finlândia, “viviam de forma independente nas suas próprias casas”, percentagem que sobe na Holanda para os 95%. Em Portugal, apesar da maioria dos portugueses envelhecerem nas suas casas (só 6%-7% de pessoas vivem em ERPI/Lares), não há medidas robustas de promoção do envelhecimento em casa e na comunidade, nomeadamente ao nível do apoio financeiro para a adequação das habitações[ii], para a mobilidade adequada, para o cuidado diário integrado e permanente. De facto, a vida das pessoas mais velhas em casa e concomitantemente na comunidade, está muito dependente da forma como as comunidades são projetadas e como olham para o processo de envelhecimento (quantos municípios têm Planos Gerontológicos Locais em Portugal? Sobram dedos a duas mãos!) e organizam aspetos simples, tais como um sistema de transportes adaptado aos horários das pessoas mais velhas, um traçado viário que garanta a segurança dos pedestres mais vulneráveis, a prestação eficiente de serviços em casa ou a criação de Gabinetes de Apoio à Pessoa Mais Velha. Se os dois primeiros aspetos entroncam na mobilidade, o terceiro está intimamente relacionado com uma nova visão de cuidar, enquanto forma de garantir o apoio e a prestação diversificada de serviços, podendose para o efeito qualificar as pessoas mais novas e criar Bolsas de Cuidadores Locais, cuidadores formais certificados. Os Gabinetes de Apoio à Pessoa Mais Velha, multidisciplinares, seriam
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espaços para escutar, propor e acompanhar, em que se considera fundamental integrar gerontólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Um outro aspeto não despiciendo para envelhecer em casa e na comunidade seria apoiar bairros maioritariamente de populações mais velhas, promovendo o envolvimento em atividades sociais e de vida comunitária, sem desconsiderar a assistência/ apoio, numa quase visão de «cohousing comunitário». Tal como existem seguros de vida e de saúde (muitos ainda limitados à idade do tomador), dever-se-ia igualmente defender a criação de «Seguros de Envelhecimento» que permitissem custear as despesas de ficar a viver na habitação quando se é velho!
iii.Boas práticas de «ageing in place» em Portugal Falar em boas práticas de «ageing in place» em Portugal implica ter em conta o estudo recente da Fundação Calouste Gulbenkian / Faculdade de Educação e Psicologia — Universidade Católica, intitulado Boas práticas de Ageing in Place. Divulgar para valorizar. Guia de boas práticas, realizado entre 2017-2018 sob coordenação do psicólogo António M. Fonseca, pelo que se aconselha a consulta das práticas recolhidas (80) por quem pensa estrategicamente nesta opção à escala local. De uma forma necessariamente sintética, é um Estudo que divide as boas práticas por 10 categorias (apoio aos cuidadores; combate ao isolamento; gerotecnologias e investigação; inovação em apoio domiciliário; inovação em centro de dia; intervenção na vida da comunidade; lazer, atividade física e aprendizagem ao longo da vida; melhoria das condições de habitação; recursos de saúde, animação, nutrição e acompanhamento psicológico; segurança, mobilidade e bem-estar), em conformidade com as cinco principais áreas de intervenção sugeridas pela OMS: pessoas, lugares, produtos, serviços personalizados e políticas de apoio social. As categorias com melhores práticas representadas são “lazer, atividade física
e aprendizagem ao longo da vida” (10); recursos de saúde, animação, nutrição e acompanhamento psicológico (15); segurança, mobilidade e bemestar (15). As entidades com mais projetos representados são Câmaras Municipais (25)[i], Associações (14)[ii], Santas Casas da Misericórdia (11)[iii]. As evidências representadas revelam bem que há muito trabalho por fazer no domínio da gerontologia às escalas local/ municipal/ nacional.
[i] Câmara Municipal da Covilhã, Câmara Municipal de Abrantes, Câmara Municipal de Alfândega da Fé, Câmara Municipal de Almodôvar, Câmara Municipal de Amarante, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Câmara Municipal de Belmonte, Câmara Municipal de Gondomar, Câmara Municipal de Guimarães, Câmara Municipal de Ílhavo, Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal de Mangualde, Câmara Municipal de Miranda do Douro, Câmara Municipal de Odivelas, Câmara Municipal de Palmela, Câmara Municipal de Paredes, Câmara Municipal de Pombal, Câmara Municipal de Proença -a -Nova, Câmara Municipal de Rio Maior, Câmara Municipal do Sabugal, Câmara Municipal de Santo Tirso, Câmara Municipal de Silves, Câmara Municipal de Sintra, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vinhais. [ii] Associação Alzheimer Portugal (Lisboa e todo o país), Associação CASO50+ (Região Norte), Associação Coração Amarelo (Lisboa, Porto, Cacém, Cascais, Oeiras, Sintra, Porto de Mós), Associação Em Contato Tavira, Associação Fermenta (Lisboa), Associação Histórias Desenhadas (Lisboa), Associação Humanitária Social e Cultural de Pinhanços (Seia), Associação Mais Proximidade Mais Vida (Lisboa), Associação Nacional de Cuidado e Saúde (Lousã), Associação Odemira+ (Odemira), Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas para a Vida (Lisboa e todo o país), Associação Ser Mais Valia (Lisboa), Associação Social Saúde + Perto (Ponte de Lima), Sport Club Operário de Cem Soldos (Tomar). [iii] Santa Casa da Misericórdia da Amadora, Santa Casa da Misericórdia da Venda do Pinheiro, Santa Casa da Misericórdia de Águeda, Santa Casa da Misericórdia de Almada, Santa Casa da Misericórdia de Esposende, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Santa Casa da Misericórdia de Mértola, Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis, Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão, Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa Vila Viçosa, Santa Casa da Misericórdia do Porto.
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iv.Como desenvolver o processo de «ageing in place» no concelho de Arraiolos? Em termos demográficos, o município de Arraiolos apresenta indicadores desfavoráveis em relação à sub-região Alentejo Central (% de população ≥ 65 anos em 2021 de +1,6%) e à Região Alentejo (% de população ≥ 65 anos em 2021 de +1,9%). Uma consulta ao site da CM de Arraiolos no domínio da Ação Social permite perceber que há ações dedicadas à população mais velha, nos domínios da dinamização associativa, promoção do envelhecimento ativo e mobilidade, à semelhança do que existe em inúmeros municípios. O CLDS Gerar Identidades – GI responde ao Eixo 3 do Programa CLDS-4G, Promoção do envelhecimento ativo e apoio à população idosa, com três importantes ações: i) Ações socioculturais que promovam o envelhecimento ativo e a autonomia das pessoas idosas; ii) Ações de combate à solidão e ao isolamento; iii) Desenvolvimento de projetos de voluntariado vocacionados para o trabalho com populações envelhecidas.
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O que é que as entidades que estão no terreno podem fazer para implementar um processo de «ageing in place»? Sugere-se um percurso em cinco etapas: i) diagnosticar; ii) conceber um Plano Gerontológico Local; iii) criar parcerias dedicadas; iv) criar/ encontrar instrumentos financeiros de suporte; v) qualificar recursos humanos para a intervenção! Começar por compreender, junto das pessoas mais velhas, o que efetivamente preferem. Envolvêlas em soluções sustentadas para o fim de vida, assegurando, efetivamente, a sua participação enquanto pessoas ativas e não passivas. Avaliar se preferem ser apoiadas na sua casa, provavelmente, mais sós, em determinada fase do ciclo de vida ou numa instituição tipo ERPI ou aldeia local de bem-estar/ cohousing comunitário? Acreditando-se na tendência para querer «morrer em casa», dever-se-iam interligar pelos menos três projetos: a) Projeto o Que Queremos? (diagnosticar preferências); b) Projeto Habitação Para Sempre (sustentado em protocolos de avaliação feitos por técnicos devidamente qualificados); c) Projeto Sou Cuidador (criação de uma bolsa de cuidadores certificados).
o autor
RAUL JORGE MARQUES Geógrafo. Pós-graduado em Gerontologia Clínica e em Gerontologia Social. Consultor em Desenvolvimento Local-Regional. Coordenador do Grupo de Trabalho Envelhecimento e Desenvolvimento Local da ANIMAR. rauljmarques@sapo.pt
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experiências, v e memórias
vivências
A Revista Gerar Identidades é acima de tudo um espaço para apresentar memórias e experiências permitindo que sejam partilhadas e constituam testemunhos de vivências. As histórias que se seguem são contadas na 1º pessoa, e mostram sonhos, memórias e saberes que preenchem uma vida. São testemunhos que ajudam a conhecer um bocadinho da cada um dos participantes, do sítio onde vivem, aquilo valorizam, o resultado da sua experiência de vida. São vivencias que aproximam, que colocam em perspetiva também os sonhos de quem as lê e fazem refletir sobre o que importa para nos sentirmos felizes Seguem-se 5 pequenas histórias, escritas pelas próprias, narradas aqui pela equipa do GI, numa das atividades do projeto, onde cada participante, através de uma viagem ao passado, destaca a memória mais presente na sua vida, até aos dias de hoje…
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experiências, vivências e memórias
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ADELINA ANTÓNIA MARQUES MACHADO DEDEIRAS
os sonhos
A D. Adelina nasceu na Aldeia de Sabugueiro, uma aldeia cuja origem se perde na história. Um local plano, junto da natureza, que proporciona uma boa qualidade de vida a todos os que nele habitam. Nascida a 6 de janeiro de 1947, desde sempre se definiu como uma sonhadora. Tranquila e serena, conta a sua história de vida “recordando os bons momentos e os maus...os sonhos realizados e não realizados.”
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“TRÊS PORTAS ME ESPERAM, NÃO SEI SE IREI PASSAR POR ELAS TODAS, MAS UMA É CERTA: O CEMITÉRIO, O HOSPITAL OU O LAR.
”
Em criança, sonhava ser professora, mas nunca teve essa possibilidade, devido às dificuldades que a família atravessava nesse tempo. Mais tarde, com 12 anos, começou a trabalhar na agricultura, mas a sua ambição era ser ajudante de cozinha. Foi no campo que passou “os maus anos” da sua vida. Alguns anos depois dedicou-se aos tapetes de Arraiolos, onde foi bordadeira, mas a saúde não permitiu que continuasse por mais tempo. Recentemente perdeu o seu marido, “o amigo e companheiro” de uma vida. “Um cinco
casamento de anos, fiquei só
quarenta e na solidão.”
Desta união, nasceram dois filhos, muito presentes na sua vida que lhe dão o ânimo que precisa. Mantém-se ativa, participando em várias atividades recreativas, para combater a solidão. Nesta fase da sua vida reflete sobre o seu futuro: “Três portas me esperam, não sei se irei passar por elas todas, mas uma é certa: o cemitério, o hospital ou o lar.” Com os seus 75 anos, a D.Adelina recorda uma vida de trabalho e sonhos. Adelina Dedeiras, aos 16 anos.
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experiências, vivências e memórias
VITALINA MARIA SANTOS LOPES CORTA-LARGO
dos tempos de escola ao casamento
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“CASEI HÁ 54 ANOS, TEMOS SIDO SEMPRE AMIGOS E CONTINUAMOS A SER AMIGOS HOJE.”
”
A D. Vitalina nasceu no dia 16 de agosto de 1946 na aldeia de S. Gregório, antiga sede de freguesia, uma aldeia rodeada de vinhas e oliveiras centenárias. A antiga freguesia de S. Gregório abrange o povoado de S. Gregório, Carrascal e Aldeia da Serra, sendo uma freguesia predominantemente agrícola, ainda nos dias de hoje. D. Vitalina, sempre faladora e com uma memória inigualável, conta-nos várias passagens da sua vida. Entrou para a escola primária com os seus 7 anos de idade, no dia 7 de outubro de 1953. Pouco tempo depois partiu o braço direito, o que a impediu de ir à escola durante alguns meses. “… o médico mandou-me para o hospital de Santa Marta, tiveram que partir o braço para ir ao lugar a sangue frio…”. Com o sucedido só voltou novamente à escola no dia 7 de janeiro de 1954. Saiu da escola aos 9 anos de idade e começou a ajudar os pais na fabricação de queijos e mais tarde no trabalho de campo. Foi aos 14 anos, no trabalho de campo, que conheceu o seu companheiro. O seu companheiro, 6 anos mais velho, foi para a vida de tropa no dia 23 de janeiro de 1961 e mais tarde para a Ultramar. D. Vitalina recorda que “o namoro continuou, sempre houve correspondências.” O seu companheiro regressou em 1963, quando D. Vitalina já tinha os seus 17 anos. Casaram no dia 15 de abril de 1967 e lembra a sua vida ao lado do marido com muita alegria. “Casei há 54 anos, amigos e continuamos
Vitalina Corta-Largo, aos 15 anos.
temos a ser
sido sempre amigos hoje.”
Durante a sua vida desempenhou várias atividades, nomeadamente no fabrico e comercialização de queijos. Hoje tem duas filhas e três netos e assume-se muito feliz com a vida que tem.
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experiências, vivências e memórias
ANA ROSA SAIAS COELHO BARBOSA
noite atribulada
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Na Aldeia de Vale do Pereiro, nasceu a D. Ana Rosa no ano de 1947. Aldeia tradicionalmentre rural onde, durante vários séculos, não existiu um aglomerado populacional. Nos dias de hoje continua a ter escassos números demográficos, ainda assim mantém a sua população trabalhadora, sobretudo na agricultura, criação de gado e atividade vinícola.
“NESTA HORA COMEÇOU O DRAMA, AS LUZES A APAGAR, TELEFONE NÃO HAVIA, TRANSPORTES TAMBÉM NÃO.”
”
A D. Ana Rosa, sempre calma e atenciosa, conta-nos a história da sua família. Conheceu o seu marido, ainda muito jovem, com 16 anos de idade. Cinco anos mais tarde, após o serviço militar do marido decidiram casar. Na madrugada de 28 de fevereiro de 1969 nascia o seu primeiro filho e foi durante o parto que se deu o grande tremor de terra, que abalou Portugal, Espanha e o Norte de Marrocos, com uma magnitude de 8.0, na escala de Richter. Tal como em todo o país, o pânico instalou-se na aldeia: “Nesta hora começou o drama, as luzes a apagar, telefone não havia, transportes também não.” Tal como relata a D. Ana Rosa, o seu marido fugiu de casa para ir ver se tinha sido o “cabeço” a desabar e para pedir ajuda, as vizinhas corriam e rezavam nas ruas. Foi a sua tia, que era parteira, com alguma experiência, que ajudou a criança a nascer em casa. O ambiente era de grande aflição e, com a falta de luz o marido, completamente assustado, nem achava os fósforos.
Ana Barbosa, aos 18 anos.
Entre a tensão do tremor de terra, o parto adivinhava-se atribulado. Felizmente a tia parteira “conseguiu pô-lo a jeito de nascimento, mas ao contrário, e “tudo correu bem”. Hoje assume-se muito feliz com o seu filho e seus dois netos e agradece a família que tem ao seu lado.
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experiências, vivências e memórias
MARIA DA GRAÇA FERREIRA DOS SANTOS ARUIL
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trajetos da vida
“UMA ALDEIA MUITO SIMPÁTICA, PACATA, AONDE É MARAVILHOSO VIVER”
”
D. Maria da Graça, nascida a 26 de fevereiro de 1945, conta-nos algumas passagens da sua vida. Nasceu em Espinho e mais tarde foi viver para Lourenço Marques, atual Maputo, em Moçambique. Foi em Lourenço Marques que casou e nasceram os seus filhos. D. Maria da Graça define aqual cidade (Lourenço Marques) como “terra linda, gente maravilhosa, tudo bom”. No entanto, passados alguns anos viu-se obrigada a ir para África do Sul, país vizinho mas com uma realidade bem diferente: “Costumes diferentes, cultura diferente, mas à qual me adaptei, tinha quer ser; muita globalização, muita disciplina, enfim, outra maneira de estar na vida…”. Assume que a realidade do país, no seu ponto de vista, não era aquela que transparecia para o resto do mundo, assumindo que o país gozava de uma boa qualidade de vida e de uma mentalidade muito avançada. D. Maria da Graça afirma que África do Sul tinha muita segurança e hoje em dia essa segurança já não existe, sendo um país bem diferente. Vive agora em Igrejinha, uma aldeia entre Arraiolos e Évora, definindo-a como “Uma aldeia muito simpática, pacata, aonde é maravilhoso viver” e onde gostaria de passar o resto dos seus dias.
Maria Aruil, aos 20 anos.
Revela que, durante a sua vida, conheceu vários países e que Portugal e Moçambique são os melhores. Revela não ter saudades da África do Sul, mas de “Moçambique sim, ainda hoje se tivesse que ir não pensava duas vezes”, assumindo que “o tempo passou e que agora é esperar pelo que todos temos de certo”, brincando que há dois momentos em que somos todos iguais “ninguem nasce vestido e ninguem cá fica””.
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experiências, vivências e memórias
FRANCISCA ROSA RATÃO BUGALHO
a viagem da minha vida
Em Janeiro de 1950 nasceu a D. Francisca Bugalho, na Vila de Mourão, onde viveu até aos 6 anos de idade. Para fugir a uma vida difícil, e em busca de novas oportunidades de vida, os pais da D. Francisca rumaram a outras paragens, sem destino definido.
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“SAÍMOS DE MOURÃO, APENAS COM AS POUCAS COISAS QUE TINHAMOS, E CAMINHÁMOS VÁRIOS DIAS, ATÉ CHEGARMOS AQUI!”
”
Francisca Bugalho, aos 16 anos.
“Saímos de Mourão, apenas com as poucas coisas que tinhamos, e caminhamos vários dias, até chegarmos aqui!”. Num primeiro momento, a D. Francisca recorda a peripécia da travessia do Guadiana numa barca, em que teve medo de cair ao rio, memória que preserva até hoje. Após vários dias a caminhar, em que o pai ia fazendo alguns biscates, chegaram a uma propriedade nos arredores de São Pedro da Gafanhoeira, no concelho de Arraiolos, onde o pai começou a trabalhar na agricultura de forma fixa, tendo a família ficado a residir na aldeia. Como a atividade económica predominante era a agricultura, a D. Francisca também começou em nova a exercer essa atividade, ainda com 11 anos, relembrando-se das campanhas de colheita, em que dormiam no local de trabalho para começarem assim que o sol nascesse. Da aldeia que a acolheu, a D. Francisca recorda uma memória da sua infância através de uma fotografia numa fonte em S. Pedro da Gafanhoeira, que ainda hoje existe. Nessa fotografia está a D. Francisca com 15 anos de idade, sua irmã com 6 anos e duas amigas. Serena, ao olhar para a fotografia, lembra como ia buscar água à fonte do Marco, pois antigamente não existia água canalizada. D. Francisca casou aos 17 anos, “…os meus pais queriam que eu casasse cedo e acabou a minha mocidade…”. Aos 19 anos foi mãe pela primeira vez e teve a segunda filha aos 22 anos de idade. “…assim fui vivendo feliz a ver crescer as minhas filhas, a melhor sensação que o ser humano pode ter na vida…” Hoje tem netos e bisnetos que são a sua família e a sua alegria.
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TXON-POESIA
“POESIA, SÓ A VIDA” Resumo: A Txon-poesia reúne uma experiência muito singular, quer pela sua prática, quer pelo cruzamento de culturas que está na sua origem. No artigo seguinte os responsáveis pela Txon-poesia, a Marcia Brito e o José Pinto apresentam o trabalho já realizado e deixam por descobrir aquela que será a intervenção a realizar no quadro do projeto Gerar Identidades em Arraiolos…
Txon-poesia é uma associação cultural e artística sem fins lucrativos, nascida de uma leitura de poemas numa sessão de improvisação musical em Mindelo, Cabo Verde. Desde 2017, desenvolvemos uma programação centrada na ideia de que a palavra é de todos e é para todos. Produzimos cerca de 80 atividades, entre sessões de spoken word – performance da palavra falada –, conversas, apresentações e lançamentos de livros e revistas, leituras, troca de livros, concertos, projeção de filmes, exposições e oficinas, espetáculos de teatro e performances, trabalhando com 130 poetas e artistas profissionais e não-profissionais angolanos, brasileiros, caboverdianos, galegos, guineenses, moçambicanos, portugueses e santomenses. Realizamos duas edições do Festival Internacional de Poesia e Poética e organizamos duas edições da antologia “Poetas para o Ano Novo”, com autores de poesia cabo-verdianos não publicados, enquanto resultado das respetivas edições do concurso Poetas para o Ano Novo, em Cabo Verde. Editamos a Revista txon, publicação literária anual com edição online, através da qual temos vindo a ampliar a rede de partilha e diálogo entre poetas e investigadores de língua e cultura afro-luso-brasileira. Temos fortalecido comunidades que se compreendem, sobretudo, em português e
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crioulo, através de processos colaborativos, de investigação-ação e de experimentação e expressão da palavra, utilizando estratégias não-formais, numa perspetiva transdisciplinar, intercultural e intergeracional. Além disso, promovemos a participação ativa da comunidade nas atividades realizadas, para o fortalecimento dos laços de pertença às comunidades. Deste modo, temos aumentado os índices de leitura, da escuta e da escrita, sobretudo de poesia, que reforçamos com a orientação de oficinas e de formação junto de públicos distintos. Por isso, contamos com uma comunidade crescente de poetas, rappers, escritores, livreiros, slammers – poetas que participam nas sessões de spoken word e/ou em competições pela melhor performance –, editores, criativos e agentes culturais ligados ao livro e à palavra. No âmbito do trabalho desenvolvido no coletivo de teatro, estreámos um espetáculo e diversas performances em Cabo Verde e Portugal. Pesquisamos os processos pelos quais a experiência poética se pode manifestar em cena, isto é, a beleza nos sons, nas imagens e no movimento. No âmbito do Núcleo de Teatro-fórum, técnica teatral cujo fundador, Augusto Boal, teatrólogo brasileiro, designa ser uma “poética de libertação”, ao nível da expressão, da participação e da transformação pessoal, social e comunitária, desenvolvemos pesquisa e dinamizamos formações com sessões públicas de teatro-fórum junto de grupos.
A oficina tem como objetivos: fortalecer o sentimento de pertença à comunidade de Arraiolos, através da participação num processo de construção teatral que visa, além de um exercício de cidadania, o reforço do sentimento de se ser testemunha de um património de vivências, de experiências e de memórias; aumentar o sentimento de se pertencer a um grupo, no qual se pode confiar e compartilhar opiniões, ideias e sentimentos; aumentar a criatividade, facilitar a adoção de novas rotinas corporais, ao nível dos movimentos e da postura e facilitar a descoberta de modos de comunicar expressivos, no relacionamento com as outras pessoas. Estreamos, anteriormente, trabalhos construídos juntamente com pessoas mais velhas, assim como trabalhos intergeracionais, com grupos em que jovens e mais velhos puderam partilhar experiências, opiniões e emoções, resultando em feedbacks muito positivos. Observamos que o impacto destas dinâmicas de criação coletiva contribuem, nas pessoas mais velhas, para o aumento da auto-estima, da autoconfiança e da auto-imagem, tornando-as mais cuidadosas para consigo mesmas e, por vezes, descobrindo que têm, afinal, aptidão natural para o teatro.
Fotografia: Txon-Poesia
Temos apresentado os projetos e a investigação desenvolvidos na Associação txonpoesia em congressos, nomeadamente no IV Encontro Internacional de Reflexão sobre Práticas Artísticas Comunitárias: Práticas artísticas e risco no contemporâneo, realizado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em 2021, como somos parceiros de diversas entidades, em particular a Associação UMCOLETIVO, com quem produzimos o TRANSMISSÃO, Ciclo de Teatro do Imaginário, um ciclo de teatro radiofónico estreado na Antena 2, Portugal, e na Rádio Morabeza, Cabo Verde, em 2020. A coordenação artística e dinamização da atividade de expressão dramática, no âmbito do Programa Animar Sénior do Projeto Gerar Identidades, promovido pela Associação Monte, compreende-se como um trabalho de proximidade com a comunidade de pessoas mais velhas do concelho de Arraiolos, tendo em conta a necessidade de compartilhar memórias, experiências e sabedoria, o que em muitas situações não se verifica. A pandemia tem agravado o sentimento de solidão e o isolamento das pessoas nas suas casas aumenta a necessidade de encontrar um espaço de diálogo empático, no confronto construtivo com pessoas e narrativas diferentes.
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MUNICÍPIO DE ARRAIOLOS
intervenção social: séniores Nota Introdutória: [...] Envelhecer [...] esse é ainda o único meio que se encontrou para viver por mais tempo [...]. Sainte-Beuve O envelhecimento populacional está a tornar-se numa das transformações sociais mais significativas do século XXI, pelo que, a adoção de políticas sociais municipais que se ajustem a essa transformação, mormente no plano económico e social sénior aos mais desfavorecidos economicamente, torna-se premente. É política do Município, capacitar os seus munícipes com ferramentas que os conduzam a uma maior independência, pois a solidariedade social, só assim fará sentido, tendo em vista uma maior equidade entre as pessoas, acrescentar valor todos os dias ao quotidiano da população sénior em cada ação/intervenção com ferramentas que permitam uma maior autonomia e bem-estar.
Programas de Intervenção social Sénior O Município de Arraiolos, através dos programas implementados, procura respostas eficazes e com efetiva resolução para os problemas da população mais idosa. Desta forma, desenvolvemse programas municipais que privilegiam soluções que emergem da comunidade, com o objetivo de criar melhores condições de vida, estimular a sua força anímica e económica e ajudam a fortalecer a vida social e comunitária. Projeto “Viver Sénior” - O projeto materializa-se na dinamização de um leque de atividades que assentem no pressuposto de que o processo de envelhecimento necessita de ser apreendido e compreendido nas suas múltiplas dimensões cujo objetivo é estimular o envelhecimento ativo e proporcionar a funcionalidade de todo o organismo, valorizando as capacidades e apetências de que cada idoso é portador. O Projeto tem como pilares as seguintes áreas: Atividade Física (aulas de ginástica e hidroginástica), Leitura Sénior (“Histórias contadas, vidas partilhadas”) e Música (Grupo Coral, Grupo de Cavaquinhos e Instrumental).
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Cartão Social do Munícipe - O Cartão Social do Munícipe contribui para a dignificação, bem-estar e melhoria das condições de vida dos Munícipes com baixos rendimentos do concelho de Arraiolos. Pretende-se dar resposta a um conjunto de preocupações sociais e facilitar o acesso a serviços essenciais prestados pelo Município, com o objetivo de combater a exclusão social, o isolamento e promover o acesso à cultura. Oficina Solidária - No âmbito da atribuição do Cartão Social do Munícipe criou-se o projeto “Oficina Solidária”, cujo principal objetivo será o de minimizar situações de isolamento social e de consequente risco, procurando melhorar a qualidade de vida dos idosos, bem como do segmento da população que se encontra em situações de maior vulnerabilidade, no que diz respeito, nomeadamente, à satisfação de necessidades básicas relacionadas com o bemestar, conforto, segurança, saúde e contacto com o meio envolvente. Programa Municipal de Apoio à Reabilitação de Habitações Degradadas para Estratos Sociais Desfavorecidos - O apoio previsto neste
Regulamento de Reabilitação de Habitações Degradadas para Estratos Sociais Desfavorecidos tem por objetivo incentivar à realização de obras de conservação, reparação ou beneficiação em habitações degradadas ou em mau estado, de cidadãos social e economicamente desfavorecidos comparticipando os respetivos custos, dotando as habitações de conforto, salubridade e segurança. O apoio destina-se exclusivamente a pessoas singulares constituídas em agregados familiares cuja situação sócio-económica não lhes permita proceder às intervenções necessárias à consecução dos fins previstos neste Regulamento, os agregados familiares que integrem idosos são considerados prioritários na análise e execução das obras.
para uma maior sinergia. Este programa Municipal de Apoios às Instituições Particulares de Solidariedade Social surge como um medidas de apoio que proporcione uma maior qualidade na prestação de serviços e que reforcem o trabalho em rede, a fim de garantir a igualdade de acesso a meios que potenciem a dinâmica e a qualidade dos serviços no que respeita a respostas sociais (Serviço de Apoio Domiciliário, Estrutura Residencial para pessoas idosas, centros de dia, centros de convívio para a terceira idade) e que reforcem os projetos das Instituições.
Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social - O Município de Arraiolos tem como objetivos, o desenvolvimento fundamentado numa visão estratégica de desenvolvimento social que valorize a rentabilização dos recursos técnicos e financeiros existentes, a valorização das instituições e o estabelecimento de procedimentos e normas reguladoras da concessão de apoios financeiros. Evidenciada a importância das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS´s) e do seu contributo para a proteção social e minimização de constrangimentos sociais emergentes, considera-se prioritária a definição de medidas de apoio que proporcionem uma maior qualidade na prestação de serviços e que reforcem o trabalho em rede já existente, contribuindo assim
O Município de Arraiolos, está certo que o desenvolvimento destes projetos permitem mostrar a importância do bem estar e da educação ao longo da vida e que através da participação nas atividades/programas, os idosos podem desfrutar de um envelhecimento ativo e saudável. Ativo não só no que diz respeito aos objetivos a alcançar para um envelhecimento saudável através da alimentação e atividade física, mas também e não menos importante permitir-lhes uma participação continua em questões sociais, económicas, culturais e cívicas.
Nota Final
“O segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão.”
(Gabriel Garcia Márquez).
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ASSOCIAÇÃO FORA FIGO - AFF
“Envelhecimento no Concelho de Arraiolos...” Resumo: O nosso desenvolvimento enquanto pessoa é tanto mais rico quanto mais interagirmos com diferentes gerações. É a importância deste legado de memórias, histórias e saberes que é descrito de forma exemplar pelos jovens da Associação Fora Figo, através da descrição das iniciativas realizadas pela associação, no artigo que se segue.
A Associação Fora Figo – AFF, fundada em dezembro de 2021, veio responder a uma problemática existente na Vila de Arraiolos, a inexistência de uma associação de carácter juvenil comprovada pelo IPDJ e registada no Registo Nacional do Associativismo Juvenil (RNAJ). É missão da nossa associação assumir um papel dinamizador e de sucesso na criação de atividades desportivas, culturais, educacionais e sociais tendo como objetivo fomentar a participação ativa e o envolvimento de jovens e da comunidade nas mesmas atividades. A nossa associação pretende ser reconhecida localmente como uma associação de referência e prestígio pela qualidade e experiências oferecidas aos nossos jovens, munícipes e turistas no decorrer das atividades que se desenvolvem no concelho e fora do mesmo. Tendo a nossa localidade uma história inigualável e que é contada pelos nossos antepassados e nossos conterrâneos mais antigos através de livros ou através de uma conversa de café, é da importância da AFF dar continuidade às nossas tradições e costumes através de algumas atividades e eventos temáticos que envolvam não só os nossos idosos como também captem as camadas mais jovens. Atualmente, com o uso das novas tecnologias por vezes abusadas e após uma situação pandémica, conseguimos reconhecer que é muito mais difícil captar jovens que se disponham a ingressar em alguns destes eventos sociais, sendo este um dos nos nossos principais desafios, uma vez que é importante transmitir e dar um “bichinho”
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aos mais novos de que a memória coletiva da nossa comunidade é efetivamente essencial para o enriquecimento pessoal da sua cultura. Desta forma, atualmente é notório o afastamento que existe entre jovens e idosos e é realmente necessário fazer algo para unir estas duas gerações que cada vez se encontram mais afastadas! No que diz respeito a estas atividades e eventos proporcionados por nós, a AFF tem procurado junto dos seus sócios e acompanhantes responder a este desafio através de uma futura criação de iniciativas de voluntariado. Estas iniciativas terão como objetivos o desenvolvimento interpessoal entre jovens e idosos da nossa comunidade, o aumento do enriquecimento pessoal da cultura local e transmitir aos nossos jovens de que ser voluntário é algo que não nos deixa indiferente e que nos marca. Fazer voluntariado é ajudar, apoiar, estar próximo e criar laços com quem não nos deixa indiferente, é ter a oportunidade de não deixarmos ninguém isolado do mundo, é podermos deixar a nossa pegada e contribuir para o bem-estar do próximo.
CLDS 4G - CONCELHO DE ARRAIOLOS
plano de ações
Locais de Realização das Atividades: - Igrejinha - Centro Cultural - Carrascal - Antiga Escola Primária (Participantes de Carrascal, A. Serra e Bardeiras) - V. Pereiro - Antiga Escola Primária - Ilhas - Ass. Caçadores (Participantes de Ilhas e Arraiolos) - S. Pedro - Sociedade Recreativa (Participantes de S. Pedro, Sabugueiro e Santana do Campo) - Vimieiro - Casa do Povo
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