TEDO ERMIGES & ROSENDO ERMIGES, LIBERTADORES DE PENAGUIÃO - ANOS XXX DO SÉC. XI

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D. Thedom e D. Rausendo - 1000 Annos de História e Estórias

Associação Penaguião em Movimento

TEDO ERMIGES & ROSENDO ERMIGES LIBERTADORES DE PENAGUIÃO ANOS XXX DO SÉC. XI [CONTRIBUTO HISTÓRICO GENEALÓGICO]

Monteiro deQueiroz (ESTUDOS) Douro, Agosto de 2018 by Douro Sensibility - LUAgares D’Ouro - Notícias do Douro D. Thedom e D. Rausendo - 1000 Annos de História e Estórias

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QUEM FORAM DOM TEDO E DOM ROSENDO

Tedo e Rosendo, Libertadores de Penaguião nos inícios do séc. XI Os lendários Dom Tedo e Dom Rosendo, ambos Ermiges, duas personagens da nossa história de há cerca de mil anos, foram na realidade pessoas autênticas, descendentes de sangue real visigodo-asturo-leonês e mouro. Irmãos e Senhores Cavaleiros medievais do Reino de Leão, combateram os mouros para cá do Marão durante a Reconquista Cristã em ambas as margens do Rio Douro. Algures nos anos trinta do séc. XI, durante o reinado do Rei Bermudo III de Leão (iniR.1028, finR.1037), contam a tradição e as lendas, Dom Tedo e Dom Rosendo, bisnetos do Rei Dom Ramiro II de Portugal (iniR.926, finR.931) & de Leão (iniR.931, finR.951), libertaram Penaguião do jugo mouro conquistando definitivamente o seu castelo. 2

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Dom Tedo e o irmão Dom Rausendo deixaram descendência, não de sangue, mas de liberdade: todos os povos que eles libertaram do domínio mouro, e seus descendentes, entre os quais, nós os penaguiotas! Também no Douro temos os nossos Inês de Castro e Dom Pedro, sendo Dom Tedo e a Princesa Ardínia, Moura de Lamego (ver lenda da Princesa Ardínia). Dom Rosendo casou com Dona Urraca Afonso e deixaram descendência, a Ilustre família dos Távoras, dizimada no séc. XVIII com “assinatura” do nosso tão ilustre conhecido, o Marquês de Pombal.

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O QUE AS LENDAS NOS DIZEM… SANTA MARTA DE PENAGUIÃO «Santa Marta de Penaguião, hoje Concelho do Distrito de Vila Real, foi, segundo diz a lenda, invadida e dominada pelos sarracenos, os quais, para consolidarem a sua permanência, construíram um castelo, lá no alto da encosta, agora coberta de cepas e de oliveiras, mas, nessa altura, cheia de espessos matagais. Dali, podiam facilmente defender-se de possíveis tentativas para os desalojar e, ao mesmo tempo, vigiar os habitantes das aldeias em redor. A posição quase inacessível do castelo e a força poderosa dos seus ocupantes mantinham os autóctones em forçada submissão e tiravam-lhe a veleidade de esboçar qualquer gesto de revolta. Além disso, faltava-lhes um chefe capaz de aproveitar o seu descontentamento e de aglutinar as energias dispersas, para conseguir pôr fim ao domínio odioso dos invasores. Por isso, os suportavam, embora interiormente revoltados, esperando pacientemente o dia em que ele surgisse e desse corpo ao seu sonho de, liberdade. E esse dia chegou com o aparecimento de dois intrépidos fidalgos, irmãos no sangue e no valor, que ali se fixaram, vindos não se sabe donde, e se mostraram decididos a chefiar a revolta contra os indesejáveis filhos de Maomé. Eram eles D. Telo e D. Rausendo, homens de antes quebrar que torcer, que punham o amor à terra acima do amor à vida e o pundonor acima do egoísmo. Inconformados com aquela situação desonrosa, depois de auscultarem a vontade popular, conceberam um plano astucioso, para o assalto ao castelo. Escolheram os mais audazes, distribuíram-lhes armas, deram-lhes as instruções necessárias e marcaram o dia do combate. Quando esse dia chegou, juntaram-se na capela onde estava a imagem de Santa Marta de quem eram muito devotos. Aí, suplicaram-lhe protecção para aquela empresa santa, mas arriscada, e comprometeram-se a dar o seu nome àquela região se os ajudasse a alcançar a vitória contra os infiéis. Depois, fizeram as últimas recomendações e, ao anoitecer, começaram a caminhar em direcção ao castelo, em rigoroso silêncio, protegidos pela escuridão. Chegados ao alto, esperaram que as sentinelas adormecessem e, quando sentinelas e soldados descansavam tranquilamente nos braços de Morfeu, D. Telo e D. Rausendo destacaram-se do grupo e avançaram para a fortaleza.

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D. Telo atirou uma corda às ameias junto das portas, enquanto D. Rausendo lançava outra às ameias junto da torre de menagem. Depois de escalarem a muralha, o primeiro desceu pela corda para o interior e abriu as portas de par em par, ao mesmo tempo que o segundo subia à torre onde içou o guião que levava consigo. Depois, quebrou o silêncio da noite, gritando com toda a força: Pena! Guião! Era a senha pré-estabelecida que queria dizer: bandeira no castelo. A estas palavras, os companheiros, que estavam próximos, irromperam como um furacão pelas portas escancaradas e esmagaram rapidamente os sarracenos que não tiveram tempo de esboçar qualquer resistência. Era o fim da tirania dos muçulmanos e o princípio da liberdade dos cristãos. Então, para cumprirem a promessa feita à sua Padroeira, deram, por aclamação unânime, às terras de toda aquela região o nome de terras de Santa Marta e acrescentaram-lhe as palavras da senha: Pena Guião. E foi assim que nasceu o nome completo, que ainda permanece: Santa Marta de Penaguião.» APL 934 Fonte Bíblio: FERREIRA, Joaquim Alves Lendas e Contos Infantis Vila Real, Edição do Autor, 1999, p.131-132 Ano: 1999 Colecção: Louredo, Santa Marta de Penaguião, Vila Real in www.lendarium.org/narrative/santa-marta-de-penaguiao/?tag=576, [Consultado em 12mar2018] LENDA DE SANTA MARTA DE PENAGUIÃO «Diziam os mais antigos que as origens de Santa Marta de Penaguião estão ligadas aos irmãos D. Rausendo e D. Tedo, dois heróis muito famosos nas terras do Douro, onde combateram os mouros expulsando-os da região. Conta a lenda que os mouros, quando invadiram estas terras, construíram uma fortaleza num morro próximo da vila, onde já só há ruínas. Aí dificilmente alguém se atreveria a combatê-los. Só com muita coragem. E coragem era o que não faltava a D. Rausendo e D. Tedo. Por isso, o povo, cansado do domínio dos mouros e dos seus tributos, um dia pediu-lhes ajuda. E os dois irmãos não hesitaram em responder ao apelo.

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Em segredo, juntaram numa noite de lua cheia os mais audazes da povoação, e colocaram-nos num local estratégico a meio da encosta. E os dois irmãos, com uma bandeira nas mãos, disseram: - Esta bandeira será o vosso guião! Quando a virdes colocada na penha, avançai que a entrada estará livre. E Santa Marta, vossa padroeira, há-de acompanhar-nos! Os dois escalaram então o castelo, e surpreenderam os mouros que estavam de sentinela, matando-os sem que tivessem podido dar o alarme. E de seguida, enquanto um dos irmãos abriu as portas do castelo, o outro foi ao alto da penha e colocou a bandeira bem à vista. Nisto, no esconderijo da ladeira, um dos moradores logo deu o alerta aos companheiros: - Vejam! Na penha... o guião! Foi o bastante para que todos irrompessem pela encosta, entrando no castelo, onde, pela surpresa e com o auxílio de D. Rausendo e D. Tedo, venceram os mouros, expulsando os que escaparam com vida. E àquele grito de alerta - “na penha... o guião! - se deve o nome que, primeiro, foi “Penha-guião” e, depois, se simplificou em Penaguião. E porque a bandeira os guiou e Santa Marta os acompanhou, depressa a vila ficou com o nome de Santa Marta de Penaguião.» APL 3688 Fonte Bíblio: PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.320-321 Ano: 2002 REAL

Colecção: Lobrigos (São João Baptista), SANTA MARTA DE PENAGUIÃO, VILA

in www.lendarium.org/narrative/lenda-de-santa-marta-de-penaguiao/?tag=576, [Comsultado em 12mar2018] LENDA DE ARDÍNIA «No tempo em que os mouros dominavam este território, vivia no castelo de Lamego um rei que tinha uma filha muito bela, de nome Ardínia, que o pai destinara a casar com um príncipe mouro de uma terra vizinha. Por isso, andava sempre de olho nela para que jamais chegasse a conhecer qualquer outro jovem, e menos ainda os jovens cristãos que ia ganhando fama em actos heróicos nas lutas contra os mouros. Um desses jovens era Dom Tedo. Falava-se dele em toda a região do Douro, pois eram notáveis os seus feitos e a sua valentia a libertar aldeias e vilas do domínio dos mouros. 6

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O eco da sua fama chegou também até Ardínia que, secretamente, passou a alimentar a esperança de o vir a conhecer. E um dia, perante o descuido do rei mouro, o encontro aconteceu. Dom Tedo não resistiu então à beleza da moura e, sabendo-a prometida a um casamento que ela não desejava, propôs-lhe que soltasse as amarras e o aceitasse a ele para esposo. Ardínia fechou-se no castelo e pensou, pensou, durante dias e dias. Tinha consigo um grande dilema: continuar submissa à sua fé e aos desígnios paternos, ou voar para o amor que Dom Tedo lhe prometera. Por fim, decidiu-se. O coração falou por ela. E um dia, sabendo que Dom Tedo assentava arraiais no mosteiro de São Pedro das Aguias, em Tabuaço, Ardínia partiu para lá. Ao chegar ao mosteiro, o noivo não estava. Foi recebida pelo pároco de Paradela que, ao saber ao que ela vinha, logo a preveniu de que nada conseguiria enquanto se mantivesse moura, ou seja, enquanto não recebesse o sacramento do baptismo. Ela aceitou o desafio e o próprio padre anfitrião a catequizou e baptizou. Entretanto, o rei mouro, sabendo da fuga e do rumo que Ardínia levou, partiu em sua perseguição. Ao dar com ela no mosteiro e ao saber da sua conversão, logo aí a degolou sem dó nem piedade, lançando o corpo ao rio Távora. Dias depois chegou Dom Tedo e, ao inteirar-se do cruel destino da jovem amante, decidiu tomar o hábito de monge vivendo em exclusivo para a sua fé até ao fim dos seus dias. E não foram muitos esses dias. Conta-se que o rei mouro, à frente de grande número de soldados, lhe lançou uma perseguição vingadora, acabando por matar Dom Tedo numa ribeira próxima, cujas águas ficaram de tal forma tingidas com o seu sangue que o povo acabaria por lhe dar o seu nome ribeira do Tedo. E daí também aquele lugar passar a ter o nome de Granja do Tedo. Diz ainda a tradição que, quando o nevoeiro do rio Távora sobe pela colina e vem cobrir as pedras do mosteiro, Ardínia e Tedo vêm no meio dele viver os seus amores mais íntimos nos refúgios das escarpas.» APL 746 Fonte Bíblio: PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (contos, lendas, mitos) Vol. 1 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2007, p.150151 Ano:2006 Colecção: Granja do Tedo, Tabuaço, Viseu Informante: Alexandre Parafita (M), In www.lendarium.org/narrative/lenda-de-ardinia-d/?tag=698, [Consultado em 12mar2018]

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O QUE A HISTÓRIA GENEALÓGICA NOS DIZ… GENEALOGIA DOS LIBERTADORES Da consulta dos diversos estudos genealógicos havidos ao longo da história, retira-se o seguinte: ADREBASTO BALTES (iniSec VII), Cidadão visigodo, + ???; pais de ERVÍGIO FAVILA (meaSec VII), Cidadão visigodo, + LIUBIGOTONA BALTES (meaSec VII), Cidadã visigoda. pais de Dom PEDRO da Cantábria (n.665, f.730), Pedro da Cantábria foi Duque visigodo de Cantábria. Naquela época, o título de Duque não era necessariamente hereditário e designava qualquer pessoa que comandasse tropas. in Wikipédia, + ???; pais de Dom FRUELA PERES da Cantábria (n.???, f.758), Duque da Cantábria, + ???; pais de Dom BERMUDO I das Astúrias (n.750, f.797), Rei das Astúrias (iniR.788, finR.791), + ???; pais de Dom RAMIRO I das Astúrias (n.790, f.850), Rei das Astúrias (iniR.842, finR.850), + ???; pais de 8

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Dom ORDONHO I das Astúrias (n.831, f.866), Rei das Astúrias (iniR.850, finR.866), + Dona NUÑA; pais de Dom AFONSO III das Astúrias (n.848, f.910) Rei das Astúrias (iniR.866, finR.910), + Dona JIMENA GARCÊS de Pamplona (n.869, f.910); pais de Dom ORDONHO II de Leão (n.873, f.924), Rei da Galiza (iniR.910, finR.924) & de Leão (iniR.914, finR.924), + Dona ELVIRA MENDES; pais de Dom RAMIRO II de Leão (n.900, f.965), Rei de Portugal (iniR.926, finR.931) & de Leão (iniR.931, finR.951), + Princesa ZAHARA de Gaia, Princesa Moura de Gaia, irmã de Alboazar Iben Albucadam, ou Alboazar Albocadão, Senhor do Castelo de Gaia e de Santarém; também Artiga ou Ortiga; pais de Dom ALBOAZAR RAMIRES (n.938, f.960), Infante de Leão, meio irmão do Rei Dom Ordonho III de Leão (iniR.951, finR.956), do Rei Dom Sancho I de Leão (iniR.956, finR.958) & (iniR.960, finR.966), meio tio do Rei Dom Ramiro III de Leão (iniR.966, finR.984), possivelmente meio tio do Rei Dom Bermudo II da Galiza (iniR.982, finR.999) & de Leão (iniR.984, finR.999), possivelmente filho bastardo do Rei Dom Ordonho III de Leão, possivelmente meio tio-avô do Rei Afonso V de Leão (iniR.999, finR.1028), possivelmente tio-bisavô do Rei Bermudo III de Leão (iniR.1028, finR.1037), e possivelmente tio-bisavô da Rainha Sancha de Leão (iniR.1037, finR.1065, irmã de Bermudo III, e governa conjuntamente com o marido, Fernando I, primeiro rei de Castela, + Dona HELENA GODINS; pais de Dom ERMÍGIO ALBOAZAR (n.980), também Ermigo ou Hermigo Alboazar, ou Ermigio ou Hermigio Aboazar, ou Ermirom, ou Ermigio Alboazar ou Alboçar, + Dona DORDIA OSORES, também Dordia Osores de Cabreira, filha do Conde Osório Garcia, ou Osório de Cabreira; pais de 9

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Dom TEDO ERMIGES, Libertador de Penaguião, (+) ARDINIA de Lamego; & Dom ROSENDO ERMIGES, Libertador de Penaguião, + Dona URRACA AFONSO; Deixaram descendência, a Ilustre família dos Távoras, dizimada no séc XVIII com “assinatura” do nosso tão ilustre conhecido, o Marquês de Pombal.

***** ABREVIATURAS n. - data de nascimento f. - data de falecimento finR. - final de reinado iniR. - início de reinado iniSec X - inícios séc. X: 900 a 935 - séc. XI: 1000 a 1035 meaSec X - meados séc. X: 936 a 965 - séc. XI: 1036 a 1065 finSec X- finais séc. X: 966 a 999 - séc. XI: 1066 a 1099 BIBLIOGRAFIA - Armorial Lusitano, Genealogia e Heráldica, de Afonso Eduardo Martins Zuquete, Edições Zairol, Edição dos anos 80 do séc. XX - CondadodeCastilla, 2018, NetWeb - Geneall, 2018, NetWeb - Geni, 2018, NetWeb - Google - Universidade do Dr, 2018, NetWeb - Lendarium, 2018, NetWeb - Livros de Linhagens, do Conde Dom Pedro, 1344 - Monarquia Lvsytana, 1609, Lisboa - Wikipédia, 2018, NetWeb - VortexMag, 2018, NetWeb

Versão 01.2018.01 ***** Penaguião, 1 de Agosto de 2018

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