Revista Mood Life Ed. 24

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LifI

Uma revis ta do seu mod o Decoração Estilo Gourmet Viagem Consumo Nº 24 Abril 2012 R$ 10,00

trend beauty as mais recentes novidades para a beleza do seu corpo e rosto 66

design julia krantz e sua arte em madeira 26 décor Morar Mais por Menos Goiânia, autêntica e aconchegante 30

gourmet aprenda a reconhecer um bom vinho pelo rótulo 100 viagem W Retreat & Spa um refúgio paradisíaco na ilha caribenha de Vieques 106

Roberta Sá Intérprete da nova geração da música brasileira, Roberta Sá compartilha um pouco de seu universo

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Design

A arte consciente e criativa de Julia Krantz

26 Leitores Gesilane Fontoura Parabéns pela linda matéria Mood Sessions da revista Mood Life Via Facebook Caroline da MKTmix Adorei a nota sobre Jimmy Choo! Ficou bem legal. Via e-mail

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Tome Nota Literatura, teatro, música. Uma fina seleção de cultura e entretenimento 10

Estilo Looks elegantes contracenando com um passado não tão distante 58

Eu sou Nathalia Albuquerque: 24 horas conectada com trabalho e diversão 76

Feira Hype Ideias para vestir sua casa 14

Trend Beauty As mais recentes novidades para a beleza do seu rosto e corpo 66

Lounge Ana Cristina Marques emprega humor e alto astral na rotina 78

Projetos Ateliê Ana Ruas e sua arquitetura despojada e decoração intuitiva 18 Décor Morar Mais por Menos Goiânia, autêntica e aconchegante 30 Mistura Fina As novidades que fazem nosso desejo de consumo 40

Vox Paulo Cruz explica seu fascínio pelo jornalismo automotivo e Osvaldo Abrão de Souza fala de sua missão na presidência do Conselho de Arquitetura e Urbanismo 68 Portfólio Empresário Pedro Domingos se equilibra entre família, trabalho e projetos futuros 74

DECORAÇÃO | ESTILO | GOURMET | VIAGEM | CONSUMO

Vida de Artista A paixão de Paula Gobbo pelos caminhos e cores do oriente 92 Cultura As novidades da edição 2012 do Festival América do Sul em Corumbá 94 Viagem Hotel no Caribe contempla requinte e serenidade às belezas naturais da Ilha de Vieques 106

Lina da MKTmix “A matéria ficou linda” Referência a nota sobre as joias de Emar Batalha bem legal.Via e-mail

CONTATO Envie comentários e sugestões para a seção informando o seu nome completo. A revista MOOD Life se reserva o direito de resumir e adaptar os textos publicados, sem alterar o conteúdo. editor@moodlife.com.br redacao@moodlife.com.br www.twitter.com/revistamoodlife www.moodlife.com.br


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M a g n í fi c o Monalisa Mães

Monalisa Campo Grande/MS Rua Euclides da Cunha, 324, Centro • 67 3028 5616


Expediente

A

docilidade e trajetória de Roberta Sá, um dos novos nomes da MPB, aparecem em nossa matéria de capa. Radicada no Rio de Janeiro, a potiguar galgou os passos profissionais da música após ter participado do programa Fama, da rede Globo. Foi amadurecendo aos olhos do público e já coleciona seis trabalhos lançados. É sobre o mais recente, Segunda Pele, que ela revela todos os detalhes. Partindo para a seção Comportamento abordamos o tema tribos urbanas. Sabe qual é a sua? O trânsito de informações e a velocidade das transformações sociais impedem que se possa definir um grupo apenas por determinadas características, como acontecia algumas décadas atrás. Na matéria é possível conferir quais são as formas que ligam as pessoas em determinados grupos. Em Décor um projeto irreverente e despojado. O ateliê da artista Ana Ruas tem arquitetura clean e decoração autoral e intuitiva, cheia de objetos antigos carregados de história. O ambiente também abre espaço para a imaginação da artista que utiliza as paredes internas do prédio como telas de pintura. No quesito mostras, apresentamos os ambientes da Morar Mais por Menos Goiânia e as novidades da Morar Mais por Menos Campo Grande, que acontece em outubro. Já Design abre espaço para as criações em madeira da arquiteta e marceneira Julia Krantz. A profissional concebe móveis sinuosos e belos que respeitam princípios sustentáveis como o manejo florestal correto. De Design passamos a Viagem e apresentamos o hotel W Retreat & Spa, situado em Vieques, a menor das três ilhas que formam o arquipélago das Ilhas Virgens Espanholas, no Caribe. O projeto arquitetônico do empreendimento é original e curioso. A responsável pelo trabalho é a arquiteta e designer espanhola Patricia Urquiola, muito premiada e requisitada internacionalmente. Na área de consumo, as seções Trend Beauty, Mistura Fina, Gadgets, Feira Hype e Gourmet UD trazem os produtos mais descolados do mercado.

CAPA Roberta Sá Foto: Gui Paganini

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diretores Iara Diniz iara@moodlife.com.br Josué Sanches josue@moodlife.com.br Luis Pedro Scalise luispedro@moodlife.com.br Conselho Editorial Alexis Prappas Iara Diniz Josué Sanches Linda Benites Luis Pedro Scalise Melissa Tamaciro Jornalista responsável Cidiana Pellegrin (MTB 687/MS) redacao@moodlife.com.br Editor Odirley Deotti editor@moodlife.com.br Editor de Imagem Alexis Prappas alexis@prappas.com.br Fotógrafos Alexis Prappas, Jean Vollkopf, Marcos Vollkopf Revisão Dáfini Lisboa dafini.lis@gmail.com PARA ANUNCIAR LIGUE Holder Gestão e Negócios (67) 3029-3426 Distribuição e assinatura Gabriela Galante operacao@holdergestao.com.br Colaboraram nesta edição Texto Adriana Estivalet , Júlia de Miranda, Cidiana Pellegrin, Paulo Cruz e Thiago Andrade.

Revista MOOD Life é uma publicação mensal integrante do grupo DNZ Participações e Negócios Ltda. Rua da Paz, 1584 – Santa Fé. Campo Grande/MS CEP 79021220. A Revista MOOD Life não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam no expediente não tem autorização para falar em nome da Revista MOOD Life. Impressão e acabamento Idealiza Gráfica e Editora.



nacio n a l uma fina seleção de cultura e entretenimento

INFORMAÇÃO

Jornalismo de qualidade SHOW

Lenda no palco A onda de shows internacionais no Brasil traz alguns grandes nomes da música mundial. Depois de Roger Waters, que se apresentou no começo do mês em diversas cidades, agora é a vez de Bob Dylan. O músico, que comemora os 50 anos do lançamento de seu primeiro disco, leva a “Never Ending Tour” para Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre, entre os dias 17 e 24 de abril. Oportunidade única para conferir clássicos como “It’s all over now, Baby Blue”, “Like a rolling stone”, “The times they are a-changin”, entre outras. Bob Dylan se apresentou no País há quarto anos. Os preços dos ingressos estão entre R$ 500 e R$ 900. www.ticketsforfun.com.br

Embora as edições impressas da revista norte-americana The New Yorker sejam vendidas no Brasil a preços bastantes salgados (média de R$ 35 a R$ 50), o site da publicação semanal de maior prestígio no mundo coloca no ar reportagens completas. O leitor pode aproveitar para conhecer, por exemplo, os bastidores da caçada e execução de Osama Bin Laden, o líder da Al Quaeda, morto durante ação de fuzileiros navais americanos no Paquistão. Grandes reportagens e textos que equilibram técnica e estilo proporcionam aquilo que o jornalismo tem de melhor. www.newyorker.com

EXPOSIÇÃO

CINEMA DESCONSTRUÍDO O mestre do cinema italiano, Federico Fellini, é o objeto da mostra “Tutto Fellini”, que reúne cerca de 400 itens relacionados ao universo criado por seus filmes e sua vida. A exposição está em cartaz no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro e traz fotografias de bastidores, cartazes, entrevistas, trechos de filmes e – o grande destaque da mostra – os desenhos feitos pelo diretor, que demonstram suas obsessões por temas que apareceram de maneira recorrente em seus longas-metragens. Ela fica em cartaz até o dia 15 de junho e tem entrada gratuita. Rua Marquês de São Vicente, 476. Tel.: (21) 3284-7400

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Textos thiago andrade / fotos divulgação

GASTRONOMIA

Oriente parisiense Cremes e molhos à base de manteiga e creme de leite, carnes em cortes suculentos, são bons exemplos da cozinha francesa, mas no Buddha Bar, em São Paulo, procura-se aliar os sabores tradicionais criados pelos franceses à leveza das comidas orientais. Carpaccio com molho de wasabi, fricassé de legumes orientais com frango, robalo ao vapor com ervas, codorna desossada ao curry, entre outros pratos, mostram bem qual é o caminho que o restaurante segue. O bar faz parte da rede internacional com matriz em Paris e, no Brasil, conta com consultoria do chef francês Erick Jacquin. Os preços podem não ser tão amigáveis, mas os sabores fazem valer a pena. Avenida Chedid Jafet, 131. www.buddhabarbrasil.com.br

EXPOSIÇÃO

Let’s Rock Na Oca do Ibirapuera, em São Paulo, acontece a exposição que reúne peças de diversos momentos da história do rock, indo do rock-a-billy ao grunge. O gênero mais transgressor e universal da música é o tema de “Let’s Rock”, que preenche os quatro andares do prédio, com artigos para revistas e jornais, discos, roupas, instrumentos, fotografias, entre outros itens, de lendas como Elvis Presley, Beatles, Jimi Hendrix, Led Zeppelin e, por que não, Michael Jackson. Os Rolling Stones contam com espaço próprio dentro da mostra, que trazem até salas interativas. O rock nacional também está lá, com peças do Sepultura, Legião Urbana, RPM, Raul Seixas, entre outros. Fica em cartaz até 27 de maio. www.letsrockexpo.com.br

TEATRO

IRONIAS COTIDIANAS Robert Wilson é um dos artistas mais interessantes da cena contemporânea. Artes plásticas, cinema, teatro, seu trabalho funde todas essas áreas para criar algo que as ultrapassa. Até 20 de abril, ele estará em cartaz no Sesc Belenzinho em São Paulo, encenando “A última gravação de Krapp”, espetáculo escrito por Samuel Beckett. Sem entrar no palco há 10 anos, Robert Wilson retorna com esse trabalho, no qual referências como o ator americano Buster Keaton tornam fundamentais para a composição do personagem que decide escutar uma fita gravada por ele há 31 anos, na qual mostrava sua visão otimista da vida, agora substituída pela ironia e sarcasmo. Os ingressos custam entre R$ 10 e R$ 40. www.sescsp.org.br

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regi o n a l uma fina seleção de cultura e entretenimento

“Vou deixar” A primeira edição do MS Canta Brasil trará para Campo Grande, gratuitamente, show da banda Skank. Eles se apresentam no Parque das Nações Indígenas no dia 29 de abril, último domingo do mês, a partir das 17h30min. Desembarcando na cidade logo após show em Corumbá, por conta do Festival América do Sul, a banda apresentará show baseado em seu último disco, “Estandarte”, de 2008. Embora passe por um momento de menor relevância, o grupo comandado por Samuel Rosa é autor de hits incontestáveis como “Jackie Tequila”, “Te ver”, “"Balada do amor inabalável", entre inúmeros outros. A abertura será feita pelo músico Gilson Espíndola. Rua Antônio Maria Coelho, 6000. Tel.: 3316-9174

CINEMA

Ópera na telona Em janeiro de 1790, o mundo conhecia “Così fan tutte”, antepenúltima ópera escrita por Mozart. Agora, a Royal Opera House de Londres apresentará esse trabalho ao público brasileiro, por meio da parceria com o Cinemark. A temporada 2012 de óperas e balés conta com oito espetáculos. “Assim agem todas”, como se chamaria a ópera caso fosse traduzido o título, será apresentada nos dias 28 e 29 de abril e 3 de maio. A história fala sobre traição e confiança, de modo satírico, a partir de dois casais aparentemente fiéis que têm suas vidas afetivas arruinadas por um jogo de traição quase que inofensivo. Os ingressos custam R$ 50 e R$ 25 e o espetáculo tem duração de 2h13min, contando com um intervalo entre os dois atos. O Cinemark fica no Shopping Campo Grande, na Avenida Afonso Pena, 4909

LANÇAMENTO

PRODUÇÃO REUNIDA O cineasta Essi Rafael, fundador da produtora independente Casa de Cinema de Aquidauana, lançará dois DVDs com toda a produção realizada nos últimos anos. Grande talento da nova geração de diretores de cinema no Estado, Essi conta com uma produção intensa focada principalmente em curtas metragens, tendo obtido destaque internacional com “Ela veio me ver”. Além de uma palestra sobre audiovisual no Museu da Imagem e do Som (MIS), no dia 18 de abril, às 14h, Essi também realizará, no dia 20, às 19h, lançamento dos DVDs com presença do diretor e membros da equipe de produção dos filmes. www.cineaquidauana.com.br

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Textos thiago andrade / fotos Divulgação

AO VIVO


Shopping Campo Grande 3027 1848

dudalinafeminina.com.br

Dudalina Feminina

dudalinafem


Ideias para você vestir sua casa

Referência

urbana De uma viagem a Londres, Júnior Ramos, da empresa maranhense Quadrante Design, se inspirou no movimentado centro da capital inglesa para criar o divertido e bem-humorado banco People. A peça, que tem assento de madeira e lúdicos recortes de pernas que lembram uma multidão caminhando, foi premiada com medalha de ouro, na categoria Casa, em um dos principais concursos de design do Brasil, o IDEA 2011. R$ 6.880 no site www.benedixt.com.br

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Sono melhor

mais que banho

Elaborado com uma tecnologia inovadora que utiliza cubos de gel nas camadas de conforto, o colchão Simmons Le Cube Gel Solutions possui um sistema que regula a temperatura corporal, tem alta adaptação aos contornos do usuário e distribui por igual a pressão do corpo deitado. Tudo isso aliado a um tecido em malha belga com acabamento com íons de prata e características antimicrobianas e eletrostáticas, que possibilitam descarga da energia estática acumulada no organismo durante o dia e o alívio das tensões. Preço sob consulta na ¼ Um Quarto Av. Afonso Pena, 3835, Centro. Tel.: 3043-5081

De altíssimo luxo e supercompleta, a cabine Wellsuite, da Roca, é um SPA vertical com funções tecnológicas inusitadas para o momento do banho. Tem nove jatos de hidromassagem, sauna a vapor, ducha escocesa (jatos de água em alta pressão e temperatura controlada), ducha para os pés, circuitos de aromaterapia e cromoterapia, além de rádio, MP3 e telefone. Um teclado eletrônico aciona todas as funções, algumas também podem ser personalizadas. www.rocabrasil.com.br

Tecido de alto padrão, a seda dá mais nobreza à moda e decoração. Na tecelagem O Casulo Feliz, que há 22 anos trabalha a fiação artesanal da seda, é possível encontrar variedade têxtil que vai da tapeçaria hi-lo a opções suaves, como a gaze de seda. Luxo, desenho autoral e preocupação com a sustentabilidade são marcas da empresa paranaense que já comercializou seus produtos com Vivienne Westwood, Stella McCartney, Animale, Maria Bonita, Alexandre Herchcovitch, Hermès e até o Vaticano. Na foto em destaque, as cortinas são de seda com linho, as cadeiras foram revestidas com gorgurão de seda e os jogos americanos são de palha de seda com bambu. Av. Joaquim Murtinho n° 570 Tel.: 3025-6346 www.ocasulofeliz.com.br

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Textos cidiana pellegrin / fotos divulgação

Sedamania


Ideias para você vestir sua casa

Luz e suporte Jardim personalizado Paisagismo é um recurso poderoso para promover bem-estar e embelezar ambientes, sejam eles residenciais ou corporativos. Nesse segmento, a Califórnia Mudas elabora projetos para espaços externos e internos, sempre respeitando o meio ambiente e empregando o estilo rústico sofisticado em seus jardins. A empresa também trabalha com locação e produtos requintados, como vasos vietnamitas e fontes. Califórnia Mudas Av. Afonso Pena, 4348 Tel.: 3349-0302

Décor em tecido Para dar um pouco mais de vida aos ambientes é preciso apostar em cores alegres. Quem não deseja enfrentar a sujeira gerada pela pintura, pode optar por tecidos na decoração. Com criatividade e bom gosto é possível expandir a paleta de tonalidades revestindo os móveis, por exemplo. A Arara Azul apresenta tecidos resistentes com padronagens em vários estilos para promover um efeito especial, seja ele elegante, descolado, rústico ou divertido. Arara Azul -Tecidos para decoração Rua Dom Aquino - 530 - Centro Tel.: 3321-6842

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Usual no ambiente doméstico, as gamelas se transformaram em suportes para luminárias na coleção Brasileirinho, a nova linha do Estúdio Nada Se Leva para a La Lampe, empresa especializada em iluminação de alto padrão. As peças são feitas artesanalmente em freijó maciço e são equipadas com uma cúpula de vidro leitoso que gera suave efeito de luz. De R$ 1.968 a R$ 2.758 no site www.lalampe.com.br

Cozinha sofisticada A coleção Dell Anno 2012 apresenta três acabamentos inéditos. Velazquez, indicado para projetos de hometheater e living, é inspirado na pintura expressionista e apresenta tons escuros iluminados por veios claros. Amazon tem desenho que remete ao carvalho e cores de areia, lã, algodão e fibras naturais. Sóbrio, elegante e moderno, o padrão Lyon faz alusão ao carvalho no tom de palha com poros suaves, fácil de ser combinado. Preço sob consulta na Dell Anno Campo Grande Av. Afonso Pena, 4480 Tel.: 3043-4569



Vitrine de

Arte

Arquitetura despojada abre espaço para a imaginação de uma artista em seu ateliê

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ntes de ser construído, o ateliê da artista plástica Ana Ruas já tinha objetivos bem definidos: ser um amplo espaço de produção e discussão de temas contemporâneos que dialogam com assuntos de relevância; ter capacidade para sediar encontros de artistas e pesquisadores dos diversos segmentos artísticos; ensinar, fomentar e difundir a arte. Além disso, o local teria exposições de obras, seria uma vitrine mutante para suas criações e abrigaria todo acervo pessoal. Essas foram as especificações recebidas pelas arquitetas Eloisa Vicari e Liana Godoy ao idealizarem o projeto. A preocupação das profissionais foi criar um ambiente híbrido, clean, onde os elementos incorporados não concorressem com as obras expostas nem interferissem

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na execução de sua arte, já que as paredes internas do local são como telas para a artista. O espaço tem 360m² de área construída e arquitetura em estilo despojado, com materiais simples e iluminação técnica. O pé direito alto proporcionou melhor aproveitamento do teto, feito de telha de alumínio termoacústica, que protege do calor e abafa ruídos. A fachada e o paisagismo foram outros elementos desenvolvidos pela dupla.


Texto cidiana pellegrin / fotos alexis prappas

Na sala, os móveis planejados são de madeira de demolição, material que dá mais aconchego ao ambiente. Amplo, o espaço multiuso – voltado para trabalhos, recepção de alguns eventos e atividades com visitantes – incorpora objetos pessoais e organiza o universo da artista

Retrô e charmoso, o canto tem como detalhe uma carteira escolar, presente de uma amiga há quase duas décadas. O relógio cuco, também antigo, pertencia à família do marido

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Grande parte da decoração foi feita de maneira intuitiva pela própria artista. Ela buscou misturar artesanato, reciclagem e artefatos vintage com sua arte cool, alegre e urbana. Um verdadeiro garimpo de histórias, já que cada peça inserida no ambiente carrega alguma narrativa. Colorido, o ateliê recebeu invencionices que despertam a curiosidade dos visitantes, como uma série de vidrinhos recheados com linhas de crochê de diversos tons. Um pouco de sua autenticidade pode ser vista na poltrona coberta por fuxicos. A manta é parte de uma colcha formada por 3.627 fuxicos costurados por Ana há 16 anos. Cada um tem um tecido diferente e lembranças de um momento vivido pela artista. No canto da sala, uma luminária com 6m de altura foi pintada por Ana. A escolha da figura – associada à lâmpada – se deu pela função do espaço: um local que estimular o pensar, o criar e a discussão

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Abaixo da pia, os armários de madeira de demolição receberam um toque criativo e divertido: telas cobertas com chita. A solução de baixo custo também é inspiradora para transformar outros móveis

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Um lugar de estar e que pode hospedar convidados é a proposta desta sala. Mesmo que despretensiosamente, a organização feita pela artista é minuciosa, rica em detalhes. Objetos como o antigo projetor de filme, o lampião e o rústico ferro de passar dão um ar retrô ao décor. A atmosfera que resgata o passado é completada pela penteadeira que se transformou em aparador. O reaproveitamento também pode ser visto na parede da bancada que recebeu um mosaico com pedacinhos de madeira que iriam para o lixo.

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A área de produção apresenta mobília reaproveitada. Destaque para o armário formado pela junção de uma estante – que estava no quarto do filho – e o guardalouça que integrava sua cozinha. Para quebrar o branco, as gavetas receberam cores diversas e puxadores de vários tipos. Na parede, as sacolas de feira guardam tecidos, bordados e crochês que um dia serão utilizados


Na copa da sala, a bancada e a estrutura abaixo da pia são feitas de cimento, uma opção prática para a artista. Como porta dos armários está outra parte da colcha de fuxicos coloridos, cheia de história. Na parede, o rosa-chiclete ilumina e diverte o ambiente. O mezanino dá espaço à galeria de exposição e a uma sala para arquivar as obras de Ana Ruas. As paredes do ambiente aberto são como telas para a artista pintar um novo trabalho

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A favor da madeira Designer Julia Krantz transforma a matéria-prima orgânica em peças sinuosas e cheias de beleza

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ifícil não se impressionar com a habilidade criativa que Julia Krantz revela na madeira. Suas invenções são delicadas e, por vezes, com formatos bem ousados, resultado de uma reinterpretação do movimento sinuoso das águas e dos traços da natureza, tudo feito de modo artesanal. Sua arte também é carregada de consciência ecológica, pois tem o compromisso de sempre utilizar espécies nativas brasileiras vindas de áreas de manejo sustentável.

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Julia já figurou a revista americana Wallpaper como revelação do design brasileiro. Além disso, apresentou seu portfólio de criações em eventos dentro e fora do Brasil. Na lista de exposições, estão: Museu da Casa Brasileira, Brasil Faz Design, Casa Cor 2005, Salão Design Movelsul, Exposição de Arte Bunkyo 2007, International Art + Design Fair 2008 – The Park Avenue Armory – New York, Art Design Miami Basel Fair 2008, Exposição Design Brasil – 101 anos de história, entre outras.


A mesa Raiz foi elaborada com madeiras Roxinho e Tauari. Já o banco Quito foi feito a partir do Jatobá

humildade para essa matéria-prima que a natureza tão generosamente nos oferece, sabendo respeitá-la e entendê-la,” revela a profissional. Nomes importantes como Gaudí, Frank Lloyd Wright, Sam Maloof, Tapio Wirkkala, Hans Wegner, Hundertwasser, Van Gogh, Tenreiro e Niemeyer são algumas influências de sua veia artística, mas a criatividade e as novas ideias surgem de momentos do cotidiano, onde todas as vivências, sensações e emoções sentidas pela arquiteta se completam.

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Aos 12 anos de idade, Julia criou sua primeira peça de madeira: uma cama inspirada em um filme dos Beatles. Mas a decisão de seguir esse caminho aconteceu ao fazer um protótipo de cadeira no terceiro ano do curso de arquitetura na FAU-USP. “Quando comecei a trabalhar com madeira, via em sua plasticidade tanta versatilidade, que acreditava que ela se curvaria aos meus desejos. Hoje, percebo que a relação é de troca constante e que temos de olhar com

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À esquerda, a poltrona Lua, feita em muiracatiara rajada. À direita a peça "o vaso", que participou do evento Arte da Vila, em São Paulo

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Marceneira – concluiu o curso após a faculdade – desenvolve seu trabalho, desde os primeiros esboços até o produto final, em seu próprio ateliê, voltado para a idealização artística de pequena escala. Mas nem sempre foi assim. Quando decidiu investir no mobiliário, desenhava projetos e os encomendava a marceneiros. Nem tudo era explorado como queria e, após alguns testes na garagem de sua casa, percebeu que sem um espaço adequado não teria como evoluir. “Montei minha primeira oficina e cheguei a ter 9 funcionários fazendo de tudo, armários embutidos, cozinhas planejadas, além dos projetos de reforma de residências que ainda tocava como arquiteta. Mas era muita loucura, aos poucos fui diminuindo, desinchando, até chegar ao que sou hoje”, esclarece.


Ao lado a chaise Baleira, feita em Sumaúma. Abaixo a mesa de jantar Djü, que se assemelha a uma árvore

A leveza de suas peças carrega particularidades. A começar pela “técnica de uso do laminado, que resgata o caráter maciço da madeira para elaborar objetos mais esculturais e orgânicos,” compartilha Julia. Outro conhecimento veio com o designer/ artífice japonês Morito Ebine. Ele ensinou técnicas tradicionais de encaixe e lhe instruiu a ter um olhar mais apurado sobre o material, procurando sempre entender as características de cada espécie de madeira e usálas de forma adequada. Assim, foram surgindo a cadeira Suave, a mesa Baum, a chaise Baleia e muitas outras, ricas em desenho, arte, beleza e suavidade.

SERVIÇO Ateliê Julia Krantz Tel.: 11 3865 7724 Rua Coriolano, 71, Vila Romana, São Paulo-SP Onde encontrar Casa Matriz – São Paulo Hill House - Brasília R20th Century Gallery - Nova York

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Autêntica e aconchegante Morar Mais por Menos Goiás abre o calendário da mostra no Brasil, trazendo projetos arquitetônicos cheios de personalidade

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m sua 5ª edição, a mostra de decoração, arquitetura e paisagismo Morar Mais por Menos Goiás reúne 50 profissionais expondo projetos de bom gosto em 31 ambientes. Varandas, escritórios, quartos, banheiros, sala de jantar, cozinha, jardim, garagem, dentre outros espaços, empregaram quesitos como sofisticação, brasilidade, sustentabilidade, inclusão social, habilidade artística e ideias econômicas de décor. As marcas da mostra personificaram a sede do evento, uma construção de dois pavimentos e área total de 1,8 mil m², localizada em Goiânia. A variedade e o frescor contemporâneo dos ambientes prometem convidar os visitantes a renovarem a própria

casa. Soluções democráticas e criativas marcam presença em revestimentos, mobiliário, acessórios, objetos artesanais, etc. Além disso, o estilo hi-lo está presente em toda parte, mesclando peças de design assinado com outras mais casuais. Por vezes, utensílios do cotidiano são transformados e passam a ter novos usos, como luminárias. Além de expor projetos arquitetônicos com identidade responsável, estética inovadora que cabe no bolso, a Morar Mais por Menos oferece programação cultural e circuito de palestras.

Fugindo do tradicional, Simone Moura e Fernanda Loyola projetaram uma cozinha cheia de cor. Tons cítricos, laranja e verde dão uma cara bem brasileira ao cômodo. Outro destaque está no papel de parede lavável que substitui revestimentos mais caros, como cerâmica e porcelanato. Os eletrodomésticos ficam à vista complementando o décor

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Para criar um ambiente charmoso para a venda de panos de pratos, toalhas de mão, jogos americanos, porta-guardanapos e sacolas ecológicas produzidas por uma associação, Renata Balestra, Flávia Ruscitti e Maythé Labaig, arquitetas responsáveis pela loja da Morar Mais por Menos, utilizaram madeira reciclada como revestimento. Carretéis de linha transformados em pendentes e tecidos para cobrir os azulejos foram materiais que vieram de uma confecção desativada. Outro mimo é o tapete artesanal de fuxico

Texto cidiana pellegrin / fotos Divulgação

Rústico e cheio de poesia, o Restaurante, projetado pelos arquitetos Fábio Guedes e Julianny Xavier, foi inspirado na cultura goiana do festejo das Cavalhadas de Pirenópolis. A manifestação tem personagens que se vestem com máscaras de boi, e são esses disfarces que estão ambientados no local que, também, incorpora objetos em tons de cobre para retratar os tachos nos quais a poeta Cora Coralina fazia doces. O espaço ainda apresenta piso em pedra rústica, teto em madeira (original da residência) e os móveis confeccionados com madeira de reflorestamento

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SERVIÇO Os visitantes podem conferir a mostra até 13 de maio. End.: Av. T-2, Setor Bueno, 804, em Goiânia-GO.

Um casal jovem e cosmopolita inspirou a designer de interiores Janaína Gomes na idealização do Quarto do Casal e Varanda. O ambiente tem décor contemporâneo e mobília em linhas retas que contrastam harmoniosamente com duas poltronas mais clássicas. O piso é original da década de 1980 e não sofreu interferência. Na varanda, um novo piso foi sobreposto ao antigo para não gerar entulho, uma solução inteligente, rápida e econômica

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Alegre e divertido, o Quarto da Criança, projetado pelos profissionais Fábio Guedes e Julianny Xavier, tem paredes revestidas de tecido chita com estampa infantil, opção bem mais econômica do que papel de parede. O espírito de brincadeira se une à identidade brasileira no espaço repleto de cores e objetos, como os pufes de macaquinho e o banco centopeia. Como solução sustentável, uma porta antiga que iria parar no lixo foi resgatada para servir de mesa para as crianças desenharem


Morar Mais por Menos Campo Grande

Já presente em outros nove estados, além do Distrito Federal, a mostra de decoração chega à Capital em outubro

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e 2 de outubro a 11 de novembro os sulmatogrossenses vão conferir um evento de arquitetura e decoração diferenciado: o Morar Mais por Menos. No cenário da mostra estão projetos sofisticados, criativos, que utilizam materiais sustentáveis e ainda priorizam produtos brasileiros no décor. Tudo isso com redução de custos e soluções amigas do bolso. Arquitetos, decoradores, designers de interiores e paisagistas apresentarão suas ideias em mais de 70 ambientes distribuídos em uma área de aproximadamente 5.350 m², localizada na Rua da Paz. A realização da mostra é do Grupo DNZ Participações, composto por empresas na área de comunicação, responsáveis por grandes eventos nos segmentos de varejo, esporte, cultura e arquitetura. Entre elas está a Holder Gestão e Negócios, que responderá pela comercialização local. “Será o maior evento de decoração e arquitetura do MS, estamos esperando um público de mais 25 mil pessoas,” revela a diretora do Grupo, Iara Diniz. O evento tem apoio da Fiems, Sebrae, Conselho Arquitetura e Urbanismo MS (CAU-MS) e da Prefeitura de Campo Grande. E também patrocinadores de peso, como Caixa Econômica Federal e Governo Federal. Além de Campo Grande, a mostra está presente no Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Vitória, Curitiba, Natal, Cuiabá, Goiânia e Brasília.

Foco A mostra tem em seu DNA os conceitos: brasilidade, sustentabilidade, inclusão social e tecnologia e inovação. Tudo com muito bom gosto e preocupação com a economia. “O que se tem visto em outras edições pelo Brasil são ambientes que prezam por materiais certificados e que utilizam tecnologias em nome do consumo consciente, por exemplo, de água e energia”, explica a Iara Diniz. Cada projeto também agrega algum produto regional desenvolvido por ONGs, cooperativas, ou comunidades carentes.

Incentivo Outro diferencial do evento é conhecer o custo de cada projeto. Os valores dos itens em exposição ficam à vista do visitante. Além disso, os espaços disponibilizam formulários para que o cliente relate seu desejo por alguma peça, fazendo, assim, uma reserva do produto. As empresas participantes podem entrar contato com os interessados e até promover descontos para finalizar a compra. Ao final dos 45 dias do evento, grande parte do que está exposto entra em liquidação.

SERVIÇO Morar Mais por Menos Campo Grande 2 de outubro a 11 de novembro Rua da Paz n° 342

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Tribos em trânsito

Em um mundo veloz, encontrar iguais é um jeito de não se perder Por Thiago Andrade

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s selvas deixaram de fazer parte da paisagem há muito tempo, mas nos meios urbanos, as tribos ainda existem. À medida que o mundo se torna uma verdadeira torre de babel, por conta da quantidade de informação que circula por aí, é cada vez mais frequente ver pessoas se unindo a partir de hábitos e gostos em comum. A cultura urbana é dinâmica, portanto, não se assuste com grupos se formando e desaparecendo em velocidade surreal. Mas para entender o momento atual é fundamental conhecer quais são essas maneiras que ligam as pessoas. Tendo aparecido pela primeira vez em textos do sociólogo Michel Maffesoli, o termo “tribos urbanas” diz respeito às maneiras de associação dos indivíduos em uma sociedade pós-moderna, na qual o consumo e o individualismo são valores dominantes. O pensamento do intelectual francês passeia por diversas áreas para mostrar que, aquilo que ele chama de neotribalismo, é uma resposta às maneiras que o contexto urbano tem de atomizar as pessoas. Compartilhar ideologias, hábitos, gostos, enfim, participar de uma mesma cultura é aquilo que une as tantas tribos que vemos por todos os cantos,

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principalmente em contextos cada vez mais urbanizados. A cinza do concreto pode ter substituído o verde natural, mas os homens continuam se agrupando a partir de interesses em comum. Uma tribo que nasceu e cresceu rapidamente, ainda mais por contar com apoio dos mais populares meios de comunicação, foram os sertanejos. Mas, se em meados de 1985, quando o termo foi cunhado pelo sociólogo francês, tratava-se de um conceito mais fechado e que dizia respeito necessariamente a grupos com identidades bem definidas, a volatilidade dos dias atuais transformou um pouco essa noção. Nos anos 80, havia tribos segmentadas, facilmente identificáveis por suas formas de pensar e, principalmente, pelas maneiras de se vestir. Os góticos, os punks, os new-waves, entre tantas outras tribos, se diferenciavam por carregarem marcantes traços visuais. “Definir tribos urbanas hoje é difícil, por se tratar de algo volátil e cambiante. Uma característica marcante da contemporaneidade é a miscigenação sociocultural, causada não só por movimentos migratórios intensos, mas também pelas rápidas

trocas de informação executadas pelos meios de comunicação”, considera Rodolfo Ikeda, diretor do Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS/MS) e mestre em Estudos de Linguagens pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.


Qual é sua tribo? não se excluem”, afirma Rodolfo. Roupas pretas e cabelos mais longos deixam claro que o rock é a música que o diretor do museu prefere. “Já fui da tribo dos advogados, dos caras da comunicação, do cinema, do rock nacional, do grunge, do blues, do garage rock. No final, devo fazer parte mesmo da grande nação rock n’ roll, seja lá o que isso signifique”, brinca. Mas a moral da história para Rodolfo é que o passeio por tantas formas de se expressar culturalmente exercem forte influência sobre a maneira como ele se define hoje. “E isso só tende a mudar”. A jornalista Ana Maria de Assis também acredita que cada pessoa hoje participa de diversas tribos. “Eu tenho amigos que vão a bares de rock e me criticam por não ter preconceito em visitar bares de sertanejo. Isso é um problema quando a gente fala de tribos”, aponta. Para ela, a amizade com diferentes grupos é fundamental para encontrar o seu caminho. “O ser humano é gente, mistura tudo e não precisa se definir a partir de uma coisa ou outra apenas”, confirma. No entanto, ela entende que as tribos acabam se tornando uma maneira das pessoas evoluírem juntas, encontrando gostos em comum e descobrindo qualidades ou defeitos. “É uma forma de se relacionar”, considera. As tribos, acredita ela, definemse de maneiras diversas. “Existem questões econômicas, critérios financeiros que não permitem que certas pessoas participem de determinado grupo. Isso é péssimo, mas é real. Mas também existem aquelas que nascem dos gostos e comportamentos. Hoje em dia, como cada um pode ir atrás do que quer, a pluralidade reflete as tribos que existem”, pontua.

ilustrações shutterstock

Não é a toa que dificilmente se encontram pessoas que conseguem se definir como parte de tal ou qual tribo, no entanto, para a publicitária Andrea Bisker, diretora na América do Sul da WGNS – empresa multinacional que busca descobrir tendências para moda, artes e design – um fator determinante para entender os movimentos culturais de hoje são suas formas de consumo. “O consumo é um definidor de identidade, por isso buscamos descobrir o que interessa às pessoas comprar. A cultura e o consumo caminham lado a lado”, pontua. A cada seis meses, a WGSN lança para o mercado macrotendências que ajudam designers, estilistas, e todo o tipo de criadores a entender os melhores caminhos para investir. De certa forma, fala-se aqui de tribos que se formam a cada momento e podem se perpetuar ou desaparecer, dependendo apenas da força com que se inserem na sociedade. Para a temporada primavera/ verão, por exemplo, Andrea chamou atenção a três grupos: os New Wave Culturalists (culturalistas da nova onda), os Reality Worshippers (adoradores da realidade) e Democratic Hedonists (hedonistas democráticos) – saiba mais no box. Ok, mas o que isso significa? “Não existem mais aqueles grupos bem definidos e fechados. Ou melhor, eles existem, mas tornaram-se periféricos e marginalizados. No entanto, existem tendências que unem as pessoas. Esses nomes dados pela WGSN tentam dar conta dessa realidade”, pontua Andrea. E as apostas da empresa costumam acertar. Nerds, intelectuais e suas armações grossas de acetato, que invadem os grandes centros, por exemplo, foram um dos “chutes” feito pela empresa. “Não consigo me definir enquanto integrante de uma tribo, mas de várias. Elas

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Retornando à teoria Maffesoli defendia que o uso do termo tribos urbanas devia ser feito de modo metafórico, buscando essencialmente discutir o surgimento de inúmeros microgrupos que, apesar de terem aparecido em um âmbito altamente massificado e, ao mesmo tempo, individualista, faziam frente a essas questões do mundo atual. “Pensando dessa forma, o consumo que define grupos e gêneros não é um inimigo, mas algo essencialmente humano e definidor de suas realidades”, completa Andrea, que também é proprietária da Mindset, junto à antropóloga Letícia Abraham, na qual procuram adaptar as tendências mundiais ao Brasil.

A sociedade contemporânea não é homogeneizada como costumava pensar quem criticava a indústria cultural. O trânsito de informações e a velocidade das transformações sociais impedem que se possa definir um grupo apenas por determinadas características. De maneira mítica, pode-se falar de “geeks”, “nerds”, “sertanejos”, “hipsters”, “hippies” ou, até mesmo, “skinheads evangélicos”. Eles existem, mas são marcados por um vendaval de referências que sempre permitem que as tribos sejam apenas o ponto de partida.

PRÓXIMAS Tendências Descobrir como será o futuro não é tarefa fácil, mas a WGSN acredita que é possível, pelo menos quando se trata de definir o perfil dos consumidores, o que será importante nos meses vindouros. Trata-se também de entender para onde a sociedade está rumando e, segundo os consultores internacionais da empresa, três traços culturais serão os protagonistas das futuras tribos que se unirão mundo afora: Idiomatic A cultura regional ganha ares cosmopolistas e dá origem aos New Wave Culturalists. Afinal de contas, o que é Michel Teló? Exatamente isso. Cada vez mais, o popular se tornará relevante, abrindo portas para aquilo que ainda não foi tocado pela globalização. Como brinca Andrea Bisker, a ideia aqui é arrancar o cafona do regional e oferece-lo ao mundo inteiro. 38 MOOD

Wonderlab O conhecimento específico dos cientistas se tornará cada vez mais valorizado e, com ele, o mundo se deleitará ao descobrir tudo que a ciência é capaz de oferecer. A mistura entre sci-fi e fantasia é o que chama a atenção dos Democtratic Hedonists. A tecnologia tem um papel fundamental nessa brincadeira.

History of now Do passado ao futuro, o que realmente importa é o presente. Ele é real e é isso que importa aos Reality Worshippers. O mundano, por mais entediante que seja, ainda é melhor que o sonho e a fantasia. Minimalismo urbano e cores frias são as apostas para os que são dessa tribo e, talvez, ainda nem saibam.


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Novidades que fazem nosso desejo de consumo

Em couro Qualidade e durabilidade são os principais conceitos da Nordweg, marca nacional que apresenta uma ampla linha de produtos em couro. São pastas, mochilas, malas, carteiras e nécessaires, tudo feito à mão. A coleção, a Lowry Bridge, último lançamento, traz bolsas com tamanhos adequados para folhas A4, A3 e A2, e modelos com compartimentos removíveis para notebook. Preço sob consulta no site www.nordweg.com.br

Moda solidária

Elaborado na França, o cognac Louis XIII é referência de exclusividade e sofisticação pelo mundo. A empresa criadora da bebida, Maison Rémy Martin, lançou uma edição especial do produto: o Le Jeroboam, mais marcante e maior do que o tradicional. A garrafa, com três litros, é toda esculpida em preciosos cristais franceses, com detalhes de ouro 24 quilates. O aroma da bebida é apimentado e seu sabor resulta na harmonia sutil de figos, gengibre e sândalo. Preço sob consulta no site www.louis-xiii.com

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Até os joelhos Por vezes associada ao guarda-roupa do mundo corporativo, a saia-lápis recebeu releituras de fashionistas nos desfiles de moda internacionais e brasileiros, em 2012. Sinônimo de elegância, a peça foi apresentada em grifes do país, como Colcci (foto) Reinaldo Lourenço, Neon, Cori e Patachou, tornando-se uma das principais apostas para o outono/inverno. Para a nova estação, ela vem em estampas, cores e tecidos variados, como tricô, couro metalizado, jeans, entre outros.

Textos cidiana pellegrin / fotos divulgação

Sublime destilado

A marca francesa de tênis Twins for Peace acaba de instalar um ponto de venda no Brasil. Mais do que criar calçados casuais e estilosos, a grife dos irmãos gêmeos Maxime e Alexandre Mussard, herdeiros da Hermès, assume conceitos como sustentabilidade e responsabilidade social. A produção dos modelos absorve 90% de matéria-prima reciclável, e, a cada par vendido, outro é doado a uma instituição filantrópica credenciada pela Unicef. No Brasil, a beneficiada pela empresa é a Fundação Gol de Letra. Preço sob consulta Quiosque no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo. Av. Magalhães de Castro, 12.000, Marginal Pinheiros.



Novidades que fazem nosso desejo de consumo

Delicadeza

Cor e conforto Peep Toes meia-pata são opções práticas e confortáveis para ficar linda em qualquer ocasião. Os modelos color block foram hit no verão e permanecem como tendência do outono/inverno 2012. Para montar um visual com a peça, aposte no estilo vintage, com rendas e babados, e abuse dos vestidos de tecidos nobres acima dos joelhos. Para o dia a dia, calças dos modelos cenoura, flare, ou alfaiataria, e saias de cintura alta combinadas com maxi bolsas são algumas opções. Peep Toe Ferrette – 5 x de R$ 29,99 no site www.anitaonline.com.br

A H.Stern se inspirou no fundo do mar para criar Iris, uma ampla coleção composta por diversas linhas de joias. Entre elas, está a Axis, que buscou, no ponto que dá origem aos caracóis das conchas, o desenho para anéis, brincos e pendente de ouro nobre polido, na parte interna, e ouro rosé fosco, na parte externa. As peças também apresentam diamantes cognac, utilizados de maneira especial para representar os aspectos mais rústicos da natureza marinha. Preço sob consulta H.Stern – 2° piso no Shopping Campo Grande Tel.: (67) 3382-7560

Pantanal em grife

Textos cidiana pellegrin / fotos divulgação

O Pantanal serviu de inspiração para a grife italiana Gucci criar uma pequena coleção, formada por lenços e duas bolsas com tamanhos diferentes, estampados com paisagens do bioma. A edição limitada foi desenvolvida exclusivamente para o Brasil e lançada na abertura da terceira loja da marca no país. Os produtos serão comercializados até julho. De R$ 530 a R$ 3.240 Shopping Cidade Jardim, em São Paulo Av. Magalhães de Castro, 12.000, Marginal Pinheiros

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Parceria

fashion A mexicana Andy Torres, eleita a melhor blogueira de moda em 2011 pela revista Elle alemã, assinou uma coleção de câmera bags com a Kipling. Para a fashionista do Style Scrapbook, era muito difícil encontrar cases bonitos e que refletissem seu estilo. Assim, a marca encontrou um nicho de mercado diferente e lançou modelos em dois tamanhos: para máquinas profissionais e para compactas. Eles podem ser encontrados nas cores tangerina, off white e preto. De R$ 199 a R$ 489 no site www.allbags.com.br



gad g et s Textos cidiana pellegrin / fotos divulgação

Novidades que fazem nosso desejo de consumo

som intimista

XOOM 2

O docking station DS 1100, da Philips, foi desenvolvido para ser um aparelho de som do quarto e caber em qualquer mesa de cabeceira. Ele oferece sincronização automática com o relógio do iPhone, ou iPod, e tem iluminação noturna ajustável, o que gera mais conforto ao dormir. O gadget também possui sistema com áudio estéreo, garantia de som com qualidade ao ambiente. Por R$ 268 no site www.americanas.com.br

A Motorola lançou uma nova geração de seu tablet. O Motorola XOOM 2™ tem tela de 10,1 polegadas, é fino, leve, compacto e vem com Android 3.2™, Honeycomb, processador dual-core de 1,2 GHz, Câmera 5MP, Wi-Fi, GPS, Bluetooth e display brilhante e resistente a riscos. O produto está disponível na versão 3G, recurso que oferece grande produtividade e entretenimento. Por R$ 1.899 no site www.magazineluiza.com.br

inusitado afinado Há 30 anos desenvolvendo produtos para o segmento de som e indústria da música, a Tascam apresenta, em seu portfólio, o TC-1S, um miniafinador de guitarras alimentado por energia solar, mas que também possui uma entrada USB para ser carregado quando não houver luz. Além disso, o produto tem quatro modos de afinação e vem com microfone para capturar sons acústicos. Por US$ 24,95 no site www.zzounds.com

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Desenvolvido pela multinacional Genius, o Ring Presenter é um mouse em formato de anel, que permite controlar, à distância, ações no computador. O produto de tamanho discreto também apresenta recursos que facilitam o trabalho de profissionais que, frequentemente, realizam apresentações e palestras, como um laser pointer com alcance de até 10 metros. Disponível em diversas cores. Por US$ 59 no site amazon.com



mo t o r Novidades que fazem nosso desejo de consumo • Por Paulo Cruz

Compacto alemão chega ao Brasil com desenho renovado, motores mais eficientes e um pacote tecnológico generoso

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seletíssimo clube dos hatches médios premium ganhou reforço em terras brasileiras com a chegada do novo BMW Série 1. O pequeno alemão já está a venda por preços a partir de R$ 116.900 na versão 118i. A versão Urban Line custa R$ 124.900 e a top de linha, a Soprt Line, sai por R$ 128.900. O carro foi apresentado no Salão de Frankfurt, na Alemanha, no ano passado. Com visual renovado e uma vasta linha de equipamentos, é focado principalmente no público mais jovem e que dispõe de um bom saldo bancário. O Série 1 é um carro diferenciado em diversos aspectos. Ele é o único da categoria a contar com tração traseira, que deixa sua condução mais divertida e proporciona uma tocada mais forte. Por enquanto, está disponível apenas o motor 1.6 de quatro cilindros, alimentado por turbo compressor

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que gera de 170 cv. O modelo, segundo a BMW, gasta 7,4 segundos para atingir os 100 km/h e alcança os 225 km/h. Além do motor forte, outro destaque do Série 1 é o pacote tecnológico BMW Efficient Dynamics, que inclui a função Auto Start/Stop, e o modo ECO PRO, ativado através do botão no console central, para uma condução ainda mais econômica. O câmbio automático de oito velocidades, proporciona trocas suaves e ajuda também na conta do posto de combustível. O interior mudou na nova versão e está mais requintado. Nota-se uma melhora na qualidade dos materiais que agora estão mais consistentes e agradáveis ao toque. O habitáculo tem um melhor aproveitamento do espaço e proporciona maior liberdade para os ocupantes. A carroceria do desta versão é 11 cm mais comprida e 2 cm mais larga que a anterior.

foto divulgação

BMW Série 1 com mais pimenta



INFOPUBLI


INFOPUBLI

Leo Madeiras produtos para marcenaria, indústria de móveis e construção seca

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om um portfólio de materiais diferenciados e inovadores, a Leo Madeiras – franquia em Campo Grande – atende profissionais da marcenaria e todo o setor de construção seca, comum nos Estados Unidos e Europa. O sistema utiliza paredes sólidas para compor ambientes externos e internos, as quais também podem ser empregadas como divisórias de espaços ou para formar mezaninos. Além disso, o método é amigo do meio ambiente, pois quase não gera resíduos de edificações. No ramo da marcenaria, o grande diferencial da empresa é a variedade de padrões nas chapas de MDFs. Para muitos arquitetos e decoradores, o produto se tornou referência no quesito acabamento e, também, um aliado para compor a estética de uma casa, ou espaço comercial. O Medium Density Fiberboard (MDF), ou Painel de Fibra de Média Densidade, é um material que potencializa a resistência da superfície acabada, principalmente quando comparado a uma superfície pintada ou revestida com lâmina de madeira. Na empresa, diversas opções de cores e texturas estão disponíveis, entre elas: linho, tecido, laca brilho, madeirado e uni colores. O lançamento é o MDF Ultra, indicado para locais com alta umidade, como banheiros, cozinhas, consultórios e casas de praia. O produto é o único com garantia de cinco anos contra

cupim. Outro destaque é a certificação FSC, um selo verde internacional que garante que o material é originado de florestas manejadas de uma maneira ambientalmente adequada, socialmente benéfica e economicamente viável. A Leo Madeiras também recebeu o selo, tornando-se a primeira loja do Centro-Oeste certificada, uma comprovação de que todos os seus produtos obedecem a princípios e critérios ambientais e sociais internacionalmente reconhecidos. Outro destaque no portfólio da empresa é o piso Parquet, indicado para quartos e salas. Formado por pequenos tacos de madeira maciça, o material, que reúne beleza e proporciona aconchego ao espaço, é altamente resistente, de simples instalação (encaixe macho-fêmea) e fácil manutenção. Na loja, é possível encontrar as cores Jatobá, Tauari e Champanhe. Comprovando sua amplitude em opções de produtos, a Leo Madeiras ainda disponibiliza uma linha completa de materiais acústicos, tanto para isolamento quanto para tratamento de ambientes comerciais e residenciais.

Avenida das Bandeiras 1111 - Jockey Clube Tel.: 3041-0100 www.leomadeiras.com.br


Das artes plásticas aos retratos, Jorge Bispo traçou seu caminho pelos principais veículos de imprensa do país. Captar algo além da pura imagem, ou, talvez, por meio das imagens congeladas descobrir aquilo que há por trás das personalidades que fotografa, esse é o exercício feito pelo fotógrafo. Na fotografia escolhida pelo artista, o cantor e músico pernambucano Otto aparece envolto em sombras e, com as rugas à mostra, expõe os seus 44 anos. A foto foi feita no final do ano passado, como parte de um ensaio. www.jorgebispo.com.br

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Roberta Sá Um samba que sempre cai bem

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a melancólica “Lua” à bossa nova com toques românticos de “Você não podia surgir agora” e mesmo no frevo animado que é “Bem a sós”, a cantora potiguar Roberta Sá é do tipo de artista que passeia com desenvoltura por diversos estilos da música brasileira. “Segunda pele”, seu quinto disco, lançado em janeiro deste ano, é um trabalho eclético, que conta com grande número de canções inéditas de compositores contemporâneos e, mesmo assim, dialoga com os grandes clássicos da MPB. Para a criação de um trabalho autoral, mesmo que composto de letras escritas por outros, é preciso encontrar um caminho que mostre a presença da artista. Roberta Sá faz isso desde o começo, desde a seleção das canções que criam um trabalho coeso, mesmo que capaz de se perder entre tantos ritmos e referências. Até em outra língua a cantora se aventura. É ao uruguaio Jorge Drexler, autor de “Esquirlas”, que ela canta “Ahí va mi corazón tras la explosión”, que poderia ser o outro título do trabalho. Roberta é casada com Pedro Luís, o músico a frente de A Parede – banda que participa de algumas canções – e Monobloco, e da parceria de ambos surge um dos momentos mais animados do disco. Tente não dançar ao som de “No bolso”. Radicada no Rio de Janeiro, é impossível não perceber que o encontro de culturas tão fortes como a potiguar e a carioca deixou marcas na alma da cantora. O trabalho conta com apoio do projeto Natura Musical e é uma das mostras de que existe vida inteligente na música brasileira!

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Cinco discos antes Ela nasceu em 1980, exatamente no dia 19 de dezembro, o que a torna uma sagitariana. Quem acredita no poder dos astros zodiacais diria que ela deve ser uma pessoa alto astral, positiva, intelectual, honesta e cheia de bondade. Pode ser que não passe de superstição popular, mas basta procurar um pouco sobre a cantora que se vê a quantidade de fotos em que ela se mostra sorridente, demonstrando otimismo e alegria. É um tipo de sinceridade que talvez tenha algo a ver com a data do nascimento. Apesar de ter nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, Roberta Sá se mudou para o Rio de Janeiro ainda muito nova, aos nove anos de idade, e desde então mora em solo fluminense. O sotaque já adquiriu os trejeitos dos que vivem na cidade maravilhosa. Os sons de “s” e “r” enganam e confundem; Roberta poderia se passar por uma carioca da gema. Mas não é bem assim. Basta escutar “Segunda pele” para perceber que as referências culturais perpassam os 2,5 mil quilômetros que separam a cidade natal da cidade que adotou para si. De “Braseiro”, seu primeiro disco, lançado em 2004, poucas coisas restaram. O apreço pelo samba e pela música popular brasileira estão lá, mas o amadurecimento musical a que chegou com “Segunda pele” mostra como Roberta soube escolher bem o seu caminho. Dos bastidores do programa “Fama”, ao qual participou mas não conseguiu chegar às finalistas, até os dias de hoje, aconteceram algumas coisas. Um casamento com um dos músicos mais interessantes de sua geração, 200 mil discos ventidos que lhe garantiram dois CDs e um DVD de ouro, uma agenda com mais de 100 shows e apresentações no exterior, entre outros, foram conquistas que seu talento garantiu.

foto GUI PAGANINI

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Textos thiago andrade e cidiana pellegrin / foto MAURÍCIO SANTANA

Talento e trabalho, muito trabalho Um dos parceiros musicais mais importantes da trajetória de Roberta Sá é o preparador musical Felipe Abreu, que até hoje a acompanha profissionalmente. Em “Segunda pele”, ele é o responsável pela direção de vozes e coros. Outra parceria de longa data que retorna neste trabalho é com o produtor Rodrigo Campello, que também está ao lado de Roberta desde seu primeiro disco. Desde os primeiros passos, o talento de Roberta sempre foi reconhecido por artistas de alto escalão como o músico Lenine e Carlos Malta. As parcerias, por sinal, sempre foram algo pelo qual a cantora sempre prezou. No último trabalho, Jorge Drexler é o convidado, mas não é o único. A busca por grandes letristas e compositores é incessante. De Caetano e Moreno Veloso – pai e filho – a Dudu Falcão, Carlos Rennó e Gustavo Ruiz, a cantora procura estabelecer contato antes de gravar. Em ótima fase, a cantora agora está em turnê pelo Brasil – embora ainda não haja previsão de shows por Campo Grande – mas mostra que já garantiu seu lugar em meio às mulheres da MPB. Passaram-se mais de 10 anos entre a decisão de viver profissionalmente de música e esse momento de maturidade na carreira, mas Roberta alcançou o sonho que perseguia desde os 20 e poucos anos: viver de música, o que nunca foi fácil para ninguém.

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O que te motiva na música? Como diria Lula Queiroga, "Felicidade, o alívio da dor". A gente vive num mundo tão difícil e instável, que me agrada muito a ideia de levar alegria às pessoas por meio da música. Gosta de cantar tudo que aprecia ouvir? Quais são suas preferências musicais? Minhas referências passam por Gal Costa, Elis Regina, Maria Bethânia, Carmen Miranda, Elza Soares, Elba Ramalho... Ouço também artistas como Lula Queiroga, Pedro Luís e Lenine, que permitiram que nossa geração de cantores pudesse existir. Esse mérito é deles. Eu me lembro da primeira vez que ouvi “Olho de Peixe”, “Astronauta Tupy”, “Baque Solto”. São discos históricos. Acho que a nossa geração herdou essa pluralidade, estamos cada vez menos dentro dos rótulos, graças a eles. Quando entrou no programa FAMA já sabia com exatidão que era esse caminho que queria seguir? Você já se imaginou nos caminhos atuais? Há dez anos, eu vinha de uma família que me protegia muito e fui obrigada a lidar com críticas que, hoje, consigo enxergar, faziam total sentido. No Fama, eu estava muito longe de ser uma cantora pronta, e os meus colegas tinham sete anos de profissão, enquanto eu tinha três semanas! O meu balanço hoje é muito positivo. Tenho ótimas lembranças daquele tempo e um carinho enorme por todo mundo que participou: jurados, cantores, professores. Você declarou que cresceu como cantora aos olhos do público. Como foi esse amadurecimento? Aos trinta anos, estamos no auge da forma física e com a cabeça muito mais tranquila do que aos vinte. Eu enxergo o mundo de forma diferente e isso se reflete diretamente no trabalho. A relação com as pessoas fica mais fácil, mais harmônica. Fiquei mais tolerante com os outros e comigo. Ou seja: Tudo melhora!

Ney Matogrosso é seu padrinho musical. Como isso aconteceu? Eu me formei em jornalismo e decidi investir na música. Fui para o estúdio gravar um CD demo com 5 canções, sendo aconselhada por Felipe Abreu. Demo pronto, numa aula de Pilates conheci o Ney Matogrosso. Entre um abdominal e outro, minha mãe o abordou e entregou o tal disco demo. Eu morri de vergonha! Na aula seguinte, Ney disse que tinha adorado a sonoridade e a minha voz, e convenceu ao João Mário Linhares, seu empresário, que hoje é meu empresário também, a me receber em seu escritório para que eu pudesse terminar e lançar meu primeiro disco. Nesse meio tempo, entreguei a demo para o Gilberto Braga, que me convidou para cantar "A Vizinha do Lado" do Dorival Caymmi, para a trilha da novela Celebridade. João Mário topou terminar e lançar o "Braseiro" e, em 2005, fiz minha estreia fonográfica. Você lançou seu quinto trabalho, “Segunda Pele”, no início do ano. O que vem pela frente em 2012? Muitos shows! A expectativa é chegar cada vez mais perto do público. A turnê do novo disco, patrocinada pela Natura, chega agora a dez capitais brasileiras. As 12 canções que compõem o álbum passeiam por diversos ritmos, como o frevo, o samba, a bossanova e, até mesmo, o rock. O que te levou a reunir tantas referências para a produção desse trabalho? Eu sempre busco aproximar novidades ao meu universo nos meus trabalhos. Enriquece-me como intérprete, como pessoa, como artista. E o que você levou em consideração na hora de selecionar o repertório? Eu realmente não queria fazer um disco autoral, no sentido de compor as canções. Queria fazer um disco de intérprete, com compositores contemporâneos que me mostraram músicas inéditas. Esse movimento

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“Aos trinta anos, estamos no auge da forma física e com a cabeça muito mais tranquila do que aos vinte. Eu enxergo o mundo de forma diferente e isso se reflete diretamente no trabalho”

está cada vez mais difícil, porque eu tenho de ter uma relação pessoal com os compositores que gravo. Mesmo que seja breve, porque uso a música como matéria-prima da aproximação. Preciso saber se eu quero dizer o que ele está dizendo. O Lula me apresentou o Dudu Falcão, o Moreno Veloso me chamou a atenção pro Rubinho Jacobina e, no fim, eu estava com o repertório que eu queria. Deu tudo certo. Expus esse momento, porque gosto de dar crédito a todo tipo de ajuda que recebo na hora de fazer um disco. Isso é uma coisa minha. Jorge Drexler foi convidado para um dueto, na canção “Esquirlas”. Como surgiu essa parceria? E por que o espanhol? Eu achei que havia chegado a hora de me lançar nesse desafio como intérprete, o de gravar em outra língua. E como o Drexler faz parte desses compositores contemporâneos que eu admiro tanto, pensei em pedir uma canção. Ele me veio com essa inédita. “Ahi Vá Mi Voz Buscándote Muerta de Fiebre" poderia ser o nome do disco. Além disso, “Esquirlas” são estilhaços de bombas, o que forma uma imagem, infelizmente, muito corriqueira nos dias de hoje. “Segunda Pele”, de certa forma, remete a um universo romântico. Sem dúvida, existe uma ênfase no romantismo e na sensualidade neste disco. Não que não houvesse nos meus trabalhos anteriores, mas era tudo muito delicado e discreto. Nesse é tudo muito mais explícito. “Bem a Sós”, eu acho bem sensual. “Segunda Pele”, também. “Lua” não deixa de ser uma declaração de amor. Acho que todas têm essa pegada.

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Nas gravações e na produção dos seus discos, como é a relação com o Pedro Luís? Quase toda conversa vira música aqui em casa. O Pedro é compositor por vocação, esse é o seu ofício. Para o novo disco, fizemos juntos “No Bolso”. É uma música que fala da solidão urbana e das ferramentas que a gente encontra pra disfarçá-las. Ipods e telefones estão sempre no bolso para nos distrair. Trocamos uma ideia sobre isso e ele veio com essa letra duas horas depois. Sentamos no sofá e terminamos a música juntos. É uma música feita para pular, para tirar a loucura do mundo do nosso sistema. A turnê começou este mês. Como você descreveria suas apresentações ao vivo? Quais as chances de vermos você ao vivo em Campo Grande? A apresentação ao vivo é quente e tem um equilíbrio muito bonito da história que eu vivi, e da que eu quero construir. O público e eu merecemos essa celebração. Tem músicas de todos os discos. Nessa turnê inicial, Campo Grande não entrou, infelizmente... Mas a gente chega aí, se tudo der certo! Quero muito chegar.

Segunda Pele Mais madura, sensual, alegre e divertida, a cantora celebra o carnaval e os compositores contemporâneos nesse seu quinto disco.


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Fairytale No mundo moda o hardcore se integrou ao poema e não virou abóbora. A carruagem não é mais a mesma, evoluiu ao supercool, hora nos transportando ao futuro, hora nos levando a um passado não tão distante. Mas a elegância pertencente ao conto - assim como à natureza dessa mulher atemporal - continua real, delicada, sexy. Uma essência de realeza bem vinda sempre.

Conceito e texto Melissa Tamaciro Fotografia Alexis Prappas

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patrĂ­cia veste Vestido Spazio Bianco Sandalias Santa Lolla Pulseira Muzazen Brincos Zhenga

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patrĂ­cia veste Vestido Iza.D (Maria Lima Classic) Sapatos Santa Lolla Anel direita Gold Skill Anel esquerda Muzazen

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patrícia veste Vestido Bárbara Bela (Maria Pitanga) Sandálias Dellela (Maria Pitanga) Clutch Zhenga Brincos e pulseiras Gold Skill Anel Muzazen

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Fotografia Alexis Prappas

prappas.com

Assistente de fotografia Franco Gabriel Produção de moda Michelly Andrino backstage47.com.br

Produção executiva Melissa Tamaciro Make up and hair Helder Marucci

heldermarucci.com

Modelo Patrícia Machri

(Arena Models)

Agradecimento especial Vintage Car vintagecar.com.br

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sugestões e tendências em beleza

Beleza imediata A americana Benefit Cosmetics é famosa pela qualidade de suas maquiagens e pelo portfólio variado de produtos com diversidade de cores, boa fixação e alguns com efeito de tratamento. A beleza das usuárias é o foco da marca, que também encanta pelo layout retrô em todas as linhas. Para o início do make, a marca apresenta o The Porefessional, um primer não oleoso que minimiza a aparência dos poros e deixa a pele uniforme. Quem aprecia um efeito natural nas maças do rosto pode optar pelo Benetint, um corante vermelho líquido, reconhecido como um dos produtos mais célebres da Benefit. A partir desse item, foi desenvolvido o Benetint Lip Balm – formulado com vitamina E, filtro solar e suave fragrância de rosas – o qual protege e colore levemente os lábios. Para um olhar marcante, o destaque é a máscara They’re real, que promete cílios separados, curvados, alongados e volumosos. A marca já vendeu mais de 1 milhão de unidades do rímel no mundo, em apenas seis meses. Entre os últimos lançamentos de 2012 no Brasil, está o blush Hervana, com quatro cores complementares que variam entre o lilás e o rosa.

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1 The Porefessional – R$ 117. 2 Benetint - R$ 128. 3 Benetint Lip Balm - R$ 88. 4 They’re real - R$ 78. 5 Blush Hervana – R$ 114. Disponíveis no site www.sacks.com.br

Efeito lipo Gordura localizada é sempre motivo de queixa entre as mulheres. Já pensou em eliminá-la por meio de resfriamento? Essa é a proposta da criolipólise, um sistema presente no aparelho Max Cryo, utilizado com finalidade de tratamento. O local do corpo submetido ao método tem suas células lipídicas congeladas, sem lesionar a pele, o que provoca uma destruição de, aproximadamente, 25% da gordura na região. Os resultados são vistos com uma sessão, e raramente é necessário repetir o procedimento. O tratamento inovador vem ganhando fama no país e já está disponível em Campo Grande, por meio da clínica Corpore Sano. Rua 7 de Setembro, 1722 – Centro. Tel.: (67) 3028-6562

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Natureza para os fios

Precioso e delicado Dior Garden Clutch é um pequeno e luxuoso estojo de maquiagem, feito de metal manipulado à mão e moldura de prata brilhante que guarda sombras e gloss. O acessório é perfeito para ser carregado na bolsa e auxiliar a renovação ou retoque do visual. Está disponível em duas cores: Milly Garden e Granville Garden. O item integra a coleção de Garden Party, que celebra a paixão de Christian Dior por jardins. US$ 75 no www.sephora.com

Feita a partir de extratos botânicos e marinhos, a linha da Redken, Nature’s Rescue, é indicada para remover as impurezas e atuar na nutrição dos fios. Sua fórmula apresenta proteína de soja, calone oceânico, algas marinhas e aloe vera, união que resulta em uma sensação refrescante. A linha é composta de xampu, máscara, spray que perfuma e dá brilho aos fios, e um esfoliante suave para os cabelos, este, de uso profissional. De R$ 57,90 a R$ 109,90 www.infinitabeleza.com.br

Popularidade renovada A linha Floratta, uma das mais populares de O Boticário, está com layout totalmente modificado. A marca buscou inspiração na beleza do desabrochar das flores para criar novas embalagens e logomarca, empregadas nos produtos de perfumaria dessa coleção – as versões In blue, In gold, In rose e Emotion – que está há 17 anos no portfólio da marca. Por R$ 64,99 Shopping Campo Grande – 1° piso Tel.: 3027.2876 www.oboticario.com.br

Brilho extra Unhas vibrantes, com cores inspiradas em fogos de artifício, são a proposta da coleção Show Time, da marca suíça Mavala. O lançamento apresenta seis opções de esmaltes – disponíveis em tons de azul, vermelho, dourado, violeta, prateado e bronze – compostos por um mix de micropartículas de glitter. Os produtos não possuem metais pesados, tolueno, formaldeído, fitalato, colofanita, parabeno, cânfora ou ingredientes de origem animal.

Issey Miyake Sport Doce no topo e levemente amadeirado na finalização. Assim é L’Eau d’Issey Pour Homme Sport, a nova fragrância masculina de Issey Miyake. O perfume tem notas de bergamota, grapefruit, noz-moscada, cedro e vetiver, e está disponível nas versões de 50 e 100 ml. A linha também conta com um desodorante em bastão e xampu. R$ 299 no site www.aazperfumes.com.br

R$ 23 cada no site www.nikkeycosmeticos.com.br

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A toda velocidade Quase todo menino já viajou a bordo de um carro de corrida, de uma nave espacial e de um superjipe capaz de saltar por desfiladeiros intermináveis. Com o jornalista automobilístico Paulo Cruz, também foi assim. Mais tarde, quando começou a cursar faculdade de jornalismo, ele já sabia que escreveria sobre automóveis. Desde então, fez vários cursos de mecânica e pilotagem e só acelerou no assunto. Paulo é um dos diretores da Associação Brasileira da Imprensa Automotiva (ABIAUTO), diretor do Clube de Colecionadores de Veículos Antigos Pantanal (CCAP-MS) e incentivador de quase todos os movimentos jipeiros, motociclísticos e outros que envolvam rodas no Estado. Por júlia de Miranda

Foto Alexis Prappas

Como começou o gosto por carros? Minha imaginação, desde que me entendo por gente, sempre esteve ligada ao mundo que se move sobre rodas. Aprendi a dirigir muito cedo, quando isso não era tão politicamente incorreto. Pilotava quase tudo, de motos a caminhões. E fazia bem. Mais tarde, quando estava na faculdade de jornalismo (sou das primeiras turmas de jornalismo da UFMS), já sabia que escreveria sobre automóveis. Na realidade, editei o primeiro suplemento especializado no assunto, no extinto jornal Diário da Serra. O programa já tem alguns anos, agora está na Record MS. Como foi o início desse projeto? O AutoNews nasceu em 2005, numa parceria com o amigo Ogg Ibrahim. Ele sabia muito de TV, e eu, de carros.

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Juntamos nossas habilidades e criamos o programa, no SBT. Depois, quando ele saiu de Campo Grande, acabei encolhendo o formato e fiz uma parceria com o Festas e Eventos. Mas, desde o ano passado, já ensaiava uma volta mais completa, com um programa de 30 minutos. A TV MS Record nos deu essa oportunidade, e todo domingo, às 10h30, estamos no ar. Além disso, temos nosso site, o www.autonewstv.com.br, no qual é possível assistir a todas as matérias do programa. Como é feita a escolha das pautas? Procuramos fazer matérias bem variadas. Participamos dos principais eventos mundiais, como os grandes salões de automóveis e eventos nacionais. Uma característica legal é a integração com o turismo. Se estamos nos EUA cobrindo o lançamento de

um carro, mostramos a cidade onde foi feito o evento. Também valorizamos as belezas de nosso Estado. Fiz uma viagem para Aquidauana, pela Estrada Parque de Piraputanga, e me encantei com o lugar. Essa viagem rendeu uma das mais bonitas matérias que já fizemos. Quais os prazeres dessa profissão? Muita gente me diz que tenho uma “profissão de sonho”. Afinal, dirigir os melhores veículos em diferentes


ambientes é mesmo muito gratificante. A profissão já me levou a muitos lugares em diversos países. Também já participei de expedições off-road muito legais, no Jalapão, em Tocantins, pela Amazônia, no Pantanal, na África do Sul, entre outros locais. Tem paixão por algum carro específico? Gosto muito dos antigos, principalmente, os americanos dos anos 1940 e 1950. Inclusive, nos dias 16 e 17 de junho, o Autonews promove o 11°

encontro de carros antigos em Campo Grande, na Base Aérea. Por ser um tema tão específico, como atrair o público? O automóvel faz parte da vida das pessoas. Procuramos sempre fazer matérias interessantes, fáceis de entender e com muitas dicas para o cotidiano do telespectador.

Quais os próximos eventos automobilísticos que o Autonews irá cobrir? São muitos os eventos que acontecem na área. Daqui até o fim do ano serão mais de 70. Posso citar o Salão do Automóvel em São Paulo, o Salão de Paris, a Convenção da Ford em Los Angeles, fora os diversos eventos que as montadoras promovem em diferentes países.

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Em nome da classe Arquiteto e urbanista há 33 anos, Osvaldo Abrão de Souza sempre trabalhou no campo da política especial da profissão. Foi conselheiro no CREA-MS – que até 2011 respondia pelos profissionais – e também o primeiro representante dos arquitetos brasileiros na Comissão de Integração do Mercosul, a qual trata de relações exteriores em sua área de atuação. Atualmente, é professor universitário e assume o cargo de presidente do recém-criado Conselho de Arquitetura e Urbanismo de MS, órgão que registra os profissionais da classe. Por Júlia de Miranda

Foto Alexis Prappas

Há pouco tempo, os arquitetos faziam parte do CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. Quais as diferenças entre arquitetos e engenheiros? A explicação mais simples é que a formação do arquiteto engloba duas áreas do campo do conhecimento: humanas e tecnológica. O arquiteto faz a fusão entre esses campos, por isso, nós temos as disciplinas de sociologia e psicologia na faculdade. Os engenheiros tem formação apenas tecnológica. É uma questão de como se enxerga o mundo, nós temos uma visão holística que estabelece todas as relações do material e do imaterial. Em uma sala, por exemplo, não é a parede que importa e, sim, o espaço interno. As paredes servem apenas para vedar, mas o ambiente é o projeto. Além disso, os arquitetos devem conhecer de tudo um pouco e os engenheiros têm de saber muito do pouco. A arquitetura é o registro vivo do comportamento de uma sociedade, esse é o diferencial fundamental. Por que foi fundado o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), órgão específico para a classe? O CREA nasceu em 1933, por força da ditadura, por meio de um decreto que juntou todos no mesmo saco, e esse foi o problema. Lá, nós tivemos que nos resolver e sempre fomos prejudicados, porque não conseguíamos dizer exatamente o que pensávamos. Existiam outras profissões com uma visão contrária em determinados momentos, que sempre tiveram

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força, hegemonia numérica e nos submetiam à vontade delas. Eu já concorri duas vezes à presidência do CREA-MS. Então, cheguei aqui com muita luta. Hoje, eu estou no lugar certo e vou fazer uma boa administração no CAU. O CAU surgiu de uma movimentação da classe? Há 52 anos, os arquitetos tentam criar um conselho próprio. O único arquiteto vivo que assinou o primeiro manifesto, e que vê o resultado dessa luta, chama-se Miguel Pereira, um grande profissional. Em 2010, conseguimos aprovar no Congresso a criação do órgão e tivemos a sanção do Lula em 31 de dezembro daquele ano. Quais são as ações desse novo Conselho? Primeiro, ele precisa se implantar fisicamente e como mediador das relações da sociedade com os profissionais do Estado. Além disso, o órgão tem como trabalho diário a parte burocrática, que é preparar documentos para os arquitetos e empresas atuarem no mercado. Também existe o trabalho político com a comunidade. Nossa cidade tem um instituto de planejamento, mas não tem arquitetos integrando a equipe. Nós precisamos que as cidades sejam planejadas efetivamente, para não correr atrás do prejuízo como está acontecendo aqui quando chove. As pessoas que estão decidindo sobre planejamento urbano não são arquitetos, por isso, não se está fazendo nada de forma objetiva e duradoura.


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Então, a instituição não é focada apenas na classe? Nenhum conselho existe para a classe, todos que existem tem o objetivo de proteger a sociedade. São órgãos federais delegados por meio do Congresso Nacional para intermediar a relação dos profissionais com a coletividade. Para a classe, existem as associações, os sindicatos. Determinadas profissões devem ter o registro no conselho específico para atuarem no mercado. Isso acontece conosco. Depois de formado, o ex-acadêmico é bacharel em arquitetura, após o registro, torna-se arquiteto. Qual o maior desafio do CAU? O principal é o reconhecimento da sociedade quanto ao trabalho do arquiteto. Além disso, que ela entenda o papel do órgão e venha para dentro do Conselho quando tiver dúvida. Por isso, nós vamos investir pesado. O primeiro passo para esse reconhecimento é deixar a sede do conselho, que fica na Afonso Pena, ainda mais visível. Vamos fazer um trabalho com palmeiras grandiosas para destacar o local. A sede será como um outdoor 24 horas do Conselho. Arquiteto pode assinar qualquer obra? Não existe limite para o arquiteto dentro das áreas da construção civil, urbanismo, paisagismo, planejamento setorial, regional e do país. Existe condição legal para essa atuação, o que não podemos confundir com capacitação. Cada um tem de estar apto a fazer. É obrigatório ter um arquiteto em tudo que se constrói? Não, é uma opção do cliente. O único segmento de atuação exclusivo do arquiteto é a área do patrimônio, o resto também pode ser desenvolvido por engenheiros. Mas é fácil verificar a diferença entre uma obra com arquiteto e outra sem. A qualidade estética dos espaços, o conforto local – que engloba questões como iluminação correta, especificações de materiais que melhor vão compor o ambiente – e

outras tantas características. Os engenheiros não têm esse conhecimento, não recebem isso na faculdade. Na Europa, por exemplo, quem é responsável pelas obras é o arquiteto, nunca o engenheiro, mas, às vezes, ele (engenheiro) é peça importantíssima no acompanhamento em determinadas áreas. Nós estamos caminhando para isso. O setor aquecido da construção civil só tem fatores positivos para os profissionais da arquitetura? Essa situação é garantia de mercado e trabalho. O aquecimento não é só positivo para nossa classe, mas para outros segmentos. A construção civil é uma das atividades que mais têm capilaridade na estrutura e organização social, é uma forma de você distribuir e irrigar o sistema econômico. Tudo isso é muito bom. Mas o limite entre o bom e preocupante é como as coisas estão sendo feitas. Há construtoras que levantam suas unidades sem cuidar do espaço de convivência e geram uma relação conflituosa com a cidade. Existem empreendimentos sendo construídos em vias que aliviam o tráfego central, como Três Barras e Interlagos. Já imaginou como será circular nesses lugares quando todas as pessoas se mudarem para lá? Terrível. Por um lado, movimenta-se a economia da cidade, mas, no futuro, vai se tornar um problema, pois toda a parte de infraestrutura fica comprometida quando você coloca mil pessoas onde moravam três. A mostra Morar Mais por Menos, que valoriza em seus projetos a brasilidade, inclusão social e sustentabilidade, mistura o sofisticado com soluções inteligentes e econômicas de decoração. Qual a sua opinião sobre o evento que chega durante o segundo semestre a Campo Grande? É perfeito, pois o discurso da mostra é o do novo milênio. O Morar Mais reflete exatamente a visão holística na medida em que exige do arquiteto o acabamento com criatividade, o trabalho do reuso, ou seja, os conceitos chave de sustentabilidade: repensar, reutilizar, reciclar.

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Pedro Domingos Empresário experiente adotou Mato Grosso do Sul como porto seguro e, aqui, estabelece o equilíbrio entre família, trabalho e projetos futuros Por Júlia de Miranda Foto Alexis Prappas

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“Para ser um bom profissional, deve-se contar com três habilidades: comercial, técnica e de relacionamento interpessoal. Além do fator principal, a humildade na profissão. Só assim para reconhecer as suas limitações e crescer sempre a cada dia”

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edro Domingos considera sua família seu maior patrimônio. Diretor executivo de uma grande incorporadora na Capital, e pai de 6 filhos, ele tem, em seu currículo, uma vasta experiência no setor administrativo. “Para ser um bom profissional, devese contar com três habilidades: comercial, técnica e de relacionamento interpessoal. Além do fator principal, a humildade na profissão. Só assim para reconhecer as suas limitações e crescer sempre a cada dia”, afirma Pedro. Formado em administração de empresas, iniciou sua carreira no segmento de laticínios, supermercados e logística, e fez consultoria empresarial em diversas empresas da cidade. Desde o fim dos anos 1990, foi o executivo responsável pela área comercial de algumas empresas de telefonia nacional, nas regiões Centro-Oeste e Norte do país. No ano de 2010, decidiu que queria um negócio próprio, foi então que comprou um tradicional bar na cidade: o Tábua Choperia, que completa 15 anos de serviço. No bar, procurou explorar toda sua experiência acadêmica e profissional adquirida, fazendo dele o local ideal para um happy hour com os amigos, fechamento de negócios, lazer e descontração. Há apenas dois meses, encara o desafio de diretor de uma grande incorporadora. Determinado, Pedro estuda o segmento imobiliário, o mercado, e faz intercâmbio entre os estados de Goiás e Brasília. “A empresa valoriza a mão de obra regional, por isso fui escolhido para o cargo, possuo experiência no setor corporativo”, comenta. Como novo projeto para este ano, está montando, em parceria com um grupo de amigos, um restaurante especializado em cortes argentinos, o “Parilla Pantaneira”.



Nathalia Albuquerque 24 horas conectada com trabalho e diversão Por Júlia de Miranda

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Foto Alexis Prappas

legante, delicada e muito simpática, Nathalia Albuquerque, de 22 anos, chama atenção com sua presença. Há dois anos atuando como assessora de comunicação e produção de eventos do clube Move (que reabre em maio), a estudante de jornalismo está com a agenda sempre cheia de compromissos, o que ela não reclama. “Se pudesse, não dormiria para aproveitar as 24 horas do dia ”, brinca. Mas, mesmo com a rotina intensa de estudos, reuniões e trabalho, ela consegue administrar bem o tempo e reservar momentos para os amigos. Por estar há cinco anos envolvida com eventos, a maioria ligados com música eletrônica – já foi hostess e produtora de eventos do clube Garage – Nathalia acredita numa retomada dessa cena na cidade, a qual foi esquecida por alguns anos, mas que agora ressurge com atrações de peso, como Fatboy Slim. Nas horas vagas, também é DJ por hobbie, mas costuma tocar somente em festas de amigos. Fã de música eletrônica, em especial o house, ela cita seus DJs preferidos,

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sendo alguns da cena local, como Andre X e Diogo Bacchi. Mesmo se identificando com o agito, Nathalia tem seus momentos intimistas. “Adoro ficar em casa assistindo a um bom filme”, revela. Valorizar a família é outra prioridade visível, já que carrega, em uma de suas oito tatuagens, a frase “Minha família, minha vida”. Viagens também acontecem com frequência. Rio de Janeiro e São Paulo são os roteiros mais visitados pelo polo cultural ativo, mas a campo-grandense adora sua cidade pela boa qualidade de vida que aqui se oferece. Apaixonada por moda, está sempre de olho nas tendências e leva essas referências para o seu estilo. Vaidosa, se preocupa com a imagem, já que trabalha com o público. A partir do mês de maio, Nathalia integra a equipe da revista Mood, com a coluna sobre eventos na cidade. Ela tem como projeto para 2012 abrir seu escritório de assessoria de imprensa, pois também é responsável pela comunicação de outras empresas da Capital.



Ana Cristina Marques Rotina intensa e boas energias Por Júlia de Miranda

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Foto Alexis Prappas

e pé desde cedo e com muita correria, é assim, há 23 anos, o cotidiano de Ana Cristina Marques, que trabalha no gabinete do prefeito e embala sua rotina com bom humor. Leva a vida de forma despojada e simples, sempre com um sorriso no rosto, tem como características nítidas o alto-astral e a praticidade. É secretária executiva do prefeito Nelson Trad Filho há oito anos, mas trabalha nos bastidores do poder público desde o mandato do prefeito Juvêncio César da Fonseca, no início dos anos 1990. “Comecei como recepcionista, depois secretária. Os anos se passaram, mudaram as gestões e eu sempre me mantive no cargo. Adoro o que eu faço, tenho uma ampla experiência profissional hoje em dia” afirma. Prática, gosta de resolver problemas e tira de letra as soluções para qualquer imprevisto. Comunicativa, Cris, como é chamada pelos íntimos, faz amizade fácil. “Meus amigos são muito especiais, me sinto privilegiada e querida por eles”, diverte-se. Fora do trabalho, gosta de ficar em casa relaxando com os filhos Leandro e a caçula Maria Clara. Tem prazer em cozinhar para a família e os amigos, ver filmes e ouvir músicas. Na hora de viajar, sua preferência é sempre pelo Nordeste devido às belas paisagens. Vaidosa, no limite, cuida do visual com massagens, tudo para ficar bem zen. Ainda sobra espaço na agenda para ser a anfitriã do tradicional Baile das Secretárias, que este ano chega a 12° edição. O evento reúne em um jantar todas as secretárias que trabalham no serviço público. Nomes como Sidney Magal, Jair Rodrigues, Wando e Gretchen já estiveram presentes, para a surpresa das convidadas, que só sabem quem vai ser o artista convidado quando ele sobe ao palco. “O clima é de suspense e a alegria toma conta da noite. Em 2010, fui homenageada no baile. Para mim, é uma honra promover esse encontro” declara. Como planos futuros, ainda pretende trabalhar muito nos bastidores do poder público.

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O melhor da agenda social e cultural de MS

« Bonito Let's Ride Não importa o destino, o importante é a jornada. Seguindo essa filosofia, o Rota 67 Harley- Davidson promoveu no dia de 10 de março, o passeio “Bonito Let’s ride”. O evento “Bate & Fica” contou com mais de 100 motociclistas e foi o primeiro no calendário de passeios da concessionária. Foram dois dias nos quais os amantes da marca e de estrada puderam se reunir e usufruir da atmosfera envolvente do Eco Resort Zagaia. Neste encontro também houve a nomeação do H.O.G. (Harley Owners Group), que é o maior e mais conhecido grupo de motociclistas do mundo.

« Empório Macallani No dia 23 de março o Empório Macallani foi inaugurado com mais de 200 convidados prestigiando suas delícias. O espaço oferece produtos essenciais para o dia a dia ao mesmo tempo em que fornece, com bom gosto, itens de qualidade diferenciados para agradar os mais exigentes paladares. Entre os produtos estão cestas de café da manhã, tábua de frios e pão de metro. Uma particularidade é o disque-entregas, que deixa tudo mais simples. Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 8h às 21h30. End.: Rua da Paz, 405, no Jardim dos Estados.

« Inauguração Noir, Le Lis Inaugurou-se, no dia 4 de abril, a nova marca masculina Noir, Le Lis no Shopping Campo Grande, uma loja que inova no conceito de luxo masculino no Brasil. Destinada para homens de perfil urbano contemporâneo, a Noir traduz referências do estilo clássico com informações atuais, em linhas de vestuário e acessórios que vão desde underwear, jeans, malharia e tricots até camisaria, smoking e objetos para casa e escritório. O cliente tem a comodidade de contar com um alfaiate sempre à sua disposição. Shopping Campo Grande, 2° Piso.

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e ve n t os NOITE CARIBENHA

Na noite do dia 24 de março, a Estância Havaí foi palco do aniversário do jornalista Jefferson de Almeida. A festa, com mote caribenho, contou com o Buffet Lá no Jardim e a decoração foi assinada por Arthur Jorge dos Santos Filho e Carla Barbosa, que usaram e abusaram das cores para entrar no clima temático. Para adoçar a noite os convidados se deliciaram com a bela mesa de doces de Andressa Sandri, também responsável pelo bolo do aniversariante e pelos bem vividos. A animação foi embalada pela Banda Elite e o Dj Calisto. Fotos Marcos Vollkopf 1

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1 Reni Domingos dos Santos com o aniversariante Jefferson de Almeida e Sônia Oliveira. 2 Joana Carvalho e Marcelo Oliveira. 3 Arthur Jorge e Carla. 4 João Deoni Silva e Geise Silva. 5 Cinthia, Jefferson e Arthur Vieira Jr. 6 Dagoberto e Verônica. 7 Fabiana Cunha , Etiene Garcia da Cunha e a Tatiana Cunha. 8 Alba e Cláudio Duailibi com Leila Dada, Suria e Mairá Mendonça.

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e ve n t os 6°Leilão de Artes

No dia 22 de março aconteceu a 6ª edição do Leilão de Artes, no Ondara Buffet. Realizado pela R.Import e apoiado pela revista Mood Life, o evento comercializou obras de arte de nomes conhecidos e respeitados internacionalmente, como: Romero Britto, Anita Mafaltti, Alfredo Volpi e Pablo Picasso. Jóias e tapetes persas também foram leiloados. 1 Dançarinas do ventre. 2 Dora e Grace Bello. 3 Volberto Migliavacca e André Passos. 4 Denison Garcia, Roberto Fernandes e Rodrigo Telles. 5 Glauco e esposa. 6 Régis Guimarães e Patrícia Guimarães. 7 João Collner e esposa. 8 Sr. Dupas e filha. Fotos Marcos Vollkopf

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O evento contou com o apoio de Dora 3CDM, Endo Car Honda, Light Iluminações, Braz Peli Boutique do couro, Marcos Vollkopf, SCA Ambientes planejados, Bahamas Apart Hotel, AraraTur Viagem e Turismo, Atalaia Móveis, Gráfica Alvorada, Diniz Ação em Marketing, Amapil Táxi Aéreo, Carandá Residences, Studio Centes Importados, Multi Imóveis MS, Centro-Oeste Lubrificantes, Ondara Buffet, Unique Home Theater, Califórnia Mudas, Milfers Cabeleireiros, Máxima Segurança e Zagaia Eco-Resort.

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Paula Gobbo Contraste de cores, sons e movimentos Por Thiago Andrade

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Foto Alexis Prappas

s movimentos da dança exaltam o mistério e a sensualidade que a cultura árabe carrega e, por vezes, são incompreendidos por quem está tão distante desse universo. Para Paula Gobbo Chaves o fascínio provocado por essa cultura foi tamanho que rapidamente ela partiu dos ensaios de alguns passos para a paixão completa pelos caminhos e cores do oriente. A bailarina é idealizadora do grupo Litani, no qual além de ensinar a dança, pode dividir com outros esses interesses em uma história que se desenrola desde 2006. Dançando desde o início da adolescência, Paula consolidou sua carreira com cursos de dança em Campo Grande, mas também fora daqui. Aulas em São Paulo, com profissionais da maior cidade brasileira e que conta com uma das maiores colônias árabes do País. Logo surgiu o convite para participar do grupo 1001 Noites, um dos mais renomados em danças folclóricas árabes. “Comecei a dançar com eles por meus contatos dentro da colônia árabe de São Paulo. Eu participava de um show e já começava a pensar na próxima viagem que faria para a cidade”, conta. A ansiedade se devia ao aprendizado que lhe era proporcionado por esses encontros, por suas aulas e os momentos passados por lá. Apesar de uma trajetória com grandes momentos de destaque – como, por exemplo, a criação do espetáculo “As cores do Oriente Médio”, que rende elogios até hoje – a idade é pouca. Paula tem 24 anos. À sua paixão pela dança juntou-se o amor por outra forma de arte, a arquitetura, na qual ela acabou se graduando. “Eu não saberia viver sem nenhuma delas. Dançar é minha vida, assim como a arquitetura vem se tornando desde que iniciei o curso”, aponta. Para ela, os dois campos se complementam. “Embora exista o lado exato, também há plasticidade

na hora de projetar e isso é pura arte”, completa. Em seis anos à frente do Litani, Paula aprendeu que para fazer aquilo que se quer é preciso se desdobrar. “Eu tive que me envolver com toda a parte burocrática, correr atrás de patrocínio, escrever projetos. Minha mãe acabou tornandose fundamental para tudo isso. Nossa casa se tornou o ponto de encontro do grupo”, pontua. O envolvimento também se deu de outras maneiras, pois até a língua árabe Paula passou a estudar. “Tudo se torna complemento”, afirma. Ainda sem muita certeza de como será o próximo trabalho da companhia de dança, Paula afirma que pretende trabalhar com referências que encontrou na obra do escritor Paulo Coelho. Um dos mais bem-sucedidos escritores brasileiros, ele tem uma relação muito forte com a cultura árabe, que foi tema de alguma de suas obras. “Li ‘O Alquimista’ e percebi que é um ótimo ponto de partida”, argumenta. Para a concepção de um novo espetáculo, Paula procura pesquisar ao máximo antes de partir para a criação das cenas, marcação no palco e afins. “Depois de definidas as músicas, temos que nos habituar aos ritmos e aos instrumentos. Tudo é interligado na dança árabe”, comenta. Sem nunca ter ido a qualquer dos países do Oriente Médio, Paula afirma que adoraria conhecer a Síria, o Líbano, entre outros. “É um projeto de vida, vou fazer isso assim que tiver uma chance”. Capaz de transformar Campo Grande em um pequeno pedaço das arábias apenas por meio da imaginação, o que ela não será capaz depois de ter visitado aqueles países que permanecem exóticos e enigmáticos para todos nós?

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Festival da América do Sul Arte nas fronteiras do coração do Brasil

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á dizia o poetinha que a vida é a arte do encontro. Se Vinícius de Moraes estava certo na canção “Samba da bênção”, Corumbá se tornará um lugar cheio de vitalidade entre os dias 26 e 30 deste mês, quando será realizado o 9º Festival América do Sul (FAS), promovido pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS). Música, artes plásticas, teatro e dança fazem parte da programação, que tem como principal objetivo celebrar a cultura produzida abaixo da linha do equador. Moska e Kevin Johansen, Margareth Menezes, Skank, Perla & Renato Borghetti, Sambô e Milton Nascimento serão as grandes atrações da festa, com shows no Palco das Américas, mas são apenas parte do que a programação oferece ao público. Segundo o presidente da FCMS, Américo Calheiros, o festival é um momento de refletir sobre as culturas e os pontos de convergência existentes entre os países que tem em Mato Grosso do Sul um ponto de encontro. “É uma reflexão que nasce nas artes e se espalha por todos os espaços da cidade. Durante os quatro dias de festival, Corumbá fervilha como nunca”, acredita. Exposições de artes plásticas e artesanato – que contará com uma mostra internacional com representantes de nove países

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da América do Sul – cinema, debates e palestras, entre outras formas de expressão cultural terão palco na cidade. Há nove anos, cerca de 850 mil pessoas já passaram pelas ruas da capital pantaneira em razão do festival, que embora não conte com grandes novidades, é o maior do Estado. Corumbá fica na região noroeste do Estado, fazendo fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Cidade portuária, localizada à margem esquerda do Rio Paraguai, abriga 60% da região pantaneira, e teve importância ímpar para o desenvolvimento do País entre o final do século XIX e meados de 1900. O clima boêmio da cidade vem de longa data, desde que era ligada ao Rio de Janeiro pelo acesso fluvial. Não é a toa que a seleção de atrações costuma privilegiar tudo aquilo que oferece o gingado necessário para que a festa não tenha intervalo. Além da programação oficial, o Festival América do Sul também conta com festas alternativas, que animam ainda mais Corumbá. Apesar dos 420 quilômetros que separam a cidade da Capital, vale a pena cair na estrada para mergulhar no vasto e rico universo da cultura sul-americana.


Vale a pena ver Música

Dança

O brasileiro Paulinho Moska e o americano radicado em Buenos Aires, Kevin Johansen, dividem o palco apresentando um espetáculo que traz o melhor de ambos os repertórios. Com quatro discos no currículo, o músico argentino é uma das grandes apostas da música moderna do País, assim como o carioca se enquadra no criativo revival da música popular brasileira.

“Escenas flamencas” Do tradicional ao moderno, o caminho é feito por meio da dança flamenca com tudo aquilo que ela oferece, das castanholas aos leques ou sapateado. Três músicos se apresentam ao vivo criando a trilha perfeita para que os quatro bailarinos da companhia paulistana Raies Dança Teatro demonstrem a força, a beleza e a sensibilidade desta tradicional expressão artística.

Artes Plásticas

Cerca de 25 artistas de países como Brasil, Argentina, Chile, Perú, entre outros, propõem suas interpretações para "A mão da América"

Um brasileiro que se inspirou no trabalho de um uruguaio. Esse é o ponto de partida da exposição “A mão da América”, que nasce do diálogo entre Oscar Niemeyer – com sua escultura homônima, localizada em São Paulo – e o escritor Eduardo Galeano, autor de “As veias abertas da América Latina”. Cerca de 25 artistas de países como Brasil, Argentina, Chile, Perú, entre outros, propõem suas interpretações para essa relação que marca os laços sul-americanos. Quando e onde? A partir do dia 26 (quintafeira), com abertura às 20h, no Centro de Convenções do Pantanal de Corumbá Miguel Gómez.

Quando e onde? Dia 27 (Sexta-feira), às 19h, no Palco Pantanal.

Música Milton Nascimento é uma daquelas figuras míticas da música popular brasileira e sua apresentação no Festival América do Sul é uma oportunidade única para conferir o trabalho deste grande artista, que conta com quatro prêmios Grammy, além de homenagens e turnês de sucesso em todo o mundo. O músico, que desde 1967 vem participando da cena musical nacional, será o responsável pelo encerramento desta edição do festival. Quando e onde? Dia 30 (segunda-feira), às 22h, no Palco das Américas.

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Textos THIAGO ANDRANDE / fotos divulgação

Quando e onde? Dia 27 (sexta-feira), às 21h, no Palco das Américas.


Narrando vidas “Nós precisamos das histórias não apenas nas formas pretensiosas a que chamamos literatura, mas precisamos delas para criar sentido em nossas vidas através de uma narrativa” Por Maria Adélia Menegazzo*

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ecebi, por esses dias, um texto de um ex-campograndense: Wilson Bentos. Fala sobre literatura e observa que ela é um momento único na representação das coisas da vida: “Nós precisamos das histórias não apenas nas formas pretensiosas a que chamamos literatura, mas precisamos delas em cada esforço que fazemos para criar sentido em nossas vidas através de uma narrativa”. Concordo e digo que, além disso, o sentido que construímos é plural. Quem pode ignorar as artimanhas de Sherazade para nos tornar eterna(o) s, para prolongar nossas vidas em mil e uma noites? E faz isto acrescentando só mais “uma” história dentre as mil. A partir daí, fiquei pensando na capacidade de a arte narrar a vida. Penso em filmes que vi recentemente e em livros que li a vida toda. Por exemplo, A árvore da vida, filme escrito e dirigido por Terrence Malick (2010), e Vidas secas, clássico da literatura brasileira, de Graciliano Ramos (1938). O leitor pode estranhar esta leitura enviesada. Como considerar a distância temporal? Acredito cada vez mais na afirmação de que todas as histórias já foram contadas, e é neste sentido que insisto em que elas são sempre banais, são histórias ordinárias. Mas como são contadas? Aí mora a diferença. Pode ser que alguns leitores se lembrem de Vidas secas como o livro que leram, por obrigação, no colégio, o que os fez perder o que temos de melhor na literatura brasileira e o que poderia ser reconhecido na literatura contemporânea. Não se enganem os leitores de literatura, o que um livro conta é sempre resultado dos livros que foram lidos pelo autor que está em suas mãos. Vale a pena falar de Graciliano Ramos hoje? Tanto quanto falar de Bernardo Carvalho, Chico Buarque e Milton Hatoum, para ficarmos em poucos exemplos da nossa literatura atual. O que teriam em comum? A resposta está no personagem de Angústia, do mesmo Graciliano: “Quando a realidade me entra pelos olhos, o meu pequeno mundo desaba.” Daí a opção pelo que não se vê a não ser com os olhos da alma. Mas Graciliano, como também seus seguidores, não é um autor trágico, dramático. Ele é distante e, no dizer de Álvaro Lins, contempla a miséria humana de seus personagens

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sem lhes conceder a mínima piedade. É isso que podemos ler também em Mongólia, Leite derramado e Dois irmãos (respectivamente dos autores acima mencionados). Em Vidas secas, apenas Sinha Vitória sonha. É sua sina. Um sonho pouco – ter uma cama de varas e couro como a do seu Tomás da bolandeira. Fabiano, o pai, é o provedor que perdeu a capacidade de desejar algo além da vida comum. E os meninos, o filho mais velho e o filho mais novo, têm admiração e medo do pai, além da vontade de ser como ele. Baleia, a cachorra, é a única que pode expandir visões e sentimentos. O filme A árvore da vida também é uma tentativa de narrar a história de uma família comum. O embate, no meu ponto de vista, fica novamente entre a possibilidade de permear a realidade com o sonho de cada um. O pai deixou o sonho de ser músico para ser um funcionário exemplar e respeitado. Em casa, oscila entre a delicadeza e a brutalidade, que ele mascara como rigidez de caráter. Todos se ressentem. Daí a sensação de liberdade e de felicidade que se manifesta na sua ausência. Os sonhos da mãe e dos filhos, a magia das histórias contadas, são regados nos banhos de mangueira no jardim (embora o pai participe deles algumas vezes) e traduzem o desejo de libertação. A questão está posta desde a origem do universo e de cada um. Ainda que resvale na representação literal desta origem, o filme é uma lição de retórica da descontinuidade: é lento, impõe um ritmo diferenciado, uma cadência difícil para se chegar a um sentido final na fragilidade das suas personagens. Em tempo, vale a pena voltar a Vidas secas concentrando o olhar na cachorrinha Baleia e aproveitar a presença da exposição de Alberto Giacometti, até 17/06, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Para Sartre, as figurinhas de Giacometti são solitárias, mas juntas, nesta solidão, formam uma pequena e mágica sociedade.E servem para pensar o sentido de humanidade de cada um. Como o filme. Como o livro. *Maria Adélia Menegazzo é Doutora em Teoria Literária com Pósdoutorado em Artes Plásticas, membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte e da Academia Sul-Mato-grossense de Letras



Por Thiago Andrade

Cinema

Música

Literatura

Aventura nostálgica

Poesia desencantada

Não eu, e você?

Jovens em bicicletas, brincadeiras inocentes e paixões juvenis se tornaram a fórmula de sucesso do cinema para adolescentes nos anos 1980. O diretor J. J. Abrams – de “Cloverfield” e da série “Lost” – decidiu que estava na hora de recuperar essas referências e dirigiu “Super 8”, com produção de Steven Spielberg, o mestre do gênero. Assim, surgiu um longametragem sobre um grupo de seis amigos que decidem fazer um filme no formato do título e, por acaso, são testemunhas de um acidente de trem. A partir disso, se veem no centro de uma grande conspiração governamental envolvendo alienígenas. Se você procura cinema para se entreter com inteligência, divirtase com esse filme assinado por um dos mais interessantes diretores contemporâneos.

Trabalho, relacionamentos, solidão, a correria dos dias, enfim, a vida. Tudo isso se reflete no primeiro trabalho solo do carioca Cícero, “Canções de Apartamento”. Lançado virtualmente em junho do ano passado, o trabalho ganhará versão física, com distribuição pela Deck Disc, a partir de maio. Talvez uma das grandes surpresas do ano, o cantor tornou-se querido do público por lidar com temas intrínsecos aos primeiros passos pela vida adulta. As inseguranças se transformam em melancolia, em versos fortemente carregados de lirismo. “Ainda não fazem pessoas que enxuguem suas próprias mágoas”, canta ele em “João e o Pé de Feijão”. Um disco para dias frios e noites insones, mas que vale cada segundo.

Samuel Beckett é um dos maiores alicerces da literatura mundial, fato. As maneiras que encontrou para desconstruir as narrativas e reduzir o cotidiano de seus personagens à ineficácia da ação e às buscas por sentidos transformaram suas obras em verdadeiros diagnósticos da vida contemporânea. Por esse motivo, “Companhia & Outros Textos”, publicado pela editora Globo, é uma leitura fundamental. Além da novela homônima, estão presentes outros cinco trabalhos, os quais são reunidos, pela primeira vez, em edição nacional. O trabalho é válido por permitir ao público brasileiro uma aproximação maior ao trabalho deste escritor irlandês, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura.

Sem preço definido, mas disponível para download gratuito em www.cicero.net.br

Por R$ 24,40 no site da editora Globo (www.globolivros.com.br)

Por R$ 39,90 na loja virtual da Livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br)

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Cem anos do queijo mais famoso do Brasil Catupiry fez cem anos e, apesar de algumas combinações desastrosas, mantém a vitalidade na composição de pratos inusitados Por Alexandre Furquim

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queijo mais famoso do Brasil completou cem anos de existência. Um queijo que nunca fez propaganda, cresceu só no boca a boca. O queijo Catupiry traz em seu histórico combinações desastrosas, como a pizza de frango com catupiry e o sushi; e vários acertos, como o camarão e goiabada. Difundido nas cozinhas de todo o país, ele é usado até no Mc Donald’s e ainda em criações de receitas inusitadas como bacalhau com catupiry e chouriço. O Catupiry foi criado em Minas Gerais pelo italiano Mario Silvestrini, o nome quer dizer “excelente” em tupi e a sua formula é mantida em segredo, mas ele nada mais é do que um requeijão, a combinação de creme de leite e massa coalhada. A consistência diferente vem do tempo de fermentação, quanto mais curado, mais duro fica. O queijo ganhou força nos anos de 1970, quando passou a ser empregado nas pizzarias de São Paulo e hoje é usado da alta gastronomia à padaria da esquina, mantendo a sua boa reputação. Foi o vendedor Armando Alba, o responsável pela febre da cobertura de Catupiry nas pizzas. Na década de 70, na tentativa de aumentar as vendas, ele começou a distribuir de graça o produto em pizzarias em São Paulo. Ele sempre deixava uma caixa com um cartão. Algumas pizzarias toparam experimentar, os clientes gostaram e a fábrica começou a receber cada vez mais pedidos.

*Formado em Marketing e Gastronomia, Alexandre Furquim atua no ramo de restaurantes

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O título de par perfeito é da goiabada, mas muitos outros acertos já viraram clássicos, como escondidinho de carne seca, camarão na moranga, pratos gratinados e coxinha de frango. Para os chefs, a pior combinação é a pizza de frango, embora muita gente aprecie, algumas pizzarias ainda se recusam colocá-la no cardápio dizendo que é um pecado ir contra a tradição italiana. Quem compra requeijão cremoso encontra outras marcas, como Batavo e Danúbio, mas muita gente ainda gosta da tradicional caixinha de madeira – que pode ser encontrada na própria loja da Catupiry, no Bom Retiro em São Paulo. Hoje, a produção é feita em Governador Valadares (MG) e o processo de fabricação é o mesmo de cem anos atrás. O gosto salgado cortado por uma ponta ácida e a cremosidade impecável de requeijão fazem dele um pequeno orgulho brasileiro, que virou coadjuvante de receitas com frango defumado, calabresa acebolada e tudo mais que um pizzaiolo ou um chef de cozinha resolva montar. O que importa é criar receitas com o Catupiry para que seu sabor seja realçado como merece, agregando notas relevantes ao prato e não aquele grude pastoso que resulta no seu excesso.


Desvendando o rótulo

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Por Douglas Mamoré Jr

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vinho guarda em sua história uma riqueza tão impressionante de detalhes e tradições que ao longo do tempo incutiram no imaginário popular o conceito de que é uma bebida complicada e difícil de entender, causando assim situações que mesmo a informação mais simples cria uma barreira mental que confunde muita gente. A verdade é que quando você se propõe a puxar o véu dos “mistérios” que envolvem o vinho, dedicando algum tempo de estudo, percebe que seu medo é injustificado, fruto apenas do desconhecimento. Um destes véus são os rótulos (etiqueta) onde o produtor identifica o seu produto, um mínimo de entendimento das informações contidas nos rótulos, pode esclarecer várias dúvidas sobre o vinho que você pretende degustar. A princípio os produtores do “velho mundo” usavam nos rótulos apenas o nome da região onde o vinho era produzido como Champagne, Bordeaux, Borgonha, Sancerre e muitas outras, era preciso associar e conhecer as castas predominantes em cada região para entender que tipo de uva havia sido utilizada para a produção de determinado vinho. Os norte americanos introduziram a “moda” de colocar o nome da uva no rótulo, mas foi com Robert Mondavi* lá pelas décadas de 1960 e 1970 que a moda de rotular os vinhos com a denominação varietal deslanchou e virou referência para os vinhos do novo mundo. Vale ressaltar que isso vem influenciando produtores europeus de regiões clássicas a seguirem pelo mesmo caminho devido a exigências dos consumidores por mais informações. Algumas destas informações contidas nos rótulos são obrigatórias e exigidas por lei no país onde o vinho é produzido ou comercializado, outras são fornecidas voluntariamente pelo produtor, mas todas objetivam informar e esclarecer sobre o produto. Como o assunto é extenso usaremos um infográfico para facilitar a leitura de um rótulo neozelandês você verá que não é nada complicado é preciso apenas um pouco de atenção. Hoje existem rótulos em Braile que fornecem informações imprescindíveis as pessoas com deficiência visual, muito bons produtores já aderiram a esses tipos de rótulos. Uma dica para os entusiastas do vinho que gostam de manter um registro dos melhores vinhos degustados é a prática de remover os rótulos das garrafas e guardá-las como coleções em simples cadernos ou álbuns feitos especialmente para eternizar os melhores momentos vividos em companhia de bons vinhos. Há métodos de remoção de rótulos sem danificá-lo para que você possa ter emoldurado um tesouro de memórias. Saúde! *Desde 2005, o enófilo Douglas Mamoré Jr. dedica-se exclusivamente ao universo dos vinhos. Seu e-mail é douglas@mistral.com.br

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Salis Prosecco di Valdobbiadene Dry Bisol - Vêneto/Itália Salis é um Prosecco de produção limitada, elaborado com uvas colhidas tardiamente de vinhedos plantados em solos de origem marinha. Combina um frutado intenso e cativante com uma notável mineralidade. Bisol elabora o Salis em um estilo mais delicado e menos seco, sendo perfeito como aperitivo ou para acompanhar entradas com um toque a mais de sal.

Wine Advocate: 91 pontos (safra 08)

Catena Chardonnay 2009 - Catena Zapata/ Argentina Catena Chardonnay é uma das grandes referências para brancos maturados em barricas de carvalho produzidos na América do Sul, mostrando muita concentração e finesse. Sempre recebe ótimas notas da imprensa especializada, tendo sido chamado de "delicioso" pela revista Wine Spectator. Um excelente branco com um bouquet cativante de frutas brancas e nota mineral. Na boca é macio e pleno, com frutas maduras, mel, baunilha e um agradável e sutil toque tostado.

Você encontra estes deliciosos vinhos nos restaurantes Benedetto em Dourados ou no Hotel Zagaia em Bonito.

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UD dicas para incrementar sua cozinha

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1. Digno não só de beatlemaníacos, o Tea Submarine é um infusor de chá moderninho, criado a partir do submarino amarelo que ganhou fama estampando a capa de um dos discos da banda britânica. Feito de silicone, basta colocar a erva dentro da peça e mergulhar na caneca. US$ 14 no site www.monkeybusiness.co.il

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2. Feitos de acrílico, o pimenteiro e o saleiro colorido são da marca americana Olde Thompson, famosa por desenvolver moedores desse tipo, além de outros utensílios de cozinha. As peças dão um ar moderno e descontraído na hora das refeições, e combinam com qualquer estilo de decoração no ambiente. US$ 19,99 no site www.amazon.com 3. Para deixar sua bebida gelada e mais instigante, use a forma de gelo de silicone O Grito de Much - Ice Screams. O formato da careta, que marca a pintura do norueguês Edvard Munch, também pode aderir gelatina, chocolate e o que mais sua imaginação mandar. Por R$ 45,99 no site www.hmmm.com.br 4. O medidor da quantidade de ingredientes vem integrado à colher para misturar a receita, o que proporciona mais praticidade na hora de cozinhar. A concha do utensílio apresenta linhas que dividem as proporções. Por US$ 8,99 no site www.quirky.com

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5. A cafeteira New French Press, da tradicional marca italiana Bialetti, foi lançada recentemente pela Imeltron, na 24ª edição da feira Abup Show. Com design clean e elegância, ela é de simples operação. A água e o café – moído grosso – devem ser misturados em infusão. R$ 157 no site www.mdragonetti.com.br

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Texto Cidiana Pellegrin e júlia de miranda / fotos Divulgação

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6. Com o Airfryer da Philips Walita, é possível preparar batatas fritas e outros petiscos sem usar óleo nem fazer sujeira na cozinha. A máquina prepara alimentos por convecção, um método de circulação de ar muito quente, em altíssima velocidade. O prato fica pronto entre 12 e 15 minutos. R$ 1.199 no site www.polishop.com.br



Etiqueta na adolescência Pequenas dicas para controlar o temperamento explosivo, típico da idade Por Adriana Estivalet

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temperamento dos adolescentes fica bastante difícil devido ao aparecimento dos hormônios que mudam o seu comportamento. Muitas vezes, os pais lutam para que tenham bons modos, mas as atitudes rudes e contestatórias são mais constantes. É necessária uma boa dose de paciência, muita conversa e disciplina para convencê-los a ter determinados comportamentos diante da vida e de suas atividades. E, com certeza ele (a) será visto (a) como um espelho de seus pais. Há diversas situações nas quais se percebe a educação de um adolescente, mas vou pautar aqui algumas que merecem atenção: como conhecer os pais do (a) namorado (a), dormir na casa de uma (um) amiga (o) e ir ao cinema. São situações que exigem muita educação e uma boa dose de bom senso. Conhecendo a família do (a) namorado (a): Em primeiro lugar, cumprimentar os "sogros" não faz mal a ninguém. Vejo muitos adolescentes que entram na casa dos amigos e nem cumprimentam os pais. É preciso que eles entendam que uma boa primeira impressão é fundamental e que, quando isso não acontece, o filme queima mesmo. Fica difícil um pai ou uma mãe aprovar um namoro com um (a) garoto (a) que nem sabe falar um “bom dia” decentemente. Um "com licença" antes de entrar na casa também vai muito bem. Uma aparência mais “arrumadinha” pode fazer milagres para uma primeira impressão. Não precisa exagerar, mas um banho tomado, um perfuminho leve e cabelos arrumados ajudam. As meninas devem ficar atentas ao visual: nada de look sexy ou maquiagem carregada demais. Levar um “mimo”, como um vaso de flores ou docinhos para a “sogra”, conta pontos positivos em um primeiro contato. O namorado, principalmente nos primeiros encontros, busca a garota à porta – quando cumprimentará seus pais –, e a acompanha até o carro, adiantando-se para abrir a porta para que ela entre e se acomode. Nada de ficar buzinando para que ela venha. Na hora de levá-la de volta, a mesma coisa: espere que ela entre em casa.

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Dormindo na casa da (o) amiga (o): Antes de tudo, sempre verifique se os pais estão de acordo com o convite do amigo. Vale perguntar: ‘A fulana me convidou para dormir em sua casa. Tudo bem para a senhora?”. Obviamente, a mãe vai permitir, mas só esta atenção já pega bem. O convidado deve se portar muito bem, procurando seguir a rotina da casa: comer na hora em que a família for comer, não levantar de madrugada para um lanchinho atacando a geladeira, não invadir os cômodos que não sejam de uso comum do amigo, ou para o qual você não foi convidado a entrar, ajudar a mãe a tirar a mesa ou outra coisa, se for necessário, não levar horas tomando banho ou ocupando um banheiro que mais gente tem de usar... Enfim, incomodar o menos possível, sendo um hóspede quase invisível. Cuidado pra não se mudar de mala e cuia pra lá. Aceitar esse tipo de convite a toda hora não é uma boa.Pode incomodar a privacidade dos donos da casa. Assistindo a um filme no cinema: Assim como todo mundo deve fazer, desligar o celular é uma atitude civilizada. Falar baixo para não atrapalhar os espectadores, assim como evitar conversas e risadinhas. Antes de entrar na sala de exibição, já combine ao lado de quem irá se sentar, evite ficar se levantando e trocando de lugar. Inclinarse sobre a cadeira da frente para falar com a amiga tira a visão da tela para os espectadores que estão atrás. São coisas básicas que todo adolescente deve estar atento, apesar de toda a “eletricidade” da idade. São comportamentos que vão levar para toda vida.

*Adriana Estivalet é consultora de estilo e imagem. Seu e-mail é adriana@adrianaestivalet.com.br



Tranquilidade Ă beira mar No Caribe, W Retreat & Spa contempla requinte e serenidade Ă s belezas naturais da Ilha de Vieques

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om apenas 55 km², Vieques é a menor das três ilhas que formam o arquipélago das Ilhas Virgens Espanholas, no Caribe. O local foi base naval do exército norte-americano durante 60 anos, mas hoje se conserva como vila de pescadores, um paraíso pouco conhecido por turistas. Harmonizando com o clima rústico e calmo da localidade, o hotel W Retreat & Spa foi inaugurado há quase dois anos. O projeto arquitetônico do empreendimento é original, curioso e preserva espontaneidade de objetos artesanais, convivendo com elementos contemporâneos. A responsável pelo trabalho é a arquiteta e designer espanhola Patricia Urquiola, muito premiada e requisitada internacionalmente. Para se ter uma ideia, de seu escritório saem alguns dos lançamentos mais esperados no Salão do Móvel de Milão. O hotel 5 estrelas marca um estilo de vida requintado e garante experiências exclusivas, que vão de aulas de ioga à beira da praia até o serviço de jato particular de Porto Rico. Uma abundância de comodidades e atividades é oferecida a aventureiros e viajantes que apenas procuram sossego. A gastronomia é outro item que não deixa a desejar. O local possui um restaurante na praia idealizado pelo chef Alain Ducasse, que já recebeu 18 estrelas do prestigiado guia Michelin. Da cozinha saem pratos repletos de sabores do litoral caribenho, com pitadas da culinária francesa.

Momentos de integração e informalidade também são reservados ao living. A grande sala é perfeita para se divertir, beber e saborear aperitivos durante um bate-papo, ou partidas em jogos de tabuleiro disponibilizados pelo hotel. O menu de cocktails e serviço de bar também se estende ao terraço do ambiente, onde é possivel se aconchegar ao redor de uma fogueira, por exemplo. Boa música é sempre garantida por um DJ 107


O hotel ainda tem piscinas, campo de tênis e um spa com serviço completo para promover relaxamento e revitalização aos hóspedes. Com mais de 6.000 m², o espaço é matriz para exercícios físicos, cuidados com a beleza e tratamentos holísticos. Rodeado por jardins tropicais, ainda possibilita a contemplação do mar e sensação de bem-estar em meio à natureza

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Além de aproveitarem a hospedagem de luxo, os visitantes podem explorar as maravilhas naturais, participando de atividades como passeios de bicicleta, mergulho e pesca em alto mar, canoagem noturna e cavalgadas ao longo da costa oceânica. Os interessados pela cultura local podem conhecer o forte de Conde de Mirasol, restaurado e transformado no Museu de Arte e História Viequense


Texto cidiana pellegrin / fotos divulgação

A atmosfera intimista, de descontração e aconchego toma conta dos 157 quartos do hotel, distribuídos em edifícios de três andares e casas exclusivas. Amplos– as acomodações variam entre 56m² e 144 m² - todos têm vista para o oceano cristalino e contemplam a natureza exuberante. A decoração dos cômodos é elegante e diferente, formada por patchwork, corda, linha, palha e madeira reciclada mesclada com toques de cor. Grande parte dos móveis é assinada pela designer, que procurou destacar formas geométricas em vários pontos e objetos

Serviço Tel.: 787.741.4100 www.wvieques.com

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Pode vir quente que eu estou fervendo Os arianos são impacientes e ansiosos, querem sempre o primeiro lugar Por Thereza Christina Silva*

Áries é regido por Marte, elemento fogo. É o primeiro signo do zodíaco, o que começa tudo, é o início. A pressa é uma característica bem peculiar nos arianos. É a turma do “é pra já”, “eu quero agora”. Os arianos são impacientes e ansiosos, querem sempre o primeiro lugar, afinal de contas, começar é sua praia, mas nunca terminam nada. Aliás, eles sempre serão os pioneiros, mas continuidade já é mais com Touro. As partes do corpo que Áries rege são a cabeça, nariz, rosto e sistema cérebro-espinhal. Então, os nativos deste signo são sempre os que, literalmente, dão a cara a bater. O ariano se coloca, o nariz vai à frente, ele adora meter o bedelho onde não é chamado, fala sem pensar, porque, quando ele viu, já foi. Arruma encrenca com facilidade e tem um estilo do tipo “Eu me basto”. É uma eterna criança, faz birra porque não costuma enxergar o outro, só vê o seu umbigo. Quem tem essa percepção do outro é o seu signo oposto, Libra. É, sim, um pouco egoísta, mas não é egocêntrico: para ele, é cada um por si. E se ele dá conta, por que o outro não haveria de dar? O ariano é singular, odeia essa coisa de fazer tudo juntinho, igualzinho, ele gosta mesmo é de fazer as coisas do jeito dele, e sempre acaba fazendo tudo sozinho. Adora uma briga, bastou uma faísca e já sai falando o que pensa, porque seu regente, Marte, na mitologia romana, é o deus da guerra. Os arianos são inflamados, querem resolver tudo na hora, se possível, para ontem. Costumam ser agressivos, mas, depois de falarem tudo ou de terem descarregado a raiva, acabou. Justiça seja feita, se tem um signo que não guarda mágoa, é Áries, porque as pessoas deste signo costumam resolver tudo logo, eles vomitam o que está engasgado, e pronto, acabou.

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Não gostam de jogo, estratégia é coisa de Capricórnio. Para eles, é assim: “eu quero”, “eu faço”. E, mesmo estando errados, costumam seguir em frente, só param quando dão com a cara no muro. Essa característica é porque o ariano se reinventa rapidinho. Não deu certo, começa de novo, como se fosse a primeira vez. É impulsivo, deu vontade, já era. E se tem uma coisa que não falta a ele é coragem e disposição, costuma ser ótimo nos esportes, é vigoroso e muito conquistador. Com ele é “It’s now or never”, o único problema é que, depois, ele enjoa, e aí surge o lado infantil, não quer mais. Portanto, se você quer conquistar um (a) ariano (a) ou convive com um (a), torne-se um desafio constante e nada de rotina: esse fogo precisa ser consumido, senão queima você!

Dedico este texto a arianas maravilhosas: Adriana Mantarro, Rita Soares, Márcia Camargo Cenze, Fabiana Domingos e, claro, eu, Thereza Christina, que tenho o ascendente em Áries e vivo quebrando a cara, mas sempre estou inteira.

*Thereza Christina Silva é jornalista, astróloga, taróloga e professora. E-mail: tecaemaju@hotmail.com Twitter: Teca_Astro Facebook: facebook.com/Tecaemaju


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O ESSENCIAL PODE SER INCOMPARÁVEL.

Incomparável é não ter limites. É criar livremente. É deixar tudo com o seu estilo. Incomparável é ter mais de 45.000 possibilidades de personalização em nossas cozinhas e dormitórios e compreender que isso ainda pode não ser suficiente. Por isso, desafie-nos. Permita-se viver de forma incomparável, com a Formaplas.

Campo Grande - Av. Fernando Corrêa da Costa, 1094 - Centro - (67) 3382 7096 - crg@formaplas - formaplas.com.br

Porto Alegre - Florianópolis - Balneário Camboriú - Curitiba - Londrina - Maringá - São Paulo - Campinas - Santos 112 MOOD Piracicaba - Rio de Janeiro - Brasília - Salvador - Fortaleza


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