Centro comunitário das Fontaínhas - 07.2021

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Centro C omunitário das Fontaínhas

Atelier de Projeto IA | Docente: José Fernando Gonçalves Discente: Ana Morena Pinho | Darq - UC | 2020.21



Centro C omunitário das Fontaínhas

O SEGUINTE BOOKLET apresenta uma proposta para um centro comunitário na região das Fontaínhas, no Porto, e está enquadrado no Atelier de Projeto IA. O tema deste Atelier desafia os alunos a refletirem sobre como a arquitetura pode contribuir para a integração social de grupos marginalizados e pessoas “sem lugar”, como refugiados.



SUMÁRIO FASE 1: PROPOSTA EM GRUPO 6 Fontaínhas e sua problemática 6

FASE 2: PROPOSTA INDIVIDUAL 12 Local de implantação 14 Antigo Asilo da mendicidade: contexto histórico 16 Conceito da intervenção 20 Programa mínimo 22 Processo 32

CENTRO COMUNITÁRIO 34


Fase 1:

p r o p o s ta e m g r u p o

F o n ta í n h a s

e s u a p r o b l e m át i c a

A REGIÃO DAS FONTAÍNHAS, no Porto, é uma área próxima do centro de identidade, majoritariamente residencial, e famosa por sua vista de Gaia e do Rio Douro. Entretanto, devido a sua história, características físicas e evolução urbana, ela teve muitas vezes um desenvolvimento secundário em relação ao resto da cidade. A característica escarpa íngreme das Fontaínhas que desemboca no Douro se mostrou como uma barreira durante os primeiros assentamentos no local, o que consequentemente fez com que a região estivesse “fora de muros” até o século XVIII. Seu caráter periférico fez com que ela fosse uma área interessante para à implantação de equipamentos “indesejáveis”, como o matadouro público e o cemitério. Posteriormente, com a exponencial industrialização do Porto, Fontaínhas atraiu muitas pequenas 6


Fonte: Google Earth

Centro de Identidade do Porto

Fontaínhas

indústrias, o que trouxe um grande contingente de proletários em busca de moradia para a zona. Nesta situação, os proprietários de habitações burguesas na região começaram a parcelar seus logradouros e os vender por uma baixa renda, criando pequenos aglomerados de habitações que ficaram conhecidos como ilhas. Tais aglomerados foram rapidamente considerados insalubres e perigosos pela câmara, que iniciou lá um processo de higienização e, com isso, estigmatização da área. Hoje, mesmo estando perto do centro do Porto, a área tem poucas conexões com o resto da cidade, sendo quase um “fim da malha urbana”, e os famosos eventos que lá aconteciam até recentemente, como as Festas de São João e a Feira de Vandoma, foram realocados para outras partes do Porto. 7


Escarpa das Fontaínhas, 2020. Fonte: foto tirada pelo aluno Frederico Ribeiro.

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3 1

Planta síntese SWOT + Lynch. Fonte: elaborada pelo grupo.

GSEducationalVersion GSPublisherVersion 25.12.92.100

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A partir desta breve contextualização histórica, é possível notar como a região das Fontaínhas permaneceu desconectada do resto da cidade, seja por falta de acessos pedonais, de transporte público ou de equipamentos culturais e comerciais. Tendo isso em vista, durante o primeiro semestre do ano letivo de 2020/2021 foi elaborada uma proposta em grupo com o objetivo de revitalizar as Fontaínhas, e reconectá-la com o centro, com o rio e com ela mesma. Para tal, foram realizadas análises da imagem da região — com base nos conceitos colocados por Lynch em seu livro A imagem da cidade — e SWOT, que estão sintetizadas na planta ao lado. Nesta análise foram identificados três nós principais nas Fontaínhas: a área do Antigo Asilo da mendicidade e Alameda das Fontaínhas, identificada como nó 1; a Praça da Alegria, identificada como nó 2; e o largo do Padre Baltazar Guedes, identificado como nó 3. Estas áreas foram caracterizadas como nós por serem pontos de encontro de vias de pessoas, e junto com os caminhos que as conectam formam a espinha dorsal das Fontaínhas. Dentre esses, o nó 2 foi marcado como uma força, por ser uma praça já bem consolidada e utilizada na região. Os nós 1 e 3, por sua vez, foram identificados como oportunidades, assim como a escarpa, por serem áreas muito importantes e com imenso potencial, e atualmente subutilizadas. Nós Limites Oportunidades Marcos territoriais Forças Distritos 9


Para a execução do plano de reconexão das Fontaínhas, o grupo desenvolveu estratégias, que foram posteriormente implementadas a partir de intervenções no espaço urbano. Através da criação de novas conexões ou da retomada de conexões que já existiram, o plano pretendeu dar mais visibilidade a áreas importantes da região — nomeadamente os nós — e desenvolver o uso consciente dos vazios urbanos existentes. Além disso, foram criados novos meios pedonais e mecânicos para vencer a diferença de cotas da escarpa,

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15.

10

Parque público Centro cívico | CNAIM Alojamento temporário Pequenas estações de trem Lavadouro Conexões mecânicas Caminhos pedonais “Pocket parks” Rua de uso compartilhado Habitação oletiva Serviços ou comércio Mercado Praça Ponte D. Maria Pia Praça da Alegria


aproximando a população ao rio. Por fim, com a criação de uma rede interna de comércio e serviços, a proposta pretende retomar o sentimento de união da comunidade existente, e gerar renda para sustentar os moradores e, possivelmente, futuras intervenções. O desenvolvimento do plano gerou a planta síntese da proposta, que pode ser vista a seguir, e serviu como ponto de partida para as intervenções individuais.

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Fase 2:

p r o p o s ta i n d i v i d u a l

O TRABALHO INDIVIDUAL proposto pelo Atelier IA consiste na elaboração de um novo equipamento que se integre na proposta de revitalização urbana, e que colabore com a integração social de grupos marginalizados. As três opções de programas a serem desenvolvidos foram albergue noturno, banhos públicos ou centro comunitário, das quais o último foi escolhido. A área de implantação escolhida foi o nó 1, determinada no trabalho em grupo, na qual também foi implementada uma nova sede do Centro Nacional de Apoio a Integração de Migrantes (CNAIM). A escolha do programa surge do desejo de criar um espaço democrático, inclusivo e acolhedor, que consiga dar suporte a seus usuários e gerar interações entre diferentes grupos. Centros comunitários já são normalmente criados com estes propósitos, sendo por iniciativas privadas ou públicas, e são naturalmente pilares de suporte em uma comunidade. Visando dar apoio tanto para refugiados em processo de adaptação em um novo país, quanto para a comunidade local que recentemente perdeu parte do seus eventos característicos, como a Feira de Vandoma e as Festas de São João, o centro será um mosaico cultural, que corresponde à união harmoniosa de diferentes culturas em um mesmo contexto. O novo equipamento terá programas educacionais, desportivos, culturais e de lazer, e será aberto a todos os públicos. 12


cENTRO C OMUNITÁRIO

MOSAIC O CULTURAL 13


Local

d e i m p l a n ta ç ã o

O local de implantação escolhido para o centro comunitário das Fontaínhas foi o nó 1, e mais especificamente o Antigo Asilo da mendicidade. Esta é uma área com muita visibilidade por estar próxima da Alameda das Fontaínhas e da Ponte do Infante, e por ter uma relação direta com a Praça da Batalha, sendo assim uma porta de entrada para as Fontaínhas.

Conexão com a Praça da Batalha

Ponte do Infante

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O Antigo Asilo, por sua vez, foi escolhido por ser um grande edifício com enorme impacto no espaço urbano e na paisagem das Fontaínhas. Sua história está muito conectada com o crescimento do aglomerado, sendo um dos primeiros equipamentos públicos a serem construídos na região.

Antigo Asilo da mendicidade

Alameda das Fontaínhas

Fonte: Google Earth

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Projeto para o matadouro das Fontaínhas, 1796. Fonte: GISA - Arquivo municipal do Porto.

A

C B

A - Matadouro

B - Alameda das Fontaínhas

Detalhe da planta redonda do Porto, de Balck, 1813. Fonte: Google Arts and Culture.

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C - Quinta da Fraga


ANTIGO ASILO DA MENDICIDADE: contexto histórico Como já foi mencionado anteriormente, as Fontaínhas sempre estiveram, de um jeito ou de outro, desconectadas da cidade. Essa característica a tornou uma área atrativa para a implantação de equipamentos que deveriam ficar em zonas afastadas da urbe, como matadouros e cemitérios. Com o início da queda das Muralhas Fernandinas em 1788, o Porto se expandiu cada vez mais, e os equipamentos deste tipo foram gradualmente empurrados para a periferia. Neste cenário, em 1792 o administrador dos açougues públicos emitiu um relatório à procuradoria da cidade abordando a situação precária do matadouro público atual, perto da porta do Sol, que não possuía iluminação, higienização ou espaço suficiente para a sua função. Como resposta, em 1796 foi anunciada a construção do novo matadouro nas Fontaínhas, entre a Quinta da Fraga (quinta que cobria a maior parte da região na época) e a rua das Fontaínhas. A localização do edifício, ao lado da já existente Alameda das Fontaínhas, foi escolhida por ser uma área onde o mau cheiro não incomodaria a população. A construção do edifício foi finalizada em 1808, quando o matadouro começou a funcionar normalmente. Contudo, entre as décadas de 1810 e 1830, a Alameda das Fontaínhas passou por várias intervenções que consequentemente aumentaram seu uso. Mesmo após o Cerco do Porto entre 1832 e 1833, no qual a Alameda foi transformada em uma bateria de combate para as forças liberais, o espaço continuou a ser utilizado amplamente pela burguesia portuense e pelos moradores da região. Devido a sua proximidade ao matadouro, muitos começaram a reclamar do mau cheiro e má ambientação da Alameda, o que levou a câmara a transferir o matadouro para o Carvalhido, em 1840. 17


Projeto para a prisão de calcetaria, cerca de 1850. Planta do rés do chão. Fonte: GISA - Arquivo municipal do Porto.

Alçado principal do Asilo da mendicidade, 1961. Fonte: GISA - Arquivo municipal do Porto.

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Os próximos anos foram conturbados para o edifício, que permaneceu fechado por mais de uma década. Neste meio tempo, a rainha D. Maria II decretou a instauração de um Asilo da mendicidade no Porto, e a estrutura do antigo matadouro foi considerada. Além deste, diversos outros programas foram sugeridos para a ocupação do prédio, como uma prisão de calcetaria e uma hospedaria para albergar militares, ao dispor do batalhão nacional. De fato, existem projetos de 1847 que mostram as intervenções a serem feitas para transformar o antigo matadouro em prisão de calcetaria, e cujas plantas foram as mais recentes encontradas que pudessem indicar a estrutura do preexistente. Não se sabe ao centro, entretanto, se tais intervenções foram realizadas, uma vez que não foram encontrados documentos que indiquem o funcionamento da prisão. Finalmente, em 1854, a câmara cedeu o edifício do antigo matadouro ao governador civil para ser transformado em Asilo da mendicidade. O novo asilo possuía muitas diferenças em relação ao antigo matadouro. As principais foram a reconstrução da fachada, agora com pináculos e uma estátua no frontão, e a adição de um ou dois andares em diferentes partes do edifício. O asilo se manteve estável, tendo apenas seu nome alterado para Lar Residencial das Fontaínhas em 1952, e continuou funcionando até 2018, quando foi evacuado e posto à venda pela câmara. Hoje o prédio já foi comprado, mas continua sem uso, e portanto foi considerado como uma ótima oportunidade de implantação para o novo centro comunitário aqui proposto e para a realização de um projeto de reabilitação.

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Ana Morena Pinho

ArquiteturA

de empoderAmento:

centro comunitário das

Fontaínhas

Projeto de tese no âmbito do Mestrado Integrado em Arquitetura, orientado pelo Professor Doutor José Fernando Gonçalves e apresentado ao Departamento de Arquitetura na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Junho de 2021

Capa do projeto de tese da aluna, 2021, no qual o tema foi tratado em maior detalhe.

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C ONCEITO DA INTERVENÇÃO Tendo definido o tipo de equipamento a ser construído e o local de implantação, a próxima etapa do trabalho tratou do estabelecimento do tema, ou conceito, por trás dos espaços. Na busca de soluções para a exclusão socioespacial, se tornou evidente que a arquitetura tem a responsabilidade de colaborar com a criação de espaços confortáveis, que permitam a expressão e a apropriação de seus usuários. A ideia de apropriação está intrinsecamente ligada à ideia de poder, visto que hierarquias sociais são criadas a partir de relações de poder desiguais, e portanto o ato de se apropriar exige que o indivíduo perceba seu poder sobre o espaço. Para tal, é necessário que os espaços criados habilitem tais intervenções, e empoderem seus usuários. Desta reflexão surge o tema geral da intervenção aqui proposta: ARQUITETURA DE EMPODERAMENTO. Nos espaços do centro comunitário, o empoderamento poderá ser feito de duas maneiras: através da forma, na qual os usuários obtém poder físico sobre o espaço através de diferentes usos e ocupações; e através da função, na qual a grande disponibilidade de diferentes programas expõe o usuário a novos conhecimentos, empoderando-os intelectualmente. Ou seja, através da liberdade de uso, da versatilidade dos espaços, e diversidade programática, o centro pretende ser um espaço acolhedor, democrático e seguro para todos que o usam. Além de habilitar a apropriação dos espaços, a própria reabilitação do Antigo Asilo serve como uma forma de apropriação de um marco importante das Fontaínhas, e uma forma de reconectar sua comunidade com a história do bairro. O edifício preexistente terá suas características marcantes mantidas, principalmente na fachada, e sua estrutura preservada onde possível. A esta preexistência serão adicionadas peças novas, criando um contraste de materiais e cores que evidencia a diferença entre o antigo e o novo, consequentemente dando enfoque tanto a seu passado quanto a seu futuro. 21


P R O GR A M A MÍ NI MO A base conceitual evidenciada serve de ponto de partida para o estabelecimento do programa mínimo do centro comunitário, que deriva das análises do público alvo do equipamento, dos programas já disponíveis na região, e de quatro casos de estudo, que serão explicadas a seguir. O PÚBLICO ALVO é marcado por dois grupos principais: os atuais e os futuros moradores das Fontaínhas, ou seja, a comunidade local e refugiados.

Acima: Feira de Vandoma. Fonte: Jornalismo Porto Net/José Moutinho. Abaixo: refugiados sírios carregando seus pertences. Fonte: UNHCR/Ivor Prickett.

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Público

a lv o

Em relação ao primeiro grupo, a ANÁLISE DO CENSO DE 2011 DO PORTO mostra que a população da região é diversificada, possuindo uma maioria adulta e um contingente de idosos maior do que as regiões ao redor. Isso significa que uma grande parcela da população das Fontaínhas pertence a População Economicamente Ativa (PEA), que abrange as idades de 20 a 64 anos. Essas pessoas moram sozinhas ou com a família e, como trabalham, tendem a utilizar programas de lazer fora de horários comerciais, como na hora do almoço, fim de tarde, noite e fins de semana, e usam programas rotineiros e de necessidade durante o dia, como aqueles relacionados a trabalho, educação, saúde e burocracias. Logo, possuindo programas de lazer, educacionais, desportivos e culturais, o centro comunitário será utilizado durante todo o dia, de manhã à noite. Ademais, a população idosa precisa ser considerada, e devem ser criados espaços acessíveis, de comunhão e de uso amplo. O grupo de refugiados, por sua vez, possui outras características que devem ser levadas em conta. Mesmo com a piora da crise dos refugiados na Europa durante a pandemia, os números de requerentes de asilo em Portugal diminuíram recentemente. Uma ANÁLISE DOS NÚMEROS DE PEDIDOS DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL EM PORTUGAL e um levantamento dos países de origem dos requerentes mostraram que, em 2016 e 2017, a maioria dos refugiados vieram da Síria, o que faz sentido considerando o estado do país na época. Entretanto, em 2018 e 2019 o número de pedidos de imigrantes angolanos subiu muito, o que serve para mostrar a volatilidade com que este grupo muda, e que portanto nesta situação não se pode projetar para uma população específica, mas sim para um público em constante mudança. Por isso devem ser criados espaços adaptáveis a um grupo de usuários variável, e ambientes não relacionados a uma só cultura. 24


PROPORÇÕES DA FAIXA ETÁRIA - ÁREA DE ESTUDO

Fonte: Censo 2011. Feito pelos alunos Ana Couto, Beatriz Melo e Frederico Ribeiro

9

64

14,1% 0 a 19 anos 30,2% >64 anos

55,8% 20 a 64 anos

PEDIDOS DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL EM PORTUGAL Fonte: SEF

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Pogramas

disponíveis na região

Passando agora para o segundo ponto de análise, os programas disponíveis na região variam entre culturais, educacionais e de alojamento, além das habitações e comércios locais que correspondem à maior parte da área construída das Fontaínhas. O programa cultural mais próximo é a Biblioteca Pública Municipal do Porto, e, um pouco mais distante, existem também o Teatro São João e o Cinema Batalha. Os programas educacionais são escolas primárias, secundárias e de ensino superior, mostrando uma grande

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variedade de opções, mas nenhuma delas dirigidas a apoio e integração social. Por último, existem alguns hotéis e alojamentos locais espalhados pelas Fontaínhas, e os números continuam crescendo devido a lenta gentrificação que vem transformando ilhas em airbnb ‘s. Com isso, pode-se concluir que na região das Fontaínhas existe pouca oferta de programas culturais, grande variedade de programas educacionais, mas nenhum com o público alvo específico do centro comunitário, e um crescente potencial atrativo para turismo, o que ajuda a movimentar a economia interna e traz novos fluxos para a área do equipamento.

Programas culturais Programas educativos Alojamentos e hotéis

Fonte: Google Earth

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Referências

p r o g r a m át i c a s

As quatro referências programáticas analisadas foram o Centro Cultural de São Paulo (CCSP), o SESC Pompéia, também em São Paulo, o Centro cívico Lleialtat Santsenca, em Barcelona, e o Centro de Acolhimento para Refugiados (CAR), no concelho de Loures, em Portugal. Além dos programas comuns entre os quatro edifícios — como recepção, bilheteria, café ou restaurante, etc. — estes centros, com exceção do CAR, são muito voltados para espaços culturais e educacionais, como o centro proposto, e acima de tudo são referências de espaços de acolhimento e integração que funcionam. Dentre seus principais programas, estão: teatros; salas expositivas; salas para oficinas; espaços de leitura; espaços de brincar para crianças; complexos desportivos; atividades diversas voltadas para o desenvolvimento de crianças e adolescentes; salas polivalentes; jardins e áreas livres. O CAR, por sua vez, é um programa voltado para o alojamento temporário de refugiados em Portugal, e conta com cursos de línguas, programas de orientação cultural, cozinha, áreas de convívio, área médica, e programas que permitem a obtenção de competências educacionais e a elaboração de perfis profissionais. 28


Centro Cultural de São Paulo Fonte: http://centrocultural.sp.gov.br

SESC Pompéia Fonte: Archdaily

Centro Cívico Lleialtat Santsenca Fonte: Archdaily

Centro de Apoio a Refugiados Fonte: https://cpr.pt

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Com bases nestas análises e tendo os programas das referências como parâmetros, foi estabelecido o seguinte

programa mínimo: Programas culturais e educacionais:

Programas técnicos e serviços:

• Áreas de exposição; • Auditório (para shows, seminários, apresentações, etc); • Salas polivalentes; • Salas de aula; • Espaços de estudo; • Espaços de coworking; • Jardins e áreas livres.

• Café; • Bilheteria e central de informações; • Salas de staff; • Acervo; • Armazéns; • Casas de banho e balneários; • Gabinetes médicos (área desportiva); • Estacionamento.

Programas desportivos: • Quadra poliespotiva; • Ginásio.

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A disposição inicial dos programas no edifício foi feita a partir das potenciais relações entre eles, e entre o centro e seu contexto. O programa mínimo foi dividido em quatro blocos: área expositiva, teatro e serviços, espaços educativos e de estudo, e área desportiva.


DISPOSIÇÃO PROGRAMÁTICA INICIAL:

CNAIM

Área expositiva

Espaços educativos e de estudo

Teatro e serviços Programas desportivos

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Processo FLUXOGRAMA INICIAL DE CONEXÕES ENTRE ESPAÇOS:

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EVOLUÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ESPACIAL:

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Nesta secção do booklet serão explicados os espaços do centro comunitário em um experiência interativa. Ao sair de cada espaço, o leitor pode escolher para onde seguir, e assim criar seu próprio caminho dentro do centro.

CENTRO C OMUNITÁRIO Durante o processo projetual, os programas foram sendo cada vez mais detalhados, e sua organização se tornou cada vez mais complexa. A organização atual será explicada nas próximas páginas. O centro comunitário é composto por dois blocos que podem funcionar em conjunto ou de forma independente: a área educativa e cultural, que ocupa a construção preexistente, e a área desportiva, feita em uma construção nova que complementa a anterior. Cada uma possui uma entrada principal, e a área educativa e cultural ainda possui duas entradas secundárias, dispondo assim de um acesso em cada lado do edifício. Ademais, o centro abriga um pequeno estacionamento, com entrada pela Rua da Alegria. Ir para o centro cultural - pág. 38 Ir para o complexo desportivo - pág. 50 34


ionalVersion erVersion 265.3.19.100

Fluxo pedonal no rés do chão do edifício.

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do Rés do chão (corte à cota 75) Escala 1.200 - Folha 2 Darq - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho

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3.19.100

4 3 1 11 2

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PLANTA DO RÉS DO CHÃO

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9


5

12

6 8

7

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do chão (corte à cota 75) 1. Recepção 2. Loja 3. Acervo 4. Área expositiva do5.Rés Auditório Escala 1.200 - Folha 2 6. Foyer 7. Acessos verticais 8. Café com esplanada 9. Cozinha Darq - FCTUC | 2020 - 2021 10. Casas de banho 11. Claustro 12. Estacionamento Ana Morena Pinho

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Centro

GSEducationalVersion GSPublisherVersion 265.3.19.100

c u lt u r a l

A entrada principal do preexistente foi mantida na fachada poente do edifício, servindo como um momento de compressão entre dois momentos de abertura: a plataforma à frente do centro comunitário e o claustro. No espaço de entrada se encontram uma área de recepção e informação, e uma loja feita para arrecadar fundos para a manutenção do edifício. Aqui, o usuário pode comprar bilhetes para exposições ou performances no auditório, pode seguir para o café, ou pode se aventurar e descobrir o claustro. Ir para a área expositiva - pág. 40 Ir para o auditório - pág. 42 Ir para o café - pág. 44 Ir para o claustro - pág. 46 38


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1 2

RÉS DO CHÃO | 1. Recepção 2. Loja

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do Rés do chão (corte à cota 75) Escala 1.200 - Folha 2 Darq - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho

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Área

expositiva

A área expositiva tem início no rés do chão e segue até o primeiro piso, através de uma escada interna. Os espaços são organizados através de placas móveis que correm por trilhos no teto, e podendo assim ser posicionadas de diferentes formas. Dessa forma, cada exposição pode ter sua própria disposição espacial, que guia o usuário por diferentes percursos. As salas expositivas do primeiro piso são conectadas a uma área externa relvada, que pode também abrigar obras. As peças expostas podem ser arquivadas e|ou restauradas no acervo, acoplado às salas principais. Ao fim do percurso, o indivíduo sai em um grande corredor de 3 metros de largura, que o leva a outros espaços e serve como transição entre os programas e o claustro. Ir para o claustro - pág. 46 Voltar para a entrada - pág. 38 40


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1o PISO | PLANTA PERSPECTIVADA

3

4

RÉS DO CHÃO | 3. Acervo 4. Área expositiva

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Auditório O auditório do centro comunitário é um de três equipamentos que criam um ciclo na região, com o Teatro São João e o cinema Batalha. Em comparação a esses, o novo auditório pretende promover novas experiências, sendo mais acessível e popular que o teatro, e mais contemporâneo e flexível que o cinema. Antes de entrar na apresentação, palestra, ou outro evento, o indivíduo espera em um foyer, que possui um acesso próprio pelo exterior. Aqui, ele conversa com outras pessoas, lê a programação do auditório ou desfruta de comes e bebes do café adjacente até o momento do espetáculo. O acesso ao auditório é feito por uma passarela metálica ao nível do foyer, de onde podem-se ver as arquibancadas e o palco abaixo. Tais estruturas são feitas a partir de plataformas móveis, podendo ser organizadas em diferentes disposições para diversos tipos de eventos. Ao sair do espetáculo, o indivíduo pode sair do centro comunitário, seguir para o café ou ir para outros espaços através do claustro. Ir para o café - pág. 44 Ir para o claustro - pág. 46 42


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CORTE BB’

B’

5

6

B

RÉS DO CHÃO | 5. Auditório 6. Foyer

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do Rés do chão (corte à cota 75) Escala 1.200 - Folha 2 Darq - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho

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Café O café se encontra no lado sul do centro comunitário, e se relaciona tanto com seu interior quanto com seu exterior. Como o edifício já abrigou um matadouro e um asilo da mendicidade, e já teve planos para ser uma prisão de calcetaria e um quartel de batalhão militar, ele sempre foi muito fechado, não possuindo muitas conexões com o contexto. O programa do centro comunitário, por outro lado, precisa atrair e acolher a população, e portanto deve ter uma relação mais aberta com seu entorno. Por esse motivo o café foi posicionado próximo a Alameda das Fontaínhas, que já é bastante utilizada. O muro que cercava o Antigo Asilo foi retirado e adjacente ao café foi adicionada uma esplanada, permitindo que o novo programa tenha uma relação mais franca e permeável com as ruas, praças e parques ao redor. Agregados ao café estão a cozinha e as casas de banho, que servem todo o piso. O café serve como espaço de socialização, onde o indivíduo pode desfrutar de uma refeição, trabalhar ou estudar, e conversar com amigos. O espaço possui uma entrada acessível pela esplanada, podendo ser utilizado por todos os moradores do Porto. Dele, o indivíduo pode continuar para a Alameda das Fontaínhas, ou voltar para o centro comunitário e descobrir outros espaços. Voltar para a entrada - pág. 38 Ir para o claustro - pág. 46 44


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Vista da Alameda das Fontaínhas para o edifício, onde ficará a futura esplanada

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RÉS DO CHÃO | 7. Café com esplanada

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do Rés do chão (corte à cota 75) Escala 1.200 - Folha 2 Darq - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho

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Esquerda: Intervenção dos DJARQUITETURA - U. Málaga Fonte: Archdaily Direita: Pinacoteca - SP Fonte: Archdaily

Claustro Ao atravessar a larga galeria de circulação, o indivíduo entra no claustro, um espaço descoberto com cerca de 2400 m2 de onde se pode ver todo o edifício. Assim como o edificado preexistente, este vazio central existe desde os primeiros projetos do matadouro, e continua sendo até hoje um momento que define a imagem e a utilização do centro comunitário. Para salientar a importância deste espaço, foi introduzida no claustro uma escadaria metálica, um elemento novo que é ao mesmo tempo determinante o organizador do espaço. Esta nova peça, a partir de sua materialidade, cria um contraste entre o novo e o antigo, e une todos os andares a partir do claustro. As obras do escritório DJARQUITETURA na Universidade de Málaga e de Paulo Mendes da Rocha na Pinacoteca de São Paulo serviram como referências para a concepção desta peça. Este espaço, agora com uma nova atmosfera introduzida pela escadaria, pode ser utilizado como área de lazer, como palco para manifestações ou como espaço de expansão das exposições do centro. E, a partir dele, o indivíduo pode seguir para o primeiro piso, tendo acesso a segunda parte da área expositiva, a área de estudos e trabalho, e a área desportiva. Ir para a área expositiva (rés do chão) - pág. 40 Ir para a área de estudos (1o piso) - pág. 56 Ir para o complexo desportivo (1o piso) - pág. 50 46


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RENDER ESQUEMÁTICO | Perspectiva do claustro

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RÉS DO CHÃO | 11. Claustro

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do Rés do chão (corte à cota 75) Escala 1.200 - Folha 2 Darq - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho

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3.19.100

23 22 21 20 19

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PLANTA DO 1o PISO

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15 16

Centro comunitário das Fontaínhas 13. Quadra polesportiva 14. Balneários e armazém 15. Recepção da Planta do 1o piso (corte à cota 80) área desportiva 16. Atelier 17. Salas de aula Escala 18. 1.200 Casas de3banho Folha 19. Área de estudos 20. Sala de reuniões 21.Darq Coworking - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho 22. Área expositiva 23. Acervo 49


CORTE BB’

Complexo

desportivo

Ao entrar na área desportiva, o indivíduo segue até a recepção, onde pode conseguir informações sobre todo o centro comunitário. Atrás do balcão foram colocadas uma sala de staff e uma copa, e dois gabinetes médicos que podem servir para tomar medidas dos atletas ou para consultas de nutrição ou fisioterapia, por exemplo. O primeiro piso da área desportiva contém uma grande quadra, onde podem ser praticados diversos esportes. O indivíduo segue por fora da quadra aos balneários, onde se prepara para o treino. Adjacentes aos balneários estão uma área de armazém para guardar os equipamentos utilizados nos treinos, e um terceiro gabinete médico, para emergências. Além de seguir para a quadra, o indivíduo pode subir por acessos na recepção ou na região dos balneários para o andar acima, no qual grandes plataformas conectadas por passarelas comportam o ginásio. Este piso também dá acesso as arquibancadas, onde convidados podem assistir a jogos e competições. 50


14

13

15

1o PISO| 13|14|15. Área desportiva

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do 1o piso (corte à cota 80) Escala 1.200 Folha 3 Darq - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho

B’ 24 25

24

B

2o PISO| 24. Ginásio 25. Arquibancadas

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do 2o piso (corte à cota 86) Escala 1.200 - Folha 4 Darq - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho

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Este novo complexo é feito majoritariamente de betão e vidro, com alguns detalhes em madeira no piso e nas paredes não estruturais. Esta escolha foi feita para manter a ideia de contraste entre o novo e o antigo, evidenciando suas diferenças, mas ainda conectando o novo edificado ao preexistente e ao entorno pela cor e textura, que se assemelham às do granito do Porto. O grande vão necessário para abrigar a quadra foi resolvido com paredes estruturais de betão e uma cobertura com lajes aligeiradas por blocos recuperáveis e vigas invertidas, à imagem da famosa cobertura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Atrás da quadra, o espaço residual externo foi transformado em uma pequena praça com mesas e árvores, onde os usuários da área desportiva podem relaxar e conversar. Ele é encerrado pelo muro preexistente que faz a contenção do terreno, devido a grande diferença de cotas, e se abre para a rua, de forma que qualquer um pode usufruir do espaço. Como a calçada da rua da Alegria é estreita e cercada de muros, este espaço serve como um momento de descanso e abertura, para qual o transeunte vai quase que por osmose. Da área desportiva, o indivíduo pode sair do centro comunitário, ou voltar à região do claustro, a partir de onde ele pode ir para a área de estudos ou subir para o segundo piso. Ir para a área de estudos - pág. 56 Ir para o segundo piso - pág. 60

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RENDER ESQUEMÁTICO | Perspectiva da área desportiva

Esquema da estrutura cobertura da FAU USP.

da

Fonte: Antonio Carlos Barossi. Artigo Forma-estrutura: Matriz de expressão tectônica da FAU USP. Encontrada em: https:// vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/19.223/7247

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A'

A

Centro comunitário das Fontaínhas Corte AA'

CORTE AA’

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Área

de estudos

A área de estudos e trabalho é um conjunto de salas com diferentes funções, que podem servir para diversos tipos de cursos, estudos, ou coworking. O atelier, por exemplo, pode ser utilizado para cursos artísticos, como cerâmica, desenho, pintura, etc, enquanto as salas de aula podem ser utilizadas para cursos de línguas, aulas sobre os direitos de refugiados em Portugal, sessões de apoio profissional, entre outras. Ademais, esta área contém um espaço de estudos, aberto a todos, e um espaço de coworking, com sala de reuniões e um pequeno escritório. Todos os espaços podem ser reorganizados dependendo do evento que irão suportar. Saindo da área de estudos, o indivíduo pode subir pela escadaria ou pelos elevadores e descobrir o último piso do edifício. Ir para o segundo piso - pág. 60 56


Coworking Área de estudo

Salas de aula

Atelier

1o PISO| Área de estudos e trabalho

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3.19.100

28

27

PLANTA DO 2o PISO

58

29

26


24 29 25

24

24. Ginásio 25. Arquibancadas 26. Estufa 28. Sala do staff 29. Salas polivalentes

Centro comunitário das Fontaínhas Planta do 2o piso (corte à cota 86) Escala 1.200 - Folha 4 27. Miradouro Darq - FCTUC | 2020 - 2021 Ana Morena Pinho

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Segundo

piso

O último piso do edifício, que antes era uma cobertura com telhados de duas águas, foi transformado em uma laje caminhável ocupada majoritariamente por um miradouro com vista para Gaia e o Rio Douro. Além deste espaço de lazer, este piso também abriga uma estufa onde podem ser dados cursos de jardinagem e carpintaria, por exemplo, sendo assim uma extensão da área educativa. Sendo o piso mais próximo à cota do novo parque feito pelo trabalho em grupo (a norte do centro), uma nova entrada foi criada para estabelecer uma conexão mais próxima entre o centro comunitário e o CNAIM (Centro Nacional de Apoio a Integração de Migrantes) introduzido no novo edifício, também feito pelo grupo. Dois braços construídos remanescentes do edificado preexistente avançam sobre este piso: um mais curto, apenas com acessos verticais; e um mais comprido, com duas salas polivalentes e uma sala de staff com copa. As salas polivalentes podem ser usadas, por exemplo, como salas de aula adicionais, ou como espaços para pequenos eventos, ou até como salas de reuniões ou trabalho do CNAIM. Daqui, o usuário pode sair do edifício em direção ao parque, ou pode voltar para o claustro e continuar descobrindo novas áreas e usos para o centro comunitário. Voltar para o claustro - pág. 46 Sair do edifício - pág. 62 60


Estufa como Lar. Projeto que serviu de referência para a concepção da estufa, de BIAS Architect. Fonte: Archdaily

RENDER ESQUEMÁTICO | Perspectiva do segundo piso 61


Centro C omunitário das Fontaínhas




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