Centro Cirúrgico, Recuperação Pós-Anestésica e Centro de Material e Esterilização para Enfermagem

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Centro Cirúrgico, Recuperação Pós-Anestésica e Centro de Material e Esterilização para Enfermagem

Fernando Riegel Nery José de Oliveira Junior (Organizadores)

1ª edição 2019 Porto Alegre – RS


Autores

ORGANIZADORES Fernando Riegel Enfermeiro. Doutor em enfermagem do programa de pós-graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).Mestre em educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Enfermeiro assistencial do serviço de enfermagem cirúrgica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Nery José de Oliveira Junior Enfermeiro. Doutorando em enfermagem do programa de pós-graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).Mestre em enfermagem pela UFRGS. Docente do curso de enfermagem da Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (FADERGS). MBA em gestão em saúde pelo InsƟtuto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS). Especialização em centro cirúrgico e Centro de Material pela faculdade Unyleya.


Sumário

Apresentação ....................................................................................... Fernando Riegel e Nery José de Oliveira Junior

15

Prefácio ................................................................................................ Profa Dra Rachel de Carvalho

17

1

Aspectos organizacionais do centro cirúrgico ............................. Nery José de Oliveira Junior

19

2

Gestão em centro cirúrgico .......................................................... Clayton dos Santos Moraes e Ka a Bo ega Moraes

35

3

Segurança do paciente na área cirúrgica ..................................... Michele Santos Malta, Patricia dos Santos Bopsin e Patricia Treviso

59

4

Dimensionamento de pessoal de enfermagem na área cirúrgica .... Nery José de Oliveira Junior e Eliana Rus ck Migowski

81

5

SistemaƟzação da assistência e processo de enfermagem em centro cirúrgico ........................................... Nery José de Oliveira Junior, Fernando Riegel e Maria da Graça Oliveira Crosse

6

Avaliação de tecnologias em saúde no centro cirúrgico, recuperação pós-anestésica e centro de material e esterilização.... Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros, José Márcio Hartmann Kercher, Denis Iaros Silva da Silva e Fernanda Salazar Meira

93

103


xii

Sumário

7

ÉƟca e bioéƟca em centro cirúrgico ............................................. Fernando Riegel

8

Controle de infecção na área cirúrgica e prevenção de infecção de síƟo cirúrgico ....................................................... Cris na Ceca o, Dionísia Oliveira de Oliveira e Grasieli Krakeker

9

125

131

Terminologias e classificações cirúrgicas ..................................... Nery José De Oliveira Junior, Deise Simão Arregino e Eliana Rus ck Migowski

149

10 Instrumental e tempo cirúrgico ...................................................

161

Nery José de Oliveira Junior e Deise Simão Arregino

11 Fios cirúrgicos ...............................................................................

171

Nery José de Oliveira Junior

12 Paramentação da equipe cirúrgica ..............................................

177

Deise Simão Arregino e Nery José de Oliveira Junior

13 Posicionamento cirúrgico.............................................................

189

Angela Piovesan Reche e Gabriel Becker Rosner

14 Tipos e riscos anestésicos ............................................................

201

Nery José de Oliveira Junior, Douglas Fernando Rambo e Renata Biegelmeyer

15 Normotermia no ambiente cirúrgico ...........................................

213

Lisiane Vidal Lopes Machado

16 A atuação do enfermeiro na terapia infusional e cuidados com os cateteres venosos............................................. Graziella Gasparo o Baiocco

17 História da laparoscopia ..............................................................

223

233

Ivana Trevisan e Débora Machado Nascimento do Espirito Santo

18 Aspectos organizacionais da recuperação pós-anestésica (RPA) .................................................................... Charel de Matos Neves

241


xiii

Sumário

19 Principais complicações no pós-operatório.................................

261

Carolina Caruccio Montanari

20 Nutrição: pré e pós-operatório .................................................... Daniela A

275

Scheffel

21 Aspectos organizacionais no centro de material e esterilização (CME) ..................................................... Denise Rocha Guedes, Vanessa Streit, Helen dos Passos Espíndola e Déborah Bulegon Mello

22 Educação permanente na área cirúrgica .....................................

281

315

Fernando Riegel, Diego Silveira Siqueira, Ana Cleonides Fontoura e Fá ma Helena Ceche o

23 Viver e morrer: profissionais da saúde e o manejo do luto ........

325

Bruna Dal Fiume Armelin, Caroline Aguirre de Souza, Juliana Gomes Fioro e Yáskara Arrial Palma

24 Feridas cirúrgicas .......................................................................... Silvana Janning Prazeres

345


Apresentação

A obra in tulada “Centro Cirúrgico, Recuperação Pós-Anestésica e Centro de Material e Esterilização para Enfermagem” foi elaborada por várias mãos de profissionais competentes, com larga experiência prá ca e comprome dos com a assistência de qualidade em serviços de enfermagem cirúrgica. Este livro reúne inúmeros capítulos que abordam temas de extrema importância para acadêmicos e enfermeiros que atuam ou desejam atuar em centro cirúrgico (CC), recuperação pós-anestésica (RPA) e centro de material e esterilização (CME). Nesse sen do, esta obra visa contribuir para o aperfeiçoamento desses profissionais, no que se refere à assistência direta e indireta aos pacientes em períodos pré-operatório, transoperatório e pós-operatório, com ênfase nas melhores prá cas assistenciais de segurança e padrões elevados de qualidade. O leitor irá encontrar atualização na área de enfermagem cirúrgica, bem como subsídios para o planejamento da assistência e prestação de cuidados aos pacientes. Além disso, esta obra contribuirá para avaliação das estruturas e funcionamento dos serviços de enfermagem em CC, RPA e CME. Com isso, acreditamos no potencial da obra para a transformação do pensamento e reflexão dos profissionais e futuros enfermeiros, contribuindo para o desenvolvimento de um pensar holís co, crí-


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Fernando Riegel e Nery José de Oliveira Junior (Orgs.)

co e reflexivo na aplicação do processo de enfermagem e sistemazação da assistência em CC, RPA e CME. Para finalizar, desejamos que você, leitor, possa usufruir ao máximo esta importante produção no campo da enfermagem e, assim, aprimorar o sen do de ser e fazer enfermagem no gerenciamento e na prestação dos cuidados aos pacientes nos diferentes contextos de serviços de enfermagem cirúrgica. Os organizadores


Prefácio

Esta obra, denominada Centro Cirúrgico (CC), Recuperação PósAnestésica (RPA) e Centro de Material e Esterilização para Enfermagem (CME), faz parte da inicia va e organização dos colegas enfermeiros Fernando Riegel e Nery José de Oliveira Júnior, que encontraram parceria junto à Moriá Editora, a fim de produzirem e documentarem conhecimentos e experiências no contexto da Enfermagem Perioperatória. Para tanto, contaram com a exper se de 35 colaboradores, dos quais 32 enfermeiros, dois farmacêu cos e uma nutricionista. São profissionais atuantes nas esferas da assistência, do ensino e da pesquisa, que dividem conosco seus conhecimentos e sua experiência na prestação da assistência a pacientes subme dos a procedimentos anestésico-cirúrgicos. A presente obra está dividida em 24 capítulos, que abordam temas que alicerçam a Enfermagem Perioperatória, como: aspectos organizacionais em CC, RPA e CME; gestão do CC; segurança do paciente; dimensionamento de pessoal; sistema zação da assistência; terminologia, tempos e suturas cirúrgicas; posicionamento do paciente; anestesias; laparoscopia; complicações pós-operatórias. Discute, também, temas relacionados à Biossegurança, incluindo: prevenção e controle de infecção de sí o cirúrgico; paramentação cirúrgica; feridas cirúrgicas. Assuntos específicos, como: controle de temperatura/normotermia, terapia infusional, aspectos nutricionais no pré e pós-operatório


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Fernando Riegel e Nery José de Oliveira Junior (Orgs.)

e educação permanente são trazidos de forma inovadora neste campo. Além destes, as discussões acerca da tecnologia em CC, RPA e CME; é ca e bioé ca; processo saúde-doença/vida e morte são importantes para conhecimento e reflexão. Cada capítulo é dividido em itens e subitens que facilitam a compreensão acerca do tema e tornam a leitura fluida e agradável, trazendo, ao final, uma lista de referências atualizadas e cuidadosamente elencadas/organizadas. Recomendamos como importante fonte de pesquisa a estudantes e profissionais, não só da área da Enfermagem, como de outras vertentes da saúde, incluindo profissionais farmacêu cos, nutricionistas, instrumentadores cirúrgicos, entre outros. Esta, certamente, é mais uma importante inicia va de profissionais brasileiros, preocupados e engajados na missão de produzir conhecimento baseado em boas prá cas e evidências cien ficas, para prestação da assistência de Enfermagem Perioperatória com competência e excelência! “O importante é não parar de ques onar. A curiosidade tem a sua própria razão para exis r.” (Albert Einstein) Profa Dra Rachel de Carvalho Enfermeira. Especialista em Enfermagem em CC/RA/CME pela Escola de Enfermagem da USP (EEUSP). Mestre e Doutora em Enfermagem pela EEUSP. Professora dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação (lato sensu e stricto sensu) da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE). Coordenadora do Curso de Pós-Graduação (lato sensu) de Enfermagem em CC/RA/CME da FICSAE. Diretora da Comissão de Publicação e Divulgação da SOBECC Nacional.


1 Aspectos organizacionais do centro cirúrgico Nery José de Oliveira Junior

ESTRUTURA FÍSICA DO CENTRO CIRÚRGICO (CC) Os primeiros CC surgiram na an guidade com a finalidade de facilitar o trabalho da equipe médica. Somente na era moderna houve a centralização das salas de cirurgia e de áreas comuns do centro cirúrgico, como lavabos, ves ários e laboratórios(1,2). A unidade de (CC) representa um setor de grande destaque e é des nada a a vidades cirúrgicas, bem como a recuperação pós-anestésica e pós-operatória imediata. O CC é o local onde o paciente é recebido para realizar um procedimento cirúrgico ele vo, de emergência ou de urgência(1,3,4). As a vidades desenvolvidas no centro cirúrgico devem ser de modo harmonioso, sincronizado e eficiente, visando à segurança do paciente. Por esse mo vo, seu planejamento deve ser de responsabilidade da equipe mul profissional e devem ser elaboradas normas rígidas, baseadas nas boas prá cas de ins tuições, legislações e referenciais(5). O CC está alocado no Zoneamento* assistencial dentro da estrutura hospitalar, é um setor de alto custo, tanto pela construção, que *

Zoneamento – pode ser organizado como: sociais – serviços de atendimento ao público e administra vos (restaurante, lobby); assistenciais – serviços médicos, centro cirúrgico, diagnós cos, emergência; internação – serviços de hotelaria, apartamentos e unidades intensivas (UTI); staff e áreas de apoio – serviço de logís ca, suprimentos, laboratórios, farmácia, almoxarifado, cozinha(8).


3 Segurança do paciente na área cirúrgica Michele Santos Malta, Patricia dos Santos Bopsin e Patricia Treviso

HISTÓRIA DA SEGURANÇA NA ÁREA CIRÚRGICA A Segurança do paciente, embora tenha como seu marco principal a publicação do Relatório To Error is Human da Harvard Medical School, contém relatos na literatura de que a segurança do paciente iniciou no século XX, em 1911 , quando Ernest Codman, um Cirurgião em Boston que considerava que o Hospital aonde trabalhava em Massachuse s não possuía avaliação dos resultados da cirurgia e passou a considerar que deveriam acompanhá-las, a fim de observar erros no tratamento. Então, Codman criou seu próprio hospital, obje vando conseguir avaliar o resultado final de suas cirurgias(1). Como considerava que o serviço cirúrgico deveria ser avaliado, o cirurgião acompanhou, de forma sistemá ca, os pacientes em que operava e, assim, criou categorias para definir esta avaliação. As categorias criadas por Codman foram: erro por falta de conhecimento ou habilidade; erro por falta de julgamento cirúrgico; erro por falta de atendimento ou equipamento; erro por falta de habilidade diagnós ca; a doença intratável; a recusa do paciente em seguir o tratamento; e as calamidades cirúrgicas ou acidentes e complicações que não podem ser controlados(2). De acordo com Codman, era importante conhecer os resultados reais do processo cirúrgico. Em 1917, o Colégio Americano de Cirurgi-


5 Sistematização da Assistência e Processo de Enfermagem em Centro Cirúrgico Nery José de Oliveira Junior, Fernando Riegel e Maria da Graça Oliveira Crossetti

A Sistema zação da Assistência de Enfermagem (SAE) foi criada em 1985 com o obje vo de propor um modelo de assistência integral, con nuo, par cipa vo, individualizado, documentado e avaliado, tendo o paciente como sujeito do cuidado(1). O Processo de Enfermagem (PE) é parte integrante da SAE e pode ser definido como aplicação prá ca de um instrumento metodológico para organizar a assistência aos pacientes. É u lizado para favorecer o cuidado em relação à organização das condições necessárias para que esse cuidado aconteça(2). Faz-se importante destacar que essa definição parece ainda não estar clara, o que a faz confundida por alguns profissionais que u lizam SAE e PE como sinônimos. Isso pode comprometer a qualidade do trabalho prestado, visto que a SAE, enquanto instrumento metodológico, exige, além da aplicação do PE, um arcabouço estrutural de condições que promovam o desempenho profissional em enfermagem com sucesso. Nesse âmbito, o enfermeiro possui papel fundamental, pois, ao adquirir maior clareza dessas definições, alcançará melhores resultados na prá ca assistencial(3). Podem ser iden ficadas três gerações dis ntas do PE, sendo que a primeira geração compreende o período de 1950 a 1970, cuja ênfase era a iden ficação e a resolução de problemas. Nessa época,


10 Instrumental e tempo cirúrgico Nery José de Oliveira Junior e Deise Simão Arregino

O instrumental cirúrgico é definido como todo o material u lizado na realização do ato cirúrgico. Os instrumentais dos como básicos são u lizados em procedimentos mais comuns. Alguns instrumentais podem ser separados por kits funcionais de acordo com a especialidade. É importante adquirir materiais fabricados em aço inoxidável, por serem de melhor qualidade e maior durabilidade(1). Com o passar dos anos, muitos instrumentais foram dispensáveis ou subs tuídos por outros mais comuns. Os instrumentos cirúrgicos estão divididos em comuns e especiais. Os comuns fazem parte do material básico e podem ser u lizados para qualquer procedimento cirúrgico. Os instrumentais especiais são u lizados em alguns momentos da cirurgia, de acordo com o tempo cirúrgico(2). Os instrumentais são classificados de acordo com o tempo cirúrgico e sua u lização. Temos instrumentais para diérese, hemostasia, preensão, separação, síntese e especiais(3,4).

DIÉRESE É o ato de cortar ou seccionar tecidos, propiciando o campo operatório ou separação dos planos anatômicos para possibilitar a abordagem de um órgão ou região. A diérese pode ser ob da por secção, atra-


13 Posicionamento cirúrgico Angela Piovesan Reche e Gabriel Becker Rosner

O posicionamento cirúrgico do paciente tem como principal finalidade promover o acesso facilitado ao sí o cirúrgico, devendo ser realizado de forma correta, garan ndo a segurança do paciente e prevenindo complicações (1). Desse modo, existem diversos posicionamentos cirúrgicos, os quais buscam atender os diversos pos de cirurgias. Cada posicionamento possui suas caracterís cas, aplicações e riscos. A enfermagem possui competência e conhecimento para desenvolver técnicas seguras ao paciente(2). O posicionamento dos pacientes deve ser visto como um procedimento de grande complexidade, o qual envolve sérios riscos que, caso não observados com responsabilidade e competência, comprometem a saúde sica e mental do indivíduo. Por este mo vo, ele deve ser individualizado e adaptado às necessidades de cada pessoa e aos procedimentos previstos(3). O olhar sobre as necessidades de posicionamento no transoperatório deve ser mul disciplinar, uma vez que surgem alterações que poderão repercu r subsequentemente ao ato operatório, com consequências e complicações indesejáveis, sendo até mesmo fatais(3). A maneira ideal de prevenir riscos e oferecer conforto e segurança ao paciente é conhecer os diferentes posicionamentos cirúrgicos e os eventos adversos provenientes do posicionamento inadequado. Além disso, é de fundamental importância planejar e avaliar o cuidado, intervindo individualmente com cada paciente(3).


17 A história da laparoscopia Ivana Trevisan e Débora Machado do Nascimento do Espirito Santo

A palavra laparoscopia vem da união de duas palavras gregas. Laparo, relacionada ao abdômen, e skopein, que significa examinada; de forma que o significado do termo completo seria "exame do abdômen”(1). Muito se ques ona sobre quando e onde foram dados os primeiros passos no campo da medicina endoscópica. Documentos creditam as raízes da laparoscopia a Hipócrates, na Grécia (460 – 375 AD). Sua descrição detalhada do exame de um reto com a u lização de um espéculo é encontrada em sua grande obra The Art of Medicine(1,2). No início do século XX, os métodos diagnós cos usados pela medicina eram baseados em informações restritas de exames clínicos, que nham como apoio, as técnicas de percussão, palpação e ausculta, além da observação do interior do corpo humano através dos ori cios naturais(3). Em 1805, Phillip Bozzini jovem médico alemão, dedicou-se ao invento de um instrumento chamado Light Condutor – Lichtleiter. Este nha por finalidade transmi r luz para as cavidades do corpo humano, através da reflexão da chama de uma vela sobre um espelho côncavo, e assim, obter uma imagem. A faculdade de medicina de Viena censurou Bozzini por seu invento, sendo julgado como imoral. Bozzini morreu precocemente aos 36 anos, ví ma de fo, deixando sua obra inacabada (4).


21 Aspectos organizacionais no centro de material e esterilização (CME) Denise Rocha Guedes, Vanessa Streit, Helen dos Passos Espíndola e Déborah Bulegon Mello

O Centro de Material e Esterilização (CME) até a década de 1940 era considerado uma unidade do centro cirúrgico (CC). A limpeza, o preparo e o armazenamento dos produtos de saúde eram realizados pelas equipes de enfermagem das próprias unidades de internação e o CME realizava a esterilização. Já em meados da década de 50, o CME passou a ser parcialmente centralizado, cada unidade encaminhava os materiais ao CME para serem preparados e esterilizados em um único local(1). Devido ao alto índice de invasão e mul plicações de microrganismos e ao avanço no conhecimento de infecção hospitalar o CME tornou-se um setor centralizado de apoio técnico a todos os setores assistenciais, sobre supervisão de um responsável. O CME precisa de condições estruturais adequadas para atender seus processos com segurança, a fim de garan r uma qualidade do processamento de materiais, sendo um fator importante no controle de infecção hospitalar. O CME é dividido em classe I e II. A classe I realiza o processamento de produtos para a saúde não crí cos, semicrí cos e crí cos de conformação não complexa, passíveis de processamento; já a classe II realiza o processamento de produtos para a saúde não crí cos, semicrí cos e crí cos de conformação complexa e não complexa passível de processamento(2).


24 Feridas cirúrgicas Silvana Janning Prazeres

São feridas agudas, que apresentam ruptura intencional da pele e dos tecidos subjacentes(1). Os procedimentos cirúrgicos tem se tornado menos invasivos com o desenvolvimento das técnicas cirúrgicas por videolaparoscopia e artoroscopia(2). A expectaƟva durante a cicatrização das feridas cirúrgicas é que ocorra no prazo e sem complicações, sendo assim consideradas agudas(3). A sutura normalmente pode ser reƟrada após uma ou duas semanas do procedimento cirúrgico, dependendo de sua posição anatômica: três a quatro dias na face, sete a dez dias no couro cabeludo, tórax, dedos, mãos e extremidades inferiores e de dez a quatorze dias em regiões como antebraço, dorso e pés. Suturas deixadas por períodos muito longos podem causar cicatrizes, reação local e crostas(2). Há diversos fatores que afetam o processo de cicatrização das feridas cirúrgicas, podendo envolver fatores intrínsecos e extrínsecos(1,2). Os fatores extrínsecos envolvem a condição geral do paciente antes do procedimento, o preparo pré-operatório, técnica cirúrgica e material de sutura uƟlizado, tempo de cirurgia, atenção do instrumentador, e ainda os protocolos assistenciais(1). Não deve deixar de ser avaliado a resposta ao stress transoperatório que poderá envolver níveis altos de catecolaminas, resultando em vasoconstricção que poderá levar a hipóxia, dor, hipotermia e hipovolemia(1,2). Quan-


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Fernando Riegel e Nery José de Oliveira Junior (Orgs.)

• Fístula – são comunicações anormais entre duas estruturas ou espaços. Pode envolver dois órgãos ocos ou um órgão com a pele(5). As İstulas pós-operatórias tem manejo diİcil e complexo, havendo necessidade de profissional especializado e experiente. O Ɵpo de efluente e a quanƟdade determinam como será realizado o cuidado. Normalmente o paciente permanece internado com cuidados intensivos da enfermagem. Poderá demandar uso de bolsas especiais para coletar a drenagem, pastas, cremes e spray barreira entre outros materiais.

Foto 7: Fistula e deiscência em ferida operatória. Fonte: Arquivo da autora.

INFECÇÃO A infecção é uma das complicações mais descritas na literatura, em relação às feridas operatórias(2). Conforme Anderson et al, 2014, a infecção da ferida operatória ocorre em 2 a 5% dos casos, cerca de 160.000 a 300.000 pacientes são acomeƟdos por infecção relacionada ao síƟo cirúrgico e cerca de 77% destes vão à óbito. É


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